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Pratique Redação!

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Pré-Universitário

“Quem abre uma escola fecha uma prisão.”


Victor Hugo

TEXTO I

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente esclarece quais são as medidas


aplicáveis ao adolescente em função da prática de ato infracional. O artigo 112 dispõe que,
quando tal prática for verificada, poderão ser aplicadas pela autoridade competente as
seguintes medidas: a advertência, medida mais branda, que visa a alertar o adolescente e os
pais para as consequências da prática de ato infracional; a obrigação de reparar o dano que
deve ser aplicada quando há dano patrimonial; a prestação de serviços à comunidade que
consiste na realização de tarefa gratuitas de interesse social.
Tem-se, ainda, a liberdade assistida, que também é uma medida judicial de
cumprimento obrigatório. Ainda, é possível a inserção em regime de semiliberdade, no qual,
diferente da internação, o adolescente pode estudar, trabalhar e ter atividades externas
durante o dia, retornando para passar a noite na unidade; aos finais de semana poderá retornar
para casa perto de sua família e voltar à unidade no começo da semana seguinte e, por fim, a
internação em estabelecimento educacional, que é a medida considerada mais gravosa.
Na atualidade, a criminalidade envolvendo crianças e adolescentes vem aumentando
significativamente. Essa situação tem despertado um sentimento de medo e insegurança na
população. Com isso, um crescente apelo por ordem e maior eficiência tomou corpo em vários
segmentos da sociedade.
Nesse cenário, ocorre certa divergência sobre o assunto. De um lado, alguns buscam
equiparar cada vez mais o adolescente ao indivíduo maior de 18 anos, ou seja, sujeito
imputável, de forma a argumentar que a legislação é muito branda e pouco eficaz, acabando
por colaborar para o aumento da criminalidade dos menores. Do outro lado, existem aqueles
que defendem a tese de ser o adolescente marginalizado, vítima de descasos sociais, como falta
de saúde, lazer, habitação e, em especial, educação. Contudo, para que se possa buscar uma
possível solução, é necessário ir além de observar o cenário caótico e alarmante que vem
atordoando a todos.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/58557/o-adolescente-em-conflito-com-a-lei. Acesso em: 16 jan. 2020 (adaptado).
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TEXTO II

Esclarecendo as principais dúvidas sobre menor infrator

Por que os menores que descumprem a lei são chamados de infratores? Há diferença entre
crime e ato infracional?
Não. São apenas formas diferentes que os legisladores usam para se referir às condutas
que desrespeitam as leis penais. Quando o ECA fala de ato infracional, refere-se ao
descumprimento da lei criminal e não de regras de comportamento, como infração ao
regulamento da escola, aos bons costumes etc.

Perante a lei, qual a diferença entre o tratamento que a polícia deve dar aos adultos que
cometem crime e o exigido em relação ao menor infrator?
A lei considera criança a pessoa com até 12 anos incompletos, e adolescente o cidadão
que tem entre 12 e 18 anos. Quando o maior de 18 anos comete crime, é preso. Já o adolescente
é apreendido. Os procedimentos são distintos. Enquanto os adultos são processados segundo
as regras dos códigos Penal e Processual Penal, para os adolescentes valem as normas previstas
no ECA, que se baseia na ideia de que o menor tem direito à proteção, especialmente se comete
infração, para que possa se tornar, mais tarde, um cidadão capaz de se fazer respeitar e de
respeitar o direito dos outros. Por isso, para cada tipo de infração, o estatuto prevê uma medida
de proteção que deve incluir, conforme cada caso, atendimento psicológico, pedagógico e
social.

O policial pode apreender criança ou adolescente infrator?


Sim. É dever do policial prevenir e reprimir qualquer crime e cumprir as ordens judiciais.

Como deve agir o policial em relação à criança apreendida?


Encaminhá-la imediatamente a um programa de proteção especializado em ato
infracional praticado por criança e encaminhar o caso, não a criança, ao Conselho Tutelar.

O que acontece com os adolescentes?


Se forem apreendidos por ordem judicial, devem ser imediatamente levados ao juiz. Se
a prisão for em razão de flagrante de ato infracional, devem ser levados à delegacia
especializada no atendimento a crianças e adolescentes (mesmo se cometeram infração
associados a um adulto) ou a outra, se não existir uma especializada. Neste caso, o adolescente
deve permanecer separado dos presos adultos.
Disponível em: http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/cidadania/Policialprotegermenores/not002.htm. Acesso em: 16 jan. 2020.

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TEXTO III
Por que jovens reincidem em infrações?
Uma pesquisa recente feita pelo Instituto Sou da Paz concluiu que 66% dos jovens
internados na Fundação Casa (Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente)
em São Paulo são reincidentes. São jovens menores de 18 anos que voltaram a cometer ato
infracional depois de já terem cumprido ao menos uma medida socioeducativa no passado, tais
como internação, semiliberdade, liberdade assistida ou prestação de serviços à comunidade.
O relatório diz que os motivos que levam um jovem a cometer um crime “não podem
ser explicados somente por aspectos de ordem individual”, mas sim por uma “complexa
combinação de fatores” de ordem estrutural que envolvem vulnerabilidade socioeconômica,
escolaridade, exposição a violência, entre outros.
A pesquisa aponta que aproximadamente 70% dos internos disseram ter ou já terem
tido algum membro da família preso. A maior parte dos internos conta com “históricos e
arranjos familiares diversificados” e “relações domésticas estáveis”, com a mãe sendo a figura
de mais confiança na maior parte dos casos, sobretudo entre reincidentes – quase 70% deles,
contra 30% que apontaram o pai.
O estudo nota que a percepção dos jovens quanto ao apoio familiar, considerado um
aspecto importante para a reinserção do jovem pós-internação, cai entre jovens primários
(92,7%) e reincidentes (79,7%). Um dos fatores que colabora para isso, diz o relatório, pode ser
a baixa nas visitas entre os dois grupos. Funcionários da Fundação Casa dizem que muitas
famílias desistem dos internos depois da reincidência, o que faz com que muitos deles sejam
mais “desesperançosos” do que jovens infratores que cumprem medida pela primeira vez.
Os jovens infratores relataram ter uma situação instável também com instituições de
educação. Entre reincidentes, como aponta o instituto, cerca de 60% abandonaram a escola até
os 14 anos de idade. Além disso, metade dos internos disse não estar nem matriculado e 30%
não voltaram a estudar depois da internação anterior. Entre os adolescentes com maior
distorção entre idade e série ideal correspondente na escola, os reincidentes também são os
mais prejudicados: 78% deles lida com esse “descompasso”, contra 59% dos jovens em primeira
internação.
Ao cabo do relatório, o Instituto Sou da Paz listou recomendações prioritárias para
“quebrar o ciclo infracional do adolescente em conflito com a lei”. Para isso, diz a organização no
documento, é fundamental uma “abordagem multifatorial alicerçada em evidências, não em
anedotas ou preconceitos”. “Em síntese, os dados apresentados ao longo deste relatório depõem
fortemente contra as propostas voltadas à redução da maioridade penal e ao endurecimento das
sanções destinadas a adolescentes. Tido como uma das legislações mais avançadas do mundo na
área, o ECA precisa ser integralmente cumprido, não modificado”, conclui.
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/08/21/Por-que-jovens-reincidem-em-infra%C3%A7%C3%B5es-segundo-este-
estudo. Acesso em: 16 jan. 2020.

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PROPOSTA ENEM

A partir da leitura dos textos motivadores e dos conhecimentos construídos ao longo


de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal da
língua portuguesa, sobre o tema “A reintegração de adolescentes em conflito com a lei no
Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, fatos, argumentos e
opiniões que embasem sua ideia. Não se esqueça de apresentar solução, para a problemática
apresentada, que seja coerente com o que você discutiu no texto.

PROPOSTA UECE

Prezado(a) candidato(a),

Sabe-se que muitos jovens brasileiros, atualmente, encontram-se em situações


adversas e desumanas, o que reflete, por vezes, em um grave panorama de delinquência juvenil
e, por conseguinte, no encarceramento de menores. Tal panorama suscita não só por ações de
diversos agentes e setores sociais, como também o respaldo e o respeito a legislações
direcionadas ao público em questão. Diante dessa questão, escolha UMA das propostas a seguir
e redija o seu texto em norma escrita culta, tendo como base seu conhecimento de mundo e
sua experiência de vida, bem como os textos motivadores dispostos neste Pratique Redação!:

Proposta 1

Imagine que você é o editor-chefe de um jornal brasileiro de grande circulação nacional.


Atento à realidade de criminalidade do seu país, você será responsável pela redação de um
editorial que terá como título “O tratamento dado aos menores infratores no Brasil”. Lembre-
-se de que seu texto não defenderá um ponto de vista pessoal, mas sim um ponto de vista
institucional, que represente a opinião do seu grupo jornalístico como um todo. Evite a
exposição de visões extremas e fundamente coerentemente seus argumentos sobre o tema.

Proposta 2

A receita é um gênero textual que tem por objetivo informar a fórmula de um produto,
detalhando os ingredientes e o seu modo de preparo. Trata-se, portanto, de uma sequência de
passos para se elaborar algo, obter um resultado. Levando isso em consideração, seu desafio
será escrever uma receita em prosa para a diminuição da reincidência de menores infratores
no Brasil. Considere o uso de figuras de linguagem e o respeito aos Direitos Humanos em seu
texto.

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PROPOSTA UNIFOR

TEXTO IV

Centros socioeducativos têm 'evolução' após mudanças no sistema

Práticas de violência e tortura e a restrição ao direito à educação de adolescentes


privados de liberdade são denúncias que ainda permeiam a realidade nos Centros
Socioeducativos do Ceará. Nem todas as más condutas, porém, permanecem impunes: desde
2016, quando foi criada a Corregedoria da Superintendência Estadual de Atendimento
Socioeducativo (Seas), 61 profissionais foram desligados do Sistema por não se enquadrarem
ao perfil exigido ao bom exercício da função.
De acordo com a Seas, os procedimentos referentes a agressões e maus-tratos foram
"devidamente encaminhados às autoridades competentes". A Superintendência afirma, ainda,
que vem realizando uma mudança circunstancial no modelo de atendimento dos Centros
Socioeducativos no Estado.
Tal mudança teria refletido na redução do número de adolescentes em cumprimento
de medida: em julho de 2015, o Ceará reunia um total de 1 200 jovens nas unidades. De maio
de 2018 até o final de 2019, a média se mantém em 900 adolescentes ao todo, quase 30% a
menos que antes.
"A Seas criou um órgão chamado 'Central de Vagas', que possui uma espécie de filtro
que, quando o jovem é encaminhado para lá, eles pegam toda a documentação, fazem exames
de saúde, e acabam identificando muitos casos em que, em tese, não caberia a medida de
internação", afirma Manuel Clístenes, juiz da Infância e da Juventude. Segundo ele, em 2018,
aproximadamente 230 adolescentes deixaram de ingressar no sistema.
Caso o jovem em questão esteja há mais de dois anos sem cometer delitos, e se estiver
trabalhando, cursando faculdade ou tenha formado família, a internação deixa de ser
necessária. "O objetivo principal da medida socioeducativa é ressocializar a pessoa. Se ela já
está convivendo bem em sociedade, não há por que entrar no sistema. Antigamente, sem o
filtro, as pessoas entravam, e só depois essas questões eram identificadas", avalia o juiz
Clístenes.
Disponível em: https://tinyurl.com/yav3fljq. Acesso em: 16 jan. 2020.

A partir da análise do texto acima, redija um texto dissertativo-argumentativo, em


prosa, na modalidade escrita formal da língua portuguesa com coesão e coerência textual, entre
20 linhas a 30 linhas, expondo seu posicionamento sobre o assunto abordado e as questões que
eles envolvem.

CRCA/Rev.: VM

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