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Intradermoterapia, Preenchimento

Facial, Toxina Botulínica,


Carboxiterapia, Microagulhamento
e Criolipólise

Brasília-DF.
Elaboração

Juliana TIroni Machado


Tais Amadio Menegat

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 6

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 7

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9

UNIDADE I

MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA.................................................................................. 11

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO À INTRADERMOTERAPIA..................................................................................... 11

CAPÍTULO 2

MEDICAMENTOS UTILIZADOS NA INTRADERMOTERAPIA............................................................. 18

CAPITULO 3

PROTOCOLOS E TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE INTRADERMOTERAPIA....................................... 37

CAPÍTULO 4

CLASSIFICAÇÃO DE GORDURA LOCALIZADA........................................................................... 55

UNIDADE II

PREENCHIMENTO FACIAL...................................................................................................................... 59

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO AO PREENCHIMENTO FACIAL............................................................................ 59

CAPÍTULO 2

TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE PREENCHEDORES..................................................................... 66

UNIDADE III

TOXINA BOTULÍNICA.............................................................................................................................. 74

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO À TOXINA BOTULÍNICA....................................................................................... 74

CAPÍTULO 2

TIPOS DE TOXINA BOTULÍNICA.................................................................................................. 78


CAPÍTULO 3

ANATOMIA.............................................................................................................................. 82

CAPÍTULO 4

RESULTADOS DE APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA............................................................... 86

UNIDADE IV
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2.......................................................................................................... 95

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA INFUSÃO CONTROLADA DE CO2................................................ 95

CAPÍTULO 2
CARBOXITERAPIA E SUAS APLICAÇÕES.................................................................................. 103

CAPÍTULO 3
CARBOXITERAPIA NAS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS....................................................................... 109

UNIDADE V
MICROPUNTURAS............................................................................................................................... 130

CAPÍTULO 1
INTRODUZINDO O MICROAGULHAMENTO............................................................................. 130

CAPÍTULO 2
OS MECANISMOS DA MICROPUNTURA.................................................................................. 135

CAPÍTULO 3
APLICAÇÃO DA MICROPUNTURA........................................................................................... 145

UNIDADE VI
CRIOLIPÓLISE..................................................................................................................................... 151

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À CRIOLIPÓLISE............................................................................................... 151

CAPITULO 2
OS MECANISMOS DA CRIOLIPÓLISE...................................................................................... 155

CAPÍTULO 3
INDICAÇÕES DE CRIOLIÓLISE................................................................................................ 158

UNIDADE VII
ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA....................................................................................................... 164

CAPÍTULO 1
ENTENDENDO A ENDERMOLOGIA......................................................................................... 164
CAPÍTULO 2
TÉCNICAS............................................................................................................................. 168

CAPÍTULO 3
TIPOS DE PROTOCOLO.......................................................................................................... 172

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 175

REFERÊNCIA................................................................................................................................... 176
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

6
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

7
Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Esta sem dúvida é a apostila mais aguardada pelos alunos de Pós-graduação da
Farmácia Estética. A partir da Resolução que habilitou os profissionais farmacêuticos
a entrarem na área dos procedimentos injetáveis, esta apostila disponibilizará a
vocês alunos conhecimentos sobre áreas invasivas até então só estudada por médicos
e biomédicos. Veremos a seguir o poder dos injetáveis como forma de tratamento
estético, serão estudados os procedimentos mais utilizados na prática clínica, como por
exemplo: intradermoterapia ou mesoterapia, preenchimento facial, aplicação de toxina
botulínica, carboxiterapia, micropuntura e criolipólise. Sendo que estas também serão
estudas meticulosamente nesta apostila. Além disso, nesta apostila terá uma unidade
extra que abordará a endermologia.

A partir disso, o aluno poderá então ter conhecimento teórico e domínio sobre as
técnicas exigidas pelo conselho federal de Farmácia na área de estética, poderá saber
quais medicações e/ou tratamentos deverão ser usados para uma finalidade específica,
seja para rejuvenescimento, gordura localizada ou celulite e o porquê disso.

Objetivos
»» Promover o conhecimento fisiológico, farmacológico e terapêutico
das técnicas de intradermoterapia, aplicação de toxina botulínica,
preenchimento facial, carboxiterapia, microagulhamento, criolipólise e
endermologia.

»» Compreender mecanismo de ação das técnicas de intradermoterapia,


aplicação de toxina botulínica, preenchimento facial, carboxiterapia,
microagulhamento, criolipólise e endermologia.

»» Compreender método de aplicação mais atual das técnicas de


intradermoterapia, aplicação de toxina botulínica, preenchimento facial,
carboxiterapia, microagulhamento, criolipólise e endermologia.

»» Ter domínio teórico sobre os procedimentos injetáveis.

9
MESOTERAPIA
– INJETÁVEIS UNIDADE I
INTRADERMOTERAPIA

CAPÍTULO 1
Introdução à intradermoterapia

Linha do tempo da mesoterapia


A mesoterapia também é denominada de intradermoterapia, ela é uma técnica bastante
utilizada pelos habilitados, pois os resultados obtidos são extremamente relevantes
e sua aplicação é relativamente simples. Porém, com o objetivo de compreender
melhor os princípios que envolvem os tratamentos que utilizam a intradermoterapia,
faz-se necessário ter um conhecimento prévio sobre os processos históricos que
fundamentaram a técnica.

»» 400 a.C.: Hipócrates teria usado folha de figueira da Barbária (cacto)


para tratar dores no ombro de um pastor local. No entanto, chineses já
usavam essa técnica há 2.000 anos com martelos guarnecidos de pontas,
denominada acupuntura (LE COZ, 2012).

»» 1793: Foi comprovada a ação terapêutica de substâncias injetáveis, pelo


Dr. Pravaz (LE COZ, 2012).

»» 1832: Esse mesmo pesquisador inventa a seringa e a agulha oca (LE COZ,
2012).

»» 1900: Na França surge o “Ressuscitador”, aparelho que contém


numerosas agulhas maciças fixadas, com ajuda de um sistema elástico
essas numerosas agulhas são espetadas na pele, por unguento (LE COZ,
2012).

»» 1910: Na Bélgica, é visto pelo Dr. Lemaire, aplicações de procaína para


tratar neuralgias, e mais tarde Leriche aplica Procaína em gânglios e
tendões dolorosos (LE COZ, 2012).

11
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

»» 1948 a 1950: Drs. Pistor e Lebel expandem as infiltrações locais de


procaína para diversas áreas de aplicações (LE COZ, 2012).

»» 1952: Marco da Mesoterapia – Dr. Pistor trata um sapateiro asmático com


uma injeção de 10 mL de procaína por via intravenosa, no entanto, não
há melhora evidente da dispneia, enquanto que a surdez deste diminui.
Desse modo, Pistor teve a ideia de injetar localmente, ou seja, próximo ao
lóbulo da orelha, doses baixas de procaína que resultou em diminuição
substancial da surdez (LE COZ, 2012).

»» 1953: A técnica de Pistor é divulgada e muitos o procuram, no entanto ele


observa que a técnica não é eficaz para todos os pacientes surdos que ele
trata, entretanto, ele observa melhora em outros aspectos, por exemplo:
dores da articulação temporomandibular são eliminadas, eczemas do
conduto auditivo desaparecem e que os zumbidos são reduzidos (LE
COZ, 2012).

»» 1953 a 1958: Os locais de injeção se multiplicam, promovendo a descoberta


de outras indicações (LE COZ, 2012).

»» 1958: O nome Mesoterapia é proposto na imprensa médica em um artigo


publicado na revista “La Presse Medicale” em 4 de junho, por Pistor.
Neste artigo, ele destacava as novas propriedades da procaína local na
patologia humana. Propondo que “A ação sobre os tecidos originários do
mesoderma é tão significativa que esses tratamentos mereceriam o nome
global de mesoterapia” (LE COZ, 2012).

É interessante ressaltar nesse momento que atualmente a técnica


não abrange somente tecidos da mesoderme (vasos, tendões, tecidos
conectivos etc.), mas, por exemplo: lesões dermatológicas (ectoderma),
patologias digestivas (endoderma) também podem ser amenizadas pela
mesoterapia (LE COZ, 2012).

»» 1960: Prof. Bordet pede ao Dr. Pistor que ensine Mesoterapia aos
estudantes de Medicina Veterinária, isso vai até 1965, quando Bordet
toma a liderança do ensinamento para os alunos (LE COZ, 2012).

»» 1961: Primeiro livro publicado de Pistor: La Mésothérapie (LE COZ,


2012).

12
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

»» 1964: É criada por Pistor a Sociedade Francesa de Mesoterapia, nomeando


o Dr. Lebel para a presidência, de primeira instância foram reunidos 16
médicos (LE COZ, 2012).

»» 1976: Pistor resumiu a técnica de mesoterapia com as seguintes palavras


– “POUCO, POUCAS VEZES E NO LOCAL ADEQUADO” (LE COZ, 2012).

Ainda nesse ano Pistor reconheceu que suas recomendações eram


empíricas baseadas em sua própria experiência clínica (LE COZ, 2012).

»» 1978: Pistor faz uma conferência nos EUA, em Nova York (LE COZ, 2012).

»» 1980: Pistor cria o multipuntor (seringa com multipunturas) (LE COZ,


2012).

»» 1982: Falecimento do Dr. Lebel, sobre quem Pistor disse: “O homem que
mais ajudou a mesoterapia em seus momentos difíceis acaba de falecer.
Ele era meu mestre e meu amigo. Se a mesoterapia de hoje reúne nomes
que começam a ser conhecidos, um deles, particularmente insubstituível,
que está estritamente ligado ao início histórico da mesoterapia e que não
poderá jamais ser esquecido, é o nome de Mario Lebel” (LE COZ, 2012).

Isso porque Lebel teve três ideias e ações principais, as quais foram:

›› A agulha curta ser o pequeno elo entre todos.

›› Ter sido o primeiro presidente em 1964.

›› A difusão da técnica entre os veterinários.

»» Ainda em 1982: criaram o primeiro diploma da universidade de


mesoterapia pela faculdade de Paris XIII (LE COZ, 2012).

»» 1991: Dr. Pistor cede seu lugar a frente da Sociedade Francesa de


Mesoterapia ao Dr. Le Coz (LE COZ, 2012).

»» 1992 a 2002: Drs Pistor e Le Coz viajam juntos pelo mundo para difundir
a mesoterapia e ensiná-la aos médicos da América do Sul, Europa e África
(LE COZ, 2012).

»» 2001: Surgiram trabalhos indexados no MedLine sobre o uso da


Intradermoterapia/Mesoterapia para as dermatoses inestéticas (LE COZ,
2012).

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

»» 2002: Criação do diploma interuniversitário. Qualificação do ato


mesoterápico pelo Caisse Nationale d´Assurance Maladie (CNAM) (LE
COZ, 2012).

»» 2003: Falecimento do Dr. Pistor (LE COZ, 2012).

»» 2004: Médicos americanos encontram-se na França (Paris) para estágios


do Dr. Le Coz e partem para difundir a técnica de origem francesa para
o outro lado do Atlântico. A partir daí Le Coz é regularmente convidado
para ir ao Canadá e EUA ensinar a técnica aos colegas (LE COZ, 2012).

»» 2005: Ásia administra a nova abordagem terapêutica (LE COZ, 2012).

»» 2007: O diploma interuniversitário de Mesoterapia já compreende cinco


faculdades (LE COZ, 2012).

»» 2008: Até o momento o ato mesoterápico introduzido na nomenclatura


do CNAM ainda não foi numerado (LE COZ, 2012).

Intradermoterapia na prática farmacêutica

A intradermoterapia é uma técnica minimamente invasiva que consiste em injeções


intradérmicas ou subcutânea de várias misturas diluídas de extratos naturais de
plantas, agentes homeopáticos, produtos farmacêuticos, vitaminas e outras substâncias
bioativas que são infundidas em quantidades muito pequenas que variam de 0,1 mL a
0,2 mL através de múltiplas punturas dérmicas ao invés de poucas injeções (BROWN,
2006; TANRIKULU, 2007; KALIL, 2006). Essa técnica também é conhecida como
mesoterapia, no entanto, este nome não condiz apenas com um tratamento estético em
específico, e sim, descreve um método de fornecimento de drogas. Além disso, o termo
mesoterapia é proveniente da mesoderme, uma das três camadas germinativas do
embrião que origina tecido conjuntivo, muscular, circulatório, entre outros (ROTUNDA,
KOLODNEY, 2006).

É interessante ressaltar que antes da mesoterapia ser aceita como uma modalidade
de tratamento estético, a intradermoterapia era utilizada no tratamento de diversas
patologias, principalmente para dores e reumatismo (KALIL, 2006). Michel Pistor,
médico francês, em 1952 foi o primeiro a relatar a utilização da mesoterapia com injeções
de procaína próximas à orelha de pacientes com deficiência auditiva para melhorar a
audição, embora essa tenha sido restaurada por um curto período. Foi relatado melhora
nas articulações, zumbido e eczema na região tratada (ROTUNDA, KOLODNEY, 2006;
PISTOR, 1964).

14
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Desde então, a intradermoterapia vem se tornando cada vez mais popular no ramo
estético, principalmente por sua extensa finalidade, pois esta pode ser usada para
tratamento de rejuvenescimento facial, flacidez, hidrolipodistrofia, ginoide, alopecia,
redução de medidas e emagrecimento (DUNCAN, ROTUNDA, 2011; ROTUNDA, 2009).

Mecanismo de ação da intradermoterapia


Segundo Sivagnanam (2010), a derme é uma junção das funções imunológicas,
circulatórias e neurológicas. Deste modo, ele propõe que a ação medicamentosa da
técnica de intradermoterapia pode atuar em uma dessas funções desencadeando o
processo de reparo, seja na flacidez ou estria, produzindo colágeno e elastina ou então
pela vasodilatação aumentando o processo lipolítico no local, por exemplo.

A pele tem uma propriedade de reservatório, principalmente no nível da camada


córnea. A função de barreira é assegurada pela camada córnea, cuja eliminação aumenta
consideravelmente a permeabilidade da pele (WEPIERRE, 1980a). Desse modo, os
produtos injetáveis ativam os receptores dérmicos e se difundem lentamente, através
da microcirculação. Não é necessária a presença física do fármaco no órgão alvo, pois
o produto pode atuar através de receptores responsáveis por desencadear um influxo
nervoso por liberar mediadores químicos com ações a distância. Esses receptores são
numerosos, porém variam em quantidade segundo sua localização e profundidade
(KAPLAN, 1992).

De modo geral, na mesoterapia preconiza-se a aplicação do medicamento na região


mais próxima do órgão-alvo. É possível pensarmos que o produto injetado localmente
tenha um valor energético, mais do que químico, em certas condições. Além disso, as
moléculas grandes e os compostos fortemente lipofílicos são reabsorvidos de forma
lenta e preponderantemente por via linfática. As moléculas pequenas são absorvidas
principalmente por via sanguínea (WEPIERRE, 1980b).

A retenção nas estruturas cutâneas e subcutâneas permite ao medicamento permanecer


concentrado sob a zona de aplicação e produzir efeitos farmacológicos locais, enquanto
sua difusão periférica permanece reduzida e não acarreta ação sistemática (LE COZ,
2012).

A persistência de medicamentos nas regiões profundas da pele foi comprovada após


aplicação de alguns corticoides, de tiroxina, de estradiol, entre outros. Esse experimento
mostrou que após a absorção, os medicamentos aplicados retornam diretamente ao
coração sem passar pelo fígado (WEPIERRE J,1980c). Os efeitos secundários por via
intradérmica são reduzidos com relação às vias subcutâneas e intramuscular, uma vez

15
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

que estas atingem a grande circulação de forma mais rápida quando comparada à via
intradérmica (LE COZ, 2012).

<http://www.vichy.pt/international/Lalaborat%C3%B3rios-Vichy/Camada-
granulosa-1cmp1204.aspx>. Acesso em: 25/8/2015

<http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n1/v86n1a13.pdf>

<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000439406&fd
=y>. Acesso em: 28/8/2015

A punctura promove um estímulo no sistema neuroendócrino, dando origem à


liberação de uma série de neurotransmissores, tais como: a encefalina responsável
pela modulação da dor, promovendo um efeito anestésico após a sua liberação; a
betaendorfina responsável pela ação lipolítica e aumento da imunidade, aumentando
a concentração de linfócitos T, como acontece também na prática de exercícios físicos;
a substância decapeptidio, envolvida nas respostas inflamatórias, liberada quando
se provoca uma irritação ao tecido, causando vasodilatação, taquifilaxia, aumento
da permeabilidade venular (edema), eritema, liberação de aníon superóxido e outros
mediadores como, histamina, prostaglandinas, enzimas lisossômicas e, finalmente
induz a reação inflamatória irritativa, desencadeando reflexos somáticos e viscerais.
A puntura promove também estimulo à produção de colágeno e elastina (recuperação
tecidual) (MAYA,2007).

Mrejen, em 1992, observou que injetando medicações em diferentes profundidades


dérmicas, no caso entre 4 mm e 10 mm, havia diferença no tempo de excreção da
medicação. Aplicando numa profundidade de 10 mm percebeu-se que o produto
atingia a circulação mais rapidamente e sua eliminação ocorria antes do desejado.
No entanto, quando o produto era aplicado em uma profundidade de 4 mm o
tempo que o medicamento ficava disponível na camada era maior. Com isso,
padronizou-se a aplicação da intradermoterapia em uma profundidade ideal de 4
mm. Nessa profundidade, após 10 minutos decorrentes da aplicação, a quantidade
do fármaco no local da aplicação permanece em 50%. Em profundidades
maiores que 4 mm, após 10 minutos a permanência do fármaco declina para 16%
(TENNSTEDT, 1976; AMIN et al., 2006).

Dessa forma, é evidente que as injeções intradérmicas se difundem por via sanguínea.
Assim, concluiu-se que a difusão de um produto em intradermoterapia depende
da profundidade a que é injetado. Esta diferença pode ser ilustrada com curvas
de eliminação: o caminho intradérmica superficial teria uma curva de eliminação
monoexponencial, enquanto que o caminho intradérmica mais profunda iria ter uma

16
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

curva biexponencial (eliminação inicial mais rápido, correspondendo a uma injeção


intravenosa, seguida de eliminação mais lenta no reservatório derme) (MREJEN, 1992).

Por muito tempo, a base de cada mistura foi a procaína. Atualmente, além da
procaína utilizamos hoje com muita frequência lidocaína ou soro fisiológico
como solvente de base. (LE COZ, 2012). Na hora da mistura das medicações na
mesoterapia é importante saber que estas precisam ser preparadas em uma
ordem precisa de pH para evitar flóculo.(LE COZ,2012)

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CAPÍTULO 2
Medicamentos utilizados na
intradermoterapia

Medicações
Em 2012, saiu a Resolução no 4302 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) proibindo o uso de alguns extratos vegetais isolados ou associados com
outras substâncias, são eles:

1. Chá Verde.

2. Centella Asiática.

3. Ginkgo Biloba.

4. Melilotus.

5. Castanha da Índia.

6. Dente de Leão.

7. Sinetrol.

8. Ayslim.

9. Girassol.

Posteriormente, em 2013, foi publicada outra Resolução no 128 da ANVISA proibindo o


princípio ativo Tiratricol. Além disso, substâncias alcoólicas e oleosas foram proscritas
dos tratamentos injetáveis mesoterápicos por apresentarem risco de desenvolvimento
de necrose tecidual.

Não obstante, a intradermoterapia possui uma vasta variedade de medicamentos que


podem ser utilizados em diferentes tratamentos. A seguir, estão listados algumas classes
medicamentosas e os medicamentos que fazem parte delas.

1. Anestésicos/Paticolíticos.

2. Venotróficos (Venolinfáticos ou Vasoativos).

3. Lipolíticos.
18
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

4. Eutróficos.

5. Outros.

Anestésicos/paticolíticos
Na grande maioria dos protocolos de intradermoterapia, os anestésicos,
preferencialmente utilizados para minimizar a dor do procedimento, são lidocaína
a 1% (para as condições agudas) ou procaína a 1% (para condições crônicas) sem
epinefrina. Na França, drogas como buflomedil (vasodilatador) e pentoxifilina também
são utilizadas, pois se acredita que podem aumentar a microcirculação no tecido local e
facilitar a eliminação de resíduos metabólicos. (ADELSON, 2005).

Em estudos com animais, a pentoxifilina tem demonstrado que possui efeito


anti-hiperalgésico. Ervas como alcachofra, ginko biloba, melilotus também são
utilizados para melhorar a circulação local. (VALE et al., 2004).

Procaína (pH - 5,0)

A procaína é uma amina secundária, pertencente ao grupo éster. É considerada


um anestésico fraco de curta duração (~ 1h). Sua toxicidade é 110 x maior por via
intravenosa em relação à via subcutânea. A procaína é utilizada na mesoterapia por
suas propriedades simpaticolíticas, analgésicas e vasodilatadoras (CALAIS, 1987).

Lidocaína (1% ou 10 mg/mL)

É um anestésico local de pH neutro (6,0-7,5) mais potente que a procaína com potência
de 60 a 75 minutos, apresenta um período de latência menor que a procaína sendo mais
estável entre todos os anestésicos conhecidos. É uma amida. Existem várias diluições
de lidocaína na mesoterapia, sendo a mais encontrada e utilizada a de 1%. Um estudo
sobre as reações secundárias com 2.839 pessoas que aplicaram injeções de mistura
contendo lidocaína não mostrou nenhum choque anafilático ou vagal (CAHIER, 1990).

Anestésicos locais geralmente atravessam a bainha do nervo na forma não ionizada,


porém interagem com os receptores situados na membrana neural na forma ionizada,
estabilizando o potencial da referida membrana, bloqueando a condução nervosa. A
despolarização talvez ocorra devido à interferência com o fluxo de íons Na+ e K+ através
da membrana plasmática (CAHIER, 1990). A lidocaína assim como outros anestésicos
locais podem ser ineficazes em áreas inflamadas, pois nestas, o pH por ser mais baixo

19
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

facilita a ionização das moléculas de lidocaína, dificultando assim sua penetração nas
fibras nervosas (CAHIER,1990).

Apesar da sua grande utilização na prática clínica, a lidocaína pode apresentar alguns
efeitos adversos, tais como: reações locais de origem alérgica ou citotóxicas, dores,
edemas, neurite e dermatite e eczematoide.

Venotróficos (venolinfáticos ou vasoativos)

Os vasoativos são muito usados na mesoterapia, e sua utilização parece ter efeito
importante. São fármacos responsáveis pelo efeito vasodilatador, permitem uma
melhor absorção e difusão dos outros fármacos (LE COZ, 2012).

Segundo Mrejen (1992), haveria uma terceira circulação no corpo humano, além da
sanguínea e a linfática. Existiria uma circulação que ocorreria entre o plasma e o líquido
intersticial, mais especificamente na substância fundamental amorfa da derme.

Assim, os medicamentos injetados ficariam no interstício dérmico e seriam absorvidos


por unidades microcirculatórias, atravessariam a parede capilar e atingiriam
a circulação linfática ou sanguínea, de acordo com a especificidade do produto
(HERREROS et al., 2007).

Buflomedil (Alfabloqueador 10mg/mL pH-6,5)

Utilizado nos fenômenos de insuficiência venosa, pois é um vasodilatador arteriolar


importante para o aporte de oxigênio no tecido. Estimula a drenagem de toxinas. Além
disso, inibe agregação plaquetária, melhorando o fluxo sanguíneo. Este pode ser usado
via intradérmica em celulite e alopecia e subcutânea para gordura localizada. Por fim,
não se vê reações adversas em intradermoterapia devido à baixa dosagem utilizada
(ADELSON, 2005).

Minoxidil

Promove ação vasodilatadora periférica. É indicado para alopecia, pois estimula


a microcirculação em torno do folículo piloso auxiliando o crescimento capilar
(LE COZ, 2012).

20
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Benzopirona (5mg/mL pH-7,0)

Conhecida também como Cumarina, atua principalmente na redução do edema,


aumentando a resistência da parede dos vasos e diminuindo o conteúdo de
macromoléculas no interstício (o que faz com que o edema se perpetue). Substância
marcadora (substância ativa) do Melilotus, diminui a fragilidade dos capilares, otimiza
o retorno venoso e assim diminui o edema local. Favorece a migração de macrófagos
para o local do edema e desta forma contribui para a fagocitose de macromoléculas
impróprias do interstício que desencadeiam o edema (VALE et al., 2004).

Benzopirona com rutina (pH -0,5%-2,5%)

Atuam em sinergismo melhorando a circulação periférica e diminuem a fragilidade


capilar, desta forma otimizam o retorno venoso e reduzem o edema. Indicado
para a realização de protocolos para o eixo vascular. Apresenta ação antioxidante
(MREJEN, 1992).

A rutina é um flavonoide, age na cadeia do ácido araquidônico diminuindo a inflamação


e a permeabilidade capilar. Sintetiza colágeno. O uso deste composto é intradérmico.
Composto considerado vasculoprotetor e venotônico (MREJEN, 1992).

Pentoxifilina (20mg/mL pH-7,0-8,5)

As pentoxifilinas apresentam ação sobre a deformabilidade das hemácias, são


considerados vasodilatadores periféricos. Além disso, elas são utilizadas em membros
inferiores por serem considerados medicamentos interessantes para celulite em grau
III e IV (LANCET, 2002). Além de sua ação vascular, atribui-se a ela propriedades
anti-inflamatórias, fibrinolíticas e lipolíticas (GEORGE, no 132).

Medicamentos lipolíticos

São aqueles medicamentos que por meio de diferentes mecanismos de ação, possuem
a capacidade de quebrar a gordura localizada. Estimulando a lipólise e/ou inibindo a
lipogênese no nosso organismo (RIBEIRO, 2010).

Sabe-se que a quebra de gordura estocada nos adipócitos é regulada pelos receptores
α-2 e β-receptores, na superfície da célula adipocitária. A lipólise ocorre por hormônios,
incluindo estrógeno ou estimulantes químicos, incluindo a cafeína, por exemplo.
A atividade do β -receptor aumenta a lipólise. Já a atividade do receptor α-2 inibe o
21
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

β-receptor. Por isso, a ativação β-adrenérgica e a inibição α-2 adrenérgica aumentam a


lipólise nos adipócitos (MATARASSO, PFEIFFER, 2005).

O número de razão de α-2 e β-receptores nos adipócitos variam em diferentes áreas do


corpo, por exemplo: quadril e coxa contêm mais α-2-receptores, desse modo, a gordura
nessas áreas é mais resistente à lipólise, já os β–receptores são encontrados em maior
quantidade no abdômen (MATARASSO, PFEIFFER, 2005).

É interessante salientar que a lipólise representa um processo pelo qual os triglicérides


intracelulares são hidrolisados, ou seja, degradados em ácidos graxos livres e glicerol,
os quais ficam disponíveis na circulação. No entanto, a lipólise não produz um efeito
permanente, tais como: apoptose ou necrose celular. Em vez disso, a lipólise dispara uma
resposta metabólica aguda que é, com toda a probabilidade, transitória (ROTUNDA,
2005). Devido a isso, deve ser orientado para a paciente tanto durante como após o
tratamento estético permanecer com a reeducação alimentar e a prática de exercício
físico, para assim manter por mais tempo os resultados da intradermoterapia. Não
obstante, estudos já salientaram que o desoxicolato de sódio também é capaz de levar
o adipócito à morte celular por apoptose e necrose (MATARASSO, PFEIFFER, 2005;
JAYASINGHE et al., 2013; SCHULLER-PETROVIC et al.,2008).

Os lipolíticos apresentam mecanismos importantes como: diminuição na formação


de triglicérides (lipogênese); inibição na fosfodiesterase e aumento de AMPc ─ esta
quando ativada inibe lipólise; bloqueio dos alfa receptores, estímulo dos beta receptores
e bloqueio dos receptores neuropeptídeos (estes agem principalmente na celulite,
restabelecendo a macrocirculação local e diminuindo o edema) (RAWLINGS, 2006;
DUNCAN, 2007; RIBEIRO, 2010).

Não é recomendado o uso de terapias que estimulem a circulação periférica logo


após o procedimento nem mesmo a realização de atividades físicas. O aumento
da circulação periférica induz à perda de medicamento do tecido para a corrente
sanguínea, contrariando o princípio da técnica.

Algumas medicações e mesclas medicamentosas, assim como formas de


aplicações, podem vir a causar uma discreta reação de resposta celular no
nível do panículo adiposo que reveste o plano muscular. Trata-se de um
pequeno afluxo de células linfoides diversas (fibrócitos, histiócitos, macrófagos,
plasmócitos) localizados na periferia das grandes células vasculares de gordura.
Nota-se também uma vasodilatação dos capilares.

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Tipos de medicamentos lipolíticos

Cafeína (250mg/mL, 5% ou 50mg/mL, pH- 7,0)

A cafeína ou 1,3,7-trimetilxantina é lipossolúvel e, quando ingerida, é rapidamente


absorvida pelo trato gastrointestinal; sua metabolização acontece no fígado, iniciando
com a retirada dos grupos metila 1 e 7, reação catalisada pelo citocromo P450 1A2,
levando à formação de três grupos metilxantinas. Sua ação lipolítica se deve à mobilização
dos ácidos graxos livres dos tecidos ou estoques intramusculares. Atua ainda como
competidor dos receptores de adenosina e como estes atuam inibindo a lipólise, tem-se
um aumento nos níveis de AMPc, que ativa as lipases hormônios sensíveis, promovendo
a lipólise (MELLO; KUNZLER; FARAH, 2007).

Sua ingestão pode contribuir para o aumento da perda de peso e para a manutenção
deste, por meio da oxidação da gordura e termogênese (DUNCAN, 2007). Seu efeito
estimulante sobre o sistema nervoso central se dá pelo aumento da concentração
plasmática de noradrenalina, assim estimula o processo lipolítico ao inibir a
fosfodiesterase, aumentar a meia-vida do AMPc e, consequentemente, a atividade da
proteína quinase A (PKA) e da lipase hormônio sensível (LSH) (CURI et al., 2003).

Adicionalmente, parece aumentar os níveis de proteínas desacopladoras do tipo 3


(UCP-3) no tecido adiposo branco. As proteínas desacopladoras estão presentes nas
mitocôndrias das células e têm a capacidade de desacoplar a fosforilação oxidativa
por dissipar na forma de calor, o gradiente eletroquímico que foi gerado pelo processo
respiratório. É através desse processo que nos mantemos aquecidos durante o inverno,
a chamada termogênese. Foi demonstrado que animais transgênicos que expressavam
essas proteínas além do normal apresentaram redução do tecido adiposo. Portanto,
esta seria outra ação da cafeína na lipodistrofia localizada e no fibro edema geloide
(RAWLINGS, 2006; MORI et al., 2009).

A cafeína também é encontrada no mercado na forma combinada com a sinefrina,


que é extraída da laranja amarga, recebendo o nome comercial de Amarashape®. A
sinefrina tem estrutura semelhante à adrenalina, ela se liga a receptores adrenérgicos
dos adipócitos e aumenta a quantidade de AMPc intracelular levando à lipólise.
Considerando que a cafeína é a substância lipolítica mais conhecida, que atua inibindo
a fosfodiesterase (que faz a quebra do AMPc), a junção desses dois princípios aumenta
a quantidade de AMPc e, consequentemente, a atividade lipolítica (TERRA; MININ;
CHORILLI, 2009).

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

A teofilina, outra metilxantina, tem taxa de permeação cutânea inferior à cafeína, baixa
solubilidade em água e efeitos secundários marcantes, mas o ácido teofilino acético, um
derivado da teofilina, é hidrossolúvel e seguro para uso tópico (RIBEIRO, 2010).

Resumindo, a cafeína inibe a fosfodiesterase, aumenta o AMPc intra-adipocitário e


consequentemente estimula a lipólise. Faz parte da família das xantinas. Indicada para
tratamentos com gordura localizada e celulite (hidrolipodistrofias) e estimula o SNC.
(MORI et al., 2009).

Além disso, aumenta a termogênese e a oxidação das gorduras (maior metabolização dos
ácidos graxos). Geralmente utilizada nas hidrolipodistrofias, mas favorece claramente
os hematomas. É preferível, portanto, injetá-la em subcutânea com dose baixa, diluída
(MORI et al., 2009).

No entanto, pode ser visto este composto em aplicações intradérmicas (para gordura
localizada) e intramuscular (melhora o desempenho físico, pois ativa o metabolismo)
também (MORI et al., 2009).

Na aplicação intramuscular pode apresentar reações como taquicardia, insônia


em pacientes mais sensíveis, além disso, podem ocorrer interações em pacientes
fumantes metabolizando mais rápido o composto ou em pacientes que fazem uso de
anticoncepcional retardando a metabolização (RIBEIRO, 2010).

Contraindicado: para pacientes que apresentam hipersensibilidade às xantinas,


hipertensos e cardiopatas (RIBEIRO, 2010).

Substâncias da família das xantinas como cafeína, aminofilina entre outras são
estimulantes lipolíticos, ou seja, aumentam os beta-receptores dos tecidos
adiposos promovendo a lipólise no local tratado (VELASCO et al., 2008;
MORIMOTO et al.,2001).

Pentoxifilina (pH-7,0)

Como já falado no tópico dos venotróficos, esta xantina apresenta efeito benéfico na
microcirculação por inibir a agregação plaquetária, melhorar a deformidade dos
eritrócitos diminuindo a viscosidade do sangue e por apresentar efeito vasodilatador
sobre os capilares (GUIRRO; GUIRRO, 2007).

Indicada para tratamentos com gordura localizada e celulite. As reações adversas que
podem apresentar são urticária e prurido no local da aplicação, mas regride ao término
do tratamento (GUIRRO; GUIRRO, 2007).

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Aminofilina (pH-9,0)

Esta última xantina apresentada também tem ação lipolítica aumentando a produção
de AMPc e consequentemente quebrando os triglicérides em ácidos graxos e glicerol.
Inibe a produção de prostaglandinas e liberação de histamina e leucotrienos diminuindo
o processo inflamatório. Também é indicada para tratamento de celulite (GUIRRO;
GUIRRO, 2007).

Pode apresentar dor no local da aplicação e sensação de calor. É contraindicada para


aplicação intramuscular em cardiopatas (GUIRRO; GUIRRO, 2007).

Ioimbina (0,5%, 5 mg/mL, pH-5,0)

Alcaloide da planta Pausinistalia yoimbina, antagonista de receptor alfa adrenérgico


em adipócitos. Este antagonismo induz a lipólise intra-adipocitária. Em outras palavras,
se liga a receptores alfa 2 adrenérgicos aumentando a disponibilidade de ligação da
norepinefrina a receptores beta 2 adrenérgicos, consequentemente aumentando a
lipólise e diminuindo a lipogênense (RASCOVSKI,2000).

É indicado para tratamento com gordura localizada, nas mulheres: quadril e coxa;
homens: região lateral do tronco (RASCOVSKI, 2000). Não deve exceder dose máxima
de 10 mg/mL por sessão (RASCOVSKI, 2000).

Não associar este composto com cafeína (xantinas) e a outras substâncias de pH


alcalino - preciptação.

As reações locais podem ser ardor no momento da aplicação e por ter uma ação
vasodilatadora podem ocorrer hematomas. É contraindicado para pacientes
com hipersensibilidade à ioimbina, hipertensão ou problemas cardíacos. Essa
medicação apresenta complicações na maioria dos pacientes, muitos relatam
sentir reações como calafrios e náuseas por 3 horas após a aplicação, geralmente
recomenda-se ao paciente não se alimentar por 2 horas antes de aplicar este
composto (RASCOVSKI, 2000).

L-carnitina (30%, 300mg/mL, pH-7,0)

É um aminoácido sintetizado nos tecidos, que favorece a hidrólise total da molécula


de ácido graxo na mitocôndria. Aumenta o ATP nos músculos quando associado ao
exercício físico (KEDE; SABATOVICH, 2009; RIBEIRO, 2010).

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Responsável por transportar os ácidos graxos livres do citosol para as mitocôndrias para
assim serem oxidados. Além disso, pode ser usado via intradérmica e intramuscular. As
reações causadas podem ser ardor no local da aplicação (KEDE; SABATOVICH, 2009;
RIBEIRO, 2010).

Outros aminoácidos podem também ser utilizados, como L-ornitina associado


com L-arginina atuam na mobilização de gorduras do organismo. L-taurina evita
a degradação das proteínas favorecendo o uso de gorduras como fonte de energia
e aumentando a insulina, o qual melhora o metabolismo da glicose. Na aplicação
intramuscular é interessante associar com inositol trifosfato (KEDE; SABATOVICH,
2009; RIBEIRO, 2010).

Para melhorar o desempenho recomenda-se fazer restrição de carboidratos e gorduras


na dieta, fazer exercícios físicos e é interessante utilizá-la com outros lipolíticos trifosfato
(KEDE; SABATOVICH, 2009).

Mesoglicano (pH-7,0)

Apresenta ação lipolítica estimulando a lípase e inibindo e dificultando a deposição


de gordura, ideal para tratamento de celulite graus III e IV tem tendência a causar
hematomas, é interessante associar com benzopirona. Além da sua ação lipolítica o
mesoglicano apresenta ação fibrinolítica e anti-edema por lisar as traves fibrinogênicas
e por reorganizá-las (CHORILLI et al, 2007).

Desoxicolato de sódio (4,75% pH-7,0)

O desoxicolato de sódio é um sal biliar solúvel em água que promove a lise celular,
levando à redução do tecido adiposo subcutâneo (ROTUNDA et al., 2004), além
disso, também tem sido mostrado na redução de lipomas (ROTUNDA et al., 2005).
No intestino, ele é capaz de emulsificar a gordura proveniente da alimentação, sendo
também um produto metabólico de bactérias intestinas (JAYASINGHE et al., 2013).
Brown em 2006 discutiu o possível papel do desoxicolato de sódio no tecido adiposo.

Ele sugeriu que este composto dentro do tecido subcutâneo poderia desempenhar
quatro diferentes formas, a micela, vesículas e/ou monômeros e cristais. Deste modo,
o desoxicolato de sódio em forma de vesículas e/ou monômeros leva à necrose celular,
quando na forma de micela, poderia resultar na mobilização da saída da gordura
dos adipócitos, e por fim, na forma de cristal poderia ser prejudicial às células, isso
dependeria da sua concentração (BROWN, 2006). Matarasso (2009) relata que a
associação de desoxicolato de sódio com vasodilatadores resulta em uma rápida
absorção do desoxicolato de sódio para dentro da célula.

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Sua aplicação deve ser subcutânea. Se aplicado via intraderme causa necrose, 5% dos
pacientes têm chances de formação de nódulos doloridos, sua duração persiste de
7-15 dias. As reações comuns da aplicação deste composto são vermelhidão, prurido,
inchaço (até 5 dias), leve incômodo no local, este incômodo é persistente durante todo
o tratamento (BROWN, 2006).

Para tratamentos com desoxicolato de sódio, aconselhe seu paciente a fazer


semanalmente drenagem linfática, sempre espaçando 48 horas da aplicação.
Caso ocorra nódulo indique na hora do banho para que massageie o local ou
então com uma compressa de água quente faça a massagem no local. Para
que ocorra o menos possível de nódulo é essencial aplicar 0,1 mL por ponto,
no entanto, não é só isso que fará ocorrer o nódulo, já que esta faz parte do
mecanismo de ação do composto.

Este produto deve ser usado sempre com um anestésico e venolinotrófico.

Não fazer retroinjeção com desoxicolato de sódio.

Figura 1. Após duas sessões de intradermoterapia com o protocolo desoxicolato de sódio, L-carnitina, buflomedil,

lidocaína, cafeína, houve uma redução de 13 cm na circunferência abdominal total.

Fonte: Machado JT, liberada pelo paciente da autora da apostila, 2015.

Figura 2: Complicações com desoxicolato de sódio após má conduta na aplicação – Necrose tecidual.

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Fonte: <http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2012/08/mulheres-feridas-ao-eliminar-gordura-em-clinica-ficam-sem-
medicamento.html>acesso 14/09/15

Silício orgânico (0,5%, ou 5 mg/mL, pH6,0)

Apresenta ação lipolítica pelo aumento de AMPc, consequentemente bloqueado a


enzima fosfodiesterase como também apresenta ação eutrófica regenerando as fibras
dérmicas. É elemento estrutural do colágeno, elastina, proteoglicanos e glicoproteínas,
apresenta ação anti-fibrótica e antioxidante, opondo-se à peroxidação lipídica. É
indicada para lipodistrofias, celulite, mesolifting facial, hidratante, anti-inflamatória,
antienvelhecimento e estrias (KEDE; SABATOVICH, 2009).

Eutróficos

São responsáveis por melhorar o tecido conjuntivo, desse modo, agem estimulando as
produções de fibras colágenas, reorganizam as já existentes e contribuem também para
a formação da matriz extracelular deste tecido (LE COZ, 2012).

Fatores de crescimento

Os fatores de crescimento são proteínas reguladoras, mediadores de vias de sinalização


no interior das células e entre elas. Eles são encontrados em vários tecidos em fase
de cicatrização e renovação celular (ZOE, 2009). São mediadores biológicos naturais
que atuam sobre os processos de reparo e regeneração. Os fatores de crescimento
podem ser aplicados em cicatrização e cura de ferimentos, ação anti-anting, estímulo
de crescimento capilar, inibição de crescimento de pelos, crescimento de cílios
e tratamento para manchas, sendo utilizados com o intuito de remover células
epidermais danificadas, estimular a produção de novas células e nutrir as existentes
(BEN et al., 2006).

São indicadas para estrias, flacidez e rejuvenescimento facial:

1. IGF: aumenta níveis de colágeno e elastina, estimula a mitose celular,


estimula os folículos capilares a produzirem um cabelo mais denso e
forte. Importante papel no crescimento capilar (BEN et al., 2006).

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

2. EGF: melhora a aparência de cicatrizes e manchas, reduz e previne rugas


pela ativação de novas células da epiderme (BEN et al., 2006).

3. TGFb3: estimula novas células da epiderme, reduz rugas e estrias pelo


estímulo da síntese de colágeno e elastina (BEN et al., 2006).

4. b-FGF: melhora a elasticidade da pele e a circulação periférica (BEN et


al., 2006).

5. VEGF: estimula o crescimento capilar, facilita a nutrição do folículo e


induz a angiogênese (BEN et al., 2006).

Ácido alfa-lipoico (0,05%)

O ácido alfa-lipoico é sintetizado naturalmente pelo organismo, com atuação no fígado,


rins e coração. Foi descoberto em 1951, por sua atividade nos processos de síntese de
energia como coenzima atuando na descarboxilação oxidativa do ácido pirúvico e dos
alfas cetoácidos. Mais tarde suas propriedades antioxidantes foram descobertas e então,
sua utilização foi voltada para a redução de processos inflamatórios e em combate ao
envelhecimento. Atualmente é utilizado para tratamentos em estrias, flacidez e rugas,
é um importante antioxidante, anti-inflamatório e lipotrópico. É contraindicado para
pessoas com hipersensibilidade aos componentes da formulação (PERRICONE, 2001).

O ácido alfa-lipoico apresenta dupla solubilidade (em água e em gordura - lípides),


dessa forma consegue penetrar facilmente em todas as partes e estruturas da célula
protegendo-a contra a ação dos radicais livres. Por ser um elemento sintetizado
naturalmente pelo organismo, o ácido alfa-lipoico exerce diversas funções no organismo,
dentre as quais podem ser citadas: regulação do metabolismo lipídico e carbônico,
ação lipotrópica, ação anti-inflamatória, atuando como: antioxidante metabólico por
controle de radicais livres. E, restituição das funções mitocondriais devido à atividade
antioxidante e por fazer parte do complexo de enzimas presentes nesta categoria
(PERRICONE, 2001).

Benefícios após aplicação:

»» Redução da inflamação.

»» Melhora do aspecto da elasticidade e tônus da pele.

»» Diminuição de rugas finas.

»» Diminuição das dimensões, coloração e profundidade das estrias.

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

»» Prevenção do eritema causado pela exposição ao sol.

»» Alisamento do relevo das cicatrizes hipertróficas e normotróficas.

»» Suavidade das rugas profundas.

Sugestão de protocolo de aplicação

Aplicação ponto a ponto ou retroinjeção uma vez por semana durante seis semanas a
depender da avaliação/anamnese.

Ácido glicólico (1%)

O ácido glicólico é um agente ceratolítico de pH 3,5 extraído da cana-de-açúcar


pertencente ao grupo dos alfa-hidroxi-ácidos. É constituído por dois átomos de carbono
que lhe conferem uma rápida difusão a nível intercelular por ser hidrofílico e por não
necessitar de proteínas plasmáticas para exercer sua função é indicado para tratamentos
como foto envelhecimento, mesolifting facial, estrias jovens e flacidez (HERNANDEZ;
FRESNEL, 1999).

O ácido glicólico apresenta ação ceratolítica por diminuir a coesão de corneócitos


por interferência na formação de ligações iônicas, destruindo a proteína que une
um corneócito a outro. Além disso, atua na síntese de glicosaminoglicano e outras
substâncias da matriz intracelular da derme (HERNANDEZ; FRESNEL, 1999).

Os glicosaminoglicanos promovem uma intensa hidratação devido à grande


capacidade de absorção de água. Por esta razão, preenche as lacunas deixadas nas
estrias, rugas, flacidez cutânea. Histologicamente, observa-se aumento na espessura
do estrato granuloso na epiderme na adesão da união dermoepidérmica e do número
de fibras elásticas, colágenas e seu reordenamento, reposicionando-as paralelamente
(HERNANDEZ; FRESNEL, 1999). Consequentemente estimula a síntese de colágeno
e elastina. Aumenta a incorporação de prolina no colágeno (HERNANDEZ; FRESNEL,
1999).

Ácido mandélico (pH- 5,0)

Apresenta as mesmas propriedades que o ácido glicólico, só difere no tamanho da


molécula sendo esta última maior. É contraindicado para pessoas com hipersensibilidade
aos componentes da formulação e aos alfa-hidroxi-ácidos (GARG et al., 2009)

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Glucosaminoglicanos (GAG)

Gel amorfo constituído por condroitin sulfato, queratan sulfato, heparan sulfato e
dermatan sulfato. Apresenta forte agregação às proteínas de ligação, é uma estrutura
organizada e estimula a síntese de matriz extracelular, promove efeito esponja na derme
(CHORILLI et al, 2007).

É indicado para preenchimento transitório, flacidez dérmica facial e corporal, estrias


jovens e antigas (CHORILLI et al., 2007).

Ácido hialurônico (40mg/2mL ou 2,5% ou 60mg/mL)

O ácido hialurônico é um polissacarídeo aniônico (anteriormente chamado de


mucopolissacarídeo de alto peso molecular, presente naturalmente na matriz
extracelular do tecido conjuntivo, liga-se a proteínas, outros polissacarídeos aniônicos
atraindo moléculas de água formando uma matriz em forma de gel, dando sustentação
aos tecidos, aumenta a espessura derme-epiderme mantendo sua elasticidade e
auxiliando em suas trocas metabólicas. Principal glicosaminoglicano da pele. É
indicado para tratamentos como flacidez facial e corporal, mesolifting facial e estria,
por apresentar poder hidratante, cicatrizante e hidroscópico (CHORILLI et al, 2007;
HERREROS, 2011).

O ácido hialurônico devido à grande capacidade de absorção de água (cada molécula de


ácido hialurônico consegue reter de 200 a 500 moléculas de água). Quando aplicado
por via intradérmica também ocorre hidratação intensa, preenchendo as lacunas
deixadas pela estria e a flacidez cutânea. O ácido hialurônico incorpora-se à matriz
onde proporciona elasticidade, tonicidade e maciez à pele. Além disso, devido a sua
ação anti-inflamatória impede a criação de cicatrizes e aderências. É contraindicado
para pacientes alérgicos a polissacarídeos. Deve-se evitar aplicações próximas a áreas
vascularizadas (irritação e inflamação) (CHORILLI et al, 2007; HERREROS, 2011).

Ácido hialurônico com condroitin (XADN)

O condroitin também é um polissacarídeo que auxilia no equilíbrio do tecido conjuntivo


(HERREROS, 2011).

Essa associação XADN é indicada para flacidez por melhorar a hidratação da pele, o
uso intradérmico, e em estrias devido à ação anti-inflamatória do condoritin, melhora
a cicatrização, uso por retroinjeção. É contraindicado para pessoas que têm alergia aos
componentes da fórmula (HERREROS, 2011).

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Colágeno (1%)

O colágeno é uma das proteínas que formam as fibras do organismo. Constituído


principalmente pelos aminoácidos glicina hidroxiprolina, hidroxilisina e prolina.
O colágeno está presente em grande quantidade nos tendões, pele, ligamentos e
músculos. Suas fibras formadas por um arranjo regular de moléculas de tropocolágeno
são praticamente inextensíveis e têm como característica principal a resistência a
tensões. É indicado para tratamentos de flacidez facial e corporal e estrias, devido seu
poder hidratante e eutrófico do tecido conjuntivo (MACIEL; OLIVEIRA,2011; KEDE;
SABATOVICH, 2009).

Quando aplicado por via injetável exerce o eritema de preenchimento em locais no qual
as fibras de colágeno e elastina estão danificadas como em estrias, sulcos e regiões que
apresentam flacidez (MACIEL; OLIVEIRA, 2011; KEDE; SABATOVICH, 2009).

DMAE (3%)

DAMAE ou 2-Dimetil Aminoetanol é um composto que funciona como estabilizadora e


antioxidante da membrana plasmática celular e eficaz anti-aging. Possui excelente ação
tensora a curto e em longo prazo. Sendo precursor da acetilcolina, o neurotransmissor
responsável pela contração muscular. Além disso, estimula a produção de fibroblasto
na síntese de matriz extracelular (PERRICONE, 2001).

Apresenta efeitos lifting antirrugas, anti-idade, diminuindo os sinais do envelhecimento.


Desse modo é indicado para o tratamento de flacidez dérmica e muscular tanto facial
quanto corporal (abdômen, parte interna de braços e pernas) (PERRICONE, 2001).

Deve ser injetado uma vez por semana ponto a ponto, em todo o rosto, mesmo ao redor
dos olhos e pálpebras superiores e inferiores e pescoço. O efeito lifting dura em torno
de 3-4horas, no entanto, há efeito acumulativo com o uso (PERRICONE, 2001).

A reação adversa pode ser coceira e vermelhidão. Este tratamento é contraindicado


para pacientes que usam botox, por possuir efeito antagônico (PERRICONE, 2001).

Elastina (1%)

A elastina é uma das proteínas que formam as fibras do organismo. Sendo indicada
para flacidez corporal e facial e estrias, apresenta grande poder hidratante e nutritivo
(KEDE; SABATOVICH, 2009).

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Com o envelhecimento vários processos ocorrem na derme e epiderme que podem


danificar as fibras colágenas, tais como: ação de radicais livres, associação de lipídeos aos
grupamentos hidrofóbicos e aumento de conteúdo de cálcio e magnésio. Estes fatores
formam as fibras mais espessas e frágeis, fato que leva à perda de sua flexibilidade
com risco de consequente rompimento. Alterações bruscas de peso, que promovem
o chamado “efeito sanfona” também podem romper essas fibras, provocando o
aparecimento de estrias, linhas de expressão e flacidez na pele (MACIEL; OLIVEIRA,
2011; KEDE; SABATOVICH, 2009).

Silício orgânico (1mg pH-7,0)

O silício orgânico apresenta efeito Lipolítico, como também antioxidante e eutrófico


no tecido conjuntivo. É indicado para tratamentos de flacidez facial, estrias, gordura
localizada, celulite associada à flacidez e rugas ─ geralmente associado a um venotrófico
(KEDE; SABATOVICH, 2009).

No organismo humano constitui um elemento estrutural do tecido conjuntivo atuando


como um blocatalizador, intervindo em diferentes processos enzimáticos (KEDE;
SABATOVICH, 2009).

O silício orgânico participa da constituição das macromoléculas que formam o tecido


conjuntivo como a elastina, colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas evitando sua
degeneração e favorecendo e estimulando sua regeneração induzida e regulando a
proliferação dos fibroblastos (KEDE; SABATOVICH, 2009).

Atua também como regulador, normalizador, estimulante e protetor dos processos


metabólicos e de divisão celular atuando como agente antioxidante, opondo-se à
peroxidação lipídica reorganizando os fosfolípides da membrana. Dessa forma, o silício
participa do envelhecimento precoce (KEDE; SABATOVICH, 2009).

O silício induz e regula a produção de fibroblastos no tecido conjuntivo, atua como


antioxidante inibindo a formação de radicais livres por participar da constituição das
macromoléculas que formam o tecido conjuntivo, reduz a degeneração das fibras de
colágeno e elastina e estimula sua regeneração (KEDE; SABATOVICH, 2009).

Não deve ser aplicado em pessoas que apresentam alergia aos componentes da fórmula
e aos salicilatos e seus derivados (KEDE; SABATOVICH, 2009). DMAE está citado nos
artigos científicos para uso tópico na sua forma base (líquida).

33
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Vitamina C (20% ou 222mg/mL, pH-6,0)

Trabalhos demonstram que embora a capacidade proliferativa e a síntese de colágeno


sejam idade-dependentes, o ácido ascórbico é capaz de estimular a proliferação celular
bem como, a síntese de colágeno pelos fibroblastos dérmicos independente da idade. A
vitamina C atua também como importante co-fator para enzimas (PERRICONE, 2001).

É essencial para a formação do colágeno, não é produzido pelo organismo. À medida


que a pele envelhece a derme torna-se fina e seu colágeno diminui. Essas alterações
aceleram-se ainda mais com a exposição a raios UVA e UVB de forma crônica
(PERRICONE, 2001).

Por sua ação na biossíntese do colágeno e por seu efeito redutor de radicais livres,
a possibilidade de liberar doses farmacológicas de ácido L-ascórbico via percutânea
apresenta-se como uma interessante e importante terapêutica (PERRICONE, 2001).

Benefício:

»» Potente ação antioxidante.

»» Restaura a luminosidade da pele fotoenvelhecida.

»» Estimula a síntese de colágeno e elastina.

Uso intradérmico, sua principal indicação é flacidez, mesolifting facial e estrias.


Apresenta reações como ardor no local da aplicação momentâneo.

Outros tipos de medicamentos utilizados


São aqueles fármacos que não se enquadram em nenhuma das categorias citadas
anteriormente ou por possuírem mecanismo de ação diferente.

Mesoglicano (pH- 7,0)

Além do que já é observado nos comentários do tópico lipolítico o composto


mesoglicano apresenta ação fibrinolítica, seu estímulo se dá pela lípase advinda das
lipoproteínas. Desse modo, inibe depósito de lípides e melhora o endotélio vascular.
Seu uso é intradérmico. Tem efeito adverso por causar hematoma quando associado à
benzopirona. É contraindicado a pessoas que tenham hipersensibilidade a heparinoiddes
(CHORILLI et al, 2007).

34
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Hialuronidase (pH-5,5)

É uma enzima proteolítica. Este produto parece poder ser degradado pela
aplicação de antisséptico alcoólico. Concedeu-se a ele uma responsabilidade de
“descompartimentação” na celulite. Atribui-se a esse produto propriedades de
estimulação dos fibroblastos. No entanto, ele pode causar reações locais intensas
imediatas ou retardadas. É capaz de mudar a permeabilidade do tecido conjuntivo,
diminuir edema, seu uso pode ser intradérmico para celulite ou subcutâneo para
gordura localizada (CHORILLI et al, 2007).

Há necessidade de fazer teste cutâneo

As reações que podem vir a causar são processos alérgicos (eritema, prurido,
vermelhidão) até depois da 4a aplicação.

A aplicação deve ser feita intralesional numa concentração de 200UTR por local
onde foi feito o preenchimento irregular.

Frasco: 3000URT em 10mL soro

200UTR = 0,7mL

Ácido tranexâmico

Age nos compostos que atuam na diferenciação dos melanócitos inibindo-os e assim
evitando a formação de mais células produtoras de melanina.

É indicado na redução da pigmentação do melasma; na remoação de hemossiderina; na


remoção da hiperpigmentação da pele resultante de cicatrizes de acne; manchas senis;
hormonais, medicamentosas e por exposição solar e para tratamento para olheiras
(ALBUQUERQUE, 2005).

Ácido kójico

Despigmentante natural, não é fotossensível e não causa alergia, diminui a produção de


melanina pela tirosinase (MAYUMI et al., 2007).

Associando dois despigmentantes na fórmula de ação sinérgica otimiza os resultados


(MAYUMI et al., 2007).

35
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Tripeptídeo – 41

Derivado do fator de crescimento TGFβ, é um produto nanolipossomado, desse modo,


apresenta facilidade na absorção. É indicado para tratamentos de gordura localizada e
celulite (ROVER et al., 2001; CHORILLI et al, 2007).

O tripepdeo-41 ativa o NFKb, o qual aumenta a produção de citocinas pró-inflamatórias


como o TNFα. Ele aumenta o AMPc em adipócitos e bloqueia o PPAR-γ (estes são
receptores importantes na adipogênese). Reduz a expressão de C/EBP (fator de
transcrição essencial na adipogênese) e por último, mas não menos importante, reduz
o acúmulo de triglicérides pela inibição de PPAR-γ e C/EBP (ROVER et al., 2001;
CHORILLI et al, 2007).

36
CAPITULO 3
Protocolos e técnicas de aplicação de
intradermoterapia

Sugestões de protocolos de intradermoterapia


Os protocolos são essenciais no nosso dia a dia, no entanto para que possamos
desenvolvê-los da melhor forma possível precisamos ser capazes de dominar a técnica.
Além disso, precisamos saber avaliar o real problema do nosso paciente. Pois, dessa
forma, saberemos qual melhor protocolo deve ser utilizado para obter os melhores
resultados.

A seguir, são apresentados alguns exemplos de protocolos interessantes a serem usados


no cotidiano, contudo, na prática acabamos desenvolvendo nossos próprios protocolos,
sem contar que em muitos casos é necessário o desenvolvimento de protocolos
personalizados, o que os diferenciará no mercado de trabalho.

Despigmentante
Aplicação intradérmica por toda a extensão da mancha a ser tratada, adicionar 0,1mL
por ponto durante 12 semanas, sendo realizada 1x/semana.

»» Ác. Tranexâmico 8mg.

»» Ác. Kójico 20mg.

»» Lidocaína 8mg.

»» Veículo qsp 2mL.

Flacidez corporal ou facial ou estrias


»» ADN (ácido hialurônico 10% + condroitin 2,5%) 2mL.

»» Elastina 1% 2 mL.

»» Lidocaína 1% 2mL.

»» Silício orgânico 1mg/2mL.

»» DMAE 3%/2mL.

37
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Rugas e linhas de expressão

»» Ácido hialurônico 40mg/4mL.

»» Glucosamina 20%/4mL.

»» Silício Orgânico 1mg/2mL.

Flacidez corporal

»» Ácido hialurônico 10%/2mL.

»» DMAE 3%/2mL.

»» Condroitin Sulfato 200mg/2mL.

Flacidez facial I

»» Ácido glicólico 1%/2mL.

»» DMAE 3%/2mL.

»» Ácido Hialurônico 40mg/2mL.

»» Lidocaína 1%/2mL.

Flacidez facial II

»» Condroitin sulfato 10%.

»» Ácido hialurônico 0,06%.

»» Silício orgânico 0,5%.

»» DMAE 2,5%.

»» Lidocaína 1%.

Rejuvenescimento facial I

»» DMAE 7%.

»» Lidocaína 2%.

38
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Rejuvenescimento facial II

»» IGF.

»» TGP2.

»» EGF.

»» Ácido Mandélico.

»» Ácido Kójico.

»» GAG.

Estria vermelha

»» IGF.

»» Vit. C 20%.

»» Ácido hialurônico 1% + Condroitin 2,5% (XADN).

»» Silício Orgânico 10mg/mL.

»» Glicerinol.

»» Lidocaína 1%.

Estria branca

Mescla I

»» IGF.

»» Vit. C.

»» Polidocanol 0,5% - 0,5mL.

»» Silício Orgânico 10mg/mL.

»» Componente Isolado - Gluconato de Cobre 0,28% - 0,5mL.

Mescla II

»» Ácido hialurônico 0,06%.

39
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

»» Buflomedil 1%.

»» Sulf. magnesio 10%.

»» Silicium P 3%.

»» Lidocaína 1%.

Flacidez corporal

Mescla I

»» Silício Orgânico 10mg/ml.

»» Colágeno 2%.

»» IGF.

»» TGF.

»» Ácido hialurônico 1%.

Mescla II

»» DMAE 2,5%.

»» Silício orgânico 0,5%.

»» Polidocanol 0,5%.

»» Lidocaína 1%.

»» GAG 17,2%.

Celulite

»» Benzopirona + Rutina 1mg/2mL.

»» Cafeína 50 mg/2mL.

»» Mesoglicana.

»» Lidocaína 2%.

40
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Celulite grau II

»» Loimbina 0,5%.

»» Buflomedil 1%.

»» Crisina 100mcg.

»» L-carnitina 30%.

»» Lidocaína 10%.

Celulite grau III

»» Desoxicolato 122mg.

»» Pentoxifilina 2%.

»» Crisina 100mcg.

»» Silício Orgânico 0,5%.

»» Lidocaína 1%.

Para gordura localizada

Mescla I

»» Desoxicolato de sódio 4,75%.

»» Cafeína 100mg/2mL.

»» Silício orgânico 10mg/mL.

»» Bbuflomedil 10mg/2mL.

»» Lidocaína 1%.

Mescla II

»» Tripeptideo -41 1,2% 2mL.

»» Cafeína 10mg/2mL.

»» Lidocaína 1%.

41
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

»» Silício orgânico 10mg/2mL.

»» Aminofilina 40mg/2mL.

Intramuscular – emagrecimento

»» Aminofilina 20mg.

»» Furosemida 5mg.

»» Lidocaína 40 mg.

»» Cafeína 100 mg.

»» Inositol 100mg.

»» Veículo qsp 5mL.

Emagrecimento grau I

Mescla I

»» Picolinato de cromo 200mcg.

»» L-ornitina 150mg.

»» L-fenilalanina 50mg.

»» Inositol + Taurina 200mg.

»» Lidocaína 10 mg.

Mescla II

»» Vit. B12 + Metionina + inositol + colina 2mL.

»» L-cornitina 600mg.

»» L-ornitina 150mg.

»» L-fenialanina 2,5%.

»» Lidocaína 2%.

42
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Mescla III

»» L-carnitina 600mg/ 2mL Emagrecimento grau II e III.

»» L-Fenilalanina 2,5%/ 2mL.

»» L-ornitina 150 mg / 2mL.

»» Lidocaína 1% 2mL.

Técnicas manuais de aplicação

As técnicas manuais de aplicação são realizadas por via parenteral, sendo as mais
utilizadas na intradermoterapia ou mesoterapia a intradérmica, subcutânea e
intramuscular, lembrando que a aplicação intramuscular não é considerada uma
técnica mesoterápica, uma vez que Pistor relata que a técnica consiste em injeções
intradérmicas ou subcutâneas de um fármaco ou de uma mistura de vários produtos
denominado, melánge ou mesclas.

Outras técnicas conhecidas e utilizadas na aplicação são as técnicas, ponto por ponto,
descrita pela primeira vez por Pistor, a qual envolve a aplicação da mescla no volume
de 0,02 a 0,05mL perpendicular a pele (4 mm de profundidade) com uma distância de
1 a 2 cm entre os pontos. Sendo injeções com pouco volume sempre perpendicular à
pele em uma profundidade precisa na derme profunda, distanciando em torno de 1 a 2
cm, como relatado acima, esta técnica é usada principalmente para redução da gordura
localizada (ADELSON, 2005).

A técnica Nappage é uma técnica mais superficial (2 mm de profundidade), ocorre


pressão constante sobre o êmbolo durante a aplicação, como se imitasse uma máquina
de costura em um ângulo de 45°, com uma agulha de 4 mm. Este procedimento é um
dos mais desconfortáveis ao paciente, geralmente esta técnica é utilizada no couro
cabeludo e na celulite (ADELSON, 2005).

Nesta técnica de Nappage, o profissional, com um movimento de vibração rápido no


pulso, vai produzir múltiplos impactos invisíveis no nível da epiderme. O gesto deve
ser perfeitamente dominado para evitar escoriações cutâneas durante o mesolifting
assim como o sangramento. O produto depositado nessas multipucturas é absorvido
rapidamente. Isso porque esta técnica permite estimular as seguintes estruturas
sub-basais e basais, como (LE COZ, 2012):

1. Unidade microcirculatória: importante efeito vasoativo (alternância


cruzada de vasoconstrição e vasodilatação) (LE COZ, 2012).

43
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

2. Unidade de competência nervosa: efeito mecânico direto da ponta da


agulha sobre os receptores sensitivos da camada córnea (LE COZ, 2012).

3. Unidade de competência imunitária: efeito farmacológico dos


medicamentos utilizados na camada basal para a imunoestimulação (LE
COZ, 2012).

4. Unidade de competência fundamental: a absorção cutânea dos produtos é


rápida. Ela segue uma passagem transdérmica. A substância fundamental
é supostamente visada por essa passagem (LE COZ, 2012). Esta técnica é
realizada em toda a extensão da face e pescoço, principalmente.

A técnica epidérmica será relatada no tópico a seguir.

Figura 3. Ângulos de inserção da agulha segundo a via de administração: intramuscular (IM), subcutânea (SC) e

intradérmica (ID).

IM – INTRAMUSCULAR
SC – SUBCUTÂNEA
IV – INTRAVENOSA
ID – INTRADÉRMICA
FONTE:<http://dlb-network.com/photographyomn/intramuscular-injection-technique> acesso: 17/9/2015

44
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Intraepidérmica

A mais superficial (1 mm de profundidade) de todas as técnicas, em que a camada basal


da pele não é penetrada. As agulhas de calibres 27-31 são usadas com o bisel orientado
para longe da pele e arrastado ao longo com uma leve pressão positiva aplicada ao
êmbolo, feito de um padrão de grelha, a intervalos de 1 cm ao longo de toda a área
afetada. Esta técnica é útil para pacientes com baixo limiar de dor e é ideal para o
rejuvenescimento facial (ADELSON, 2005).

Múltiplas injeções de pequenas doses de medicamentos, em locais precisos, em uma


única sessão exigem muito do terapeuta. Para superar esta difícil tarefa, muitos
profissionais usam um dispositivo chamado Mesogun. Os benefícios da Mesogun
incluem injeções mais rápidas, entrega precisa da dose, profundidade consistente de
penetração e mais conforto para o profissional e o paciente. (LEIBASCHOFF, 2006)

Além das tradicionais agulhas e seringas para o tratamento, também podem ser utilizadas
sofisticadas pistolas de mesoterapia. Essas pistolas possuem injetores eletrônicos
de múltiplos pontos que permitem a quantificação do volume e da profundidade da
aplicação. A desvantagem no uso da pistola está na dificuldade de esterilização de todo
o conjunto, uma vez que somente a agulha é descartável (HERREROS et al., 2011;
ROHRICH et al., 2005).

Nesta técnica de injeção utiliza-se uma agulha de 13 mm de comprimento com um


diâmetro de 0,29 mm (30 G) (LE COZ, 2012). A agulha é colocada superficialmente à
pele, ou seja, a 15º aproximadamente com o bisel para cima.

A técnica tradicional pode ser utilizada para tratamento de estrias, flacidez e


rejuvenescimento facial, nestes procedimentos é necessário fazer uma pápula para
administrar a medicação, também a 15º. Na estria esse tratamento deve ser aplicado
dentro dela, na flacidez em toda a extensão e no rejuvenescimento em pontos chaves
para a produção de colágeno e elastina da área tratada (LE COZ, 2012).

Quando for aplicar a técnica de intradermoterapia para rejuvenescimento na face e


pescoço, os principais pontos a considerar serão:

»» Oval do rosto pescoço e colo.

»» Músculo plastima.

»» Músculo orbicular oral.

»» Zona dos malares.

45
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

»» Músculo orbicular ocular.

»» Músculo prócero.

»» Músculo corrugador do supercílio.

»» Zona da testa.

»» Profundidade das injeções 0,5 a 4,0 mm.

Intradérmica

Utiliza-se a mesma agulha 30 G, no entanto, aplica-se a 45º, acometendo um plano mais


profundo quando comparado à via epidérmica (LE COZ, 2012). Os lugares possuem
poucos pelos, pouca pigmentação e pouca vascularização, por exemplo: face (LE COZ,
2012).

Geralmente é injetado em torno de 0,05 a 0,1mL por ponto. Em aplicações intradérmicas,


duas técnicas são bastante usadas: a ponto por ponto e a múltiplos pontos. (ADELSON,
2005).

A técnica de múltiplos pontos necessita precisamente do posicionamento do ângulo da


agulha a 45º, fazendo-a penetrar de 0,5 a 2 mm de profundidade (derme superficial). É
interessante salientar que somente 1/3 da dose propelida é injetada (ADELSON, 2005).

A escolha da técnica de múltiplos pontos é guiada pela noção de


“INTERFACE-MESO” – definida pelo Dr. Kaplan, que diz: A ação de
estimuloterapia local e a ação farmacológica local ou sistemática da
mistura injetada vão depender do número de receptores ativados, que é
nomeado de nociceptores cutâneos, de unidades microcirculatórias ou
de unidades de competências imunológicas (KAPLAN, 1992).

Desse modo, a superfície de contato entre a mistura injetada e o tecido-hospedeiro é


bem maior em reconstrução do que em injeções contínuas ponto por ponto. Assim, para
1 mL de líquido injetado em 10 pontos de 0,10 mL, a interface-meso será de 10 cm2, mas
se para o mesmo volume, injetar em 200 pontos a reconstrução será de 0,005mL e
então, a interface-meso será de 28,5 cm2 (KAPLAN, 1992).

RESUMINDO: A INTERFACE-MESO – seria a superfície de contato estabelecida entre


os produtos injetados e o tecido injetado. Assim, quanto mais fragmentada a substância
(por múltiplos pontos, com menor quantidade de substância), maior a interface-meso e
maior o número de nociceptores/receptores dérmicos ativados (KAPLAN, 1992).

46
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Já na injeção intradérmica profunda, feitas entre 1 a 3 mm de profundidade sem pápula,


com dose variando de 0,1 a 0,2 mL por ponto.

Figura 4. Esquematização de aplicação intradérmica na técnica de intradermoterapia (Figura A e B).

Fonte:<http://enfermagemcontinuada.blogspot.com.br/2011/02/medicacao-via-intradermica.html> acesso:14/9/2015 -
<http://slideplayer.com.br/slide/350077/> acesso:16/9/2015

Hipodérmica – subcutânea

Absorção é lenta, através dos capilares ocorre de forma contínua e segura. As regiões de
aplicação podem ser, por exemplo: braço (apresenta velocidade média de absorção da
medicação), abdome e flancos (velocidade rápida), perna e subglúteo (velocidade lenta).
O local da aplicação deve ser revezado quando for aplicado por período indeterminado
(LE COZ, 2012).

Essas injeções podem variar de 4 a 13 mm de profundidade em função das localizações,


a aplicação ocorre com a agulha no ângulo de 90º dependendo da prega adipocitária, se
o paciente for muito magro, deve-se fazer ângulo de 45º, no entanto, padroniza-se usar
agulha 30 G para tratamentos de gordura localizada (LE COZ, 2012).

Complicações que a técnica hipodérmica pode


apresentar

»» Infecções inespecíficas.

»» Formação de tecido fibrótico.

»» Embolias por lesão de vaso ou uso de drogas oleosas ou em suspensões.

»» Lesão de nervos.

»» Úlcera ou necrose de tecidos.

47
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Figura 5: Esquematização da aplicação subcutânea na técnica de intradermoterapia.

Fonte:< http://www.acervosaude.com.br/videos_enf_24.html> acesso: 16/9/2015

Intramuscular - IM

A aplicação IM é de rápida absorção. O músculo escolhido dever ser bem desenvolvido


de fácil acesso, não possui grandes calibres e nem nervos.

Os músculos e volumes injetados são:

»» DELTOIDE – de 2 a 3 mL.

»» GLÚTEO – de 4 a 5 mL.

»» MÚSCULO DA COXA (quadríceps – vasto lateral) - de 3 a 4 mL.

Aplicação do músculo glúteo

Dividir o glúteo em quatro quadrantes e aplicar no quadrante superior externo.

Complicações que a técnica intramuscular no músculo


glúteo pode apresentar

As complicações que podem ocorrer na aplicação IM são: embolia, infecção e abscessos.


O profissional deve tomar cuidado com o nervo ciático na aplicação na região glútea.

48
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Figura 6: Ilustrações A, B, C, D e E da aplicação intramuscular para a técnica de intradermoterapia na região

glútea.

Fonte: <http://instrumentalenfermero.blogspot.com.br/2012/12/dentro-del-musculo-via-intramuscular.html> acesso: 27/8/2015


- <www.youtube.com/watch?v=_KBVuy-92QI> acesso: 27/8/2015 <http://mariaspaces.bligoo.es/asociacion-espanola-de-
pediatria>acesso: 27/8/2015

Aplicação do músculo deltoide

5 a 6 cm depois do final do ombro (~ 4 dedos).

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Complicações que a técnica intramuscular no músculo


deltoide pode apresentar

Vásculos-nervosas com paralisia muscular.

Figura 7: Ilustração da aplicação intramuscular da técnica de intradermoterapia na região deltoide.

Fonte: <http://pt.slideshare.net/jlassala/administrao-de-medicamentos-44264270> acesso: 27/8/2015

Aplicação no músculo da coxa

Distanciar um palmo a partir do joelho até o vasto lateral.

Complicações que a técnica intramuscular no músculo


da coxa pode apresentar

Nesta aplicação o Farmacêutico(a) Esteta deve tomar cuidado com o nervo


fêmuro-cutâneo. Podendo causar abscessos, nódulos e dores.

Figura 8. Ilustração da área proposta para a injeção intramuscular na região ântero-lateral da coxa, utilizando-se

a metade distal do quadrilátero (área hachurada) como local de escolha para a aplicação desta injeção (IM).

Fonte: Rocha et al., 2002.

50
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Figura 9. Ilustração da área preconizada pela literatura para realização da injeção IM na região ântero-lateral da

coxa.

Fonte: Rocha et al.,2002.

Seringas utilizadas na intradermoterapia

Lembre-se que é estéril, descartável, em plástico é utilizada uma para cada paciente em
cada sessão. Todos os tipos de seringa podem ser usados com um tipo de aparelhagem
específico para o seu tamanho. Seu tamanho varia, por exemplo (LE LOZ, 2012):

I. Seringas com volume de 1 a 2,5 mL, geralmente usadas para intervenções


na face ou sobre o couro cabeludo, pois as graduações são mais precisas e
a pressão na injeção menor.

II. Seringa de 5 mL geralmente para intervenções manuais de áreas médias.

III. Seringa de 10 mL na maioria das vezes é utilizada para grandes áreas,


para tratamento de gordura localizada, celulite, flacidez (dependendo da
região), estria (dependendo da quantidade) (LE COZ, 2012).

É preciso sempre prestar atenção nas graduações da seringa para controlar as


quantidades injetadas. É prudente manter uma compressa ou um algodão seco na hora
da aplicação, após a assepsia do local, (um algodão embebido no álcool faz sangrar
novamente). Esse algodão serve para comprimir os pontos de injeção para evitar que
eles sangrem, mas não deve tocar a agulha (LE COZ, 2012).

O excesso do conteúdo inserido nas seringas só deve ser expelido após a


colocação da agulha, desse modo, será retirado o ar e as bolhas que haviam
ficado até então lá dentro.

51
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Agulhas utilizadas na intradermoterapia

Cada agulha ou perfurocortante deve ser descartado em um recipiente sólido feito para
este fim ou em um incinerador (LE COZ, 2012).

As agulhas geralmente usadas são classificadas em:

I. Para ressuspender a medicação usa-se a de 18G 1½ 40 x 1,2mm (rosa).

II. Para gordura localizada usa-se a de 30G ½ 13mm (aplicação SC) (amarela).

III. Para estrias, lipodistrofia e flacidez pode-se utilizar a de 30G1/2 13 mm


(técnica de retroinjeção para estria; aplicação SC para lipodistrofia, ponto
por ponto e flacidez aplicação ID) ou 30G ½ 4 mm (técnica ponto a ponto
– ID para todas as disfunções).

IV. Para aplicações IM usa-se a de 22G 1 ¼ 0,70 x 30mm (cinza).

Figura 10. Ilustração das agulhas usadas na intradermoterapia e seus respectivos tamanhos.

Fonte: <http://novidadesvaincre.blogspot.com.br/> acesso:16/9/2015 - <http://loja.cirurgicaestilo.com.br/ecommerce_site/


produto_713_8114_Agulha-Descartavel-E-Esteril-Todos-os-Tamanhos-Caixa-C-100-PRECISION-GLIDE-BD> acesso: 16/9/2015

Produtos

As ampolas devem ser abertas no último momento, pois alguns produtos são degradáveis
pela luz. É imprudente até mesmo perigoso, preparar misturas com antecedência.
Além disso, é proibido pela ANVISA. Desse modo, opte por comprar kits de ampolas
separadas e não mesclas já prontas (LE COZ, 2012).

As preparações devem comportar poucos produtos a fim de diminuir os riscos de


incompatibilidades física e química. Na hora que preparar, atente-se no pH das ampolas,
sempre ordenando do pH maior para o menor ou do menor para o maior, para que
assim você não desestabilize a mistura. Isso é muito importante.

52
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Se caso assim não fizer, a mistura pode turvar, e o composto não fará efeito podendo
gerar efeito colateral na maioria das vezes (LE COZ, 2012; ADELSON, 2005).

Aplicação

Não injetar uma quantidade muito grande por ponto, pois isso pode provocar dor e
nódulos que demoram a desaparecer. Uma quantidade excessiva do produto pode
provocar adenopatias.

Técnicas

Em determinados casos a injeção pode causar dor ao paciente, isso pode estar
relacionado aos seguintes fatores:

»» a agulha tocou um pequeno vaso;

»» a agulha atingiu uma ramificação nervosa;

»» a injeção foi aplicada muito rapidamente;

»» a quantidade injetada foi muito grande;

»» o produto foi mal diluído;

»» a injeção foi muito superficial.

Desse modo, é interessante intervir no primeiro momento, fazendo uma aplicação


rápida da agulha (para isso requer experiência), e no segundo momento, fazendo uma
injeção progressiva do produto (LE COZ, 2012).

É interessante sempre ficar observando seu paciente para perceber a feição dele, caso
este demonstre sentir dor é indicado mudar o movimento.

Além disso, não se deve repetir as sessões de maneira muito aproximada. Isso é inútil (o
efeito benéfico da sessão precedente é diminuído) e, às vezes, perigoso (multiplicação
dos hematomas). Não se deve aplicar em cima de hematoma (LE COZ, 2012).

53
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Figura 11: Técnica por Retroinjeção.

Fonte: <http://jolidermis.de/doc/injection-treatment.html> acesso: 17/9/2015 - <http://www.plasticsurgerypulsenews.com/4/


article_dtl.php?QnCategoryID=34&QnArticleID=82&QnCurPage=2> acesso: 17/9/2015

Figura 12: Técnica Ponto a ponto.

Fonte: <http://www.plasticsurgerypulsenews.com/4/article_dtl.php?QnCategoryID=34&QnArticleID=82&QnCurPage=2>
acesso: 17/9/2015

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CAPÍTULO 4
Classificação de gordura localizada

Hiperlipodistrofia

A gordura corporal tem um papel fundamental nas reservas energéticas do ser


humano, equilibrando a temperatura e homeostase corporal, transporte de
vitaminas lipossolúveis e proteção de órgãos vitais contra choques. Além disso, é
sabido que o tecido adiposo é o principal reservatório energético do corpo (XAVIER;
PETRI, 2009).

No entanto, sempre que um indivíduo excede a ingestão da quantidade de caloria em


relação ao seu gasto energético diário, a energia acaba sendo reservada em forma de
gordura (XAVIER; PETRI, 2009).

Desse modo, deduz-se que indivíduos sedentários em sobrepeso ou obesos apresentam


gordura corporal em excesso, pela ingestão ser maior que o gasto energético (XAVIER;
PETRI, 2009).

A hiperlipodistrofia resume-se ao aumento exacerbado e anormal de gordura proveniente


da alimentação, sendo armazenado na forma de triglicérides nos adipócitos. Este
armazenamento acomete áreas diferentes dependendo do gênero, sendo nos homens na
região abdominal na maioria dos casos, e, nas mulheres na região glúteo-femoral, por
representar áreas de menor atividade metabólica. Além disso, o aumento da gordura
localizada está relacionado ao ganho de peso (LE COZ, 2012) (Figura 13).

Contudo, é interessante frisar que as mulheres que estão no período de mudanças como
a menopausa ou que já passaram, tendem a apresentar taxas hormonais baixas, o que
interfere no acúmulo, metabolismo e consequentemente disposição da gordura corporal,
que muitas vezes torna-se uma gordura de aspecto androide e não mais ginoide.

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Figura 13. Desenho mostrando as regiões que acometem maior quantidade de gordura localizada na mulher

(pera - ginoide) e no homem (maçã - androide).

Fonte: <http://www.dermatofuncional.pt/hiperlipodistrofia-gordura-localizada> acesso em: 27/8/2015

Os fatores etiológicos que podem desencadear a hiperlipodistrofia são:

»» genéticos/ hormonais;

»» qualidade de vida.

Para avaliar a hiperlipodistrofia é interessante levar em consideração:

»» Índice de Massa Corpórea (IMC) > 25.

»» Medidas de circunferência.

Quadro 1. Classificação segundo Organização Mundial da Saúde (OMS) do IMC - modificado.

IMC CLASSIFICAÇÕES

Menor do que 18,5 Abaixo do peso normal

18,5 – 24,9 Peso normal

25,0- 29,9 Excesso de peso

30,0 – 34,9 Obesidade classe I

35,0 – 39,9 Obesidade classe II

Maior ou igual a 40,0 Obesidade classe III

Fonte:<http://blogs.universal.org/cristianecardoso/pt/descubra-onde-voce-esta/> acesso: 27/8/2015

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

IMC = peso/ altura2

Tabela 1. Valores de comprimento de circunferência abdominal considerados como risco para doenças

associadas à obesidade.

Risco elevado Risco muito elevado


Mulheres ≥80 ≥88
Homens ≥94 ≥102
Fonte: Sampaio, 2004.

Os tratamentos eficazes para essa condição é o emagrecimento primordialmente e


qualquer que seja o programa de emagrecimento, todos eles devem estar associados a
uma atividade física regular. Existem diferenças na resposta lipolítica ao exercício em
função da localização dos tecidos adiposos (BORGES, 2006; GARCIA et. al., 2006).

Durante o exercício em ambos os sexos, a lipólise do tecido adiposo subcutâneo


abdominal aumenta exacerbadamente, no entanto, a do tecido adiposo fêmoro-gluteal
aumenta, mas de forma mais insignificante. Essa diferença é ainda mais marcante na
mulher, o que pode explicar a dificuldade de conseguir reduzir essa região, mesmo
durante exercícios que estimulam a lipólise dos outros depósitos de gordura. Desse
modo, conseguimos propor de forma decrescente as partes do corpo dos homens e
das mulheres que apresentam um gasto energético maior durante o exercício físico
(LE COZ, 2012; BORGES, 2006; GARCIA et. al., 2006). Ou seja, no homem, durante
o exercício físico o gasto energético começa maior no abdome > tronco > braços >
pernas, enquanto que na mulher o maior gasto energético começa nos braços > tronco
> pernas.

Um tratamento intradermotérapico que vem para associar a uma reeducação


alimentar, exercício físico regular e/ou tratamento medicamentoso é o tratamento
intramuscular de intradermoterapia. A associação desses fatores pode corroborar para
um emagrecimento mais rápido.

Lembrando que é muito importante pedirmos os últimos exames laboratoriais do


paciente e ver se esse paciente está apto para fazer o tratamento em questão, ou se ele é
um paciente que apresenta uma das contraindicações como já citado acima.

A figura 14 apresenta um esquema ilustrativo de corpo que podemos seguir durante um


tratamento em nossos pacientes. Podemos pintar, por exemplo, a área que este almeja
tratar, para que assim fique mais fácil de identificar o local a ser trabalhado em cada
paciente. Devemos sempre procurar a melhor forma para a realização de um trabalho
bem feito.

57
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Figura 14. Esquematização de aplicação para gordura localizada e/ou celulite.

Fonte: <http://www.brasilblogado.com/como-eliminar-as-gordurinhas-localizadas> acesso em: 17/9/2015

58
PREENCHIMENTO UNIDADE II
FACIAL

CAPÍTULO 1
Introdução ao preenchimento facial

História

A partir do século XIX foi possível a realização de procedimentos cirúrgicos devido


ao desenvolvimento de anestesia local e geral, o que deu origem a procedimentos
estéticos cada vez mais invasivos. No século XX, a gordura tornou-se o preenchedor
mais comum da época, principalmente após pacientes sofrerem grandes traumas,
no entanto, esta não tinha efeito duradouro. Nos anos de 1970 a cosmética estava
no seu auge, assim, estudos estavam sendo desenvolvidos com base na produção
do colágeno bovino, isso porque, nesse momento o mundo já se dava conta de que
o envelhecimento era um processo natural e cronológico, não obstante, retardá-lo,
traria grandes promessas à pesquisa como também ao setor financeiro (PECK; PECK,
1970; WATSON et al., 1983).

O desenvolvimento do preenchedor foi pensado primeriamente em repor a perda de


volume e/ou correção das imperfeições dérmicas, subcutâneas e até mesmo musculares
que resultaram de um traumatismo, defeito cirúrgico, condição de lipoatrofia ─ cicatrizes
de acne, agentes ambientais, por HIV ─ fotoenvelhecimento ou envelhecimento
cronológico. Mas também esta técnica foi pensada nas mulheres que se preocupam com
a beleza e que por motivos de tempo não têm mais tanta disponibilidade de se ausentar
das suas tarefas rotineiras como antes. Uma vez que o procedimento em questão não
requer tempo de recuperação (GLADSTONE; CARRUTHERS, 2005; AVRAM et al.,
2008). Com isso, a técnica de preenchimento transformou-se na primeira opção de
tratamento estético antes da escolha da correção cirúrgica.

59
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

Anatomia e indicação
Para que possamos entender a indicação e técnica de aplicação de um preenchimento é
essencial enterdermos primeiramente a anatomia da face. Para isso, precisamos saber
os principais músculos e regiões onde serão e poderão ser aplicados o preenchedor
pelo profissional esteta. Lembrando que este é um curso de especialização modo
básico, devido a isso vamos ensinar na teoria o preenchimento do terço inferior,
apenas, pois essa região é mais indicada para aprendizagem da manipulação dos
preenchedores. Além disso, essa regição supracitada é a mais comumente relatada
em cursos de pós-graduação.

Partindo do suposto que todos tiveram aula de anatomia na graduação, a explicação


será direcionada no aprendizado em questão.

Abaixo, estão referências de livros de anatomia importantes para o estudo básico


ser aprimorado.

SOBOTTA, Johannes et al. Sobotta atlas de anatomia humana. 23. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 3 v.

MADEIRA, Miguel Carlos.; RIZZOLO, Roelf J. Cruz. Anatomia Facial - com


fundamentos de anatomia sistêmica geral – 4. ed. 2012.

Primeiramente, nossa face é divida em 3 regiões: superior, média e inferior, como


demonstrado na figura 15. O terço superior se estende da linha da implantação do cabelo
até a glabela, o médio vai da glabela até abaixo do nariz e o terço inferior se estende da
região abaixo do nariz até o mento (TAN; GLOAU, 2005).

Figura 15. Divisão do rosto em terço superior, médio e inferior.

Fonte: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5546> acesso em: 28/6/2015

60
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

O farmacêutico(a), quando especializado na área estética, poderá no terço inferior da


face preencher somente com ácido hialurônico, conforme figura 16:

»» Sulco nasogeniano ou nasolabiais.

»» Rugas peribucais (superior e inferior).

»» Contorno e volume labial.

»» Comissuras orais.

»» Crista do filtro (as linhas entre a boca e o nariz).

A partir da experiência adquirida pelo farmacêutico(a) esteta após sua formação e


prática com vivência no dia a dia, ele poderá se tornar capaz de realizar outras técnicas
com ácido hialurônico, como:

»» Cicatrizes de acne.

»» Recuperação e contorno da pálpebra inferior ou infra-orbital.

»» Aumento da área malar.

»» Linhas periorbitais profundas.

»» Aumento de Mento.

»» Linhas do sorriso ou Linhas de marionete.

As linhas do sorriso ou linhas de marionete em indivíduos mais idosos ou


com acnes acentuadas apresentam flacidez facial, o preenchimento desses
sulcos pode criar pequenas ondas laterais à zona de injeção. Assim, faz-se o
uso concomitante de toxina botulínica nos músculos depressor do ângulo da
boca, do mento e orbicular da boca, prolongando e melhorando a aplicação do
preenchedor (GLADSTONE; CARRUTHERS, 2005).

Vale resaltar que em determinados pontos da face a aplicação do ácido hialurônico


é contraindicada, pois pode causar complicações no paciente, deixando sequelas
consideráveis. Tais locais são:

»» Linhas de preocupação ou frontais.

»» Linhas glabelares.

»» Linhas periorbitais superficiais.

61
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

Há relatos de aplicações realizadas nessas regiões que ocasioram oclusão arterial,


isquemia e até mesmo embolismo, uma vez que o ácido hialurônico apresenta facilidade
de se deslocar do local de aplicação para as regiões relatadas. Com isso, o profissional
que realizar apliação do produto nessas regiões deve ter bastante prática e assumir o
risco das complicações que possam aparecer. (TAMURA, 2010)

Figura 16. Foto ilustrativa das regiões de aplicação de preenchimento com ácido hialurônico, nível básico e

avançado, para indicação do Farmacêutico Esteta.

Fonte: <http://plasticafacialemmanaus.blogspot.com.br/> acesso em: 28/6/2015

Envelhecimento
Para se usar de maneira apropriada o ácido hialurônico e para maximizar o seu efeito
cosmético e ao mesmo tempo minimizar o risco de complicações, o farmacêutico(a)
esteta deve ter um entendimento amplo da estética da face e das mudanças que ocorrem
com o envelhecimento.

A estética geralmente tende a exibir um padrão de beleza, no entanto este padrão se


difere em relação aos rostos atraentes de homens e mulheres, pois estes apresentam
características distintas, ou seja, cada um obedece a um formato e proporção, assim, a
face feminina deve exibir alguns desses tópicos:

»» Testa maior e suave com nariz menor.

»» Sobrancelhas arqueadas ou com formato de asa de gaivota.

62
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

»» Olhos um pouco distantes, causando um olhar expressivo e largo.

»» Maçãs do rosto proeminentes.

»» Estreitamento em formato de coração da parte inferior da face, com uma


razão menor entre a parte inferior e superior do rosto.

»» Lábios cheios e vermelhos.

A face ideal masculina deve exibir:

»» Sobrancelhas proeminentes e horizontais com arqueamento mínimo.


Olhos mais profundos e próximos.

»» Nariz ligeiramente maior.

»» Boca mais larga.

»» Região inferior da face com formato quadrado com uma razão mais
equilibrada entre as partes superior e inferior.

»» Barba ou superfície áspera na pele da região inferior da face.

Contudo, a estética se realiza pela harmonia e o equilíbrio da face que existe em toda
grande forma, tamanho e configurações das partes individuais, desse modo devemos
considerar e entender essas mudanças que a face sofre com o passar do tempo.

Como já foi dito anteriormente, o envelhecimento é um processo natural e cronológico,


entretanto diversos fatores podem desencadeá-lo de maneira mais rápida trazendo
consequências danosas à pele, principalmente a exposição solar pela radiação
ultravioleta, tabagismo, desidratação, grandes perdas e ganhos de peso são um desses
fatores.

Além destes fatores externos que podem influenciar e adiantar o processo de


envelhecimento, o envelheciemnto, por si só gera:

Tan e Gloau (2005, p.12)

Perda de gordura subcutânea: Em geral, com a idade, existe


uma perda do volume e da circunferência dos contornos da face, que
são observados na juventude, resultando na aparência achatada ou
afundada das estruturas faciais.

Mudanças na musculatura intrínseca das expressões faciais


e sua influência na pele: Os músculos da expressão facial são os

63
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

únicos, pois eles se inserem diretamente na pele. Anos de expressões


faciais constantemente dobrando a pele, resulta na formação progressiva
de rugas hiperdinâmicas que inicialmente aparecem apenas com o
movimento facial, mas posteriormente permanecem como rugas em
repouso. Rugas hiperdinâmicas são mais proeminentes em áreas onde
os músculos e a fáscia subjascentes estão mais diretamente ligados
à pele, tal como nas regiões frontal, glabelar, nasolabial, perioral e
periocular.

Mudanças gravitacionais pela perda de elasticidade tecidual:


com o envelhecimento, as partes moles da face perdem sua elasticidade
inerente e sua habilidade a resistir o repuxamento. Inevitavelmente
eles começam a ceder e decair sob os efeitos da gravidade.

Remodelamento das estruturas ósseas e


cartilaginosassubjacentes: com o tempo, a reabsorção óssea pode
resultar em uma diminuição do volume facial aparente, e a força
gravitacional em estruturas cartilaginosas pode resultar na queda de
algumas estruturas, como a ponta nasal. Assimetria facial devido a
mudanças nas estruturas ósseas e cartilaginosas é difícil de corrigir,e
indicar estas diferenças aos pacientes no início da consulta é importante
para adequar as suas expectativas.

Tabela 2. Classificação de Glogau do fotoenvelheciemento.

Tipo I – Sem rugas


»» Fotoenvelhecimento inicial;
»» Alterações de pigmentos leves; sem ceratoses; rugas mínimas;
»» Pacientes jovens – 20 ou 30 anos (maquiagem mínima ou ausente).

Tipo II – Rugas em movimento (Rugas Dinâmicas)


»» Fotoenvelhecimento leve a moderado;
»» Lentigos senis visíveis iniciais; ceratoses palpáveis, mas não visíveis; linhas paralelas ao sorriso começando aparecer lateralmente à boca;
»» Pacientes final dos 30 e 40 anos (geralmente usam alguma maquiagem).

Tipo III Rugas em repouso – (Rugas Estáticas)


»» Fotoenvelhecimento avançado;
»» Discromia visível e telangiectasias; ceratoses visíveis; rugas mesmo sem movimentação facial;
»» Pacientes – 50 anos ou mais velhos (sempre usam base corretiva em quantidade).

Tipo IV Apenas Rugas


»» Fotoenvelhecimento grave;
»» Pele com coloração amarelo-cinzentada malignidades cutâneas prévias; rugas por todas a face, não há pele normal;
»» Paciente - sexta ou sétima década, não pode usar maquiagem, pele de aspecto “rachado”.

Fonte: adaptado de Glogau (1994 e 1996).

64
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

As mudanças do fotoenvelhecimento mais vistas no terço inferior da face afetam


principalmente os lábios, o queixo, a região da bochecha e o pescoço. As rugas que
se formam ao redor do lábio são decorrentes do repuxamento constante do músculo
orbicular da boca quando a pele se torna mais inelástica dos lábios superior e inferior,
criando rugas angulares, radiais e verticais. O efeito da gravidade resulta numa queda
das comissuras orais lateralmente e para baixo, o que leva a uma aparência mais triste
e cansada. A perda de elasticidade aumenta a queda da pele, ainda no envelhecimento
acontece atrofia no músculo orbicular da boca e perda de tecido subcutâneo levando
a um achatamento e perda de volume dos lábios com menor área vermelha aparente
(GLOGAU, 2002).

Assim, como vimos, o envelhecimento apresenta fatores externos que


potencializam sua ação ocorrendo desse modo o aparecimento do
fotoenvelhecimento cutâneo com:

»» Linhas dinâmicas de expressão.

»» Rugas estáticas.

»» Pregas causadas por fotodano e elastose da pele e perda de suporte


tecidual posterior por remodelamento ósseo e atrofia de gordura.

65
CAPÍTULO 2
Técnicas de aplicação de
preenchedores

Tipos de preenchedores
Existe uma vasta quantidade e marcas de substâncias denominadas preenchedores
hoje no mercado. Como substâncias biodegradáveis e não permanentes ou também
não biodegradáveis e permanentes. Os preenchedores mais tradicionais são os
biodegradáveis , ou seja, aqueles que podem ser absorvidos e excretados pelo organismo
em um determinado tempo, geralmente curto. Sabe-se que por mais que estas
substâncias apresentem reações de hipersensibilidade, elas têm segurança comprovada
(GLADSTONE; CARRUTHERS, 2005).

Além dos preenchedores biodegradáveis, existem os semipermanentes e os permanentes,


no entanto é interessante evidenciar que o Farmacêutico(a) esteta só pode aplicar o
biodegradável no caso o ácido hialurônico.

Os semipermanentes apresentam efeito mais duradouro, entretanto podem causar


maiores complicações, como granulomas, uma vez que desenvolvem-se tardiamente
(mais que um ano depois do tratamento), como por exemplo a hidroxiapatia de cálcio.
Estes costumam conter microsferas que não são biodegradáveis. Os preenchedores
permanentes resultam em alta incidência de granuloma e extrusão, como por exemplo
o polimetilmetacrilato – PMMA e silicone, no entanto alguns autores consideram o
PMMA como sendo um preenchedor semipermanente (GLADSTONE; CARRUTHERS,
2005).

Ácido hialurônico

O ácido hialurônico aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) em 2003
representa um grande avanço na história dos preenchedores. Isso porque esta substância
é gerada por fermentação bacteriana e também de crista de galos, não existindo a
necessidade de testes alérgicos. Este é um preenchedor versátil e parece ter efeito mais
prolongado que o próprio colágeno.

O ácido hialurônico (AH) é um polissacarídeo linear que ocorre na natureza, composto


de resíduos alternados dos monossacarídeos D-glicurônico e N-acetil-D-glicosamina.
Este composto é altamente distribuído na matrix extracelular dos tecidos conjuntivos,
66
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

no fluído sinovial, nos humores aquoso e vítreo do olho e em outros tecidos. Sua
estrutura química é uniforme por toda a natureza, e portanto não tem potencial para
imunogenicidade na sua fomra pura. Na pele, o AH forma a matrix fluída elastoviscosa
na qual fibras de colágeno, fibras elásticas e outras estruturas intercelulares estão
embebidas. Sintetizado nas membranas celulares e então secretado no espaço
extracelular, o AH é o maior (50kDa) e é o glicosaminoglicano (GAG) mais abundante
na matriz extracelular da derme. Ele se difere dos demais GAG, pois ele não é sulfatado
ou ligado a uma proteína central (BOWMMAN; NARINS, 2005).

O AH liga-se a uma grande quantidade de água e múltiplas cadeias de AH se emaranham


e se interpenetram umas às outras para formar soluções altamente elastoviscosas, o
que dá à pele uma maleabilidade e elasticidade. Assim, como dá volume e preenche o
local injetado. Em contrapartida, a quantidade de ácido hialurônico na pele diminui
com o envelhecimento, resultando em uma menor hidratação e consequentemente
aumento do enrugamento (BOWMMAN; NARINS, 2005). Além disso, a meia vida do
AH no tecido é de apenas 1-2 dias (o AH exógeno é rapidamente removido da derme
e degradado no fígado a dioxido de carbono e água), ele é um candidato ruim para
preenchimento tecidual em sua forma não modificada (BOWMMAN; NARINS, 2005).

Já os géis de AH, conhecidos como hilanos, são géis químicos conectados por ligações
covalentes, como também hidrogéis, pois são inchados com 95% do seu peso por
água, sendo lentamente absorvidos no tecido com o passar dos meses (BOWMMAN;
NARINS, 2005).

Agente a ser implantado


Existem vários tipos de preenchedores e marcas de ácido hialurônico, existem aqueles
preenchedores finos que devem ser aplicados na derme média à superior que são
utilizados para rugas finas e superficiais, existem preenchedores mais espessos para
rugas mais profundas que devem ser colocados mais profundamente na derme e por
fim, preenchedores mais robustos para áreas que requerem aumento substancial
de volume como bochecha ou região temporal com colocação na interface derme/
subcutânea (BOWMMAN; NARINS, 2005).Um exemplo de produto é o Restylane, pois
existem três formulações, iguais às citadas acima, de hilano para serem preenchidos
em profundidades diferentes na derme. A Restylane, Restylane Fine Lines e Restylane
Perlane. A concentração de AH nesses produtos é de 20mg/mL, o que difere os produtos
é o tamanho das partículas de AH, número de partículas de gel por mL e a profundidade
do alvo do implante.

67
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

»» O Restylane Fine Lines apresenta as menores partículas,


consequentemente é menos viscoso. O produto é injetado pela agulha de
31G e é usado na derme mais superficial para corrigir linhas finas. O seu
uso é indicado no geral para: linhas de “preocupação” da fronte, linhas
periorbitais, linhas do sorriso e linhas periorais.

»» O Restylane apresenta partículas maiores e é injetado por uma


agulha de 30G. Sua aplicação é realizada na derme média para corrigir
geralmente os sulcos nasogenianos moderados e fornecer aumento labial.
Ademais, é indicado no geral para: linhas glabelares, crista do filtro,
pregas nasolabiais, contorno labial, aumento labial, linhas do sorriso e
comissuras orais.

»» O Restylane Perlane apresenta partícula de maior tamanho,


consequentemente é mais viscoso. O produto é injetado por uma agulha
de 27G no plano profundo e no tecido subcutâneo superficial para tratar
pregar profundas. É indicado no geral para: aumento das bochechas,
pregas nasolabiais, comissuras orais, aumento labial e aumento do
queixo.

Como observado, mais de um tipo de restylane pode ser usado no mesmo local, isso irá
depender do grau de profundidade da ruga, sulco ou prega como apresentado na figura
17 abaixo, podendo ser usado com os preenchedores em conjunto ou separadamente.

Figura 17. Camada superficial da pele que demonstra a linha, ruga e sulco/prega da face.

Fonte: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5546. Acesso em: 28/6/15. <http://www.


tratamentopararugas.med.br/preenchimento.html> acesso em: 28/6/2015

68
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

Técnica
Para correta aplicação do ácido hialurônico no paciente, alguns protocolos precisam
ser adotados pelo profissional para garantir que o procedimento seja realizado com
segurança. Desta maneira, os resultados obtidos serão altamente relevantes. A seguir
está listado um protocolo básico de aplicação do produto.

1. Após remover maquiagem, a área deve ser limpa com clorexidina 0,5%.
Se você preferir deixar seu paciente deitado em uma maca, é útil demarcar
as linhas de expressão antes de deitá-lo com um lápis de maquiagem,
por exemplo, pois ao deitar as linhas podem sumir. No entanto, antes de
aplicar o preenchedor deve-se remover a marca do lápis.

2. Se preferir pode fazer a aplicação com o paciente sentado deixando a


cabeça do deste recostada em um parte fixa.

3. É interessante aplicar um anestésico tópico (DERMOMAX – 3%) pelo


menos 10-30 minutos antes do procedimento, isso irá reduzir a dor
da aplicação, no entanto quanto mais espesso for o preenchedor mais
profundo ele deve ser implantado, maior a agulha necessária e com isso
maior é a probabilidadede da utilização de anestesia (injetável).

4. A maioria dos autores recomenda manter o bisel da agulha para cima,


pois na maioria das vezes a ponta da agulha é vista e mais precisamente
controlada quando a pele é perfurada. A entrada da agulha na pele
geralmente é uma questão individual, no entanto alguns farmacêuticos(as)
entram em ângulo de 30 ou 45°.

Como a viscosidade do ácido hialurônico diminui com o aumento da temperatura,


o aquecimento da seringa, provocado pela mão antes da injeção, pode ajudar.
Assim, ocorre diminuição de força na injeção na hora da aplicação.

Figura 18. Agulha indicada para aplicação do ácido hialurônico: 30G (mesma usada na intradermoterapia).

Fonte: <http://www.fibracirurgica.com.br/agulha-descartavel-13-x-03-30g1-2-40120-c-100-sr-3525/p> acesso em:28/6/2015

69
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

Para melhor aplicação do ácido hialurônico recomenda-se a agulha com ângulo


de 45º, pegando a derme profunda, o qual obtém os melhores resultados, no
entanto isso dependerá do tipo de preenchedor que você estará usando e o tipo
de anamnese realizada. Por exemplo: Você deve observar qual escala de ruga
seu paciente apresenta, nesse exemplo: o paciente apresenta uma prega, e seu
preenchedor é o viscoso. Por isso, irá aplicar a 45° pegando a derme profunda.
Lembrando que dependendo da prega ou sulco ou ruga muda-se a profundida
e a viscosidade do preenchedor.

A técnica de aplicação linear retrógrada é a mais usada. Segurando a seringa paralela ao


comprimento da ruga ou prega a ser tratada, perfure a pele e avance com a agulha por
toda a sua extensão. Enquanto retira lentamentea a agulha da pele, aplique uma pressão
constante no êmbolo para liberar o material na derme (em rugas finas e superficiais,
observe a saída do material enquanto retira a agulha retrogradamente). Rugas ou linhas
superficiais curtas podem ser eliminadas em apenas uma aplicação.

A técnica das punturas seriadas é a mais fácil tecnicamente (pois a ponta da agulha não
se move durante a injeção) e é a preferida dos iniciantes. Para esta técnica a agulha entra
na pele até a profundidade desejada, deposita uma pequena quantidade do produto
e é retirada. Injeções individuais deste tipo funcionam bem para cicatrizes de acne,
enquanto as sucessivas podem diminuir rugas.

Para você saber se está na derme média, quando for aplicar um preenchedor
próprio para essa área, é só observar se o contorno da seringa fica visível, quando
você injeta, mas não a sua cor.

Guie o seu tratamento, sabendo que para materiais (ácido hialurônico) mais
finos deve se atentar a parâmetros visuais e para materiais mais espessos deve
se atentar a parâmetros táteis. A resistência deve ser sentida na derme profunda.

As técnicas em leque e com aplicação cruzada são apenas variações da técnica retrógrada,
geralmente ela é usada quando se preenche com maior quantidade de material e em
maior profundidade. Caso ocorra erro ao injetar o material no plano profundo, as
rugas não são corrigidas, mas o erro é visível. Já quando o erro ocorre na superfície
do tecido os defeitos são passíveis de correção, no entanto a superfície pode ficar com
irregularidades.

Após a injeção é recomendado massagear levemente o local no qual o preechedor


foi aplicado, para que dessa forma seja excluído qualquer propensão a nódulo
ou irregulariedades na região. Dessa forma, estamos garantindo que o produto

70
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

acomode-se aos contornos dos tecidos. No entanto, quando o local é massageado


mais de 20% do produto pode ser eliminado. Com isso, é interressante fazer a
hipercorreção. Por fim, deve haver um limite de 1,5-2,0 mL por sessão e o retoque
pode ser feito de 2 a 4 semanas depois da aplicação.

Figura 19. Técnicas de implantação dos hilanos (ácido hialurônico).

Fonte: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5546> acesso em: 28/6/2015

Figura 20. Esquema adaptado da sequência de injeção para aumento labial.

Fonte: <http://caras.uol.com.br/makeup/maquiagem-descubra-quatro-utilidades-do-lapis-de-boca#.VZCqpvlViko> acesso


em: 28/6/2015 - figura adaptada pelo autor da apostila

71
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

Não há uma sequência na técnica de aplicação de ácido hialurônico labial, vai depender
da preferência pessoal, no entanto muitos profissionais começam pelo canto direito do
lábio inferior.

Pré e Pós Procedimento (GLADSTONE; CARRUTHERS,


2005).

Existem questões importantes a sererm feitas na anamnese do paciente antes da


aplicação do ácido hialurônico, tais como:

»» Experienência passada com outros preenchedores?

»» História de cicatrizes e queloides?

»» História de infecção por herpes simples?

»» História de hematomas/sangramento fácil?

»» Condições dermatológicas que exibem patergias?

»» Qualquer inflamação ativa na área a ser tratada?

»» Tolerância alta à dor?

»» Planos sociais importantes nos próximos 3-7 dias?

»» Expectativas realísticas?

É interessante realizar as perguntas acima, para o profissional ficar ciente do estado


do quadro do paciente, como também se ele já obteve satisfação em uma realização
anterior do tratamento. Qualquer relato citado acima e confirmado pelo paciente deve
ser intercedido o tratamento pelo profissional, devido a grandes chances do tratamento
dar errado (BOWMMAN; NARINS, 2005).

O paciente que for fazer o preenchimento facial não deve tomar aspirina por pelo
menos 8 dias, vitamina E, anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) por pelo menos
5 dias antes do tratamento. Suspender os fitoterápicos à base de cumarina e Gingko
biloba. Já a aplicação de Arnica montana, no local da aplicação no pré-procedimento,
parece reduzir o surgimento de equimoses, por mais que ainda não tenham evidências
científicas. Além disso, fotos do pré-procedimento e do pós de ângulos frontal, oblíquo
e perfil são extremamente importantes para a satisfação do paciente.

72
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

Após o procedimento é aconselhável deixar o paciente descansar por alguns minutos,


devido à ansiedade causada pelo trauma da agulha. Compressas frias, ou até mesmo o
gelo irão reduzir o edema e a sensibilidade causados pelas múltiplas punturas realizadas.
Oriente o paciente a reduzir as expressões faciais pelas primeiras 48 horas.

73
TOXINA BOTULÍNICA UNIDADE III

CAPÍTULO 1
Introdução à toxina botulínica

Envelhecimento e atuação da toxina


botulínica
O envelhecimento é um processo natural que o organismo passa durante o seu clico de
vida, ocasionando alterações fisiológicas e funcionais nos órgãos, tecidos e sistemas. Um
dos primeiros órgãos a denunciar que um determinado organismo está envelhecendo é
a pele, causando em muitas pessoas incômodo e queda na autoestima. As características
de uma pele envelhecida denunciam a idade e até mesmo os hábitos de vida de uma
pessoa, pois as regiões que apresentam os primeiros sinais do envelhecimento são
justamente aquelas que ficam mais expostas, tais como: face, pescoço e colo. Essas
regiões além de sofrerem com o envelhecimento cronológico também são afetadas por
fatores epigenéticos, como o sol (BIOT et al, 2012).

A toxina botulínica revolucionou os tratamentos estéticos em todo o mundo para paciente


de ambos os sexos. O terço superior da face é o local que recebe a maior atenção em
tratamentos que utilizam a neurotoxina, obtendo-se resultados bastante satisfatórios
na correção de rugas dinâmicas. Não obstante, virou consenso entre os profissionais da
saúde que trabalham com a toxina que o seu uso deve ser realizado de forma moderada
nos tratamentos. O objetivo é evitar o aspecto de congelamento da face (ausência de
expressão) em especial nos pacientes do sexo masculino (MESKI, 2012).

Introdução e história
O uso da neurotoxina botulínica tipo A foi originado em 1970 como uma alternativa
não cirúrgica, primeiramente usada para o tratamento do estrabismo. A partir daí, a
lista de utilizações médicas para essa toxina em questão foi crescendo rapidamente.

74
TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

Como técnica estética ela foi averiguada após o tratamento de blefaroespasmo, onde se
observou pela primeira vez a diminuição das rugas (BERRY, STANEK; 2012).

A história da neurotoxina botulínica tipo A começou entre 1817 a 1822 com o alemão
Justinus Kerner, que denominou a toxina como “sausage poison”, por observar a
presença dessa toxina em salsichas, enlatados e produtos com carnes mal preparadas.
Meio século depois, seu compatriota Muller Latinised denominou a doença como
botulismo proveniente de “botulus” = salsicha. No entanto, a bactéria causadora dessa
doença, Clostridium botulinum, só foi cultivada pela primeira vez em 1897 por Van
Ermengen (ERBGUTH, 2004; VAN ERMENGEN, 1897). E Em 1949 foi descoberto o
mecanismo de ação mais conhecido atualmente na área da estética, proveniente dessa
toxina, o bloqueio neuromuscular (BURGEN; DICKENS; ZATMAN, 1949).

Um dos primeiros estudos científicos sobre a neurotoxina botulínica tipo A como


cosmético foi certamente relatada pelo casal de autores Carruthers em 1992, abordando
a melhoria no enrugamento da pele próximo ao tratamento de blefaroespasmo
(CARRUTHERS, 1992).

Taxonomia e fisiologia

Clostridium botulinum é uma bactéria gram-positiva, anaeróbica. Apresenta-se em


forma de bacilo e forma esporos, o qual produz uma potente exotoxina, direcionada
neurologicamente. Existem oito tipos sorológicos de exotoxina, que são reconhecidas
com base na especificidade antigênica de cada exotoxina. Estes oito tipos sorológicos
são: A, B,C1,C2,D,E,F e G. No entanto, somente os sorotipos A e B são as formas
disponíveis comercialmente, sendo a toxina botulínica do tipo A a mais potente. Devido
a isso, ela foi utilizada primeiramente para fins terapêuticos e somente anos mais
tarde foi utilizada na estética. Já a neurotoxina tipo B é indicada para tratar distúrbios
neurológicos, principalmente (PECORA; FILHO, 2012). Ademais, apresentam funções
semelhantes e são antigenicamente diferentes, o que permite que aqueles poucos
pacientes que desenvolverem anticorpos, ainda podem se beneficiar com o tratamento
da outra neurotoxina (BERRY; STANEK; 2012).

É importante salientar que a ação da neurotoxina botulínica apresenta diferentes


consequências quando injetada dentro da pele, no intuito de técnicas estéticas.
Isso porque injeta-se 200 milhões de vezes menos do que a dose letal (CARTEE;
MONHEIT, 2011).

75
UNIDADE III │ TOXINA BOTULÍNICA

Propriedades da toxina botulínica –


mecanismo de ação
Existem atualmente no mercado mundial diferentes tipos de toxinas botulínicas do
tipo A. No entanto, no mercado brasileiro há a comercialização de cinco marcas, são
elas: Botox (toxina onabotulínica), Dysport (toxina abobotulínica), Prosigne, Xeomin
(toxina incobotulínica) e Botulift (PEROCA; FILHO, 2012).

A neurotoxina é formada por duas cadeias, uma leve que possui 50 KDa (kilo daltons)
e uma pesada constituída por 100 KDa, elas são unidas por uma ponte de dissulfeto.
Quando a toxina botulínica encontra-se na forma ativa (150 KDa) ela é envolvida por
um complexo proteico constituído por hemaglutininas e não hemaglutininas (proteínas
não tóxicas). Essas proteínas protegem a neurotoxina do ataque do suco gástrico
quando a toxina encontra-se em algum alimento contaminado ocasionando, portanto,
o botulismo. (PECORA; FILHO, 2012).

O tamanho do complexo proteico da toxina é obtido por meio da somatória da porção


ativa (150 KDa) com as proteínas associadas, as quais são as hemaglutininas e as não
hemaglutininas. Essa composição do complexo pode variar de acordo com o fabricante do
produto (PECORA; FILHO, 2012). Além disso, a presença ou ausência de um complexo
proteico pode interferir no tamanho do complexo de toxina e consequentemente na
antigenicidade do produto (DRESSLER; HALLETT, 2006).

Quando a neurotoxina é ingerida ou injetada o seu mecanismo de ação fica limitado ao


sistema nervoso periférico, ou seja, a toxina irá atacar os nervos. Pois ela não possui a
capacidade de ultrapassar a barreira hematomeníngea, ocasionando na musculatura
uma paralisia flácida.

Este mecanismo de ação pode ser divido em quatro etapas:

1. Ligação da toxina em um dos receptores presentes na porção terminal do


neurônio alvo.

2. Penetração ou internalização na terminação nervosa do complexo


presente entre a neurotoxina e o receptor do neurônio nas suas vesículas
de endocitose.

3. Translocação da cadeia leve do compartimento das vesículas até o citosol


da célula.

4. Realização de ataque proteolítico (protease) pela cadeia leve de uma das


proteínas de ligação do fator sensível à N-etilmaleimida solúvel (SNARE),

76
TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

responsável pelo acoplamento da membrana e pela fusão das vesículas


sinápticas que liberam a acetilcolina, ocasionando a interrupção da
exocitose.

A ligação entre a toxina e o neurônio alvo ocorre por meio de uma ligação altamente
específica entre a cadeia pesada e os receptores que ficam expostos na superfície do
neurônio durante a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica (PEROCA;
FILHO, 2012). É interessante ressaltar que o receptor da toxina botulínica varia
dependendo do sorotipo injetado, quando injetado o sorotipo A o receptor é a proteína
SV2, quando injetado o B, o receptor é a sinaptotagmina.

Ademais, o tempo de ação desses sorotipos também é diferente, a toxina botulínica do


tipo A tem um tempo de ação de vários meses, enquanto que a do tipo B age por um
tempo menor.

Em alguns casos, depois de passar um tempo da aplicação da toxina botulínica, mas


antes que a terminação nervosa tenha recuperado por completo sua funcionalidade,
pode vir a ocorrer a chamada neoinervação, que é o brotamento das terminações
nervosas, podendo levar à antecipação da contração muscular. No entanto, isso só
acontece quando ainda há ação da toxina botulínica no local, após sua finalização essa
neoinvervação se retrai (POULAINA et al., 2009; WORTZMAN; PICKETT, 2009).

Resumindo o mecanismo de ação


A toxina botulínica atua na placa das terminações neuromusculares colinérgicas
pré-sinápticas, inibindo a liberação de vesículas de acetilcolina nessas terminações.
As toxinas apresentam diferentes sítios de ação no receptor conhecido como SNARE.
A recuperação funcional pode ocorrer em 3 a 4 meses, depois que os brotamentos
dos axônios novos substituem as placas terminais bloqueadas. A ação da toxina
botulínica em nível molecular consiste na sua ligação extracelular a estruturas
glicoproteicas em terminais nervosos colinérgicos e no bloqueio intracelular da
secreção de acetilcolina (MAIO, 2011).

É interessante ressaltar que a toxina botulínica está relacionada não somente à paralisia
muscular como também à inibição reflexa espinal, promovendo ainda o bloqueio
de fibras autonômicas para músculos lisos e glândulas exócrinas, bem como efeito
analgésico por bloqueio da substância P, do glutamato e do peptídeo relacionado ao
gene da calcitonina (MAIO, 2011).

Além disso, a toxina apresenta efeitos indiretos sobre o SNC por não ultrapassar
a barreira hematoencefálica, que são: inibição reflexa, reversão das alterações da
inibição recíproca, da inibição intracortical e de potenciais evocados somatossensoriais
(MAIO, 2011).

77
CAPÍTULO 2
Tipos de toxina botulínica

Difusão da toxina botulínica no organismo


A difusão da neurotoxina no organismo é objeto de estudo de várias pesquisas clínicas.
Tais estudos relatam que se a toxina for aplicada em excesso ela pode ocasionar o
aparecimento de efeitos colaterais indesejados. Vários fatores podem dificultar a
difusão correta da substância, tais com (PEROCA; FILHO, 2012):

1. Massa molar.

2. Volume elevado de soro na reconstituição da toxina.

3. Altas doses.

4. Conservação inadequada da toxina.

De acordo com os princípios de Fick, quanto menor a massa molecular maior será o
raio de difusão de uma substância. Com isso, complexos de neurotoxinas com peso
molecular baixo possuem maior raio de difusão quando comparados a complexos que
possuem um peso molecular elevado (BEYLOT, 2009). Entretanto, esse conceito não
é compartilhado por todos os pesquisadores, uma vez que outros cientistas abordam
que se houver diferença na difusão será por conta da dose e volume inapropriados
(PICKETT; DODD; RZANY, 2008; PICKETT, 2009; WOHLFARTH, 2008).

Atividade biológica e grau de pureza da


toxina
Ao longo dos anos a quantidade de proteína clostridial presente nos fracos de toxina foi
diminuindo. Na década de 1990 o Botox apresentava 25 ng/frasco de 100 U, atualmente
esse valor foi reduzido para 5 ng/frasco de 100 U. O valor de proteína clostridial
corresponde à quantidade de toxina ativa e inativa presente no frasco. (FREVERT;
DRUGS, 2010). Durante a produção e armazenamento parte da neurotoxina pode
ser inativada, ademais, todas as preparações possuem alguma porcentagem de toxina
inativa, consequentemente essa toxina inativa não possui efeito terapêutico, mas
funciona como antígeno na produção de anticorpos neutralizantes (BEYLOT, 2009).

78
TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

A quantidade de toxina presente em um frasco é chamada de atividade biológica


específica. Quanto menor a quantidade de neurotoxina inativa e proteína clostridial
associada à toxina ativa, maior será o grau de pureza da neurotoxina. A atividade
biológica é expressa em U/ng de proteína, e deve ser a maior possível. (FREVERT;
DRUGS, 2010).

Antigenicidade da toxina botulínica


Determinadas formulações de neurotoxinas podem levar ao desenvolvimento de
anticorpos, os quais podem ser neutralizantes contra o complexo proteico. Os anticorpos
neutralizantes são aqueles formulados para atacar a toxina botulínica ativa, causando
a anulação ou redução do efeito do tratamento. Os anticorpos que atuam contra o
complexo proteico são denominados de não neutralizantes e como o próprio nome já
diz não apresentam efeito direto na ação terapêutica (PEROCA; FILHO, 2012).

Basicamente qualquer princípio proteico não humano pode agir com antígeno,
provocando a criação de anticorpos. Outro fator que deve ser levado em conta quando
estamos analisado a antigenicidade da toxina é a quantidade de neurotoxina inativa
presente no frasco, porque apesar de não apresentar efeito terapêutico, ela possui a
capacidade de induzir a criação de anticorpos neutralizantes. Além disso, aplicações
frequentes com curtos intervalos entre uma sessão e outra (Exemplo: 1 mês), com
dosagens superiores a 200 U (unidades) e injeções intravenosas acidentais também
ocasionam a formação de anticorpos neutralizantes (DRESSLER; HALLETT, 2006).

Reconstituição da toxina botulínica tipo A

O volume utilizado para a reconstituição da neurotoxina pode ser adaptado de acordo


com as preferências do farmacêutico(a) esteta e necessidades do paciente. No entanto,
algumas recomendações de protocolo devem ser mantidas para garantir a eficácia e
segurança do tratamento (FILHO; PECORA, 2012).

Toxina de qualquer marca deve sempre ser reconstituída em uma solução de cloreto
de sódio (NaCL) a 0,9% sem preservativo (soro fisiológico - SF 0,9%) estéril. Algumas
marcas são mais sensíveis a fortes diluições e ao turbilhonamento do frasco, pois pode
provocar à fixação de toxina ativa no frasco, ocasionando perda da sua potência (FILHO;
PECORA, 2012).

Quando a neurotoxina é utilizada para fins estéticos, é utilizada uma reconstituição


padrão. Frascos que possuem 100 U de toxina são reconstituídos em 1mL de SF a 0,9%

79
UNIDADE III │ TOXINA BOTULÍNICA

estéril, para reduzir a possibilidade de difusão e tornar a aplicação menos dolorosa,


pois quanto menor o volume, menor será a distensão (FILHO; PECORA, 2012).

Para outros tipos de aplicações, como ocorre no caso dos tratamentos de hiperidrose
ou neuralgia pós-herpética, é indicado realizar uma reconstituição em 2mL de SF 0,9%,
porque neste tipo de tratamento é preconizado que a toxina atinja uma maior dispersão
(FILHO; PECORA, 2012).

Tabela 3. Volume de reconstituição.

U Botox®/Prosigne®/ U Dysport® 1:2,5 U Dysport 1:3


Xeomin®/ Botulift® (em relação ao Botox ) ®
(em relação ao Botox®)
Dose 1U 2,5U 3U
Volume de 1mL(frasco 100U) 2mL(frasco 500U) 1,66mL(frasco 500U)
Reconstituição 0,01mL =1U 0,01mL =2,5U 0,01mL =3U
Volume de 2mL(frasco 100U) 4mL(frasco 500U) 3,32mL(frasco 500U)
Reconstituição 0,02mL =1U 0,02mL =2,5U 0,02mL =3U
Fonte: Alterado do Filho e Pecora, 2012.

Os laboratórios recomendam a reconstituição do frasco de toxina botulínica na hora da


aplicação e manutenção sob-refrigeração (2ºC a 8ºC) por até 8 horas.

Para estabelecimento de uma nomenclatura internacional a toxina botulínica


Dysport® é denominada de Speywood, referência à companhia que desenvolveu
o produto.

Potência e razão de conversão

A primeira toxina botulínica a ter aprovação para uso tanto terapêutico como estético
foi o Botox®, em 1989, logo após as outras toxinas que vieram a ser aprovadas buscaram
a liberação por meio de estudos científicos que as comparassem com o Botox®,
demonstrando uma baixa prevalência de eventos adversos e equivalência nos resultados
clínicos. Sendo assim, seguem na tabela abaixo as comparações entre as marcas de
toxinas botulínicas disponibilizadas atualmente no Brasil.

Tabela 4. Comparações entre as principais toxinas botulínicas disponíveis no Brasil.

BOTOX® DYSPORT® PROSIGNE® XEOMIN® BOTULIFT®


Aprovação 1989 1991 2005 2005 2004
Nome Onabotulínica Abobotulínica - Incobotulínica -
Beaufor-Ipsen
Fabricante Allergan Lanzhou Cristalia Merz-Biolab Medy-Tox Bergamo
Galderma
Tamanho 900kDa 500kDa 900kDa 150kDa 950kDa

80
TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

BOTOX® DYSPORT® PROSIGNE® XEOMIN® BOTULIFT®


Conservação -5ºC a 8ºC 2ºC a 8ºC 2ºC a 8ºC 15ºC a 30ºC 2ºC a 8ºC
Pós-
2ºC a 8ºC 2ºC a 8ºC 2ºC a 8ºC 2ºC a 8ºC 2ºC a 8ºC
Reconstituído
Apresentação 100 U 500 U 50 a 100 U 100 U 100 U
Estabilização Secagem à vácuo Liofilização Liofilização Liofilização Liofilização
Validade 36 m 12 m 24/36 m 24 m 24 m
Potência 1U = LD 50 1U = LD 50 1U = LD 50 1U = LD 50 1U = LD 50
Razão 1U 2,5U 1U 1U 1U
Fonte: Alterado do Filho; Pecora, 2012.

Material utilizado na aplicação da toxina botulínica

As seringas utilizadas na aplicação da toxina são escolhidas de acordo com a


reconstituição realizada. Neurotoxinas que apresentam 100 U no frasco nas quais é
adotada a diluição utilizando 1 mL de SF 0,9%, o indicado é utilizar seringas de insulina
com 30 U (0,3 mL) ou seringas de insulina de 50 U (0,5 mL) com agulhas curtas (30 G,
13 mm). Tais seringas são graduadas de 0,01 mL, no qual 0,01 mL é correspondente a 1
U (FILHO; PECORA, 2012).

O tipo de seringa mais indicado para realizar reconstituição em 2 mL é a seringa de


insulina de 100 U (1mL), com graduação referente a 0,02mL, em que 1 U é correspondente
a 0,02 mL (FILHO; PECORA, 2012).

81
CAPÍTULO 3
Anatomia

Classificação estética de Maio do padrão


muscular

A musculatura facial é importantíssima para expressar os sentimentos de uma pessoa,


sendo por meio da contração ou relaxamento muscular, ou até mesmo pela junção desses
fatores é o que determina e caracteriza muitas vezes a personalidade do indivíduo. Por
exemplo, existem pessoas que apresentam uma expressão ou contração mais enrijecida
(forte), ou seja, cinética, enquanto outros apresentam expressões hipocinéticas. Desse
modo, o tratamento com toxina botulínica deve ser adequado pela característica pessoal
do ser humano (MAIO, 2011).

Tipos de indivíduos

Cinéticos: apresentam movimentação natural, ou seja, apresentam movimentos


suficientes e não exagerados, exemplo: ao sorrir, contrai-se o músculo orbicular do olho
e forma-se linha de expressão natural e suave na região periorbital (MAIO, 2011).

Hipercinéticos: apresentam movimentação excessiva de determinado grupo


muscular, como por exemplo, o palhaço, que eleva excessivamente o supercílio; ou
então pessoas constantemente bravas que contraia região glabelar ou o músculo frontal
(MAIO, 2011).

Hipocinéticos: apresentam movimentação lenta de determinado grupo muscular.


Sua expressividade é baixa (MAIO, 2011).

Tônico: apresenta o tônus muscular normal, e para sua expressividade as estruturas


anatômicas estão posicionadas corretamente (MAIO, 2011).

Hipertônicos: apresentam distorção anatômica e formação de rugas compostas,


perderam a capacidade de relaxar um determinado grupo muscular. Isso é comum nas
regiões frontal, glabelar, periorbital, comissuras dos lábios e pescoço, assim como as
platismais (MAIO, 2011).

82
TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

Hipotônicos e/ou hipocinéticos: apresentam flacidez cutânea, relaxamento


excessivo e pouca expressividade. Podem desencadear com o tempo algumas dessas
características citadas, como a flacidez, por exemplo, como também podem já estar
presentes. Além da flacidez pode haver ptose de determinadas estruturas anatômicas
(MAIO, 2011).

Muitos indivíduos podem apresentar padrões musculares variados na face, podendo ser
um grupo muscular hipercinético e outro cinético, desse modo, cada região necessitará
de um tratamento específico (MAIO, 2011).

Locais de aplicação no terço superior da face


É necessário o conhecimento minucioso da musculatura e da anatomia facial para o uso
e a administração adequada da toxina botulínica.

Músculo levantador:

»» Músculo frontal.

Músculos abaixadores:

»» Músculo corrugador.

»» Músculo prócero.

»» Músculo orbicular do olho.

Observação: os músculos corrugadores e prócero formam a glabela.

O músculo frontal origina-se na gálea óssea frontal, e se insere nas fibras do prócero,
corrugador e orbicular do olho. O modo de contração desse músculo varia entre as
pessoas, existem os que contraem de forma igual e outros que contraem de forma
desigual. Lembrando que nos pacientes calvos a contração da musculatura é perceptível,
desse modo, deve-se aplicar na área sem o cabelo (FAGIEN, 1999).

Os pontos devem ser marcados ao longo das linhas transversais da fronte. Em geral
utiliza-se pontos de 1 a 3 unidades adicionadas a intervalos de 1,5 cm através do meio
da testa, a um mínimo de 2 cm acima da parte superior das sobrancelhas. Já pacientes
que apresentam ptose de sobrancelhas ou ptose da pálpebra superior, aplicar 3 cm
acima, mas às vezes a melhor opção é não tratar o músculo frontal (CARRUTHERS;
CARRUTHERS, 2001);

83
UNIDADE III │ TOXINA BOTULÍNICA

Complicações na região frontal por altas doses:

»» Ausência de expressão.

»» Dificuldade de olhar para cima.

»» Ptose de sobrancelha e piora na ptose de pálpebra superior.

As assimetrias podem ocorrer, em geral, pela ausência de aplicação de toxina


botulínica nas regiões mais laterais, causando elevação exagerada da porção
lateral das sobrancelhas, conferindo um olhar diabólico (MESKI, 2012). Caso
esse erro ocorra nas sobrancelhas, elas podem ser corrigidas aplicando a toxina
botulínica em uma região mais alta, para que a região inferior do músculo frontal
que não recebeu toxina aumente o tônus de repouso e eleve a sobrancelha (MESKI,
2012). Outro ponto chave que deve ser aplicado é acima da linha mediopupilar
ou na porção média do orbicular do olho, para que a sobrancelha não fique com
aspecto de acento circunflexo (CARRUTHERS; CARRUTHERS, 2007).

O tratamento da aplicação de toxina botulínica na região frontal faz total diferença para
o rejuvenescimento e para a prevenção do envelhecimento precoce tanto em homens
quanto em mulheres, no entanto este deve vir sempre acompanhado ao tratamento da
aplicação na região glabelar, o que permite um resultado mais natural e suave na face
(MESKI, 2012). Depois de aplicada a toxina botulínica, em até 15 dias podemos esperar
os resultados que podem ser obtidos pela sua ação. Desse modo, deve-se tomar cuidado
com a reaplicação de toxina antes do tempo na região tratada.

Na Glabela encontram-se os músculos corrugador dos supercílios e o prócero. O


complexo glabelar origina-se na porção nasal do osso frontal, e se estende no sentido
lateral e para cima, para inserir no terço médio da sobrancelha. O corrugador é um
músculo mais profundo na porção medial e superficial lateral. É visível uma ondulação
na pele durante sua contração. O prócero é um músculo fino, estreito e superficial, é
o responsável pela formação de rugas horizontais sobre o ápice nasal (KNIZE, 2000;
GOODMAN, 1998).

Os pontos de aplicação nos músculos corrugadores geralmente são em duas partes,


sendo a parte inferior e a superior dos corrugadores. Nos homens, as doses da aplicação
variam de 4 a 12 unidades na região superior e 2 a 8 unidades na região inferior. Nas
mulheres de 4 a 8 e 2 a 6 U, respectivamente (MESKI, 2012).

A aplicação deve ser feita 1 cm acima da margem óssea supraorbital, para se evitar
complicações. Já no prócero, aplica-se de 2 a 8 U em um único ponto central, em uma
linha média, abaixo da linha da junção dos supercílios (MESKI, 2012).
84
TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

O músculo orbicular do olho circula a região periorbitária e se insere nos tendões


dos cantos interno e externo, assim como nas fibras dos músculos frontal, prócero e
corrugadores dos supercílios (AVRAM et al.,2008). Pacientes que apresentam rugas na
região periobicular dos olhos (pés de galinha), as quais surgem na área do canto externo
dos olhos, se beneficiam com a aplicação demasiada na elevação das sobrancelhas, pois
estas atenuam aquelas (MESKI, 2012).

É importante saber diferenciar as rugas das linhas que formam no sorriso pela contração
dos músculos zigmáticos que elevam a região malar. Isso porque o excesso de toxina
neste local pode indicar um efeito artificial e, em homens pode causar aspecto feminino
(WIEDER; MOY, 1998).

Os pontos de aplicação no músculo periocular geralmente são de 2 a 5 pontos variando


de 2 a 4 unidades por ponto. Os pontos de aplicação são determinados com o paciente
forçando ao máximo o sorriso. As aplicações são realizadas nas áreas que se formam
as rugas, distanciando 1 a 2 cm da margem óssea orbital, para se evitar complicações
(MESKI, 2012). A complicação mais evidente nessa área é a formação de hematomas,
por isso a injeção deve ser bem superficial, intradérmica (MESKI, 2012).

Envelhecimento e mímica

A musculatura da face deve ser analisada com um conjunto de forças vetoriais que
atuam de forma sinérgica e antagônica. Desse modo, deve-se ter cuidado, por exemplo,
com a cauda do supercílio que poderá ser cada vez mais elevada quanto mais fraca
for a força de ação da porção temporal depressora do músculo orbicular do olho ou
quanto mais fortes forem as fibras laterais do músculo frontal. Contudo, essa força
de ação resultante pode ser modificada com o tempo, no processo de envelhecimento
(MAIO, 2011).

A partir da mímica podemos notar que a ação de um músculo ou de um grupo muscular


interfere em outros músculos da mesma região. Isso acontece por conta das fibras dos
músculos que atuam sobre uma área específica, ou seja, a contração de um músculo
provoca relaxamento de seu antagonista e vice-versa.

Com o envelhecimento, o vetor gravitacional (descendente) supera os vetores


responsáveis pelo aspecto natural e jovem da estrutura facial, observando queda de
estruturas anatômicas em sentido caudal (MAIO, 2011).

85
CAPÍTULO 4
Resultados de aplicação da toxina
botulínica

Técnicas de aplicações

As toxinas mais utilizadas na prática clínica são o Botox® e o Dysport®. Segundo os


fabricantes o tempo de uso destes compostos é de 24h e 8h após aberto, respectivamente,
no entanto, sabe-se que na prática clínica a toxina botulínica normalmente é armazenada
no refrigerador por dias até semanas. Com o passar do tempo, tende a diminuir sua
eficácia e aumentar o risco de contaminação (MAIO, 2011).

Diferente do preenchimento que há diversas técnicas de aplicação. A toxina apresenta


apenas dois tipos de aplicações. A técnica padrão e a microinjeção. Na técnica Padrão
injeta-se no músculo um volume de 0,05 mL ou mais a depender do tipo do músculo
conforme já visto nos capítulos anteriores, com uma agulha de calibre 30 ou 32, em
ângulo perpendicular ou oblíquo. Esta técnica apresenta um risco de comprometimento
menor de músculos vizinhos (MAIO, 2011; AVRAM et al.,2008).

Na técnica de Microinjeção injetam-se na derme pequenas quantidades de toxina


botulínica, ou seja, quantidades menores a 0,025 mL a uma distância média de 1 cm,
muito superficialmente também com uma agulha no calibre de 30 ou 32. A fim de
proporcionar o efeito de mesobotox (AVRAM et al.,2008).

Indicações estéticas para aplicação de toxina


botulínica

Fronte

O paciente deve fazer a contração do músculo frontal, elevando as sobrancelhas, para


observar as assimetrias e linhas de expressão. O objetivo é diminuir as rugas da fronte
provocadas pela contração do músculo occipitofrontal. Geralmente, faz um total de 4 a
6 pontos, a dose depende do tipo de musculatura e do produto que estiver usando. Em
média a dose de Botox® é de 10 a 15 UI e de Dysport® de 25 a 40 UI (MAIO, 2011).

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TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

Os pontos laterais determinam o grau de movimento das sobrancelhas, assim quanto


mais medial a aplicação, maior o movimento lateral (sobrancelha arqueada). A injeção
deve ser feita profundamente, sem contato com o periósteo (AVRAM et al.,2008).

As complicações mais aparentes são: ptose de sobrancelha, lembrar-se de afastar


um dedo pra cima para poder aplicar o primeiro ponto, sinal de Mefisto (quando se
restringe a aplicação dos pontos na área entra as linhas médias das pupilas, arqueando
as sobrancelhas exageradamente) e rugas residuais de supercílio (MAIO, 2011).

Classificação dos padrões de contração


frontal

Padrão total

É o mais frequente, apresenta rugas (rítides) horizontais por toda a região frontal
sendo que avançam lateralmente além das linhas mediopupilares até o final da cauda
das dos supercílios. Sugere-se ponto de aplicação ao longo de toda a musculatura,
com doses maiores na região central e menores na região lateral (Figura 21) (BRAZ;
SAKUMA, 2010).

Figura 21. Padrão total de contração do músculo frontal A) Anatomia B) Paciente em contração máxima C)

Sugestão de distribuição dos pontos de aplicação da toxina.

Fonte:<http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/79/Estudo-piloto-dos-padroes-de-contracao-do-musculo-frontal>
acesso em:21/11/2015

Padrão medial

As rugas horizontais se concentram na região central da fronte, geralmente até a região


mediopupilar. Para estes pacientes sugerem-se pontos de aplicação, variando de um a
três, na região medial da fronte. Quando utilizam três pontos forma-se um triângulo ao
contrário (BRAZ; SAKUMA, 2010).

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UNIDADE III │ TOXINA BOTULÍNICA

Figura 22. Padrão medial de contração do músculo frontal A) Anatomia B) Paciente em contração máxima C)

Sugestão de distribuição dos pontos de aplicação da toxina.

Fonte:<http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/79/Estudo-piloto-dos-padroes-de-contracao-do-musculo-frontal>
acesso em: 21/11/2015

Padrão lateral

É o tipo menos frequente, as rugas horizontais apresentam-se nas laterais da fronte, a


maioria após a linha mediopupilar. Geralmente apresentam sobrancelhas arqueadas
diferentes das demais. Para esses pacientes sugerimos pontos de aplicação nas regiões
laterais, com doses baixas, para não comprometer o movimento da cauda da sobrancelha,
muitas vezes não é necessário pontos na região central (BRAZ; SAKUMA, 2010).

Figura 23. Padrão lateral de contração do músculo frontal A) Anatomia B) Paciente em contração máxima C)

Sugestão de distribuição dos pontos de aplicação da toxina.

Fonte:<http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/79/Estudo-piloto-dos-padroes-de-contracao-do-musculo-frontal>
acesso em: 21/11/2015

Glabela

Normalmente esta é a primeira região a ser tratada com a toxina botulínica. O


paciente deve fazer a contração dos músculos corrugador e prócero, fazendo uma
feição enfurecida, por exemplo. O objetivo é reduzir as linhas verticais proporcionadas
pelos músculos corrugadores e as linhas horizontais originadas pelo músculo prócero.
As possíveis complicações são: ptose palpebral e alargamento entre as sobrancelhas.
A injeção deve ser feita profundamente, sem contato com o periósteo (MAIO, 2011;
AVRAM et al.,2008).

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TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

Figura 24. Forçando os corrugadores.

Fonte: <www.botoxcosmetic.com>acesso em: 21/11/2015

Figura 25. Forçando o prócero.

Fonte: <http://boletim.med.br/boletim/artigos_ver.php?id=289> acesso em: 21/11/2015

Orbicular (pés de galinha e pálpebra inferior)

O paciente deve fazer a contração do orbicular dos olhos, sorrindo por exemplo. Estas
rugas são estáticas e dinâmicas localizando-se na parte lateral da pálpebra inferior. São
injetados superficialmente. A injeção na pálpebra inferior deve ser feita com cautela para
evitar resultados indesejáveis, como ressecamento ocular, lagoftalmo (incapacidade
total ou parcial da pálpebra fechar) e aparecimento de bolsas palpebrais. As complicações
podem ser: equimoses e hematomas (MAIO, 2011; AVRAM et al.,2008).

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UNIDADE III │ TOXINA BOTULÍNICA

Figura 26. Região do pé de galinha.

Fonte: <http://www.saudeocular.com.br/?s=sa%C3%BAde+ocular >acesso em: 21/11/2015

Figura 27. Região de pálpebra inferior.

Fonte: <http://www.portaldepaulinia.com.br/saude/beleza/26633-veja-a-tecnica-que-elimina-as-rugas-ao-redor-dos-olhos.
html> acesso em: 21/11/2015

Avaliação clínica
A avaliação clínica é primordial para o sucesso do tratamento, desse modo o exame
da função da musculatura facial é feito pela observação do paciente em repouso, com
verificação do tônus muscular, da simetria, de contrações e espasmos musculares e
das linhas e expressão facial, incluindo sulco nasogeniano. A função motora também é
testada. Deve solicitar ao paciente que eleve os supercílios, feche os olhos firmemente,
mostre os dentes, contraia os lábios entre outras expressões/mímicas (MAIO, 2011).

Conforme o paciente realizar as mímicas citadas acima e as linhas de expressão


aparecerem, com um lápis de maquiagem branco, por exemplo, o profissional irá
demarcar a área que será aplicada a toxina fazendo pontos entre as linhas que surgirem.
Estes pontos devem ser feitos em locais precisos para que não ocorra ptose, como já
comentado em capítulos anteriores (MAIO, 2011; AVRAM et al.,2008).

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TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

Contraindicações

Pacientes com esclerose lateral amioatrófica, Miastenia gravis, Esclerose múltipla,


e Síndrome de Eaton Lambert todas estas patologias apresentam transmissão
neuromuscular que podem se agravar em contato com a toxina botulínica (MAIO, 2011).
Pacientes que apresentam hipersensibilidade ou alergia à classe de toxina botulínica ou
seus incipientes (MAIO, 2011).

Interações medicamentosas, algumas substâncias como: aminoglicosídeos,


ciclosporinas, D-penicililamida, quinidina, sullfato de magnésio, lincosamidas e
aminoquinolonas podem interferir na transmissão neuromuscular ou neuroglandular
se associadas com a toxina botulínica (MAIO, 2011; AVRAM et al., 2008).

Além disso, o profissional deve ter cuidado com pacientes dismórficos, pois esses são
excessivamente preocupados com defeitos reais ou imaginários. Desse modo, cabe
ao profissional que irá realizar a aplicação esclarecer todos os possíveis resultados do
procedimento, ainda mais quando sabe que o mesmo não será atingido (MAIO, 2011).

Até o presente momento não foram publicados dados confiáveis sobre efeitos
teratogênicos da toxina botulínica em humanos, mesmo assim devemos evitar
tratamentos com mulheres grávidas, lactantes ou pacientes em tratamentos oncológicos
(MAIO, 2011; AVRAM et al., 2008).

Efeitos adversos da toxina botulínica

Equimoses

Os lugares mais comuns de ocorrer são na região frontal e na região periobicular. Para
evitarmos esse evento logo após a aplicação pode-se colocar uma compressa gelada
no local fazendo pressão. Além disso, o paciente pode ser orientado a suspender o uso
de anti-inflamatório não hormonal, alfa-tocoferol e Ginkgo biloba 10 dias antes da
aplicação (FILHO; PECORA, 2012).

Cefaleia

A toxina botulínica pode induzir cefaleia em alguns casos, principalmente quando


aplicada na região frontal, com etiologia desconhecida, podendo durar até 4 semanas
sendo necessário a administração de analgésicos (FILHO; PECORA, 2012).

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UNIDADE III │ TOXINA BOTULÍNICA

Muscular

A toxina botulínica em excesso pode acarretar em perda de expressão facial, paralisia


muscular incompleta, paralisia de músculos inadequados por dispersão da toxina para
grupos musculares indesejados (FILHO; PECORA, 2012).

Ptose palpebral

Pode ocorrer dispersão da toxina botulínica por meio forame orbital, com acometimento
do músculo levantador da pálpebra superior, levando ao aparecimento de ptose
palpebral entre 2 a 10 dias. Para evitar essa complicação deve-se respeitar a distância
de 1 cm da margem óssea orbital superior, assim como evitar a injeção muito baixa na
lateral do nariz, com dispersão da toxina através do septo orbital e acometimento do
músculo levantados da pálpebra superior. Esse evento geralmente desaparece por volta
de 1 mês. O que pode melhorar e antecipar o estímulo da musculatura é carboxiterapia,
eletroestimulação no local da ptose. Colírio de Tartarato de Brimonidina 0,2%, e
agonista alfa-adrenérgico, que estimula o músculo Müller também ajuda (1 gota no
olho acometido a cada 8 horas) (FILHO; PECORA, 2012).

Figura 28. Ptose palpebral à esquerda após aplicação de toxina botulínica A para tratamento de espasmo

hemifacial.

Fonte: Oliveira et al., 2010.

Ptose de sobrancelha

Ocorre geralmente com altas doses nos pontos da região frontal. Nessa região a
aplicação da toxina botulínica deve ser de 2,5 cm acima da sobrancelha, mantendo
sempre alguma atividade do músculo frontal diminuindo o aspecto de congelamento,
lembrando que os pontos devem ser sempre entre as linhas hemipupilares (FILHO;
PECORA, 2012).

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TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

Sinal Mefisto

Quando o paciente apresenta a sobrancelha com aspecto demoníaco. A correção desse


evento indesejado se faz com aplicação posterior de 1 ou 2 U de toxina botulínica
(Botox®) nas fibras laterais da região frontal (FILHO; PECORA, 2012).

Figura 29. Sinal Mefisto, sobrancelha arqueada com aspecto demoníaco. Excesso de ponto na linha

mediopupilar.

Fonte: <http://mmayrink.com.br/tag/ana-maria-pellegrini> acesso em: 21/11/2015

Bunny Lines

Consiste na intensificação ou aparecimento de linhas nasais após a aplicação de toxina


botulínica tipo A na glabela, evidenciada no sorriso. Pode ser corrigida aplicando 2 UI de
Botox® de cada lado da lateral do nariz, no músculo nasal. No entanto, deve ter atenção
nessa aplicação, o ideal é aplicar acima da linha nasofacial, evitando o acometimento
do músculo levantador do lábio superior e da asa nasal, com consequente ptose labial
(FILHO; PECORA, 2012).

Figura 30. Linhas Nasais proeminentes a partir do sorriso ou de uma mímica.

Fonte: <http://www.lkaesthetics.com/botox-treatments/2015/9/3/botox-for-bunny-lines> acesso em: 21/11/2015

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UNIDADE III │ TOXINA BOTULÍNICA

Diplopia

Tratamento de rugas periorbiculares, deve ser respeitado a distância de pelo menos 1


cm da margem óssea lateral da órbita, e além disso, deve utilizar volumes pequenos,
para evitar acometimento do músculo retolateral, com consequente diplopia a até
mesmo estrabismo (FILHO; PECORA, 2012).

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INFUSÃO UNIDADE IV
CONTROLADA DE CO2

CAPÍTULO 1
Introdução e história da infusão
controlada de CO2

Introdução e história da infusão controlada de


CO2
O dióxido de carbono, que é um gás inodoro e incolor, foi descoberto em meados de 1648.
É produzido e eliminado diariamente pelo organismo humano em grandes quantidades
pelos pulmões no processo de respiração. Sua produção no organismo acontece graças
ao resultado do metabolismo e reações oxidativas celulares. Seu uso terapêutico
iniciou-se somente três séculos depois de seu descobrimento, mais precisamente no
ano de 1932, na Estação Termal do Spy de Royat, França, por Pierre Laloutte. Com
a experiência adquirida na câmara de fumigação com sais de mercúrio, ele passou a
expor os portadores de úlceras crônicas aos vapores de combustão da magnésia alba
de forma seriada, aplicada a cada dois ou três dias. Esse foi o primeiro método de
tratamento sistemático do CO2 (BRANDI, 2001). Porém, a partir da década de 30,
surgiram os primeiros trabalhos sobre o tema, como o do cardiologista Jean Baptiste
Romuef, que teve sua publicação em 1953, após 20 anos de experiência utilizando em
seus tratamentos injeções subcutâneas de CO2 (ABRAMO, 2010).

Ainda atuando em patologias vasculares em 2002, Toryama mostrou excelentes


resultados na melhora da circulação periférica em pacientes com isquemia crítica, com
redução de 83% dos casos de amputação.

A produção industrial do gás carbônico permitiu sua utilização fora das estâncias
termais, abrindo uma nova perspectiva para a terapêutica com o CO2. No século XX
essa forma de obtenção criou um período na evolução terapêutica com o CO2 chamado
de “Período Terapêutico Recreativo Estético” (BRANDI, 2001).

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UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

Após a descoberta dos efeitos do dióxido de carbono e das suas utilizações na medicina,
os métodos foram se desenvolvendo. Nos dias atuais, graças a equipamentos capazes de
controlar o fluxo injetado por minuto, é possível usar esse procedimento em vários tipos
de tratamentos terapêuticos e até mesmo estéticos, como, por exemplo, no tratamento
de estrias, cicatrizes, celulite, gordura localizada, flacidez cutânea, rugas, olheiras,
feridas, calvície, psoríase, dentre vários outros (MARSILI, 2006).

Tudo isso fez com que seu conhecimento terapêutico fosse disseminado não só na
França, mas também na Itália e vários outros países da Europa e de outros continentes,
como o Brasil. Na Itália já se trabalha com a técnica há dez anos, e hoje é a mais realizada
nos tratamentos de F.E.G e adiposidade localizada (FRASCA, 2002; MARSILI, 2006).

A infusão controlada de CO2, conhecida popularmente como carboxiterapia, é uma


técnica que trabalha com injeção do dióxido de carbono – CO2 no tecido subcutâneo. É
uma prática que tem proporcionado melhora fisiológica, com melhor irrigação sanguínea
do local e, consequentemente, melhor oxigenação do tecido (ABRAMO, 2010).

O gás carbônico é o mais utilizado em cirurgias de videolaparoscopia para a insuflação da


cavidade abdominal, histeroscopia e como contraste em arteriografia e ventriculopatia
(ABRAMO, 2010).

O CO2 tem um poder de difusão muito forte, por esse motivo não oferece riscos ao
paciente. Ele é atóxico e é eliminado facilmente do tecido, sendo assim, os riscos de
embolia gasosa fatal nesse tratamento são mínimas (BRANDI, 2001).

Um dos principais produtos do metabolismo celular é o ácido carbônico (H2CO3),


excretado através dos pulmões sob a forma de gás carbônico (CO2). Portanto é totalmente
inócuo para nosso organismo (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

CO2 é 20 vezes mais difundido que o O2, portanto o aumento de volume que ocorre após a
aplicação é rapidamente absorvido e eliminado, ficando somente o efeito vasodilatador
que irá promover os benefícios locais (BRANDI, 2004).

O dióxido de carbono

O ácido carbônico (H2CO3) é produzido durante o metabolismo e excretado em forma


de CO2 pelos pulmões no processo de respiração. A quantidade de CO2 transportada em
sangue venoso é de aproximadamente 200 ml/min no adulto em repouso, mas pode ser
aumentada durante a atividade física (FRASCA, 2002; MARSILI, 2006).

Com a ajuda de uma enzima denominada anidrase carbônica, o CO2 é hidratado no


interior do eritrócito e forma o ácido carbônico (H2CO3). A dissociação de um hidrogênio
96
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

é espontânea e rápida, liberando um H+ livre e bicarbonato (HCO3). Quando estes são


muitos dentro do eritrócito, difundem-se para fora do mesmo. O hidrogênio liberado
liga-se à hemoglobina formando hemoglobina reduzida e liberando O2, fazendo com
que haja maior disponibilidade dessa substância para as reações metabólicas do corpo
(ABRAMO, 2010).

A infusão controlada de CO2 possibilita, especialmente no tecido conjuntivo, uma


melhor drenagem vaso linfática devido ao aumento da vasodilatação e consequente
melhoria na oxigenação do tecido tratado. Estudos experimentais demonstram que em
casos de isquemia crítica o tratamento com carboxiterapia já chegou a evitar mais de
80% das amputações (FRASCA, 2002; MARSILI, 2006).

A infusão do gás provoca distensão tecidual e aumento da concentração de


barorreceptores, corpúsculos de Golgi e Paccini, causando liberação de substâncias
como histamina, bradicinina, serotonina, catecolamina, que atuam em receptores
beta-adrenérgicos, que ativam a adenilciclase, ocasionando aumento da AMPc tissular
e quebra de triglicérides. Isso faz com que a carboxiterapia seja utilizada como uma
importante forma de diminuição do tecido adiposo acumulado e consequente redução
de medidas. O CO2 utilizado pela carboxiterapia no Brasil possui em média 99,99%
de pureza, o que o torna ótimo para o tratamento terapêutico (ALTECHEK; SODRE;
AZULAY, 2006).

O volume de aplicação do dióxido de carbono por sessão pode variar entre 500 ml a
2.000 ml. O que se deve levar em consideração é que a aplicação é punturada e em
cada ponto deve ser feita de uma a duas vezes dependendo do peso da pessoa que
esteja realizando o tratamento; isso será explicado mais adiante, quando falarmos de
velocidade (ABRAMO, 2010; EGRAND et al, 2009; FRASCA, 2002; MARSILI, 2006;
(ALTECHEK; SODRE; AZULAY, 2006).

Nos banhos em água carbonada, a espessura da camada de queratina e a compactação


das suas fibras não impedem a difusão do CO2 para os tecidos mais profundos, mas
impedem a passagem e retêm, no seu interior, algumas moléculas do gás (BORGES et
al, 2008).

A perda dessas moléculas faz com que a concentração na água do banho prejudique
parcialmente a efetividade do procedimento. De maneira distinta, na infusão controlada
do gás carbônico medicinal, o CO2 é injetado diretamente no interior da pele, não
sofrendo bloqueio e retenção das suas moléculas durante a aplicação (BRANDI, 2001).

Com isso, mantém nos tecidos o mesmo volume programado pelo aparelho insuflador
do gás. Como o volume injetado representa a concentração do CO2 nos tecidos, a

97
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

infusão controlada do gás carbônico medicinal apresenta 100% de aproveitamento


(BRANDI, 2001).

Mecanismo de ação

Após a aplicação, o CO2 irá agir no local e rapidamente será difundido, deixando apenas
seus efeitos, tais como, aumento da microcirculação, ativação de barorreceptores
cutâneos, potencialização do efeito Bohr e vasodilatação. O CO2 possui ação direta local
pelo miócito e indireto mediado pelo sistema nervoso simpático, com isso a vasodilatação
arteriolar é evidente imediatamente à aplicação pela observação da hiperemia que a
pele apresenta. A ação direta do CO2 sobre o miócito vascular prevalece em nível local
e indireto mediado pelo sistema simpático, que pode ser registrado a distância. O CO2
atua, sobretudo, na microcirculação vascular do tecido conjuntivo, promovendo uma
vasodilatação e um aumento da drenagem venolinfática (LEVER; LEVER, 1991).

O aumento da circulação interfere no aumento da oxigenação local e, por sua vez,


um tecido bem oxigenado possui um metabolismo mais acelerado, resultando em
maior lipólise, melhor cicatrização e maior produção de colágeno, que irá refletir, por
exemplo, na cicatrização de feridas, perda de peso, melhoria das estrias e de problemas
como flacidez e rugas. O aumento do oxigênio é importante, pois elimina a formação
de fluidos entre as células. O resultado é um menor número de células gordurosas e um
subcutâneo mais firme. Portanto, a utilização desse gás promove o aumento do fluxo
dos vasos sanguíneos, com consequente aumento do metabolismo e vascularização da
área a ser tratada (LEVER; LEVER, 1991; LOPES, 2005).

Após a aplicação, há, além da melhoria da circulação e da distribuição do oxigênio, a


ativação de receptores devido à hiperdistensão subcutânea, ativando os barorreceptores,
sendo estes os corpúsculos de Golgi, sensíveis a baixas pressões, e os corpúsculos de
Pacini, sensíveis a altas pressões, com consequente liberação de substâncias como
bradicinina, catecolamina, histamina e serotonina. Essas substâncias atuam em
receptores beta-adrenérgicos ativando a adenilciclase, promovendo assim o aumento
do AMP tissular e consequente ação final hidrolítica sobre os triglicérides dos adipócitos
(LEVER; LEVER, 1991).

Além disso, a afinidade do CO2 pela hemoglobina ao ser inversamente proporcional


à concentração de gás carbônico causa hiperoxidação do tecido, com efeito lipolítico
oxidativo. Esse processo pode ser explicado pela potencialização do efeito Bohr, a
ação do CO2 injetado envolve vasodilatação local com consequente aumento do fluxo
sanguíneo local e da pressão parcial de oxigênio (PpO2). O aumento da PpO2 é resultante
da potencialização do efeito Bohr, ou seja, há redução da afinidade da hemoglobina pelo

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INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

oxigênio, acarretando uma maior quantidade de O2 que estava retido pela hemoglobina
para ficar disponível para o tecido a ser tratado (LOPEZ, 2003; LOPES, 2005).

A presença de CO2 nos tecidos reduz o pH no local da aplicação e resulta numa resposta
inflamatória. Isso interfere na hemodinâmica celular resultando em formação de novos
vasos sanguíneos. O que mais interfere na resposta do organismo à infusão de CO2 é a
pressão parcial de gás nos tecidos, mostrando a importância de se aplicar a concentração
adequada de CO2 para alcançar eficácia nos resultados (KEDE; SABATOVICH, 2003;
LOPES, 2005).

A pressão de infusão do CO2 é correspondente à pressão de gás medicinal injetado


nos tecidos, e não ao gás existente no cilindro de armazenamento. Essa pressão é
influenciada por fatores, sendo estes a válvula de controle de gás acoplada ao cilindro e
o mecanismo de autorregulação do aparelho insuflador (ABRAMO, 2010).

A velocidade do fluxo de aplicação nos tecidos é importante por determinar a


intensidade do estímulo desencadeador da resposta inflamatória, variando conforme o
local e a resistência tecidual. Essa velocidade vai de 1 a 180 mlCO2/min, porém os mais
utilizados variam de entre 80 a 180 mlCO2/min (ABRAMO, 2010; MARSILI, 2006;
LOPES, 2005).

Resumo mecanismo ação


Vasodilatação arteriolar Ação direta sobre o miócito vascular prevalece em nível local e indireto
mediado pelo sistema simpático, que pode ser registrado a distância.
Atua, sobretudo, na microcirculação vascular do tecido conjuntivo,
promovendo uma vasodilatação e um aumento da drenagem
venolinfática.

Potencialização Efeito Há redução da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, acarretando


Bohr uma maior quantidade de O2 que estava retido pela hemoglobina para
ficar disponível para o tecido a ser tratado. Simplificando, é a tendência
de o O2 deixar a corrente sanguínea quando a concentração de CO2
aumenta.

Aumento velocidade Promove o aumento do fluxo dos vasos sanguíneos, com consequente
microcirculatória aumento do metabolismo e vascularização da área a ser tratada.

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UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

Ativação Devido à hiperdistensão do subcutâneo, há estímulo dos


barorreceptores barorreceptores - corpúsculos de Golgi (sensível a baixas pressões) e
cutâneos de Pacini (altas pressões) - e consequente liberação de substâncias
como: bradicinina, catecolamina, histamina e serotonina.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes
artigos:

ABRAMO, A. C. Infusão controlada de CO2: carboinsuflação. São Paulo: Ed. Do


Autor, 2010.

RESCH, K. L.; JUST, U. Possibilidades e limites da carboxiterapia. Review


German, 2004, v. 3, no 1: pp. 45-50.

KOUTNA, N. (2006) Carboxytherapy: a new noninvasive method in aesthetic


medicine. Cas Lek Cesk 145:841–843.

PARASSONI, L.; VARLARO, V. La Carbossiterapia: una metodica in evoluzione.


Riv. La Medicina Estetica.1997. 21(1). Editrice Salus Internazionale, Roma.

BROCKOW, T.; HAUSNER, T.; DILLNER, A.; RESCH, K. L. Clinical Evidence of


Subcutaneous CO2 Insufflations: A Systematic Review. J Altern Complement
Med.2000; vol 6 (5): 403.

Os equipamentos

O fluxo e o volume total de aplicação na infusão controlada de CO2 são controlados por
equipamentos apropriados. No Brasil, o aparelho a ser utilizado deve ser registrado
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a fim de proporcionar maior
conforto e segurança a quem recebe a aplicação (ABRAMO, 2010; EGRAND et al, 2009).

Independentemente da marca ou do modelo do aparelho, este irá apresentar


características comuns, tais como um cilindro que se liga ao aparelho por meio de
um regulador de pressão de gás. Ele é injetado por meio de uma sonda com agulha
pequena diretamente na pele do paciente. Quanto ao fluxo utilizado, muitos são
os autores que discutem a quantidade necessária de aplicação para cada tipo de
tratamento (MARSILI, 2006).

100
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

Esse equipamento é composto por três segmentos distintos: equipo descartável,


aparelho insuflador do gás e sistema cilindro-válvula controladora de pressão que
armazena e regula a pressão da saída do gás carbônico medicinal para o circuito do
aparelho insuflador. (Figura 31).

Figura 31. Composição de equipamento para realização de insuflação controlada de CO2.

Fonte: <http://www.ibramed.com.br>

O equipo utilizado deve ser atóxico, estéril, apirogênico e descartável, formado


por agulha 30G½ acoplada a um filtro que, por sua vez, é conectado ao cateter de
poliprolipeno com diâmetro de 0,3cm, portanto, um fixador na extremidade livre. O
reduzido diâmetro da agulha, em relação ao diâmetro do cateter, permite que o gás seja
introduzido com maior pressão, facilitando sua difusão através dos tecidos (figura 32).
O filtro possui uma lâmina de policloreto de vinila, com espessura de 0,2µ na grade de
filtragem, do tipo microbiológico e hidrofóbico, cuja função é reter possíveis impurezas
existentes no interior do cateter ou no circuito do insuflador (RESCH; JUST, 2004).

Figura 32. Equipo atóxico para insuflação de CO2 e agulha 30G½.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

101
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

A pressão de infusão do CO2 corresponde à pressão do gás carbônico medicinal que


é introduzido no interior dos tecidos e não deve ser confundida com a pressão do gás
carbônico no interior do cilindro de armazenamento (BRANDI, 2001).

O sistema que controla a pressão de entrada do CO2 no aparelho insuflador é composto


pelo cilindro armazenador do gás carbônico medicinal, por uma válvula reguladora da
pressão do gás que sai do cilindro e um manômetro, indicador da quantidade de CO2,
no estado gasoso, no interior do cilindro. A válvula de controle de pressão do gás está
ligada ao aparelho insuflador do CO2 por meio de uma mangueira de material plástico
ou polipropileno flexível, fechando o circuito de condução do gás no equipamento.
(Figura 33).

Figura 33. Sistema cilindro e válvula controladora de pressão.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

102
CAPÍTULO 2
Carboxiterapia e suas aplicações

Métodos de aplicação
A velocidade do fluxo da infusão de CO2 nos tecidos determina a intensidade do
estímulo lesivo que desencadeia a resposta inflamatória no local da aplicação,
variando de conformidade com a região anatômica e a resistência imposta pelo
tecido. O programa do aparelho regula a rapidez com que o CO2 será injetado
no interior dos tecidos. Velocidades do fluxo de infusão compreendidas entre 80
a 180 ml/min são consideradas efetivas para desempenho da carboinsuflação.

Será que regular somente a velocidade é o suficiente para obter resultado


satisfatório quando tratamos de disfunções do tecido adiposo?

A manutenção da temperatura do ambiente, ao redor de 24°C a 25°C, no local


onde se realiza a carboinsuflação promove maior conforto durante a aplicação e,
ao mesmo tempo, potencializa a ação vasodilatadora local do CO2.

Antes de iniciar a aplicação do dia ou se o aparelho ficar mais de cinco horas


parado, deve-se deixar escapar 150 ml de gás, pois o O2 parado, quando aplicado,
faz com que a região fique inchada por duas semanas.

A profundidade da aplicação é determinada de acordo com o propósito a que se destina


o procedimento. Quando o objetivo está direcionado para atividades terapêuticas de
características não estéticas, a aplicação do gás deve ser realizada profundamente, no
interior do tecido. (RESCH; JUST, 2004)

A aplicação profunda tem como objetivo promover a lise do tecido adiposo subcutâneo,
com o propósito de reduzir o excesso de gordura localizada, melhorando o contorno
corporal da região comprometida. Assim, quando tratarmos gordura localizada e F.E.G,
ou seja, tecido adiposo, a agulha deverá estar de 90° a 45° em relação à pele, dependendo
da espessura do tecido adiposo subcutâneo da região (Figura 34 A) (ABRAMO, 2010).

A pouca espessura da derme, em média 1 a 2 mm, acrescida da resistência da camada


córnea da epiderme e ao diâmetro da agulha, torna difícil afirmar que a infusão
controlada de CO2 pode ser realizada com precisão em dois ou três planos dérmicos
distintos: superficial, intermediário e profundo. Nesse plano, somente a ponta da

103
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

agulha bizel voltada para cima deverá ser introduzida, para garantir a superficialidade
durante a injeção. (Figura 34 B) (MENEGAT, 2014).

A distensão e a pápula branca que se observa na pele durante a infusão do gás


demonstra que a aplicação está sendo realizada superficialmente, ou seja, no interior
da derme (Figura 35). (CARVALHO; VIANA; ERAZO, 2005) Essa aplicação atende a
dois propósitos:

1. reposição e remodelação das fibras de colágeno, reticular e elástica da


derme, para recuperar a consistência e elasticidade da pele.

2. aumento do fluxo sanguíneo da microcirculação cutânea da região


infundida, elevando numericamente os pequenos vasos pré-capilares e
pós-capilares locais, assim como promovendo a sua dilatação.

Figura 34. Inclinação da agulha.

A - Inclinação da agulha para trabalho no tecido adiposo

B - Inclinação da agulha para trabalho na derme

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

Figura 35. Pápula branca sendo observada durante a infusão do gás de CO2.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

104
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

Volume do gás na infusão controlada do CO2


Como já dito anteriormente, nosso organismo em repouso produz 200 ml/min de CO2.
No exercício físico pode aumentar até dez vezes. O volume total de dióxido de carbono
usado em uma sessão corresponde à somatória dos volumes infundidos em cada
punctura, podendo chegar em um total de 2.000 ml; valores acima disso não causam
grandes prejuízos porém induzem mais ao desconforto do paciente podendo levá-lo ao
desmaio.

É preciso considerar que existe uma relação direta entre o peso do indivíduo e o conjunto
formado pela extensão da superfície cutânea e o volume do tecido adiposo ao longo dessa
superfície. Por essa razão, parece ser adequado relacionar o volume do gás aplicado
na infusão controlada do CO2 com o peso ponderal, estabelecendo valores dirigidos
às necessidades de cada indivíduo em particular. Para um melhor aproveitamento do
CO2, o volume do gás a ser injetado é calculado de acordo com o peso ponderal, e não
com índice de massa corporal. Dessa maneira, consegue-se atingir uma concentração
adequada do CO2 nos tecidos para desencadear uma resposta inflamatória no local da
aplicação. Assim sendo, considera-se como fator de eficiência a variação do volume
de 1 ml até 2 ml de CO2 por quilo de peso do indivíduo, representado por mlCO2/kg. A
distância entre as puncturas fica 3 a 15 cm entre si (Figura 36). O volume escolhido
é aplicado por punctura, ou seja, unitariamente em cada um dos pontos onde o
gás será injetado (ABRAMO, 2010). O cálculo do volume de gás baseado no peso
ponderal do indivíduo se aplica no tratamento de alterações do tecido adiposo
(RESCH; JUST, 2004).

Exemplo:

Peso 50 kg.

Mínimo por ponto será 50 mlCO2/cm

Máximo por ponto 100 mlCO2/cm

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

105
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

Figura 36: Distância entre os pontos para modo punturação.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

Velocidade do fluxo de infusão ou velocidade de


aplicação do CO2

Esse é um dos fatores decisivos para a efetividade da infusão, e não deverá ser confundido
com o volume de gás aplicado em cada punctura. Sua escolha é influenciada pela
resistência dos tecidos e pela intensidade do efeito lesivo que se deseja promover, razão
pela qual ela pode deferir em diferentes áreas de um mesmo indivíduo. O descolamento
ou distensão dos tecidos e a intensidade de ruptura tecidual são proporcionais à
velocidade do fluxo de infusão do gás (CARVALHO; VIANA; ERAZO, 2005).

Velocidade entre 150 a 180 ml CO2/min promove uma distensão tecidual rápida,
eficiente e segura, aumenta o desconforto provocando dor durante aplicação, mas
traz os melhores resultados em razão de o dano interno ser maior. Áreas de menor
resistência, como pálpebras, suportam melhor a velocidade de 80 a 100ml CO2/min
(ABRAMO, 2010; MENEGAT, 2014).

80 a 100ml CO2/min região periorbital, facial, alterações de origem funcional e


reparadora.

101 a 150ml CO2/min alterações morfológicas da pele e adiposidade da face.

151 a 180ml CO2/min flacidez cutânea e adiposidade localizada, na recuperação


do contorno corporal.

Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes
artigos:

ABRAMO, A. C. Infusão controlada de CO2: carboinsuflação. São Paulo: Ed. Do


Autor, 2010.

106
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

BORGES, F.; SCORZA, F. Carboxiterapia: uma revisão; Revista Fisioterapia Ser –


2008, v. 3, no 4: pp. 108-17.

MENEGAT, T. A. Guia Prático de Carboxiterapia. São Paulo, Ed. Aiko Ltda, 2014.

Indicações e contraindicações

Indicações

A infusão controlada de CO2 é um tratamento indicado para os seguintes casos:

»» Estrias.

»» Flacidez tissular.

»» F.E.G.

»» Adiposidade localizada.

»» Olheiras.

»» Linhas de expressão.

»» Revitalização facial.

»» Tratamento complementar à lipoaspiração.

»» Pós-operatório de cirurgias plásticas.

»» Calvície.

»» Microvarizes.

»» Feridas abertas.

»» Psoríase.

Contraindicações

Não há importantes contraindicações, por ser um gás atóxico, não embólico, que já está
normalmente presente no organismo, amplamente aplicado na medicina e isento de
efeitos sistêmicos nas doses empregadas.

»» Patologias crônicas de pulmões ou coração.

»» Infecção no local de aplicação.

107
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

»» Gravidez.

»» Hipertensão crônica.

»» Anemia.

»» Colagenoses (lupus, esclerodermia, dermatomiosite).

»» Epilepsia.

(ABRAMO, 2010; BORGES; SCORZA 2008; MENEGAT, 2014)

108
CAPÍTULO 3
Carboxiterapia nas alterações estéticas

Adiposidade localizada

O tecido adiposo, também chamado de hipoderme é um tipo especializado de


tecido conjuntivo composto por células denominadas adipócitos. Os adipócitos são
reservatórios de energia, que são acumulados em forma de lipídio (triglicerídeos). Eles
são adquiridos graças ao desequilíbrio entre as necessidades energéticas diárias e a
quantidade ingerida. Caso a ingestão seja maior que a necessária, a pessoa irá armazenar
o excesso nesse tecido (ABRAMO, 2010; COSTA, 2011).

O tecido adiposo é altamente vascularizado, resultando em constantes trocas gasosas


entre ele e a corrente sanguínea. Até pouco tempo esse tecido era considerado como
um depósito passivo de energia, porém, nos dias atuais, estudos mostraram que ele
é um tecido metabolicamente ativo, com funções de isolamento térmico, secretor de
proteínas, produtor de peptídeos bioativos, amortecedor de trauma e modelador da
superfície do corpo (ABRAMO, 2010).

Esse tecido é formado por três camadas: areolar, intermediária e profunda. A camada
areolar é a camada superficial e mais propensa à lipólise. A intermediária situa-se entre
a areolar e a profunda e é fibrosa e delgada. A camada profunda é mais resistente à
lipólise e possui mais espessura (Figura 37) (ALTECHEK; SODRE; AZULAY, 2006;
GUIRRO; GUIRRO, 2002; COSTA, 2011).

O padrão de localização de gordura varia do sexo feminino para o masculino, sendo


que as mulheres apresentam um padrão ginoide, com gordura predominante nos
flancos, quadril, glúteos, face interna da coxa, região troncantérica e face medial
do braço. No padrão masculino ou androide, a gordura costuma localizar-se na
parede abdominal superior, flancos e região cervical (ABRAMO, 2010; KEDE;
SABATOVICH, 2003).

109
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

Figura 37. Camadas do tecido adiposo sendo areolar e lamelar.

Fonte: Silva, 2010.

A carboxiterapia tem sido largamente utilizada no tratamento da gordura localizada,


sendo aplicada nos locais que apresentam maior porcentual de gordura, conforme
mencionado anteriormente, e tem a função de aumentar ainda mais a vascularização
tecidual, o que proporciona maior concentração de oxigênio e aumento do metabolismo
local, levando à lipólise e à diminuição da quantidade de gordura. A injeção controlada
de CO2 tem maior atuação na camada areolar, no entanto age também na camada
profunda em razão da vascularização e facilidade de difusão de gás nessa localidade
(COSTA, 2011).

A carboinsuflação apresenta eficácia na destruição dos adipócitos, reduzindo assim


a adiposidade localizada. Deve ser aplicada em um ou mais ciclos, que devem ser
estabelecidos de acordo com o porcentual de gordura e com as respostas fisiológicas
do tratamento (COSTA, 2010). Cada ciclo é formado por dez sessões dividido em duas
etapas, a primeira constituída de quatro sessões com intervalo de 24 horas e a segunda
formada por seis sessões com intervalo de 72 horas (ABRAMO, 2010; COSTA, 2010).
Para obter-se uma elevada concentração de CO2 nos tecidos, é necessário que as quatro
primeiras sessões sejam diárias, enquanto que para manter a concentração de gás
elevada, o intervalo deve ser de 72 horas (COSTA, 2011).

A infusão de gás é profunda e feita por punturação, lembrando que nesse caso é
necessário fazer o cálculo multiplicando o peso ponderal do paciente por 1,5 ou 2
ml CO2. O valor obtido será a quantidade a ser aplicada por ponto. A quantidade de
puncturas é variável, dependendo da extensão e do objetivo do tratamento. A distância
entre as puncturas também altera conforme o tratamento, podendo variar entre 3 e 5
cm. A velocidade do fluxo varia de 100 a 180 mlCO2/min, dependendo do volume do
tecido adiposo (ABRAMO, 2010; BRANDI, 2001; COSTA, 2010).

110
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

O CO2 atua primeiramente diminuindo o pH da região, a lise do tecido ocorre pela


destruição mecânica do adipócito, ou seja, a velocidade infundida e a oxidação dos
lipídeos da célula gordurosa induzidas pelo CO2 injetado no local. Ao mesmo tempo,
a hipercapnia que se instala após a infusão do gás carbônico nos tecidos potencializa o
efeito Bohr dentro das hemácias, desviando a curva de dissociação, aumentando, assim,
a oferta de oxigênio aos tecidos (EGRAND et al, 2009).

Resumo de adiposidade – método de


aplicação
Punturado, sendo 1,5 a 2 ml por kg.

Velocidade 100 a 180 ml CO2/min.

Distância dos pontos: 3 a 5 cm.

É necessário serem realizadas no mínimo 10 sessões, com intervalos de 24 horas


nas 3 primeiras e nas demais com intervalo de 72 horas.

Vamos tentar montar o protocolo dessa


paciente?
Paciente de 32 anos, sexo feminino, 80 Kg e 1,70 m de altura, com IMC 27,68 –
Sobrepeso.

Marque os pontos no abdômen da foto e ao lado coloque quanto aplicaria por


ponto e qual velocidade seria.

CARBOXITERAPIA

Por ponto:_______ml

Velocidade:_______ml/min

Fará_____ x por semana

111
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

Já na hidrolipo com Carboxi; H.L.C que significa hidrolipoclasia não aspirativa,


o procedimento consiste na aplicação de soro fisiológico na região com adiposidade
localizada, em seguida é realizada uma sessão de ultrassom ou manthus e, para finalizar,
aplicação de carboxiterapia; após um período de 48 horas é realizada uma drenagem
linfática manual (COSTA, 2011) (Figura 38).

O soro fisiológico em contato com o gás carbônico forma uma reação química, com
liberação de íons, proporcionando um meio ácido no local da aplicação. Essa acidez
tecidual confere um aumento da oxidação lipídica por meio da ativação das lipoproteínas
lípases (LPL), potencializando o poder de lipólise (MENEGAT, 2014).

Figura 38. Sequência da H.L.C.

Aplicação de 20 ml de soro
fisiológico em cada região

Aplicação de
5 minutos por
ponto de
Aplicação de
Manthus ou
carboxiterapia forma
US
puntural

Após 48hrs
aplicação de
DLM

Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

112
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

RESUMO DE H.L.C – MÉTODO DE APLICAÇÃO

1o DIA

Punturado, sendo 10 A 20 ml por ponto.

Distância dos pontos: 4 a 6 cm.

U.S ou manthus por 20 minutos no máximo.

Carboxiterapia tradicional para gordura.

2o DIA

Drenagem linfática manual ou plataforma vibratória ou endermoterapia etc.


Qualquer procedimento que ative o sistema linfático.

[Saiba Mais]

Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes
artigos:

COSTA, C. S.; OTOCH, J. P.; SEELAENDER, M. C. L.; NEVES, R. X.; MARTINEZ, C. A. R.;
MARGARIDO, N. F. Avaliação citométrica dos adipócitos localizados no tecido
subcutâneo da parede anterior do abdome após infiltração percutânea de
CO2. Rev Col Bras Cir. 2011; 38(1).

ERASO, Juan C.; MOTTA, Angela M. Hidrolipoclasia abdominal: Variaciones


técnicas y resultados antropométricos en tres centros de medicina estética de
Bogotá. Colegio Mayor de Nuestra Señora del Rosario Escuela de Medicina y
Ciencias de la Salud Especialización en Medicina Estética 2011

BRANDI, C.; D`ANIELO, D.; GRIMALDI, L.; BOSI, B.; DEI, I et al. Carbon Dioxide
Theraphy in the Treatment of Localized Adiposities: Clinical Study and
Histopathological Correlations. Aesthet Plast Surg. 2001; 25:170- 174.

113
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

BROCKOW; HAUSNER; DILLNER; RESCH. Clinical Evidence of Subcutaneous


CO2 Insufflations: A Systematic Review. J Altern Complement Med. 2000; vol 6
(5): 403.

ABRAMO, A. C. Infusão controlada de CO2: carboinsuflação. São Paulo: Ed. Do


Autor, 2010.

MENEGAT, T. A. Guia Prático de Carboxiterapia. São Paulo, Ed. Aiko Ltda, 2014.

F.E.G – Fibro Edema Geloide


Disfunção que aparece em 99% da população feminina, a F.E.G, vulgo celulite. Hoje
algumas pesquisas já consideram a F.E.G como característica ligada ao sexo feminino,
sendo comum e normal tê-la antes dos 15 anos de idade. A F.E.G chega a atingir 80%
das mulheres com mais de 35 anos de idade (CORRÊA, 2008).

O tecido adiposo acumulado no corpo forma em certas regiões o aparecimento de


celulites. As celulites aparecem graças ao mau funcionamento dos adipócitos, que retêm
maior quantidade de líquido e maior teor de lipídeos, causando também má circulação
na região, devida à compressão dos vasos sanguíneos pelo aumento do volume da célula
(CORRÊA, 2008; LEE, 2010).

Histologicamente, o tecido celulítico apresenta alteração do interstício, com aumento


da viscosidade, hipo-oxigenação, estase vênulo capilar e caso não seja tratada, pode
evoluir para um estágio de fibrose cicatricial (LEVER; LEVER, 1991).

Apresenta-se em diferentes graus e tipos. Ela pode ser na forma flácida, que vem
acompanhada de flacidez muscular e/ou tissular. Esse tipo ocorre mais em mulheres
com o biótipo magro e com pele mais branca, pois são pessoas com menor quantidade
de melanina e esta, por sua vez, também ajuda na tonicidade da pele. Outra forma
é a compacta, que está associada a depósitos de gordura localizada, sem nenhuma
diferença histológica. Temos também a forma edematosa, que é devida à retenção
hídrica, e a forma mista, onde podemos ter mais de um tipo de F.E.G em um mesmo
individuo (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

A F.E.G foi classificada em vários estágios, e de acordo com o estágio em que se encontram
as manifestações cutâneas mostram-se mais exacerbadas. Atualmente, consideram-se
os quatro estágios a seguir (CORRÊA, 2008):

Estágio I ou Edematoso: só aparece quando fazemos compressão da região. Há


uma alteração das células do tecido adiposo, porém a região afetada não apresenta

114
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

modificação circulatória e nem dos tecidos de sustentação, apenas uma dilatação


venosa. Não há sinais visíveis na pele nem dor nesse estágio da celulite; ela só aparece
quando fazemos compressão da região.

Estágio II ou Exsudativa: nesse estágio a F.E.G caracteriza-se por uma alteração


circulatória por compressão das microveias e vasos linfáticos. O sangue e a linfa ficam
estagnados e, consequentemente, ocorre um edema intercelular. Também há um
endurecimento do tecido de sustentação e as irregularidades na pele ficam aparentes,
mas ainda não existe dor.

Estágio III ou de Fibrose: nesse estágio os recursos utilizados devem ser bem mais
variados para que haja resultados consideráveis. A F.E.G apresenta-se com o aspecto de
“casca de laranja” e fica dolorida. A fibrose se instala e a circulação acaba comprometida.
Vasinhos e microvarizes podem surgir, além de uma sensação de peso e cansaço nas
pernas.

Estágio IV ou de Esclerose: é a fase considerada mais grave, com as fibras mais


duras, formando nódulos, e a circulação prejudicada. A pele apresenta depressões e
tem aspecto acolchoado. Ocorrem aderências à aponeurose muscular. Na termografia,
os aspectos anteriores aparecem como verdadeiros “buracos negros”, que são regiões de
circulação diminuída, representando a formação de fibroses. As pernas ficam pesadas,
inchadas e doloridas e a sensação de cansaço é frequente, até sem o menor esforço.

Atuação do CO2: O CO2 atua, sobretudo, na microcirculação vascular do tecido


conectivo, promovendo vasodilatação e aumento da drenagem venolinfática. Com
a vasodilatação, o fluxo de nutrientes aumenta, entre eles as proteinases necessárias
para remodelar os componentes da matriz extracelular (MEC) (LEVER; LEVER, 1991;
CORRÊA, 2008).

A ação lipolítica oxidativa atua diretamente na etiologia da F.E.G quebrando o círculo


vicioso que envolve a alteração bioquímica do interstício (aumento de viscosidade),
estase vênulo-capilar, com hipo-oxigenação e, consequentemente, sofrimento do
adipócito. Como a microcirculação se altera na panicolopatia fibroesclerótica, o
aumento do fluxo sanguíneo que a injeção de CO2 promove exerce importante papel no
tratamento dessa patologia (LEVER; LEVER, 1991).

As punturas são unitárias, aplicadas no centro das ondulações. A aplicação inicia-se apenas
com a ponta da agulha introduzida na pele, e, posteriormente, esta será introduzida na
gordura. Esta forma de aplicação estimula a vascularização e fibrogênese, melhorando
a elasticidade e fortificando o tecido conjuntivo, provocando a lise dos lipídeos e,

115
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

consequentemente, diminuindo a projeção do lobo de gordura (ABRAMO, 2010; CORRÊA,


2008; MENEGAT, 2014).

RESUMO DE F.E.G – MÉTODO DE APLICAÇÃO

Punturado, sendo 1 a 2 ml por kg.

Velocidade 100 a 180 ml CO2/min.

Distância dos pontos: 3 a 5 cm.

É necessário serem realizadas no mínimo 12 sessões, com intervalos de 24 horas


nas 3 primeiras e nas demais com intervalo de 72 horas.

Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes
artigos:

ABRAMO, A. C. Infusão controlada de CO2: carboinsuflação. São Paulo: Ed. Do


Autor, 2010.

MENEGAT, T. A. Guia Prático de Carboxiterapia. São Paulo, Ed. Aiko Ltda, 2014.

LEE, G. Carbon Dioxide Therapy in the Treatment of Cellulite: An Audit of


Clinical PracticeAesth Plast Surg (2010) 34:239–243.

CAMPOS, V.; BLOCH, L.; CORDEIRO, T. (2007) Carboxytherapy for gynoid


lipodystrophy treatment: the Brazilian experience. J Am Acad Dermatol
56:AB196.

Atrofia linear cutânea


A atrofia linear cutânea, comumente chamada de estrias, são distúrbios estéticos de
grande relevância social em razão de seu efeito no corpo e seu impacto no psicológico do
indivíduo. Seu aparecimento geralmente se dá em adultos, mas pode ocorrer também
em jovens, dependendo de fatores biológicos e mecânicos. São mais frequentes no sexo
feminino e surgem especialmente nos glúteos, mamas, abdome, flancos, dorso e coxa
(SILVA; TAKEMURA; SCHWARTZ, 2009).

Trata-se de uma distensão exagerada da pele, causada especialmente por ganho


exagerado de peso, alterações hormonais tanto na puberdade quanto na idade madura,
exercícios físicos abusivos e gravidez. Porém, fatores genéticos, uso de corticoides e

116
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

déficit proteico podem desencadear aparecimento de estrias (SILVA; TAKEMURA;


SCHWARTZ, 2009).

São cicatrizes internas causadas pelo rompimento ou diminuição da conexão entre as


fibras dérmicas, tais como colágeno e elastina. Apresentam-se na maioria dos casos
paralelas entre si, atingindo variados comprimentos e larguras que vão de poucos
milímetros até cerca de um centímetro. Inicialmente possuem coloração vermelho
escura, devido ao aumento da vascularização causado pelo processo inflamatório.
Depois evoluem para uma tonalidade nacarada e, em pessoas de pele morena, podem
apresentar uma coloração mais escura. Sua evolução pode variar de um até dois anos
(BRANDI, 2004).

Podem aparecer em ambos os sexos, no entanto são predominantes nas mulheres.


Nas meninas podem aparecer entre 12 a 14 anos e nos meninos entre 13 e 15 anos.
Localizam-se frequentemente nos glúteos, seios, abdômen, coxas, região lombossacra,
e são menos comuns, mas podem surgir na fossa poplítea, região ilíaca, tórax, antebraço
e porção anterior do cotovelo (RESCH; JUST, 2004).

A infusão controlada de CO2 tem sido aplicada no tratamento de estrias, alcançando


grande sucesso como tratamento primário ou complementar, causando efeitos
hemodinâmicos, fibrogênicos e vasculares, recuperando assim as aparências da atrofia
linear cutânea (SILVA; TAKEMURA; SCHWARTZ, 2009). A aplicação controlada de
CO2 apresenta metodologia própria em estrias. As aplicações devem ser realizadas
superficialmente, com a agulha posicionada paralelamente à pele. O volume de
CO2 por aplicação é mínimo e determinado pelo leito da estria (MENEGAT, 2014;
BRANDI, 2004).

Os efeitos hemodinâmicos, vasculares e fibrogênicos que se instalam nos tecidos após


a aplicação do gás, são os fatores indutores para recuperação da aparência das estrias.
A ação conjunta desses fatores estimula o processo de transdução de sinais das fibras
conjuntivas na matriz extracelular, remodelando o leito da estria. A vasodilatação,
a formação de novos vasos sanguíneos e o aumento de fibras de colágeno e elástica,
promovidas pela neofibrogênese na matriz extracelular, reduzem o comprimento, a
largura e a depressão que caracterizam a atrofia tecidual das estrias. A fibrogênese é
estimulada pelo fator de crescimento do fibroblasto básico e pelo fator de crescimento
transformador, sintetizados no local após a infusão do CO2 (SILVA; TAKEMURA;
SCHWARTZ, 2009).

Para eficácia no tratamento é importante que ele seja feito em pelo menos três ciclos
de dez sessões aplicadas num intervalo de 72 horas, sendo que o segundo ciclo deve ser
cerca de 30 dias após o primeiro e o terceiro 6 meses após o segundo (BRANDI, 2004).

117
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

A aplicação do gás deve ser bem superficial, apenas com a ponta da agulha. O efeito
inicial é a hiperemia, causada pelo aumento da vasodilatação. O número de punturas é
sempre elevado e determinado pela extensão do descolamento promovido pelo CO2, o
que interfere também na distância entre uma aplicação e outra, pois o procedimento é
determinado pela resistência que as fibras oferecem à difusão do gás (BRANDI, 2004).

RESUMO DE ESTRIAS – MÉTODO DE APLICAÇÃO

Continuo.

Velocidade 100 a 180 ml CO2/min.

Preenchimento da estria toda.

É necessário serem realizadas no mínimo 10 sessões, com intervalos de 72 horas


ou uma vez por semana.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes
artigos:

ABRAM, A. C. Infusão controlada de CO2: carboinsuflação. São Paulo: Ed. Do


Autor, 2010.

MENEGAT, T. A. Guia Prático de Carboxiterapia. São Paulo, Ed. Aiko Ltda, 2014

DOMINGUES, A. C. S.; MACÊDO, C. S. A. C. Efeito microscópico do dióxido de


carbono na atrofia linear cutânea. Trabalho de conclusão de curso (Fisioterapia).
131p Universidade da Amazônia. Belém/Pará: 2006.

MARSILI, C. Carboxiterapia – Sociedade Brasileira de Cirurgia e Medicina Plástica


Estética – São Paulo, 2007.

ALTCHEK, D.; SODRÉ, C.; AZULAY, D. Dermatologia. 4. Ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2006.

118
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

Rugas, linhas de expressão e flacidez

O envelhecimento celular é inevitável e acontece com todos os seres humanos, mais


cedo ou mais tarde; pode ser retardado, mas nunca paralisado. Pode ser acelerado sob
a influência do meio ambiente. Num mesmo indivíduo, a pele pode estar preservada
normalmente em áreas cobertas pela roupa, e mais envelhecida em áreas expostas à
ação acumulativa das radiações solares (CARVALHO; VIANA; ERAZO, 2005).

O processo de envelhecimento acomete todas as camadas da pele. Vamos ver o que


ocorre fisiologicamente e o que acontece em cada camada nesse processo (GUIRRO;
GUIRRO, 2002):

Epiderme: a epiderme se adelgaça em razão ao aplainamento dos cones interpapilares


e da diminuição do número e volume das células.

Derme: na derme ocorre a atrofia por destruição das fibras colágenas e fibras
elásticas, dando à pele um aspecto característico, chamado de elastose solar. Ocorre
frequentemente em regiões expostas às radiações dos raios ultravioletas do sol.

Tecido adiposo: a alteração da epiderme e da derme caracteriza-se pelo afinamento


da pele cuja cor adquire tonalidade ligeiramente amarelada, aparecimento de pregas,
rugas, telengectasias (pequenos vasos) e manchas escuras (melanose solar).

Envelhecer é natural, e para ser um processo sem traumas alguns cuidados são
necessários. Ao mesmo tempo em que cresce a expectativa de vida, valoriza-se cada vez
mais a jovialidade. O envelhecimento é caracterizado pelo desgaste dos vários setores
do organismo, gerando alterações no seu funcionamento (CARVALHO; VIANA;
ERAZO, 2005).

Há diferenças marcantes entre o envelhecimento intrínseco e o fotoenvelhecimento que


são coerentes com as alterações bioquímicas e moleculares. No envelhecimento pela
idade, a textura da pele é lisa, homogênea e suave, com atrofia da epiderme e derme,
menor número de manchas e discreta formação de rugas. No fotoenvelhecimento a
superfície da cútis é áspera, nodular, espessada, com inúmeras manchas e rugas
profundas e demarcadas.

Histologicamente, a atrofia e a retificação da epiderme no envelhecimento cronológico


contrastam com a acantose da pele actínica. (CARVALHO; VIANA; ERAZO, 2005).
Veja o esquema abaixo que resume o envelhecer.

119
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

Figura 39. Esquema que resume como envelhecemos.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

As rugas se dividem em:

Primárias: é uma depressão linear que interrompe a uniformidade da superfície


cutânea por diminuição da camada hipodérmica ou por atrofia dérmica.

Secundárias: são continuações das rugas da primeira fase. A troca de fase é variável
no tempo e depende de cada indivíduo, acentuando a profundidade inicial.

Terciárias: a aparição tardia ocorre por ptose cutânea (queda ou deslocamento). É


observável em uma pele que perdeu sua elasticidade e tonicidade pelo peso do tecido,
ou seja, por flacidez, levando ao deslocamento em queda da pele da face.

Tipos de Envelhecimento (CARVALHO; VIANA; ERAZO, 2005):

Envelhecimento verdadeiro intrínseco: esperado (previsível inevitável e


progressivo). Pode ser retardado, mas nunca parado.

120
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

Envelhecimento extrínseco ou fotoenvelhecimento: por exposição continuada


e abusiva aos raios solares. A pele apresenta, precocemente, alterações comuns à pele
senil.

Agora, falando dos tipos de rugas, temos dois descritos a seguir:

Rugas de expressão: é a acentuação permanente das pregas normais


da face. Exemplos: pés-de-galinha (pequenas rugas do ângulo externo do
olho); pequenas rugas peribucais (em torno da boca).

Sulcos: os sulcos são secundários ao afrouxamento cutâneo muscular


por alteração da derme-hipoderme e ação da gravidade. Exemplos: queixo
duplo, sulcos nasogenianos - queda do tecido gorduroso contribui para
acentuação dos sulcos (do nariz aos lábios).

Fonte: Guia Prático de Carboxiterapia – 2014.

A flacidez é a falta de tonicidade da pele ou músculo. Ela se refere ao estado mobilizado,


frouxo ou lânguido do tecido. Pode ser muscular ou cutânea, sendo a sua causa
multifatorial, o que incluem fatores genéticos, ambientais e de maus hábitos, como o
sedentarismo. Não há um fator único e específico que cause flacidez.

Na flacidez tissular percebe-se que a maior incidência de casos é na mulher, em


consequência de fatores hormonais e da gestação. Porém, outros fatores, como o excesso
de sol (fotoenvelhecimento), sedentarismo, alimentação inadequada e efeito sanfona,
contribuem para o envelhecimento fisiológico, que tem seu início por volta dos 30 anos.
Os idosos também repõem menor quantidade de colágeno e elastina, que são as fibras
mais importantes da tonicidade da pele. Cirurgias que promovam perda de peso rápida
também favorecem a flacidez.

Diferença entre flacidez de pele e flacidez de


músculos

A flacidez tecidual ou tissular acontece quando a pele fica flácida, frouxa; já a muscular,
quando os músculos se encontram de uma maneira “mole”, não tonificada. A pele
geralmente está sobreposta ao músculo e acompanha a sua tonicidade. Se o músculo
está flácido, a pele também parece flácida, porém se a pele está flácida e o músculo
tonificado, então a aparência não é tão evidente. A pele tem um tecido e o músculo tem

121
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

outro. O músculo espessa ou “cresce” conforme os exercícios, já a pele não (GUIRRO;


GUIRRO, 2002).

Para um tratamento adequado, é necessária uma avaliação rigorosa com uma boa
diferenciação dos dois tipos de flacidez (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Veremos a seguir
quais procedimentos devem ser adotados.

1. Flacidez dérmica: com os dedos polegar e indicador em forma de


pinça aperte e estique a pele. Se quando soltar a pele voltar ao normal e
ficar esticada, não há flacidez dérmica. Mas se demorar a normalizar, a
flacidez está presente.

2. Flacidez muscular: contraia a musculatura da área. Se o músculo


apresentar mobilidade e contornos não definidos, isso é sinal de flacidez.

Para tratamento das rugas, a aplicação deve ser superficial, usando apenas a ponta da
agulha com bisel voltado para a superfície, evitando que haja infusão de gás nos tecidos
mais profundos e também no músculo orbicular. O volume aplicado por puntura não está
relacionado com o peso do indivíduo, mas sim com a distensão tecidual provocada pela
infusão do CO2. Os ciclos podem ser realizados em cinco ou dez sessões, dependendo da
resposta do tecido ao tratamento (ABRAMO, 2010; MENEGAT, 2014). Novos estudos
demonstraram que essa quantidade de fluxo pode ser menor, cerca de 60 a 150 ml/min,
dependendo da pessoa, e que são necessárias no mínimo 12 sessões.

Figura 40. Pontos básicos para aplicação facial.

Fonte: Guia Prático de Carboxiterapia – 2014.

122
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

Os efeitos hemodinâmicos, vasculares e fibrogênicos, que se instalam nos tecidos após


a aplicação do gás, são os fatores indutores para a recuperação da pele. A ação conjunta
desses fatores estimula o processo de transdução de sinais das fibras conjuntivas na
matriz extracelular, remodelando a região. A vasodilatação, a formação de novos vasos
sanguíneos e o aumento de fibras colágenas e elásticas, promovidas pela neofibrogênese
na matriz extracelular, reduzem o comprimento, a largura e a depressão que caracterizam
a atrofia tecidual das rugas. A fibrogênese é estimulada pelo fator de crescimento do
fibroblasto básico e pelo fator de crescimento transformador, sintetizados no local após
a infusão do CO2 (ABRAMO, 2010).

Dessa forma, a carboxiterapia no tratamento facial proporciona maior velocidade de


troca (aumento do fluxo sanguíneo) e melhora da oxigenação tecidual.

RESUMO DE RUGAS, LINHAS DE EXPRESSÃO E FLACIDEZ – MÉTODO DE


APLICAÇÃO

Contínuo.

Velocidade 80 a 100 ml CO2/min.

Realizando sempre a favor da musculatura da região com distância de 2 a 3 cm


de ponto para ponto.

É necessário serem realizadas no mínimo 10 sessões, com intervalos de 72 horas


ou uma vez por semana. Em fumantes não fica tão bom o tratamento.

Olheira
As olheiras são caracterizadas pelo escurecimento causado pela hiperpigmentação
periorbital nas pálpebras. Os motivos dessa hiperpigmentação podem ser genéticos;
excesso de adiposidades localizadas na região dos olhos, cansaço, estresse, sono,
tabagismo, falta de vitamina K podem ser fatores determinantes para o problema.
Geralmente pessoas de pele fina também estão suscetíveis (ABRAMO, 2010).

A carboinsuflação é um procedimento de caráter minimamente invasivo que ajuda a


corrigir esta hiperpigmentação. A velocidade de fluxo nas aplicações varia de acordo
com a distensão tecidual. São necessários no mínimo dois ciclos com intervalos
entre si de 120 dias, sendo que cada ciclo é composto por dez sessões (ABRAMO,
2010). Indica-se um fluxo de 80 a 100 ml/min com aplicações contínuas na camada
epidérmica de 10 a 20 sessões (figura 41).

123
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

Figura 41. Pontos básicos para olheiras.

Fonte: Guia Prático de Carboxiterapia – 2014.

Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes
artigos:

ABRAMO, A. C. Infusão controlada de CO2: carboinsuflação. São Paulo: Ed. Do


Autor, 2010.

MENEGAT, T. A. Guia Prático de Carboxiterapia. São Paulo, Ed. Aiko Ltda, 2014.

EGRAND, J.; BARTOLETTI, C.; PINTO, R. Manual Prático de Medicina Estética.


Buenos Aires, Camaronês, 2009.

CARVALHO, A. C. O.; VIANA, P. C.; ERAZO, P. Carboxiterapia – Nova Proposta para


Rejuvenescimento Cutâneo. São Paulo, 2005.

Alopecia
O couro cabeludo é uma pele com abundância de pelos, ricamente vascularizado, que
reveste o crânio humano. O crescimento do cabelo ocorre dentro do folículo piloso,
possuindo uma raiz e uma haste dentro de cada folículo, recobertos por melanina. Vale
lembrar que a haste não possui células vivas, estas estão presentes apenas na raiz, que
penetra aproximadamente de 2 a 4 ml na superfície da pele (ABRAMO, 2010).

O crescimento dos fios não acontece gradualmente, mas sim em períodos cíclicos,
apresentando-se em fase ativa, quando há intenso crescimento, fase de repouso e fase
de queda. As alterações que interferem nesse segmento de fases é a seborreia (caspa),

124
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

prurido e queda dos fios. A dermatite seborreica é causada pelo excesso de oleosidade
ocasionada pela produção das glândulas sebáceas, e causam descamação no couro
cabeludo. O prurido também pode ser causado pela oleosidade e intensificado em
situações de estresse (ABRAMO, 2010).

Porém, a calvície ou queda permanente do cabelo está relacionada com o


comprometimento do folículo piloso, podendo ser considerada a mais grave alteração
do couro cabeludo. O que influencia esse comprometimento pode ser o tabagismo,
alterações hormonais, estresse, problemas nutricionais e quimioterapia. A causa mais
grave é a alopecia androgenética, que destrói o bulbo capilar e o substitui por fibrose.
Nas mulheres a alopecia geralmente compromete todo o couro cabeludo e, por outro
lado, nos homens é mais comum o comprometimento central (SOUZA; GARCEZ,
2005).

A infusão controlada de CO2 tem se destacado como importante terapia na medicina


estética, uma vez que proporciona importante vasodilatação local e melhora do fluxo
sanguíneo, melhorando a perfusão no local onde há queda. A hipercapenia resultante
da administração do gás promove a vasodilatação e o consequente aumento do fluxo
sanguíneo cutâneo, estimulando a celularidade e melhoria da fisiologia local. O CO2
auxilia na nutrição do couro cabeludo estimulando o folículo piloso, o resultado é o
crescimento de um fio mais firme e grosso.

RESUMO DE ALOPECIA – MÉTODO DE APLICAÇÃO

Contínuo.

Velocidade 80 a 100 ml CO2/min.

São necessárias no mínimo dez sessões, sendo realizado duas vezes por semana
e manutenção de três em três meses duas sessões.

Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes
artigos:

ABRAMO, A. C. Infusão controlada de CO2: carboinsuflação. São Paulo: Ed. Do


Autor, 2010.

MENEGAT, T. A. Guia Prático de Carboxiterapia. São Paulo, Ed. Aiko Ltda, 2014.

125
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

Microvasos

Os chamados microvasos são um incômodo que notamos aparecer mais precocemente


nas novas gerações. Pessoas cada vez mais jovens têm apresentado essas dilatações
vasculares da pele, que representam uma dificuldade de retorno do sangue ao coração.

Microvarizes ou telangiectasias, são varizes intradérmicas, superficiais e, por esse


motivo, adquirem uma coloração mais avermelhada ou arroxeada.

Podem ter várias causas, como a diminuição da velocidade de circulação sanguínea,


dificuldade de fechamento correto das pequenas válvulas venosas e gestação, entre
outras (SONMEZ, 2009).

Em um estudo recente acredita-se que no Brasil há mais de 20 milhões de pessoas


com esse problema. Dentre essas pessoas as mulheres são mais atingidas que os
homens. Isso ocorre devido à progesterona que é um hormônio feminino que colabora
com a dilatação da veia.

Outros fatores hormonais como a gestação, menstruação e menopausa parecem ter


relação com a maior facilidade de dilatação das veias. Segundo a Sociedade Brasileira
de Cirurgia Vascular, alguns pesquisadores relataram que as terapias de reposição
hormonal e anticoncepcionais aumentam o risco de varizes. Normalmente esses
problemas aparecem por volta dos 30 anos de idade (SOUZA; GARCEZ, 2005).

As artérias levam o sangue do coração para as extremidades, e as veias têm a função de


levar o sangue de volta ao coração, impulsionado, principalmente pela bomba muscular
das panturrilhas. Dentro das veias existem pequenas válvulas que impedem o retorno
venoso para as extremidades. Quando as válvulas não se fecham adequadamente,
acontece esse retorno, que se denomina refluxo. Quando acontece o refluxo, aumenta a
quantidade de sangue dentro das veias, o que faz com que elas se dilatem.

A melhor forma de combatê-las é a prevenção, como evitar a permanência de pé sem


mover-se por um longo tempo, manter as pernas mais elevadas e pouco dobradas,
praticar exercícios regulares e, em casos selecionados, usar meia elástica (SOUZA;
GARCEZ, 2005).

A distensão tecidual produzida pelo gás, logo após a infusão, exerce forte pressão contra
a parede externa da vênula, promovendo seu colapso; conforme a pressão do gás vai
diminuindo, o fluxo sanguíneo é aumentado (BORGES; SCORZA, 2008).

126
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

Resumindo, a resposta em microvasos se desenvolve em duas etapas: a primeira de


oclusão do vaso e a segunda sua dilatação, com o aumento do fluxo sanguíneo em seu
interior.

RESUMO DE MICROVASOS – MÉTODO DE APLICAÇÃO

Contínuo.

Velocidade 80 a 150 ml CO2/min.

São necessárias no mínimo dez sessões, sendo realizado uma vez por semana.

Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes
artigos:

ABRAMO, A. C. Infusão controlada de CO2: carboinsuflação. São Paulo: Ed. Do


Autor, 2010.

MENEGAT, T. A. Guia Prático de Carboxiterapia. São Paulo, Ed. Aiko Ltda, 2014.

CORASA, J et al. Uso da carboxiterapia no tratamento de distúrbios


vasculares: resultados preliminares. SETEMBRO/OUTUBRO - NO 5 - 2006 - Revista
de Angiologia e Cirurgia Vascular.

Ferida aberta e cicatrizes


No ramo da cirurgia plástica, a carboxiterapia tem sido empregada para correção
de irregularidades pós-lipoaspiração, ou mesmo no pré-operatório para melhorar a
vascularização de retalhos cirúrgicos (ABRAMO, 2010; MARSILI, 2006; MENEGAT,
2014).

No estudo realizado por Brandi em 2004, foi verificada uma melhora estatisticamente
significativa no que diz respeito à elasticidade da pele e às irregularidades cutâneas
pós-lipoaspiração. Com isso, podemos esperar efeitos positivos da terapia com CO2
sobre a adiposidade localizada e a elasticidade cutânea da pele em pacientes que
realizaram lipoaspiração.

O descolamento da pele provocado pelo gás leva à perda da integridade tecidual


e à exposição do colágeno, com consequente ativação do processo de cicatrização
(ABRAMO, 2010; MENEGAT, 2014).

A carboxiterapia também pode ser indicada para o tratamento de cicatrizes aderentes


após o transcurso do processo cicatricial (MARSILI, 2006). Isso se justifica pela ação
mecânica do gás ao promover um “descolamento” das estruturas aderidas durante o

127
UNIDADE IV │ INFUSÃO CONTROLADA DE CO2

processo de reparo tecidual, proporcionando efeitos benéficos à aderência cicatricial


(ABRAMO, 2010; SILVA; TAKEMURA; SCHWARTZ, 2009).

Durante um período de quatro anos, Wollina (2004) tratou de 86 pacientes com feridas
crônicas (úlcera venosa crônica, úlceras neuropáticas, escaras, úlceras reumáticas) com
aplicação transdérmica de CO2. Os achados apontam para uma mudança positiva na
microcirculação e subsequente melhoria no tecido de granulação (quer cicatrização
completa ou significativa diminuição da inflamação, dor e odor).

O CO2, ao ser injetado na pele, estimula um processo de oxigenação tecidual imediata


e tardia, com formação de novos vasos sanguíneos e linfáticos. Por isso é amplamente
utilizado no tratamento de doenças vasculares, úlceras venosas e diabéticas,
auxiliando na cicatrização de feridas. Apresenta ótimos resultados no tratamento das
teleangiectasias, pois age na recuperação do endotélio. (BORGES; SCORZA, 2008)

O tecido cicatrizado formado possui as mesmas características da pele normal,


auxiliando na recuperação de cicatrizes pós-cirúrgicas, sequelas de queimaduras, cortes
e cicatrizes inestéticas (BORGES; SCORZA, 2008).

RESUMO DE CICATRIZES E FERIDAS – MÉTODO DE APLICAÇÃO

* Feridas abertas: cinco sessões em 24 horas e após isso a cada 72 até fechar a
ferida. Introduzir a agulha na borda da ferida voltada para o centro da lesão,
aplicar na forma de punturação 1 mlCO2/kg peso ponderal do paciente em
velocidade de 60 a 80 mlCO2/min (Figura 42).

Em fibroses de pós-lipoaspiração a agulha deve ser introduzida completamente.


Serão cinco sessões realizadas a cada 24 horas com volume de 1,5 ml CO2/kg do
peso ponderal, por punturação e velocidade alta de 150 ml/min.

Figura 42. Pontos ferida aberta e cicatriz.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

128
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 │ UNIDADE IV

Caso tenha interesse em saber mais sobre este assunto indico os seguintes
artigos:

ABRAMO, A. C. Infusão controlada de CO2: carboinsuflação. São Paulo: Ed. Do


Autor, 2010.

MENEGAT, T. A. Guia Prático de Carboxiterapia. São Paulo, Ed. Aiko Ltda, 2014.

SONMEZ, A.; YAMAN, M.; YALÇN, O.; ERSOY, B.; SERIN, M.; SAY, A. Carbon dioxide
therapy increases capillary formation on random pedicled skin flaps in the
rat. J Plast. 2009; vol 62:236-237.

TORIYAMA, T.; KUMADA, Y.; MATSUBARA, T.; MURATA, A.; OGINO, A.; HAYASHI,
H.; NAKASHIMA, H.; TAKAHASHI, H.; MATSUO, H.; KAWAHARA, H. Efeito do
dióxido de carbono em pacientes portadores de arteriopatia periférica com
isquemia crítica. Int Angiol. 2002.

WOLLINA, U.; HEINIG, B.; UHLEMANN, C. Transdermal CO2 Application in


Chronic Wounds. The Int. J. Of Low. 2004; vol3(2):103–106.

129
MICROPUNTURAS UNIDADE V

CAPÍTULO 1
Introduzindo o microagulhamento

Introdução

O melhor método de revitalizar uma pele é provocar pequenas lesões, onde o corpo
vai imediatamente começar a reparar a lesão. Esse é o princípio fundamental da
micropunturas, também chamada de microagulhamento ou famoso Dermaroller®. A
lesão tem que ser apenas grave o suficiente para desencadear os processos de cura, mas
não é grave o suficiente para causar danos permanentes na pele. (BAL; CAUSSIAN;
PAVEL; BOUWSTRA, 2008)

O mesmo princípio está por trás da maioria dos tratamentos a laser de rejuvenescimento,
como laser de CO2 fracionado, peeling ácido e outros métodos minimamente invasivos.
(FABBROCINI; PADOVA; VITA; NUZIO; PASTORE, 2009)

Os skins rollers (Figura 42) têm sido usados para tratar grandes áreas com
objetivo cosmético e para aumentar a permeabilidade cutânea para administração
de cosmecêutico. (AUST, 2008) Após a perfuração transdérmica, pode ocorrer
uma penetração do ativo muito maior na área tratada do que na área não tratada.
(FABBROCINI; PADOVA; VITA; NUZIO; PASTORE, 2009) Além disso, a inserção
sequencial das microagulhas requer uma menor pressão a ser exercida na pele,
lesionando menos tecido. Por isso, essa técnica, micropunturas, é uma maneira
simples de aumentar a permeabilidade da pele, otimizando assim seus resultados.
(FERNANDES; FARDELLA, 2008).

130
MICROPUNTURAS │ UNIDADE V

Figura 43. Alguns modelos de skin roller.

Fonte: Dra. Suzana Barretto 2010

Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Comparação

Método alternativo à Luz Intensa Pulsada, Laser de CO2 e Peeling de alta concentração
que agem de forma mais ablativa. Já o Microagulhamento age de forma construtiva

131
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

(mais fisiológico), podendo ser utilizado em qualquer tipo de pele. (BAL; CAUSSIAN;
PAVEL; BOUWSTRA, 2008)

A aplicação é uma alternativa mais segura e melhora as seguintes condições:

»» O microagulhamento cria mais de 500.000 canais em 5 minutos, até


a derme, que é a maior obstrução à penetração de ingredientes ativos.
(AUST, 2008)

»» Os discos agulhados criam um dano mínimo à derme sem a remoção da


epiderme saudável, o que acontece com a aplicação de outras técnicas.
Pelo fato de a epiderme ficar intacta, o período de cicatrização é rápido.
Então mais colágeno pode ser produzido naturalmente. (FABBROCINI;
PADOVA; VITA; NUZIO; PASTORE, 2009)

As micropunturas agem mecanicamente, ou seja, um dispositivo de agulhamento


que contém várias pequenas agulhas cirúrgicas, com comprimentos de agulha entre
0,13 e 3 mm; com diâmetro de aproximadamente 0,25 mm na sua base; enquanto o
tratamento de laser de CO² fraccionada traz uma lesão térmica, tendo assim diversas
complicações. O princípio da micropuntura é o mesmo, desde o procedimento, mas
sem ter as complicações que ele traz. A produção de colágeno resultante irá avançar
lentamente até meses após o tratamento. (FERNANDES; FARDELLA, 2008)

Figura 44.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

FABBROCINI, G.; PADOVA, M. P.; VITA, V.; FARDELLA, N.; PASTORE, F.; TOSTI, A.
Periorbital wrinkles treatment using collagen induction therapy. Surgical &
Cosmetic Dermatology. 2009.

132
MICROPUNTURAS │ UNIDADE V

Figura 45. Laser # roller.

Laser x
Microagulhamento

LASER MICROAGULHEMNTO

Extrato córneo

Epiderme

Derme

Vasos
sanguíneos
Laser e ácido evaporam na Picadas de finas agulhas
epiderme. alcançam a epiderme e derme.

Há uma queimadura de 2º grau. Os canais picados fecham em 1


A maturação da pele pode levar hora. Pele e epiderme
um mês. permanecem intactas. Processo
de cicatrização é imediato.

Uma camada relativamente fina Uma nova camada de colágeno


de colágeno novo cresce. A pele está situada perto do cório. A pele
se torna mais fina no total. Um 2º se torna mais espessa. O
tratamento, em geral, não é tratamento pode ser repetido varas
possível. vezes.

Fonte: Dra. Suzana Barretto, 2010.

133
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

Assim, resumimos as vantagens do microagulhamento:

»» O procedimento permite estímulo na produção de colágeno sem


remover a epiderme.

»» O tempo de cicatrização é mais curto, e o risco de efeitos colaterais é


reduzido em comparação ao de técnicas ablativas.

»» A pele se torna mais resistente e espessa, divergindo de técnicas


ablativas, em que o tecido cicatricial resultante está mais sujeito ao
fotodano.

»» Tem sua indicação ampliada a todos os tipos e cores de pele, bem


como pode ser utilizada também em áreas de menor concentração de
glândulas sebáceas.

»» Baixo custo quando comparado ao de procedimentos que exigem


tecnologias com alto investimento.

134
CAPÍTULO 2
Os mecanismos da micropuntura

Mecanismo de ação

As microagulhas penetram nas camadas basais da pele (epiderme e derme), criando


milhares de microlesões, provocando assim, uma lesão intencional na pele. Isso cria um
caminho para os cremes cosméticos penetrarem mais facilmente, aumentando muito a
sua eficácia. Como há pele intacta ao redor das lesões, ela reage para cicatrizar a pele
agredida. Ao fazer isso, grande quantidade de colágeno é produzida em toda a área.
(BAL; CAUSSIAN; PAVEL; BOUWSTRA, 2008)

Esse é o mesmo princípio do “Laser de CO2 fracionado”, um excelente equipamento,


porém de custo mais elevado e não pode ser realizado por qualquer profissional.
(FABBROCINI; PADOVA; VITA; NUZIO; PASTORE, 2009) A expressão “fracionado”
significa, explicitamente, que em torno de mínimas lesões ficam áreas intactas de pele,
o que é determinante para uma rápida recuperação do paciente submetido a esse tipo
de tratamento. (FERNANDES; FARDELLA, 2008)

Produção Natural de Colágeno (PNC)

Inúmeras rotas micro transcelulares induzem uma aceleração na cicatrização por


meio da produção natural de colágeno nas camadas dérmicas. (Figura 44).

Sistema de Acesso Transdermal de Ingrediente


(SATI)

As rotas de absorção de ingredientes ativos se dão por meio da penetração das


agulhas na epiderme e derme. O microagulhamento cria canais profundos até
a derme da pele, que é a principal obstrução na penetração de ingredientes
ativos. Os ingredientes ativos presentes nos produtos de tratamento de pele
podem alcançar as partes mais profundas da pele com mais eficiência do que se
fossem aplicados de maneira tópica, como ácido hialurônico, vitamina C, DMAE,
entre outros.

135
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

Figura 46. Produção Natural de Colágeno (PNC).

Fonte: Youtube vídeo carregado por Dermapen ®, utilizado em Fair Use. URL: <http://www.youtube.com/
watch?feature=player_detailpage&v=29bWwHzl1ec>

A vantagem desse procedimento é que é feito em consultório, custo baixo, bem tolerado,
com período curto de recuperação e com pouca dor. A expectativa é de melhora após a
primeira sessão dependendo do tamanho da agulha. (AUST, 2008)

Figura 47. Sistema de Acesso Transdermal de Ingrediente (SATI).

Fonte: Youtube vídeo carregado por Dermapen ®, utilizado em Fair Use. URL: <http://www.youtube.com/
watch?feature=player_detailpage&v=29bWwHzl1ec.

136
MICROPUNTURAS │ UNIDADE V

Cicatrização

Imediatamente após a lesão, ocorre hemorragia mais ou menos importante, porque vasos
sanguíneos (capilares, artérias e veias) são seccionados durante a lesão. (BALBINO;
PEREIRA; CURI, 2005)

Depois de um determinado tempo ocorre o fenômeno da homeostasia, devido à


coagulação; esse fenômeno acontece nos primeiros minutos após a lesão e tem como
objetivo impedir a perda sanguínea. (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

Fases da cicatrização

Independentemente do tipo da ferida que é e da extensão de tecido afetado, qualquer


cicatrização de uma ferida é realizada por fases. A subdivisão em fases baseia-se nas
modificações morfológicas básicas que acontecem durante o processo de cicatrização
sendo: (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005),

»» Fase inflamatória e/ou exsudativa.

»» Fase proliferativa: reconstrução dos tecidos granulares.

»» Fase de maturação: maturação e epitelização.

Figura 48.A Fases da cicatrização.

Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAP7MAD/a-pele-processo-cicatrizacao>

137
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

Inicia-se uma ferida profunda na pele provoca por lesão dos vasos sanguíneos. Forma-se
um coágulo sanguíneo que ao secar constitui crosta. Tem início o processo de reparação, um
tecido cicatricial se forma. Ao mesmo tempo as células epiteliais se multiplicam e preenchem
a região entre tecido cicatricial e a crosta. Quando o epitélio está completo a crosta cai. O
resultado é uma camada regenerada e integra de epitélio sobre a região da cicatriz.

Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAP7MAD/a-pele-processo-
cicatrizacao>

Fase inflamatória/exsudativa
A fase inflamatória/exsudativa inicia-se desde o momento da lesão, e a sua duração é
aproximadamente de três dias que dependem das condições fisiológicas. (Figura 49)
(BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

É caracterizada pela homeostase, coagulação, ativação da resposta imune local,


fagocitose e a migração celular. Por meio do aumento da permeabilidade vascular é
possível intensificar a quantidade de plasma sanguíneo no espaço intersticial. Com isso
é iniciada a migração dos leucócitos para a área da lesão, principalmente neutrófilos e
macrófagos cuja função prioritária consiste em limpar e proteger a ferida de possíveis
infecções pela fagocitose. Ao mesmo tempo mediadores liberam substâncias que ativam
células de grande importância para a fase seguinte do processo curativo da ferida. A
inflamação é caracterizada por apresentar quatro sintomas: rubor, calor, tumor e
dor (Figura 49). (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

Na fase inicial da inflamação prevalecem os neutrófilos, que se encarregam de liberar


substâncias diversas (os mensageiros estimulantes da inflamação, as citocinas),
preponderantes na fagocitose de bactérias. Isso representa uma primeira limpeza
da ferida. Transcorridas 24 horas e depois dos granulócitos, ocorre migração dos
monócitos para o setor da ferida continuando a fagocitose, e intervindo de um modo
decisivo no sucesso de limpeza da ferida dado que libertam fatores de crescimento e
citocinas. (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

Figura 49. Pós roller imediato apresentando rubor, calor e tumor.

Foto: Taís Amadio Menegat, 2015.

138
MICROPUNTURAS │ UNIDADE V

Fase proliferativa

Na segunda fase da cura da ferida a proliferação celular prevalece, com o propósito de


alcançar a reconstrução vascular e de recheio da área da lesão por meio do tecido de
granulação. (Figura 51). (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

Essa fase começa aproximadamente a partir do quarto dia desde que a lesão ocorreu
e as condições necessárias já foram previamente estabelecidas na fase inflamatório/
exsudativa: os fibroblastos podem migrar até o coágulo e retícula de fibrina, que foram
formados por meio da coagulação sanguínea, e usar isso como útero temporário. As
citocinas e os fatores de crescimento estimulam e regulam a migração e proliferação de
novas células. (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

Ocorre simultaneamente reconstrução vascular, porém o novo capilar tem uma


capacidade de resistência menor. Em interdependência temporária com a reconstrução
vascular, a partir do quarto dia após lesão, é necessário preencher a área lesionada com
tecido novo. (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

Os fibroblastos produzem colágeno que amadurece fora das células até se tornar uma
fibra e proteoglicanos que constitui a substância básica de tipo gelatinoso do espaço
extracelular. (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

Figura 50.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

139
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

Fase de maturação

Aproximadamente por volta do 24o dia inicia-se a maturação das fibras de colágeno. A
ferida contrai, diminui a presença vascular e a quantidade de água no tecido granular
que ganha em consistência. A epitelização encerra o processo de cura da ferida. (Figuras
46 A e B). (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

Esse processo inclui a reconstrução das células da epiderme pela mitose e a imigração
celular, principalmente das bordas da ferida. É uma fase final em que observamos
inicialmente um tecido frágil e rosado, o qual lentamente perde sua coloração inicial,
tornando-se mais pálido e mais forte. (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

É a fase mais longa do processo de cicatrização. O tecido cicatricial, após a finalização


do processo, não ultrapassa 50% da força tênsil nos primeiros três meses pós-lesão.
(BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005)

FIGURA 51. Fases da cicatriza.

Fonte: <www.plasticaplexus.com.br>

140
MICROPUNTURAS │ UNIDADE V

Equipamentos

Existem diversos equipamentos e marcas no mercado hoje em dia, mas o mais importante
é que, seja qual for a marca, ela tenha a liberação da ANVISA para o equipamento ser
vendido.

Cuidados antes de comprar

»» De um modo geral, nunca pedir um roller se for muito barato, pois não
existe roller com liberação da ANVISA por valor baixo.

»» Sempre comprar de uma empresa respeitável, e não de alguma loja


desconhecida.

»» Saber exatamente o modelo de roller específico que você está pensando


adquirir.

»» Ter cuidado extra com roller sem marca. Se um vendedor ou site afirmar
que eles são de fabricação própria esse produto será altamente suspeito.

»» Os produtos com registro na ANVISA não têm necessidade de colocar o


logo aparelho, mas tem de ter na embalagem o número da ANVISA.

»» Hoje em dia existem os chamados rollers (diversos tamanhos de agulha) e


o mesmo procedimento pode ser realizado com equipamento dermógrafo,
igual ao utilizado em micropigmentação e os dermo pen (caneta específica
para micropuntura).

Diferença entre Dermaroller® - skin roller e


Dermapen®

Com o Dermapen® é você que move o dispositivo sobre a pele, em vez de o dispositivo
produzir o movimento “em si”, como um trem nos trilhos, ou, uma analogia melhor,
uma peça sobre a outra roda dentada (Figura 47). É você que move um Dermaroller® ─
skin roller, mas sempre de forma imutável ─ em frente. Isso é muito importante, pois
assegura que no referido princípio, é impossível provocar lesões desnecessárias na pele.
Quando a “fila” de agulhas é levantada para fora da pele, elas não podem “rasgar a pele”,
porque a “linha do meio” e “linha de frente” são para garantir o skin roller firmemente
no lugar, ou seja, não o torna flexível (Figura 48). (LEWIS, 2014)
141
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

Não é assim com o Dermapen®, ele funciona como uma máquina de tatuagem com
muitas agulhas. A grande desvantagem desse sistema é que você pode movê-lo em
qualquer direção com qualquer velocidade, e que, enquanto você estiver em movimento,
as agulhas entram e saem em uma velocidade muito alta. A velocidade das agulhas é
independente da velocidade que se está movendo com a caneta. Isso é o oposto do
que acontece com um skin roller que se move com a velocidade exata que você está
movendo a cabeça de rolo. (LEWIS, 2014)

Figura 52. Dermapen®.

Fonte: Youtube vídeo carregado por Dermapen ®, utilizado em Fair Use. URL: <http://www.youtube.com/
watch?feature=player_detailpage&v=29bWwHzl1ec>

Outra diferença é que os skin roller são descartáveis, ou seja, para uma única utilização,
já nos Dermapen® será descartado somente o cabeçote das agulhas, tendo um custo
menor (Figura 49). Outro substituto para o Dermapen® seria o dermógrafo de
micropigmentação, mas com a desvantagem de que com ele só se consegue trabalhar
dentro dos sulcos, rugas e estrias, porém o custo menor ainda, uma vez que só há
necessidade de se trocar as agulhas . (LEWIS, 2014)

Figura 53. Troca da ponteira das agulhas.

Fonte: <http://dermapen.com/>

142
MICROPUNTURAS │ UNIDADE V

Figura 54. Diferença entre skin roller e Dermopen®.

Fonte: <www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=29bWwHzl1ec>

Figura 55. Dermógrafo de micropigmentação que pode ser usado em micropunturas.

Fonte: <www.magestetica.com.br>

143
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

Indicações e contraindicações

Indicações

Figura 56.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

Contraindicações

»» Lesões cancerígenas.

»» Verrugas.

»» Hiperqueratose solar.

»» Psoríase.

»» Infecção no sítio de aplicação (ainda que sejam lesões acneicas infectadas).

»» Herpes ou acne ativa.

»» Uso de anticoagulantes.

»» Distúrbios de coagulação.

»» Apesar de não ser contraindicação, evite o uso em diabéticos e


imunodeprimidos em função da maior facilidade de adquirirem infecção.

(AUST, 2008; FABBROCINI; PADOVA; VITA; NUZIO; PASTORE, 2009; FERNANDES;


MASSIMO, 2008)

144
CAPÍTULO 3
Aplicação da micropuntura

Primeiro passo

1. Assinar termo de consentimento; segue um exemplo do termo:

TERMO CONSENTIMENTO – MICROPUNTURA


Eu, _________________________________, portadora do R.G____________________, CPF________________________,
estou ciente de que esse procedimento irá provocar na pele: hiperêmica (como queimaduras solares), deixá-la sensível, podendo ficar um pouco
edemaciada por várias horas.

Durante todo o tratamento:

1. Não usar nenhum cosmético sem o consentimento da Dr(a). ______________________________________________________

2. A descamação após roller pode ocorrer a partir do 3o dia, podendo ficar descamando por até 8 dias. Neste período usar somente loção
hidratante (indicada pela profissional) e protetor solar fator 60. NUNCA PUXAR A PELE QUE ESTIVER SOLTANDO.

3. Por quatro semanas não se deve ir à praia ou piscina.

4. Não são todas as peles que descamam. Há tipos de peles que são mais resistentes. Isso não significa menor eficiência do tratamento.

5. Importante: uso de fotoprotetor fator 60 aplicado duas a três vezes ao dia, mesmo se o dia não estiver ensolarado. A pele após o roller estará
mais sensível!

6. Lavar o local somente com sabonete neutro duas vezes por dia, manhã e noite.

7. Não usar maquiagem por dois dias.

8. Usar de quatro a oito vezes ao dia cosmético indicado pelo(a) Dr.(a) _________________________________________________.

9. Se estiver ardendo ou com irritação, borrifar água termal ou bepantol liquid; ou fazer compressa com esses mesmos produtos ou soro fisiológico
gelado.

10. Deverão ser evitados por duas semanas: banho quente, entrar no carro quente, secador de cabelo, chapinha, exposição solar, enfim, tudo que
possa esquentar a pele que foi tratada.

São Paulo, ______________ de ____________________ de 20______

Afirmo que li e entendi todas as explicações relacionadas com o procedimento de micropunturas que irei realizar de livre e espontânea vontade.

Assinatura:______________________________________________

145
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

2. Aplicar anestésico, pode ser Emla®, ou manipular lidocaína 2 a 10%,


deixando agir por 20 a 30 min.

Figura 57.

Fonte: <www.astrazeneca.com.br>

É necessário aplicar uma grande quantidade e realizar a oclusão para melhor absorção.

3. Higienizar a área com clorexedina alcoólica.

Figura 58.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

146
MICROPUNTURAS │ UNIDADE V

4. Aplicar o roller, laminando a área ou dermógrafo ou Dermapen® dentro


dos sulcos. Deve ser aplicado de quatro a oito vezes em cada direção.

Figura 59.

PRESSÃO MODERADA
NO MÍNIMO 4X EM
TODOS ATÉ UM
PADRÃO UNIFORME
DE PETÉQUIAS
APARECER.

Fonte: BAL; CAUSSIAN, PAVEL; BOUWSTRA, 2008.

Verificar o tamanho da agulha perante o distúrbio estético a ser tratado (Figura 60)
segue a tabela a seguir:

Tabela.

PATOLOGIAS TAMANHO AGULHA


Aumentar a penetração de cosméticos ou crescimento de cabelo Máximo 0,3 mm
Rugas finas 1-1,5 mm
Rugas médias / profundas 1,5 a 2,5mm
Fotoenvelhecimento 1,0 a 1,5 mm.
Flacidez tissular 1,5mm e áreas sensíveis 0,5mm
Manchas 0,5 a 1,0 mm
Cicatrizes de acne / queimaduras 1,5 a 2,5mm
Cicatrizes e estrias 1,0 a 1,5mm

147
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

Figura 60. Tamanho das agulhas perante penetração na pele.

Fonte: <www.dermaroller.com>

O intervalo entre as sessões depende do tamanho da agulha:

»» 0,2 ou 0,25 mm: pode ser usada todos os dias.

»» 0,3 a 0,5 mm: pode ser utilizada uma vez por semana.

148
MICROPUNTURAS │ UNIDADE V

»» 1 a 1,5 mm: pode ser usada ​​de duas em duas semanas.

»» 2,0 a 2,5 mm: pode ser usada apenas uma vez cada três a quatro
semanas.

5. Aplicar o cosmético desejado, exemplo DMAE 10%, fatores de crescimento,


vitamina C etc.

6. Laminar mais uma vez.

7. Pode-se realizar compressa de soro fisiológico gelado para aliviar a


sensação de queimação ou utilização de skin coller.

Figura 61. Skin Coller.

Fonte: <www.skincooler.com.br>

8. Indicar o cosmético correto para o paciente usar em casa.

149
UNIDADE V │ MICROPUNTURAS

Pós roller

»» Se você rolar com agulhas 0,5 mm ou menos, não necessita de cuidado


especial após a sessão.

»» Se você rolar com agulhas mais longas do que 0,5 mm, a pele fica com
hiperemia (como queimaduras solares), sensível e pode ficar um pouco
edemaciada por até 72 horas.

»» Manter a área úmida. Para a primeira semana, a melhor escolha é cobrir a


área com uma camada muito fina de uma pomada oclusiva que contenha
vitaminas A e D.

»» Não expor as áreas de laminados ao sol por dez dias e, posteriormente,


usar um protetor solar com um elevado fator de proteção.

»» Esperar dois ou três dias para a aplicação de maquiagem.

»» A área de laminados pode começar a descamar depois de três a cinco


dias. Não puxar a pele solta.

(BAL; CAUSSIAN; PAVEL; BOUWSTRA, 2008; FERNANDES; MASSIMO, 2008)

150
CRIOLIPÓLISE UNIDADE VI

CAPÍTULO 1
Introdução à criolipólise

Introdução

Nos tempos atuais, ter um corpo bem definido é o desejo de quase todas as mulheres; os
padrões de beleza impostos pela mídia e a sociedade acabam mobilizando o indivíduo em
sua percepção de si e, concomitantemente, na sua autoestima. (FERRAZ, SERRALTA,
2007) E na busca de um padrão estético social, é cada vez maior o número de mulheres
que recorrem a diversas terapias, com intuito de minimizar as disfunções estéticas.
(ROCHA, 2013)

Ao longo da vida algumas áreas apresentam nítidas alterações morfológicas com efeito
antiestético, as mais acometidas são as regiões de abdômen e flancos, essa gordura
localizada se dá por uma hipertrofia das células adiposas uniloculares, que levam as
pessoas de ambos os sexos, principalmente o feminino, a procurarem recursos para
eliminá-las. (ALBUQUERQUE; MACEDO).

A síndrome da desarmonia corporal (SDC) é denominada como o conjunto de alterações


estéticas, como a fibroedema geloide (F.E.G), adiposidade localizada, aumento de
gordura corporal total e flacidez muscular. Essas alterações estéticas causam grande
impacto na imagem corporal, que são fortemente influenciadas pela mídia; como estão
quase sempre associadas, os tratamentos estéticos devem considerá-las conjuntamente,
a fim de promover ou manter a harmonia corporal. Esse conjunto de quesitos favorece
o desenvolvimento de novas tecnologias que objetivam a remodelação corporal,
principalmente, tendo em vista que as dietas associadas à atividade física muitas vezes
não são capazes de remover a gordura localizada de determinadas regiões. (FERRAZ;
SERRALTA, 2007)

151
UNIDADE VI │ CRIOLIPÓLISE

O procedimento de lipoaspiração está associado a grandes índices de significativas


complicações de morbidade e mortalidade, podendo ocorrer tanto no processo
operatório quanto no pós-operatório, e vão desde as complicações clássicas até o
surgimento de outras imperfeições estéticas. (ROCHA, 2013)

Tendo em vista os riscos e a forma invasiva da lipoaspiração, despertou-se uma contínua


busca por tecnologias não invasivas de modelação corporal (AVRAM; HARRY, 2009),
com o mínimo de efeitos colaterais para facilitar o indivíduo a sair do procedimento e
retornar à vida normalmente, sem restrições. (ROCHA, 2013)

Em decorrência das inovações tecnológicas associadas aos riscos inerentes a esse


procedimento, o número de cirurgias de lipoaspiração tende a diminuir com a introdução
de recursos não invasivos e com o mínimo de efeitos colaterais, possibilitando ao
indivíduo sair do procedimento e retomar a vida normalmente, sem restrições. Dentre
as tecnologias não invasivas, cita-se a criolipólise, a radiofrequência e ultrassons
cavitacional. Alguns fabricantes conseguiram reunir diferentes modalidades de
tecnologias, como criolipólise, radiofrequência e ultrassom cavitacional numa mesma
plataforma.

Diversas técnicas não invasivas, como ultrassom, radiofrequência, laser, luz


infravermelho, dentre outros, vêm sendo aplicadas. (AVRAM; HARRY, 2009).
A mais nova técnica não invasiva é a criolipólise, que foi elaborada para reduzir
significativamente a espessura da camada de gordura, sem danos para a pele ou outros
tecidos circundantes. (KLEIN; ZELICKSON; RIOPELLE, et al. 2009)

A técnica está no mercado há pouco tempo (em 2011, quando chegou no Brasil) e já é
um sucesso absoluto em centros estéticos. No entanto, desde a década de 1970, alguns
estudos já eram feitos para transformar o tratamento no que ele é hoje.

O que é criolipólise?
A criolipólise é um método de congelamento feito para destruir a gordura localizada.
Isso porque os adipócitos são extremamente sensíveis ao frio, por isso o congelamento
intenso e localizado causa sua destruição.

A técnica foi descoberta na última década pelos médicos Rox Anderson e Dieter
Manstein, pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A palavra
Cryo derivada do grego Kryos, que significa gelo, frio, constitui, na atualidade, uma das
mais modernas técnicas de redução de medida corporal. (COLEMAN et al, 2009)

A criolipólise designa o uso de crioterapia (frio) em temperaturas abaixo de -1°C; trata-se


de um recurso seguro, aprovado pela Health Canadá e Food and Drug Administration

152
CRIOLIPÓLISE │ UNIDADE VI

(FDA) e tem sido apresentada como um novo método de redução da camada de gordura
de maneira não invasiva. Os primeiros estudos, que objetivavam comprovar a eficácia
da técnica para a redução da espessura da camada de gordura, deram-se em um modelo
suíno de Yucatán. (ROCHA, 2013). A exposição desses animais ao frio demonstrou que
a criolipólise pode promover uma redução de 30% a 50% na espessura da camada de
gordura deles; já em humanos os estudos têm apontado uma redução de 20-26% da
camada de gordura no local exposto ao frio 4-6 meses após o tratamento. (KENNETH
et al, 2009). Tanto em humanos quanto em animais, o tratamento com a criolipólise
não causou nenhum tipo de danos permanentes à pele ou a outras estruturas, sem
alterações no perfil lipídico, incluindo colesterol total, lipoproteína de baixa e de alta
densidade, colesterol e triglicérides. (COLEMAN et al, 2009)

O sistema de congelamento a vácuo assistido age no tecido adiposo promovendo a


lipólise e consequente redução de medidas (JEWELL; SOLISH; DESILETS, 2011;
ZELICKSON et al., 2009). A criotermolipólise é a mais nova técnica não invasiva de
remodelação corporal e eliminação da gordura localizada e, consequentemente, da
Fibro Edema Geloide (F.E.G) (JEWELL; SOLISH; DESILETS, 2011; ZELICKSON et al.,
2009). Trata-se, portanto, de um método revolucionário, que consiste no resfriamento
do tecido induzindo o organismo a um efeito em cascata.

A exposição do corpo a baixas temperaturas faz com que o organismo acelere o


metabolismo a fim de quebrar a gordura localizada no intuito de elevar a temperatura
corporal, gerando uma secundária produção de energia; levando assim ao aumento
da vasodilatação e aporte nutricional ao tecido, ocasionando a remoção de toxinas e o
excesso de água. (ROCHA, 2013)

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

153
UNIDADE VI │ CRIOLIPÓLISE

A redução da camada de gordura acontece de maneira gradual ao longo do tempo,


onde os adipócitos são removidos por meio de um processo inflamatório, o qual gera
um processo de compensação e atinge o pico de 2-3 meses após a exposição ao frio.
(KLEIN; ZELICKSON; RIOPELLE, et al. 2009)

154
CAPITULO 2
Os mecanismos da criolipólise

Mecanismo de ação
A exposição ao frio aumenta a necessidade de produção de calor pelo corpo a fim
de promover a homeotermia (Figura 62) por meio da liberação de hormônios pelo
hipotálamo, que induzem a utilização dos ácidos graxos livres como substratos
energéticos nas mitocôndrias, promovendo um dispêndio de energia, ou seja, o aumento
das taxas metabólicas. (ROCHA, 2013)

Os adipócitos são afetados seletivamente pelo frio, podendo ocorrer um processo


inflamatório no local da aplicação. Há, portanto, lesão apenas nas células de gordura,
mantendo-se íntegras as outras estruturas ao redor do adipócito. Essas células
lesionadas pelo frio iniciam, entre 24 e 72 horas após a exposição, uma resposta
inflamatória controlada. Depois de danificadas, as células afetadas são excretadas
através do metabolismo. (COLEMAN et al, 2009)

Figura 62. Esquema de Homeotermia resumido.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

155
UNIDADE VI │ CRIOLIPÓLISE

Estudos histológicos comprovam que, após a exposição ao frio, ocorre apoptose dos
adipócitos com posterior fagocitação deles pelos macrófagos. O processo inflamatório
estimulado por apoptose dos adipócitos inicia dentro de 3 dias após o tratamento com
pico em torno de 14 a 30 dias. Após esse período e até o 30o dia, o processo inflamatório
reduz consideravelmente e a atividade dos macrófagos é intensificada, por conseguinte,
os resultados clínicos começam a ficar mais evidentes. Em aproximadamente 60 dias
após a conclusão da sessão, diminui-se o volume das células com espessamento de
septos interlobulares. (COLEMAN et al, 2009)

Lesão apoptose
O termo apoptose, do grego apó = separação, ptôsis = queda, adotado pela primeira vez
na década de 1970, designa forma fisiológica de morte celular e ocorre segundo programa
genético que desencadeia um processo de autodigestão controlada, seguida da remoção
de células lesadas, senescentes ou imprestáveis, sem alteração do microambiente
celular. (ROCHA, 2013)

A apoptose ocorre como parte de um processo normal, muitas vezes é um benefício para
o organismo, tendo em vista que atua como um mecanismo de defesa. A célula recebe
um sinal para se autodestruir, reduz seu tamanho, quebra a cromatina em pedaços e se
torna facilmente fagocitada. (COLEMAN et al, 2009). Milhões e milhões de células do
nosso organismo morrem a todo o momento. Isso acontece porque na maioria das vezes
tais células precisam praticar o suicídio para a sobrevivência do próprio organismo
(Figura 63). A apoptose das células gordurosas (adipócitos) é iniciada quando essas
células são resfriadas a temperaturas de 0°C, entretanto a destruição dos adipócitos não
afeta de forma significativa os níveis séricos de lipídeos ou testes de função hepática.
Isso pode ser constatado por meio de avaliações trimestrais, que se mantiveram dentro
dos padrões de normalidade (FERRARO et al, 2012)

Figura 63. Esquema de lesão apoptose.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

156
CRIOLIPÓLISE │ UNIDADE VI

O início da resposta inflamatória, a partir de marcadores histológicos, ainda é discutida,


acredita-se que acontece após 24 horas de submissão do paciente ao procedimento;
para alguns autores, porém, a grande maioria considera seu início dentro de 3 dias, com
picos em torno de 14 dias, e fagocitose de até 30 dias (Figura 64). Os restos do processo
inflamatório, bem como os lipídeos, são seguramente metabolizados no prazo de 90
dias. (FERRARO et al, 2012)

Figura 64. Lesão apoptose.

Fonte: Dieter Manstein et al. Lasers in Surgery and Medicine 2008, 40: 595-604

Quanto às complicações pós procedimentos, encontram-se descritas na literatura:


alterações transitórias na função sensorial, porém sem lesões a longo prazo nas fibras
nervosas sensoriais, eritema, o qual ocorreu imediatamente após a aplicação e que
pode desaparecer 30 minutos após o término da sessão, bem como pequenas alterações
nos níveis de lipídeos ao longo do tempo, entretanto dentro dos limites considerados
normais (Figura 65). (FERRARO et al, 2012)

Figura 65. Pós procedimento.

A. Alterações transitórias na função sensorial.


B. Eritema, o qual ocorreu imediatamente após a aplicação e que pode desaparecer 30 minutos após
o término da sessão.
Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

157
CAPÍTULO 3
Indicações de crioliólise

Prós e contras

Prós: são vários os benefícios, a começar por ser um tratamento que não causa dor,
não é necessário anestesia, cortes ou agulhas, é prático e a mulher se sente bem antes e
depois do tratamento. (COLEMAN et al, 2009)

Pode melhorar o aspecto de flacidez das celulites, pois elas, de certo modo, fazem
as mulheres se sentirem bem; com a retirada das gorduras localizadas, as celulites
desaparecem aos poucos, na verdade elas ficam menos visíveis. (COLEMAN et al, 2009)

Contras: anti-inflamatórios não poderão ser administrados no pós criolipólise. É


obrigatória a utilização de cinta de pós operatório o mais apertado possível, isso é
primordial para a drenagem, não é indicada ingestão de carboidratos brancos, gorduras,
refrigerantes, açúcares nos primeiros cinco dias e, se não for usada uma manta de
proteção adequada ou a máquina for programada de forma errada poderão ocorrer
queimaduras. (COLEMAN et al, 2009)

Criolipólise na prática

No Brasil, o preço praticado para aquisição dos equipamentos gira em torno de 155 a
205 mil reais. Antes de comprar, devem-se considerar algumas hipóteses:

»» Se o equipamento apresenta tamanhos diferentes do cabeçote da


criolipólise (pequeno, médio ou grande), permitindo aplicar em diferentes
áreas de tratamento.

»» Se a empresa que importa o equipamento possui uma assistência técnica


rápida e eficiente.

»» Se o equipamento é fácil de transportar, aguenta as oscilações do


transporte e temperatura.

A área a ser tratada é isolada com uma espécie de membrana protetora. A seguir, é
inserida uma manopla com uma ponteira formada por duas placas de resfriamento,

158
CRIOLIPÓLISE │ UNIDADE VI

que fará uma sucção para acoplar o tecido alvo em um aplicador, em que o contato é
estabelecido entre a área de tratamento e dois painéis opostos de resfriamento. As células
mortas, em seguida, são metabolicamente eliminadas, exatamente como acontece com
a gordura que existe nos alimentos. (FERRARO et al, 2012). O resfriamento é gradativo
e pode chegar a até -10o C, as temperaturas variam de acordo com a quantidade de
gordura. (Figura 57)

A recuperação da criolipólise é imediata e os resultados podem ser percebidos em até dois


meses após a primeira aplicação. Em cada sessão pode ser eliminada aproximadamente
20% a 25% da gordura da região aplicada. O número de sessões varia de acordo com a
espessura de gordura de cada uma e do resultado esperado pelo paciente. (KENNETH
et al, 2009)

Os efeitos colaterais também são mínimos: hiperemina na área tratada, edema,


hematomas e dormência da pele são comuns após o tratamento e são transitórios.
(KENNETH et al, 2009)

A criolipólise pode ser feita apenas em algumas partes do corpo, aquelas que se adaptam
bem as ponteiras (Figura 66). Não é possível fazer no rosto, por exemplo, porque o
aplicador não se encaixa. De acordo com o fabricante do aparelho, há a perspectiva do
lançamento de ponteiras que se adaptem a outras partes do corpo. Cada sessão dura
aproximadamente uma hora por região, podendo-se fazer o máximo de 3 horas para
tratamento em 3 regiões diferentes. (COLEMAN et al, 2009)

Configuração
Pulso 500 ms (padrão)

Cada ciclo é de 10 min

Número mínimo de ciclo por sessão: 4

Colocar o vácuo de 25 - 50 cmHg, dependendo das condições das peles (quanto


mais flácida maior vácuo).

Atraso colocado em 0 (padrão).

Conectar vácuo e ponteira de crio.

Resultados visíveis após 45 dias precedidos inicialmente por algum inchaço


local.

159
UNIDADE VI │ CRIOLIPÓLISE

Tempo de ciclo:

40/60 min somente de crio por área.

40 min se for feito após CAVITAÇÃO e RF.

Você não pode repetir criolipólise numa mesma área dentre 60/90 dias de
tratamento.

Coloque filtro de papel na parte superior da ponteira para prevenir entrada de


líquido na tubulação.

Sempre use cinta modeladora logo em seguida da aplicação.

Logo em seguida e nas primeiras semanas poderá ser realizado qualquer


tratamento que drene, por exemplo, drenagem linfática manual, endermoterapia,
vibrocell, plataforma vibratória etc.

Resultados: começam em 15 dias/ ciclo 45 dias / Total 3 meses.

Reaplicação: Obesos - 1 vez por mês – repetir por 3 meses Você não pode repetir
Criolipólise numa mesma área dentre 60/90 dias de tratamento.

Outra área após 7 dias.

Tratamento

»» Limpe a área com um detergente.

»» Coloque a manta no cliente de forma segura.

»» Pressione CORPO-> criolipólise.

»» Selecione o tempo do tratamento por aproximadamente 45/60 min.

»» Parametrize o vácuo em 500 ms como duração do pulso, atraso em 0 e


35/40 hg de potência de aspiração.

»» Coloque ponteira na área.

»» Pressione start.

160
CRIOLIPÓLISE │ UNIDADE VI

Figura 66. Sequência de aplicação da criolipólise.

A: colocar a manta de proteção.

B: acoplar a manopla.

C: deixar agir de 45 a 60 min.

D: Retire a manopla e massageie a região.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

Obs: cada fabricante tem uma programação diferente, por isso sempre verificar
o método de configuração com o fabricante antes de aplicar.

Figura 67. Localização de regiões que podem receber a sucção.

Fonte: Fusiomed – Celebrim, 2014.

161
UNIDADE VI │ CRIOLIPÓLISE

Basta apenas uma sessão para eliminar até 25% da gordura. Todavia, é importante
que a pessoa agregue ao tratamento uma rotina saudável, inclua exercícios, isso tudo
ajudará na remoção das células de gordura. Em relação aos intervalos, o tempo de
uma sessão para a outra é de, pelo menos, três meses, muito embora quase nunca seja
necessário realizar mais de uma sessão. Pesquisas recentes apontam que no caso de
alguns equipamentos o intervalo poderá ser de um mês. O ideal é conversar – sempre
– com o fabricante do equipamento. Cabe ressaltar que a criolipólise é recomendada
apenas para as áreas que possuem mais de 2 cm de adiposidade visto em adipômetro
(COLEMAN et al, 2009).

Que a criolipólise é uma técnica segura e que traz bons resultados você já entendeu.
Mas saber se é possível combiná-la com outras técnicas é uma dúvida frequente dos
profissionais. Antes de tudo, o profissional precisa ter conhecimento dos aspectos
fisiológicos e metabólicos da gordura corporal. O segredo de se combinar técnicas está no
conhecimento aprofundado dos seus efeitos fisiológicos para que as ações combinadas
possam produzir resultados e não danos aos tecidos. (KENNETH et al, 2009)

Indicações e contraindicações

Indicações

A criolipólise não é um tratamento para sobrepeso ou obesidade. Ela é opção para pessoas
que tenham gordura localizada em algumas regiões corporais, o famoso pneuzinho. De
acordo com o fabricante, o procedimento elimina até mesmo aquela gordura incapaz de
ser combatida com dieta e exercícios físicos.

Contraindicações

As principais contraindicações a esse tratamento consistem em:

»» Doenças raras.

»» Crioglobulinemia.

»» Doença paroxística ao frio.

»» Hemoglobinúria.

»» Urticária ao frio.

»» Gestantes.

162
CRIOLIPÓLISE │ UNIDADE VI

»» Pacientes com alterações de sensibilidade.

»» Toda e qualquer alteração neurológica.

»» Pacientes com dispositivos intrauterinos (DIU).

»» Tumores.

»» Câncer.

ROCHA, L. O et al. Criolipólise: Tecnologia não invasiva para redução de medidas.


South American Journal Of Aesthetic Medicine. p.8-12, março de 2013.

163
ENDERMOLOGIA – UNIDADE VII
DERMOTONIA

CAPÍTULO 1
Entendendo a endermologia

Introdução e história
A dermotonia ou endermologia ou endermoterapia ainda é considerada uma novidade
nessa área, pois é um procedimento seguro, sem agulhas ou injeções, que utiliza o vácuo,
atuando na pele, camada adiposa e musculatura, promovendo melhora circulatória e
drenagem linfática (PETIT, 1997; BORELLI, 2004).

Foi desenvolvida primeiramente pelo engenheiro francês Louis Paul Guitay, no ano de
1970, quando ele buscava desenvolver uma técnica que diminuísse cicatrizes oriundas
de acidentes de carro. Em vez de fazer os tratamentos mais eficientes da época, ele criou
um mecanismo que pudesse auxiliar os terapeutas. O resultado foi um aparelho portátil
com um cabeçote massageador que, aplicado sobre a área a ser tratada, fazia sucções
intermitentes e rolamentos simultâneos sobre o tecido subjacente. O aparelho, no
início, foi utilizado na recuperação de queimados, mas, inesperadamente, descobriu-se
ser também eficaz para o tratamento de “celulite” (LGD) (ERSEK et al., 1997; FODOR,
1997; CHANG et al., 1998; BENELLI et al., 1999).

Para Berreur (1998), a dermotonia busca detectar zonas de dermalgia, ou seja, regiões
onde ocorre perturbação de tecido cutâneo, e produz um efeito reflexo simpaticolítico
que permite a estimulação e purificação dos gânglios linfáticos, desfazendo essas
zonas alteradas, diminuindo a tensão muscular e tonificando a pele por estimular
os fibroblastos, produtores de colágeno e elastina. E, conforme Peppercorn (1999),
a técnica melhora a circulação linfática, eliminando detritos toxínicos e gera uma
hipervascularização da derme e hipoderme ocorrida pela mobilização do sangue dentro
dos capilares cutâneos, melhorando, assim, a troficidade e favorecendo a nutrição
celular a distância e em profundidade. Ela ocasiona também a desfibrosagem, que atua
na reestruturação do tecido conjuntivo, permitindo o deslizamento deste sob a pele.
164
ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA │ UNIDADE VII

Segundo Berreur (1998) e Chang et al. (1998), conforme as leis da física, o ar atmosférico
se desloca do local de maior pressão para o de menor pressão, produzindo trocas gasosas
através da pele, que são importantes na eliminação de toxinas e gases, e o fortalecimento
(por expansão e contração) dos vasos sanguíneos e linfáticos.

Mecanismo de ação

O tratamento consiste na aplicação de um equipamento que cria um vácuo (pressão


negativa) (MCDANIEL et al., 1998) à medida que rola sobre a pele, agindo como uma
massagem, sendo então utilizada nas áreas priorizadas e também nas demais partes
do corpo. Essa ação cria uma dobra cutânea que é repetidamente segura e solta por
meio de uma série de manobras que irão reestruturar o tecido conjuntivo, estimulando
a circulação sanguínea e linfática, assim promovendo a melhora da oxigenação e
da aparência da LDG, facilitando a nutrição dos tecidos e a distribuição da gordura
subcutânea (ERSEK et al., 1997; PETIT, 1997; BORGES, 2006).

Figura 68. Equipamento endermologia em funcionamento.

Fonte: <http://www.lpgsystems.com/>

A técnica melhora a circulação linfática, eliminando detritos tóxicos e gera uma


hipervascularização da derme e hipoderme ocorrida pela mobilização do sangue dentro
dos capilares cutâneos, melhorando assim atroficidade e favorecendo a nutrição celular
a distância e em profundidade. Ela ocasiona também a desfibrosagem, que atua na
reestruturação do tecido conjuntivo, permitindo o deslizamento deste sob a pele (KEDE;
SABATOVICH, 2004; MARTINEZ; RITTES, 2004). Assim seus principais efeitos são:
redução de edemas e melhora do fluxo sanguíneo; melhoria dos mecanismos de defesa
imunológica; melhoria da elasticidade da pele; diminuição da retenção hídrica e das
infiltrações celulíticas; incremento da drenagem linfática; redução do estado fibrótica
do tecido (BORGES, 2006).

165
UNIDADE VII │ ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA

Para o sucesso dos tratamentos na área de estética, é de extrema importância salientar


a correta aplicação das técnicas, sendo imprescindível a presença do profissional
qualificado e habilitado para a execução e compreensão dos procedimentos realizados
(SALLET, 2001; GOOSSENS, 2004; KEDE; SABATOVICH, 2004; MARTINEZ;
RITTES, 2004).

Indicações e contraindicações

Indicações

»» Atenuar cicatrizes atróficas.

»» Auxiliar no tratamento de F.E.G.

»» Acelerar a reabsorção de edema.

»» Reorganizar o tecido adiposo subcutâneo.

»» Auxiliar no tratamento de intradermoterapia e HLC.

O uso da endermoterapia no pós-operatório de lipoaspirações deve ser cauteloso,


uma vez que os tecidos precisam se reconstituir para cicatrizar. As manobras podem
ser por demais agressivas nos estágios iniciais do processo cicatricial, aumentando
o tempo de tratamento e o número de sessões, pois reagudizam a fase inflamatória
por provocar microtraumas no tecido colágeno cicatricial, favorecendo a formação
de fibroses e retardando a recuperação. Pode ser utilizada tardiamente em casos de
fibroses avançadas e persistentes. (BORGES, 2006).

Contraindicações

»» Tumores e neoplasias.

»» Dermatoses.

»» Fragilidade capilar.

»» Doenças infecciosas.

»» Varizes.

»» Flacidez tissular excessiva.

»» Diabetes.

166
ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA │ UNIDADE VII

»» Intolerância à sucção.

»» Hipertensão.

»» Hérnia umbilical.

»» Flebites e coágulos de sangue.

»» Uso de medicamentos anticoagulantes.

»» Pseudo-atrofia (uso de cortisona injetável).

167
CAPÍTULO 2
Técnicas

Aplicação
A paciente pode usar uma malha especial (sem compressão sobre a pele), com fio em
poliamida, recobrindo toda a pele para melhor deslizamento do cabeçote na superfície
corporal (MANUAL DE TREINAMENTO – CELUTRAT, 2005; LOPES, 2006), mas
também pode ser realizada diretamente sobre a pele utilizando pouco óleo de massagem
(Figura 69) (EQUILIBRIO, 2006).

O óleo deve ser NEUTRO, sem semente ou qualquer outra substância, e não há
necessidade de sua utilização quando a manopla selecionada for a de esferas.

Figura 69. Malha especial sem compressão.

Fonte: <http://www.lpgsystems.com/>

A aplicação deverá ser realizada em dois decúbitos, o dorsal e o ventral, iniciando


a aplicação em decúbito dorsal, evoluindo para decúbito ventral. Devem sempre
respeitados os movimentos a favor do sistema linfático e as fibras musculares de todas
as regiões, inclusive da região glútea. Antes de iniciar a aplicação é necessária a ativação
da rede ganglionar; gânglios das regiões supra claviculares, inguinais e poplíteas. Cada
sessão deve ter uma duração em média de 40 minutos, sendo dividida a aplicação entre
as regiões a serem tratadas (MCDANIEL et al, 1998).

168
ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA │ UNIDADE VII

Figura 70. Direção a ser seguida.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

A endermoterapia pode ser realizada de três formas:

Depressomassagem pulsada: o cabeçote é aplicado na região por aproximadamente


dois segundos. Pressão entre 600 e 700 mmHg. (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Depressomassagem contínua: o cabeçote é aplicado sobre toda a área. Inicialmente,


deve-se utilizar pressões leves (de 150 a 200 mmHg), aumentando gradativamente de
acordo com a sensibilidade do paciente. O sentido de aplicação depende do objetivo
terapêutico: traços longitudinais (efeitos circulatórios); traços transversais (efeito
descontraturante); traços circulares (amaciamento de zonas de fibrose). (GUIRRO;
GUIRRO, 2002).

Figura 71. Depressomassagem.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

169
UNIDADE VII │ ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA

Sugestões para uso corporal: modelagem em usuário e/ou paciente com bom
tônus.

Tabela.

Sessões
Ajustes 1ª a 10ª 11ª a 20ª
Contínuo - -
Sucção (mmHg) 140 -170 200 – 250
Tempo por região 10 min 15 min

Depressomassagem linfática: prolongamento natural da depressomassagem, mas


com pressão mais suave (de 30 a 60 mmHg), (GUIRRO; GUIRRO, 2002) realizada em
três tempos:

»» Pulsada: a ventosa é colocada sobre os linfonodos com pressão forte


(manobra de abertura). (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

»» Contínua: depressomassagem contínua sobre os trajetos linfáticos


na direção de reabsorção da linfa com pressões entre 30 a 60 mmHg.
(GUIRRO; GUIRRO, 2002).

»» Pulsada: a ventosa é colocada sobre os linfonodos com pressão forte


(manobra de fechamento). (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Figura 72. Drepresso drenagem.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

170
ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA │ UNIDADE VII

Sugestões para uso corporal: Drenagem linfática em usuário e/ou paciente com
flacidez.

Tabela.

Sessões
Ajustes 1ª a 10ª 11ª a 20ª
Pulsado 1.5 1.0
Sucção (mmHg) 100 - 140 150 – 200
Tempo por região 10 min 15 min

Cuidados na aplicação

»» O tratamento não deve gerar dor ou desconforto.

»» Respeitar as intensidades para evitar equimoses e hematomas.

171
CAPÍTULO 3
Tipos de protocolo

Protocolo sugerido corporal


Essas sugestões são baseadas em relatos clínicos, e não têm a pretensão de excluir outra
metodologia de utilização do recurso terapêutico.

Na realização da drenagem linfática deve-se iniciar e finalizar o tratamento pelo


bombeamento dos linfonodos, utilizando o modo pulsado (25 pulsos/min) com o
cabeçote circular na região dos linfonodos e da veia safena. Entre essas duas fases
seguimos as manobras obedecendo às normas gerais da drenagem, escolhendo as
manobras de acordo com o estado do tecido a ser trabalhado.

Roletes cilíndricos

DESLIZAMENTO – modo contínuo

»» Mover o cabeçote lentamente para frente e para trás.

Efeito: permite ao cliente acostumar-se com a sensação e possibilita dosar a pressão e


potência da aspiração e drenagem linfática. Deve-se utilizar após o bombeamento dos
linfonodos e ao final da sequência dos roletes esféricos.

Roletes esféricos

CIRCULAR – modo contínuo

» mover o cabeçote realizando movimentos de círculos.

172
ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA │ UNIDADE VII

Efeitos: estimulação da circulação.

OITO GRANDE – modo contínuo

»» Realizar o movimento na forma de oito torneando totalmente uma área


determinada.

Efeitos: movimentação do tecido conjuntivo com finalidade de hiperemiante e de


remodelação.

OITO PEQUENO – modo contínuo

»» Realizar o movimento na forma de oito de modo mais rápido, torneando


totalmente em áreas críticas determinadas.

Efeitos: movimentação e desfibrosagem do tecido conjuntivo.

ZIGUE-ZAGUE – modo contínuo

»» Realizar o movimento na forma de zigue-zague mudando a direção do


cabeçote.

Efeitos: hiperemiante e remodelamento.

173
UNIDADE VII │ ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA

Protocolo sugerido para estética facial


Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Essas sugestões são baseadas em relatos clínicos, e não têm a pretensão de excluir outra
metodologia de utilização do recurso terapêutico.

1. Inicia-se o tratamento pelo bombeamento dos linfonodos, utilizando o


modo pulsado (25 pulsos/min) com a ventosa de vidro de formato circular
na região dos linfonodos.

2. Deslizamento com a ventosa de vidro de bico chato no mesmo sentido da


drenagem manual no modo contínuo.

3. Com a ventosa de ponta realizar o deslizamento ao redor dos olhos.

4. Com a ventosa bico de pato realizar movimento zigue-zague nas linhas de


expressão e rugas.

5. Finalizar o tratamento pelo bombeamento dos linfonodos, utilizando


o modo pulsado (25 pulsos/min) com a ventosa de vidro de formato
circular na região dos linfonodos.

6. Pode-se finalizar colocando máscara tensora ou descongestionante.

Figura 73.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

174
Para (não) Finalizar

A área da estética sempre se renova e se atualiza, desse modo nós profissionais da


área da saúde que atuamos com o paciente precisamos sempre estar à frente destes. A
renovação faz parte do aprendizado e conhecimento trazendo segurança não só para
nós, mas também conforto para nosso cliente.

A cada ano que passa novos princípios ativos surgem no mercado com um propósito
novo para atuação, seja como injetável, cosmético, oral, tópico, e nós farmacêuticos
como profissionais habilitados na saúde estética temos o dever de indicarmos sempre o
padrão ouro aos nossos pacientes/clientes. Contudo, o aprimoramento de novas técnicas,
atualizações em palestras, livros, especializações e afins é de extrema importância ao
profissional que almeja sucesso e crescimento em sua carreira.

175
Referência

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Autor, 2010.

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