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Direito Comunitário (2)

03-05-2012
Tribunal Justiça

Artigos 19º TUE


Artigos 251º a 281º TFUE
Estatuto do Tribunal de Justiça
Regulamento de processo do Tribunal de Justiça

 A criação das Comunidades Europeias fez nascer um direito novo e assim é


necessário impor uma lei comum e que essa lei seja interpretada de igual modo
por todos os EM.
 Esse Direito novo é composto por:
o Normas constantes dos Tratados: direito originário
o Disposições dos actos normativos emanados das Instituições da União:
direito comunitário derivado
 Aos tribunais nacionais, foi atribuída competência para interpretar e aplicar o
direito da União, mas em última instância existe o TJ para uma correcta
interpretação e uniformização do direito aplicável a todos os EM.
 Tem assim uma dupla função:
o Controlar e sancionar os comportamentos tanto dos órgãos da UE como
dos EM
 Litígios entre EM ou entre instituições e EM ou mesmo entre
instituições da UE
o Promover uma correcta interpretação das normas comuns a uma
colectividade de Estados
 Surge ainda com a CECA, com a denominação de Tribunal de Justiça das
Comunidades Europeias

 Hoje inclui três jurisdições (art.19º, nº1 TUE)


 Tribunal de Justiça
 Tribunal Geral
 Tribunal da Função pública

Sede:
 Luxemburgo

Natureza jurídica
 Um verdadeiro tribunal: órgão inteiramente independente das restantes
Instituições e dos Governos dos EM
 Com jurisdição própria e competência exclusiva em determinadas matérias
 Surge como um garante do respeito do Direito da UE

Composição:
Art.253º a 255º TFUE; Art.5º,6º e 8º do Estatuto do TJ
 Um juiz de cada Estado Membro
o Representante português: José Narciso da Cunha Rodrigues
 Um presidente eleito pelos Juízes:
o Vassilios Skouris

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 Oito advogados gerais (art.252º TFUE): cabe-lhes apresentar conclusões prévias


à decisão a proferir pelo TJ.
 Secretários Escrivão e agentes

07-05-2012
Funcionamento:
 O TJ pode reunir:
o Secções de 3 ou 5 juízes
o Grande secção (13 juízes), sob presidência do Presidente do Tribunal,
sempre que um EM ou uma instituição lhe solicite
o Tribunal Pleno em certos casos particularmente delicados ou de
excepcional importância
o Art.251º TFUE; 16º ETJUE; 11ºA a11ºE e 25º a 28º do RPTJ
Serviços
 Secretaria
 Serviço de Biblioteca e documentação
 Serviço de informação
 Direcção linguística
 Direcção de administração

Competências:
 Jurisdição voluntária: ART.267º TFUE
o Processo não contencioso, O TJ pode ser solicitado a fornecer a correcta
interpretação do direito da UE ou a julgar os actos das instituições
o Isto porque os tribunais nacionais funcionam como tribunais comuns da
UE e em caso de dificuldade de interpretação remete um pedido para o
TJ para esclarecimento.
 Jurisdição consultiva: art.218 nº11 TFUE
o Emissão de pareceres sobre a compatibilidade de Tratados com algum
projecto de acordo da UE e alguns EM
o A solicitação ao TJ não é obrigatória, mas o parecer deste é vinculativo
 Jurisdição contenciosa: art.19º TUE; 258º e ss TFUE
o O TJ salvaguarda a ordem jurídica da UE, intervindo como:
 Jurisdição internacional
 Tribunal Constitucional
 Jurisdição administrativa e laboral
 Tribunal de Justiça, civil e criminal
 Tribunal fiscal e aduaneiro

Tribunal Geral
 Antigo Tribunal de 1ª instância
 Previsto nos art.19º TUE e 254º TFUE
 Sede: Luxemburgo
 Funcionamento previsto no art.50º do ETJUE
 Composto por um juiz de cada EM, mas em contrário ao TJ não existem aqui
advogados gerais
 Competências: previstas no art.256º TFUE
 Dirime litígios em que sejam intentadas acções dirigidas a uma pessoa colectiva
ou singular.

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Tribunais especializados
 Art.62º C ETJUE + Anexo I ETJUE
 Destinado a julgar os litígios entre as instituições da UE e os seus funcionários
(art.1º anexo)

10-5-12
Banco Central Europeu

 Instituição de controlo reconhecida no art.13º,nº1 e 3 e art.282º e ss TFUE


 Instituído em Maastricht
 Associado á política de integração económica e monetária
 Presidente: Mario Draghi
 O BCE tem personalidade jurídica: art.282º,nº3
 Trabalha em conjunto com os Bancos centrais dos 27 EM , formando o Sistema
Europeu de Bancos Centrais (SEBC)
 Objectivos
o Gestão do Euro
o Garantir a estabilidade dos preços
o Salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro
o Definir e executar as políticas da zona Euro
o O exercício de uma função consultiva
o Recolha de informação estatística necessária
 Competências
o Formula recomendações e pareceres
o Toma decisões necessárias para o desempenho das atribuições cometidas
ao SEBC
o Adopta regulamentos necessários para o exercício das funções previstas
nos estatutos do SEBC
 Estrutura:
o Conselho
o Comissão
o Conselho geral

Tribunal de Contas

 Art.13º,nº1 e 3; 285º e ss TFUE


 Sede: Luxemburgo
 Composto por 1 membro da cada Estado membro escolhido entre personalidades
dos seus países que ofereçam todas as garantias de independência
 Presidente: Vítor Manuel da Silva Caldeira
 Competências:
o Fiscalização das contas da UE
o Verificação da boa execução do orçamento da UE: 287,nº1
o Garante que o orçamento seja gerido de forma eficaz
o Elaboração de relatórios após cada exercício
o Actua em colaboração com as instituições de fiscalização nacionais

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Comités

 13º,nº4
 Órgãos consultivos
o Comité económico e Social: art.13º,nº4; 301º e ss
o Comité das regiões: art.13,nº4; 305º e ss
 Outros órgãos auxiliares
o Comité politico e de segurança: art.38º TUE
o Comité dos transportes: art.99º TFUE
o Comité do emprego: art.150º TFUE
o Comité de Fundo Social Europeu: art.162º e 163º TFUE
o Comité da Proteção Social: artg.160º TFUE
 Organismos monetários e financeiros
o Banco Europeu de investimento: 308º e 309º TFUE
o Comité Económico e Financeiro: 134º TFUE

17-05-2012

Processos de decisão da União Europeia

Processo de decisão comum


 Não existe nenhuma disposição específica nos tratados
 Processo onde se estabelece um diálogo entre a Comissão e o Conselho
 Exemplos: art.70º,74º,78º nº3 e 95 nº3

Processo legislativo especial


 Previsto no art.289º,nº2 TFUE
 A adopção de um acto jurídico da União, pelo PE com a participação do
Conselho ou vice-versa exige o recurso a um processo legislativo especial
 Mais comum a situação da deliberação do Conselho com participação do PE em
virtude de o Conselho ser o órgão deliberativo por excelência , remontando esse
poder ao inicio da epopeia comunitária.
 Exemplos:
o Conselho com participação PE
 19º,nº1 TFUE, 25ºTFUE,81º,nº3,86º,nº1 126,nº14, etc.
o PE com participação do Conselho
 223,nº2; 228,nº4

Processo legislativo ordinário


 Previsto no art.289º,nº1 TFUE
 Inicialmente previsto em Maastricht como processo de Co-decisão
 Aqui PE e Conselho deliberam em pé de igualdade
 Inicia-se com a apresentação pela Comissão de uma proposta ao PE e ao
Conselho
 Irá dar lugar a um complexo diálogo entre estas duas instituições com poder
decisório. Este mais ou menos moroso processo está descrito no art.294º TFUE

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Processo legislativo ordinário: art.294ºTFUE

 A comissão apresenta uma proposta ao PE e ao Conselho: nº2


Primeira leitura
 O PE estabelece a sua posição que transmite ao Conselho: nº3
o O Conselho adopta e o processo chega ao seu termo nº4
o O Conselho não aprova, adopta a sua própria posição e transmite-a ao
PE, com a informação do porquê desta posição: nº5
 A Comissão mantém-se como parte integrante deste processo: nº6

Segunda leitura
 O PE até um prazo de 3 meses pode:
o Aprovar o acto: nº7 a)
 Aprovar expressamente a posição do Conselho
 Não se pronunciar, o que equivale como aprovação tácita
o Rejeitar o acto:
 Rejeitar a posição do Conselho em 1ª leitura e assim dar como
terminado este processo, não adoptando o acto: nº7 b)
o Propor emendas à posição do Conselho, enviando o texto alterado
novamente ao Conselho e á Comissão: nº7 c)
 Posteriormente o Conselho na sua segunda leitura pode:
o Aprovar essas emendas, sendo considerado o acto como aprovado: nº8 a)
o Não aprovar todas as emendas, e aí o Presidente do PE e o Presidente do
Conselho convocam o Comité de Conciliação: nº8 b)
Comité de conciliação
 Se não aprovar um projecto comum no prazo de seis semanas considera-se que o
acto proposto não foi aprovado: nº12

Terceira leitura
 Após aprovação de um projecto comum por parte do Comité de Conciliação, o
PE e o Conselho dispõem de 6 semanas para adoptar o acto em causa: nº13
o Adoptam o acto em causa após deliberação estabelecida no art.13º
o Ambas ou apenas uma das instituições não adopta o acto na
conformidade do projecto comum: acto rejeitado: nº13 in fine

24-05-2012

Ordenamento jurídico da União Europeia

Fontes de Direito da União Europeia

 O Direito da UE tem uma dupla origem Convencional e Unilateral


 São consideradas fontes de Direito da UE:
o Direito Originário
o Direito derivado
o Princípios gerais de Direito
o Doutrina
o Jurisprudência

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Direito Comunitário (2)

Direito originário
 “Direito que originou as Comunidades”;
 Também chamado de Direito Convencional
 Cfr: art.48º TUE: Processo de revisão ordinário dos Tartados

 Tratados
o Constitutivos
o Modificativos
o Adesão
 Carta dos Direitos fundamentais da UE
 Protocolos
 Anexos dos Tratados

Direito derivado
 Deriva dos actos emanados pelas instituições, adotados para aplicação dos
Tratados.
 Também designados como actos unilaterais
 Previstos no art.288º TFUE
o Estes atos, para serem válidos e vigentes:
 Têm de ser fundamentados: art.296º TFUE
 Têm de ser publicados no JUE e /ou notificados: art.297º TFUE
 Entram em vigor na data neles fixados ou supletivamente no 20
dia posterior à sua publicação
 Além dos atos referidos no art.288º, designados como típicos temos ainda atos
atípicos
 Estão também previstos no art.297º,nº2 actos não legislativos emitidos pela
Comissão

 Podemos estabelecer várias distinções de atos:


o Atos gerais
 Regulamentos
o Atos individuais
 Diretivas

o Atos vinculativos
 Regulamentos
 Diretivas
 Decisões
o Atos não vinculativos
 Pareceres
 Recomendações

o Atos típicos
 Previstos no art.288º TFUE
o Atos atípicos
 Regulamentos internos
 Comunicações
 Conclusões
 Informações

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Direito Comunitário (2)

Regulamentos
 Ato vinculativo, típico e geral: art.288º
 Destinatários: todos os EM, empresas, particulares
 Tem caracter geral
 Características
o Diretamente aplicável:
 Depois de publicado e de entrar em vigor na ordem jurídica da
UE, vigoram diretamente na OJ dos EM.
 No entanto poderá haver necessidade de medidas prévias para a
criação de recursos necessários para a adaptação ao regulamento,
daí a expressão direta e não imediata.
 Não necessita de nenhum instrumento jurídico de transposição
 Impõe obrigações e confere direitos aso particulares que podem
ser diretamente invocados nas jurisdições nacionais
o Obrigatório em todos os seus elementos:
 O regulamento fixa não só o fim, mas também os meios e a forma
 Totalmente vinculado
 Considerado um instrumento normativo rígido
o Não pode ser alterado, devendo ser cumprido na íntegra
 Classificação
o Regulamentos do Conselho
 Regulamentos de base (estabelecem linhas gerais para
determinada política)
 Regulamentos de execução (vem executar os regulamentos base)
o Regulamentos do PE e do Conselho
o Regulamentos da Comissão
o Regulamentos do BCE: art.132º TFUE

Diretivas
 Não tem caracter geral, mas sim individual
 Destinatários específicos: Estados membros
 Características
o Não são obrigatórios todos os seus elementos.
 Só é vinculado quanto ao fim a alcançar
 Liberdade quanto à forma e aos meios para atingir esse resultado
 Impõe obrigações de resultado
 É um instrumento jurídico mais flexível. Aqui dá-se liberdade aos
EM, para escolher os meios e as formas atendendo à sua
realidade económica e social
 Respeito pelo princípio da proporcionalidade: art.296º
o Necessidade de um ato de transposição para a OJ interna
 Existe alguma divergência doutrinal neste campo
 Existe alguma jurisprudência do TJUE, sobre a aplicabilidade
direta das diretivas
 Classificação
o Diretivas do Conselho
o Diretivas do PE e do Conselho
o Diretivas da Comissão
o Diretivas do BCE
o Existem também aqui diretivas de base e de execução

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Direito Comunitário (2)

28-05-2012

Decisão
 Destinatários concretos sejam eles os EM, particulares ou empresas
o A decisão obriga apenas os destinatários que ela própria designar
 Caracter individual
 Necessário a sua publicação e /ou notificação, caso tal não suceda será válida
mas não eficaz e não oponível a terceiros
 Caraterísticas:
o Obrigatórias em todos os seus elementos
 Imposição do resultado e das modalidades de execução
o Aplicabilidade:
 Diretamente aplicável quando destinada a particulares ou
empresas
 Aplicação do Direito da UE por via administrativa
 Os particulares podem recorrer às jurisdições em caso de
violação da sua aplicação
 Não tem aplicação direta quando dirigida a EM
 Instrumento de legislação indireta
 Aqui a modificação na esfera jurídica dos particulares irá
resultar somente aquando da aplicação das medidas
impostas aos EM
 Classificação:
o Decisões do conselho 293º
o Decisões do PE e do Conselho 294º
o Decisões do BCE
o Decisões da Comissão 101º e 102º

Salvaguarda da Ordem jurídica da União Europeia

 As normas integrantes da ordem jurídica da UE beneficiam de uma garantia


jurisdicional do respeito que lhes é devido por parte de todos os seus
destinatários
 Esta garantia foi conferida ao Tribunal de Justiça da UE, ao Tribunal Geral e
aos Tribunais nacionais em geral

Competência Contenciosa
 A OJ da UE pode ser violada quer pelos EM, pelas Instituições ou por
particulares
 Contra esta violação de legalidade, pode haver recurso a diversas vias
contenciosas
o Controlo da legalidade por parte das instituições, órgãos e organismos da
UE
 Recurso de anulação:263º e 264º
 Exceção de ilegalidade: 277º
 Recurso por omissão: 265º
o Controlo dos comportamentos dos EM.
 Ação por incumprimento: 258º e 259º

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Direito Comunitário (2)

Recurso de anulação
 Controlo jurisdicional do respeito da legalidade do direito da UE pelas
Instituições
 Previsto e regulado nos artigos 263º e 264º
 Atos passíveis de recurso:
o Atos da UE definitivos, revestidos de caracter decisório e destinados a
produzir um efeito de direito obrigatório, destinados a produzir efeitos
em relação a terceiros
 Regulamentos, decisões e diretivas
 Outros atos atípicos que revistam caracter obrigatório, decisório e
definitivo:
 Resoluções, conclusões, programa, declarações

 Legitimidade do recorrente (ativa)


o Recorrentes institucionais ou privilegiados
 Os EM, o Conselho, O PE e a Comissão
o Recorrentes ordinários
 Apresentam recurso ao Tribunal Geral
 Qualquer pessoa singular ou coletiva, desde que:
 Os atos lhe sejam dirigidos
 Ou que embora dirigidos a outra pessoa, lhe digam direta
e individualmente respeito
 Legitimidade passiva
o Pode ser instaurado contra as Instituições da UE ; 263º, 1ªparte

 Prazo:
o Está fixado o prazo de dois meses para a interposição do recurso
o Articulado com o estatuído nos arts. 80º,nº1 ETJ e 81º,nº1 e 2 do
RPTJUE
o Estabelecido por razões de segurança jurídica

 Fundamento
o Incompetência
 Quando uma instituição, adota um ato que não tem competência
para adotar, ou não é competente para adotar sozinha
o Violação dos Tratados
 Todas as formas de ofensa á ordem jurídica da UE, prevista nos
Tratados, sejam por ação ou por omissão
o Violação de formalidades essenciais
 Omissão das formalidades que fazer parte integrante do processo
de elaboração e adoção dos atos da UE. Destes depende a sua
validade
 Obrigação de fundamentação
 Quando tal é exigido e não é cumprido pelas instituições
o Desvio de poder
 Quando alguma decisão foi tomada para atingir fins diversos dos
invocados

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Direito Comunitário (2)

 Efeitos:
o Se for aceite o recurso, o TJ anulará o ato impugnado
o Anulação prevista no art.264º
o Em regra tem efeitos retroativos, embora o TJ possa salvaguardar alguns
efeitos entretantos produzidos
o Tem efeitos erga omnes, ou seja o ato deve ser erradicado por completo
da OJ da UE, deve-se impossibilitar que as partes voltem a invocar este
ato
o Caso seja rejeitado, o acórdão do TJ que rejeita o recurso de anulação,
não proclama a validade do ato, somente se limita a declarar que os
vícios em causa não existiam.
31-05-2012
Exceção de ilegalidade
 Situação regulada no artigo 277º
 Permite aos interessados, suscitar a título incidental a ilegalidade de um ato de
alcance geral.
 Situação que pode ocorrer, findo o prazo de dois meses, no qual não foi
interposto recurso de anulação
 Pode ser pedido em apoio a um pedido em que surjam como demandantes ou
num processo em que sejam demandados
o Uma medida que seja legal, mas que se baseie num regulamento que
está, esse sim, ferido de alguma irregularidade
o O interessado instaura um recurso de anulação dessa medida individual,
invocando como fundamento do recurso a ilegalidade do regulamento,
que está na base da medida impugnada
o Se o TJ considerar findada essa anulação, irá somente anular essa medida
individual, mas não o ato que carece de legalidade.
o No entanto, na prática a instituição que elaborou tal ato vê-se forçada a
revogar tal ato, considerado ilegal pelo TJ, com a consciência que
doravante, todas as medidas individuais de aplicação de tal ato iriam
padecer de ilegalidade

Recurso por omissão


 Tem como objetivo controlar a legalidade da abstenção de agir das Instituições
 É uma reação contra uma inércia ilegal, por parte das instituições que viola os
Tratados
 Regula a recusa expressa ou tácita das instituições de exercer uma competência
ou adotar um ato previsto pelos Tratados
 Artigos 265º e 266º

 Legitimidade passiva; demandados:


o Instituições previstas no art.265º, 1º parágrafo, 1ª parte

 Legitimidade ativa; demandantes:


o Recorrentes privilegiados (265º,1º parágrafo, 2ªparte)
o Recorrentes ordinários (265º, 3º parágrafo)

 Atos passíveis de recurso:


o Os recorrentes privilegiados podem recorrer de todos os atos típicos e
atípicos, vinculativos ou não

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Direito Comunitário (2)

o No caso dos recorrentes ordinários, estes só poderão recorrer no que diz


respeito a decisões.

 Regime processual do recurso


o Fase pré-contenciosa ou administrativa
 O interessado antes de recorrer ao TJ deve convidar a entidade
em causa a agir
 A ideia é que a instituição em causa cumpra a sua obrigação
evitando assim o recurso
 Apesar de os Tratados nada dizerem quanto ao prazo, o TJ
considera que o requerente não deve exceder um prazo razoável
que considera de 18 meses. (por uma questão de segurança
jurídica)
 A instituição pode tomar uma de três posições e assim
inviabilizar o recurso por omissão
 Reconhece a obrigação e adota o ato.

 Adota um ato diferente do solicitado


 Recusa cumprir a obrigação
o Estas duas últimas posições, implica que a
instituição ao tomar uma posição, inibe um novo
recurso por omissão, restando ao interessado o
recurso por anulação.

 Pode a instituição deixar passar o prazo de dois meses


sem tomar nenhuma posição, isto é, guarda completo
silêncio
 Pode responder em termos dilatórios, ou seja não toma
uma verdadeira posição
o Estas duas posições levam a que o processo possa
seguir para fase contenciosa
o Fase contenciosa
 Art.37º e ss RPTJUE
 Se o TJ considerar que a instituição faltou a uma das obrigações
que os Tratados lhe impõem, deve essa instituição tomar as
medidas necessárias para dar boa execução ao acórdão do TJ, ou
seja adotar o ato cuja omissão deu causa ao recurso.

05-06-2012
Ação por incumprimento
 Previsto nos artigos n258º e ss
 O incumprimento consubstancia-se por não cumprir o que está disposto nos
Tratados, bem como o não cumprimento do direito derivado (seja por ação ou
omissão), e também o não cumprimento de um acórdão do TJUE:
 Resumindo, incumprimento do resultante de:
o Direito originário
o Direito derivado
o Decisões judiciais
o Princípios de Direito da UE

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Direito Comunitário (2)

 Legitimidade ativa/demandantes
o Comissão (258º), EM (259º)
 Legitimidade passiva/demandados:
o EM

 O Incumprimento pode ser por:


o Ação
 Adotar na ordem jurídica interna, atos ou comportamentos
contrários ao direito vigente da UE
o Omissão
 Não adotar um comportamento imposto pela UE
 Recusa expressa ou tácita em adotar medidas previstas
nos Tratados
 Recusa de revogar uma norma interna contrária ao direito
da UE
 Recusa de acatar uma decisão judicial

 O processo por incumprimento comporta duas fases:


o Fase administrativa ou pré contenciosa
 A Comissão deve procurar chamar o EM faltoso á razão e dar-lhe
a oportunidade de corrigir o seu comportamento faltoso
 Os particulares não têm legitimidade ativa, podendo no máximo
recorrer aos tribunais nacionais, ou pode denunciar a situação à
Comissão
 Exclusiva responsabilidade da Comissão que pode:
 Agir oficiosamente
 Agir mediante queixa dos interessados
 Antes de se desencadear o processo judicial:
 Notificação do Estado por incumprimento
 Este poderá justificar-se, podendo apresentar razões do
incumprimento em causa
 A Comissão dá um parecer (não vinculativo)
fundamentado, podendo aceitar as razões do estado ou
entender que continua a existir razões para incumprimento
 A Comissão tem o ónus e não a responsabilidade de
recorrer ao TJ
o O EM pode ou não acatar o parecer da Comissão
o Senão o fizer poderá estar sujeito a ulterior
controlo do TJ no caso de a ação por
incumprimento vir a ser instaurada pela Comissão
o No entanto devem os EM, de acordo com o
art.4º,nº3 TUE, promover a execução das
obrigações decorrentes dos Tratados ou de atos da
UE
 Em casos excecionais poderão os próprios EM instaurar a
ação no TJUE
o Fase judicial
 Uma vez instaurada a ação por incumprimento, vai seguir-se a
tramitação normal do processo comum até á decisão final

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Direito Comunitário (2)

 O TJ limita-se a reconhecer o incumprimento


 Pode ser aplicada uma sanção pecuniária para os caos de
incumprimento
 Embora não esteja elencado, o TJ precisou que as medidas a
adotar pelos EM devem ser iniciadas de imediato e estar
concluídas a breve prazo, sob pena da instauração de nova ação
por incumprimento (260º,nº1)

Ação de indemnização
 Por força do art.340º a responsabilidade contratual da União é regida pela lei
aplicável ao contrato
o Efetivada pelo tribunal nacional competente para o julgamento
 Os Tribunais da União, tem competência exclusiva para julgar da
responsabilidade extracontratual da UE, ou seja perdas e danos resultantes de
uma atividade ilegal dos seus órgãos ou agentes.
o Nos termos do art.268º

Reenvio prejudicial
 Art.267º
 Existe uma cooperação entre os Tribunais nacionais (vulgo tribunal comum de
aplicação do Direito da UE) e o TJUE
 O TJUE pode ser chamado a pronunciar-se sobre:
o A interpretação de uma norma de Direito da UE
 Reenvio de interpretação
 Abarca os Tratados, a Carta, os anexos e os Protocolos
o A validade de um ato tomado pelas instituições, que possam produzir
efeitos de direito
 Reenvio de apreciação
 Sobre os atos previstos no 288º e outros atos que possam produzir
efeitos de direito
 As causas de invalidade são as mesmas que podem servir de
fundamento ao recurso de anulação previsto no art.263º
 O reenvio prejudicial pode ser:
o Facultativo quando estamos no âmbito dos tribunais de 1ª instância,
podendo este:
 Resolver ele próprio a questão
 Submeter a sua resolução ao TJUE
o Obrigatório quando o litigio a dirimir esteja em ultima instância.
 Aqui o juiz está sempre obrigado a reenviar para o TJUE, quando
surgir alguma dúvida de interpretação, ou duvida sobre a validade
de algum ato.
 Isto ocorre pois normalmente o direito da UE tem por regra aplicabilidade direta
nas ordens jurídicas de cada EM, e poderá acontecer que o juiz nacional tenha
dificuldades em interpretar disposições ou a validade em um ato.
o Suspende então, o processo reenviando p a questão em título prejudicial
para o TJUE, que não vai dirimir o conflito mas somente realizar uma
interpretação do caso em análise.
 Pretende-se uniformizar a aplicação do direito da UE em todos os EM (grande
objetivo)
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Direito Comunitário (2)

o Obter uma resposta clara e precisa do TJUE sobre a interpretação de uma


norma
o Ou sobre a apreciação de validade de um ato
 É um direito relativamente recente e complexo

11-06-2012
 Processo:
o Art.267º TFUE; 23º e 23ºA ETJUE; 103º a 104ºA RPTJUE
o Despacho suspensivo do processo nacional e despacho de reenvio (da
responsabilidade do juiz nacional)
o Julgamento
 Fase escrita
 Produzir observações
 Recolher informações
 Análise de questões
 Fase oral (pode não ocorrer)
 Debater numa audiência física as questões suscitadas pelo
juiz nacional
o Acórdão
 O TJUE não julga a questão nacional, só emite o acórdão
cabendo ao juiz nacional tal incumbência

 Acórdão:
o Acórdão interpretativo
 Vinculativo para o caso concreto
 O TJUE admite que os efeitos vão para além do caso concreto
 Como consequência, os Tribunais Superiores estão dispensados
da obrigação de reenvio em situações exatamente iguais
 Deve haver total equiparação
o Acórdão sobre questões de validade
 O juiz pode:
 Reconhecer o ato como inválido
 Pode não reconhecer o ato como inválido
 O TJUE admite que os efeitos vão para além do caso concreto
 Irá ter força de caso julgado para situações posteriores que
eventualmente ocorram
 Como consequência, os Tribunais Superiores estão dispensados
da obrigação de reenvio em situações exatamente iguais
 Deve haver total equiparação

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Direito Comunitário (2)

18-06-2012
Ordenamento Económico da União Europeia

O mercado interno foi concebido como instrumento da integração económica e social no


espaço Europeu
Este mercado interno assenta:
 Na criação de uma União Aduaneira
 Na livre circulação dos fatores de produção
o Trabalhadores
o Capitais
o Iniciativas empresariais
o Prestadores de serviço
 Em regras comuns de concorrência

Livre circulação das mercadorias


 A noção de livre circulação das mercadorias resulta dos art.28º, 34º e 35º TFUE
 Estas disposições determinam a supressão dos obstáculos à livre circulação das
mercadorias
o As mercadorias originárias dos países membros
o Mercadorias provenientes de terceiros países, mas que hajam sido
regularmente importadas: art.29º TFUE
 Assim observa-se uma eliminação da diferenciação entre os produtos originários
e não originários dos EM.
 Para obter o estatuto de produto em livre prática, uma mercadoria apenas deve,
uma vez por todas, ser desalfandegada em qualquer EM contra o pagamento dos
direitos aduaneiros eventualmente exigíveis, que são os previstos na pauta
aduaneira comum.
 O art.28º prevê a eliminação total e definitiva, nas trocas intereuropeias, de
direitos aduaneiros e bem assim de qualquer encargo de efeito equivalente.
 As regras gerais estão impostas no art.34º e 35º
o Aqui prevê-se a proibição de qualquer medida, seja ela legislativa,
regulamentares ou administrativa, por parte dos EM, que constituam
entraves á importação/exportação entre os EM
 No art.36º estão previstas exceções aos art.34º e 35º. Existe assim a
possibilidade dos EM oporem alguns obstáculos a certas importações, seja
diretamente ou indiretamente
o Salvaguarda da moralidade pública
o Salvaguarda da ordem e segurança pública
o Proteção da saúde e da vida
o Proteção da propriedade industrial e comercial

Pauta aduaneira comum


 A existência de uma pauta aduaneira comum, vinculativa, nos mesmos termos,
de todos os EM, implica que todos os EM sejam obrigados a aplicar nas suas
fronteiras, os direitos afixados nessa pauta aduaneira comum,
 Estes montantes constituem receita da UE e não dos EM

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Direito Comunitário (2)

Livre circulação de pessoas (trabalhadores)


 Art.45º e ss
 No art.45º, nº1 faz-se referência aos trabalhadores, mas implicitamente a
referência deve-se aplicar somente aos trabalhadores por conta de outrem
(emprego, remuneração e demais condições de trabalho)
 Nota: um trabalhador assalariado nacional de um Estado-terceiro, radicado num
EM, não beneficia desta livre circulação para o exercício da sua atividade
 Esta livre circulação dos cidadãos foi facilitada pelo acordo de Schengen (1985)
e outros textos.
o Artigos 20º, 21º e Carta dos Direitos Fundamentais
 Observância do art.18º TFUE: principio da não discriminação

 Conteúdo:
o No nº3 (art.45º) estão estabelecidos os direitos que a livre circulação de
trabalhadores compreende
o A liberdade de circulação é extensiva aos respetivos familiares
 A observar na diretiva 2004/38/CE os familiares abrangidos
o A liberdade de deslocação comporta dois direitos correlativos
 O direito de deixar livremente o território nacional
 O direito de acesso ao território de qualquer EM
o Direito de residência.
 Regras previstas na diretiva supra

 Art.45º,nº4 apresenta-nos uma exceção ao princípio da liberdade de acesso ao


emprego
o A noção de AP aqui descrita não deve ser entendida de uma maneira
ampla, mas sim como uma referência a funções no exercício de
autoridade pública ou de salvaguarda dos interesses gerais do Estado

 Art.45º,nº3
o O direito de entrada de um determinado EM, e consequente residência e
exercer de uma atividade pode ser limitado por razões de ordem pública,
de segurança pública e de saúde pública
o As noções supra descritas aparecem delimitadas na diretiva 64/221 de 25
de Fevereiro

21-06-2012

O direito de estabelecimento e a liberdade de prestação de serviços

 O exercício por um operador económico do direito de estabelecimento implica


uma instalação duradoura, estável, que seja o centro da atividade profissional
desenvolvida no Estado de estabelecimento em relação a clientes indeterminados

 A simples prestação de serviços impõe a prática de uma ou mais prestações ou


atos profissionais com carater esporádico ou temporário, de que são destinatários
clientes determinados

 Em ambas as situações não se devem incluir trabalhadores por conta de outrem


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Direito Comunitário (2)

 Regidos pelos princípios fundamentais da preferência comunitária e da não


descriminação

Direito de estabelecimento
 Podemos observar dois tipos de estabelecimento:
o Estabelecimento principal
 Quando um cidadão (ou vários) da UE pretende criar uma
empresa “ex novo” noutro Estado Membro da UE
 Aqui o único requisito a observar é o vínculo da Nacionalidade
o Estabelecimento secundário
 Aqui o que está em causa é a abertura de uma sucursal de uma
empresa já com sede no país de origem do cidadão em causa
 Necessários dois requisitos
 Nacionalidade
 Territorialidade: deve a sede dessa mesma empresa estar
num dos outros EM
 Destinatários:
o Pessoas singulares ou Pessoas Coletivas
o Por equiparação as PC tem de ter sede social num dos EM (art.54ª)
o No mesmo artigo verificamos que são excluídas as PC sem fins
lucrativos
o Não pode haver descriminação entre os nacionais desse EM e os
cidadãos de outros EM que beneficiam do Direito de estabelecimento
 Exceções previstas no art.51º
 Reservas no art.52º
 Referência ao reconhecimento mútuo dos diplomas no art.53º
 Conteúdo previsto no artigo 49º,nº2

Liberdade de prestação de serviços


 Importante aqui o critério da presença, pois ao contrário do Direito de
estabelecimento, estamos perante uma situação de uma presença esporádica,
temporária
 A prestação de serviços pode ser:
o Ativa
 Aquela em que o prestador de serviços se desloca a outro EM
o Passiva
 Aquela em que o prestador de serviços não se desloca do seu país
de estabelecimento, cabendo ao benificiário essa deslocação
o Sem deslocação
 Não existe deslocação nem do prestador, nem do beneficiário
 Ex: videoconferência, assistência remota, etc.
 Requisitos:
o Vínculo da Territorialidade
o Vínculo da Nacionalidade
 Conteúdo observado no art.57º
 Reservas e exceções previstas nos artigos 52º e 53º por força do art.62º
 Destinatários:
 Pessoas coletivas e singulares

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Direito Comunitário (2)

Os Capitais e os pagamentos
 Regulados no art.63º e ss
 É uma consequência lógica das liberdades de circulação de pessoas, serviços e
do direito de estabelecimento
 Referência à não restrição de pagamentos e movimentos de capitais no art.63º
 Exceções e reservas previstas nos art.64º e 65º

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