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Fada-Madrinha

(Autor: Fábio Freitas)

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Personagens:

Dinda
Joãozinho
Aninha
Lucrécia
Batista
Puff

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Fada-Madrinha

Sinopse:

Dentre tantas fadas com determinadas funções mágicas, Dinda é a fada responsável pela
felicidade e segurança de todos os animaizinhos e criançinhas. Durante um de seus raros
momentos de descanso, Dinda é chamada para atender a um caso duplo: ajudar a uma criança
que se encontra em apuros com sua madrasta má e solucionar o desaparecimento do cãozinho
do menino que está em perigo nas mãos de um divertido e atrapalhado vilão. Além de ajudar a
encontrar o cãozinho e fazer feliz o Joãozinho, Dinda ainda deve consolar e alegrar a melhor
amiga de Joãozinho que o ama em segredo.

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Cena 1

(Dinda)

(Dinda dorme sentada até ser despertada por uma agitação em sua varinha de condão.)

Dinda – Oh, não! Minha varinha! Bem na hora da minha sonequinha? Mas tudo bem, uma boa
funcionária não tem folga! Quanto mais trabalhar, mais abraços para ganhar! Se me diz que uma
criançinha ou animalzinho precisa de ajudinha, até dispenso minha sonequinha, pois destas
adoráveis criaturinhas sou a fada-madrinha. Me chamem Dinda ou Dindinha! Vamos lá varinha!
Sob a brisa da noite, me leve até a criançinha que precisa agora da minha ajudinha!

(Sai Dinda).

Cena 2

(Lucrécia, Joãozinho e Dinda)

(Joãozinho em seu quarto, sentado em sua cama discute com sua madrasta.)

Lucrécia – Trate de dormir menino feio!

Joãozinho – Se eu sou feio você é mais feia ainda! É horrorosa e horrível! A Madrasta mais feia
do mundo! Parece uma bruxa!

Lucrécia – Não me estresse ainda mais molequinho estúpido!

Joãozinho – Não quero dormir. Quero o Puff!

Lucrécia – Já disse para esquecer o seu pulguento!

Joãozinho – O Puff não tem pulga!

Lucrécia – Se tem ou não tem, não é mais problema meu!

Joãozinho – O que você fez com ele?

Lucrécia – Joguei fora!

Joãozinho – Fora?

Lucrécia – Na rua!

Joãozinho – Na rua?

Lucrécia – Sim!

Joãozinho – Não! Pega ele de volta!


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Lucrécia – Meta uma coisa na sua cabeça oca Joãozinho: É tudo diferente agora! Seu pai não
está mais conosco e tudo será como eu quero!

Joãozinho – E o que você quer?

Lucrécia – Quero que durma agora!

Joãozinho – Por quê?

Lucrécia – O Batista virá me visitar esta noite e não quero sua presença de vela tagarela ao
nosso lado!

Joãozinho – Já arrumou outro papai pra mim é? Que feio! Nem esperou o lençol esfriar!

Lucrécia – Ouça Joãozinho: Logo mais o Batista virá morar aqui comigo e você irá para um
orfanato!

Joãozinho – Orfanato de órfãos?

Lucrécia – Sim!

Joãozinho - Órfãos sem papai e sem mamãe?

Lucrécia – Sim! Aliás, não sei se se lembra mas... Você não tem mais papai nem mamãe!

Joãozinho – Posso levar o Puff comigo?

Lucrécia – Sim! Digo, não!

Joãozinho – Eu quero o Puff! Agora ele é o único amiguinho que eu tenho!

Lucrécia – Não tem mais! Esqueça o Puff! Faça de conta que ele morreu!

Joãozinho - Que morreu?

Lucrécia – Que morreu!

Joãozinho – Malvada! Seu nome não devia ser Lucrécia devia ser Lucredo!

Lucrécia – E o seu não devia ser Joãozinho, devia ser... Devia ser... Rrrrrr!

(Lucrécia sai.)

Joãozinho – Feia! Tomara que o monstro coma a sua cabeça!

(Triste, Joãozinho ajoelha junto a cama e começa a rezar.)

Joãozinho – Papai do Céu, cuida do meu papai e da minha mamãe aí no céu. Diz pra eles que eu
amo muito eles... Papai do Céu, traz o Puff de volta pra mim, por favor. Ele é o único
amiguinho que eu tenho agora e se ele não voltar eu vou ficar sozinho. Onde o Puff estiver, diz
para ele que eu amo muito ele!

Lucrécia (Falando do outro cômodo) – Pare de falar besteiras e vá dormir Joãozinho!

Joãozinho – Ah, Papai do Céu! Faz o monstro comer a cabeça dela! Muito obrigado, amém!

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(Joãozinho se deita e dorme.)

(Dinda aparece no quarto de Joãozinho)

Dinda – Joãozinho! Joãozinho!

(Joãozinho acorda)

Joãozinho (Assustando-se, grita) – Aaaaaaaaahhh!

Dinda – Calma! Joãozinho, o que foi?

Joãozinho – Você é o monstro? Vai comer minha cabeça?

Dinda – Monstro? Não, não!

Joãozinho – Então você é a bruxa? Ai, Papai do Céu faz essa bruxa desaparecer! Desaparece!

Dinda (Rindo) – Bruxa? Não, claro que não! Pareço uma bruxa, Joãozinho?

(Joãozinho afirma com a cabeça)

Dinda – Joãozinho, não sabe a diferença entre uma bruxa e uma fadinha?

Joãozinho – Você é uma fadinha?

Dinda – Sim! Sou sua fada-madrinha!

Joãozinho – Minha fada-madrinha?

Dinda – Na verdade sou a fada-madrinha de todos os animaizinhos e criançinhas. Me chamo


Dinda ou Dindinha!

Joãozinho – Ufa! Que alívio! E porque você veio? Eu não te chamei, nem sabia que você
existia!

Dinda – Não precisa chamar. Enquanto for criança e se estiver triste, perdendo a esperança,
Dinda aparecerá!

Joãozinho – Que bom! Eu tô triste mesmo. Sem papai nem mamãe... E meu cachorrinho foi
embora!

Dinda – Embora?

Joãozinho – Lucrécia jogou ele na rua!

Dinda – Na rua?

Joãozinho – Você vai trazer ele pra mim?

Dinda – Vou tentar. Minha mágica não vai muito longe. Se seu cachorrinho não estiver por
perto, não conseguirei encontrar!

Joãozinho – Tenta! Tenta!

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Dinda – Varinha, vamos lá! Joãozinho quer o Puff, gire até encontrar, achando o seu
cachorrinho aqui ele aparecerá!

Joãozinho – Não aconteceu nada!

Dinda – Como não? Aqui está!

Joãozinho – Onde?

Dinda – Na palma da minha mão!

Joãozinho – Mas o Puffinho não é desse tamainho!

Dinda – Este não é o Puff, é uma pulga do Puff!

Joãozinho – Então é verdade que o Puff é um pulguento?

Dinda – Sim!

Joãozinho – Mas porque você fez aparecer a pulga e não o Puff?

Dinda – É que... Bem... Sabe como é Joãozinho... As fadas estão passando por uma crise e...
Bem... Tudo fica mais difícil não é? A varinha só faz aparecer o que está mais ou menos
próximo. O Puff deve estar muito longe agora... A mágica não vai além de alguns quilômetros
de distância!

Joãozinho – Que coisa, hein? Quer dizer que essa pulga apareceu na sua mão por que não estava
muito longe é?

Dinda – Sim. Não estava muito longe.

Joãozinho – E onde estava?

Dinda – Bem... Aqui no seu quarto!

Joãozinho – Oh!

Dinda – Devia estar ai por cima da sua cama. Provavelmente o Puff a deixou antes de ir
embora... Pra rua!

Joãozinho – Que fada fajuta! Quanto eu pago por esse serviço, hein?

Dinda – Nada. Papai do Céu me mandou aqui de graça para ajudar você!

Joãozinho – Que coisa hein, Papai do Céu! Era melhor ter mandado o monstro pra comer a
cabeça da minha madrasta!

Dinda – Não fique assim Joãozinho! A pulginha, será sua amiguinha até que eu encontre o seu
cachorrinho!

Joãozinho – Então tá! Dá ela aqui pra mim!

(Dinda passa a pulga para a mão de Joãozinho.)

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Dinda – Vou voar pelo ar para o Puff procurar! Mas antes de continuar, devo a verdade contar:
nem totalmente de graça passo o tempo a trabalhar! Para flutuar, minhas forças preciso renovar!

Joãozinho – E como posso pagar?

Dinda – É só contar!

Joãozinho – 1,2,3! 1,2,3!

Dinda – Vem correndo me abraçar!

(Joãozinho corre para Dinda e a abraça.)

Cena 3

(Joãozinho e Aninha)

Joãozinho (No portão da escola falando com a pulga) – Como é seu nome? Que? Não tem nome
ainda? Sua mãe não te deu nome não, é?

Aninha (chegando por trás de Joãozinho) – Está fazendo o que, Joãozinho?

Joãozinho – Ai! Que susto Aninha! (Joãozinho deixa cair a pulga) Não faz mais isso!

Aninha – Que que eu fiz?

Joãozinho (Pegando a pulga do chão) – Quase matou ela!

Aninha – Eu?

Joãozinho – Você! Deixa eu ver se ela ta viva...

Aninha – Quem?

Joãozinho – A pulga!

Aninha – Pulga?

Joãozinho - Ainda bem que ela está bem! Está até respirando!

Aninha – Que pulga?

Joãozinho – Do Puff!

Aninha – Achou o Puff?

Joãozinho – Não. Só a pulga do Puff!

Aninha – Deixa eu ver! Que bonitinha! Como é o nome dela?

Joãozinho – Ela ainda não tem nome!

Aninha – Então temos que dar um nome para ela!

Joãozinho – Boa idéia!


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Aninha – Que tal... “Pulga do Puff”?

Joãozinho – Isso! Gostou do nome Pulga do Puff? Gostou!

(Aninha e Joãozinho comemoraram).

Aninha – Joãozinho, como você encontrou a pulga se o Puff sumiu?

Joãozinho – A Dinda me deu!

Aninha – Quem é Dinda?

Joãozinho – Dinda ou Dindinha! A fada-madrinha de todos os animaizinhos e criancinhas que


nem a gente!

Aninha – Ah... Mas nós não somos animaizinhos!

Joãozinho – É... Mas somos criancinhas!

(Aninha concorda).

Joãozinho – A Lucrécia quer me mandar para o orfanato de órfãos, mas a Dinda não vai deixar
eu ir sem o Puff.

(Aninha fica triste)

Aninha – Não quero que você vá embora. Se você for, eu vou com você!

Joãozinho – Mas você tem sua mamãe. Não pode deixar ela sozinha.

(Aninha e Joãozinho se abraçam.)

Cena 4

(Dinda, Joãozinho, Batista e Lucrécia)

(No quarto de Joãozinho estão ele e Dinda.)

Dinda – Não fique assim Joãozinho! As coisas irão melhorar! Vou fazer muita mágica para tudo
dar certo!

Joãozinho – Que mágica?

Dinda – Vou pensar em alguma! Sua madrasta está chegando com o namorado! Tenho que ir!
Comporte-se Joãozinho!

(Joãozinho fica cabisbaixo.)

(Lucrécia entra em casa acompanhada por Batista.)

Batista – Não entendo porque viemos para a sua casa Lucrécia! Poderíamos jantar num
restaurante! Sabe que faço questão de pagar!

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Lucrécia – Sim, meu querido, mas já estou farta de restaurantes! Além do mais, já está na hora
de conhecer sua futura casa!

Batista – Minha futura o quê?

Lucrécia – Oi?

Batista – Minha futura o quê?

Lucrécia – Que o que?

Batista – O que você estava falando agora?

Lucrécia – Oh! Falei para esperar enquanto eu chamo o menino!

Batista – Oh, claro!

(Lucrécia vai até o quarto de Joãozinho)

Lucrécia – Já está pronto seu feioso?

Joãozinho – Se eu sou feioso você é mais feiosa! É horrorosa e horrível! Não quero jantar com
você!

Lucrécia – Não me faça passar vergonha! O Batista é rico! Uma mina de ouro e esta é minha
chance de tirar o pé da lama e me livrar de você! Vai jantar querendo ou não. Desta vez, quero
que ele te conheça para ir se acostumando. Esteja pronto em um segundo!

(Lucrécia sai do quarto de Joãozinho.)

Joãozinho – Ela vai ver o que eu vou fazer!

(Joãozinho pega a caixinha de fósforos na qual guarda a pulga).

Batista – Onde está o rapazinho?

Lucrécia – Ele já vem!

(Joãozinho entra na sala.)

Batista – Que garotinho bonitinho!

Joãozinho – Viu que eu não sou feio sua feia?

Lucrécia – Não seja mal educado Joãozinho! Cumprimente o Batista!

(Joãozinho estende a mão para Batista, porém quando Batista faz menção de aberta-la,
Joãozinho retira a mão e começa a gargalhar).

Lucrécia – Joãozinho! Que brincadeira boba! Cumprimente o Batista direito!

(Joãozinho repete a brincadeira.)

Batista - Palhaçinho ele, não?

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Lucrécia – Pois é! Mas sabe Batista, Joãozinho é muito educado. Tanto que provará para você
que o eduquei muito bem. Joãozinho, faça como eu te ensinei! Vamos! Ajude o Batista a se
sentar!

(Joãozinho afasta a cadeira para Batista se sentar, porém antes que ele se sente, Joãozinho puxa
a cadeira e Batista cai no chão. Joãozinho gargalha).

Lucrécia – Oh, meu Deus! Batista! Você está bem?

(Lucrécia ajuda Batista a se levantar enquanto Joãozinho abre a caixinha de fósforos e joga a
pulga no cabelo de dela).

Batista – Sim, acho que estou bem sim!

Lucrécia – Joãozinho não fez por mal! Não é Joãozinho?

Joãozinho – Foi um acidente!

Batista – Não se preocupe, eu estou bem!

Lucrécia – Melhor pararmos de formalidades e jantarmos logo de uma vez não é?

Batista – Sim, sim!

(Joãozinho e Lucrécia se sentam a mesa.)

Lucrécia – Batista meu amor, preparei um peixe ao molho que é uma delícia, você vai a-do-rar!

(Lucrécia destampa a panela que está em cima da mesa.)

Batista (Tapando o nariz) – Oh! Que cheiro horrível!

Lucrécia – Tem razão! Mas Batista, juro que... Peraí, eu conheço esse fedor!

Joãozinho (Gargalhando) – Hahaha! Eu soltei um pum! Hahaha!

Batista – Estou vendo mesmo qual é o tipo de educação que você dá para esse menino Lucrécia!

Lucrécia – Não, Batista é que...

(Lucrécia começa a se coçar.)

Batista – O que foi Lucrécia?

Lucrécia – Nada não! É que...

Joãozinho – Hahahaha!

(Lucrécia começa a se coçar mais desesperadamente.)

Lucrécia – Oh, minha nossa!

Batista – O que foi?

Lucrécia – Tenho alergia a frutos do mar!

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Batista – Mas nós nem comemos ainda Lucrécia!

Joãozinho – É mentira! Ela tem piolho! Tem um montão de piolho!

Batista – Um montão de piolho? Oh, não! Que nojo! Vou embora antes que eu pegue piolho
também!

Lucrécia – Não Batista! É mentira dele, Batista! Batista, não vá!

(Batista sai.)

Lucrécia – Ai! Peguei!

(Lucrécia pega a pulga e a mata entre os dedos.)

Joãozinho – A Pulga do Puff!

Lucrécia – Ah, então você aprontou toda essa confusão de propósito não foi?

Joãozinho – Foi! Porque você é malvada!

Lucrécia – Agora vai ficar de castigo!

Joãozinho – Castigo?

Lucrécia – Uma semana sem ver televisão, uma semana sem jogar vídeo-game, uma semana
sem ler gibis e uma semana sem comer sobremesa!

Joãozinho – Tudo isso?

Lucrécia – Ainda não terminei!

Joãozinho – Não?

Lucrécia – Não! (Pega Joãozinho por um braço.) Agora vou ensiná-lo a ser um bom menino!

Cena 5

(Aninha e Joãozinho)

(Aninha espera Joãozinho no portão da escola).

(Entra Joãozinho).

Aninha – Você está atrasado Joãozinho! O portão da escolinha já abriu e a tia já chamou!

(Aninha percebe Joãozinho triste e desanimado).

Aninha – Como foi o jantar de ontem?

(De cabeça baixa, Joãozinho não responde).

Aninha – Fez caca?

(Joãozinho afirma com a cabeça).

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Aninha – Estragou o jantar daquela feiosa?

(Joãozinho afirma novamente com a cabeça).

Aninha – Ela te bateu?

(Joãozinho afirma novamente, sem dizer palavra e passa por Aninha para entrar na escolinha.
Sai de cena. Aninha fica triste e lentamente, também entra na escolinha).

Cena 6

(Aninha e Dinda)

(Aninha entra em seu quarto e pega uma foto de Joãozinho. Olha bem para a foto e depois de
sorrir, beija o retrato. Sobe em sua cama e faz uma rápida oração silenciosa. Deita-se e abraçada
ao porta-retrato, adormece).

(Dinda aparece).

Dinda – Aqui há uma criançinha desanimadinha, para reanimá-la aqui estou eu – A fada-
madrinha!

(Aninha acorda e grita assustando-se.)

Aninha – Aahhh!

Dinda – Calma! Calma! Calminha!

Aninha – Quem é você?

Dinda – Eu sou...

Aninha – Um monstro? Vai comer minha cabeça?

Dinda – Pareço um monstro comedor de cabeças por acaso?

(Aninha afirma com a cabeça.)

Dinda - Ora Aninha! Não percebe a diferença entre um monstro e uma fada-madrinha?

Aninha – Como sabe o meu nome?

Dinda – Pelo que acabei de dizer ora! Sou sua fada-madrinha! Me chamo Dinda ou Dindinha!

Aninha – Ah! Lembrei de você!

Dinda – Já nos conhecemos? Quero dizer... Você já me conhecia?

Aninha – Não! Mas... O Joãozinho falou de você!

Dinda – Hum... É mesmo?

Aninha – Sim! Você é aquele fantasma que assombra o quarto dele não é?

Dinda – Não. Não sou fantasma. Sou fada-madrinha em crise!

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Aninha – Ah...

Dinda – Pareço fantasma?

(Aninha afirma com a cabeça.)

Dinda – Fazer o quê? Bem, Aninha diga-me: por que está triste?

Aninha – Pelo Joãozinho. Ele perdeu o Puffinho e me contou que a Lucredo bateu nele hoje...

Dinda – Lucredo?

Aninha – A madrasta dele!

Dinda – Oh! A Lucrécia!

Aninha – Mas devia ser Lucredo!

Dinda – Concordo.

Aninha – Ela é muito má! Não quero que ela bata mais nele...

Dinda – Tem razão Aninha! Isso não pode ficar assim! Sou uma fadinha boazinha, mas dona
Lucrécia bem que merece uma liçãozinha!

Aninha – Faz uma mágica e transforma ela em sapo!

Dinda – As fadas não tem o poder de fazer esse tipo de magia.... Ah! Já sei o que fazer!

Aninha – Vai se transformar em monstro e comer a cabeça dela?

Dinda – Não, Aninha! As fadas não poder para fazer esse tipo de...

Aninha – Que fada fajuta, hein?

Dinda – Não se preocupe Aninha! Não será preciso fazer tanto esforço! Dona Lucrécia é dura
com as criançinhas, mas já percebi que é frágil como um dente de leite! Quer mesmo que eu dê
uma lição na Lucrécia e livre o Joãozinho dela?

Aninha – Quero! Preciso fazer alguma coisa?

Dinda – Só contar!

Aninha – 1,2,3! 1,2,3!

Dinda – Vem correndo me abraçar!

(Aninha corre para Dinda e a abraça.)

Aninha – Dindinha!

Dinda – O que foi?

Aninha – Olha só a sua varinha!

(A varinha de Dinda balança freneticamente de um lado para outro.)


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Dinda – Oh, minha nossa! Ela quer me dizer alguma coisinha!

Aninha – Pergunta pra ela! Pergunta!

Dinda – Boa idéia! O que quer me contar varinha?

(Dinda encosta o ouvido na varinha.)

Dinda – Puff? Tem certeza?

(Dinda é puxada pela varinha e rodopia pelo quarto.)

Aninha – O que foi Dindinha?

Dinda – Eu não sei! Acho que o Puff...

Aninha – O Puff?

Dinda – O Puff está por perto! A varinha está louca! Oh, céus!

(Dinda sai sendo puxada pela varinha.)

Aninha – Quero ir com você! Dinda! Espera por mim!

(Aninha sai.)

Cena 7

(Lucrécia)

Lucrécia (Ao telefone) – Batista querido! Sinto muito pelo mal entendido de ontem à noite!
Não, não se preocupe! Sim, ainda bem que percebeu que foi tudo culpa do meu enteado. Depois
que o pai partiu Joãozinho passou a me odiar não sei por quê! A propósito, já se livrou do Puff?
Ainda não? Que demora Batista! Trate de livrar-se desse cachorro! Joãozinho vive me
perturbando, querendo que eu trouxesse o cãozinho de volta e a última coisa que quero é que ele
veja o cachorro por aqui pela vizinhança e já que você mora próximo a nossa casa, isso é bem
possível! Não sei! Apenas livre-se do pulguento! Está vindo para cá? Ótimo, estou preparando
outro jantar e assim tiramos a má impressão de ontem. Está com o Puff aí? Vai livrar-se dele no
caminho? Ótimo! Não sei! Pode jogá-lo dentro de um caminhão de lixo ou algo assim, apenas
faça o Puff sumir! Estou te esperando para o jantar, não demore!

Cena 8

(Batista, Dinda, Aninha e Puff)

Batista – Oh! Lucrécia me mete em cada uma! Como me livro de um filhote de cachorro? Jogo
no caminhão de lixo? Mas ele é tão bonitinho! Que olhinhos pequeninos! Não! Pára Batista!
Você tem que se livrar do cachorro! Se livrar! E logo antes que apareça alguém ou a polícia!

(Entram Dinda e Aninha.)

Dinda – Ali! A varinha está apontando para aquele homem!

Aninha – Eu já vi ele com a Lucredo! Acho que é o namorado dela!


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Batista – Oh, minha nossa!

Aninha – Ele vai fugir!

Batista – Vou fugir!

Aninha – Rápido Dindinha! Come a cabeça dele!

Dinda – O que?

Aninha – Quero dizer... Faz alguma coisa!

Dinda – Varinha, não sei o que fazer, mas antes que o homem fuja faça alguma coisa!

(Batista fica paralisado no lugar.)

Aninha – Ué! Dessa vez você não rimou para fazer a mágica! Mas foi uma boa idéia
transformar ele em estátua!

Dinda (Rindo sem graça) – Pois é!

Aninha – Vamos lá!

Batista – Quem são vocês?

Aninha – O seu pior pesadelo!

Dinda – Isso mesmo!

Batista – Você é um monstro? Vai comer minha cabeça?

Dinda – Homem! E eu por acaso tenho cara de monstro?

(Batista afirma com a cabeça.)

Dinda – Sabia que ia dizer isso!

Aninha – Olha Dinda! Ele está segurando o Puff!

Dinda – Me dê isso aqui! Não tem vergonha? O que ia fazer com esse pobre filhotinho de
cachorro?

Batista – Não sei!

Dinda – Não sabe?

Batista – Pretendia jogar fora!

Aninha – Fora?

Batista – Talvez no caminhão de lixo!

Dinda – De lixo?

Aninha – Dinda! Transforma ele em sapo!

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Dinda – Não tenho poder para...

Aninha – Já sei, já sei!

Dinda – Apenas vamos embora. Temos que devolver o Puff para o Joãozinho!

Batista – Não! A Lucrécia vai ficar uma fera comigo!

Dinda – Lucrécia?

(Batista afirma com a cabeça.)

Dinda – Ela vai ver só uma coisa! Vamos Aninha!

Batista – Ei! Vão me deixar aqui paralisado?

Dinda – Não se preocupe. O efeito da mágica vai passar após 48 horas!

Aninha – Dinda! Antes de falar com o Joãozinho, vamos para a minha casa!

Dinda – Por quê?

Aninha – Tive uma idéia e preciso falar com a minha mãe!

Dinda – Tudo bem. Vamos!

(Saem Dinda e Aninha. Batista chora.)

Cena 9

(Lucrécia, Dinda, Aninha, Joãozinho e Puff)

(Lucrécia dorme em seu quarto. Entra Dinda com uma máscara de monstro.)

Dinda – Lucrécia! Lucrécia!

(Lucrécia acorda e grita.)

Lucrécia – O que é isso?

Dinda – Eu sou um monstro e vou comer sua cabeça!

(Lucrécia grita.)

Lucrécia – Não! Não seu monstro! Ai meu santinho! Seu monstro... Tem um menino aí no
quarto ao lado, ele é suculento e tem uma cabeça bem grande, eu não tenho quase cabeça, veja!
E... E... É oca e... Vá lá comer a cabeça dele que é cheia de... De... De...

Dinda – Mulher malvada! Não como cabeças de crianças só de madrastas más de crianças!

Lucrécia – Que? Que? Que? Eu... Eu sou uma... Uma madrasta má? Eu... Eu... Eu sou?

(Dinda afirma com a cabeça.)

Lucrécia – Não! Não! Eu apenas...

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Dinda – Mandou jogar fora o cãozinho do pobre garoto!

Lucrécia – Mentira! Quem te contou isso?

Dinda – O Batista!

Lucrécia – Dedo-duro!

Dinda – Então quer dizer que é verdade?

Lucrécia – Não foi o que eu quis dizer... Eu...

Dinda – Já confessou! Além do mais, sei que você bateu no Joãozinho!

Lucrécia – O que vai fazer comigo?

Dinda – Nada!

Lucrécia – Nada?

Dinda – Nada se você prometer que não vai mais maltratar o menino.

Lucrécia – Eu prometo! Eu prometo!

Dinda – E que vai...

Lucrécia – Eu faço tudo! Faço tudo! Mas suma daqui! Suma! Ah, socorro!

(Lucrécia sai gritando.)

(Dinda tira a máscara rindo.)

Dinda – Vem Aninha! Pode vir!

(Entra Aninha com Puff nos braços.)

Dinda – Vamos fazer uma surpresa para o Joãozinho!

(Dinda entra no quarto de Joãozinho.)

Dinda – Joãozinho! Joãozinho! Acorde!

Joãozinho (Acordando) – Dindinha!

Dinda – Tenho uma surpresa para você!

Joãozinho – O que é?

(Entra Aninha.)

Joãozinho – Puff! Senti tanta saudade de você, amiguinho!

Dinda – Não falei que daria um jeitinho?

Joãozinho – Você foi muito longe para encontrar ele?

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Dinda – Não... Nem poderia com essa crise das fadas! Na verdade... Ele ainda estava por aí pelo
bairro!

Joãozinho – Ah!

Aninha – Está contente Joãozinho?

Joãozinho – Mais ou menos...

Dinda – Porque Joãozinho?

Joãozinho – Lucrécia não vai deixar o Puff ficar!

Dinda – Não se preocupe com Lucrécia. Dei uma boa lição nela!

Joãozinho – Comeu...

Dinda – Não, não me transformei em monstro e comi a cabeça dela!

Joãozinho – Então o que?

Dinda – Ela apenas não vai mais ser tão má, pode apostar!

Joãozinho – Mas depois que vocês forem embora ela vai voltar a ser má!

Aninha – Não vamos embora, quem vai é você!

Joãozinho – Eu?

(Aninha afirma com a cabeça.)

Dinda – Sabe Joãozinho, nem todos os adultos são maus. A mãe da Aninha gosta muito de você
e...

Aninha – Quer morar na minha casa?

Joãozinho – Quero!

Aninha – Oba!

Joãozinho – Me ajuda a pegar todos os meus brinquedos?

Aninha – Ajudo!

Dinda – Gente! Tem outras crianças precisando de mim e eu tenho que ir embora...

Aninha – Ah...

Joãozinho – Dindinha... Você foi muito legal com a gente...

Aninha – E nós nem sabemos como agradecer...

Dinda (Sorrindo) – Mas eu sei...

Joãozinho – Como?

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Dinda – É só contar!

Joãozinho e Aninha (Juntos) – 1,2,3! 1,2,3!

Dinda – Vem correndo me abraçar!

(Joãozinho e Aninha correm para Dinda e a abraçam.)

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