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Tribunal Regional do Trabalho - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0000321-34.2019.5.22.0001


em 29/05/2020 22:39:59 - 2e40920 e assinado eletronicamente por:
- BRUNO LEONARDO XAVIER DE SOUSA

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usando o código:20052922393223800000007649421
ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
DR. ROBERT FIGUEIREDO
ADVOGADO
OAB 1912/PI

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DO TRABALHO DA 1ª VARA


DO TRABALHO DE TERESIA - PI

Processo nº 0000321-34.2019.5.22.0001

GILBERTO CAMPELO LIMA, já qualificado nos autos


em epígrafe, por seus advogados infra-assinado (procuração anexa), vem,
à honrosa presença de V. Exa., pedido vênia para pra se contrapor ar.
decisão que julgou improcedentes os Embargos à Execução, interpor
AGRAVO DE PETIÇÃO, com fulcro no art.897, a, da CLT, requerendo seja
o mesmo recebido e, após instada a parte contrária para manifestar-se,
que seja remetido para apreciação do Egrégio TRT da 22ª Região.

Nestes termos,
Pede Deferimento.

Teresina, 28 de maio de 2020.

BRUNO LEONARDO XAVIER DE SOUSA


Advogado OAB/PI 9695
`

CARLOS MAGNO CHAVES DA SILVA JUNIOR


Advogado OAB/PI 15.056
ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
DR. ROBERT FIGUEIREDO
ADVOGADO
OAB 1912/PI

AO EGRÉGIO TRIBUNAL DO TRABALHO DA 22ª REGIÃO - PIAUÍ

RAZÕES DE AGRAVO DE PETIÇÃO


Agravante: GILBERTO CAMPELO LIMA
Agravado: BRENDA DAYANE SOUSA
Origem: 1ª VARA DO TRABALHO DE TERESINA - PIAUI
Autos nº 0000321-34.2019.5.22.0001

I – DA TEMPESTIVIDADE
Inicialmente, informa que presente apelo se dá em
consonância com prazo, tendo em vista que a r. decisão dos embargos
de execução foi publicada em 19/05/2020, tendo parte agravante o
prazo de oito dias úteis para ingresso de tal apelo, findando-se
seu prazo apenas em 01/06/2020.
Assim, tem-se como tempestiva a interposição do
presente Agravo de Petição.
II – DO CABIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO
O presente Agravo mostra-se cabível e adequado à situação, porquanto
atende os requisitos do art. 897, “a” da CLT, tendo em vista a r. decisão
agravada foi proferida na fase executória, que julgou improcedentes os
embargos à execução então interpostos.
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ADVOGADO
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No caso é tela é cabível também para se rediscutir


o vício de notificação inicial da parte agravante, para, na fase de
cognição produzisse sua defesa, esta impossibilitada em razão da
citação inicial não ter chegado ao conhecimento do então Reclamado,
já que enviada a endereço estranho ao seu, como restou provado na
primeira oportunidade que o ora agravante teve que se pronunciar nos
autos, que se deu quando a interposição de embargos à execução, não
se podendo também cogita a hipóteses de preclusão
Aliás, a jurisprudência dos tribunais pátrios
converge nesse sentido, senão veja-se:
EMENTA: VÍCIO DE CITAÇÃO. NULIDADE DOS
ATOS. ARGUIÇÃO. OPORTUNIDADE. Nos termos do
artigo 795 da CLT, no processo do trabalho, o vício
de citação, assim como as
demais nulidades processuais, deve ser arguida na
primeira oportunidade em que a parte tiver que
falar em audiência ou nos autos. Não o fazendo,
opera-se a preclusão, considerando-se suprida
a citação, na forma do § 1º do artigo 239 do NCPC.
Decisão que merece reforma.(TRT-1 Agravo de
Petição n° 0004141020125010071. Data de
Publicação: 20/04/2017.)
EMENTA: NULIDADE DO PROCESSO. AUSÊNCIA
DE CITAÇÃO. ARGUIÇÃO EM FASE DE EXECUÇÃO.
POSSIBILIDADE. A falta
ou nulidade da citação macula a própria formação
da relação jurídica processual e pode ser arguida
mesmo após o trânsito em julgado da decisão,
na fase de execução, conforme determinação
expressa no art. 525, I, do CPC (TRT-3 -
AGRAVO DE PETICAO AP 00109301120185030011
0010930-11.2018.5.03.0011 (TRT-3). Data de
publicação: 03/10/2019).
Portanto, tendo em vista que o ora Agravante só
tomou conhecimento da reclamação trabalhista que contra elefoi
proposta, através de mandado judicial de citação para pagamento da
dívida, tendo, em seguida, aproveitado essa primeira oportunidade
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para pronunciar-se sobre a decisão então proferida à sua revelia,


alegando nulidade da citação inicial, por meio de embargos à execução,
estes julgados improcedentes, daí a cabível interposição do presente
Agravo de Petição.
III - DA DESNECESSIDADE DE DEPÓSITO RECURSAL E DE
PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS ANTECIPADAS. PENHORA
DE VALORES NA CONTA BANCÁRIA NO MONTANTE DO CRÉDITO
EXEQUENDO.
Nos moldes delineados pelo artigo 789-A, IV, da
CLT e pela Instrução Normativa nº 20, XIII, do C. TST, não há exigência
do pagamento de custas para interposição do agravo de petição, o qual
deve ser procedido ao final do processo.
A jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do
Trabalho ratifica tal posicionamento, in verbis:
AGRAVO DE PETIÇÃO. NÃO RECOLHIMENTO DAS
CUSTAS PROCESSUAIS. AFRONTA AO INCISO LV DO
ART. 5.º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Inexiste no
ordenamento jurídico pátrio determinação para
que o Executado promova o pagamento
das custas processuais como pressuposto de
admissibilidade do Agravo de Petição por ele
interposto. Decisão contrária viola o disposto no art.
5.º, LV, da Constituição Federal, pois impede que a
parte se utilize dos meios e recursos inerentes à sua
defesa. Recurso de Revista conhecido e provido. (TST
RR N° 692007320095020010 69200-
73.2009.5.02.0010. Data de publicação:
02/12/2011)

AGRAVO DE PETIÇÃO. NÃO RECOLHIMENTO DE C


USTAS NA FASE DE EXECUÇÃO. Dispõe a cabeça do
artigo 789-A da Consolidação das Leis do Trabalho
que, no processo de execução, são devidas custas,
sempre de responsabilidade do executado e pagas
ao final, conforme estabelecido nos incisos I a IX.
Assim, ao julgar deserto
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o agravo de petição interposto pela executada, a


Corte de origem introduziu exigência descabida à
veiculação do recurso, incorrendo em flagrante
ofensa ao princípio da ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes, insculpido no artigo 5º, LV,
da Constituição da República. Recurso de Revista
conhecido e provido.(TST - RECURSO DE REVISTA
RR 70500-89.2004.5.15.0105.Data de publicação:
26/08/2011)

De igual modo não é requisito para interposição de


agravo de petição o depósito recursal, estando o juízo garantido pela
penhora de valores que cobrem o total do crédito exequendo,
conforme orientação do Egrégio Tribunal Superior do Trabalho – TST,
in verbis:

AGRAVO DE PETIÇÃO. DEPÓSITO RECURSAL.


Inexigibilidade. Estando garantido o juízo por
penhora, comoin casu,inadimissível
o depósito recursal para interposição de qualquer
recurso subsequente aos embargos à
execução.Revista conhecida e provida. (TST -
RECURSO DE REVISTA RR 3181659319965065555
318165-93.1996.5.06.5555. Data de publicação:
01/10/1999).

No mesmo sentido é a jurisprudências dos


tribunais regionais do país:

AGRAVO DE PETIÇAO - DEPÓSITO RECURSAL.


Para a interposição de agravo de petição não há
necessidade de preparo, ou seja, pagamento de
custas ou depósito do valor da condenação, visto
que a penhora garante não só o principal como
as demais despesas processuais. Agravo provido
por unanimidade (TRT-24 –
00000190519955240777. Data de publicação:
26/06/199)
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AGRAVO DE PETIÇÃO - DEPÓSITO RECURSAL -


Não se exige depósito recursal para a
interposição do agravo de petição, uma vez
garantida a execução, por regular apreensão
judicial de bens do devedor. (TRT-3. Proc. 245293
2452/93. Data de publicação: 27/11/1993)

Como se pode ver dos presentes autos, houve a


penhora, através de bloqueio na conta bancária do Agravante de
valores cobrem a totalidade do crédito exequendo.

Assim, tem-se como preenchidos os requisitos


para interposição do presente Agravo de Petição.
IV – SÍNTESE DOS FATOS
O presente feito diz respeito a ação trabalhista
proposta contra a ora Agravante, na qual a Agravada, então
Reclamante, indicou o endereço para efeito de notificação inicial o da
Avenida Centenário, nº 2007, Bairro Aeroporto, Teresina - PI, 64006-
700, Teresina/PI, que não corresponde ao correto endereço do
Agravante, então Reclamado.
Após o ajuizamento, houve a expedição de citação
com a notificação para comparecimento à audiência inicial.
A notificação para comparecimento do Agravante à
audiência inaugural para oferecer sua defesa foi endereçada para
endereço alheio ao seu, de modo que ele não teve conhecimento da
reclamação trabalhista que contra si foi promovida, daí não ter
comparecido àquela audiência, tendo-se, como consequência, a
decretação da revelia.
Ocorre que, conforme comprovante constante do id
nº 8bd4b3a, o endereço verdadeiro do ora Agravante é a Quadra
Dirceu Arcoverde, Casa 13, Quadra 246, Bairro Itararé, CEP
64007-020.
Além do erro no endereço do agravante, constata-
se ainda que houve falha quanto à pessoa que recebeu a
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correspondência notificatória. Isso porque o agravante não a conhece


e muito menos tem contato com ela.
Diante de todos esses fatos, constata-se que tal
conduta da Agravada, de boa ou má-fé comprometeu o direito do
Agravante de comparecer a audiência então designada e produzir sua
defesa, com as provas que dispõe.
V – DA NULIDADE DA NOTIFICAÇÃO INICIAL NA FASE DE
EXECUÇÃO
Inicialmente o Agravante questionou e
provou, em sede de embargos de declaração, que a notificação
a ele dirigida foi enviada para um endereço estranho ao seu.
Na decisão dos referidos aclaratórios disse a
eminente Juíza prolatora que a então embargada alegou em
audiência que o endereço não era o do então embargante, mas
da empresa que ele é sócio, tendo sido a notificação recebida
por uma secretária.
Ora, se a ora Agravada era empregada
doméstica, prestando serviço na residência do Agravante, o
correto seria ela informar o endereço residencial dele, não de
uma empresa que ele supostamente esteja vinculado.
Ademais, a notificação, segundo se vê dos
autos e afirmado na própria r. decisão, foi recebido por outra
pessoa, suposta secretária dele.
A jurisprudência dos tribunais pátrios não
cogita a hipótese de revelia por ausência da parte demanda na
audiência, quando a notificação é enviada a endereço diverso
do demandado e recebida por pessoa estranha à Reclamada, in
verbis:
REVELIA.
NOTIFICAÇÃO RECEBIDA POR PESSOA ESTR
ANHA AO QUADRO DE EMPREGADOS DA REC
LAMADA - ELISÃO. Não há que se falar em
revelia quando a notificação inicial foi
entregue em endereço diverso ao
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da reclamada e recebida, por engano,


por pessoa estranha ao quadro de
funcionários da empresa.TRT-20 -
00213006420025200002 (TRT-20) Data de
publicação: 11/11/2002)

Ora, a Reclamante, como já dantes dito,


inclusive na inicial, era empregada doméstica, prestando
serviços na residência da pessoa física do ora Agravante, não
havendo razão para ela requerer o envio da notificação para
outro endereço, senão do próprio Agravante.
Em vista da improcedência dos embargos de
declaração, optou o ora Agravante em trazer a baila novamente
a questão por meio de embargos de execução, evitando-se,
assim, a preclusão.
Na r. decisão dos embargos de execução em
referência a eminente magistrada prolatora, referindo a
alegação de nulidade de notificação na fase de execução, assim
pronunciou:
“Oembargante alega que não foi para
comparecer em sede de audiência, uma vez
que o endereço foi diferente na qual ele
reside e frequenta e mesmo assim lhe foi
decretada a revelia sem direito a contestação.
Sem razão.
Na etapa executiva do processo, não é
permitido a parte intentar a rediscussão de
matéria já apreciada na fase de conhecimento,
porquanto cobertas pelo manto da coisa
julgada.”

Com toda vênia permitida, não se pode


afirmar que fatos relacionados a irregular citação do
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demandado na fase cognitiva não possa ser tratada na fase de


execução.
No ordenamento jurídico brasileiro a
jurisprudência é pacífica no sentido de permitir a possibilidade
de arguir-se a nulidade na citação inicial na fase de execução,
como se pode ver dos arestos abaixo, inclusive com decisão
jurisprudencial dopróprio TRT da 22ª Região, como se pode
ver, in verbis:

NULIDADE DE CITAÇÃO ARGUIDA EM EMBARGOS


À EXECUÇÃO - POSSIBILIDADE. Não obstante a
restrição da matéria de defesa
dos embargos à execução inserta no art. 884, § 1º,
da CLT,as hipóteses ali descritas não são taxativas,
permitindo a aplicação subsidiária da norma
prevista no art. 741 do CPC, que trata de matéria de
ordem pública e de relevante interesse social como
é o caso da falta ou nulidade de citação na fase
cognitiva, se a ação correu à revelia. Mesmo com
a ciência da agravada quanto à sentença, a teor do
art. 852 da CLT, não lhe sendo oportunizado a
ampla defesa, com ofensa ao devido processo legal,
são os embargos à execução, a oportunidade
para renovar a falta ou nulidade da citação na
fase cognitiva. (TRT-22/PI AP - Proc. 00939-2001-
003-22-00-2, Relator: ARNALDO BOSON PAES, Data
de Julgamento: 20/06/2006, TRIBUNAL PLENO,
Data de Publicação: DJT/PI, Página 10, 14/7/2006)

As outras Cortes Regionais vão na mesma


direção, permitindo a arguição de nulidade de citação na fase
de execução, in verbis:
EMENTA: NULIDADE DA CITAÇÃO NA FASE DE
CONHECIMENTO. ARGÜIÇÃO NA FASE DE
EXECUÇÃO -POSSIBILIDADE.É aplicável ao
processo do trabalho o art. 475-L, I, do CPC, que
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permite declarar a nulidade do processo


quando da oposição dos embargos à
execução, por falta ou nulidade de citação
inicial, se o processo correu à revelia. Dúvida
quanto à autenticidade da assinatura constante
da procuração, supostamente outorgada pelo
executado, deve ser esclarecida por meio da
realização de exame grafotécnico. Recurso a
que se dá provimento. (TRT-PR-00165-2004-
653-09-00-9-ACO-29702- 2008 - SEÇÃO
ESPECIALIZADA Relator: BENEDITO XAVIER
DASILVA(Publicado no DJPR em 22-08-2008)

EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO. VÍCIO DE


CITAÇÃO. NULIDADE DO FEITO.A falta de
citação constitui vício insanável,
transrescisório, podendo ser alegado em
qualquer tempo e grau de jurisdição,até
mesmo após o trânsito em julgado da ação,
pois prejudica o direito de defesa da parte que
tem ajuizada contra si uma demandaem que
dela tenha ciência para se defender. No caso,
independente do momento em que suscitado o
vício da citação, assim comoainda que a carta
de notificação tenha sido entregue à filha da
reclamada, o fato é que o presente feito
processou-se semque a reclamada tenha tido
ciência da sua existência, o que impossibilitou a
sua defesa. Por conseguinte, eivado de vícioo
presente feito, correta a sentença de origem que
reconheceu a nulidade da citação e declarou a
nulidade do feito desde ainicial. Negado
provimento ao Agravo de Petição. (TRT – 4.
Proc. n° 59.2014.5.04.0221 (AP), Relatora Des.
Ana Rosa Pereira Zago Sagrilo. Data:
25/05/2017)
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Em recende decisão de embargos de


declaração, a meritíssima Juíza SYLVIA HELENA NUNES
MIRANDA, da 1ª Vara Federal do Trabalho de Teresina,decretou
a nulidade da notificação endereçada erroneamente à
Reclamada, então Embargante, nos autos do processo n°
0001346-82.2019.5.22.0001,sob os seguintes fundamentos:
“(...)sob pena de ofensa aos princípios do
contraditório e da ampla defesa, e, por
conseguinte, de nulidade do processo, a
notificação inicial deve ser entregue no endereço
correto da parte reclamada, a fim de que ela
seja efetivamente cientificada da demanda,
integrando a relação processual, para que possa
apresentar a sua resposta. Nesse sentido,
conforme o art. 239 do CPC, aplicado
subsidiariamente, “Para a validade do processo
é indispensável a citação do réu ou do
executado, ressalvadas as hipóteses de
indeferimento da petição inicial ou de
improcedência liminar do pedido”.

A nulidade da citação (notificação inicial), caso o


processo corra à revelia, contamina os demais
atos processuais de tal forma que deve ser
declarada de ofício, bem como alegada em
qualquer momento processual, inclusive na fase
de execução, conf. art. 525, § 1º, I, do CPC,
tratando-se, além disso, de vício transrescisório,
pois se projeta, até mesmo, para além do prazo para
ajuizamento da ação rescisória.

E, analisando os presentes autos, observo que, em


consulta virtual feita junto à Receita Federal,
através do sistema INFOJUD, verificou-se que a
titular da empresa reclamada reside na Avenida
Professor Felismino Weser, nº 5305, casa 08, bairro
Morros (id. 39c4718, pg. 2 – fl. 36). Porém, a
reclamante indicou em audiência que o endereço da
referida proprietária é na mesma rua, no
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Condomínio Glendora Residence, porém no nº 231,


e não 5305 (id. dd45059 – fls. 37/38). E a
notificação inicial foi dirigida a este endereço,
constando de informação dos Correios que a mesma
foi entregue (id. 93733bc, pg. 1 – fl. 41). No
entanto, a parte reclamada não compareceu à
audiência inaugural e foi decretada a sua
revelia, bem como aplicada a ela a penalidade de
confissão ficta.

Ocorre que, após ser notificada da sentença


proferida por este Juízo, a parte ré opôs os
presentes embargos declaratórios,
demonstrando que a residência de sua
proprietária localiza-se realmente no nº 5305
da Rua Felismino Weser (comprovante de
residência de id. dba7dd5 – fls. 84/87), e não
no nº 231, para onde para enviada a
notificação inicial.
Portanto, declaro a nulidade da presente
reclamatória desde a notificação inicial
enviada à proprietária da reclamada, o que
inclui todos os atos processuais posteriores a
ela (inclusive a sentença embargada), devendo
ser realizada nova audiência inaugural, com
notificação de ambas as partes e reabertura da
fase de instrução processual.” (grifos e
destaques dos signatários)
Assim, conforme os fundamentos jurídicos
acima esposados, a discussão sobre a nulidade da notificação
inicial erroneamente enviada ao Reclamado, ora Agravante, é
perfeitamente discutida em sede de agravo de petição, eis que se
trata de um recurso aos embargos à execução antes opostos que
foram julgados improcedentes.
VI– DA INVÁLIDA PENHORA REALIZADAEM POUPANÇA
Inicialmente, observar-se que foi realizada,
uma penhora online naconta bancaria privada POUPANÇA do
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agravante no valor de 10.073,00 (dez mil e setenta e três


reais), cujo valor constante na referida conta era inferior a 40
(quarenta) salários mínimos.
O art. 833, inciso X, do artigo 833, do novo
Código de Processo Civil, dispõe sobre a impenhorabilidade
das quantias depositadas em poupança até o limite de
quarenta salários mínimos, incidindo também quanto aos
valores que eventualmente estejam depositados em outras
modalidades de aplicações financeiras, tais como os fundos de
investimento; respeitado sempre o limite máximo de quarenta
salários mínimos, bem como observado o parágrafo 2º. do
artigo 833 do Novo Código de Processo Civil, QUE ASSIM
DISPÕE:

Art. 833. São impenhoráveis: (...);


X - a quantia depositada em caderneta de
poupança, até o limite de 40 (quarenta)
salários-mínimos;
(...);

No julgamento do agravo de instrumento


2239955-64.2016.8.26.0000, ocorrido em 23/2/2017, tendo
sido relator o desembargador Roberto Mac Cracken, a 22ª
Câmara de Direito Privado entendeu que:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO –


PENHORA – BLOQUEIO DE CONTA POUPANÇA
– IMPOSSIBILIDADE – APLICAÇÃO DO ART. 833,
X,DO CPC – Em razão de disposição legal as
aplicações em conta poupança inferiores a
quarenta (40) salários mínimos são
impenhoráveis – Segundo a orientação
jurisprudencial do C. Superior Tribunal de
Justiça, a norma do artigo 833, X, do CPC/16
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deve ser interpretada de forma extensiva para


se reconhecer que a impenhorabilidade no
limite de até quarenta salários mínimos
compreende "não apenas os valores depositados
em cadernetas de poupança, mas também em
conta corrente ou em fundos de investimento,
ou guardados em papel-moeda" – Recurso
provido".

Também em julgamento recente, ocorrido em


14/3/2017, a mesma interpretação extensiva foi adotada pela
15ª Câmara de Direito Privado, no julgamento do agravo de
instrumento 2224055-41.2016.8.26.0000, tendo sido relator o
Desembargador Coelho Mendes:

EXECUÇÃO. DECISÃO QUE AFASTOU A


ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE DE
MONTANTE DEPOSITADO EM CONTA
BANCÁRIA. APLICABILIDADE DA REGRA
PREVISTA NO ART. 833, X DO CPC, QUE
CONFORME RECENTE ENTENDIMENTO DO STJ,
TAMBÉM, COMPREENDE VALORES
DEPOSITADOS EM CONTA CORRENTE E
FUNDOS DE INVESTIMENTOS. PRECEDENTE
DO STJ NO ERESP 1330567/ RS. MONTANTE
BLOQUEADO QUE NÃO SUPERA O LIMITE
PREVISTO NO INCISO X DO ART. 833 DO CPC.
RECURSO PROVIDO.
Entendimentosimilarfoioadotadopela20ªCâma
radeDireitoPrivado no julgamento do agravo de instrumento
2153696-66.2016.8.26.0000, ocorrido em 6/2/2017, tendo
sido relator o Desembargador RabelloPinho:

EXECUÇÃO – Admissível o reconhecimento


da impenhorabilidade prevista no art. 833,
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X, CPC/2015 (correspondente ao art. 649, X, do


CPC/1973), para valores de até 40 salários
mínimos, depositados em aplicações financeiras
com caráter de investimento, incluindo contas-
poupançavinculadasacontacorrente,fundosdein
vestimentoeconta corrente, nos termos da
interpretação extensiva adotada pelo Eg. STJ-
Nos termos da orientação supra, como a
quantia alcançada pelo bloqueio, em conta
poupança da parte devedora, é inferior a 40
salários mínimos, ela é impenhorável, por
força do art. 833, X, CPC/2015
(correspondente ao art. 649, X, do
CPC/1973), impondo-se, em consequência, a
reforma da r. decisão agravada, para
determinaro levantamento do bloqueio on-
line efetivado, com restituição do referido
valor constrito à agravante - Revogação do
efeito suspensivo concedido ao recurso.
Recursoprovido".

Os aludidos julgados acompanham a


orientação fixada pela 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça
no julgamento dos Embargos de Divergência em Recurso
Especial EREsp 1330567/RS, tendo sido relator o Ministro Luis
Felipe Salomão:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE


DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.
ALCANCE. APLICAÇÃO FINANCEIRA. LIMITE DE
IMPENHORABILIDADE DO VALOR
CORRESPONDENTE A 40(QUARENTA)
SALÁRIOS MÍNIMOS. 1. (...). 2. É possível ao
devedorpoupar valores sob a regra da
impenhorabilidade no patamar de até
quarenta salários mínimos, não apenas
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aqueles depositados em cadernetas de


poupança, mas também em conta-corrente
ou em fundos de investimento, ou guardados
em papel-moeda. 3. Admite-se, para alcançar o
patamar de quarenta salários mínimos, que o
valor incida em mais de uma aplicação
financeira, desde que respeitado tal limite. 4.
Embargos de divergência conhecidos e
providos".

Aorientaçãojurisprudencialacimadescritaparte
dapremissadequeo legislador buscou, na realidade, tornar
impenhorável a quantia de 40 (quarenta) saláriosmínimos, não
havendo necessariamente a obrigação de tal valor estar
investido na modalidade poupança. Logo, tal quantia pode
estar aplicada em fundos de investimento, certificados de
depósitos bancários, ou mesmo estar simplesmente depositada
na conta corrente. O que o legislador buscou, na verdade, foi
proteger a quantia de 40
(quarenta)saláriosmínimos,nãosepodendoexigirquetalvalorest
ejanecessariamenteatreladoauma contapoupança.
Portanto, indevida e ilegal a penhora realizada
na conta do Agravante, razão pela qual requer o desbloqueio
dos valores realizados em sua conta poupança o consequente
cancelamento da penhora, permitindo-se ao Agravante ter o
retorno de tais valores em sua conta bancária.
VII - DO ERRO MATERIAL - DA IMPUGNAÇÃO AOS VALORES
DOS CALCULOS DA SENTENÇA– INDENIZAÇÃO SEGURO
DESEMPREGO – INDEVIDO A DOMESTICA PRAZO EM CTPS
ANOTADA INSUFICIENTE
Inicialmente informa que a respeito que o erro
material pode-se ser corrigido a qualquer tempo, inclusive de
oficio, sem implicar a coisa julgada, como se pode observar nas
jurisprudências abaixo:
ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
DR. ROBERT FIGUEIREDO
ADVOGADO
OAB 1912/PI

CORREÇÃO DE ERRO MATERIAL.


INEXISTÊNCIADEPRECLUSÃO. À inteligência dos
arts. 833 e 897-A, parágrafo único, ambos da
CLT, o erro material pode ser corrigido a
qualquer tempo, de ofício ou a requerimento
das partes, não havendo falar em preclusão.
(TRT18, ROPS - 0010407-62.2016.5.18.0104, Rel.
SILENE APARECIDA COELHO, 3ª TURMA,
29/08/2016)(TRT-18 - ROPS:
00104076220165180104 GO 0010407-
62.2016.5.18.0104,Relator: SILENE APARECIDA
COELHO, Data de Julgamento: 29/08/2016, 3ª
TURMA)

AGRAVODEPETIÇÃO.ERROMATERIAL.OFENSAÀ
COISAJULGADA. O erro material pode ser
corrigido a qualquer tempo, de ofício ou a
requerimento da parte, sem que daí resulte
ofensa à coisa julgada, conforme dispõe o art.
463, I, do CPC. (TRT 17ª R., AP 0128600-
06.2006.5.17.0010, Rel. Desembargadora
Claudia Cardoso de Souza, DEJT
21/01/2015).(TRT-17 - AP:
01286000620065170010, Relator:
DESEMBARGADORA CLAUDIA CARDOSO
DESOUZA,Data de Publicação: 21/01/2015)

A respeito da condenação na r. sentença e


constados nos respectivos cálculos, há que se falar na
condenação de indenização de seguro desemprego.
Ora Douto Julgador, na própria inicial e na
sentença foi considerada a agravada como função de
empregada doméstica e com vínculo empregatício no
período de 25/10/2017 a 03/08/2018, ou seja, menos que
um ano.
ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
DR. ROBERT FIGUEIREDO
ADVOGADO
OAB 1912/PI

Sabe-se que o valor do benefício do seguro-


desemprego do empregado doméstico corresponderá a 1 (um)
salário-mínimo e será concedido por um período máximo
de 3 (três) meses, de forma contínua ou alternada, a cada
período aquisitivo de 16 (dezesseis) meses, contados da
data da dispensa que originou habilitação anterior (art. 6, da
RESOLUÇÃO Nº 754, DE 26 DE AGOSTO DE 2015)
Verifica-se que a Agravada na função de
domestica trabalhou apenas (9) nove meses e (3) três dias,
menos do devido legal para o direito ao seguro desemprego.
O art. 3º da RESOLUÇÃO Nº 754, DE 26 DE
AGOSTO DE 2015, informa que:
Art. 3º Terá direito a perceber o Seguro-
Desemprego o empregado doméstico
dispensado sem justa causa ou de forma
indireta, que comprove:
I - ter sido empregado doméstico, por pelo
menos quinze meses nos últimos vinte e
quatro meses que antecedem à data da
dispensa que deu origem ao requerimento
doSeguro-Desemprego;
Portanto, não faz jus a Agravada aos valores
lançados a título de indenização seguro desemprego em três cotas, já
que não possui meses suficientes para ter benefício acima do
número de cotas permitido aos domésticos, causando assim um
erro material na sentença e consequentes cálculos.
VIII – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer aos nobres e
eminentes desembargadores desta Eg. Corte regional, se
dignem em conhecer e dar provimentoao presente Agravo de
Petição, para reformar a r. decisão agravada, determinando-se,
por consequência, a nulidade da citação do Agravante, então
Reclamante, retornado os autos à fase inicial, de modo a
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DR. ROBERT FIGUEIREDO
ADVOGADO
OAB 1912/PI

oportunizá-lo o direito de produzir sua defesa na fase


cognitiva.
Na eventual hipótese do pedido supra não
ser atendido, o que se admite apenas para argumentar,
requer que a penhora sobre a conta poupança do Agravante
seja cancelada, com a consequente devolução dos valores
bloqueados ao Agravante, eis que se trata de bloqueio de
caderneta de poupança, cujo valor total é inferior a 40
(quarenta) salários mínimo.

Nestes Termos,
Pede deferimento.

Teresina, 28 de Maio de 2020.

BRUNO LEONARDO XAVIER DE SOUSA


Advogado OAB/PI 9695

CARLOS MAGNO CHAVES DA SILVA JUNIOR


Advogado OAB/PI 15.056

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