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Doutor em Ciências na área de Economia, Organizações e Gestão do Conhecimento (2011), mestre em Engenharia
de Produção (2007) e bacharel em Ciências Contábeis (2003), pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor
doutor da Universidade de São Paulo (USP), na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão
Preto (FEA-RP), no Departamento de Contabilidade. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Ciências
Contábeis, atuando principalmente com docência e pesquisa em Contabilidade Financeira e Métodos Quantitativos e
Computacionais aplicados à Contabilidade.
56 p., il.
CDU 658.152
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permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Virgínia Bilatto
Amanda Casale
Sumário
Avaliação de Empresas
Unidade I
1 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS – METODOLOGIAS SIMPLES.................................................................. 11
1.1 Metodologia do valor contábil........................................................................................................ 12
1.1.1 Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL).................................................................................. 13
1.1.2 Rotatividade das Vendas (RVPL)........................................................................................................ 14
1.1.3 Rotatividade do Lucro Operacional (RLOPL)................................................................................. 14
1.1.4 Imobilização com Recursos Próprios (IPL)..................................................................................... 14
1.1.5 Alavancagem (APL)................................................................................................................................. 15
1.1.6 Cobertura de Juros com o Patrimônio Líquido (CJPL).............................................................. 15
Unidade II
2 Outras metodologias aplicadas..................................................................................................... 16
2.1 Metodologia do valor patrimonial de mercado........................................................................ 16
2.2 Metodologia do valor de liquidação............................................................................................. 17
2.3 Metodologia do Preço/Lucro (P/L).................................................................................................. 17
2.4 Metodologia de capitalização dos lucros.................................................................................... 18
2.5 Metodologia dos múltiplos de faturamento.............................................................................. 19
2.6 Metodologia dos múltiplos de lucros............................................................................................ 19
Unidade III
3 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS – METODOLOGIAS COMPLEXAS.......................................................... 21
3.1 Metodologia dos fluxos de caixa descontados......................................................................... 21
3.2 Metodologia do valor presente líquido........................................................................................ 25
3.3 Metodologia das opções reais.......................................................................................................... 27
3.3.1 Mensuração do risco do projeto........................................................................................................ 30
3.3.2 Utilização da opção real e seu impacto sobre o VPL e o risco.............................................. 31
3.4 Metodologia da TIR e do período payback................................................................................. 32
3.4.1 Taxa Interna de Retorno (TIR)............................................................................................................. 32
3.4.2 Período de payback................................................................................................................................. 34
3.4.3 Exemplo comparativo entre os métodos do VPL, TIR e payback.......................................... 35
INTRODUÇÃO
No Brasil, assim como na maioria dos países, existem princípios e normas contábeis que definem
quais relatórios contábeis são obrigatórios e de que forma eles devem ser desenvolvidos. Este conjunto
de relatórios obrigatórios é comumente chamado de demonstrações financeiras (ou demonstrações
contábeis). No caso brasileiro, são definidos pela Lei nº 6.404/76, alterada pela Lei nº 11.638/07
para as Sociedades Anônimas (S.A.s) e pela Lei nº 10.406/02, no caso das Sociedades por Quotas de
Responsabilidade Limitada (Ltda.s).
Lembramos que a Lei nº 11.638/07 estende sua obrigatoriedade com relação à escrituração e à
elaboração de demonstrações financeiras, bem como a obrigatoriedade de auditoria independente para
a figura das Sociedades de Grande Porte, em que (Brasil, 2007):
- Balanço patrimonial
- Demonstrações do resultado do
Sociedades
exercício
anônimas
- Demonstração das mutações do
(Lei nº 11.638/07)
patrimônio líquido
- Demonstração do fluxo de caixa
Demonstrações
- Demonstração do valor adicionado
contábeis
(obrigatórias)
Sociedades - Balanço patrimonial
por quotas de - Demonstrações do resultado do
responsabilidade exercício
limitada - Demonstração dos lucros ou prejuízos
(Lei nº 10.406/02) acumulados ou demonstrações das
mutações do patrimônio líquido
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De maneira simples, o valor de uma empresa é de fundamental relevância para seus investidores,
pois são eles que proporcionam o capital para investimento. Analisando a empresa sob este aspecto,
qual então deve ser o objetivo da empresa?
Toda empresa surge do objetivo de seus investidores (sócios ou acionistas) de obterem rentabilidade
pelos recursos que pouparam. Nesse sentido, o objetivo da empresa é de gerar o maior retorno possível
para seus investidores.
Se pensarmos nas grandes empresas, os proprietários de uma sociedade por ações (os acionistas)
normalmente não são os administradores. Nestes casos, a definição clara do objetivo da empresa se
torna ainda mais necessária.
Assim, é bastante comum que se indique que o objetivo da empresa é maximizar o lucro, mas essa
não é a melhor opção para a organização, segundo Gitman (2004), pelos seguintes motivos:
1. distribuição no tempo: a geração de lucros, ou lucros por ação, como medida alternativa, não
considera o valor do dinheiro no tempo (juros), ou mesmo o reinvestimento proporcionado
quando ocorrerem maiores lucros no início da empresa;
2. fluxos de caixa: os lucros não levam necessariamente a fluxos de caixa para os acionistas, isto
pelo fato de que os recebimentos por parte dos acionistas advêm da distribuição de dividendos e
um maior lucro não indica obrigatoriamente que a empresa irá distribuir maiores dividendos, pois
esta decisão cabe ao conselho de administração; e
3. risco: a maximização do lucro também desconsidera o risco, pois não há garantias de que
os resultados (lucros) apresentados sejam efetivados. Isso ocorre desde a manipulação por
gerenciamento de resultados nas organizações, até mesmo a relação entre risco e retorno, em
que um investidor irá desejar um maior retorno para aceitar maiores riscos.
Assim, o objetivo principal da organização deve ser a maximização da riqueza de seus proprietários,
em nome dos quais ela é gerida (Gitman, 2004) e servindo de base para a tomada de decisão.
Assim, no curso normal de um negócio, ocorrem circunstâncias em que se faz necessária a estimativa
total ou parcial de seu valor de mercado (Santos, 2008), entre elas:
• compra ou venda;
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• partilha entre herdeiros;
• determinação do valor das participações sociais;
• fusão de duas ou mais companhias;
• divisão (cisão) de uma sociedade em dias ou mais empresas;
• privatização;
• dissolução societária;
• outras.
Além da necessidade periódica da própria entidade de verificar se está atendendo ao seu objetivo
maior, que é a geração de valor para os investidores.
Por isso, nesta disciplina, abordaremos algumas das principais técnicas de avaliação de empresas, bem
como sua aplicação e sua contabilização em problemas de combinações de negócios, uma vez que as
metodologias que serão aqui apresentadas possuem como objetivo a determinação do valor do negócio,
tendo sua aplicação em aspectos da negociação empresarial como fusões, cisões e incorporações.
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Avaliação de Empresas
Unidade I
1 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS – METODOLOGIAS SIMPLES
Conforme visto até aqui, a avaliação de empresas tem por objetivo a determinação de uma estimativa
sobre o valor do negócio, buscando uma mensuração clara e mais objetiva possível e utilizando para isso
metodologias (muitas vezes aplicadas em conjunto) para determinar o valor justo da empresa.
Dentre as diversas metodologias aplicadas, nós as classificamos como Simples e Complexas; essa
classificação torna-se uma aliada para melhor entendimento do assunto, e tomamos como base
envolvimento e aplicação dos dados necessários para a determinação do valor junto de uma empresa.
São essas:
• Metodologias – Simples:
— metodologia do preço/lucro;
• Metodologias – Complexas:
Dessa forma, iremos trabalhar os conceitos destas metodologias, bem como sua aplicação prática,
para compreender as formas de aplicação e resultados obtidos entre elas, deixando as “Metodologias –
Simples” para a Unidade I e as “Metodologias – Complexas” para a Unidade II.
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Unidade I
Esta metodologia possui como base as demonstrações contábeis da entidade que se deseja
analisar, pois a avaliação de uma empresa normalmente se inicia pela leitura destas demonstrações
(Martins, 2001).
Assim, a partir da contabilidade, essencialmente do balanço patrimonial, podemos ter uma visão
sobre a estrutura e a composição do patrimônio da entidade, dividida em três principais grupos (Equipe
de professores da FEA/USP, 2006):
• ativo: de maneira simplificada, corresponde aos bens e direitos que a entidade possui;
• patrimônio líquido: o patrimônio da própria entidade, ou seja, quanto sobra de recursos depois
que as dívidas são pagas. O patrimônio líquido pode ter sua origem em duas fontes de recursos, o
investimento realizado pelos sócios/acionistas e os resultados obtidos com a atividade da empresa
(lucros e prejuízos).
Empresa Modelo S. A.
Balanço patrimonial em 30-12-20X1
Ativo Passivo
Patrimônio líquido
Total do ativo Total do passivo + Patrimônio líquido
Por este modelo, que trata de origens x aplicação de recursos, temos a equação fundamental da
contabilidade:
Ou, se considerarmos que o valor do Patrimônio Líquido (PL) corresponde aos recursos próprios
da entidade, então ele representa uma medida de seu valor, pois considera o total dos bens e direitos
(ativos) excluindo-se as dívidas (passivos) existentes; o saldo corresponde ao valor da empresa, ou seja,
o patrimônio que sobra após o pagamento das dívidas, daí seu nome de Patrimônio Líquido.
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Avaliação de Empresas
Esta abordagem é conhecida como Teoria do proprietário, em que se foca o objetivo empresarial na
geração de valor da empresa, pois ela pertence aos seus investidores (Iudícibus, 2006).
Apesar da facilidade de aplicação desta metodologia, ela apresenta algumas limitações, como
o fato de se basear no custo histórico, desconsiderando as condições de mercado para realização
dos ativos e amortização das dívidas (Santos, 2008), além de não considerar necessidades de
investimento e capital de giro e, principalmente, não considerar o desenvolvimento de ativos
intangíveis.
Ativo intangível: é um Ativo não monetário identificável sem substância física (CPC, 2008), ou seja,
é um Ativo no sentido de representar um benefício futuro, mas que não existe fisicamente. Conforme o
CPC 04 – Ativos Intangíveis (2008),
Mas nem todos estes ativos estarão em suas demonstrações contábeis, pois eles somente são
contabilizados em sua aquisição; desta forma, eles não estão sendo considerados na metodologia do
valor contábil.
A Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL) demonstra uma proporção entre o lucro da empresa
e seu capital próprio (PL). Assim, para cada $100,00 investidos pelos sócios na empresa, o lucro será
um percentual deste valor, isso porque o lucro é da empresa, independente do capital de terceiros que
deverá ser pago (Matarazzo, 2003).
Para o investidor, também é uma excelente forma de análise do negócio, por facilitar a visualização
do retorno e comparar essa rentabilidade com outras opções de investimento no mercado. Assim, quanto
maior for a rentabilidade, melhor será a capacidade de geração de valor pela empresa.
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Unidade I
Neste caso, utilizamos o patrimônio líquido médio, ou seja, a soma do PL do ano analisado com o
PL do ano anterior, dividido por dois. Isto é feito pelo fato de que o lucro líquido é uma das causas no
aumento do PL ao longo do ano; assim, considerar o PL do ano anterior seria subestimar o valor do PL;
já considerar o PL do ano analisado estaria superestimando-o, pois o lucro estaria inserido no PL já, daí
a opção de calcular a média.
A Rotatividade das Vendas (RVPL) demonstra uma proporção entre as vendas da empresa e seu
capital próprio. Nesse caso, indica a contribuição do PL para a geração de faturamento ou receita líquida
da empresa (Santos, 2008). Algumas empresas conseguem atingir índices de RVPL acima de 1,00, sendo
que este indicador representa o quanto cada $1,00 de capital próprio investido gera em receita de
vendas.
Note que a RVPL não é apresentada em percentual, pois indica uma relação de quantas vezes o
faturamento líquido da empresa é maior que o total do patrimônio líquido.
Lucro Operacional
RLOPL =
Patrimônio Líquido
Neste caso, o indicador representa o quanto cada $1,00 de capital próprio investido gera em relação
ao lucro operacional da empresa.
Estes ativos, por serem permanentes, demoram muito tempo para gerar retorno, pois dependem
da sua utilização na atividade da empresa, algo que será realizado normalmente ao longo de anos
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Avaliação de Empresas
(Matarazzo, 2003). Assim, uma melhor situação é aquela em que o Ativo permanente é financiado
com recursos próprios (o que nem sempre acontece), para que a empresa não utilize recursos
financeiros de terceiros (principalmente com vencimento no curto prazo) para investir em ativos
de retorno tão longo.
Nesse caso também, quanto menor, melhor, pois a empresa estará financiando seu imobilizado com
recursos próprios, e caso o indicador seja inferior a 100%, indica ainda que sobraram recursos do PL para
serem investidos em outros ativos, reduzindo o endividamento.
Já se o IPL for superior a 100%, temos uma situação em que a empresa utilizou recursos emprestados
de terceiros para financiar seus investimentos em imobilizado.
Também conhecida como Participação do Capital de Terceiros, caso seja maior do que 1,00, a APL
indica que a empresa possui mais capital de terceiros do que capital próprio (patrimônio líquido);
caso seja inferior a 1,00, indica que a empresa possui menos capital de terceiros do que capital
próprio; assim, quanto menor for esse indicador, melhor para a empresa, pois estará menos endividada
(Matarazzo, 2003).
Este indicador demonstra quantas vezes o capital próprio cobre o pagamento de juros (normalmente
assinalados como despesas financeiras), de forma a proporcionar uma análise sobre a capacidade técnica
de pagamentos (Santos, 2008).
Desta forma, temos quantas vezes o patrimônio líquido é capaz de cobrir as despesas financeiras
decorrentes dos juros.
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