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PORT 493: Argumentative Paper

from PORT 322 (Fall 2020)

A Masculinidade Tóxica: Prejudicial tanto para os homens quanto as mulheres

A masculinidade tóxica é definida por um conceito principal—a superioridade

da existência masculina à existência feminina, as quais possuem valores específicos ao

seu gênero. No seu livro, a laureada jornalista Liz Plank destaca que nesta percepção de

realidade, a masculinidade é adquirida por meio de cumprir com normas sociais que

são em si públicas e ritualistas em vez de seu nascimento como ‘menino’. Este tipo de

sociedade exige que o homem rejeite qualquer atributo, comportamento ou emoção que

possa ser qualificado como ‘feminino’ por ser automaticamente inferior à existência

masculina (Plank 37–39). Globalmente, o ato de glorificar o ‘masculino ideal’ resulta em

mais casos de violência doméstica contra mulheres, mais homens na liderança de

empresas que mulheres, com um salário maior e a ‘cultura de estupro’ que atormenta

vários países culpando vítimas pelos danos recebidos de seus agressores. Assim, a

definição de masculinidade superior torna as mulheres do mundo em um tipo de

cidadão secundário.

Especificamente focando nos países que fazem parte da América Latina,

encontramos uma cultura insidiosa dentro da sociedade hispânica que age como estufa

que aumenta estes comportamentos prejudiciais. Esta estrutura, que se chama

machismo, é um subproduto cultural da masculinidade tóxica que propõe as normas de

comportamento pelos gêneros que devem ser seguidas. De acordo com este conceito, a

mulher ideal seria alguém que é casta ao mesmo tempo que seja sensual, pura e
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extremamente subserviente à força masculina. Por outro lado, o homem tem que ser

viril, forte e até violento e sem emoção a menos que seja raiva. Machismo constrói uma

hierarquia patriarcal na sociedade, onde o homem exerce autoridade familiar e social

sob a mulher. Por esta causa, as mulheres da América Latina são menos prováveis a

serem empregadas fora de casa, a completarem uma educação formal ou universitária e

a possuírem posições políticas do que os homens latino-americanos. À primeira vista, os

homens que vivem dentro da cultura machista parecem ser exclusivamente

beneficentes, no entanto, a patriarca os colide ao mesmo tempo que beneficia. Por

exigir tanto esforço e resultados mensuráveis do homem—que seja sexualmente e

fisicamente dominante, que evite discutir emoção ou procurar ajuda, que tenha

condutas de risco e que seja provedor da família—a cultura machista cria expectativas

sociais que nenhum homem nem mulher consegue cumprir. Como vemos, o machismo

faz a masculinidade tóxica excepcionalmente frágil e, portanto, enfraquece os homens

afetados a serem frágeis da mesma maneira pela necessidade de provar sua força.

Estudos científicos afirmam que um tipo de fragilidade causada no homem é na

saúde mental e emocional, as quais recebem dano por não serem frequentemente

cuidadas. O termo subclínico ‘alexitimia masculina normativa’, criado pelo presidente

da Associação Psicológica Americana Donald F. Levant, descreve a incapacidade de um

homem poder descrever estados emocionais e distingui-los das sensações físicas que as

acompanham. Esta dificuldade de lidar com emoção, quando juntada com o requisito

social de um homem demonstrar resistência, independência e controle emocional, pode

levar a maior risco de desenvolver transtornos mentais ou emocionais, como depressão


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(APA). Somente nos Estados Unidos, anualmente mais de seis milhões de homens

sofrem de depressão enquanto mais da metade dessa porcentagem não são tratados

nem diagnosticados por medo de perder respeito social em uma sociedade regida pela

heteronormatividade. Esse receio de demonstrar seus sentimentos e ausência de afeto

físico e emocional entre os homens, pode levar a mais casos não tratados de depressão,

automutilação e até suicídio.

Um estudo conduzido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) no dia

19 de novembro de 2019 destaca que um em cada cinco homens nas Américas não chega

aos 50 anos de idade. Três das causas principais de morte entre os homens—violência

interpessoal, acidentes de trânsito e cirrose hepática—são relacionados com a

masculinidade tóxica. Além disso, o estudo de OPAS indica que o índice de suicídio,

homicídio, vícios, acidentes de trânsito e doenças crônicas não transmissíveis é mais

alto para os homens que as mulheres. Uma razão que explica essa diferença é que os

homens exibem uma impulsividade que os leva a participar de atividades de alto risco.

Ademais, a negligência de sua própria saúde mental e emocional causada pela

valorização social de mostrar dominação, controle e cólera, se manifesta na mortalidade

masculina. O excesso de homens incapazes de expressarem nem sequer identificarem

suas emoções cria mais violência, especialmente nas taxas de homicídio e suicídio. De

acordo com OPAS, o ‘homem americano’ jovem tem uma taxa de mortalidade de quatro

a sete vezes maior que a da mulher americana jovem. A imensa pressão social de

conformar ao ideal ‘homem macho’ resulta na morte de mais homens de que qualquer

doença até que, de pessoas dos 80 anos de idade, por cada 190 mulheres terá somente
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100 homens. Na realidade bruta, o machismo mata a própria criatura que lhe serve—o

homem contemporâneo.

Para resumir, a cultura machista criada pela masculinidade tóxica age como uma

parasita que sobrevive somente pelo sustento providenciado por seu hospedeiro - o

homem que vive dentro da sociedade. Tal como esta parasita, o machismo

eventualmente se torna seu hospedeiro em sua vítima que é evidente na influência

negativa no bem-estar dos homens tanto mental ou emocional como físico. Transtornos

mentais, violência interpessoal e suicídio são alguns resultados e sintomas mensuráveis

da enfermidade machista. Na verdade, não há nenhum benfeitor da masculinidade

tóxica; por mais que propõe diferença de gênero, seu efeito em ambos os sexos é o

mesmo—a destruição. A única maneira de evitar essa morte final da sociedade é tirar a

parasita machista dentro da mentalidade social por meio de reconhecermos o fato que a

masculinidade serve a nenhum dono mais que si mesmo. No final das contas, se não

agirmos de acordo com essa realidade, inevitavelmente seremos beneficiários da nossa

própria autodestruição.

Obras citadas
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Levant, Donald F. & Parent, M. C. (2019), “The development and evaluation of a brief

form of the Normative Male Alexithymia Scale (NMAS-BF).” Journal of

Counseling Psychology, 66, 224–30.

Pan American Health Organization. “Masculinities and Health in the Region of the

Americas. Executive Summary.” Washington, D.C.: PAHO; 2019.

Plank, Liz. For the Love of Men: A New Vision for Mindful Masculinity. Griffin, 2020, pp.

37–39.

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