Eletroencefalografia

Quando neurônios disparam em alguma região específica do cérebro, muitos deles o fazem
em uma determinada frequência, ou seja, disparam um determinado número de vezes por
segundo. Ao estudar essas frequências, pesquisadores, como o alemão Hans Berger,
descobriram que elas apresentam correspondência com alguns estados de vigilância e fases
do sono dos seres humanos e de outros animais. A base da técnica é a seguinte: quando
neurônios disparam, geram corrente elétrica. Toda corrente elétrica gera um campo
magnético associado. Colocando eletrodos no crânio de pessoas, cientistas conseguem captar
os sinais elétricos gerados por esses campos eletromagnéticos. A partir deles, eles geram os
gráficos (eletroencefalogramas) que podem ser lidos (Fig. 1).

Figura 1. À esquerda, foto dos eletrodos colocados ao redor do crânio de uma pessoa. As estruturas pretas que se
parecem botões são eletrodos que captam as ondas cerebrais. À direita, diferentes padrões de ondas cerebrais
associados ao estado de vigilância. Neste gráfico, você pode perceber que o padrão de ondas do sono REM
(sono associado com os sonhos) é parecido com o padrão encontrado durante o estado de alerta: alta frequência
e baixa amplitude.

Apesar de a eletroencefalografia apresentar uma resolução temporal muito boa, ou seja, você
consegue medir mudanças nas ondas cerebrais que ocorrem em milissegundos, a resolução
espacial é ruim. Primeiro porque essa técnica permite o estudo apenas de estruturas do
cérebro que estão próximas do crânio, uma vez que os eletrodos são colocados na sua
superfície. Segundo, porque mesmo os sinais provenientes de áreas próximas ao crânio não
são totalmente distinguíveis.
Se você se lembrar das características do imageamento funcional por ressonância magnética
(fMRI), você perceberá que as duas técnicas apresentam prós e contras opostos, ou seja, na
fMRI a resolução espacial é muito boa, mas a resolução temporal é ruim. Por esse motivo,
muitas pesquisas combinam as duas técnicas, obtendo resultados mais precisos.