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Teorias Socioló gicas II

 José Manuel Vieira Soares de Resende


 2 Frequências (70%) + Trabalho (30%)

Frequências – 30 Out. + 6 Dez.


Trabalho – Texto de um autor + Crónica do Expresso – Grupo 5 pessoas

Conteúdos programáticos
 Introdução: pluriparadigmatismo e paradigmas de síntese
 Escolas e desenvolvimentos no século XX
1. Teoria Crítica e Escola de Frankfurt
2. Interaccionismo simbólico e Escola de Chicago
3. Funcionalismo e Estrutural funcionalismo
 Reformulações e Paradigmas de síntese
1. Pierre Bourdieu e a Teoria da prática
2. Anthony Giddens e a Teoria da estruturação
 Problemas e tendências recentes
Aulas
08/11/2019

Michel Foucoult

Breve resumo da aula anterior, sobre a relação do saber e do poder em Foucoult.

Para MF o poder está relacionado com relações, estas só existem se forem praticados atos, ou
seja, se os indivíduos agirem entre si.

Como é que o poder é exercido por aqueles que exercem um “poder sobre alguém”?

No âmbito da ação (…)

Microfísica do poder só possível compreender caso se entenda as formas de agir, bem como o
âmbito da ação. Esta última está constantemente em aliada com a observação.

O verbo exercer no poder, remete-nos para a ideia de que o poder é um exercício de sacrifício,
como tal, para MF afirma que os corpos exercitam-se como tal o poder está instituído nos
corpos dos indivíduos que está constantemente a atuar.

Se o poder é um exercício, este tem como finalidade o domínio dos objectos e dos indivíduos,
bem como dos espaços. Contudo, a ação do poder tem uma consequência, essa está associada
as relações de comunicação que resultam justamente de como o poder é exercido em função
dos “outros”.

Meios de constrangimento, isto é, existência de constrangimento por parte de quem está


sujeito ao exercício do poder.

A limitação dos outros em função do poder que eu estou a exercer, não é total, uma vez que
existe um campo de possibilidades de ação da parte do “oprimido”, como tal para MF existe
uma luta entre quem exerce o poder e quem esta sujeito ao mesmo.

Para MF uma relação de poder é uma forma de governar a conduta dos outros, utilizando o
termo de “governamentalidade” para justificar o efeito da relação de poder na conduta dos
outros, uma vez que existem diversas reacções.

Exemplo:

Professor→ Vai embora devido ao atraso, portanto não da aula – EXERCICIO DE PODER

Alunos→ REAGEM pedem desculpa, o PROFESSOR NÃO VOLTA (tem provas porque vai embora
através dos OBJETOS [quadro com o sumário e fotografia do mesmo]) - Os alunos
descontentes dirigem-se ao DIRETOR a descrever a situação – OS ALUNOS ESTÃO SUJEITOS AO
PODER do professor e do diretor

NESTA SITUAÇÂO EXISTE UM PROCESSO DE RELAÇÕES DE COMUNICAÇÃO utilizando diversos


OBJETOS PARA A EXERCER O PODER – Assim sendo, existe um confronto direto (segundo MF) e
apesar da reacção ao exercício do poder existe um campo de possibilidades limitadas, ou seja
os alunos só podem “reclamar” dentro do que realmente aconteceu porque existem provas e
legitimidade por parte do professor de provar que foi embora devido á conduta dos alunos,
que neste caso foi a falta de pontualidade.

Qual é o melhor laboratório para estudar as relações do poder?

Para MF, são as instituições com auxílio da utilização de um conjunto de linguagens


(enunciados) e percepções (olhar).

ENUNCIADOS + OLHAR = Justificação do exercício do poder

Sem esquecer, que para MF o conceito de estratégia está relacionado com o exercício de
poder, bem como a racionalidade. Esta estratégia pode ser considerada uma racionalidade
irracional, por pate de quem está a exercer o poder, cria um cenário de confronto estratégico.

Se as relações de poder são consequências do seu exercício, essa consequência é sempre uma
relação de forças, apesar da existência de tentativas de enfraquecer essa força, por parte de
quem está sujeito a poder. Essas relações são fluxos de forças que se espalham pelo espaço,
não sendo homogéneas e que não são previamente planeadas.

Estas relações de forças estão inseridas num sistema desigual, desigualdades essas que podem
ser jurídicas, económicas, da palavra (entre outros), estando associadas a um conjunto de
capacidades instrumentais, estando essas relacionados com as “armas” que se usam para
exercer o poder. Além disso, também estão relacionadas com o objetivo do exercício do poder,
com as formas de institualização do poder e com os graus de racionalidade, sendo que este
último é totalmente estratégico.

Porque é que na reclusão numa prisão, os indivíduos estão a ser vigiados sem saberem?
Porque é que os “loucos”, aqueles que não agem dentro da normalidade da sociedade, são
direccionados para clinicas e asilos?
Porque é que constantemente somos “vigiados” pelas redes sociais?

MF levam-nos á “desrazão”, ou seja a racionalidade burocrática utilizada de forma estratégica


para o exercício de poder.
Resumos
Consequências da Rev. Industrial e Francesa

As revoluções Industrial e Francesa trouxeram consigo algumas consequências, como é o caso


da crescente individualização, bem como a abstracção dos valores morais e políticos, que
levaram a uma crescente despersonalização e dessingularização das opiniões públicas. Além
destas questões, também se verificou uma generalização das lealdades e das relações que se
estendem do local ao global, como é o caso da centralidade do Estado-Nação e da Classe
Social.

Peter Wagner

Peter Wagner desenvolveu as suas teorias sobre a modernidade assentes em dois polos, o
da liberdade e o da disciplina. O polo da liberdade refere-se à autonomia e individualização
assente em direitos diversos (políticos, cívicos, sociais, entre outros), o polo da disciplina
assenta-se em constrangimentos estruturais. Estes dois polos exprimem as ambivalências da
própria modernidade, por exemplo nas relações entre a procura da liberdade e a vida em
colectivo, as existências concretas situadas e as regras sociais, bem como as capacidades
humanas e os constrangimentos estruturais.
Será que a sociologia se relaciona com a modernidade? Sabemos que a Sociologia auxilia a
modernidade no seu processo político, bem como com os seus métodos teóricos e
metodológicos que contribuem para a apreensão dos fatos e fenómenos sociais espaciais e
temporalmente contextualizados. A partir de diversas questões, Wagner defende quatro teses
centrais.
Na primeira tese, o autor defende que não é possível compreender o estado actual do
mundo a não ser a partir de um processo de actualização das descrições históricas da própria
modernidade. A sua segunda tese, baseia-se na redescrição histórica que requer uma
redescrição da própria ciência sociológica, uma vez que as temáticas da modernidade devem
ser interpretadas como outras práticas sociais. A terceira tese, Wagner afirma que olhar para a
história da modernidade exige mostrar diferentes formas de configurações sociais modernas
tanto no espaço como no temo. Por fim, a quarta tese assenta em que não existe um fim da
modernidade, mesmo que ocorram mudanças significativas em toda a sua historicidade.

Os discursos práticos sobre liberdade assentam na liberdade e democracia asseguradas


pelas instituições, bem como pela existência de convenções. Entendemos por convenções todo
o regime democrático, a economia de mercado, a liberdade de contratação, bem como a
produção e difusão da ciência, doutrinas valores e ideias. Por sua vez, os discursos práticos
sobre a disciplina assentam na crítica à representação anterior da modernidade, bem como no
efeito disciplinador das convenções e das contratações. Assim obtemos as habilitações e os
constrangimentos.

Ao longo da história da modernidade, Wagner acreditava que existem três práticas


essenciais: a prática de alocação ou distribuição de bens comuns e de riqueza, a prática de
autoridade, a prática de significação da representação simbólica. Existindo ainda a prática de
qualificação de pessoas e objectos, bem como a intervenção dos objectos nas orientações das
formas de agir.

Na sua análise sobre a modernidade em função dos períodos da História, define


modernidade de liberdade restrita, modernidade de liberdade organizada e uma modernidade
de liberdade organizada.

Modernidade de liberdade restrita insere-se na segunda metade do séc. XVIII até finais do
séc. XIX e caracteriza-se pela definição de fronteiras, pela maior preocupação com o outro,
sobretudo o outro desconhecido (culturas modernas e tradicionais), bem como a formação e
consolidação do Estado como meio de acabar com o caos e a concorrência entre classes. Neste
período também se verificou uma restrição de liberdades.
A crise deste período teve como base alguns fenómenos, como é o caso da constituição do
operariado e dos sindicatos, a integração gradual dos excluídos pelo alargamento do sufrágio
universal (como foi o caso das mulheres), o maior consumo de bens culturais, a maior
extensão tecnológica, bem como o desenvolvimento gradual da auto compreensão e auto
complacência culturais.

Modernidade de liberdade organizada decorre dos finais do séc. XIX aos anos 70 do séc. XX
e caracteriza-se pela generalização das convenções e dos seus efeitos organizadores, com o
objetivo de intervir socialmente, fazer face à erosão das fronteiras e restabelecer o controlo
sobre práticas sociais; também pela crescente diferenciação das lógicas da ordem económica e
política; com um Estado-Nação assente na hierarquização de status e das classes sociais (lutas
pelas qualificações). Para reduzir os graus de incerteza através das convenções foram
utilizadas as forças da ciência e da tecnologia, como tentativa para tornar o mundo mais
governável.

Modernidade de liberdade alargada, tardia e reflexiva inicia-se no séc. XX e é aplicada à


actualidade e caracteriza-se por uma extensão da reflexividade e a sua incidência na
organização e estruturação das acções humanas, como é o caso dos feitos do alargamento da
escolarização, dos usos sociais da ciência e da tecnologia; pelo industrialismo e capitalismo,
isto é, o uso generalizado da energia mecânica, a mercadização da força de trabalho; a
vigilância passa a ser de cariz de supervisão e controlo visível bem como o uso da informação
para a coordenação das actividades sociais. Verifica-se uma separação constante do espaço e
do tempo, bem como uma descontextualização das instituições sociais, uma crescente de
novas estilizações de vida e novas configurações familiares, fazendo surgir questões das
vulnerabilidades e reconhecimento das diferenças das classes sociais e dos processos de
individualização.
Talcott Parsons

T. Parsons construiu a teoria geral da ação, tendo em conta a ação social como sistema.
Enquadra-se na escola estrutural funcionalista.

Pegando num exemplo:

A Leonor tem que se deslocar até um posto dos CTT para tratar de um determinado assunto,
esse é o seu objetivo inicial, contudo ela não sabe o que poderá acontecer até chegar ao posto
de serviço. Ou seja, a Leonor ao sair de casa, pode encontrar um vizinho na porta do prédio,
poderá perder o autocarro, ter o elevador avariado todas essas situações irão fazer com que a
Leonor se atrase, ou até mesmo encontrar uma fila consideravelmente grande ao chegar ao
posto dos CTT. Todas essas variáveis não podem ser controladas pela Leonor.

A partir deste exemplo, sabemos que Parsons afirma que o ator tem uma razão para agir,
neste caso a Leonor vai aos CTT para resolver um determinado assunto, contudo não sabe o
que irá acontecer (é uma grande indeterminação). Assim sendo, podemos afirmar que a ação
tem uma estrutura dentro de si, pois existem diversas opções e sem uma estrutura, a ação não
tinha sentido.
Sabemos também que Parsons acredita que a ação é constitutiva por uma dupla
contingência, ou seja, cada ator depende de um outro mas por outro lado, a ação do outro é
indeterminada. A partir do exemplo, sabemos que todos os acontecimentos inesperados e não
controlados pela Leonor criam diversas micro situações que condicionam a ação até esta
atingir o seu objetivo inicial, essa influência poderá surgir por parte de objectos sociais, como é
o caso da conversa com o vizinho, ou por objectos físicos, como é o caso do elevador não
funcionar.
As contingências podem ser superadas através da socialização, da qual o ator aprende as
determinações dos quadros de valores padronizados e normativizados. As variáveis de
configuração variam entre a Comunidade e a Sociedade, por exemplo e de forma
correspondente afectividade e neutralidade afetiva, orientação para si e orientação para o
outro, particularismo e universalismo, qualidade inscrita e realização, especificidade e difusão.

Segundo Parsons, a ação social é um sistema e os atores agem em função de um


determinado espaço e num tempo. O sentido da ação está relacionado com a relação entre os
meios de agir e o fim. Assim sendo, a ação é restringida pelo próprio quando normativo da
ação.

Entendemos então que a socialização e a interiorização dos valores comuns e aceitáveis são
a fonte de coordenação das acções e para reduzir a contingência.

Existem assim 4 funções sistémicas, sendo elas a adaptação, propósitos, integração e


latência. Estas são as funções internas de informação, inovação e reprodução simbólica e
comunicacional dos valores, normas e regras que vão permitir a adaptação e a realização de
fins da ação esperados.
A função da adaptação tem como subsistema a economia, que por sua vez tem o dinheiro
como meio simbólico de troca. Os propósitos tem como subsistema a política e o poder como
meio simbólico de troca. Por sua vez, a integração tem como subsistema a comunidade e a
influência como meio simbólico. Por fim, a latência tem como subsistema a cultura e o
envolvimento moral e cultural como meio simbólico de troca.

Quadro da teoria geral?

Bourdieu

Bourdieu acredita que o espaço social caracteriza a sociedade, sendo que este autor
estudou o campo de produção cultural (fotografia e museus) e o espaço “escola”. Partindo do
pressuposto de que as acções têm funções práticas, defendia que os agentes de forma
individual ou colectivamente agem apostando em práticas, com vista à apropriação e
acumulação de recursos, sendo estes os capitais.

O sentido prático das práticas depende do volume do capital, bem como do peso específico
de cada um dos capitais em função do campo social e que ele se move. Isto é, os indivíduos
agem na busca de capitais no espaço social, uma vez que os capitais dão poder aos indivíduos,
quanto maior o volume de capitais, mais condições existem para o exercício de poder.

No espaço social os agentes sociais estão em diferentes posições, uma vez que existem
diversas estratificações, além de que nem todas as posições acumulam o mesmo volume de
capital, nem o mesmo peso especifico de cada capital do volume. Dai as posições serem
diferenciadas, bem como o exercício do poder em cada posição. Cada posição tem uma
prespetiva e consoante cada olhar retira-se um julgamento, dai surge o valor social que damos
aos sentidos, neste caso á visão.

Espaço social engloba vários campos sociais, sendo que os agentes se movem dentro desse
espaço social com o interesse da detenção de capital, através de um sentido prático das
práticas utilizando estratégias adequadas. Sabemos que Bordieu defende que o interesse está
no exercício do poder e o “habitus” se encontra nos capitais. Com as instituições sociais os
agentes adquirem o conhecimento necessário para determinar os seus interesses, sendo que
estes estão condicionados pela sua trajectória de vida.
Os saberes são socialmente usados, de uma forma inconsciente, devido a regras estarem
instituídas. Apesar das regras estarem feitas, estas não são comuns a todos os indivíduos uma
vez que estes estão distribuídos de forma desigual pelo espaço.
A escola transmite de forma diferenciada os valores de cada disciplina, isto é, as disciplinas
mais práticas não tem o mesmo valor do que as disciplinas mais abstractas (que se aproximam
da realidade).

Segundo Bourdieu, como é que se garante a ordem? Para este pensador, garantir a ordem
legítima não invalida lutas, uma vez que, existem desigualdades devido a estratégias e
interesses divergentes, que por sua vez levam a posições sociais divergentes no alcance do
poder e aquisição de capital. A ordem legitima é estabelecida através do capital simbólico,
sendo este material ou social.

Segundo Bourdieu, como é que em cada campo, um capital especifico (cultural, económico,
entre outros) se transforma em capital simbólico? Sabemos que este fenómeno ocorre quando
os restantes agentes reconhecem nos “outros grandes agentes” propriedades que eles não
tem, ou seja, ao reconhecer esse valor, os agentes desconhecem como é que os “outros”
adquiriram essas propriedades, isto é “conhecem desconhecendo”. Assim, os agentes
dominados não detêm a gramática e o pensamento que lhes permita conhecer a gramática dos
dominadores. Essa questão leva a que os dominados tentem adquirir esse conhecimento,
dessa forma os dominadores exercem o seu exercício de poder de uma forma “doce”, isto é
sem a existência de um desgaste físico, uma vez que é sustentado por símbolos sejam estes
linguísticos, de retórica, entre outros.

Exemplo da lógica de Bourdieu:

A família Gonçalves e a família Serafim têm ambas filhos que estão prestes a iniciar as suas
vidas escolares. Na família Gonçalves, os pais são os dois operários em fábricas de calçado, por
sua vez, na família Serafim a mãe é advogada e o pai é professor universitário. Na altura de
escolher a futura escola dos seus filhos, como tomarão estes pais a sua decisão?
Partindo do pressuposto que a repartitura é a mesma (escolha da futura escola do filho), a
decisão está dependente de várias variáveis. Por exemplo, para a família Serafim, o mais
importante é a boa reputação da escola para a qual o filho irá entrar, por sua vez, a família
Gonçalves pretende que a escola seleccionada seja o mais próximo possível da sua casa para
que o gasto com a deslocação seja o menor possível. Assumimos que a família Gonçalves está
mais afastada da cultura escolar, do ponto de vista geracional, como tal tendem a não dar a
mesma importância às variáveis analisadas pela família Serafim.
Assim sendo, podemos afirmar que a família com maior detenção de capital, neste caso a
família Serafim, logo com uma posição superior no espaço social em função da outra, tenderá
a tomar a decisão com base em variáveis de diferente cariz.

Norbet Elias

Elias acredita que o processo civilizacional não tem como base uma evolução linear, nem
com progressos, avanços e recuos. A partir da sua prespetiva interdisciplinar (História,
Sociologia, Psicologia e Psicanálise), enquadra as suas teorias numa racionalização burocrática
negativa.

A civilização começa com um controlo das manifestações culturais, através de uma força
exterior e posteriormente um controlo interior. O controlo interior é proveniente em grande
parte, das crenças religiosas, uma vez que a instituição da igreja atribuí a culpa aos indivíduos
em forma do medo. As manifestações incorrectas, segundo Elias, como urinar e defecar em
público, falar alto e até mesmo expressões corporais à mesa, merecem sanções morais. Sendo
que, para o autor, os próprios indivíduos é que atribuem o peso da reprovação de alguns
comportamentos, devido a toda a questão do peso moral.
A explicação por parte da psicanálise para a repressão de alguns comportamentos, é que
não é possível retirar a razão dos corpos.

Para Elias o processo evolutivo não significa necessariamente progresso, isto é, não é linear.
Muitas vezes o auto constrangimento, pode significar renuncia e recalcamento, mas poderá
também significar sublimação, isto é, elogios.
Norbert Elias analise a sociedade da Corte Real da sua época e desenvolve o protocolo da
etiqueta, analisado através dos níveis de sensibilidade. Protocolo esse que tem por base regras
não escritas que em função da família real, os nobres entram em corilização, ou seja, disputa
para ter mais atenção dentro da Corte. O que mais tarde se irá reproduzir na aristocracia
versus burguesia, na medida em que quem irá oferecer mais condições e vantagem para
assumir posições na corte real. A situação de corilização é assente numa maior sensibilidade e
etiqueta para satisfazer a família real, até mesmo estes não poderiam estar acima do
protocolo de etiqueta estabelecido.
Através deste processo, o autor acreditava que estaria a ser criada a base do estado
moderno (protocolo burocrático) e da administração publica.

O estabelecimento da etiqueta na sociedade de corte, cria uma maior rede de


interdependência da qual é possível determinar cadeias de configurações. Se em termos
temporais a evolução não é linear, em termos do espaço este é simbolizado por configurações.
Onde se encontram inseridos os três paradoxos da etiqueta, sendo eles o paradoxo da
distância e proximidade, paradoxo da aparência que reduz a identidade e o paradoxo da
submissão para garantir a superioridade.
Estes paradoxos podem ser analisados pela sociologia dos afectos na medida em que, os
indivíduos podem afectar ou sentirem-se afectados. O paradoxo da proximidade e distancia
baseia-se no valor do estatuto de quem apesar de trabalhar e conviver com a Corte Real,
mantinha uma proximidade física, contudo também poderia se verificar um distanciamento
social. O paradoxo da dependência da que reduz a identidade baseia-se no conceito de
representação, que surge com a etiqueta, isto é, existe uma representação do “eu” que não
reflecte a verdadeira identidade. O paradoxo da submissão para garantir a superioridade
caracteriza-se pela autodisciplina.

O processo civilizacional desenvolvido por Elias, permite a construção do Estado Moderno e


uma construção gradual da individualidade, isto também se traduz num processo tensional
entre o “eu” e o “nós”, ou seja, o fazer parte de um colectivo, sem deixar/perder o “eu”. A
sociedade corte, contribuiu para a construção do estado Moderno, segundo a visão de N. Elias,
na medida em que se verifica um maior controlo da violência e uma maior importância do
saber. Existe uma necessidade de civismo para viver nas grandes cidades (visão macro) e uma
necessidade de etiqueta nas relações interpessoais (visão micro).

Norbert Elias desenvolve o auto controlo das emoções, através da análise da idade média
até ao estado moderno. Além da Corte Real, analise também o tempo de lazer.
As dinâmicas ocorridas no lazer, o autor denomina de busca de excitação, devido á
vinculação e desvinculação constante com a vitória e a derrota. Assim como na vida social,
também no desporto, nem sempre alcançamos as nossas espectativas, os intervenientes
(desportistas) são analisados e todo o cenário de competição remete-nos para outras áreas da
vida além do desporto em si, concluindo que estamos sempre na fronteira do ganhar e do
perder. Todo o lazer tem um enquadramento, assim como o desperto que é praticado num
determinado território, logo tem diversas implicações no lazer tanto no tempo como no
espaço, que por sua vez, permitem relações de interdependência entre os vários
intervenientes de um determinado desporto.
Assim como no desporto, também nos espaços sociais estamos constantemente a criar
relações de interdependência, por consequente estamos também a produzir um certo cenário,
ou seja, configurações. Entendemos por configurações, que as figuras não desenham
aleatoriamente um cenário, mas sim produzem uma rede de interdependência.

Elias explica o autocontrolo das emoções e o controlo estatal da violência, através dos
seguintes casos: a redução das distancias das hierarquias sociais nomeadamente quanto ao
género, redução no desporto como a formação do sentimento do desportivismo, na solidão
dos moribundos e o afastamento da morte e ainda na solidão de um génio pegando no caso
concreto de Mozart.

1. Redução das distâncias das hierarquias sociais nomeadamente quanto ao género

Quanto mais a desigualdade é concebida exteriormente em resultado da sua interiorização


mais difícil é a possibilidade de denunciar e de erradicar as desigualdades, particularmente
às de género. Esta perceção das desigualdades é um processo com altos e baixos, avanços
e recuos e inicia-se na República e Império Romanos. A emancipação da mulher romana é
devida da melhoria das condições económicas, da escolarização sobretudo das mulheres
das elites.

2. Redução no desporto com a formação do sentimento do desportivismo

Aceitar as derrotas e comemorar as vitórias sem transformar os adversários em inimigos; a


aceitação das regras, dos contextos da sua realização, dos objetos que são convocados e
que são importantes para as configurações que resultam do desenrolar dos jogos. A
excitação é aceitável com peso e medida e de acordo com as circunstâncias – desde a caça
no século XIX os participantes começam a aceitar regras de ética e de moral no
desempenho dos desportos – da caça para a subsistência para a caça que é comida pelos
cães – são consequências da pacificação política através das relações parlamentares que
apresentam regras e limites para comportamentos inaceitáveis aquando das disputas e
discussões políticas. Com estas análises sobre as expressões públicas dos afetos dá nota de
polaridades entre afetos e hostilidades – pelas identificações produzidas; entre a
maleabilidade e a inflexibilidade das regras e a aceitação das penalizações exigidas de fora
e o controlo realizada por cada um dos participantes.

3. A solidão dos moribundos e o afastamento da morte

São eventos e circunstâncias que deixam de ser familiares; e dá-se uma maior interferência
da medicalização. Se hoje é mais natural falar-se das pulsões sexuais; as emoções sobre a
morte são mais dissimuladas, maior a aparência do que a expressão de dor: Há um maior
aumento da longevidade que caminha a par com a morte individual. Mas a tranquilidade
da vida talvez também proporciona maior desdramatização da morte. Segue-se a
tendência para a individualidade e individuação.

4. A solidão de um génio – Mozart

Mal estimado nas relações familiares e com o pai em particular e não reconhecido pela
sociedade de corte e pelo seu mecenas. O seu dom e talento que o génio reconhece em si,
é usado instrumentalmente pelo pai e não glorificado pela audiência da corte: não
experimenta a grandeza do renome pela composição e execução das suas partituras. É
este estado de depressão e de angústia que contribui para a sua morte prematura. Este
autor sofre de 4 ambivalências combinadas: sentimento de indignidade e sinais exteriores
imerecidos e ao contrário com a certeza que tem talento e por isso uma interiorização de
elevada consideração de si próprio que não é compensada pelo estatuto que lhe é inferior
e por um reconhecimento que nunca acontece.
Michel Foucault
Sobre o exercício do poder e as suas relações com o saber

Segundo Foucault, as linguagens são entendidas como enunciados, não sendo somente as
palavras que nos são apresentadas nos diferentes registos. Estas Estas enunciam, anunciam e
pronunciam-se sobre coisas, objetos e relações.

Para este autor, os enunciados são apresentados em três círculos. Primeiramente num espaço
colateral, ou seja as regras de enunciação e variáveis facultativas. Em segundo num espaço
correlativo, isto é as relações dos enunciados através da prenuncia com sujeitos, objetos e
conceitos. Por exemplo cartas com diferentes referências: a carta comum (referente comum),
a carta literata (carta com o referente que autor), a carta anónima (em que o referente é
desconhecido) e carta contratual (referente a um avaliador). O terceiro espaço designa-se
como complementar, abrangendo instituições, formações discursivas, acontecimentos e
praticas politicas. Sendo que as instituições são suportadas por convenções, contratos,
registos, entre outros, que se traduzem em relações discursivas como meios discursivos.

M. Foucault, desenvolve a sua teoria com base nas acções de vigiar e punir. Sendo que na sua
época, as sociedades tendem a ser cada vez mais sujeitas a convenções, regulamentos que
disciplinam tornando os corpos dóceis.

A prisão, á luz deste autor, desenvolve as convenções do direito em particular do direito penal
que sujeita os indivíduos à reclusão

Ver/vigiar – enunciado/linguagem/dizível

Arquitetura panótica: a luz/sombra – o olhar sem ver

O visível e o invisível: o poder que se exerce por esquadrinhamento

Por sua vez, a escola suportada pelos manuais de pedagogia vigia (vê) através dos enunciados
pedagógicos, ou seja, das linguagens pedagógicas e tudo aquilo que é dizível.

No caso dos Asilos suportados pelos tratados médicos, a loucura é vigiada através da reclusão,
ou seja, da retirada dos loucos do meio da nossa sociedade para um local isolado. Sendo que
estes atos são suportados pelos enunciados dos tratados, por sua vez, a clinica é suportada
pelo trata anatómico. Todo o corpo docente vê (vigia) a anatomia dos loucos, bem como
tratamentos e sintomas, através do lado enunciável/dizível.

Para Foucault, o poder é exercido tendo em vista evitar uma metafísica e ontologia do saber
(procura do conhecimento). Sendo que o poder é exercido primeiramente porque está inscrito
nos corpos mediatizados pelas capacidades instrumentais, em segundo o poder é visto como
algo que potencia as relações entre parceiros, sendo essas relações como expressões do poder
exercido por uns em relação a outros. Estas relações de poder são também relações de
comunicação, uma vez que a comunicação produz os efeitos das relações de poder.
O exercício causa efeitos, devido/pelos meios instrumentais/recursos.

Estas três dimensões por vezes aparecem historicamente em bloco como acontece na
escolarização. As decomposições dos saberes em disciplinas dão mostras desse funcionamento
em bloco destas três dimensões.

O poder em si mesmo não existe. Este existe no seu exercício.

A especificidade das relações do poder:

a) Modo de ação sobre outros modos de ação

b) Modo de ação que age sobre o modo de ação dos outros

Para haver relação de poder o outro tem de ser reconhecido e mantido até ao fim como
sujeito da sua ação. As relações de poder exibem um campo de respostas, reações, efeitos,
possíveis invenções.

As relações de poder não é consentimento, nem renúncia, nem transferência de direitos. As


relações de poder são fluxos de forças contínuas de um lado e do outro das relações de poder.

As relações de poder operam-se sempre sobre um campo de possibilidades; ensaiam delimitar


esse campo de possibilidades aos sujeitos sobre os quais o poder é exercido. O exercício de
poder é conduzir as condutas dos outros. A ordem de governo é justamente visível nessa
condução.

O poder e a liberdade estão encadeados no exercício do poder. No coração do poder está a


teimosia do querer e a intransitividade da liberdade. Mas atuando sobre a redução do campo
de possibilidades, a governação é uma estrutura em que os sujeitos estão ausentes. São as
ações que incorporam os sujeitos e a sua corporalidade.
A análise do poder exige:

1º O sistema de diferenciações: económicas, jurídicas, lugares e processos de produção,


linguísticas e culturais, competências;

2º Tipo de objetivos a perseguir: manutenção de privilégios, acumulação de êxitos, autoridade

3º As modalidades instrumentais: armas, palavras

4º As formas de institucionalização

5º Graus de racionalização: a sua elaboração depende da eficácia dos instrumentos e da


certeza dos seus resultados no plano dos seus efeitos

As relações de poder e as estratégias:

1º A racionalidade para alcançar objetivos

2ºA ação de um sujeito em função daquilo que pensa dever ser a ação dos outros

3º Conjuntos de processos utilizados num embate para privar o adversário dos seus meios de
combate.

As relações de poder são sempre relações de luta; são embates havendo sempre confrontos,
enfrentamentos entre uns e outros.

A teoria crítica e a escola de Frankfurt

Contexto:

A tragédia dos peritos, da tecnologia, da racionalidade científica; as consequências


devastadoras das Guerras Mundiais: a I e a II.
A mortalidade como efeito da racionalidade em contexto de guerra e de violência: as
tecnologias da morte.
Teoria crítica

A transformação das
A herança da obra de sociedades capitalistas e
juventude de Karl Marx. o império da lógica
industrial com efeitos na
vida das pessoas.

A criação do homem
O homem alienado –
unidimensional –
trabalho; efeito da
trabalho; efeito da
racionalização e da
racionalização e da
escolarização
escolarização.

A) A herança da obra de juventude de Karl Marx:

1º a luta de classes e as fontes estruturais das desigualdades entre as classes;

2º A propriedade, a acumulação capitalista, a servidão do trabalho, a produção e a


produtividade e a alienação;

3º Os efeitos do processo de objetificação.

B) A transformação das sociedades capitalistas e o império da lógica industrial com


efeitos na vida das pessoas

C) A criação do homem unidimensional – trabalho; efeito da racionalização e da


escolarização

D) O homem alienado – trabalho; efeito da racionalização e da escolarização

Contributos de Freud - Eros e civilização - Os efeitos libidinais como expressão do prazer

As consequências da cultura e da civilização: acentuam a repressão em vez do prazer; o efeito


da realidade que pune o prazer que está mais do lado da invenção e da imaginação

A auto emancipação; a autonomização e libertação do sujeito vai ser consequência do


aumento da produção e produtividade económicas – que permite aumentar o tempo livre, o
tempo de lazer e de fruição

 A libertação e emancipação do indivíduo pela arte


 A sociedade de Risco: a falência da ciência e dos peritos
Quadro geral do Interacionismo e da Escola de Chicago

Sociedade: pluralidade de interações

Interações: ações e relações sociais significativas

Interações: definição das situações – sem essa definição as situações e as experiências não são
reconhecidas na sua significância; sentidos das expetativas recíprocas e significativas;
aprendizagem pelas experiências; estas experiências são sucessivas e recorrentes e a sua
recorrência e frequência são constitutivas dos quotidianos

Herança de Simmel: o estudo das experiências nas grandes metrópoles; a questão do


anonimato e as consequências disto no crescimento da imigração vinda da Europa; as
consequências deste multiculturalismo nas dinâmicas citadinas

Nas interações e pelas experiências situadas os atores aprendem com os erros, reparações e
antecipações

Nas interações verificam-se múltiplas experiências

Nas interações operam-se catalogações – atributos que circulam entre uns e outros

Catalogações --- categorizações (gerais e específicas) --- identidades---papeis sociais (roles –


desempenhos – consistência e previsibilidade).

Erving Goffman

O enfoque nos encontros – frequentes ou episódicos – vida quotidiana

Relações de interação frequente – consigo próprio e com os outros – as interações contêm em


si uma ordem e uma determinada previsibilidade

Interagir – capturar informações mútuas

Atores competentes: monitorização das ações, táticas, gestos, partilha de ações

Práticas da corporalidade: significativas para si e para os outros : o Eu e o self – mim – de mim


mesmo para os outros e vice-versa

Encontros:

a) Interações focadas – o outro é reconhecido ao longo de todo o encontro;

b) Interações desfocadas – o outro não é reconhecido de todo

O olhar dramatúrgico sobre os encontros: as fachadas e os bastidores

O público, a audiência e o performer, o ator e o seu desempenho.


a) A frente pessoal – o público que define a situação

b) O cenário – o contexto onde se situa a ação e os desempenhos das ações

A frente pessoal: a aparência e a maneira

A aparência pelo status e rituais.

A maneira: o desempenho do role

Bastidores: a descompressão das emoções; as críticas relativas ao desempenho do role e dos


seus efeitos e a preparação para novos desempenhos de papéis.

Para evitar a perspetiva individualista Goffman introduz o conceito de equipa. A equipa define
a situação e desenvolve modo de cooperação: confiança, lealdade e competência. Desenvolve
práticas defensivas – “lealdade dramatúrgica” – sobretudo tem artimanhas para guardar
segredos e manter a confiança. O público desenvolve, por vezes, práticas protetoras para
“salvar a face da equipa”.

Normas sobre o desempenho de papéis – roles:

a) Normas assimétricas e simétricas: Reciprocidades de expetativas ou não reciprocidade;

b) Normas reguladas e constitutivas : Normas diretrizes e de contexto;

c) Normas substantivas e cerimoniais: Normas dirigidas a áreas de direito próprio do ator


e normas triviais. As normas cerimoniais podem ser de conduta – rituais de recusa –
evitamento de estranhos – e de apresentação – quando os estranhos permitem saudações e
cumprimentos mesmo mantidos à distância. Há também normas de deferência civilista que
são marcadores de confiança para os atores estranhos que deambulam pelos territórios
citadinos.

As ações contêm também envolvimentos que mais não são do que compromissos. Estes
compromissos requerem acessibilidade – competências tácitas e desatenção civil, educada
para com os anónimos na cidade.

Estigma: identidade virtual e real quando há uma distância entre as duas identidades e esta
distância é reconhecida. Dissimulação/recato/descrição mas também ações de estratagemas e
tensões entre distâncias e proximidades; também se podem considerar situações de
evitamento e de embaraço.

A teoria de estruturação de Anthony Giddens

1. Superar os impérios do sujeito – perspetivas hermenêuticas, subjetivistas – e do objeto


– estruturalismos, objetivismo;

2. Interação: práticas e relações sociais: encontros frequentes do quotidiano, episódicos,


formais e informais. Das interações observam-se a consciência prática – competência tácita – e
a competência discursiva. Há diferenças entre aquilo que se diz e aquilo que se faz.
3. A ação é processual e ocorre numa durée – duração – e num dado contexto. Ações são
distintas dos atos. As ações contêm atos sequenciais.

4. A estrutura é constitutiva de recursos e de regras. Os recursos são meios instrumentais


para a realização do poder em si e para si. Os recursos são alocativos – distributivos – e
impositivos.

5. Modelo da ação:

 Monitorização
 Condições não reconhecidas
 Racionalização da ação.
 Consequências não da ação
 Motivação intencionais da ação

Estruturas: regras e recursos organizados como propriedades das estruturas dos sistemas
sociais

Sistemas Sociais: relações reproduzidas entre atores e coletividades – práticas regulares

Estruturação: condições que regem a continuidade ou a transformação das estruturas e das


propriedades dos sistemas sociais.

Interação---------comunicação---------poder-----------sanção

Modalidades. Modalidade-----esquema--------------recursos------- normas

De estruturação. interpretativo

Estrutura---------significação----------dominação----legitimação

Identidade pessoal procura desenvolver uma narrativa sobre si mesmo: já não se preocupa
pela eventual reação dos outros

A necessitar apoia-se nos sistemas periciais para trabalhar com mais confiança na sua narrativa
pessoal. Os suportes de autoajuda são importantes para esse trabalho.

Trabalhar nessas narrativas é exercitar a procura de um projeto sobre si mesma. Os exercícios


sobre si própria conduz os indivíduos a permanentes e frequentes exercícios de auto-
observação.

O confronto com uma pluralidade cada vez maior de estilos de vida e a adoção dessa
pluralidade se for conveniente para suportar a sua narrativa e auto-observação. Escolha
individual dos estilos de vida adotados. Nesta pluralidade de estilos de vida as fronteiras com a
normalidades ficam profundamente atribuladas.
Giddens denomina as “políticas de vida” estes exercícios narrativos em sociedades de pós-
tradição. As políticas de vida sobre si são buscas de verdade e de autenticidade sobre si.
Nestas narrativas que procuram confiança e examinações ontológicas há variações profundas
segundo os géneros.

E estas diferenciações são mais notórias nas questões sobre a intimidade. Os homens abordam
as suas experiências íntimas, amorosas em termos de relações episódicas e fragmentárias. As
mulheres estão mais capacitadas em trabalhar as suas experiências em universos mais
significativos pelo ângulo da angústia, da intriga ou da implicação pessoal.

As questões em torno da sexualidade são vitais para estas buscas da verdade e das narrativas
sobre si mesmo. Deixa de ser um domínio de controlo social, mas examinações para a
autodeterminação, mesmo se as experiências na modernidade se apresentem como
sequestradas a par das transformações da intimidade. Mais do que políticas de proteção, as
instituições e o Estado devem dar maior apoio às políticas de iniciativas. Mas os esforços de
reflexividade institucional e da autorreflexividade não fazem desaparecer as angústias da
insegurança e os problemas decorrentes do risco.

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