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Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


ALIMENTOS ALTERNATIVOS PARA BOVINOS DE CORTE

Rodrigo da Costa Gomes


Pesquisador da Embrapa Gado de Corte

Campo Grande - MS
INTRODUÇÃO

• Importância da alternativas para alimentação.


• Visão geral das aplicações.
• Exemplos tradicionais.
• Co-produtos do biodiesel.
IMPORTÂNCIA
• O planejamento nutricional é fundamental
IMPORTÂNCIA
• O custo alimentar

Cervieri (2012)
IMPORTÂNCIA
• O custo alimentar: milho

Fonte: Agrolink
IMPORTÂNCIA
• O custo alimentar: soja

Fonte: Agrolink
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• O que são?
– Alternativo: não tradicionalmente utilizado, mas que pode substituir total
ou parcialmente um alimento tradicional.
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• O que são?
– São normalmente co-produtos, subprodutos ou resíduos da
agroindústria.
– Co-produto – valor = ou > que produto principal.
– Subproduto – pouco valor.
– Resíduo – nenhum valor / problema.
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• O que substituem?
Alimento
Tipo Fonte principal
tradicional
Volumoso Fibra

Concentrado energético Amido

Concentrado proteico Proteína


ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• O que fornecem?
Tipo Fonte alternativa
Volumoso Fibra de baixa qualidade
Amido
Concentrado energético Pectina
Lipídios
Proteína Verdadeira
Concentrado proteico
Nitrogênio Não-Protéico
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• Exemplos tradicionais

– Parte aérea de mandioca.


– Raspa de mandioca.
– Bagaço de laranja.
– Subprodutos da cana de açúcar.
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• Parte aérea da mandioca
– Cultivada em todo o território
– Apenas 20% é reutilizada no plantio
– Folha rica em proteína
– Ensilada ou in natura
– Picada e seca por 24- 48 horas
– Eliminar glicosídeos cianogênicos
– Pequenas propriedades
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• Resíduo de mandioca
• Resíduos da exploração da raiz
– Raspa de mandioca
– Farinha de varredura
– Casca de mandioca
– Bagaço de mandioca
• Ricos em amido residual
• Inclusão em torno de 10%
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• Bagaço de laranja.

• Subproduto da extração do suco.


• Rico em pectina.
• Energia equivalente ao milho
• Alta umidade pode ser problema.
• Pode ser ensilado.
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• Subprodutos da cana-de-açúcar.
• Levedura úmida.
- Resíduo da fermentação para produção de álcool.
- Rico em proteína.
• Melaço.
- Rico em CHO solúveis.
- Palatabilizante.
- Excesso de Cu.
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• Subprodutos da cana-de-açúcar.
• Bagaço de cana crú.
- Fonte de volumoso - Fibra de baixa qualidade.
- 2% PB, >90% FDN.
- Até 20% na MS.
• Bagaço de cana hidrolisado.
- Bagaço cru tratado com vapor.
- Melhora na digestibilidade.
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• Tratamentos de subprodutos
A digestibilidade do bagaço de cana aumenta cuvilinearmente em função da
pressão e da temperatura.
ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• Co-produtos do biodiesel
• Estímulo da produção do biodiesel no Brasil nos últimos 8 anos

Fonte: ANP (2012)


ALIMENTOS ALTERNATIVOS
• Co-produtos do biodiesel
• Estímulo fiscal para compra de matéria prima da agricultura familiar e
oriunda de regiões carentes
• Crescimento do número de plantas de biodiesel
• Distribuição espacial da produção do biodiesel
• Novos alimentos alternativos

Fonte: ANP (2012)


CO-PRODUTOS DO BIODIESEL
• Distribuição

Fonte: ANP (2011)


CO-PRODUTOS DO BIODIESEL

• Caracterização geral.
- Casca.
• rico em fibra.
- Torta - obtido após prensagem mecânica.
• rico em lipídio e proteína.
- Farelo - obtido com solventes.
• rico em proteína, menos lipídio.
- Glicerina bruta - obtido na produção do biodiesel.
• rico em energia.
CO-PRODUTOS DO BIODIESEL
• Teores de PB e EE de algumas tortas (Fernandes Júnior, 2012)
Proteína Bruta Extrato Etéreo
min máx min máx
Amendoim 41 45 8 9
Babaçu 18 20 7 8
Canola 32 36 22 24
Caroço de aldogão 42 47 3 3
Dendê/Palma 14 15 6 7
Gergelim 36 40 12 13
Girassol 20 22 20 22
Mamona 39 43 4 4
Nabo forrageiro 34 38 22 24
Pinhão-manso 25 60 4 12
Soja 42 47 3 4
MAMONA

• Não produz óleo comestível.


• Subprodutos = 55% do peso da semente.
• Casca, torta, farelo.
• Utilizados como fertilizantes.
MAMONA

• Uso da torta e do farelo na alimentação animal.


• Limitada pela toxicidade.
• Ricina e CBA = compostos tóxico/alergênicos.
presentes na semente.
• Leva a anorexia, fraqueza, diarréia e morte.
MAMONA
• Destoxicação da torta:
• Fervura por cerca de 60 minutos.
• Autoclavagem por 15 minutos, a 30 psi de pressão.
• Mistura com carbonato de cálcio.
• Nenhum dos métodos é viável e seguro.

• Uso da casca: volumoso.


• Secar ao sol / Observar presença de semente.
NABO FORRAGEIRO

• Adubo verde.
• 300-400 L óleo/ha.
• Ácido erúcico (29% dos ácidos graxos).
• Lesões hepáticas e de miocárdio.
• Inclusão baixa de farelos em suplementos pode ser
viável.
CRAMBE

• Alta produção: 3 ton/ha.


• ~40% de óleo.
• Ácido erúcico.
• Utilização do farelo (baixo óleo) pode ser viável.
• Inclusão de até 19% de farelo de crambe na dieta de
ovinos foi possível.
GIRASSOL

• Características agronômicas interessantes.


• Resistente.
• Diversidade de uso.
• Semente, silagem, óleo, farelo, torta.
• Bom rendimento de óleo: 1/3.
GIRASSOL
• Torta de girassol
Variação na composição bromatológica da torta de girassol
%MS
Referência
MS PB EE FDN FDA
Chung et al. (2009 ) 91,7 27,3 19,9 39,6 37,5
Brás (2011 ) 89,4 22,1 26,8 38,4 28,2
Neiva Júnior et al. (2007) 93,3 31,3 21,6 48,4 35,1
Fernandes Júnior (2012) 91,8 25,8 19,5 34,5 25,3
GIRASSOL
• Torta de girassol
Torta de girassol em suplementos para novilhas Nelore terminadas a pasto
durante a estação seca - Cerilo (2011)
Nível de substituição do farelo de soja
Item por torta de girassol (%MS)
0 20 40 60
Consumo de suplemento, kg MS/dia 2,65 2,68 2,63 2,60
Consumo de forragem, kg MS/dia 8,30 10,9 9,47 3,07
Ganho de peso, kg PV/dia 0,242b 0,411a 0,440a 0,320a
GLICERINA BRUTA
• Produto da produção do biodiesel (10%).
• Glicerol – precursor glicogênico – fornece energia.
• Potencial substitutivo de milho.
• Em geral, até 10% de inclusão na dieta não tem
causado problemas.
• Não é recomendada o uso de glicerina impura.
LIMITAÇÕES
• Operacionais:
• Alta umidade.
• Dificuldade de armazenamento.
• Custo do transporte.
• Equipamentos.
• Disponibilidade sazonal e local.
LIMITAÇÕES
• Nutricionais
• Grande variação entre fontes
• Confusão de nomes
• Composição:
- Alto teor de matéria mineral
- Alto teor de umidade
- Alto teor de lignina/fibra
LIMITAÇÕES
• Variação na composição
MS PB EE MM
Resíduo
(g/kg) (g/kg MS) (g/kg MS) (g/kg MS)
Resíduo de Soja 1 900 302 78 97
Resíduo de Soja 2 968 193 66 470
Resíduo de Soja 3 921 300 109 11,2
Resíduo de Soja 4 994 183 62 64
VARIAÇÃO (%) 110% 165% 176% 4196%

Fonte: Sérgio R. Medeiros - Arquivo pessoal


ATENÇÃO AO BENEFÍCIO ECONÔMICO

Item Nível de substituição (%)

0 10 20 30

Ganho de peso, kg/dia 1,3 1,15 1,05 0,90

Desempenho relativo, % 100 88 81 70

Custo relativo máximo, R$/ton 540 478 436 374


SÍNTESE DO CONTEÚDO
• Alimentos alternativos podem baratear o custo da @ produzida.

• Resíduos muito úmidos – calcule o valor da tonelada de MS e, se


possível, do NDT.

• Uma boa análise bromatológica é fundamental.

• Não se esqueça do limite de lipídios na dieta.

• Seu uso depende do conhecimento bastante amplo de suas


propriedades, inclusive toxicidade.
Obrigado.

Rodrigo da Costa Gomes


Pesquisador da Embrapa Gado de Corte

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