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FÔRMASPARA CONCRETOS

APRESENTAÇÃO

As fôrmas são de grande importância, apesar de quase nunca agregar valor estético ao produto final.
Um escritório, um hospital ou uma residência. Pois a estrutura na sua grande maioria receberá
acabamentos e revestimento. Por isso, esse item, muitas vezes não recebe a atenção devida. Mas
devemos ter cuidados especiais ao escolher a solução de fôrmas que utilizaremos em nossas
construções e ainda acompanhar sua aplicação e o seu uso, visando o máximo desempenho.

1.0 CONCEITO

a) A língua portuguesa diz que a expressão fôrma significa algo como um molde ou modelo.

b) Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) afirma que a fôrma além de modelar e dar forma
a qualquer peça em concreto que desejarmos construir, são responsáveis por atender a várias
exigências não menos importantes como:
- Garantir a geometria (dimensões e formatos)
- Garantir o posicionamento das peças (junto com o
cimbramento permite a locação exata no espaço de
todas as peças estruturais)
- Manter a conformação do concreto “fresco”
- Permitir a obtenção de superfícies especificadas
(concreto aparente, revestido,texturado e, etc)
- Possibilitar o posicionamento de outros elementos nas
peças, (furos depassagens, insertes, elementos de
instalações hidráulicas, elétricas eespaçadores na
própria armadura)
- Proteger o concreto novo (devido a fragilidade do
concretofresco, contra impactos acidentais bem como
variações bruscas da temperatura ambiente)
- Evitar a fuga de finos (as fôrmas devem ser estanques,
evitando perdade argamassa ou nata de cimento)
- Limitar a perda de água do concreto fresco (mantendo a
quantidade deágua necessária para hidratação do
concreto).

Devemos considerar fôrmas não apenas as chapas de madeira ou material específico, esim todo o
travamento que acompanha está, e tem influência na formação da estrutura deconcreto.

Segundo Magalhães (2000), estudos realizados mostram que as fôrmas representamde 40 % a 60 %


do custo total da estrutura de concreto armado, e cerca de 8 % a 12 % nocusto final de uma edificação.
Hoje, com os materiais alternativos que existem no mercado,o valor da fôrma para uma construção
deve girar em torno de 2%.

2.0 Cargas atuantes

A ABCP mostra que as fôrmas devem ser projetadas e fabricadas a fim de atender todas as
necessidades enumeradas anteriormente, mantendo sua geometria e posiçãodentro de limites
aceitáveis, às cargas atuantes. Essas cargas são: devido ao peso doconcreto, peso das fôrmas e
respectivos escoramentos e cargas temporárias.

3.0 Cargas devido ao peso do concreto

Sabendo que o concreto “fresco” não constitui um líquido perfeito, fica difícil determinar a pressão que
este exerce contra ofundo e lateral das fôrmas.
Então utilizamos o dado fornecido pela NBR-6118, que estabelece a massa do concreto como 2500
Kg/m³.

Segundo Moliterno (1989), nos fundo das vigas consideramos a massa do concreto e acrescemos 10
% devido à vibração do concreto, totalizando assim 2.750 kgf/m³, já que se trata da ação gravitacional
agindo diretamente sobre os painéis de fundo.
No caso de painéis laterais, levam – se em conta mais itens, como a altura da peça, a velocidade de
lançamento no interior da fôrma, o processo de vibração e até a temperatura,afirmaMoliterno (1989).

4.0 Carga devida ao peso das fôrmas e respectivos escoramentos

Como hoje em dia temos muitos tipos de fôrmas disponíveis no mercado, deve – se consultar o
fabricante da fôrma para obter esse dado, ou no caso da utilização de madeira devemos executar um
anteprojeto ou então um esquema de como serão executadas, constando um memorial de calculo.

5.0 Cargas temporárias


Na questão das cargas temporárias, Moliterno (1989) sugere que devemos analisar as fôrmas vazias e
cheias de concreto.
Quando vazias devemos nos preocupar com a ação dos ventos, embora muitos projetistas não a
considerem, pois já contam com os travamentos contra vibrações, mas, devemos lembrar que cada
caso deve ser analisado sobre uma ótica diferente.

Quando cheias, temos que levar em conta a movimentação de pessoas sobre a fôrma, equipamentos,
o concreto concentrado em determinados pontos antesde ser espalhado.Isso é denominado
sobrecarga e como critério de cálculo adota – se 0,15 a 0,20 KN/m²,afirma Moliterno (1989).

6.0 Materiais alternativos utilizados em fôrmas

A evolução e o desenvolvimento da construção nas ultimas décadas foi grande, e as fôrmas não
ficaram de fora dessa evolução.

Segundo o Portal do Concreto era necessário que elas fossem melhoradas, já que os concretos de alta
resistência, secagem cada vez mais rápidas e menos deformáveis estariam totalmente comprometidos
se essa evolução não acontecesse.

A preocupação com o meio ambiente, a quantidade de reaproveitamentos, a qualidade do acabemanto


do concreto e a praticidade na hora de montar e desmontar, foram apenas alguns dos fatores que
fizeram com que se pensasse mais no item fôrma. Antes a execução das fôrmas era totalmente
artesanal, na própria obra, gerandoresíduos e desperdícios.

Hoje temos muitas opções de materiais para utilização, vindoacompanhados de uma produção
industrializada, com projetos específicos para cadasituação e redução total dos custos finais. Não
precisamos mais ficar restritos ao uso de madeiras naturais. Podemosutilizar compensados de
reflorestamento, fôrmas metálicas, plásticosrecicláveis, aço, alumínio, papelão e pvc.

Independente do método construtivo, do material a ser utilizado, é de grande valia umbom estudo das
alternativas antes de comprar ou alugar um conjunto de fôrmas.

7.0 Madeira serrada


Foi o primeiro material a ser utilizado como fôrma para concreto, hoje em dia é pouco utilizado, apenas
quando se deseja que o concreto adquira a textura dos veios da madeira.Tem como vantagem o baixo
custo, facilidade de corte e sua disponibilidade.

A ABCP mostra que, como desvantagem temos a sua baixa durabilidade, dificuldade de acabamento
nas pontas das chapas, necessitando sempre reforços e grande mão – de –obra, como mostra a Figura
2.01, suavariabilidade (que exige cálculos muitas vezessuperdimensionados) e poucos fornecedores
“profissionalizados”, além de ser um recurso natural que precisa ser explorado de maneira sustentável.
Figura 2.01 – Fôrma de madeira serrada

8.0 Chapas de madeira revestidas


Utilizadas em contato, como em quase todos os tipos de fôrmas, desde simples curvas e moduladas,
surgiram no mercado na década de 60.Dentre as vantagens estão à facilidade de corte da madeira e o
reaproveitamento das chapas, como exemplifica a Figura 2.02, que mostra fôrmas que já foram
utilizadas, sendo reaproveitadas numa próxima etapa.

Existe hoje em dia um sistema conhecido como sistema de fôrma pronta, Figura 2.03,que já vem com
as chapas de madeira nas dimensões corretas para os elementos deconcreto armado.

Um estudo feito pela ABCP mostra que quando contam com revestimento resinado, podem ser
reaproveitadas até 8 vezes sem causar danos ao aspecto da superfície doconcreto. Já quando
revestidas com material plástico permitem a reutilização até 18 vezes

Figura 2.02 – Assoalhamento de laje com fôrma plastificada


Figura 2.03 – Sistema de fôrma pronta

9.0 Aço

Proporciona aspecto altamente liso a superfície do concreto e tem como grandevantagem o alto
número de reaproveitamento.Devido ao alto custo inicial deste equipamento, porém com alta
produtividade, égeralmente fornecido por empresas especializadas, que trabalham com locação
deequipamentos.

A sua utilização nos dias de hoje está mais difundida nas construções de muros deconcreto armado,
reservatórios, como mostra a Figura 2.04 e fundações, devido ao altocusto é pouco utilizada em
edifícios pequenas.

Uma obra com sistemas de escoramentos com mesa voadora e uma grua paramovimentar tanto
escoramento, quanto fôrma, pode fazer a diferença de fôrmas metálicasuma solução interessante, pois,
uma vez montada, não é necessário a desmontagemcompleta para o transporte, o que gera grande
produtividade na obra.
Figura 2.04 – Fôrma metálica em paredes de reservatório

10. Alumínio
Apresenta as mesmas características do aço, porém ainda leva em conta como vantagem a leveza,
proporcionando fácil manuseio.A grande desvantagem é custo alto de aquisição e manutenção.

11. Plástico
Material de grande versatilidade, podendo trazer soluções interessantes para asdiversas situações da
construção civil, como demonstra a Figura 2.05 , proporcionando umacabamento de qualidade, como
mostra a Figura 2.06.

Hoje em dia temos vários tipos de fôrmas plásticas, como mostram Morikawa eDemarzo.PVC, plástico
reforçado com fibra de vidro, polipropileno, poliuretano e até plásticosrecicláveis.Além do custo ser
abaixo do aço e do alumínio, o plástico tem baixo peso, facilitandoo manuseio e a montagem das
fôrmas.
Figura 2.05 – Fôrma plástica para laje nervurada

A grande desvantagem é que ele tem grande deformabilidade devido a temperatura e as cargas
atuantes, por isso deve – se ter cuidados especiais em relação a estruturação dospainéis.

Figura 2.06 – Laje nervurada executada com fôrma plástica

12. Papelão
Utilizado geralmente para pilares de seção redonda (colunas), como mostra a Figura 2.07, temcomo
grande vantagem ser alto estruturado, precisando apenas de equipamentos paraposicionamento e
prumo. A grande desvantagem desse material é que o seureaproveitamento é zero, pois para a
desforma é necessário destruir o molde, como mostraa figura abaixo.
Figura 2.07 – Fôrma em papelão para pilar de seção redonda (colunas)
Outra desvantagem é que esse tipo de fôrma não tem auto - estruturação,necessitando de madeira
como complemento para que este fique no prumo, como
Mostraa figura2.08.

Figura 2.08 – Travamento em madeira para fôrma de papelão

13. ESCORAMENTO
A ABCP define escoramento como uma estrutura provisória composta por um conjuntode elementos
que apóiam as fôrmas de lajes e vigas, suportando as cargas atuantes (pesopróprio do concreto,
movimentação de operários e equipamentos, etc) transmitindo para aestrutura anterior ou para o piso,
até que essa estrutura se torne autoportante, podendo sermetálico ou de madeira como mostra a
Figura 3.01.

Oescoramento também funciona bem como plataforma, servindo de suporte paraequipamentos, caixas
d´água, silos de concreto ou qualquer outro tipo de material, tal comoa Figura demonstra.
Figura 3.01 – Sistema de escoramento metálico

Fonte: Catálogo de escoramento Mecan


Com o grande problema de desperdício de uma construção, que vai desde a mão deobra
desqualificada, a pouca otimização dos projetos e a aplicação do material inadequadopara os serviços
executados, um escoramento bem projetado e uma escolha adequada deequipamentos, fazem com
que tenhamos menos desperdícios, uma obra mais limpa,racionalização e agilidade na produção, tudo
isso gerando um menor custo no fim daconstrução e muitas vantagens técnicas.

14.Ré escoramento
Logo após a concretagem da estrutura, dá se inicio ao processo de cura do concreto,onde as peças
atingem sua condição de serem autoportantes. Até o concreto chegar àresistência a qual ele foi
projetado, costuma – se utilizar um sistema de ré-escoramento, afim de retirar o máximo de
equipamentos possíveis da área recém concretado, para quepossa se ter um reaproveitamento do
equipamento e até uma disponibilização de área paraarmazenar materiais ou até para executar outros
serviços, como alvenaria de fechamentopor exemplo.

Segundo Guilherme (2004), o ré-escoramento tem também como finalidade oreaproveitamento de


fôrmas de lajes e vigas para próximas etapas da obra, visando assimeconomia, tanto no escoramento,
quanto nas fôrmas.

Também é necessário o ré-escoramento, quando a estrutura mesmo após a cura total de 28 dias e a
resistência do concreto ter sido atingida, existe a necessidade de semovimentar equipamentos sobre a
estrutura com pesos maiores do que a sobrecarga deprojeto, afirma Guilherme (2004).O ré-
escoramento é de menor complexidade do que o escoramento, porém não menosimportante.

15. O processo de ré escoramento


O processo em obra se inicia com a retirada das formas, as lajes e vigas são escoradascom algumas
escoras para evitar ação de sobrecarga, enquanto se processa a preparaçãoda concretagem do teto
superior.

Para lajes maciças o ré-escoramento segue prescrições da Norma Brasileira Reguladora(NBR) 6118
“projeto e execução de obras de concreto armado” item 14.2, que através deensaios em laboratórios,
com equipamentos adequados, confirmam a evolução dasresistências doconcreto.

FIM

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