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DIP

O Direito é, ao mesmo tempo, produto e condicionante da vida social, sendo indispensável em


qualquer sociedade, inclusive na internacional. Diferentemente do Direito que rege as
sociedades internas, o DIP resulta da acomodação de diversas grandes forças, tais como:
religiosas, políticas Estados Soberanos (maior poder de que se tem notícia).

Não se pode apontar um marco inicial exato do DIP, uma vez que comunidades diferentes já
vêm, desde a Antiguidade, estabelecendo certas regras – neste período predominavam regras
relativas à guerra. O Egito celebrou o primeiro Tratado Internacional de que se tem notícia e,
posteriormente, os gregos antigos realizaram reuniões entre as pólis. Já na Roma antiga, além
dos Ius Gentio que pautava a convivência entre povos estrangeiros, havia o Ius Fetiale, o qual
estabelecia normas vinculando as autoridades para questões relativas à guerra, celebração de
tratados e paz.

Mais adiante, no período do Feudalismo, houve grande fragmentação, sendo que a Igreja
exercia um papel central, de certo modo unificador. Ainda neste período, houve conflitos
internos e dos Estados com a Igreja (conflitos generalizados e guerra dos 30 anos), levando a
um aumento do poder real e a Paz de Westfália, a qual criou o embrião das relações
internacionais atuais, além de fixas alguns princípios válidos até hoje, tais como: tolerância
religiosa, respeito aos limites territoriais, igualdade soberana entre os Estados e prevalência da
territorialidade sobre personalidade na aplicação das leis.

Neste período também se criou a DOUTRINA DO EQUILÍBRIO: sempre que um príncipe


aumentasse seu poder, autorizava os demais a fazê-lo.

Já na metade do século XIX começam a surgir Organizações Internacionais que passam a atuar
no cenário mundial ainda de forma tímida e embrionária – antes apenas os Estados atuavam
na comunidade. Posteriormente, estes embriões deram origem a fracassada Liga das Nações e,
em seguida, a ONU.

A sociedade internacional passou por um processo de INSTITUICIONALIZAÇÃO, deixando e ser


meramente RELACIONAL como antes quando os Estados participavam apenas de
CONGREGAÇÕES TEMPORÁRIAS, sem estarem presos a estruturas permanentes.

A institucionalização das sociedades internas submeteu todos à uma autoridade central,


diferentemente da sociedade internacional que não foi institucionalizada de forma plena (não
eliminou completamente o caractere relacional), uma vez que os Estados são soberanos e
podem escolher se desejam se submeter à força vinculante dos tratados. Na sociedade
internacional não há um poder central, a ONU controla questões relativas ao uso da força
assim como há organizações regulando comércio, trabalho, saúde, mas elas não são
autoridades absolutas e não estão submetidas à nenhuma autoridade – há horizontalidade me
sua relação com os Estados.

*apenas a União Europeia tem caráter supranacional e força vinculante.

SISTEMA BIPOLAR FLEXIVEL: surge após a WWII quando o mundo se ficou diante de dois
grades focos de poder que, a partir da que do muro de Berlim, se multipolarizou. Vale ressaltar
que a comunidade internacional já experimentou diversos ciclos de consolidação e
fragmentação de poderes centrais.

CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL:


 UNIVERSAL E ABERTA: todos podem participar, bastando ter os pressupostos básicos.
A necessidade do reconhecimento de um Estado não serve como limitação, uma vez
que aquele ente ainda não estatal poderá participar da comunidade.
 PARITÁRIA: há horizontalidade entre os Estados, sendo que o poder de veto detido por
alguns poucos deriva da convenção entre as partes – advém de um momento anterior
de igualdade.
 COORDENAÇÃO: sociedades internas vivem sob um regime de subordinação, ao passo
que a sociedade internacional depende de acordos de vontade entre os diversos entes
soberanos. Vale ressaltar que só há DIP porque temos diversos entes soberanos e não
submetido a um poder central atuando no mesmo espaço.
 AUSEÊNCIA DE ESTRUTURAS TÍPICAS DA SOCIEDADE INTERNA E DE AUTORIDADE
INSTITUCIONAL: as instituições têm poder limitado e funcionam na base da
cooperação. Para que a vinculação ocorra é preciso aceitação prévia do ente soberano.
 DIREITO ORIGINÁRIO: não existe derivação normativa, alguns autores dizem que o DIP
advém do Direito Natural. Não há pirâmide normativa.
 POUCOS MEMBROS: dado o baixo número de membros, o raciocínio geral não pode
ser usado, sendo que a análise do caso concreto prevalece; as causas das ações de
cada membro devem ser tratadas individualmente e de acordo com suas
peculiaridades.

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