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Atribuições da Polícia - LEI 10.

446/2002

MATERIAL COM QUESTÕES DE CONCURSO e ALGUMAS REFERÊNCIAS À SÚMULAS


E/OU JULGADOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.

Última atualização legislativa: Lei 13.642/2018

Última atualização jurisprudencial: 01/07/20 – Info 964 (art. 1º)

Última atualização questões de concurso: 03/07/20.

Observações quanto à compreensão do material:


1) Cores utilizadas:
 EM VERDE: destaque aos títulos, capítulos, bem como outras informações relevantes, etc.
 EM ROXO: artigos que já foram cobrados em provas de concurso.
 EM AZUL: Parte importante do dispositivo (ex.: questão cobrou exatamente a informação,
especialmente quando a afirmação da questão dizia respeito à situação contrária ao que dispõe
na Lei 10.446/2002).
 EM AMARELO: destaques importantes (ex.: critério pessoal)

2) Siglas utilizadas:
 MP (concursos do Ministério Público); M ou TJPR (concursos da Magistratura); BL (base
legal), etc.

LEI Nº 10.446, DE 8 DE MAIO DE 2002.

Dispõe sobre infrações penais de repercussão interestadual ou


internacional que exigem repressão uniforme, para os fins do disposto no
inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono


a seguinte Lei:

Art. 1o Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição ,1 quando HOUVER repercussão


INTERESTADUAL ou INTERNACIONAL que EXIJA repressão uniforme, PODERÁ o
Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, SEM PREJUÍZO da responsabilidade
dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, EM ESPECIAL das
Polícias MILITARES e CIVIS DOS ESTADOS, PROCEDER à investigação, dentre outras, das
seguintes infrações penais: (TJTO-2007) (Escrivão Políc. Fed.-2013) (DPEAM-2018)

##Atenção: ##DOD: A Lei 10.446/02, em seu art. 1º, traz uma lista de crimes que foram
escolhidos pelo legislador e que podem ser investigados pela Polícia Federal . No caso dos
delitos previstos neste art. 1º, não importa se eles serão ou não julgados pela Justiça Federal. A
atribuição para investigá-los poderá ser da Polícia Federal independentemente disso.

##Atenção: ##DOD: A Polícia Federal irá investigá-los sem prejuízo da responsabilidade das
Polícias Militares e Civis dos Estados, ou seja, tais órgãos de segurança pública também
poderão contribuir com as investigações.

I – seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqüestro (arts. 148 e 159 do Código Penal),
se o agente FOI IMPELIDO por MOTIVAÇÃO POLÍTICA ou quando PRATICADO em razão da
FUNÇÃO PÚBLICA EXERCIDA PELA VÍTIMA; (Agente Políc. Fed.-2014) (DPEAM-2018)
(Inspetor Políc. Legisl.-Câm. Legisl./DF-2018)

(PCMT-2017-CESPE): Se o titular de secretaria de determinado estado da Federação for

1
Art. 144 (...)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações
cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se
dispuser em lei; (...)
sequestrado e o caso tiver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão
uniforme, então a investigação a ser feita pelo DPF independerá de autorização, se o crime for
cometido em razão da função pública exercida ou por motivação política. BL: art. 1º, I da Lei.

##Atenção: As infrações penais especificadas nos referidos incisos do caput do art. 1º da Lei
10446/02 poderão ser investigadas pelo Departamento de Polícia Federal, independentemente de
autorização ou determinação do Ministro de Estado da Justiça. Por outro lado, consoante dispõe o
§ único do art. 1º, a infrações penais não especificadas entre os incisos do caput, que repercutam
interestadual ou internacionalmente e exijam repressão uniforme, dependerão de autorização ou
determinação do Ministro de Estado da Justiça, para que sejam investigadas pelo Departamento
de Polícia Federal.

(MPBA-2010): É possível à Polícia Federal investigar um crime de extorsão mediante sequestro,


quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima. BL: art. 1º, I da Lei.

##Atenção: Não basta a mera ocorrência do sequestro ou cárcere privado ou extorsão mediante
sequestro, para que a Polícia Federal investigue é necessário além das requisitos do caput do art. 1
que estes crimes sejam praticados com animus específico, quais sejam: motivação política ou em
razão da função pública que exerce a vítima.

II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de
1990); e (DPEAM-2018) (Inspetor Políc. Legisl.-Câm. Legisl./DF-2018)

III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se


comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e (MPF-2008)
(Inspetor Políc. Legisl.-Câm. Legisl./DF-2018)

IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, TRANSPORTADAS em


operação INTERESTADUAL ou INTERNACIONAL, quando HOUVER INDÍCIOS da atuação de
quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação. (DPEAM-2018) (Inspetor Políc. Legisl.-
Câm. Legisl./DF-2018)

V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos


ou medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal). (Incluído pela Lei nº 12.894, de 2013) (Inspetor Políc. Legisl.-Câm. Legisl./DF-2018)

(DPEAM-2018-FCC): A apuração das infrações penais, conforme o disposto no artigo 144


parágrafos 1° , I, e 4° , compete às Polícias Federal e Civil dos Estados. A atribuição da Polícia
Federal pressupõe infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, bem como
de infração penal cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme. Neste último caso, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública,
poderá o Departamento de Polícia Federal investigar qualquer caso de falsificação, corrupção,
adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. BL: art. 1º, V, da
Lei.

VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, INCLUINDO agências bancárias ou


caixas eletrônicos, quando HOUVER INDÍCIOS da atuação de associação criminosa em mais de
um Estado da Federação.  (Incluído pela Lei nº 13.124, de 2015) (Inspetor Políc. Legisl.-Câm.
Legisl./DF-2018)

VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que
DIFUNDAM conteúdo MISÓGINO, definidos como aqueles que PROPAGAM o ÓDIO ou a
AVERSÃO às mulheres.  (Incluído pela Lei nº 13.642, de 2018)

##Atenção: ##DOD: ##STF: Caso concreto: A Polícia Federal, sob a supervisão do Ministério
Público estadual e do Juízo de Direito, conduziu inquérito policial destinado a apurar crimes
de competência da Justiça Estadual. Entendeu-se que a Polícia Federal não tinha atribuição para
apurar tais delitos considerando que não se enquadravam nas hipóteses do art. 144, § 1º da
CF/88 e do art. 1º da Lei 10.446/02. A despeito disso, o STF entendeu que não havia nulidade na
ação penal instaurada com base nos elementos informativos colhidos. O fato de os crimes de
competência da Justiça Estadual terem sido investigados pela Polícia Federal não geram
nulidade. Isso porque esse procedimento investigatório, presidido por autoridade de Polícia
Federal, foi supervisionado pelo Juízo estadual (juízo competente) e por membro do Ministério
Público estadual (que tinha a atribuição para a causa). O inquérito policial constitui
procedimento administrativo, de caráter meramente informativo e não obrigatório à regular
instauração do processo-crime, cuja finalidade consiste em subsidiar eventual denúncia a ser
apresentada pelo MP, razão pela qual irregularidades ocorridas não implicam, de regra,
nulidade de processo-crime. O art. 5º, LIII, da CF/88, afirma que “ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente”. Esse dispositivo contempla o chamado
“princípio do juiz natural”, princípio esse que não se estende para autoridades policiais,
considerando que estas não possuem competência para julgar. Logo, não é possível anular
provas ou processos em tramitação com base no argumento de que a Polícia Federal não teria
atribuição para investigar os crimes apurados. A desconformidade da atuação da Polícia Federal
com as disposições da Lei 10.446/02 e eventuais abusos cometidos por autoridade policial,
embora possam implicar responsabilidade no âmbito administrativo ou criminal dos agentes,
não podem gerar a nulidade do inquérito ou do processo penal. STF. 1ª T. HC 169348/RS, Rel.
Min. Marco Aurélio, j. 17/12/19 (Info 964).

Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal


PROCEDERÁ À APURAÇÃO DE OUTROS CASOS, desde que tal providência SEJA
AUTORIZADA ou DETERMINADA pelo Ministro de Estado da Justiça. (Escrivão Políc. Fed.-
2013) (Perito Criminal/PF-2013) (Agente Políc. Fed.-2014) (PCMT-2017)

##Atenção: Quando se tratar dos crimes especificados na Lei 10.446/02, não precisa autorização;
por outro lado, quando preencher apenas os requisitos do caput, precisa que seja determinado ou
autorizado pelo Ministro da Justiça.

##Atenção: ##DOD: Fora essa lista, a Polícia Federal poderá investigar outros crimes? SIM. A
lista do art. 1º da Lei 10.446/02 é exemplificativa. Assim, o Departamento de Polícia Federal
poderá investigar outras infrações penais que não estejam nesta lista, desde que: a) tal providência
seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça; b) a infração tenha repercussão
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme. Essa autorização mais genérica está
prevista no parágrafo único do art. 1º da Lei 10.446/02.

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 8 de maio de 2002; 181o da Independência e 114o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Miguel Reale Júnior

Este texto não substitui o publicado no DOU de  9.5.2002

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