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DESENVOLVENDO E VALIDANDO UMA METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO DAS PRÁTICAS DE RECURSOS HUMANOS

DESENVOLVENDO E VALIDANDO UMA METODOLOGIA


DE DIAGNÓSTICO DAS PRÁTICAS DE RECURSOS HUMANOS
DEVELOPING AND VALIDATING A DIAGNOSTIC METHODOLOGY
OF HUMAN RESOURCES PRACTICES
Renata Simões Guimarães e Borges Recebido em: 25/05/2006
Doutoranda pela College of Business Southern Illinois University; Aprovado em: 23/10/2008
Mestre em Administração de Empresas pelo CEPAD/UFMG
Antônio Luiz Marques
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais - Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração - CEPEAD

RESUMO ABSTRACT
Este artigo tem como objetivo desenvolver uma The objective of this paper is to develop a diagnostic
metodologia de diagnóstico das práticas de RH methodology of human resources practices
implementadas na organização, segundo a per- implemented in the organization, perceived by the
cepção dos funcionários. Para isso, foi realizado staffs. For this, a case study was carried out in a
um estudo de caso em uma grande empresa big mining company of Minas Gerais. Semi-
mineradora de Minas Gerais. Entrevistas semi- structured interviews were carried out and 174
estruturadas foram realizadas e 174 questionários valid questionnaires obtained, beyond the neces-
válidos obtidos, além do levantamento de docu- sary documents to characterize the researched
mentos necessários para caracterizar a organi- organization. The main human resources practices
zação pesquisada. Optou-se por utilizar, como were analyzed, utilizing the structural equations
método estatístico, a modelagem de equações modeling to relate the indicators. The results
estruturais. Os resultados indicam uma percepção indicate a positive perception of workers inter-
positiva dos entrevistados em relação aos indica- viewed regarding the indicators of training and
dores: treinamento e desenvolvimento, qualidade development, work life quality, conditions of work
de vida no trabalho e condições de trabalho e and security. Already the practices of reward and
segurança. Já as práticas de remuneração e be- benefit, communication and recruitment and
nefício, comunicação e recrutamento e seleção selection were identified as deficient points; that
foram identificadas como pontos de atenção, sen- is why they deserve more company attention.
do que a variável plano de carreira obteve o Also, the career plan indicator has the smaller level
menor índice de aceitação. Pode-se concluir que of acceptance. It is possible to conclude that the
as práticas de RH estão atingindo o objetivo HR practices are reaching their aim when
quando avaliadas na perspectiva dos funcionários. evaluated in the perspective of the staffs.

Palavras-chave: Administração, Recursos Huma- Keywords: Business, Human Resources, Human


nos, práticas de Recursos Humanos. Resources practices.

Endereços dos autores:

Renata Simões Guimarães e Borges


1925 Evergreen Terrace Dr.E apt#2 62901 Carbondale-IL US - e-mail: renatasg@hotmail.com
Antônio Luiz Marques
Av. Antonio Carlos, 6627 - Edifício FACE, Sala 4053 - Campus Pampulha - Belo Horizonte-MG - Brasil - e-mail: marques@face.ufmg.br

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Renata Simões Guimarães e Borges e Antônio Luiz Marques

1. INTRODUÇÃO Tendo em vista a necessidade de mensurar e a


dificuldade de quantificar os resultados da área de
Marcadas pela abertura de mercados, a livre RH, o objetivo deste estudo é desenvolver e validar
concorrência e o acesso fácil às informações, novas uma metodologia para diagnosticar as práticas de
práticas de gestão foram implementadas nas organi- RH implementadas na organização. Pretende-se,
zações, de forma a garantir a flexibilização, mini- também, oferecer uma ferramenta de avaliação,
mizar os custos de produção e aumentar a produ- devidamente testada e adaptada ao contexto brasi-
tividade para sobreviverem nesse ambiente eco- leiro, para investigar a efetividade das práticas de
nômico incerto que se formou. O que se torna ne- RH. Para isso, procurou-se apresentar um arcabouço
cessário avaliar é o quão profundas foram essas teórico consistente com o problema central desta
mudanças, o que isso trouxe de positivo e negativo pesquisa e com o objetivo proposto. Dessa forma,
para os trabalhadores e como ficou a relação da os temas “Administração de Recursos Humanos”
empresa com seus funcionários. e “Práticas de Recursos Humanos” foram abor-
A adoção de novas práticas de gestão, como dados com o intuito de revisar a literatura e apontar
reengenharia, downsizing, terceirização e informa- tendências da área de gestão de pessoas.
tização, resultou em vários processos de corte de
pessoal. O conceito de emprego foi reavaliado, os
trabalhadores que permaneceram na empresa tive- 2. A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS
ram que se acostumar com a insegurança e o medo HUMANOS: EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS
de perder o emprego, ao mesmo tempo em que to-
A preocupação com os trabalhadores surgiu,
maram as rédeas de suas carreiras. Com isso, os
ainda que muito timidamente, com a administração
indivíduos começaram a investir na própria educação
científica de Taylor (1976). O gerente tinha como
para tornarem-se mais competitivos no mercado.
função selecionar o trabalhador adequado para
Por outro lado, as organizações começaram a realizar uma determinada tarefa, oferecendo-lhe
preocupar-se em adotar práticas e procedimentos, treinamento e aperfeiçoamento, de forma a aumen-
de modo a se tornarem atrativas. Além de reterem tar a produtividade (WERTHER & DAVIS, 1983). De acor-
talentos, as empresas, para melhorar sua produtivi- do com Fischer (1998), a administração de recursos
dade, passaram a procurar, no mercado, profissionais humanos realmente apareceu quando os empre-
com habilidades e competências específicas. Tudo is- gados passaram a constituir um fator de produção,
so porque o capital humano começou a ser visto co- alterando o foco, que antes era exclusivamente na
mo um diferencial, e trabalhadores competentes tarefa, para atuar sobre o comportamento das
passaram a ter grande valor no mercado, prova disso pessoas. No final da década de 1920, surgiram os
são os programas trainees e o surgimento de empre- primeiros estudos, por meio dos quais se tinha como
sas especializadas em recrutar executivos capazes. objetivo estudar o homem no trabalho, por inter-
médio da pesquisa que Elton Mayo (1959) realizou
Logo, as funções do departamento de recursos na Western Eletric, chamando a atenção para fato-
humanos tiveram que ser revistas, sofrendo tam- res do comportamento humano, como satisfação
bém processos de reestruturação. Percebe-se clara- no trabalho, relação com a supervisão, influência
mente que houve uma ampliação da perspectiva das condições físicas de trabalho, antes ignorados,
da área de atuação de RH dentro das organizações. que influenciavam a produtividade da empresa.
Da mesma forma que ocorreu um aumento de
responsabilidade, houve, também, maior cobrança Nas décadas de 1940 e 1950, o Estado americano
e expectativa de retorno, exigindo da área uma interveio nas relações trabalhistas com a aprovação
atuação mais dinâmica e estratégica. Segundo de leis sobre saúde, segurança, discriminação no
Gutierrez (1996), uma das tarefas fundamentais dos emprego e pensões, obrigando o departamento de
profissionais de recursos humanos seria avaliar as RH a ampliar suas atividades, que antes se restringiam
mudanças nos meios econômico-social, tecnológico a recrutamento e seleção. Mesmo assim, essas
e político, e elaborar estratégias de crescimento responsabilidades assumiram um caráter tradicional,
para a empresa. voltado para atividades técnicas e burocráticas.

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As práticas de RH foram evoluindo de acordo surgindo, nas organizações, a seção de pessoal e o


com as pressões externas – sindicato, governo e cargo de chefe de pessoal.
mercado – e as necessidades organizacionais. Na
década de 1940, havia uma preocupação com as A substituição do chefe de pessoal pelo adminis-
relações trabalhistas e os processos de recrutamen- trador de pessoal, assim como a implantação de
to e seleção. O treinamento passou a ser incor- novos métodos de descrição de cargos, avaliação
porado na década de 1950. Entre 1960 e 1970, de desempenho e pesquisa salarial caracterizaram
questões como legislação e regulamentação, remu- a fase tecnicista, que se encerrou ao final da década
neração, benefícios e avaliação foram incorporados. de 1960. Ainda nessa fase, surgiram especialistas
As práticas e os procedimentos, nessa época, se- na área que possuíam um conhecimento mais apri-
gundo Gutierrez (1991), tendiam a ser mais adap- morado do assunto. Na segunda metade da década
tados à cultura organizacional do que à real neces- de 1960, iniciou-se a fase administrativa. Esta fase
sidade dos trabalhadores. terminou no final da década de 1970, trazendo uma
abordagem sistêmica – houve a substituição do
E, finalmente, na década de 1980, assistência administrador de pessoal pelo gerente de RH e
médica, contenção de custos, projeto organizacio- assumiu-se uma tendência mais participativa da
nal, trabalho em equipe e comunicação passaram área de recursos humanos.
a ser de responsabilidade do departamento de RH
(ULRICH, 2000). Foi justamente nessa época que os A década de 1980 foi caracterizada pela impor-
movimentos de humanização do trabalho atingiram tação do modelo japonês e sua preocupação exces-
seu apogeu, e programas de melhorias das condi- siva com qualidade. Seguindo a tendência, a década
ções de trabalho, reestruturação de tarefas, estilos de 1990 foi marcada pela adoção de modelos ex-
de gerências participativas, trabalho em equipe e ternos, como reengenharia e downsizing, esta-
círculos de qualidade caracterizaram o comporta- belecendo novas relações de trabalho e levando a
mentalismo marcado pelo excesso de preocupação função de recursos humanos para as áreas opera-
no indivíduo. cionais. Embora a administração de recursos hu-
manos no Brasil tenha apresentado um caráter con-
No Brasil, o desenvolvimento da administração servador, com ênfase nas atividades burocráticas,
de recursos humanos nas organizações limitou-se houve alterações significativas nas práticas dessa
a imitar as práticas adotadas principalmente nos área nos últimos anos. As mudanças no contexto
Estados Unidos. No entanto, a aplicação dessas mundial, exigindo uma reorientação da função do
soluções ocorreu em uma realidade distinta, en- RH, e a inadequação das práticas norte-americanas
contrando alguns obstáculos em sua implemen- geraram um movimento no sentido de tornar a ges-
tação. Albuquerque (1987), recorrendo à descrição tão de pessoas uma função estratégica, passando
apresentada por vários autores, destacou quatro a ser vista como fonte de vantagem competitiva
fases, as quais retratam a administração de recursos (FISCHER, 1998).
humanos no Brasil até a década de 1980.
A tendência do departamento de recursos hu-
A primeira é a chamada fase pré-histórica, ca- manos, tradicionalmente tratado como área de
racterizada pela ausência de legislação trabalhista apoio, é assumir um posicionamento estratégico na
e atividades da administração de pessoal, sendo empresa. Com o novo modelo de gestão de pes-
executada juntamente com funções auxiliares, e soas, pressupõe-se uma integração das diversas
ficando, muitas vezes, a cargo do proprietário as áreas da organização com sua estratégia corpora-
responsabilidades de pessoal. Esta fase terminou tiva. Além disso, o gerente de recursos humanos co-
na década de 1930. Iniciou-se, então, até a década meçou a participar da formulação da estratégia em-
de 1950, a fase jurídico-trabalhista, onde o Estado presarial. Albuquerque (1987) já afirmava que, no
começou a intervir na relação trabalhista, principal- Brasil, apesar do pessimismo em relação à participa-
mente com a criação do Ministério do Trabalho e ção do gerente de RH nas decisões estratégicas da
do Departamento Nacional do Trabalho. Criaram- organização, notava-se que ocorrera uma adap-
se, ainda, as bases do sindicalismo brasileiro, tação dos profissionais diante da nova exigência.

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Com as alterações na área de recursos humanos, drástica no quadro de profissionais de recursos


é notório que um novo perfil passou a ser exigido humanos, e acentuou-se também a tendência de
dos profissionais de RH. A habilidade em perceber terceirização do setor e a descentralização para as
a empresa como um todo, a capacidade de nego- demais áreas da empresa.
ciação e a capacidade para tomar decisões consti-
tuem as principais habilidades percebidas. Enquan- Mas, com certeza, o que mais contribuiu para
to, em relação aos conhecimentos necessários, sugerir que o fim da administração de recur-
destacam-se os seguintes: práticas e estratégias de sos humanos como função organizacional
recursos humanos, sindicalismo, planejamento es- estaria próximo foi sua passividade diante da
tratégico, desenvolvimento gerencial e, logicamen- mudança que se processava à sua volta.
te, relações humanas no trabalho. Enquanto os processos de transformação
ocorriam em todas as instâncias das em-
Segundo Bandeira, Marques & Veiga (1999), o presas, RH, em geral, permanecia na defen-
perfil das novas práticas de RH caracteriza-se pela siva (FISCHER, 1998: 116).
formação de novas competências, orientação do
corpo gerencial e acompanhamento das mudanças Ulrich (2000) acrescentou que a indefinição em
da cultura na empresa, contribuindo para o desen- relação à área de gestão de pessoas faz parte de
volvimento organizacional, ajustamento das deman- uma profunda alteração do antigo pelo novo que
das internas, administração de pessoal, promoção emerge mais valorizado, assumindo uma função
de trabalho em equipe e relações sociais, além das essencial na estratégia dos negócios. As práticas
tradicionais funções de treinamento, capacitação desenvolvidas pela área de recursos humanos,
e desenvolvimento dos funcionários. segundo Coelho & Dellagnelo (2003), buscaram
transcender a esfera burocrática, focando seus
Ulrich (2000) propôs alterações mais profundas esforços em novas formas de gestão de mão-de-
quando afirmou que as atividades de RH deveriam obra, mais adequadas ao efetivo desenvolvimento
ser interpretadas como resultados. Para o autor, a dos trabalhadores com os objetivos organizacionais.
área deveria se alinhar às outras e começar a ser
avaliada a partir de realizações, e não de atividades. Neste sentido, o equilíbrio entre o atendimento
As práticas de recursos humanos com as quais se das necessidades organizacionais, voltadas para a
enfatiza a cooperação – programas de qualidade melhoria do desempenho e a sustentação da com-
de vida, círculos da qualidade, avaliações de desem- petitividade, e o desenvolvimento de relações de
penho e sistemas de remuneração participativos –, trabalho satisfatórias, capazes de atrair e reter pes-
quando bem ajustadas à estratégia empresarial, po- soas, constituem fontes de vantagem competitiva
dem contribuir para o aumento da produtividade (FACCHINI & BIGNETTI, 2004). Santos & Bolgar (2003)
organizacional. Em relação às capacidades, o autor acrescentaram que terão mais sucesso aquelas or-
especificou que se trata do elo que faltava entre a ganizações que forem capazes de tomar a infor-
estratégia e a ação, funcionando como uma tran- mação e transformá-la rapidamente em uma opor-
sição de missão, visão, estratégias e valores para a tunidade de novo produto ou serviço, isto é, o que
ação. O autor definiu, ainda, três capacidades impera é o conhecimento, o capital humano e o
essenciais para garantir os resultados do trabalho capital intelectual. Para tanto, as práticas de RH
de RH. São elas: criar clareza estratégica, ser agen- devem refletir essa concepção.
te de mudança e gerar capital intelectual – com-
petência e comprometimento.
2.1. As práticas de recursos humanos
A administração de recursos humanos, contudo,
tem enfrentado com dificuldades essa fase de Neste estudo, parte-se do pressuposto de que
transição. A redefinição do perfil dos profissionais as práticas de gestão de pessoas constituem a
de RH e a reestruturação do próprio departamento concretização das práticas, explícitas ou implícitas,
exigiram modificações que, para alguns, indicavam de gestão de pessoas na organização. De acordo
o fim da área de RH. Isso porque houve uma redução com Dutra (1992), todos os processos de gestão

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administrativa se baseiam em dois pilares funda- a garantir eqüidade e clareza para não provocar
mentais: as políticas, que são os princípios e as dire- sentimentos ambíguos naqueles que não preenche-
trizes básicas, e as práticas, que são os procedi- ram as exigências do cargo. Lembra-se que, além
mentos. O autor afirmou ainda que, embora docu- disso, o recrutamento e a seleção internos devem
mentos atestem princípios e diretrizes básicas na fazer parte de um programa mais abrangente, que
gestão de recursos humanos, há evidentes contra- é o plano de carreiras ou gerenciamento de car-
dições entre o que é proposto em nível formal e o reiras porque é por meio deles que o funcionário
que é realizado em nível concreto. Portanto, nesta tem a oportunidade de galgar cargos superiores na
pesquisa, optou-se por avaliar as práticas de RH organização (BOHLANDER et al., 2003).
por se tratar do nível concreto, facilitando sua iden- Há uma tendência, na maioria das empresas, de
tificação e sua avaliação por parte dos funcionários. terceirizar o recrutamento e a seleção externos. As
Talvez a última atividade agregada à adminis- empresas especializadas em recrutamento mantêm
tração de recursos humanos seja alinhar as práticas uma equipe de psicólogos e um cadastro de
de recursos humanos com o planejamento estraté- candidatos, conseguindo preencher as vagas nas em-
gico da organização como um todo (ULRICH, 2000). presas muito mais rapidamente e com melhor triagem
Para isso, os gerentes de RH, além de participarem do que os empregadores fariam sozinhos. A decisão
efetivamente da elaboração do planejamento es- final normalmente cabe ao responsável da área que
tratégico e das decisões da empresa, devem preo- solicitou a contratação por meio de entrevistas.
cupar-se com as atividades e práticas de RH, de Alguns aspectos durante o processo de seleção
forma a garantir esse alinhamento, seja ele por devem ser considerados pela empresa, de forma a
meio do estabelecimento de metas específicas, seja garantir que o candidato não se sinta enganado e
da elaboração de um planejamento estratégico futuramente desmotivado com a realidade da orga-
para a área de gestão de pessoas. nização. Questões como plano de carreira, sistemas
de remuneração e benefícios e atividades do cargo
Fischer & Albuquerque (2002) apontaram as devem ser ponderadas. Outra questão bastante dis-
principais tendências em relação às práticas de RH, cutida e foco das discussões em publicações nas
que são as seguintes: migrar as funções de gestão revistas especializadas é o nível de exigência e a
de pessoas para a unidade de negócio, descentra- expectativa gerada durante o longo processo de
lizar as decisões de gestão de pessoas em favor do seleção, em especial no caso dos trainees, e a real
líder de negócio e fornecer novos processos em ges- necessidade de habilidades e competências que as
tão de pessoas para os clientes internos. É pensando atividades inerentes ao cargo exigem. Esta discre-
nisso que as principais práticas – recrutamento e pância é a principal causa das frustrações e da falta
seleção, remuneração e benefícios, treinamento e de motivação gerada em recém-contratados.
desenvolvimento, comunicações, plano de carreira,
condições de trabalho e segurança e qualidade de A remuneração é definida segundo vários fato-
vida no trabalho –, tradicionalmente de responsa- res que influenciam a composição do salário, dentre
bilidade da área de RH, serão descritas a seguir. Não eles a capacidade de pagar da empresa, as faixas
foi possível abranger, neste trabalho, todas as salariais da região, o custo de vida e a negociação
atividades relacionadas com a área de gestão de coletiva. Usualmente, a organização realiza ou con-
pessoas; em virtude disso, apenas as consideradas trata pesquisas para avaliar se os salários pagos
principais foram descritas e avaliadas na pesquisa. estão de acordo com os oferecidos no mercado.
As organizações determinam formalmente, na
O processo de recrutamento deve iniciar-se, na maioria das vezes, a faixa salarial de acordo com o
maioria das vezes, com a divulgação da vaga e de cargo ocupado. Em função das inúmeras exigências
habilidades requeridas primeiramente para os proporcionadas pela alta competitividade e pela
próprios funcionários da empresa, a menos que tais necessidade constante de inovação, as empresas
habilidades sejam tão específicas que certamente se vêem obrigadas a estabelecer sistemas de re-
não seriam encontradas dentro da organização. A muneração mais coerentes com a realidade de
seleção interna deve ser bem delimitada, de forma mercado (COELHO & DELLAGNELO, 2003).

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Para vincular a remuneração aos objetivos orga- processo de tomada de decisões ao transmitir os
nizacionais, as empresas costumam estabelecer dados para identificação e avaliação das alterna-
metas individuais formalizadas, que servem como tivas (BOHLANDER et al., 2003). Para facilitar a trans-
diretrizes para os gerentes garantirem que as missão de informações, as organizações disponibi-
práticas de salários e benefícios atinjam o objetivo lizam diversos canais de comunicação: Internet, e-
pretendido. Essas metas associadas ao desem- mails, intranet, jornais, murais, quadros de aviso,
penho da empresa ao longo de um ano compõem panfletos e outdoors, entre outros. Além de trans-
a participação nos lucros e resultados da orga- mitir informações aos funcionários, as organizações
nização. Os benefícios constituem praticamente um normalmente disponibilizam espaços para ouvir
direito adquirido do trabalhador porque deixaram reclamações e sugestões.
de ser um diferencial e passaram a ser oferecidos
por grande parte das empresas. A diferença está O plano de carreira talvez tenha sido uma das
na qualidade dos programas. Alguns benefícios são práticas de recursos humanos que mais sofreram
exigidos por lei: seguro-desemprego, previdência alterações, e vem assumindo um elevado grau de
social e salários mínimos. Além destes, as empresas complexidade, onde se constata certa dificuldade
oferecem planos de assistência médica, seguro de com relação às formas de compensar o funcionário
vida e de invalidez, previdência privada e coope- pelo trabalho prestado, segundo Coelho &
rativas de crédito, entre outros. Dallagnelo (2003). Os trabalhadores assumiram um
papel de maior destaque na construção de suas
O treinamento é um processo de aquisição de próprias carreiras, acumulando conhecimento e
habilidades, regras, conceitos ou atitudes, mais experiências que tenham valor para a empresa e
focalizado e orientado para questões de curto para o mercado. Cabe à organização apoiar o tra-
prazo, enquanto o desenvolvimento é um processo balhador no gerenciamento de sua carreira, forne-
mais longo, que inclui não apenas o treinamento, cendo a ele informações valiosas, como expec-
mas também a carreira e outras experiências. O tativas em relação ao seu trabalho e direções de
processo de treinamento e desenvolvimento, além crescimento dentro da empresa. Para que um pro-
de envolver as atividades tradicionais, como levan- grama de desenvolvimento de carreira seja efetivo,
tamento das necessidades, projeto, implemen- o pessoal da gerência de todos os níveis deve ser
tação e avaliação, deve considerar também o treinado quanto aos aspectos fundamentais do
planejamento estratégico da organização, sendo plano de cargo, da avaliação de desempenho, da
utilizado como uma ferramenta estratégica para análise de competências, do plano de carreira e do
atingir os objetivos da empresa e de seus aconselhamento em geral.
empregados.
Para prover um ambiente de trabalho saudável
A comunicação dentro da organização pode e seguro, as organizações investem em programas
assumir quatro funções básicas: controle, motiva- de diminuição dos riscos de acidentes, treinamento
ção, expressão emocional e informação. Quando o para segurança, fornecimento e obrigatoriedade no
funcionário recebe orientações formais acerca da uso de equipamentos de proteção individual,
estrutura e da hierarquia da empresa, do código reforçando esse valor nas metas organizacionais,
de ética e de conduta, a comunicação está exer- de sorte a atingir os funcionários diretamente na
cendo a função de controle. A comunicação age participação dos lucros e resultados. A organização
como fator motivacional quando esclarece ao deve também proporcionar condições de trabalho
funcionário suas atividades, fornece feedback dos – equipamentos e recursos, instalações físicas,
superiores e colegas e informa sobre a qualidade tecnologias e suporte – adequadas, visando a
de seu desempenho. A comunicação atua como melhorar a produtividade.
meio para a expressão emocional porque funciona
como um mecanismo, no qual os membros de um Programas de apoio ao trabalhador são fre-
grupo de trabalho expressam suas frustrações e qüentes na organização, gerando grandes bene-
sentimentos de satisfação. A comunicação atua fícios e reduzindo custos, mediante a diminuição
como mantenedora da informação, facilitando o dos níveis de absenteísmo e rotatividade, processos

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judiciais e manutenção dos índices de produtivi- 3. A EMPRESA


dade. Com esses programas, normalmente,
procura-se apoiar o trabalhador em caso de estres- A organização pesquisada é uma empresa de
se, qualquer tipo de dependência química ou doen- lavra, beneficiamento, transporte e pelotização de
ças graves; promovem-se programas antitabagismo minério de ferro, sendo a segunda maior expor-
ou, simplesmente, incentiva-se a prática de exercí- tadora transoceânica de pelotas de minério de fer-
cios físicos. A maioria desses programas contribui ro, destinadas a processos siderúrgicos de alto-forno
para melhorar o clima organizacional. Além disso, e de redução direta. Em 2003, a organização deteve
Milkovich & Boudreau (2000) acrescentaram que 17% de participação do mercado mundial. A tota-
se trata de uma demonstração de que o empre- lidade da produção da empresa é destinada ao mer-
gador está comprometido com os relacionamentos cado siderúrgico internacional. Em relação à admi-
de cooperação, respeita seus empregados, vê-os nistração de RH, a empresa possui uma gestão
como uma fonte sem sugestões lucrativas e fará integrada de recursos humanos, promovendo ações
esfor-ços para atender às suas necessidades e de desenvolvimento de pessoas, o que a classificou,
reivindicações. segundo a revista Exame, entre as cem melhores
empresas para se trabalhar no Brasil, em 2004.
Considerando o novo contexto da relação entre
empresa e funcionários, nota-se que a área de
RH está passando por profundas mudanças, há 4. METODOLOGIA
uma tendência em assumir o papel de parceiro O presente artigo trata de um estudo de caso
empresarial que alinha as políticas e práticas de cujos métodos quantitativos e qualitativos foram
gestão de pessoas às estratégias organizacionais, utilizados na análise dos dados. Os instrumentos
adicionando valor a investidores, clientes e empregados para a coleta de dados foram os se-
funcionários (SANTOS & BOLGAR, 2003). No entanto, guintes: análise documental, entrevistas semi-estru-
Fernandes (2002) sugeriu que o despreparo dos turadas e questionários.
profissionais de RH, impeditivos institucionais e
dificuldades em operacionalizar o controle estra- A população constituiu-se de 637 funcionários
tégico de RH distanciam a teoria da prática, con- que trabalham na unidade operacional pesquisada.
cluindo que, na realidade, são muito poucas as O resultado calculado para a amostra foi de 190
empresas cuja gestão de recursos humanos ocorre respondentes, representando, aproximadamente,
de forma efetivamente estratégica. 30% da população. Foram obtidos, nesta pesquisa,
190 questionários; no entanto, após uma análise
Conclui-se que, apesar do desenvolvimento tar- criteriosa, 174 foram considerados válidos. Para a
dio da área de gestão de pessoas no Brasil, até a obtenção da amostra, optou-se pelo processo de
década de 1980, percebe-se que há um grande amostragem aleatória, estratificada e proporcional
esforço dos profissionais dessa área no sentido de à população pesquisada. A amostra está repre-
torná-la estratégica, alinhando suas atividades sentada na Tabela 1, a seguir.
com a estratégia e os objetivos organizacionais.
Além disso, a tendência de importar tecnologias
estrangeiras foi de suma importância para cons-
cientizar os dirigentes que a gestão de recursos Tabela 1: Amostra calculada e amostra obtida
humanos merece lugar de destaque na empresa.
Cargo Amostra Amostra % da
Contudo, mesmo diante das limitações propostas calculada obtida amostra
por Fernandes (2002), pode-se afirmar que, a partir
Chefe de departamento 4 5 2,89%
da década de 1990, avanços satisfatórios foram
Chefe de equipe 6 8 4,62%
obtidos nessa área, na medida em que as práticas
Engenheiro / Analista 18 20 11,56%
de recursos humanos foram revistas com o objetivo
de se adotarem novas práticas de gestão, como Técnico-operacional 146 141 80,92%

avaliação por competências individuais e gerência Total 174 174 100,00%


participativa. Fonte: Dados da pesquisa.

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A pesquisa de campo foi realizada por meio de entre um número de variáveis. Esses padrões são
entrevistas semi-estruturadas com os profissionais representados por construtos, que são compostos
da área de recursos humanos, visando a propor- por variáveis que possuem carga alta nessa dimen-
cionar um melhor entendimento das atividades do são. Apenas com a análise das cargas das variáveis,
setor. Posteriormente, seguiu-se à aplicação dos permite-se ao pesquisador identificar as caracte-
questionários estruturados. Realizou-se também um rísticas do construto em questão. A modelagem de
pré-teste com os funcionários da empresa pesquisa- equações estruturais pode ser utilizada dessa forma
da para identificar possíveis falhas – inconsistência porque as variáveis podem atuar como indicadores
ou complexidade das questões, ambigüidade ou dos construtos, e cada variável tem uma carga para
linguagem inacessível –, e houve reformulação de cada construto. Além disso, o pesquisador tem total
alguns itens e eliminação de outros. Foi utilizada controle sobre a especificação das variáveis. Com
uma escala do tipo Likert de cinco pontos. essa técnica, permite-se, ainda, o uso de testes esta-
tísticos de adequação do modelo para a solução
A primeira parte do questionário é constituída confirmatória proposta, o que não é possível na
por questões pessoais e dados funcionais dos análise fatorial.
participantes. Na segunda, investigaram-se como
os indicadores de práticas de recursos humanos – Dessa forma, visa-se a estudar a relação das
comunicações, condições de trabalho e segurança, variáveis que compõem o construto das práticas
plano de carreira, qualidade de vida no trabalho, de recursos humanos (PRH), a saber: comunicações
recrutamento e seleção, treinamento e desenvol- (RHCMN), condições de trabalho e segurança
vimento e remuneração e benefícios – são perce- (RHCTSE), plano de carreira (RHPLCR), qualidade
bidos pelo trabalhador. O questionário foi elaborado de vida no trabalho (RHQVT), recrutamento e
considerando as entrevistas realizadas com o intuito seleção (RHRCSL), treinamento e desenvolvimento
de discriminar as práticas de RH implementadas na (RHTRDS) e, ainda, remuneração e benefícios
organização, visando a medir o nível de aceitação (RHRMBN).
dos trabalhadores em relação a essas práticas. Para
cada indicador, foram adaptadas ou elaboradas, no O método de estimação de parâmetros utilizado
mínimo, três questões, para garantir a validade foi o PLS (Partial Least Squares) – mínimos quadra-
estatística da medição. dos parciais. Esta escolha deveu-se principalmente
à ausência de normalidade multivariada na distri-
A análise quantitativa dos dados deu-se em vá- buição da amostra. Posteriormente, a amostra foi
rias etapas seguidas. Primeiramente, foi realizada separada em grupos – os funcionários que avaliaram
a análise dos dados ausentes e dos valores extre- positivamente e aqueles que possuíam uma percep-
mos, com o objetivo de melhor conhecer os dados ção negativa de cada prática de RH – para verificar
e, assim, trabalhá-los de forma a garantir que as o número de funcionários que estavam insatisfeitos
análises seguintes fossem mais precisas e confiáveis com as práticas de RH. Entende-se por avaliação
(HAIR JR. et al., 1998). Em seguida, alguns pressupos- positiva aquela cujos valores foram superiores a 4.0
tos foram avaliados, como os de normalidade e na escala Likert. Foram considerados como ava-
linearidade. Após o tratamento dos dados, a análise liados negativamente os indicadores cujos valores
fatorial exploratória foi utilizada para indicar se real- obtidos foram inferiores a 3.0 na escala Likert. De
mente os indicadores foram agrupados em sete fa- acordo com Malhotra (2001), quando o pressuposto
tores, isto é, nas sete variáveis do construto proposto de normalidade é violado, devem ser utilizados os
nesta pesquisa. Com o resultado afirmativo, pros- testes equivalentes ao de Pearson, o rho de Spear-
seguiu-se à análise dos dados. man e o tau de Kendall.
Adotou-se como técnica estatística multivariada O software SPSS for Windows versão 11.5 foi
a modelagem de equações estruturais como análise utilizado para as análises descritivas, identificação
fatorial confirmatória para analisar o modelo pro- de dados ausentes, dados extremos, verificação da
posto. Hair Jr. et al. (1998) afirmaram que o objetivo linearidade e normalidade e, também, para a análise
da análise fatorial é explorar padrões nas relações de correlação.

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DESENVOLVENDO E VALIDANDO UMA METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO DAS PRÁTICAS DE RECURSOS HUMANOS

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS Quanto ao cargo ocupado, constatou-se que 3%


dos respondentes são chefes de departamento;
5.1. Perfil da amostra 5%, chefes de equipes; 12% são compostos por
A maior parte dos respondentes é do sexo mas- engenheiros ou analistas; e a grande maioria, 79%
culino (91%). Quanto à faixa etária, 37% dos fun- dos respondentes, ocupa o cargo técnico opera-
cionários respondentes possuem idade superior a cional. Isso significa que a maioria absoluta dos tra-
40 anos, e 63% da amostra têm até 40 anos, indi- balhadores não tem como progredir na carreira. So-
cando que a empresa conta com uma mão-de-obra mente 8% do efetivo ocupa cargos gerenciais; por-
jovem. Quanto ao estado civil, verificou-se que 71% tanto, as possibilidades de progresso são limitadas.
dos funcionários são casados. Apenas 11% dos funcionários possuem a remu-
Constatou-se que 46% dos funcionários pos- neração superior a 16 salários mínimos, e 64% dos
suem o Ensino Médio completo (ou antigo 2o grau respondentes recebem até sete salários mínimos,
completo) e 8% têm o Ensino Médio incompleto; indicando que o plano de carreira em Y, oferecido
2% possuem o Ensino Fundamental (antigo 1o grau) pela empresa, não está refletido nos valores sala-
incompleto e 8%, o Ensino Fundamental completo; riais. Portanto, conclui-se que, além de a média de
13% possuem o Superior incompleto e 12%, o remuneração ser baixa, poucos têm a possibilidade
Superior completo; e, finalmente, 11% cursaram de progredir seguindo esse plano de carreira.
pós-graduação, demonstrando um nível de esco-
laridade elevado. 5.2. Percepção dos funcionários
em relação às práticas de RH
Comparando-se os dados com os índices do
IBGE, do senso realizado em 2000, pode-se afirmar Na Tabela 2, verificam-se os indicadores das práticas
que o nível educacional da organização estudada de recursos humanos. Pode-se observar, em relação ao
é muito superior ao nível educacional da população indicador plano de carreira, o valor mais baixo de todos
brasileira economicamente ativa e, também, da re- os pesquisados, cujo índice de aceitação foi de 67%. O
gião Sudeste. A região Sudeste foi isolada porque, processo de recrutamento e seleção ficou no limite, com
além de conter toda a área da organização, oferece 70% de aceitação. Os demais indicadores foram avaliados
índices de escolaridade superiores quando compa- positivamente, mas constituem pontos de atenção, como
rados aos índices no Brasil. a prática de remuneração e benefícios e a prática de
comunicação.
A grande parte dos funcionários que responde-
ram ao questionário, 71% da amostra, possui entre A maior parte dos entrevistados (79%) avaliou
seis e 20 anos de trabalho na organização. Esses positivamente o indicador “condições de trabalho e
índices são indicativos de baixo turnover, pois ape- segurança” e apenas 2% consideraram seu aspec-
nas 7% dos funcionários possuem menos de um to negativo. Da mesma forma, 46% dos entre-
ano de empresa. Pode-se afirmar, também, que a
segurança no emprego é alta porque 60% dos tra-
balhadores estão na empresa há mais de 11 anos. Tabela 2: Indicadores das práticas de RH
Percentual
Pelos dados, verifica-se que a mobilidade na car- Indicadores Média
de aceitação
reira é baixa: 66% dos empregados ocupam a Condições de trabalho e segurança 4,16 83%
mesma função há mais de seis anos. Apesar de os
Qualidade de vida no trabalho 3,91 78%
funcionários perceberem como satisfatória, ten-
Treinamento e desenvolvimento 3,84 77%
dendo a alta, a possibilidade de crescimento na
Remuneração e benefícios 3,59 72%
organização, nesses números verifica-se que a pers-
pectiva de progresso real é baixa. Nove por cento Comunicações 3,55 71%

dos funcionários ocupam o mesmo cargo ou função Recrutamento e seleção 3,5 70%
há menos de um ano, dos quais o total de 7% é Plano de carreira 3,34 67%
composto por recém-contratados. Fonte: Dados da pesquisa.

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Renata Simões Guimarães e Borges e Antônio Luiz Marques

vistados avaliaram a “comunicação” de forma positi- inferiores a 0,40 ou variância abaixo de 50% (HAIR
va, enquanto 17% avaliaram-na de forma negativa. JR. et al., 1998) seriam eliminados, ou seja, para
cada eliminação, uma nova análise seria realizada
Em relação ao indicador “plano de carreira”, 22%
a fim de identificar as conseqüências da ausência
e 23% dos entrevistados mostraram-se satisfeitos e
do fator. Neste caso, o construto “práticas de recur-
insatisfeitos, respectivamente. Esses dados são
sos humanos” não sofreu modificação porque obte-
reforçados quando se correlacionam a percentagem
ve indicadores com excelentes índices avaliados.
de pessoas que avaliaram positivamente o indicador
plano de carreira da empresa pesquisada (22%) e o
número de pessoas que estão no mesmo cargo por
um período de seis a 20 anos (59%). RHCMN
RHCTSE
O resultado apurado ao avaliar-se a prática de 0,71
“recrutamento e seleção” mostra que 49% dos en- 0,79
RHRMBN 0,80
trevistados apresentaram uma percepção positiva
e 20% destes avaliaram-na como negativa. Seme- PRH
RHPLCR
0,82 0,84
lhante foi o resultado obtido ao avaliar-se o indi-
RHTRDS
cador “remuneração e benefício”: 34% dos entre-
0,75
vistados avaliaram-no como alto e 16% avaliaram- 0,73 RHQVT
no como baixo, conforme se verifica na Tabela 3.
RHRCSL
Analisando-se os dados em função do indicador
“qualidade de vida no trabalho”, os resultados Figura 1: Práticas de RH
mostram que este foi percebido como alto por 61% Fonte: Dados da pesquisa.

dos profissionais entrevistados, e 5% perceberam-


no como baixo. Por fim, a maioria dos entrevistados
(53%) avaliou positivamente o indicador “treina- Para o construto “práticas de recursos huma-
mento e desenvolvimento”, enquanto 6% avalia- nos”, conforme mostra a Figura 1, acima, as variá-
ram-no de forma negativa. veis comunicações, condições de trabalho e segu-
rança, plano de carreira e qualidade de vida no
trabalho apresentam cargas de 0.71, 0.79, 0.84 e
5.3. Análise e validação do modelo proposto
0.75, respectivamente, associando 51%, 63%, 70%
O modelo proposto foi inicialmente analisado e, e 56% da variância do fator, também respectiva-
de acordo com os resultados obtidos, alguns ajustes mente. As variáveis recrutamento e seleção, trei-
poderiam ser realizados com o intuito de se obterem namento e desenvolvimento e remuneração e be-
índices válidos para a pesquisa, baseando-se nefícios, que possuem cargas de 0.73, 0.82 e 0.83,
sempre na teoria abordada. Fatores com cargas respectivamente, têm 53%, 68% e 64% da variân-
cia associada ao construto “práticas de recursos
humanos”. Esses dados podem ser visualizados
Tabela 3: Análise da percepção das práticas de RH também na Tabela 4.
Satisfeitos Insatisfeitos
Indicadores Além de realizar-se a análise das cargas e va-
(%) (%)
Condições de trabalho e segurança 79 2 riâncias de cada fator, Hair Jr. et al. (1998) sugeriram
Qualidade de vida no trabalho 61 5
uma outra medida pela qual se verifica a adequação
do construto à amostra, a confiabilidade composta
Treinamento e desenvolvimento 53 6
para o construto. A confiabilidade mede a consis-
Remuneração e benefícios 34 16
tência interna do construto e de seus indicadores.
Comunicação 46 17
Valores aceitáveis são superiores a 0.70, e o re-
Recrutamento e seleção 49 20 sultado obtido para o construto “práticas de re-
Plano de carreira 22 23 cursos humanos” foi de 0,9150. Pelo resultado,
Fonte: Dados da pesquisa Comunicação. verifica-se que as variáveis são consistentes em sua

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DESENVOLVENDO E VALIDANDO UMA METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO DAS PRÁTICAS DE RECURSOS HUMANOS

Tabela 4: Resultado das variáveis para o construto


Variância Variância
Construtos variáveis Carga
explicada dos resíduos
Práticas de
Comunicação 0,7142 0,5101 0,4899
Recursos Humanos
Condições de trabalho e segurança 0,7938 0,6301 0,3699
Plano de carreira 0,8377 0,7018 0,2982
Qualidade de vida no trabalho 0,7466 0,5574 0,4426
Recrutamento e seleção 0,7285 0,5307 0,4693
Treinamento e desenvolvimento 0,8219 0,6755 0,3245
Remuneração e benefícios 0,8005 0,6408 0,3592
Fonte: Dados da pesquisa.

medida porque atingiram índices excelentes su- construído com base em seus parâmetros,
periores a 0.90. confirmando a validade da estimativa. Se o valor
fosse zero ou negativo, significaria que o modelo
Outra forma de testar o modelo, segundo não poderia ser reconstruído a partir de suas
Lohmöller (1984), dá-se através da utilização da variáveis, ou seja, não existiria consistência entre o
técnica blindfolding. De acordo com o autor, essa construto e as variáveis que o sustentam.
técnica consiste em omitir parte dos dados enquan-
to os parâmetros são estimados, e então reconstruir Em síntese, a metodologia proposta está devida-
a parte omitida, utilizando os parâmetros estima- mente testada e validada, podendo ser utilizada
dos. Esse processo é repetido até que todos os da- como ferramenta de diagnóstico das práticas de
dos sejam omitidos e reconstruídos. A técnica não recursos humanos, pois todas as variáveis se relacio-
requer pressupostos de distribuição, o que a torna nam fortemente com o construto, indicando que
ideal para a utilização com o método de estimação as “práticas de recursos humanos” são constituídas
de parâmetros PLS, e dois tipos de resultados são pelos sete indicadores de forma homogênea, sem
obtidos – a validação cruzada e o jack-knife. a predominância de nenhum deles.
A técnica jack-knife consiste em estimar os parâ-
metros 174 vezes em uma base de dados com 174 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
observações, eliminando uma observação por vez.
A média, o desvio-padrão e outras medidas de distri- A administração de RH proporciona o equilíbrio
buição são obtidos graças a 174 estimações para entre as necessidades organizacionais e as expec-
um mesmo parâmetro. De posse desses dados, um tativas dos funcionários. De acordo com Barney,
teste de significância pode ser realizado para indicar Wright & Ketchen (2001), possuir um força de tra-
o ajuste do modelo proposto. As variáveis do cons- balho comprometida constitui uma fonte de van-
truto “práticas de RH” foram todas consideradas tagem competitiva, pois é por meio do capital
significantes, ou seja, comprovam a qualidade e a intelectual que a organização pode identificar as
relevância do modelo proposto. Já pela validação informações e rapidamente transformá-las em
cruzada, mede-se o quão bem um valor observado oportunidades. Buck et al. (2003) acrescentaram
pode ser reconstruído pelo modelo e por seus parâ- que, em uma economia de transição, a perfor-
metros. Essa técnica consiste em usar uma base mance organizacional está positivamente relacio-
de dados para estimar o parâmetro e outra, para nada com os altos investimentos estratégicos em
confirmar a validade da estimativa. gestão de pessoas.

Para o conjunto de variáveis da pesquisa, o resul- Pesquisas recentes demonstraram que as organi-
tado obtido foi de 0.2556. Com esse resultado, nota- zações podem efetivamente influenciar os níveis
se que o construto “práticas de RH” pode ser re- de motivação e o comprometimento dos funcio-

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Renata Simões Guimarães e Borges e Antônio Luiz Marques

nários por meio das práticas de RH (COLLINS & SMITH, mação pode ser confirmada pela baixa mobilidade
2006; WRIGHT, DUNFORD & SNELL, 2001). Em particular, na carreira, diagnosticada na primeira parte do
Collins & Smith (2006) descobriram que as empresas questionário.
que possuem um alto grau de comprometimento
com as práticas de RH melhoram a performance Para a empresa, cabe salientar que, como
organizacional, devido aos efeitos do bom clima sugestão, poderia haver maior transparência e
social e da troca de conhecimento entre seus funcio- divulgação dos programas de plano de carreira e
nários. Complementando, Trevor & Nyberg (2008) recrutamento e seleção, indicando que também a
argumentaram que as taxas de turnover estão ne- comunicação deve ser fortalecida. A prática de re-
gativamente relacionadas com a performance fi- muneração e benefícios é vista como um ponto de
nanceira da organização. Depois de um processo atenção, merecendo uma investigação mais pro-
de downsizing, os autores evidenciaram que as prá- funda, com o objetivo de avaliar se a remuneração
ticas de RH têm um expressivo papel no decréscimo está realmente de acordo com o mercado ou se
das taxas de turnover. apenas trata-se da tendência de avaliar negati-
vamente a questão do salário. E, finalmente, os
No entanto, embora muitas vezes os gerentes programas de treinamento e desenvolvimento, qua-
estratégicos tenham conhecimento das vantagens lidade de vida no trabalho e condições de trabalho
de a empresa possuir práticas de RH não somente e segurança são percebidos positivamente, neces-
alinhadas com os objetivos e metas organizacionais, sitando apenas ser mantidos.
mas também influenciando proativamente o clima
organizacional, Schuler & Rogovsky (1998) concluí- Apesar disso, considera-se que os resultados
ram que os gerentes preferem usar outros proce- obtidos são consistentes e reforçam a necessidade
dimentos para alcançar a vantagem competitiva do de estudar-se a relação da empresa com seu funcio-
que lidar com o comportamento humano. É neste nário, de modo a permitir que a organização atinja
sentido que o presente estudo pretende quebrar seus objetivos de produtividade e eficiência, como
estas barreiras, mostrando que as práticas de RH também considere a satisfação das aspirações e
podem ser reavaliadas com a utilização da meto- necessidades individuais.
dologia proposta nesta pesquisa. Como resultado, pode-se concluir que a meto-
Neste estudo, procurou-se avaliar a relação entre dologia desenvolvida com o objetivo de diagnosticar
as sete principais variáveis que compõem as práticas as práticas de recursos humanos foi devidamente
de recursos humanos da organização. Entretanto, testada e validada para a amostra em questão. Por
as variáveis, quando avaliadas separadamente, se tratar de um estudo de caso, reconhece-se que
também constituem uma fonte valiosa de infor- há a limitação em relação à amostra. Por isso, esta
mação, sendo utilizadas na elaboração de um diag- pesquisa não termina aqui. Esta metodologia está
nóstico das práticas de RH na organização. sendo testada em outras três grandes empresas
do setor de mineração e energia e, em breve, os
As práticas de RH, no geral, foram avaliadas posi- resultados serão oportunamente divulgados e pu-
tivamente, constituindo um ponto de atenção à prá- blicados. Portanto, trata-se do início de um esforço
tica de recrutamento e seleção. Já o plano de car- para construir uma ferramenta desenvolvida, tes-
reira obteve o menor índice de aceitação dentre os tada e validada para avaliar o resultado das práticas
demais que compõem as práticas de RH. Essa infor- de RH das organizações no Brasil.

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