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MÍDIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO


Wildsley Mathias

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REDES SOCIAIS E MOOCs: ANÁLISE DE MÍDIAS PARA UMA EDUCAÇÃO EM REDE


Rangel Simon, Marcio Vieira de Souza

ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Dist ância REDES SOCIAIS E MOOCs: ANÁLIS…
T hiago Henrique

Sit es de Redes Sociais e Aprendizagem: Pot encialidades e Limit ações


Cínt ia Rabello
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MÍDIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO

Cláudia Nandi Formentin 1


Maite Lemos2

ABSTRACT: Even more, the Internet and social networking are part of daily life for people. This presence
influences the relationships established by humans beings. The idea of this paper came from the realization that
many parents and educators fear the entry of young children in social media and do not know about. Also realize
the possibility of using the network for educational ends. This paper has as objective introduce educators with
safety tips and ways to use these tools to contribute to the disciplines taught in the classroom as well as
providing subsidies for parents and educators to act safely in the orientation of young people. Will serve as a
theoretical basis authors like Raquel Recuero, Alex Primo and Joel Comm. This works will conceptualize the
social networks will treat of care must be taken when participating in those networks and show examples of
using these tools in the classroom.

KEYWORDS: networks, internet , education

Introdução

Não há dúvidas que cada vez mais a internet e as redes sociais fazem parte do cotidia-
no de pessoas de todas as idades. Segundo Goulart (2011) uma pesquisa realizada pelo Ibope
apontou que 87% dos usuários de internet do Brasil utilizam uma rede social, destes, 83%
utilizam esses serviços para finalidades pessoais. Também não há como negar que esta pre-
sença influencia todos os relacionamentos estabelecidos pelos seres humanos e gera outros
que anos atrás não eram possíveis. Isso é possível através das redes de relacionamento que se
formaram na rede mundial de computadores.
O que se vê atualmente é a intensificação do contato humano. No entanto, este contato
tem como grande característica o fato de ser virtual. Quando se pensa em mídias sociais ou
em redes de relacionamento tem-se a impressão que estas são ideias novas que surgiram com
a Internet. Mas não se pode esquecer que, até pouco tempo atrás (e ainda hoje, com menos
força), era possível manter relacionamentos com pessoas que não tinham seus rostos conheci-
dos, a comunicação se dava pelo telefone ou mesmo por carta em redes que se formavam por
todo o mundo. Tais relacionamentos nem sempre eram bem vistos e muitos, especialmente os
via telefone, tinham acesso restrito conforme a idade do usuário. Desde este tempo há o medo
por parte de pais e educadores dos contatos que podem ser estabelecidos entre crianças e ado-
lescentes. O desconhecido realmente amedronta.
O estudo das redes sociais existe há anos, inclusive para estudar as redes de relacio-
namento que se formam fora do mundo virtual, mas com o advento das redes na Internet estes

1
Bacharel em Jornalismo, licenciada em História, especialista em Comunicação nas Organizações, mestre e
doutoranda em Ciências da Linguagem. Todos os cursos realizados na Unisul. Professora da Faculdade Satc
(Criciúma/SC) e da Faculdade Senac Tubarão (SC).
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Bacharel em Jornalismo (Unisul), autora do blog Penso em Tudo, coordenadora do Luluzinha Camp SC, Free-
lancer na área de produção de conteúdo online e relacionamento em redes sociais.
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estudos se tornaram mais populares. A ideia deste trabalho surgiu a partir da percepção de que
muitos pais e educadores temem a entrada de jovens e crianças nas mídias sociais e não co-
nhecem as mesmas. Além disso, percebe-se a possibilidade da utilização da rede para fins
educacionais. Este mini curso tem como objetivos apresentar aos educadores dicas de segu-
rança e formas de utilizar estas ferramentas para contribuir para as disciplinas lecionadas em
sala de aula bem como proporcionar subsídios para que pais e educadores ajam com seguran-
ça na orientação dos jovens, conhecendo um pouco melhor ambientes como o Orkut e o Twit-
ter. Para a organização deste trabalho servirão como base teórica autores como Raquel Recue-
ro, Alex Primo, Joel Comm entre outros.

Mídias sociais: principais conceitos

Mídias Sociais / Redes Sociais

Apesar de o tema ser bastante falado poucas pessoas param para conceituar e compre-
ender de fato o que são mídias e redes sociais. O conceito de mídia social é, por vezes, um
tanto vago. Segundo Recuero (2011, p.01) “mídia social é aquela ferramenta de comunicação
que permite a emergência das redes sociais”. Para que isso aconteça, explica a autora é neces-
sário que a lógica seguida pela mídia de massa, em que um emite para todos, mude e passe a
ser utilizada a lógica da participação, em que muitas pessoas emitam e recebam de outras
muitas pessoas. Dessa forma, para a autora
mídia social, assim, é social porque permite a apropriação para a sociabilidade, a
partir da construção do espaço social e da interação com outros atores. Ela é diferen-
te porque permite essas ações de forma individual e numa escala enorme. Ela é dire-
tamente relacionada à Internet por conta da expressiva mudança que a rede propor-
cionou. (RECUERO, 2011, p. 01)

Comm (2009, p. 02) complementa o que Recuero fala afirmando que é provável que a
melhor definição para mídia social é que “o conteúdo que foi criado por seu público”. Não há,
portanto, um editor, um redator, não há alguém que imponha a informação, qualquer um pode
dividi-la com quem mais tenha interesse. Estes conteúdos, por sua vez recebem a participação
de outras pessoas. Comm (2009) explica que, mesmo blogueiros que postam mensagens espe-
ram os comentários de seus leitores e criam a expectativa que tais comentários podem agregar
novas informações aos publicados por ele. Essa é, segundo o autor (2009, p. 03) “a parte ‘so-
cial’ da mídia social e significa que, atualmente, publicar é participar”.
Definido isso é importante que se pense no conceito de redes sociais. O estudo não é
novo, mas se intensificou a partir do advento da Internet. Para Recuero (2009, p. 24) uma rede
social “ é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou gru-
pos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais). [...]A abordagem de rede
tem, assim, seu foco na estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais e nem
suas conexões”. Isso significa, segundo Donath (apud RECUERO, 2009), que é fundamental
perceber o outro para que haja a interação social. No ciberespaço é necessário ser ‘visto’ para
existir afirma Recuero (2009) e por causa da ausência de informações, que normalmente exis-
tem na comunicação realizada pessoalmente,

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as pessoas são julgadas e percebidas por suas palavras. Essas palavras, constituídas
como expressões de alguém, legitimadas pelos grupos sociais, constroem as percep-
ções que os indivíduos têm dos atores sociais. É preciso assim colocar rostos, infor-
mações que gerem individualidade e empatia, na informação geralmente anônima do
ciberespaço. Este requisito é fundamental para que a comunicação possa ser estrutu-
rada. (DONATH apud RECUERO, 2009, p. 27)

As redes sociais mudam constantemente e isso “implica o aparecimento de novos pa-


drões estruturais” (RECUERO, 2009, p. 88-89). Pensando rede social como local em que a
estrutura social pode ser observada sem isolar seus atores, como afirma Recuero (2009) é im-
portante que se pense na Internet como ferramenta que age como elemento modificador de
alguns padrões. Nesse sentido é necessário que se observe que as redes sociais estão em locais
distintos dentro da web. Os sites de redes sociais são, portanto, os espaços “utilizados para a
expressão das redes sociais na internet” (RECUERO, 2009, p. 102). Estes locais são definidos
como aqueles sistemas que “permitem i) a construção de uma persona através de um perfil ou
página pessoal; ii) a interação através dos comentários; e iii) a exposição pública da rede soci-
al de cada ator” (BOYD&ELLISON apud RECUERO, 2009, p. 102)

Principais sites de redes sociais

Neste item serão apresentados apenas alguns sites de relacionamentos existentes. Eles
foram elencados a partir dos mais utilizados na atualidade.

Facebook

É um dos sistemas com maior número de usuários do mundo. Foi lançado em 2004 e
criado pelo americano Mark Zuckerberg, na época aluno de Harvard. Estava focado nos alu-
nos que estavam saindo do Ensino Médio e os que estavam ingressando na universidade. Fun-
ciona por meio de perfis e comunidades.

Orkut

Tem grande popularidade entre os brasileiros. Também foi criado por um estudante da
Universidade de Stanford e funcionário do Google: Orkut Buyukkokten. Foi lançado pelo
Google em janeiro de 2004. Também funciona a partir de perfis e comunidades, além de mos-
trar os membros da rede social de cada ator. No início, para fazer parte do Orkut era necessá-
rio ser convidado por um usuário já cadastrado. Isso valorizou a entrada e participação dos
usuários.

Twitter

Criado pelos programadores Evan Williams, Jack Dorsey e Biz Stone, em 2006. Partiu
da ideia de colocar as mensagens de SMS na web. É um microblog e como tal tem restrições
quanto ao conteúdo, neste caso são 140 caracteres para responder a seguinte pergunta: O que
você está fazendo agora? Portanto, é simples e breve e justamente esta simplicidade e brevitu-
de trouxeram o número grande de usuários que o Twitter possui hoje. Entre os usuários mais

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conhecidos estão Barack Obama, a Cruz Vermelha americana e o maior varejista no mundo
em alimentos orgânicos e naturais - a Whole Foods Market- (COMM, 2009, p. 23).

Blogs

Inicialmente pode parecer que é apenas um diário pessoal e, não há como negar que os
dois são formas de registro escrito e seguem uma organização cronológica – no caso dos blogs
quanto mais antiga a postagem mais para baixo está na página. No entanto, Primo (2008, p.
122) afirma que
uma parcela de blogs de fato baseia-se na escrita de percepções e reflexões sobre o
cotidiano e os sentimentos do autor. Contudo, essa prática não se aplica a tantos ou-
tros blogs, que apresentam estilos e objetivos diversos. A principal distinção entre
diários e blogs os opõem de maneira inconciliável. Diários pessoais se voltam para o
intrapessoal, tem como destinatário o próprio autor. Blogs, por outro lado, visam o
interpessoal, o grupal.

Podem, portanto, ser criados blogs dos mais diversos assuntos. Seu uso costuma ser
gratuito. É necessário apenas se cadastrar em um dos sites existentes e começar a escrever. É
necessário um pouco de esforço já que deve ser atualizado com regularidade. Há, claro, um
administrador que pode aceitar ou não os comentário postados (isso é opção de quem admi-
nistra o espaço).

Foursquare

Rede social de geolocalização que permite, a partir de um smartphone com GPS, fazer
check in nos locais em que se está. A partir disso é possível encontrar demais usuários da rede
com a mesma localização, conhecer a localização dos membros da sua rede de contatos e co-
mentar e avaliar os locais que se visita.

Flickr

Rede social de fotografias. Cria-se um grupo de amigos que podem compartilhar as fo-
tografias postadas pelos participantes. É possível permitir que apenas seu grupo de amigos ou
todos os participantes visualizem e comentem as imagens.

Segurança e mídias sociais

Se a preocupação entre os pais era grande quando os filhos entravam nas salas de rela-
cionamento via telefone é de se imaginar que atualmente esta preocupação aumentou bastante
tendo em vista a quantidade de possibilidade de contato com estranhos. Mesmo com esta pre-
ocupação muitos pais não conhecem e/ou controlam os ambientes virtuais em que seus filhos
estão inseridos. Da mesma forma muitos educadores não vêem com bons olhos entrarem no
mundo virtual. Isso acontece porque aos olhos de muitos o ambiente de blogs, twitters, orkuts
e afins é um espaço restrito a crianças e jovens. No entanto, estes ambientes estão repletos de
adultos que geram conteúdos interessantes e outros que, ao contrário, podem cometer crimes
com informações obtidas virtualmente. Neste espaço serão tratadas questões ligadas à segu-
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rança na web. Alguns cuidados devem existir para que a “navegação” em mares pouco conhe-
cidos não terminem em naufrágio.
Em pesquisa realizada pela Symantec (2011) em oito países, entre eles o Brasil, 45%
dos entrevistados disseram que já utilizaram a web para fazer amigos. Entre as crianças, ainda
segundo a pesquisa, quatro em cada dez já fizeram amigos pela Internet. Entre os adolescentes
americanos 67% deles revelaram que utilizam a Internet para visitar sites de relacionamento
com frequência. Os jovens revelaram ainda que nestes sites eles compartilham fotos particula-
res, além da descrição física, por exemplo, com pessoas que não conhecem. Segundo a conse-
lheira de segurança na Internet, Symantec, Marian Merritt (apud SYMANTEC, 2011), os pais
não sabem o que os filhos fazem e dizem na Internet. Há o hábito de ensinar os filhos a não
falarem com estranhos no mundo real, mas nos dias de hoje tão importante quanto ensinar
sobre segurança no mundo concreto é necessário tratar do assunto no mundo virtual, um local
cheio de desconhecidos, diz a Merritt.
Existem alguns cuidados que devem ser tomados por todos que utilizam as redes soci-
ais e a internet de uma maneira geral:
• Não passe informações pessoais pela internet. Endereço, telefone não devem ser
passados pela rede, especialmente em ambientes que podem ser compartilhados
com todos os usuários. Devem-se preferir os espaços reservados, privados;
• Ainda no quesito informação pessoal cuidado ao dizer “o que está fazendo”, a per-
gunta que motivou o twitter, por exemplo. Tais informações podem ser muito vali-
osas, tanto para as pessoas honestas quanto para as desonestas;
• Cuidado com as fotos pessoais. Elas podem revelar mais do que se pensa;
• Outra coisa que deve ser levada em consideração: dar os créditos a quem escreveu.
É mais comum do que se pensa encontrar alguém copiando coisas da internet para
publicar na própria rede. Esta é uma dica que vale tanto para o ambiente virtual
quanto para o real;
• Cuidado com o que escreve do outro. Na verdade tem que se ter cuidado com o
que se escreve na internet. “Tudo que a gente coloca na Internet fica lá para sem-
pre. Não tem jeito de apagar uma coisa que você se arrependeu depois de dar o cli-
que” (TAS, 2011, p.1);
• Crianças não devem acessar sem orientação a internet, afinal, existem situações i-
napropriadas para certas idades;
• Cuidado com e-mails suspeitos;
• Não forneça sua(s) senha(s) para ninguém e aja com muita atenção ao fornecer su-
a(s) senha(s) a alguns aplicativos.

Como e por que usar as mídias sociais na educação

Herbert Marcuse (apud SAVAZONI; COHN, 2009, p. 17), em 1941, afirmou que
a tecnologia [deve ser] vista como um processo no qual a técnica propriamente dita
não passa de um fator parcial. [...]. A tecnologia, como modo de produção, como a
totalidade dos instrumentos, dispositivos e invenções que caracterizam essa era, é
assim, ao mesmo tempo, uma forma de organizar e perpetuar (ou modificar) as rela-
ções sociais.

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Nesse sentido o autor coloca ainda que “a técnica por si só pode promover tanto o autori-
tarismo quanto a liberdade, tanto a escassez quanto a abundância, tanto o aumento quanto a
abolição do trabalho árduo. Há, portanto, uma necessidade de se trabalhar a tecnologia dentro
de sala de aula e mostrar que ao mesmo tempo em que ela pode servir para manter o status
quo também poderá mudar a realidade se utilizada com consciência e responsabilidade.
Sabe-se que dentro de uma educação tradicional o papel do professor consiste em, ba-
sicamente, transmitir informações para os alunos. Nesse modelo o professor é o grande deten-
tor do conhecimento.
No entanto, a inserção dos alunos no meio virtual já é uma realidade. A internet se
popularizou e por mais que o acesso não se dê dentro das residências ele certamente acontece-
rá dentro de um estabelecimento comercial destinado a ‘emprestar’ computadores – as lan
houses -. A popularização da internet permite que o aluno que chega à sala de aula esteja co-
nectado as mais diferentes redes. Elas lhes fornecem informações instantâneas. Além do mais
a mesma informação que é passada pelo professor em sala de aula na Internet aparece de for-
ma muito mais atraente com vídeos, áudios, entrevistas e pontos de vista diferentes. Negro-
ponte (apud Dimenstein, 2011, p. 1) afirma que “cada vez mais o conhecimento vai ser trans-
mitido fora da sala de aula” e não é apenas isso. Dimenstein (2011) aponta que uma das coisas
que a internet trouxe para ficar é circulação das informações. Isso, segundo o autor, possibilita
que o mundo se transforme em uma grande comunidade de aprendizagem.
Nesse sentido é complicado pensar em um professor que não está conectado ao mundo
dos alunos. Não só porque ele deixará de ser o detentor do conhecimento, mas porque ele dei-
xará de conhecer o ambiente em que o aluno está inserido e restringirá o seu acesso à infor-
mação. Segundo Marinho (apud GOULART, 2011, p. 01) existem alguns entraves que não
permitem que a escola e o professor estejam nas redes sociais.

A primeira dificuldade está na estrutura da escola e na postura do professor. Dificil-


mente, eles chegariam ao modelo ideal de rede, que é aquela que não tem centro,
não tem comando nem poder. Dentro dessa estrutura, vejo uma enorme dificuldade
para a escola fazer uso dessas redes porque seria preciso que os que os (sic.) profes-
sores não se sentissem comandando alunos, determinando tarefas. Além disso, exis-
tem alguns riscos nas redes sociais que a escola não quer assumir, como o da segu-
rança, do bullying e da pedofilia. Por tudo isso acredito que hoje a escola não está na
rede, e a rede não está na escola.

Numa educação que, de fato pensa em construir o conhecimento, o professor passa a


ter o papel de mediador e nesse sentido dá o olhar crítico às informações trazidas pelos alunos
e valoriza tais informações. Se o professor tem conhecimento da ferramenta que o aluno utili-
za, e que gosta de utilizar, ele poderá de maneira mais eficiente se apropriar destas ferramen-
tas para gerar novos conhecimentos com a colaboração dos alunos. Segundo Marinho (apud
GOULART, 2011) as redes sociais não chegaram para revolucionar a educação. “Nenhuma
máquina muda a escola”, diz Marinho (apud GOULART, 2011, p. 2) que completa afirman-
do que “o que muda a escola é o professor e não acredito que apenas o fato de ele se integrar a
uma rede social mude alguma coisa. Antes disso, ele precisa entender que a educação hoje
tem um outro significado”. Marinho (apud GOULART, 2011, p. 2) reforça a ideia de que o
professor já não é a única fonte de informação que o aluno tem. Há, portanto, a necessidade
do docente “entender que o papel dele é criar estratégias para que o aluno aprenda, seja com a
escola, com a internet, com o celular ou com o livro”.

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Se as pessoas aprendem com suas atividades sociais e profissionais, se a escola e a


universidade perdem progressivamente o monopólio da criação e da transmissão do
conhecimento, os sistemas públicos de educação podem ao menos tomar para si a
nova missão de orientar os percursos individuais do saber e de contribuir para o re-
conhecimento dos conjuntos de saberes pertencentes às pessoas, aí incluídos os sa-
beres não acadêmicos. (SETTON, 2010, p. 99)

A Internet é, sem dúvida, um espaço que dá mais liberdade ao usuário. E, segundo


Marinho (apud GOULART, 2011) é justamente esta liberdade um dos entraves para a utiliza-
ção como recurso pedagógico. Marinho compara a escola a uma cidade com muros, com limi-
tes enquanto as redes sociais dentro da Internet são grandes praças públicas em que todo tipo
de manifestação pode ser encontrada.
Para o consultor de ensino, Diego Leal (apud ALVAREZ, 2011) os professores devem
ser criativos ao utilizarem a tecnologia em sala de aula, para isso precisam conhecer a ferra-
menta. Conhecer é pré-requisito para que o professor possa também dar exemplos de como
utilizar as tecnologias. Ainda, segundo o consultor o professor conta com a ajuda do aluno
para criar novas possibilidades. Tanto docente quanto discente são importantes atores nesta
relação especialmente porque há a necessidade complementar o que os alunos já fazem com
as tecnologias disponíveis.
Leal (apud ALVAREZ, 2011, p. 1) lembra ainda que os seres humanos vivem em rede
social há muito tempo, não é uma invenção nova, como já foi dito e que “fazer uso das redes
pode melhorar o ensino na medida que se reconheçam que processos essas redes potenciali-
zam e se identifiquem formas de as articular com o processo formal de aprendizagem”. Leal
lembra ainda que é necessário

pensar o indivíduo dentro de uma rede e as interações que se podem estabelecer en-
tre os indivíduos, algo que vá além de um trabalho em grupo com papéis definidos.
Mas, além de explorar a rede social presencial, pode-se pensar em usar a rede social
de forma ampliada, que se faz possível com a tecnologia. Uma das implicações é
que cada pessoa pode ficar mais próxima de outras com interesses semelhantes, algo
que na rede local é mais complicado. (LEAL apud ALVAREZ, 2011, p.1)

Na hora de realizar a atividade, é claro, deve-se levar em consideração o interesse dos


participantes na realização das atividades. Por isso a importância de conhecer a turma.
Gomez (2004) elenca como pontos positivos do uso das mídias sociais como ativida-
des complementares: (a) a possibilidade de construir o conhecimento; (b) a utilização de prá-
ticas que estimulem a pesquisa; (c) teoria e prática trabalhando juntas; (d) estabelecimento de
espaços colaborativos de esclarecimentos e (e) tratar de assuntos que vão além do conheci-
mento em si e que passam por questões éticas e legais, por exemplo.
Marinho (apud GOULART, 2011) afirma ainda que a maior vantagem da entrada das
escolas dentro das redes sociais seria que todos que envolvem o processo de ensino e aprendi-
zagem – escola, professores e alunos – poderia conversar e trocar experiências com mais faci-
lidade. O consultor reforça que estas discussões devem girar em torno da educação caso con-
trário o espaço pode virar apenas uma área de lazer. Mas é bom lembrar, segundo Marinho
(apud GULART, 2011), que neste ambiente, e para que a troca de experiências dê certo nele,
cada um tenha sua importância de modo a contribuir efetivamente para o crescimento coleti-
vo.
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Essas são apenas algumas vantagens que justificam a utilização dos recursos disponí-
veis na internet. É bom lembrar que a Internet permite entre outras coisas a comunicação hu-
mana, a busca de informações e a utilização de serviços públicos e disponibilização de conte-
údo. Os três casos podem contribuir para a educação de uma maneira geral.
Existem experiências, por exemplo, que mostram a utilização da rede para manter a
comunicação com outras escolas. A rede social substitui, ou complementa a tradicional carta.
Permite-se, assim, o intercâmbio entre alunos de diversas escolas das mais variadas regiões do
país. É possível também realizar atividades interdisciplinares já que o conteúdo destas ‘cartas’
pode estar ligado a disciplinas como Língua Portuguesa, Geografia, História e Informática.
Pode-se também pensar em unir as duas ferramentas: a carta e a Internet e, assim, resgatar a
memória de uma sociedade.
Mas não há a necessidade de repetir os conteúdos vistos em sala, não é este o propósi-
to e, possivelmente, desta forma algo que deveria se prazeroso se tornará cansativo. Os pro-
fessores devem procurar “expandir na internet os conteúdos ensinados na escola. Os conteú-
dos são importantes, mas tratar de assuntos que extrapolem o aprendizado também pode ser
interessante” (MARINHO apud GOULART, 2011, p. 1). O consultor traz como exemplo dis-
cutir o vestibular e carreira.

Considerações finais

Certamente a provocação que se fez neste texto não é nova. Constantemente professo-
res de todos os níveis de ensino estão sendo chamados a entrarem na rede mundial de compu-
tadores que, como disse Tas (2011) é uma rede formada por pessoas que estão ligadas aos
computadores. Nas escolas é muito comum que a utilização dos computadores fique a cargo
apenas dos professores de informática. No entanto, há de se pensar que a disciplina de infor-
mática é importante, sem dúvida, mas serve de suporte para que outros conteúdos sejam inse-
ridos ali. É nesse momento que entra a responsabilidade de todos os outros professores pen-
sando, desta maneira, em um trabalho interdisciplinar. Esta relação está prevista em vários
documentos e várias provas que avaliam a educação brasileira.
Quando se pensa em uma educação global, que prepare crianças e jovens para uma so-
ciedade conectada é também fundamental pensar em como lidamos com as tecnologias pre-
sentes no cotidiano dos estudantes. Achar que nas redes sociais existem apenas criança e que
este é um ambiente infantil não contribui para a orientação correta dos jovens, pois desperdiça
o potencial de pesquisa que as redes sociais oferecem. Certamente nenhum pai ou professor
deixaria seus filhos e alunos sozinhos em uma reunião de adultos sem local conhecido. Por-
tanto, o conhecimento é importante para, no mínimo orientar de forma um pouco mais consci-
ente. Em qualquer idade é necessário que o usuário perceba que existem redes sociais que se
adéquam a todos os perfis e idades. É necessário pesquisar.
“Inclusão digital não significa jogar todo mundo na web, de qualquer jeito, em qual-
quer lugar. Assim como em qualquer ambiente off line existem situações inapropriadas a de-
terminados grupos, na internet cada coisa também tem o seu lugar” (LEMOS, 2011,p. 1).
Dentro do mundo corporativo as empresas fazem pesquisa de mercado para descobrir que
produtos os consumidores procuram ao invés de oferecerem seus produtos primeiro. Dentro
do mundo educacional é importante que o professor, antes de considerar o método de aprendi-
zagem que mais lhe convém, investigue as necessidades da turma e perceba se apenas os mé-
todos tradicionais dão conta do processo ensino-aprendizagem daquele grupo. Nesse sentido
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ele pode aproveitar as redes sociais e as ferramentas interativas da web para oferecer aquilo
que mais se aproxima do que busca o aluno.
Por fim, as redes sociais da internet estão entrando no cotidiano humano para trans-
formar algumas posturas. É provável que uma delas seja a da escola, não será uma revolução,
mas um novo olhar. Construir conhecimento é permitir que os atores envolvidos no processo
ensino-aprendizagem de fato ensinem e aprendam. Construir o conhecimento é permitir que o
ato de aprender seja saboroso.

Referências

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