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Deus
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Deste modo, Deus pode garantir que o estado mais antigo do universo
evoluirá até um estado animado.
Mas não é nem um pouco óbvio que esta objeção seja consistente com a
concepção teísta clássica da natureza divina. Deus é onisciente, onipotente
e perfeitamente racional e não é um indício de um ser com estes atributos
criar como primeiro estado do universo alguma entidade inerentemente
imprevisível que demande uma intervenção ‘corretiva’ imediata a fim de
que o rumo do universo seja retificado.
A coisa racional e eficiente a se fazer é criar algum estado que por sua
própria natureza nômica evolua até um universo contendo vida.
O problema a que aludo não é que Deus institua leis que ele deve
imediatamente violar se suas intenções devem ser realizadas. O problema
refere-se à intervenção de Deus em sua criação, não à violação das leis que
a regem.
‘Deus viola a lei natural L’ implica ‘Deus intervém em sua criação’, mas não
há nenhuma implicação no sentido contrário, já que Deus pode intervir em
eventos ou processos naturais que não são governados por leis.
Como a singularidade do Big Bang não é regida por nenhuma lei, a restrição
imposta por Deus para que sua singularidade emita uma configuração
produtora de vida seria uma instância de intervenção que não é uma
violação nomológica.
Consequentemente, a objeção de que ‘Deus pode intervir na explosão da
singularidade de modo a fazê-la emitir uma configuração de partículas
produtoras de vida sem violar as leis que ele próprio determinou’ é uma
ignoratio elenchi (Falácia da Conclusão Irrelevante), já que, em vez disso,
meu argumento é que esta intervenção implica um primeiro estado
planejado com incompetência ou desleixo.
Eu também observaria que meu argumento não pressupõe que exista uma
‘maneira mais racional, competente ou eficiente de criar um universo
animado’ e por conseguinte não sucumbe a um análogo da teodiceia do
‘nenhum melhor mundo possível’, tal como a desenvolvida por George
Schlesinger. [17]
Notas.