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Discurso de Posse
do Prof. Doutor Afonso Carlos Marques dos Santos
na Cadeira de Número Cinco
Patrono: Manuel de Araúj^o Porto Alegre,
Baráo de Santo Angelo
É corn o coragáo repleto de satisfagáo que me encontro diante dos senhores para
assumir, na condigáo de sócio efetivo do Instituto Histórico e Ceográfico do Rio dejaneiro,
a cadeira de número cinco e que tem como patrono Manuel de Araújo Porto-Alegre. Recebi
se outros fatores, fatores que se inscrevem náo apenas no campo intelectual, mas no terreno
estudo desta instituigáo, o Rio de Janeiro, que sempre ocupou um lugar especial nas minhas
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rl f ' PUBLICADO EM: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, 2000. p. 127 - 141
simbolicamente a
do Brasil. Afinal de contas, foi o seu Senado da cámara que representou
Nagáo e os embrióes da vontade nacional na preparagáo e na institucion alizagáo
da
do povo brasileiro, que a República deu os primeiros passos para a sua institucionalizagáo'
com a posse do Governo Provisório'
Nesta terra que nunca foi provinciana e que nasceu cosmopolita, aberta e generosa'
tive a felicidade de nascer, filho e neto de cariocas, isto é, com os pais e os quatro avÓs
cariocas, o que ainda era uma espécie de raridade entre os da minha geragáo nos bancos
escolares. Do lado paterno, a imigragáo de portugueses desde finais do século dezoito e de
um ramo alemáo do século dezenove, fez-me carioca de terceira e quarta geragáo. contudo,
do lado materno, a origem carioca remonta á primeira geragáo de colonos do século
imemoriais. Por sinal, os meus primeiros passos na pesquisa histórica se iniciaram, ainda
adolescente, nos tempos do quarto centenário do Rio, pelas máos amigas de carlos
Rheingantz e Gilson Nazareth, nos fichários do Colégio Brasileiro de Genealogia, que
freqüentei inicialmente munido com as memórias recolhidas de minha bisavó Rosalina
Vieira de Aguiar, avó paterna de minha máe. Foi a busca desse passado familiar nas terras
da capitania do Rio de Janeiro que me levou a ler documentos do passado fluminense no
velho prédio do Arquivo Nacional, nos domínios de José Gabriel da costa Pinto, e no
Arquivo Municipal, entáo apenas um Servigo da Divisáo do Património Histórico e
Artístico do Estado da Guanabara, precariamente instalado no número 400 da Avenida
pedro II, em Sáo Cristóváo. É esse passado atávico, ancorado na história dos povoadores
desta terra, seus primeiros sesmeiros, e na história de trabalhadores imigrantes que se
uniram a seus desbendentes que me perm¡te, ainda hoje, percorrer quase todos os bairros do
Rio, associando-os ás histórias vividas pelos que me antecederam.
Gostaria de destacar ainda outros aspectos dentro deste fator de vínculo profundo
com o Rio de Janeiro. Trata-se do fato de que, ao longo da minha vida profissional e
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a partir de
Divisáo do PatrimÓnio Histórico e Artístico do Município do Rio de Janeiro,
lg76; como um dos fundadores do Arquivo Geral da cidade do Rio de Janeiro, em
1979:' e
seu primeiro diretor de pesquisa e a9áo cultural, até 1982; como Diretor
Geral do entáo
DepartamentoGeraldeCulturadaCidade,entrelg83e1986;comoidealizadore
organizador da Biblioteca carioca (hoje infelizmente abandonada pela administragáo
municipal); como conselheiro e depois Presidente do conselho Municipal de Protegáo do
património cultural do Rio de Janeiro e como responsável, em 1984, pela recriagáo do
Património Cultural da Prefeitura do Rio. No ámbito do Estado fui, por dois mandatos,
Conselheiro Estadual de Cultura e tive a oportunidade de dirigir o Departamento Cultural
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Paralelamente a esta atuagáo na área cultural
Rio de Janeiro (a Universidade do Brasil de Pedro calmon), de onde sou originário como
aluno e onde tenho a honra de ser o Professor Titular da Cadeira de Teoria e Metodologia
da História, tendo tido como antecessor o Professor Doutor Arno Wehling, membro deste
Instituto e presidente do lnstituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
com momentos chaves da minha trajetória profissional. Trata-se do fato de que o meu
ingresso neste Instituto deve-se, inicialmente, ¿ Professora Rogéria de lpanema que' com o
Património Histórico e Artístico Municipal do Rio de Janeiro, organismo que ele dirigia,
pela segunda ve/, no iá longínquo ano de 1975. Com isso eu redefiniria a minha vida
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profissional, transferindo-me do exercício do magistério municipal para o Arquivo
da
de unir as
Municipalidade, entáo vinculado ao Património, e onde eu teria a oportunidade
minhas duas formagóes básicas, a de arquivista e a de historiador' Quis o
destino que
semelhante ao dé seu pai há duas décadas e meia atrás. Fico, portanto, duplamente
presidéncia daquela que foi, além de esposa dedicada, uma incansável companheira de
Marcelo Ipanema no trabalho de investigagáo histórica e nos inúmeros estudos que fizeram
juntos, nomeadamente sobre a História da Imprensa no Brasil e no Rio de Janeiro em
part¡cular. O ingresso no Instituto do Rio de Janeiro. portanto, remete-me para o território
precioso dos afetos e da gratidáo, tantos sáo, além de Rogéria e cybelle de lpanema, os
rosfos amigos que me acolhem nesse quadro social e. pafiicularmente. na sua atual
diretoria.
A cadeira que passo a ocupar teve dois antecessores, os professores Mário Antonio
Barata,e Paulo Werneck da Cruz. Sobre o segundo, tenho apenas a registrar que foi
professor de História em várias instituigóes, incluindo a UFRJ, tendo se desligado
voluntariamente do Instituto. Quanto ao primeiro, trata-se de um dos nossos mais ilustres
historiadores da arte e um grande mestre da história e da cultura no Brasil. o historiador
Mário Barata, que integra o quadro social do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de
Janeiro, na condigño de sócio benemérito, é também membro da diretoria do Inslituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, tendo sido Professor Catedrático da Escola Nacional de
Belas Artes da Universidade do Brasil e Professor Titular de História da Arte no Institutc
pessoalmente no final dos anos 70, quando participava intensamente das atividades que
realiávamos no Arquivo Geral da cidade, tendo integrado o primeiro conselho da sua
Associagáo de Amigos. A partir dos anos 80 passei a ter a oportunidade de conviver com o
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Professor Barata, como colega, no IFCS da UFRJ, e de
privar da sua generosidade
e uma alegria sucedé-lo na
intelectual e da sua cordialidade pessoal' Assim, é uma honra
cadeira número cinco e também uma responsabilidade e um desafio'
MárioBarataéumareferénciaobrigatóriaparaospesquisadoresdaHistóriadaArte
e da História da cultura no Brasil e autor de quem nos valemos inúmeras vezes nos nossos
senhores, devo
trabalhos. Além dessa dimensáo intelectual, sobejamente conhecida dos
dizerqueomestreMárioBarataintegraoelencodosrostosamigosquemeacolhemnessa
casa. Ao longo dos anos, compartilhamos momentos de alegria e também dividimos
momentos de dor, quando da despedida de amigos comuns, como foi o caso do nosso
e que passo doravante a ocupar, Manuel de Araújo Porto-Alegre e o seu significado no que
tenho chamado de a invengáo do Brasil. Trata-se de uma das personalidades mais notáveis
da história intelectual e artística do Brasil; é um nome que integra' de maneira destacada, o
panteon dos grandes construtores do Brasil, o que amplia ainda mais a minha
responsabilidade.
onde passa a estudar com Jean-Baptista Debret. Freqüenta os primeiros anos da Escola
Militar, a aula de filosofia do padre mestre Frei José Policarpo e estuda anatomia e
fisiologia com o Doutor cláudio Luiz da costa. Por dois anos, freqüentou as aulas de
anatomia no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Hospedado inicialmente em casa do
Senador Antonio Vieira da Soledade, o jovem Porto Alegre torna-se hóspede do Bispo do
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O lmperador D' Pedro I interessou-se por ele ao conhecé-lo em 1830' mas a
Com o retorno de Debret á Franqa, após a abdicagáo de Pedro I' Porto Alegre
consegue
quem
Joaquim da Rocha. Foi, ainda, apoiado por Debret e seu irmáo Francisco Debret, de
freqüentou a aula de arquitetura. Conviveu com gscritores e compositores franceses e
italianos, tendo feito amizade com o célebre escritor portugués Almeida Garret.
um fato marcante na sua vida logo após a chegada a Paris, em outubro de I 83 I, foi
o encontro com o lmperador Pedro l, a quem teve a oportunidade de visitar no rápido exílio
francés, após té-lo encontrado casualmente na rua. Em setetnbro de 1834 partiu para a
Itália, viagem obrigatória dos artistas de seu tempo, na companhia do amigo Domingos
José Gongalves de Magalháes, com quem dividiu seus parcos recursos. Mais tarde
consideraria esta fase como a melhor da sua vida. viajou pela ltália e reencontrou em
Roma, onde fora estudar, a protegáo de José Joaquim da Rocha, que para lá havia sido
transferido. Foi também apoiado pelo sucessor deste, o conselheiro Drummond.
literária e artística, que se tornaria, apesar de só terem publicado dois números, num
importante programa do projeto civilizatório desta geragáo. No primeiro número revelaram
o interesse de acostumar o público brasileiro a "refletir sobre objetos do bem comum e de
glória da pátria". Essa seria a marca da sua geragáo de "inventores do Brasil". No prólogo
deste primeiro núinero da Revista Nitheroy concluíam:
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Manuel de Araújo Porto-Ategre, nos últimos tempos da sua temporada em
Paris'
holandesa e belga e
recebe apoio financeiro oficial do governo brasileiro, visita as escolas
da perda de seu amigo o
conhece Londres. Retorna ao Rio em maio de 1837, sob o signo
quem passa a viver no Rio. Em 13 de outubro de 1838 contrai núpcias com Ana
Paula
do seu trabalho levou o governo, por ocasiáo do casamento do lmperador com a Princesa de
Nápoles, Dona Teresa Cristina, a nomeá-lo para dirigir tanto as festas oficiais da Corte
como os trabalhos do Pago.
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de Cónsul
outros. Foi diplomata, na fase madura da sua vida, tendo exercido os cargos
de Baráo de Santo
Geral do Brasil na Alemanha e em Portugal Recebeu em 1874 o título
Ángelo e faleceu, em Lisboa, a 29 de dezembro de 1879' Foi sepultado
em Lisboa e
iorn"nt" em 1922 teria os restos mortais transferidos para o Rio de Janeiro' indo
definitivamente, em 1929, descansar na sua cidade natal'
da sociedade do séu tempo, contribuindo para instituir a sua própria sociedade. A nagáo náo
estava dada pela natureza, era tarefa dos homens e, entre nós, era uma tarefa que os homens
de Estado deviam assumir. É neste quadro que devemos compreender os múltiplos esforgos
de Porto-Alegre numa geragáo que precisava inventar o Brasil, realizando aqui a tarefa que
seus contemporáneos em outras partes do mundo assumiriam com relagáo ás suas na96es
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específicas. Estudar Porto-Alegre representa investigar as bases
da nossa construQáo
imaginária.Construgáoquefoiintensa,dopontodevistadaelaboragáosimbólica,nos
Estado e que eram' também'
momentos de institucionalizagáo do poder e de afirmagáo do
momentos fundacionais.
singularidades, que só o Brasil possui em todo o continente americano, por ter sido
o único
que
país a afirmar a sua legitimidade nacional através da opgáo monárquica. Singularidade
já estava presente. no fato inédito da Aclamaqáo de um monarca europeu no Novo Mundo.
logo após a transformagáo dos domínios americanos em Reino unido á velha metrópole. A
complexa elaboragáo simbólica que aqui se verificava correspondia a uma arquitetura
institucional magnífica, que equilibraria contradigóes profundas, mas também construiria
uma unidade territorial admirável - base incontestável da legitimidade do Império do BrasiL
no concerto dos Estados nacionais da época. Este tema tem sido, por vezes, desprezado por
aqueles que tentam minimizar os resultados desse processo. Porém, ao tentar atingir e
XlX, corre-se o risco de desqualificar a
desqualificar aquela elite cosmopolita do século
própria trajetória histórica da Nagáo brasileira, minimizando a sua importencia e
legitimidade.
Lembremo-nos, ainda, que a instituigáo maior que nos abriga - o Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro -, fundado em 1838, foi pega fundamental na construgáo simbólica
a que estamos nos referindo e lugar central do que estamos chamando de invengáo do
Brasil, porque lugar da busca incessante de um passado específico para a Nagáo. Neste
processo, é importante sublinhar, o Brasil foi rigorosamente contemporáneo dos principais
esforgos historiográficos europeus, como os de Jules Michelet na invengáo-construgáo da
NaQáo francesa através de seu passado. Costumo dizer que os historiadores franceses foram
mestres táo efrcientes nessa tessitura que levaram náo apenas OS seus compatriotas, mas até
os seus inimigos, a acreditar na antiguidade da sua nacionalidade. lsto porque lidaram com
<js dois fermentos básicos da construgáo nacional, como indicou Ernest Renan: a memória e
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I
mas se
a vontade política. E a memória, sabemos, náo se herda pura e simplesmente'
Nagáo ou da
constrói no presente vivido. Daí o perigo do desaparecimento de uma
quando se
autonomia de um país, quando se considera que náo é mais necessário lembrar,
aposta no esquecimento, na fragmentagáo ou no conflito produtor da
desuniáo' Perigos que
existéncia. uma
ocorrem quando uma sociedade nacional deixa de celebrar a sua própria
NagáoquepodeprescindirdaMemóriaéumaNagáoquepodeprescindirdasuaprópria
autonomia.
do século XIX, baseadas em modelos europeus, como mera reprodugáo de uma "realidade"
pertencente a outro mundo, a uma outra sociedade, como Se estivessem mergulhados numa
qspécie de alienagáo profunda. Essa foi a crítica dos modernistas, também eles empenhados
numa idealizagáo do país, e que desejavam romper com os mimetismos culturais das elites
das geragdes anteriores. Nem por isso libertaram-se do aristocratismo denunciado por
Mário de And¡ade, numa das mais terríveis autocríticas feitas por urn intelectual brasileiro,
nem superaram o bovarismo nacional denunciado, anos antes, por um dos maiores críticos
da nossa burguesia republicana, o carioca Afonso Henriques de Lima Barreto'
Alegre pode nos conduzir a compreender melhor os caminhos da nossa formagáo mental'
vejamos, portanto, alguns momentos da reflexáo desse artista e intelectual, quando, por
exemplo, em 1850, na Revista O Guanabara, expressa o que intitulou como "Algumas
idéias sobre as Belas Artes e a Indústria no lmpério do Brasil". Neste texto, Porto-Alegre,
PUBLICADO EM: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, 2000. p. 127 - 141
' representante dos idéias do tempo; é por assim dizer o
ProsPeridade "
PUBLICADO EM: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, 2000. p. 127 - 141
I
construíssem:
PUBLICADO EM: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, 2000. p. 127 - 141
Numaavaliagáoseveraeimplacável,Porto-AlegredenunciaosIimitesdonosso
urbanismonacapitaleosatacaduramente.Paraele..asconstrugoesdeumacidade,sáo
como o vestuário do homem, que gradua, e denota á primeira vista
a hierarquia a que
ánimo de seus
pertence". O aspecto da cidade denotaria"o estado de sua civilizagáo' e do
no plano das
habitantes". Esses comentários náo desconheciam as contradigóes existentes
relaQóes sociais, mas atacam o que Porto-Alegre chamava de "o
amor da rotina, entre nós"'
Via, entretanto, em 1850, algum avango nas construgóes desde a época da Maioridade'
,.alguns indícios de gosto aparecendo nos edificios particulares", "algum
identificando
progresso de pensamento" presidindo "as novas construgóes" e um "desejo de regularizar
Porto-Alegre, que nesta altura já alcangara a idade de quarenta e quatro anos, faz
uma avaliagáo do que faltaria ao Brasil para que as artes pudessem contribuir para a sua
construQáo. Adotando uma postura nitidamente nacionalista, denunciava que o que
tínhamos até entáo era,.,pela maior parte importado", constituindo-se, portanto, em "f,ruto
"a arte vernaculado, aquela que é exercida por nós, e que lem o
seu impulso, a sua direqdo primordial na mdo do Brasileiro, ainda
País' "
PUBLICADO EM: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, 2000. p. 127 - 141
"Twlo temos que esperar clo Brasil' que comeqa hoje a olhar o
de oulra diregdo'
futuro, e a preparar a mocidade debaixo
e
nem ataca a
. Porto-Alegre, no entanto, náo desacredita das instituig6es do Império'
Nesse mesmo texto
figura do imperante, embora critique frontalmente a elite de seu tempo'
mesmos alguma coisa
conclui com a af,trmagáo: "faqamos do Império do Brasil e de nós
mais do que somos na realidade".
suas falas e
O compromisso com o país amado, com a pátria, esteve presente nas
Vamos reencontrá-lo no seu discurso de posse na diregáo da Academia
lmperial de
escritos.
quem tanto criticara Os
Belas Artes, lugar que fora ocupado por Félix Émile Taunay, a
discursosdaAcademia,realizadosdiantedasautoridades,tambémhaviamservidopara
TaunaydefenderumprogramaestéticoeumapolíticadeapoiodoEstadoásartes,Podo-
para indicar
Alegre. náo fugindo á tradiqáo da casa. aproveita esse molnenlo da posse
nacionais, ao afirmar
caminhos a serem trilhados pelas artes na diregáo das especificidades
oue:
' "As Arres só triunfam quando descem das regiíes celestes para o
necessória. "
"As belas artes exigem tantos e tdo constantes esluclos que o nosso
país ainda ndo está em estado de bem avaliar' Siio poucas as
vestais que guardam o fogo sagrado e mui diminuto ainda o
número de sacerdotes do belo; mas em compensaQAo desle estado
natural em um país novo temos frente da naqdo um homem tuja
d
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I
ImPeratlor. "
ordenaram' "
Eml854,ManueldeAraújoPorto-Alegre'aoava|iarna..IlustraqáoBrasileira,'o
,,novo o "pensamenÍo
estatuário," defende as encomendas públicas que viessem a expressaf
acentua os avangos do reinado de Pedro ll' a quem chama
de "filho da
nocional',
de letras' entre os
lndependéncia". Esse Imperador que se assentava "enlre os homens
do que todos os
poetas", protetor das aftes e que, na expressáo do artista, fazia"ele só mais
milionários clo Brasil, porque a ark nAo está no retrato' que pertence ao egoísmo ou it
novos titulafes e
vaiclade". Era a crítica direta aos emergentes do Irnpério, á vaidade dos
valores da arte e da
aos membros de urna elire económica pouco culrivada e distanciada dos
homem do futuro e
cultura. Mas Porto-Alegre vé o Imperador como "amigo do progresso'
Pedreira da
organizado para a meditagdo profundd'. Ao referir-se á chamada reforma
o crítico e pedagogo reafirma, mais uma vez' o papel da "arte
,A.cademia de Belas Artes,
oexamedasposigÓesedatrajetóriadessegrandebrasiIeironosIevariaa
é táo extensa e intensa
ultrapassar os limites aceitáveis desta oragáo' Sua própria biografia
queapenasenumerar,demaneiradetalhada,osseusfeitoseassuasobrastambémnos
levaria a prendé-los aqui por horas a fio, o que seria imperdoável'
semlembrarasuarelagáocomacasaquenosabriga,olnstitutoHistóricoeGeográfico
PUBLICADO EM: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, 2000. p. 127 - 141
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olnstitutoHistóricoeGeográficoBrasileiroostenta,nesteambientequenosabriga.
embora inacabada, da representagáo da Coroagáo do
nosso segundo
a tela monumental,
que' como todo o edificio' sempre nos evoca
Imperador, ocupando lugar de honra nesta sala
a lembranga do saudoso Presidente Pedro calmon.
Náo vos contarei, por hoje, a história
o fato de que ele deve ser compreendido no
deste quadro, apenas chamo a atengáo para
conjuntodase|aboragÓessimbó|icasdanossaconstrugáonaciona|.Nodestaquedapintura
está o Imperador jovem, de pé, diante do trono
flanqueado por colunas coríntias e que
CoroaQáo, de quem foi autor dedicado e genial, mas cuja análise postergamos para outra
ocasiáo.
PUBLICADO EM: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, 2000. p. 127 - 141
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I
fluminense,doravanteconfrades,queroapenasmanifestaraminhagratidáoereiterara
com a História dessa
rninha alegria de estar entre vós, reafirmando o meu compromisso
de todos os brasileiros'
terra abengoada, terra dos meus antepassados e pátria simbólica
Muito obrigado'
PUBLICADO EM: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, 2000. p. 127 - 141