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Fundamentos da Administração

FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

1 Significado da Administração ...........................................................................................1


2 Da Revolução Urbana à Revolução Industrial ...................................................................6
3 Taylor e Ford..................................................................................................................10
4 Fayol e a Escola do Processo de Administração ..............................................................13
5 Max Weber e o Estudo da Burocracia .............................................................................22
6 Modelo Japonês de Administração..................................................................................26
7 Enfoque Comportamental ...............................................................................................31
8 Pensamento Sistêmico ....................................................................................................36
9 Planejamento Estratégico................................................................................................40
10 Administração na Era Digital..........................................................................................42
Fundamentos da Administração 1

1 Significado da Administração1

1.1 Organizações
Uma organização é um sistema de recursos que procura realizar objetivos

 Pessoas
 Informação
 Conhecimento
 Espaço ORGANIZAÇÃO OBJETIVOS
 Tempo
 Dinheiro
 Instalações

Ilustração 1
As organizações transformam recursos para fornecer produtos e serviços, com o objetivo de
resolver problemas de seus usuários e das pessoas que as criaram. Duas palavras são usadas para
indicar que uma organização tem desempenho de acordo com as expectativas dos usuários e das
pessoas que investiram: eficiência e eficácia.
Eficiência é a utilização de forma econômica
dos recursos. Quanto mais alto o grau de
produtividade ou economia na utilização de
recursos, mas eficiente é a organização.
Eficácia é a realização dos objetivos da
organização. Quanto mais alto o grau de
realização dos objetivos, mais a organização
é eficaz. Ilustração 2 – Equipe de Fórmula 1
Administração é o processo de tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O
processo administrativo abrange 5 tipos principais de decisões, também chamadas processos ou
funções: planejamento, organização, liderança, execução e controle.
A administração é importante para o indivíduo, família, grupos, organizações e sociedade.

PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO

LIDERANÇA

CONTROLE EXECUÇÃO

Ilustração 3 – As principais funções do processo de gestão


Fundamentos da Administração 2

Complexidade

Quantidade de recursos empregados

Administração Administração Administração de Administração de Administração


pessoal familiar pequenos grupos organizações social: sociedade
sociais global

Ilustração 4
A razão principal para estudar o processo administrativo é seu impacto sobre o desempenho das
organizações, pois a sociedade moderna é uma sociedade organizacional.

1.2 Teorias da administração


As teorias da administração são conhecimentos organizados, produzidos pela experiência
prática das organizações. A teoria geral da organização é o conjunto dessas teorias, designadas
por meio de diferentes termos:
 Teorias são explicações, interpretações ou proposições sobre a realidade.
 Um enfoque, também chamado pensamento, abordagem ou perspectiva, é um aspecto
particular das organizações ou do processo administrativo, selecionado para estudo e
produção de conhecimentos. Enfoque é também uma forma de interpretar as organizações e
o processo administrativo. Exemplos: enfoque sistêmico, enfoque comportamental.
 Escola é uma linha de pensamento ou conjunto de autores que usaram o mesmo enfoque,
escolheram o mesmo aspecto específico para analisar ou adoram o mesmo raciocínio.
Exemplo: escola do processo administrativo.
 Modelo de gestão (ou de administração) é um conjunto de doutrinas e técnicas do processo
administrativo. Exemplo: modelo japonês.
 Modelo de organização é um conjunto de características que definem organizações e a
forma como são administradas. Exemplo: modelo burocrático.
 Uma doutrina é um princípio de conduta que contém valores, implícitos ou explícitos.
Exemplo: o movimento da qualidade tem uma doutrina da satisfação do cliente.
 As técnicas são soluções para problemas. Exemplos: organogramas, formas de
planejamento, estudos de tempos, sistemas de controle.
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IDEIAS
ENFOQUES 1900-1925 1925-1950 1950-1975 1975-2000
TEORIAS
Produção de massa, Modelo japonês,
preocupação com Administração empresa de classe
Popularização do Sistema Toyota
eficiência (ênfase na científica, linha de mundial, Seis
sistema Ford. de produção.
eficiência dos montagem. Sigma, redesenho
processos produtivos). de processos.
Humanismo,
enfoque
Relações
comportamental, Gestão de pessoas,
Características humanas, Administração
escola das relações qualidade de vida
individuais. dinâmica de participativa.
humanas (ênfase nas no trabalho, ética.
grupo, liderança.
pessoas e na condição
humana).
Escola da qualidade Sistemas de
(ênfase na Controle Qualidade qualidade,
Administração da
uniformidade, na estatístico da total, qualidade qualidade
qualidade.
conformidade e na qualidade. no Japão. garantida, Normas
adequação ao uso). ISO.
Processo Administração de
Enfoque no processo
decisório, projetos,
administrativo
Enfoque funcional estruturação das administração por
(ênfase no papel dos
da administração, grandes empresas, Planejamento processos, supply
gerentes e no
políticas de política de estratégico. chain management,
processo de
negócios. negócios, papéis e
administrar
administração por competências
organizações).
objetivos. gerenciais.
Teorias das
Imagens das
organizações (ênfase
Tipo ideal de Teoria das Modelos de organizações,
no atendimento da
burocracia. organizações. organização. aprendizagem
natureza das
organizacional.
organizações).
Aplicação do
pensamento
Pensamento sistêmico na
sistêmico (ênfase na concepção de
Teoria geral dos Pensamento sistêmico influenciando
compreensão de processos
sistemas. todas as ideias da administração.
totalidade e relações produtivos,
entre as partes). especialmente a
linha de
montagem.
Mayo, Ohno, Toyoda, Porter, Morgan,
Taylor, Fayol,
Principais gurus. Bertalanffy, Ishikawa, Hammer,
Weber, Shewhart.
Deming, Sloan. Ansoff. Mintzberg.

Ilustração 5 – Principais enfoques administrativos

1.3 Administração no presente


Mudanças em todos os tipos de ambientes – competitivo, tecnológico, econômico, social –
levaram ao surgimento de novos conceitos e técnicas para administrar organizações. Essas
inovações na teoria e na prática são chamadas novos paradigmas da administração.
No campo da administração esses paradigmas são principalmente:
 Premissas ou hipóteses;
 Modelos de administração e organização;
 Contexto social, econômico, tecnológico, competitivo, etc.
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PARADIGMAS PARADIGMAS DO TERCEIRO


TRADICIONAIS MILÊNIO
Revolução industrial – substituição e Revolução digital – substituição e
potencialização do trabalho humano por potencialização das funções humanas de
máquinas. decisão, comunicação e informação por
computadores.
Classe operária numerosa, em conflito com Trabalhadores em serviços e do conhecimento
uma classe de patrões e gerentes. e profissionais liberais mais numerosos que os
operários clássicos.
Trabalhador especializado – operador de Grupos de trabalhadores autogeridos e
máquinas qualificado apenas para a realização polivalentes, com educação de nível superior.
de uma tarefa.
Emprego e carreira estáveis. Desemprego, empregabilidade, economia
informal, empreendedorismo.
Grandes estruturas organizacionais. Estruturas organizacionais enxutas.
Ênfase na eficiência. Ênfase na competitividade.
Interesse da empresa e do acionista. Ética e responsabilidade social, cidadania
empresarial.

ESTUDO DE CASO: AFINAL, QUEM MANDA AQUI?


Recém-casado, Ricardo abandonou o emprego para iniciar uma loja de materiais esportivos em
uma rua de grande movimento, de um bairro comercial de São Paulo. A empresa cresceu
rapidamente. Em poucos anos, Ricardo abriu filiais da loja e comprou uma pequena malharia
para fabricar seus próprios uniformes esportivos. A malharia tornou-se um negócio muito
lucrativo, porque Ricardo passou a fornecer para outras lojas independentes, redes de lojas de
material esportivo e diversos times. Finalmente, cerca de 10 anos depois de começar, Ricardo
abandonou o comércio para se dedicar integralmente à indústria.
A administração dos negócios tomava todo o seu tempo e Ricardo precisou sacrificar seus
estudos, interrompendo-os no primeiro ano do curso de Economia. Seus dois filhos, Sérgio e
Alberto, porém, foram educados, desde pequenos, para assumir a empresa. Desde a
adolescência, foram envolvidos pelo pai nos negócios. Ambos formaram-se em Administração e
Ricardo providenciou para que fizessem estágios no exterior.
Cerca de 25 anos depois de ter começado, Ricardo era o proprietário de uma grande confecção
de uniformes esportivos, que agora tinha um novo tipo de clientes: outros fabricantes de
materiais esportivos, que dele compravam para vender com sua própria marca. Diversos outros
fornecedores concorriam pelos mesmos clientes. Estabilizada, a empresa era administrada, no
dia-a-dia, por Sérgio e Alberto, que se dedicavam especialmente às atividades de marketing e
finanças. Ricardo concentrava-se nas decisões de produção e escolha de produtos, além dos
contatos com clientes grandes e tradicionais. Já não precisava, porém, dedicar-se tanto quanto
antes.
Tudo correu relativamente bem para Ricardo e seus concorrentes, antes da era da globalização.
Quando as grandes empresas multinacionais de material esportivo chegaram ao Brasil, a
competição tornou-se extremamente acirrada. Com grande poder de compra e fornecedores de
baixo custo, agressivas na oferta de patrocínios para as equipes esportivas, e extremamente
preocupadas com a competitividade, essas empresas passaram a moldar o mercado segundo seus
interesses. Esse movimento coincidiu com a evolução da tecnologia nas fibras para tecelagem,
que a empresa de Ricardo comprava de fornecedores multinacionais.
Ricardo foi obrigado a fazer grandes inovações em seu parque industrial, para acompanhar a
evolução da tecnologia e acompanhar os novos padrões criados pela abertura do mercado.
Exigindo grandes investimentos, essas inovações obrigaram Ricardo a procurar financiamento,
o que deixou a empresa em situação financeira muito delicada. No final da década de 90, uma
grande parte da receita estava comprometida com o pagamento de juros. A crise econômica e a
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alta do dólar contribuíram para tornar a situação ainda mais difícil no mercado interno, embora
tivessem facilitado a exportação, que a empresa fazia em pequena escala.
Nos últimos cinco anos, as relações entre Ricardo e seus dois filhos tornaram-se muito tensas,
para desalento de Alice, a mãe, e do restante da família. Vendo a empresa deteriorar-se, Sérgio e
Alberto pretendem, nada mais nada menos, que o pai abandone os negócios e deixe a empresa
totalmente para eles. Eles alegam que estudaram e se prepararam profissionalmente para
administrar a empresa e que a época do pai já passou. Ultimamente, Ricardo está tendo sérios
conflitos com os filhos por causa dessa questão. Depois de muita discussão, Alberto, o filho
mais velho, convenceu Ricardo de que novos mercados poderiam ser explorados. Desenvolveu
novos produtos e passou a fornecer para outros tipos de clientes, que vendem roupas de grife em
shopping centers. Esse mercado parece ter grande potencial. O êxito animou Alberto, que agora
acredita ter um argumento forte para discutir com o pai. Querendo evitar que o conflito se torne
mais agudo, Ricardo concordou em cuidar do suprimento de matérias-primas e da produção. No
entanto, não consegue deixar totalmente de se ocupar dos problemas de desenvolvimento de
produtos, vendas, finanças e administração geral da empresa, que os dois filhos disputam com
ele. Há pouco tempo, eles tiveram uma séria discussão por causa da proposta que os filhos
fizeram, de contratar um consultor de administração.
Ele anda se perguntando frequentemente:
Afinal, quem deve mandar aqui? Eu, que fiz esse negócio e meus filhos nascerem e crescerem,
ou eles? Eles alegam que estudaram administração e estão mais preparados do que eu para
resolver os problemas da empresa. Dizem até que minha experiência não vale mais nada hoje
em dia. Não quero aumentar o conflito, mas também não quero abandonar a empresa
totalmente. E que história é essa de trazer um consultor? O que esse cara pode saber, sem nunca
ter se envolvido nos negócios?
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2 Da Revolução Urbana à Revolução Industrial2


 Administração e organizações durante a revolução urbana:

Surgimento das cidades e estados. Estrutura de colaboração e


coordenação entre cidades-estados.

Formação de uma classe de dirigentes Planejamento de longo prazo.


profissionais, os reis-sacerdotes.

Formação de uma classe de Administração de grandes projetos de


funcionários públicos. construção.

Invenção de contabilidades primitivas. Exércitos profissionais especializados.

Legislação.

 3000 a.C., no território do atual Iraque, desenvolveram-se as cidades da civilização suméria;


sacerdores reis mandaram construir templos que se transformaram em centros de
administração; surgem os primeiros livros de contabilidade gravados em placas de argila.
 Por volta de 3100 a.C. o Egito foi unificado; as inundações do Nilo levaram a desenvolver
uma mentalidade orientada para o planejamento de longo prazo; as pirâmides destacaram as
aptidões técnicas e administrativas do egípcio; em média a construção da pirâmide de
Quéops envolveu a movimentação de cerca de 270 blocos de pedra de 2,5 toneladas, todos
os dias, durante 23 anos; outra evidência de bom planejamento: organização militar.
 Cerca de 2000 a.C. os sumérios entraram em decadência e foram dominados pela Babilônia;
a contabilidade em argila permanece; surge o código de Hamurábi e as primeiras regras de
princípios administrativos (entrega de mercadorias mediante recibo, por exemplo).
 No século XXIV a.C. a China já empregava soluções inovadoras em sua administração
pública – aconselhamento com assessores e delegação de autoridade para os mesmos. Por
volta de 1100 a.C. criou-se um documento que, na prática, era um manual de administração
pública.
o Sun Tzu escreveu, no século IV a.C., a respeito de técnicas militares – A arte da guerra
(há polêmicas sobre a autoria). No ano 221 a.C. a Muralha da China foi concluída –
com aproximadamente 1500 km de extensão, sua construção durou cerca de 10 anos e
empregou centenas de milhares de pessoas.
o Confúcio – a importância das pessoas deve basear-se no mérito, que tem por base o
conhecimento. Exceção: família do Imperador.
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 Grécia – século V a.C.:

Democracia: Método:
Administração participativa direta. Busca do conhecimento por meio de
investigação sistemática e da reflexão abstrata.

Executivos: Estratégia:
Eleitos pela assembléia dos cidadãos. Encadeamento lógico de meios para a
realização de fins.

Ética: Qualidade:
Felicidade dos cidadãos como responsabilidade Ideal do melhor em qualquer campo de
fundamental dos administradores da Pólis. atuação.

 Roma – do século VIII a.C. a IV a.C.:

Administração de projetos de
Administradores provinciais de um
engenharia e construção.
império multinacional.

Exército profissional e especializado


Diversos tipos de executivos: com uma classe de oficiais.
senadores, magistrados, cônsules,
imperadores.
Planejamento e controle das finanças
públicas.
Rede de estradas para a comunicação
entre as unidades do império. Autoridade formal e regras de
convivência definidas legalmente.

Grandes empresas privadas Valorização da propriedade privada.

o A administração financeira é um dos principais aspectos das instituições romanas sob a


perspectiva da história da administração – imposto sobre propriedades, imposto
individual, cobradores, contribuintes, etc.
 Renascimento:

Valorização do ser humano, colocando Arsenal de Veneza, primeira fábrica a


no centro de todos os tipos de ação. usar o sistema de linha de montagem.

Grandes consórcios de empresas


privadas. Administração começa a tornar-se área
do conhecimento.
Separação entre os papéis do
empreendedor e do empregado.
Maquiavel publica O Príncipe, primeiro
Invenção da contabilidade moderna. manual para executivos.

Surgimento da hierarquia enxuta do


Acumulação de capital como fator de
protestantismo.
motivação.
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 Revolução Industrial:

Substituição do artesão pelo operário


Marxismo.
especializado.

Doutrina social da igreja.


Invenção das fábricas.

Darwinismo social.
Crescimento das cidades, originando novas
necessidades de administração pública.
Administração consolida-se como área do
conhecimento.

Primeiras experiências práticas com mo-


Surgimento dos sindicatos.
derna administração de empresas (Soho).

Fundição Soho
No campo das experiências práticas, destaca-se a Fundição Soho, uma empresa constituída para
fabricar a máquina a vapor de James Watt. Nesta empresa, herdada pelos filhos dos fundadores,
podia-se observar, a partir de 1800, o pioneirismo de conceitos que se tornariam universais nos
dois séculos seguintes:
 Padronização do funcionamento das máquinas, objetivando equilibrar o ritmo de fabricação.
 Fabricação de peças intercambiáveis.
 Detalhado planejamento das operações e do local de trabalho, visando alcançar otimização
do espaço físico e alto grau de precisão na fabricação de produtos, com redução do esforço
humano.
 Planejamento e controle da produção baseados em estimativas da procura por máquinas.
 Cronometragem e estudo de tempos e movimentos.
 Pagamento de incentivos salariais proporcionais à produção de peças.
 Entendimento de que o principal recurso da empresa era sua mão-de-obra, com a adoção de
práticas como lazer remunerado, manutenção de locais de trabalho limpos, construção de
casas para os operários e criação de uma sociedade de auxílio mútuo.
Robert Owen e New Lanark
Outra experiência prática interessante dessa época foi conduzida por Robert Owen, na Escócia.
Em 1800, Owen adquiriu uma fiação em New Lanark, perto de Glasgow. Trabalhavam nessa
fábrica cerca de 2.000 pessoas, inclusive 500 crianças com idade de até 5 anos. Com muita
paciência e simpatia, Owen começou uma experiência em administração iluminista e
paternalista, com base em sua crença em que o ser humano era produto do meio e, portanto,
podia ser melhorado. Entre os benefícios que ofereceu a seus trabalhadores, estavam moradia,
educação gratuita para crianças e um armazém sem fins lucrativos. A idade mínima para o
trabalho foi aumentada de cinco para dez anos e o dia de trabalho foi reduzido, para toda a força
de trabalho, de 14 para 12 horas.
Owen também colocou em prática diversos dispositivos disciplinares:
 Um “monitor silencioso”, suspenso sobre os postos de trabalho, indicava o nível de
desempenho dos trabalhadores.
 A limpeza na cidade de New Lanark era obrigatória.
 Foram instituídas multas para a embriaguez em público.
 Foi instituído o toque de recolher durante o inverno.
Com sua experiência, Owen provou que:
 Era mais vantajoso trabalhar em New Lanark que em outros lugares.
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 Os trabalhadores podiam ser motivados por um “toque” humanista.


 O impacto sobre o desempenho do negócio foi altamente positivo. A qualidade do fio de
algodão melhorou continuamente. A empresa produziu um alto nível de lucro para Owen e
seus sócios, permitindo-lhe financiar folgadamente sua utopia.
No campo da experiência prática, Owen antecipou muitas conclusões que a experiência de
Hawthorne e a escola de relações humanas viriam a ampliar e explicitar.

ESTUDO DE CASO: CONSELHOS DE JETRO


A época é o século XIV antes de Cristo. Liderados por Moisés, cerca de 600.000 hebreus saíram
do Egito e estão indo em direção à Terra Prometida já faz algum tempo. Ontem, houve uma
batalha contra os amalequitas. Moisés está muito cansado, porque teve que ficar o tempo todo
em cima de uma colina, segurando o cajado no alto, para que os hebreus vencessem a batalha.
Ainda bem que Aarão e Hur estavam lá para ajudá-lo, segurando seus braços.
Hoje, Moisés está recebendo a visita de Jetro, seu sogro. Não tem muito tempo para falar com
ele, pois fica de manhã até a tarde recebendo pessoas do povo, que ficam numa fila
aparentemente interminável. Aliás, Moisés quase não tem tempo para mais nada. Jetro observa
que Moisés resolve todos os problemas que lhe são trazidos pelas pessoas.
Bem no final da tarde, Jetro leva Moisés até o alto da colina, onde podem conversar sem ser
incomodados.
– Moisés – pergunta Jetro –, por que você tem que ficar julgando pessoalmente todos esses
casos que lhe são trazidos? O que querem todas essas pessoas?
– Bem, Jetro, as pessoas querem ouvir de mim a interpretação da vontade e das leis de Deus.
– Desse jeito, você fica sem tempo para cuidar das questões realmente importantes. Por que
você não manda outros fazer esse serviço? Já pensou se todo mundo quiser falar com você?
– Ora, Jetro, esse é o meu serviço. E depois, já imaginou se outros fizerem algo errado?
– Isso não deve preocupá-lo, Moisés. Escolha pessoas competentes e crie um sistema
hierárquico. Forme grupos de 10 assistentes para falar diretamente com o povo. Para cada 10
grupos de 10 assistentes, designe um feitor. Ele será responsável pela análise dos casos que os
assistentes não souberem resolver. Para cada grupo de 10 feitores, indique um supervisor. Esse
será o chefe de 100. O supervisor resolverá os problemas que os feitores não souberem resolver.
Finalmente, para cada grupo de 10 supervisores, indique um chefe, o chefe de 1.000. Ele
resolverá os problemas que os supervisores não souberem resolver. Assim, você só terá que se
ocupar com os problemas que os chefes de 1.000 não conseguirem solucionar. Isso vai deixar
tempo para que você cuide do que é realmente o trabalho de um líder.
– Jetro, quem diz que eles serão capazes de resolver problemas?
– Moisés, treine esse pessoal. Ensine-lhes a lei e dê-lhes as diretrizes para aplicá-las. Faça-os
responsáveis. Avise a todos que, de agora em diante, eles deverão ser procurados. Aprenda a
delegar, Moisés.
– E como fazer a escolha?
– Procure alguns que você sabe que não são mais competentes. Peça ao povo que eleja outros e
forme a equipe dessa maneira.
– Jetro, seguirei seu conselho, mas ainda tenho receios. E se eles não aceitarem essas
responsabilidades?
– Ora, Moisés, você conversa com Deus de vez em quando, ou pelo menos é o que você diz. Ele
saberá aconselhá-lo melhor.
No dia seguinte, Jetro, o primeiro consultor de executivos da História voltou para casa.

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