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Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


MANEJO ALIMENTAR DO REBANHO DE CRIA

Rodrigo da Costa Gomes


Pesquisador da Embrapa Gado de Corte

Campo Grande - MS
INTRODUÇÃO

• Nutrição da vaca gestante (programação fetal)

• Creep-feeding

• Alimentação de novilhas de reposição


MANEJO ALIMENTAR DO REBANHO DE CRIA

• Utilização de energia para produção de um animal para abate


(Albertini, 2010)
FASE DE CRIA
Terra Consultoria – 2012/2013 – 101 propriedades
Item Média Melhor Diferença
Mortalidade de bezerros, % 3,6 0,9 75%
Fertilidade de novilha, % 85,3 94,2 9%
Fertilidade de primípara, % 68,5 85,4 20%
Fertilidade de vaca, % 77,1 90,6 15%
Perdas pré-parto, % 6,3 2,5 60%
Taxa de desmame, % 71,3 84,2 15%
FASE DE CRIA

Oliveira et al. (2006)


MANEJO ALIMENTAR DO REBANHO DE CRIA

CRIA

Taxa de prenhez
Taxa de desmame
MANEJO ALIMENTAR DO REBANHO DE CRIA
RECRIA
Ganho de peso
Precocidade sexual

REPOSIÇÃO
CRIA
Taxa de prenhez
Taxa de desmame
MANEJO ALIMENTAR DO REBANHO DE CRIA
TERMINAÇÃO
Ganho de peso
Conversão alimentar
Acabamento

RECRIA
Ganho de peso
Precocidade sexual
REPOSIÇÃO
CRIA

Taxa de prenhez
Taxa de desmame
MANEJO ALIMENTAR DO REBANHO DE CRIA
TERMINAÇÃO
Ganho de peso
Conversão alimentar
Acabamento

RECRIA
Ganho de peso
Precocidade sexual
REPOSIÇÃO
CRIA

Taxa de prenhes
Taxa de desmame
MANEJO ALIMENTAR DO REBANHO DE CRIA

RECRIA/TERMINAÇÃO
Ganho de peso
Conversão alimentar
Acabamento

CRIA

Taxa de prenhes
Taxa de desmame
CRESCIMENTO

PRÉ-NATAL = HIPERPLASIA
PÓS-NATAL = HIPERTROFIA
PROGRAMAÇÃO FETAL

• Crescimento pré-natal: hiperplasia


• Nutrição da vaca gestante tem efeito no desenvolvimento fetal
• Número e Tamanho de Adipócitos;
• Tipo de fibras musculares;
PROGRAMAÇÃO FETAL
PROGRAMAÇÃO FETAL

Desenvolvimento das células musculares e adiposas


• Repercussão ao longo de toda sua vida:
Fev Seca Ago
• Número e Tamanho de Adipócitos;
• Tipo de fibras musculares;
• Efeito no Marmoreio; GESTAÇÃO
Dez Set

• Rendimento porção comestível


• Importante evitar restrição neste período
Slide: Medeiros et al (2013)
NUTRIÇÃO DO REBANHO DE CRIA
OBJETIVO NA DESMAMA:
• Bezerros pesados*;
• Vacas com boa condição corporal.

Slide: Medeiros et al (2013)


NUTRIÇÃO DO REBANHO DE CRIA
OBJETIVO NA DESMAMA:
• Bezerros pesados*;
• Vacas com boa condição corporal.

Slide: Medeiros et al (2013)


NUTRIÇÃO DO REBANHO DE CRIA
OBJETIVO NA DESMAMA:
• Bezerros pesados*;
• Vacas com boa condição corporal.

Slide: Medeiros et al (2013)


NUTRIÇÃO DO REBANHO DE CRIA
OBJETIVO NA DESMAMA:
• Bezerros pesados*;
• Vacas com boa condição corporal.

Slide: Medeiros et al (2013)


VIGOR DO BEZERRO

Oliveira et al. (2006)


VIGOR DO BEZERRO

Oliveira et al. (2006)


NUTRIÇÃO DO REBANHO DE CRIA

Bons resultados

• Desmama: ~ 7 meses;

Peso
• Fêmeas ~ 180 kg
• Machos ~ 200 kg;

Slide: Medeiros et al (2013)


NUTRIÇÃO DO REBANHO DE CRIA

Como atingir
• Boa oferta de forragem;
• Suplementação mineral dirigida às matrizes e a cria.

Rural Centro, 2013

Slide: Medeiros et al (2013)


NUTRIÇÃO DO REBANHO DE CRIA
Manejo de entrada e saída dos animais na pastagem
Nome comum / variedade Entrada dos Saída dos animais
Espécie
animais

Fonte: Embrapa Gado de Corte


Altura das plantas, cm
Brachiaria humidicola Humidícola 20 10
Brachiaria decumbens Decumbens 30 15
Brachiaria brizantha Brizantão, Marandu 35 20
Brachiaria brizantha Xaraés 45 20
Panicum maximum Mombaça 90 40
Panicum maximum Tanzânia 70 35
Panicum maximum Massai 55 25
Slide: Medeiros et al (2013)
NUTRIÇÃO DO REBANHO DE CRIA

• Águas
• Formulação mineral adequada para cria e para condição da
pastagem;
• Ingestão efetiva do consumo objetivado.
• Acesso ao sal para matrizes e crias  altura do cocho: < 60-
70 cm;
• Boa distribuição dos cochos;
• Disponibilidade contínua do suplemento.
Slide: Medeiros et al (2013)
COLUNAS = EXIGÊNCIA (MANTENÇA + LACTAÇÃO + GESTAÇÃO)
VS. LINHA = INGESTÃO

25 Me Gest 25

Lac P

Slide: Medeiros et al (2013)


20 20
Exigência ( g P/cab.dia)

Ingestão ( g P/cab.dia)
15 15

10 10

5 5

0 0
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360

Dias pós parto

Vaca Nelore, Pastejo 470 kg, 4,5 kg de leite/dia. Desmame aos 340 dias. Intervalo entre partos de 12 meses. (Simulação
CNCPS 5.0 )
COLUNAS = EXIGÊNCIA (MANTENÇA + LACTAÇÃO + GESTAÇÃO)
VS. LINHA = INGESTÃO
Colunas acima da Linha =
Mobilização das reservas corporais
25 Me Gest 25

Lac P

Slide: Medeiros et al (2013)


20 20
Exigência ( g P/cab.dia)

Ingestão ( g P/cab.dia)
15 15

10 10

5 5

0 0
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360

Dias pós parto

Vaca Nelore, Pastejo 470 kg, 4,5 kg de leite/dia. Desmame aos 340 dias. Intervalo entre partos de 12 meses. (Simulação
CNCPS 5.0 )
COLUNAS = EXIGÊNCIA (MANTENÇA + LACTAÇÃO + GESTAÇÃO)
VS. LINHA = INGESTÃO
Colunas acima da Linha =
Mobilização das reservas corporais
25 Me Gest 25

Lac P

Slide: Medeiros et al (2013)


20 20
Exigência ( g P/cab.dia)

Ingestão ( g P/cab.dia)
15 15

10 10

5 5

0 0
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360

Dias pós parto

Vaca Nelore, Pastejo 470 kg, 4,5 kg de leite/dia. Desmame aos 340 dias. Intervalo entre partos de 12 meses. (Simulação
CNCPS 5.0 )
COLUNAS = EXIGÊNCIA (MANTENÇA + LACTAÇÃO + GESTAÇÃO)
VS. LINHA = INGESTÃO
Colunas acima da Linha = Linha acima da Colunas = Reposição
Mobilização das reservas corporais das reservas corporais
25 Me Gest 25

Lac P

Slide: Medeiros et al (2013)


20 20
Exigência ( g P/cab.dia)

Ingestão ( g P/cab.dia)
15 15

10 10

5 5

0 0
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360

Dias pós parto

Vaca Nelore, Pastejo 470 kg, 4,5 kg de leite/dia. Desmame aos 340 dias. Intervalo entre partos de 12 meses. (Simulação
CNCPS 5.0 )
COLUNAS = EXIGÊNCIA (MANTENÇA + LACTAÇÃO + GESTAÇÃO)
VS. LINHA = INGESTÃO
Colunas acima da Linha = Linha acima da Colunas = Reposição
Mobilização das reservas corporais das reservas corporais
25 Me Gest 25

Lac P

Slide: Medeiros et al (2013)


20 20
Exigência ( g P/cab.dia)

Ingestão ( g P/cab.dia)
15 15

10 10

5 5

0 0
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360

Dias pós parto

Vaca Nelore, Pastejo 470 kg, 4,5 kg de leite/dia. Desmame aos 340 dias. Intervalo entre partos de 12 meses. (Simulação
CNCPS 5.0 )
NUTRIÇÃO DO REBANHO DE CRIA
Seca
Sal ureado
• Boa disponibilidade de forragem
• Vacada com ótimo escore corporal no início da seca

Sal proteinado
• Boa disponibilidade de forragem
• Vacada com escore corporal variável / alguns animais tem escores marginais
CREEP-FEEDING

Suplementação adicional de acesso restrito aos bezerros


• ANIMAIS JOVENS  alto crescimento muscular e excelente conversão
alimentar.
Suplementação exclusiva pode ser de:
• Minerais;
• Concentrados;
• Forragem (Creep-grazing)

Slide: Medeiros et al (2013)


CREEP-FEEDING
• Quantidade:
• 0,7 a 1,0% do peso vivo do bezerro após 3-4 meses de idade
• Resultado:
• Até 25% de aumento no peso final à desmama
• - ~ 200 kg  ~240-250 kg

Slide: Medeiros et al (2013)


CREEP-FEEDING

Ganho
Idade Peso Idade a Peso a
Médio Consumo Autores
Inicial Inicial Desmama Desmama
Diário
120 93 240 179 0,723 0,750 kg/dia Rocha (2010)
90 111 239 216 0,705 0,354 kg/dia Marquez (2013)
90 121 206 208 0,710 0,500 kg/dia Itavo et al. (2007)
84 76 220 157 0,6 0,610 kg/dia Nogueira et al. (2006)

Guimarães & Gomes (2013)


CREEP-FEEDING
Ingestão energética do bezerro do nascimento até a desmama
14
Ingestão do bezerro, Mcal EM

12

10

0
0 30 60 90 120 150 180 210
Idade do bezerro, dias
Mcal EM dieta sólida + leite Mcal EM leite Mcal EM dieta sólida

Slide: Medeiros et al (2013)


CREEP-FEEDING
Ingestão energética do bezerro do nascimento até a desmama
14
Ingestão do bezerro, Mcal EM

12

10

0
0 30 60 90 120 150 180 210
Idade do bezerro, dias
Mcal EM dieta sólida + leite Mcal EM leite Mcal EM dieta sólida

Slide: Medeiros et al (2013)


CREEP-FEEDING
Ingestão energética do bezerro do nascimento até a desmama
14
Ingestão do bezerro, Mcal EM

12

10

0
0 30 60 90 120 150 180 210
Idade do bezerro, dias
Mcal EM dieta sólida + leite Mcal EM leite Mcal EM dieta sólida

Slide: Medeiros et al (2013)


CREEP-FEEDING
Ingestão energética do bezerro do nascimento até a desmama
14
Ingestão do bezerro, Mcal EM

12

10

0
0 30 60 90 120 150 180 210
Idade do bezerro, dias
Mcal EM dieta sólida + leite Mcal EM leite Mcal EM dieta sólida

Slide: Medeiros et al (2013)


CREEP-FEEDING
Comparação do desempenho de bezerros Nelore com e sem “Creep-
feeding”.
400 100
Diferença
90

Diferença entre tratamentos


350
Controle 299 299
80
300 Creeper
70
kg Peso Vivo

224 291 291


250 60
197

(kg)
200 50
214
150 118 183 40
30
100
112 13,20 k g 20
29 9,90 k g 8,20 k g 7,40 k g
50 5,60 k g 10
0 29 0
0 120 210 266 322 383
Dias
Fonte: Adaptado de Pacola et al., 1989; Pacola et al., 1991.
Slide: Medeiros et al (2013)
CREEP-FEEDING
Comparação do desempenho de bezerros Nelore com e sem “Creep-
feeding”.
400 100
Diferença
90

Diferença entre tratamentos


350
Controle 299 299
80
300 Creeper
70
kg Peso Vivo

224 291 291


250 60
197

(kg)
200 50
214
150 118 183 40
30
100
112 13,20 k g 20
29 9,90 k g 8,20 k g 7,40 k g
50 5,60 k g 10
0 29 0
0 120 210 266 322 383
Dias
Fonte: Adaptado de Pacola et al., 1989; Pacola et al., 1991.
Slide: Medeiros et al (2013)
CREEP-FEEDING
Comparação do desempenho de bezerros Nelore com e sem “Creep-
feeding”.
400 100
Diferença
90

Diferença entre tratamentos


350
Controle 299 299
80
300 Creeper
70
kg Peso Vivo

224 291 291


250 60
197

(kg)
200 50
214
150 118 183 40
30
100
112 13,20 k g 20
29 9,90 k g 8,20 k g 7,40 k g
50 5,60 k g 10
0 29 0
0 120 210 266 322 383
Dias
Fonte: Adaptado de Pacola et al., 1989; Pacola et al., 1991.
Slide: Medeiros et al (2013)
CREEP-FEEDING
Comparação do desempenho de bezerros Nelore com e sem “Creep-
feeding”.
400 100
Diferença
90

Diferença entre tratamentos


350
Controle 299 299
80
300 Creeper
70
kg Peso Vivo

224 291 291


250 60
197

(kg)
200 50
214
150 118 183 40
30
100
112 13,20 k g 20
29 9,90 k g 8,20 k g 7,40 k g
50 5,60 k g 10
0 29 0
0 120 210 266 322 383
Dias
Fonte: Adaptado de Pacola et al., 1989; Pacola et al., 1991.
Slide: Medeiros et al (2013)
CREEP-FEEDING
Uso da tecnologia (1/3):
Após avaliação econômica!

•Recuperação de escore corporal dos bezerros para desmame ao peso


“normal”;
•Para maior peso à desmama  Mais indicado para sistemas com
confinamento logo após a desmama;

Slide: Medeiros et al (2013)


CREEP-FEEDING
Estrutura de creep-feeding para 50 bezerros

Barbosa, 2013.

Slide: Medeiros et al (2013)


CREEP-FEEDING

Slide: Medeiros et al (2013)


NOVILHAS DE REPOSIÇÃO

• A idade ao primeiro parto no Brasil: ~40 meses;

• Recria de fêmeas é direcionada a pastagens piores, elevando a


idade à reprodução;

• Soma-se a isso o azebuamento do rebanho levando a reprodução


tardia;

• Algumas raças taurinas conseguem alcançar o primeiro parto com 24


meses.
NOVILHAS DE REPOSIÇÃO
Tabela 1 – Etapa 1 do acompanhamento: consumo de suplemento e ganho de
peso (médias ± erro-padrão da média) de novilhas Nelore, em pastagens de
Brachiaria brizantha cv. Marandu

Suplemento
Item
Foscromo 45 Águas
Dias em avaliação 72 72
Nº de piquetes 4 4
Nº de animais 39 38
PV inicial (14/11/2012) 251±2 249±2
PV final (24/01/2013) 311±2 325±2
Consumo de suplemento (g/animal/dia) 126±6 613±22
Ganho de peso (g/animal/dia) 540±0,03 770±0,04

Gomes et al. (2013)


NOVILHAS DE REPOSIÇÃO

•“Viabilidade Econômica da Suplementação Alimentar de


fêmeas Nelore para reduzir a Idade a Primeira Cria (Costa et
al., 2012)”

•IPC 24 meses x IPC 36 meses


•IPC 24:
•Desmame: maio / 7 meses / 180 kg PV
•Estação de monta: janeiro / 15 meses / 280 kg PV
•IPC24: não viável economicamente
NOVILHAS DE REPOSIÇÃO

•“Viabilidade Econômica da Suplementação Alimentar de


fêmeas Nelore para reduzir a Idade a Primeira Cria (Costa et
al., 2012)”

•IPC 24

Manejo alimentar pós-desmama:


•suplementação 1% PV
•Maio a janeiro
•GMD: 420 g/dia
NOVILHAS DE REPOSIÇÃO

IPC 24
Manejo alimentar pós-desmama:
•suplementação 1% PV
•Maio a janeiro
•GMD: 420 g/dia

Reanálise para ponto de equilíbrio:


•R$0,34 /kg de suplemento
•Mercado: ~R$0,50
NOVILHAS DE REPOSIÇÃO
IPC 24 - alternativas
Diminuição no preço do suplemento
• Uso de de subprodutos (resíduo de soja, baginha de feijão etc.
• Dificuldade: risco de contaminação / diminuição no desempenho

Creep feeding
• Elevar o peso à desmama, precisando de níveis menores de
suplementação na seca subsequente.

Pastos de primeiro ano de integração lavoura pecuária


• Alta disponibilidade e qualidade ao longo da seca - melhor oportunidade
SÍNTESE DO CONTEÚDO

• O manejo alimentar da cria tem que ser visto não só do ponto


de vista da fertilidade.

• Um manejo nutricional adequado no fim da gestação pode ter


benefícios na vida adulta do animal.

• A pecuária de ciclo curto exige trabalho mais intensificado na


recria, o que inclui também o uso de estratégias de
suplementação e talvez de creep feeding.
Obrigado.

Rodrigo da Costa Gomes


Pesquisador da Embrapa Gado de Corte

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