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07/08/2017 A parte que não te contaram sobre "A América Grande Novamente": o será com Trabalho Escravo.

A parte que não te contaram sobre “A América Grande


Novamente”: o será com Mão de Obra Escrava.
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22/11/2016

Desde a década de 80, com a subida de Xiaoping ao poder na China, o mundo assiste à transferência das
indústrias de transformação de mão-de-obra extensiva de países europeus e americanos para a terra de Confúcio.
Os salários de fome pagos aos operários chineses de baixa qualificação compensava a transferência de indústrias
de baixa tecnologia, as quais se utilizam de muita mão-de-obra e são menos produtivas por empregarem menos
tecnologias.

A China então tornou-se a terra dos sweatshops, ou seja, das fábricas que pagam salários irrisórios a
trabalhadores pouco qualificados. Basicamente, o país que sonhou com o socialismo, terminou sendo um
açougue de seres humanos. O PIB – a riqueza abstrata, monetária – do país cresceu, tanto que seu PIB em
paridade de poder de compra hoje é de 19 trilhões de dólares. Maior do que o dos EUA. Em renda por cabeça, já
empata com a América Latina. Mas o preço que os trabalhadores pagaram com seu sangue e sofrimento foi alto.
Alguém já escutou a história da Foxconn colocando grades nas janelas para evitar que os explorados se jogassem
por elas? E muitos “socialistas” ocidentais aplaudindo, por imaginar que finalmente a derrota da URSS para os
EUA na década de 90 seria vingada por outro país de bandeira vermelha e amarela. O que tais pessoas se
esquecem é que a China é planta de transformação para produtos de companhias norte-americanas, os quais são
consumidos por famílias anglo-americanas.

Contudo, será que isso irá permanecer por muito tempo? De acordo com o Boston Consulting Group, é provável
que não. Segundo o instituto, por conta do aumento dos salários, do preço das terras para instalação das plantas,
da diminuição dos subsídios estatais em infraestrutura gratuita para as empresas, do custo com o transporte dos
componentes de alta tecnologia dos EUA para a China e depois das mercadorias acabadas da China para os EUA,
as vantagens de custo chinesas parecem se estreitar a cada dia. Além disso, a produtividade por trabalhador
chinês, que vinha crescendo 10% ao ano na última década, desacelerou para 8,5% enquanto os salários
aumentaram desproporcionalmente. Logo, a relação produtividade por trabalhador/salário por trabalhador não está
mais compensando na China. Muitas empresas de produção de produtos de baixo valor agregado já pensam em
voltar aos EUA para fabricarem ao lado do mercado consumidor. Além disso, há outra coisa, muito sinistra, a
acontecer num dos três países do topo tecnológico do mundo… Mas antes de falar dessa coisa sinistra, gostaria de
mostrar que há um grande exagero ao dizer que o poder dos EUA, que hoje nada mais é do que um conjunto de
complexos empresariais com um exército privado, esteja em queda acelerada.
07/08/2017 A parte que não te contaram sobre "A América Grande Novamente": o será com Trabalho Escravo.

O Poder Corporativo dos EUA é sem igual no mundo

[dropcap]P[/dropcap]rimeiro, tenhamos em mente que, sempre que o capitalismo enfrenta uma crise gigantesca,
os capitais se concentram ainda mais em menos mãos, ou, melhor dizendo, em menos corporações. Até 2009, as
100 maiores empresas do mundo tinham um poder de capitalização de 8 trilhões de dólares. Hoje, as 100 maiores
empresas do mundo possuem um poder de capitalização de 16 trilhões de dólares. Um crescimento gigantesco da
concentração de capitais mundiais em apenas 7 anos. Desses 16 trilhões de dólares, 9 trilhões são capitalizadas
pelas 53 maiores companhias norte-americanas. Isto significa quase 60% do poder de capitalização das 100
maiores empresas do mundo está nas mãos de corporações dos EUA. Todas as outras empresas de todos os
outros países da lista conseguem capitalizar 7 trilhões de dólares. Se aumentarmos esse número para as 140
empresas que efetivamente dominam o mundo globalizado, os EUA são donos de 62 delas. São 8 no setor
financeiro, 9 no de tecnologia, 14 no setor farmacêutico, 7 no de bens de consumo, 6 no de petróleo e energia, 8 no
de serviços de consumo, 6 no de fornecimento para a indústria e 3 na de telecomunicações. Das 50 maiores
empresas, que tem 50% do poder de capitalização no mundo, 31 são norte americanas. O país que vem em
seguida, a China, tem apenas 14 empresas entre as top 140. Contudo, dessas 14 empresas, metade se encontra
no setor de finanças. 4 na de petróleo e energia, 1 na de telecomunicações, 1 na de serviços de consumo e 1 na de
tecnologia. Entre as top 50, que controlam 50% da capitalização mundial, a China tem 9 empresas, sendo 5 no
setor financeiro. Ou seja, a diversificação é muito menor e podemos ver que o setor especulativo e bancário
domina entre as empresas chinesas. A título de curiosidade, o Brasil possui 6 empresas entre as top 140 que
dominam o mundo, mesmo número do gigante da produtividade Japão. O problema do Brasil não é falta de
empresas e sim o fato de serem, na maior parte, empresas que não investem em alta tecnologia e pesquisa
avançada (entre outros problemas). As top 6 do Brasil em poder de capitalização são: Ambev, Vale, Itaú,
Petrobrás, Braskem (indústria química fina), JBS (alimentos). Infelizmente, nenhuma delas está entre as 50 que
mais investem em pesquisa e tecnologia no mundo. Já os EUA, possui 19 das 50 empresas que mais investem em
tecnologia em relação a seus ganhos. O Japão, apesar de só ter 6 empresas na lista das 140 maiores em poder de
capitalização, possui 9 das 50 que mais investem em pesquisa. Já o Reino Unido tem 10 empresas entre as top
140, mas apenas 1 entre as 50 que mais investem em pesquisa. Entre as top 50, controladoras de 50% da
capitalização mundial, 3 são suíças, 1 belga, 1 holandesa, 1 francesa, 1 inglesa, 1 dinamarquesa, 1 coreana e 1
japonesa.

Podemos ver então que o poder corporativo dos EUA é quase imbatível e, provavelmente, na próxima crise, que
não está muito longe de ocorrer, esse poder vá crescer ainda mais, visto que empresas com maior poder de
capitalização conseguem suportar melhor a pancada e, no fim, terminam por absorver aquelas que não conseguem
sobreviver. Para se ter uma ideia, as 10 maiores empresas dos EUA possuem um poder de capitalização maior do
que todas as empresas europeias que fazem parte do top 100. Mas claro que todo esse poder corporativo não
significa melhora na vida do povo comum dos Estados Unidos. Muito longe disso.

O sinistro futuro do trabalho nos EUA

[dropcap]P[/dropcap]ois bem, dito tudo isso, vamos agora ao que interessa: os EUA querem as sweatshops
instaladas na China de volta. Isto é, além de ser uma potência na produção de mercadorias de alto valor agregado
e alta tecnologia, os EUA querem voltar a ser a casa das plantas industriais de baixo valor agregado e baixo know
how. E como vai fazer isso? Bom, além do fato de que, com o avanço tecnológico e diminuição das vantagens que
a China vinha apresentando, muitas empresas acham melhor voltar aos EUA, há outra coisa: a mão de obra
presidiária.

Como nos informa Ozório de Melo “Muitas das grandes corporações americanas usam a mão de obra prisioneira,
como se fossem os melhores trabalhadores do mundo: eles não fazem greves, trabalham mais de oito horas por
dia, sem receber horas extras, não chegam tarde ao trabalho, nem saem mais cedo, não faltam ao trabalho por
doença de algum membro da família. Além disso, não têm férias, seguro-desemprego, custo de assistência social,
licença para tratamento de saúde remunerada, pensão ou aposentadoria e não são sindicalizados. Em suma, não
têm qualquer direito trabalhista”. Basicamente, o trabalho escravo está de volta aos EUA disfarçado de prisões. “E
o salário é de apenas US$ 0,25 por hora, em média – ou seja, US$ 2 por dia […] Na realidade, o salário, por hora,
varia de US$ 0,13 a US$ 0.,50 – este para mão-de-obra qualificada – nas prisões privadas”. Com esses salários de
fome, as prisões agora fazem concorrência com sweatshops de regiões miseráveis do mundo. No Vietnã, por
07/08/2017 A parte que não te contaram sobre "A América Grande Novamente": o será com Trabalho Escravo.

exemplo, se paga $ 0,26 por hora. “Com a mão-de-obra prisional nos EUA competindo com as “sweatshops”
internacionais, o ex-deputado federal por Oregon, Kevin Mannix, pediu à Nike para interromper sua produção na
Indonésia e trazê-la para o estado. Segundo o deputado, a empresa economizaria seus custos de transporte, com
um custo de mão-de-obra equivalente […] Uma empresa que operava uma fábrica de produção e montagem no
México, uma das chamadas “maquiladoras”, terminou suas operações no país e as relocou para a prisão estadual
de San Quentin, na Califórnia. No Texas, uma fábrica demitiu seus 150 operários e contratou mão-de-obra da
prisão Lockhart Texas, onde se produz, por exemplo, circuitos impressos para a IBM e a Compaq.” (MELO, 2014).
Além disso, os prisioneiros não possuem qualquer direito ou proteção trabalhista. Na verdade, trabalham em
condições insalubres correndo riscos a sua saúde física e psicológica e muitas vezes sem equipamento adequado.
Ou seja, os prisioneiros do país com a maior população carcerária do mundo – cuja maioria esmagadora é negra
ou parda – são o sonho de todo empresário tornado real.

Por conta disso, muitas plantas industriais de média ou baixa produtividade


instaladas na América Latina, China e Leste/Sul da Europa irão se transferir
para os EUA e se servirem com a fartura da quantidade massiva de prisioneiros
negros e latinos que existem no país. A China continuará sossegadamente
sendo o centro manufatureiro de baixo e médio valor agregado do mundo.
Japão, EUA e Alemanha – assim como seus satélites Coréia do Sul, Canadá,
e Escandinávia-Holanda-Suíça-Bélgica – continuarão a ser o centro da
manufatura de alta tecnologia. Mas, com a concorrência das prisões dos EUA,
que pagam 50 centavos a hora para os prisioneiros-operários, a América
Latina e o Sul da Europa vão sofrer ainda mais. O que dirá países que agora
começaram a sonhar com a industrialização, como Índia e Camboja.

À América Latina, restará o humilhante retorno à condição de extrativista e


processadora de produtos primários. Ao Sul da Europa, restará continuar a
cerimônia de beija mão da primeira-ministra alemã Angela Merkel – e não
adianta tentar fugir. O Reino Unido com o Brexit, apesar de barrar o acesso
livre de europeus a seu território – que pouca diferença irá fazer, visto que, de
seus 62 milhões de habitantes, apenas 2 milhões nasceram em outro país
europeu – irá continuar com o livre comércio com o “Reino da Alemanha”, ou
melhor dizendo: irá continuar a tomar porrada da manufatura germânica. Na verdade, quem sabe se, com esse
imenso fluxo de imigrantes pobres, a primeira-ministra alemã não pense em instalar algumas prisões-fábricas no
centro do Novo Império Carolíngio, mais conhecido como Alemanha.

Referências

• The Boston Consulting Book – Made in America, Again (PDF)


• PWC – Global Top 100 Companies by market capitalisation (PDF)
• Consultório Jurídico – Trabalho de presos nos EUA está mais forte e controverso do que nunca
• European Correction Corporation – Privatization and reconstruction of the Karlau correctional facility
• The Sentencing Project – International Growth Trends in Prison Privatization
• Time – Can China compete with American manufacturing?

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