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Sebenta 2ª Frequência
Procedimento administrativo
Noção
Procedimento como um conjunto de atos funcionalmente ligados com vista a produzir
um certo resultado, um efeito único: ato, contrato ou regulamento de execução
(Rogério Soares);
Procedimento como modo de formação das decisões administrativas, bem como da
sua manifestação e execução, traduzindo-se numa sucessão ordenada de
formalidades, atos e factos (CPA art. 1º/1).
Tipos de procedimentos
Procedimentos de 1º grau (visam a prática de um ato primário) e de 2º grau
(impugnações administrativas)
Procedimentos decisórios e procedimentos executivos
Procedimentos obrigatórios (formais, desenhados do princípio ao fim) e
procedimentos facultativos (informais, a lei regula apenas os grandes momentos)
Procedimentos bipolares e procedimentos multipolares
1. Fase preparatória
Como primeira fase do procedimento administrativo, Rogério Soares destacava a fase
preparatória, na qual se incluem todos os trâmites destinados a preparar o ato principal do
procedimento (o ato administrativo).
Os atos preparatórios visam criar uma situação juridicamente relevante, por forma a que o
ato desejado possa surgir em termos tais que a sua conformidade com a ordem jurídica esteja
assegurada. Embora estes, por si só, não produzam efeitos externos, criam uma situação
jurídica que é condição de validade do ato principal.
Excluem-se os atos com autonomia funcional, que são aqueles que, não obstante
ocorrerem antes do ato principal, por si só produzem efeitos jurídicos externos, sendo
que admitem impugnação contenciosa;
Excluem-se os antecedentes procedimentais, que são atos que, tendo em vista o
procedimento, ocorrem antes do seu início (estudos, vistorias, peritagens para a
construção de um hospital, que não se confundem como procedimento expropriativo;
queixas denúncias, petições que podem estar na base de um procedimento disciplinar)
o Não oficioso – quando iniciados por outro órgão que não é competente para a
prática do ato principal (ex: expropriação de um terreno da iniciativa da
Câmara e cuja declaração de utilidade pública é da competência do ministro);
Autoiniciativa (os processos oficiosos);
Hétero-iniciativa [tanto pode ser pública (desencadeado mediante propostas,
requisições, pedidos) como privada (individual, coletivo, gerais)].
Em casa requerimento individual, não pode ser formulado mais do que um pedido, a não ser
que se trate de pedidos entre os quais haja conexão (art. 102º/2 CPA): unicidade do pedido.
Podem, contudo, ser formuladas, num único requerimento, pretensões correspondentes a
uma pluralidade de pessoas que tenham um conteúdo e fundamento idênticos ou
substancialmente similares (art. 102º/3 CPA).
Perante um requerimento que lhe seja apresentado, a administração tem o dever de decidir,
desde que se preencham os pressupostos procedimentais a que a lei condiciona o
desenvolvimento regular do procedimento e desdobram-se em:
Pressupostos procedimentais subjetivos – competência do órgão e legitimidade do
requerente;
Pressupostos procedimentais objetivos – inteligibilidade, unidade e tempestividade do
pedido; atualidade do direito que se pretende exercer e inexistência de decisão sobre
igual pedido do requerente há menos de 2 anos (art. 13º/2 CPA).
Não existindo os pressupostos, também não existe o dever de decidir, mas mantém-se, nos
termos do art. 13º/1 CPA o dever genérico de pronúncia.
Fase de saneamento – apreciação da verificação destes pressupostos (arts. 108º e
109º CPA), a qual pode dar lugar a um despacho de aperfeiçoamento do pedido ou a
um despacho de rejeição liminar. Não ocorrendo qualquer destas situações, o
procedimento terá continuidade para a fase subsequente.
A direção do procedimento, cabe ao órgão competente para a decisão final, mas existindo um
dever de delegação deste, em inferior hierárquico, do seu poder de direção (art. 55º/2).
A instrução é desenvolvida de acordo com o princípio inquisitório (arts. 58º e 13º/3 CPA).
Os atos ou momentos instrutórios, tanto podem ser praticados pelo órgão responsável pela
decisão final, como ser solicitados a outras autoridades, a quem o órgão competente para a
decisão final deve, por iniciativa própria, por proposta do responsável pela direção do
procedimento ou a requerimento de um sujeito privado da relação jurídica procedimental,
solicitar auxilio, quando a participação de outros órgãos da administração pública seja imposta
por lei ou tenha competência exclusiva ou conhecimentos aprofundados sobre a matéria em
questão, bem como quando a instrução requeira a intervenção de pessoal ou o emprego de
meios técnicos de que o órgão competente para a decisão final não dispõe (art. 66º CPA). Para
além disso, os particulares podem ter um papel relevante na instrução, nomeadamente
apresentando provas, pareceres, documentos adicionais, sendo chamados a descrever
situações de facto, podendo igualmente dirigir reclamações à Administração. Cabe-lhes, ainda,
o ónus de provar todos os factos que aleguem (art. 115º CPA).
De grande importância revestem ainda, nesta fase, as diligências probatórias (arts. 115º a
120º) e as diligências consultivas ou pareceres (arts. 91º e 92º).
Pareceres
Noção – avaliação feita por um órgão de natureza consultiva de uma determinada situação,
fornecendo essa avaliação a um outro órgão para que ele determine o conteúdo de um ato
que vai praticar.
Funções:
Aconselhamento técnico-científico por órgãos com maior experiência na resolução de
certos problemas;
Torna mais fácil a fundamentação do ato administrativo;
Permite que a decisão seja mais racional;
Autocontenção da Administração; enquanto espera o parecer, pode ponderar melhor
a solução para o caso;
Em relação ao particular, o ato torna-se mais convincente.
Prazos – Quando um parecer obrigatório não for emitido dentro do prazo legal (30 dias),
pode o procedimento prosseguir e ser decidido sem o parecer, a não ser que se trate de
parecer vinculante. Neste caso, o procedimento só pode ser decidido sem o parecer, desde
que o órgão instrutor, tenha interpelado o órgão competente para o emitir [no prazo de 10
dias, devendo o órgão competente emitir o parecer devido, em 10 dias (art. 92º/4/5/6)].
A doutrina defende que a melhor opção teria sido a de permitir, tal como acontece
em legislação especial, que pudessem os interessados obter junto dos órgãos
competentes o parecer em falta ou que, no caso dos pareceres vinculantes, tivesse
sido consagrada a possibilidade de os mesmos poderem ser obtidos judicialmente com
suspensão do procedimento até obtenção dos mesmos.
A nota mais importante a destacar a propósito dos atos contextuais, tem a ver
com o facto de eles serem atos funcionalmente autónomos, o que tem grande
relevo prático, em face da possibilidade de impugnação autónoma de cada um
desses atos.
Eficácia – efetiva produção dos efeitos. Tem a ver com factos ou circunstâncias
extrínsecas do próprio ato, condicionando apelas a operatividade do mesmo.
Tipos de eficácia
Eficácia instantânea [os efeitos do ato produzem-se num determinado momento,
esgotando-se aí a sua eficácia. Apesar de poderem criar situações duradouras, que se
estenderão por períodos de tempo maiores ou menores, a sua operatividade esgota-se
no momento em que se tornam eficazes (ex: nomeação e revogação)] e eficácia
duradoura [prolongam a sua operatividade no tempo, não sendo apenas a situação
por eles criada que se prolonga no tempo (ex: concessão, que tem que se manter
eficaz para que o concessionário tenha o direito). Estes atos colocam o problema da
sucessão das normas no tempo, que se prende com a possibilidade de, durante o
período da sua vigência, poderem ocorrer alterações das circunstâncias que estiveram
subjacentes à sua prática e que justifiquem uma intervenção modificativa ou extintiva
dos mesmos];
Eficácia imediata (a produção dos efeitos dá-se exatamente no momento constitutivo:
art. 155º/1) e atos de eficácia diferida (o critério é o do momento em que se verifica a
eficácia);
Eficácia (imediata ou diferida) retroativa ou prospetiva (o critério das situações
jurídicas afetadas pelos efeitos do ato): art. 156º.
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tendo esse conteúdo, não colocam qualquer tipo de oposição por parte dos seus destinatários,
uma vez que estes o cumprem voluntaria ou espontaneamente.
No entanto, nem todos os atos criadores de deveres ou obrigações para os particulares, que
se defrontem com a oposição destes, podem ser exercidos diretamente pela administração.
Tal só pode ocorrer nos casos inequivocamente previstos na lei e em casos de urgência
devidamente fundamentada.
A possibilidade de proceder à execução dos seus próprios atos usando a força física, constitui
a máxima afirmação de “potestas” da Administração, mas é também a prerrogativa mais
gravosa para os particulares. Por isso, a tendência, ao nível dos vários ordenamentos jurídicos,
é para a redução do âmbito de aplicação da executoriedade, na medida em que o alargamento
da intervenção administrativa na vida dos privados não é compatível com a manutenção do
princípio, sob pena da total subjugação dos particulares (ameaçados pela sanção criminal da
desobediência).
A executoriedade no CPA
Arts 175º ss – regime comum aplicável aos procedimentos administrativos dirigidos à
obtenção, através de meios coercivos, da satisfação de obrigações pecuniárias, da
entrega de coisa certa, de prestações de facto ou ainda do respeito por ações ou
omissões em cumprimento de limitações impostas por atos administrativos;
Art. 176º - consagração do princípio em que a execução coerciva dos atos
administrativos só pode ser realizada pela administração nos casos e formas
expressamente previstos na lei ou em situações de urgente necessidade pública,
devidamente fundamentada. Exceção para as medidas de policia;
Art. 183º - execução judicial como a via normal a adotar na falta de cumprimento
voluntário;
Art. 179º - inadmissibilidade de executoriedade quando estejam em causa obrigações
pecuniárias;
Arts. 180º e 181º - termos em que é feita a execução coativa para a entrega de coisa
certa ou para prestações de facto fungíveis.
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Situações de nulidade
Tradicionalmente, a nulidade apenas se verificava nas situações expressamente previstas pela
lei (nulidades por determinação da lei).
Porém, a entrada em vigor do CPA de 1992, este passou a estabelecer, no seu art. 133º/1,
que ao lado das nulidades por determinação da lei, existiam também as nulidades por
natureza: ideia de que se trata de situações de gravidade acentuada, merecendo, por isso, um
regime mais gravoso (situações a decidir pela doutrina e jurisprudência).
A doutrina vinha defendendo que os elementos essenciais do ato administrativo, cuja falta
geraria a sua nulidade, eram todos aqueles que se ligassem a momentos ou aspetos
legalmente decisivos e importantes de cada tipo específico de ato administrativo, cuja falta
geraria um vício anormal ou especialmente grave ou um vício normal resultante de uma
anormal má-fé ou intenção dolosa da Administração. O critério a utilizar para o efeito seria,
assim, o da gravidade conjugado com o da evidência do vício, nos casos não resolvidos na lei.
O novo CPA, entrado em vigor em 2015, veio alterar esta situação. Assim, por razões de
certeza e segurança, passou a determinar-se que a nulidade pressupõe a respetiva cominação
legal expressa. Para além da enumeração que já constava do art. 133º/2 CPA de 1992, o art.
161º/2 atual CPA considera nulos os atos cujo fim seja a prossecução de um interesse privado,
atos certificativos de factos inverídicos ou inexistentes, atos que criem obrigações pecuniárias
sem base legal e atos com total preterição do procedimento, salvo estado de necessidade
O regime da nulidade
O art. 162º/1 CPA determina que o ato nulo não produz quaisquer efeitos jurídicos, não
sendo, por isso, obrigatório para os respetivos destinatários.
A nulidade não necessita de qualquer reconhecimento ou declaração jurisdicional – a total
improdutividade do ato nulo vale “independentemente da declaração de nulidade” (art.
162º/1) – podendo ser feita valer a todo o tempo. O CPA admite agora, porém, expressamente
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que diplomas específicos possam determinar um regime distinto, como sucede no âmbito das
nulidades urbanísticas previstas no art. 68º do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação.
Uma das características vulgarmente indicadas da nulidade era a de que ela podia ser
declarada por qualquer órgão administrativo ou por qualquer tribunal (art. 134º CPA de 1992).
Não era, contudo, aceitável que todas as autoridades podiam conhecer tal nulidade e não
aplicar o ato, só os órgãos administrativos com poderes de controlo e no caso os tribunais
administrativos podiam produzir a referida declaração de nulidade. Dando razão a esta crítica,
o art. 162º/2 CPA, determina agora que a nulidade pode ser conhecida por qualquer
autoridade ou declarada pelo órgão administrativo competente para a sua anulação.
Outra característica típica da nulidade, sempre foi a da insusceptibilidade da sua sanação: nos
termos do art. 137º CPA de 1992, os atos nulos eram insuscetíveis de ratificação, reforma e
conversão. Se esta insusceptibilidade de convalidação de atos nulos era compreensível, como a
doutrina vinha afirmando, quando a Administração se apresentava aos particulares como uma
“administração agressiva”, já se tornava desadequada em face de uma administração de
prestações, apresentando-se na mais das vezes como violadora dos princípios da proteção de
boa-fé e da confiança dos cidadãos, sempre que estivessem em causa decisões que lhe fossem
favoráveis. Pretendendo dar resposta a essa crítica, o art. 164º/2 CPA, vem admitir
expressamente a reforma (ato pelo qual se conserva do ato anterior a parte não afetada pela
invalidade) e a conversão (ato pelo qual se aproveitam os elementos válidos de um ato ilegal
para com eles se compor um ato legal) dos atos nulos.
O novo CPA acentua, comparativamente com o art. 134º/3 CPA anterior, a possibilidade de
atribuição de efeitos putativos aos atos nulos, numa leitura mais amiga da ponderação
principiológica, afastando uma ideia de que o que está em causa é uma pura relevância do
tempo como facto jurídico-administrativo no quadro tradicional da prescrição aquisitiva (art.
162º/3).
Ainda assim, o regime da nulidade dos atos administrativos ainda é um regime radical:
Vieira de Andrade – “talvez não devesse admitir se a declaração de nulidade de atos
favoráveis a todo o tempo, mas apenas num prazo razoável contado do conhecimento
do vício (...) tal como deveria recusar-se ou limitar-se em certas hipóteses a
competência administrativa para a declaração de nulidade, designadamente, quando
não é evidente a existência desse tipo de invalidade ou, relativamente a determinados
vícios, quando estes sejam inteiramente imputáveis ao órgão administrativo”;
André Salgado Matos – é a própria distinção binária entre nulidade e anulabilidade
que deve ser objeto de ponderação, pois não resolve as situações da vida de modo
mais adequado do ponto de vista da justiça material. “A estabilidade, que deveria ser
um valor ordenado à preservação de interesses específicos, converte-se num valor em
si mesmo no caso da anulabilidade sendo completamente desconsiderado, no caso da
nulidade”.
O regime da anulabilidade
O ato anulável produz efeitos até ser anulado (se bem que a anulação do ato tenha
eficácia retroativa);
Os atos anuláveis podem ser impugnados perante os tribunais administrativos
competentes ou perante a própria administração, dentro dos prazos estabelecidos;
Uma vez que o ato anulável produz efeitos, ele vincula os respetivos destinatários que
não lhe puderam desobedecer, podendo tal ato ser executado, mesmo coativamente,
se possuir força executória;
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Inovadoramente, o CPA veio determinar que o efeito anulatório não se produz nas
situações enumeradas no art. 163º/5 (Princípio do aproveitamento do ato).
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Estatuição
O fim: noção e requisitos de validade
O fim do ato administrativo é (são) a(s) necessidade(s) que ele visa pacificar, e que será,
obrigatoriamente, um fim público tipificado pela lei.
Para este efeito, a lei indica, de forma abstrata, determinados pressupostos que, uma vez
verificados em concreto, indica ao agente administrativo a existência de um interesse público
que justifica e impõe a sua atuação.
Os pressupostos são as circunstâncias histórico-ambientais definidas pelo legislador na
hipótese da norma (pressupostos abstratos ou hipotéticos) que, uma vez verificados em
concreto (pressupostos reais ou concretos), mostram ao agente a ocorrência de um interesse
público que ele deve servir (isto nas normas de estrutura condicional).
Se os pressupostos não se verificarem em concreto, a administração está legalmente
impedida de atuar.
O agente administrativo está obrigado a apor ao ato administrativo uma declaração, na qual
demonstre a verificação em concreto dos pressupostos abstratamente definidos na lei: essa
declaração tem o nome de justificação, sendo um dos elementos que constitui a justificação.
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Relativos ao conteúdo
Atos vinculados – ocorre quando a administração dá ao ato administrativo um
conteúdo diferente daquele que decorre da lei. A sua consequência será, em regra, a
anulabilidade;
Atos discricionários – vícios na relação fim-conteúdo (apesar de o ato administrativo
ser perfeitamente válido quanto ao seu conteúdo, não há correspondência entre este
e o fim, estando o ato viciado quanto ao processo de “formação da vontade da
administração) – desvio do poder. Gera nulidade, apenas nos caos em que se
prossegue um fim privado ilícito;
Os vícios na relação fim-conteúdo são mais facilmente identificáveis através da análise
dos motivos que o agente deverá expor, podendo refletir-se na adoção de motivos
inexistentes, errados, falsos, irrelevantes, contraditórios, deficientes, desviados,
incongruentes e ilegítimos. Estão normalmente associados à violação dos princípios
gerais da atividade administrativa, consagrados no arts. 266º/2 CRP e 4º ss. CPA;
Mau uso ou não uso do poder discricionário da administração;
Vícios de vontade (erro, dolo e coação). Nulidade no caso de coação.
Vícios formais
Relativos ao procedimento
Procedimentos facultativos – vícios de procedimento quando a tramitação seguida
pela administração atenta contra a lógica do procedimento (princípio da adequação
procedimental – art. 56º);
Procedimentos vinculados – não cumprimento dos trâmites obrigatórios;
A regra é a anulabilidade, exceto quando haja violação de direitos fundamentais
procedimentais (arts. 269º/3 e 32º/10 CRP), sendo a consequência nulidade.
Um vício no procedimento, pode determinar um vício no conteúdo (ex: parecer legal
que serve de base ao conteúdo do ato).
Relativos à forma
Anulabilidade do ato administrativo que contenha vícios formais;
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Garantias administrativas
Impugnação administrativa
Impugnações administrativas de atos (a sua prática ou omissão (admissão expressa de
impugnações administrativas para reação ao incumprimento do dever legal de
decisão) – arts. 184º a 199º;
Impugnações administrativas de regulamentos (sua prática ou omissão (admissão
expressa de impugnações administrativas para reação ao incumprimento do dever
legal de decisão) – art. 137º/2 (regulamento devido e a sua omissão) e art. 147º
(reclamações e recursos dos regulamentos).
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A reclamação
Consiste, nos termos do arts. 184º e 191º/1 CPA, na impugnação do ato perante o seu
próprio autor, e pode consistir numa reação à omissão de qualquer ato administrativo
Salvo disposição legal em contrário, pode-se reclamar de todos os atos administrativos
(art. 191º/1), exceto dos atos que decidam reclamação ou recurso (art. 191º/2). No
entanto, a reclamação é, em regra, facultativa, apenas sendo necessária, quando, por
determinação legal expressa e inequívoca, seja pressuposto da impugnação judicial.
Prazo para a reclamação – art. 191º/3
Procedimento:
o Iniciativa – requerimento, no qual o reclamante deve expor os elementos que
invoca, podendo juntar os elementos probatórios que considere convenientes
(art. 184º/3);
o Participação dos contrainteressados (e dos cointeressados?) – o órgão
competente para a decisão, deve notificar aqueles que possam ser
prejudicados pela sua procedência para alegarem, no prazo de 15 dias, o que
tiverem por conveniente sobre o pedido e os seus fundamentos (art.192º/1);
o Decisão – o órgão competente aprecia e decide a reclamação no prazo de 30
dias (art. 192º/2).
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Recurso hierárquico
Corresponde à faculdade conferida aos particulares de impugnarem um ato praticado
ou de reagirem contra a omissão ilegal de atos administrativos por um órgão
subalterno junto do respetivo superior hierárquico (art. 193º), ou o qual deve ser aqui
entendido com o mais elevado superior hierárquico do autor do ato impugnado, salvo
em caso de delegação de poderes (art. 194º/1).
Salvo disposição legal em contrário, podem ser objeto de recurso hierárquico todos os
atos administrativos praticados por órgãos subalternos ou omissões a ele imputados,
isto é, sujeitos a poderes de hierarquia de outros órgãos;
Prazos:
o Recurso hierárquico necessário (quando seja uma condição sine qua non da
impugnação judicial desse mesmo ato, ou à condenação do ato devido –
185º/1) – 30 dias;
o Recurso hierárquico facultativo (quando o ato é suscetível de impugnação
judicial imediata, independentemente da interposição daquele – 185º/1) –
prazo supletivo: o prazo de impugnação contenciosa do ato em causa (exceto
se se visar impugnar por razões de mérito).
Procedimento:
o Iniciativa – requerimento (art. 184º/3)
Dirigido ao mais elevado superior hierárquico do autor do ato ou da
omissão, salvo se a competência para a decisão se encontrar delegada
ou subdelegada;
Apresentado ao autor do ato ou da omissão ou à autoridade a quem
seja dirigido, que, neste caso, o remete ao primeiro no prazo de 3 dias;
o Saneamento (art. 196º) com possibilidade de rejeição do mesmo;
o Participação de contrainteressados – o autor do ato ou da omissão, notifica
aqueles que possam ser prejudicados pela sua procedência para alegarem, no
prazo de 15 dias, o que tiverem por conveniente sobre o pedido e os seus
fundamentos (art. 195º/1);
o Pronúncia do autor do ato (no prazo de 15 dias ou de 30 se houver
contrainteressados) – art. 195º/2
No caso recurso contra o ato, o autor pode revogar, anular, modificar
ou substituir o ato (nunca no sentido menos favorável ao recorrente),
informando da sua decisão o órgão competente para conhecer o
recurso (faculdade que apenas pode ser exercida quando os
contrainteressados não hajam deduzido oposição e os elementos
constantes do processo demonstrem suficientemente a procedência
do recurso) – art. 195º/3/4;
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