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RESUMO JARDIM DAS AFLIÇÕES

28 – O IMÉRIO CONTRA-ATACA

1) Impulso imperialista dos EUA nasceu ainda quando era colônia: impulso colonialista se
transforma em impulso imperialista.
2) Lista a cronologia da expansão de 1793 a 1906
3) Guerra Civil, que interrompeu a expansão externa, é indício mesmo dessa tendência
imperialista em razão da extensão do conflito. Estranha a cegueira dos lideres
europeus para o que acontecia nos EUA.
4) A cegueira não deve ao eurocentrismo, que é apenas o nome do fenômeno. “ Se não
enxergaram, portanto, o que se passava nos EUA, só pode ter sido por uma
razão: porque aquilo que ali acontecia era diferente de tudo o mais. Tão
diferente, tão original, que o aparelho ótico europeu não tinha sensibilidade para
o tipo de estímulos que dali provinham. Para a velha mentalidade, o fenômeno
americano era invisível porque era impensável: faltavam-lhe as categorias para
pensá-lo”
5) Características dos EUA: a) nasce de uma revolução anti-imperial; b)era uma
democracia, e os europeus não conseguiam reconhecer imperialismo sem a figura de
um imperador; c) política imperial incoerente e descontínua; d) além de democrática,
era capitalista, ou seja, interesses privados era fortes e influentes, aparentemente
entrando em choque com interesses de um Estado imperialista.
6) Era uma metamorfose da ideia imperial, não sendo clara para quem a pensava na
forma antiga. É a terceira metamorfose dessa ideia na história. A primeira ocorre
quando se funde à noção de cristianismo; a segunda com a ideia de nação.
7) A terceira é resposta à crise do domínio colonial. Agora, a ideia de império se funde
com as ideias de independência, república, democracia, livre-pensamento.

§ 29. Aristocracia e sacerdócio no Império americano (I)

1) A quarta translatio imperii traz o império para o Novo Mundo e realiza o


que Napoleão não conseguiu: “Império leigo, que, incorporando em si sob
uma forma laicizada e desespiritualizada os valores cristãos, assumiria o
encargo de substituir a Igreja — todas as igrejas — na condução da vida
interior das gentes, e de unificar sob a nova religião laica o mundo
Ocidental. O Oriental também, se possível”.
2) Ele então vai delinear os “princípios desse Evangelho” que vai se tornar a
nova religião da humanidade.
a. Religião é maçônica, mas mistificação de seu papel e atuação afetam
tanto seus adeptos quanto seus adversários. “O secreto não age,
historicamente, em linha reta, mas pela eficácia do caos, da divisão e
da suspeita que afeta aqueles mesmos que o servem”. Mas existem
certas constâncias, “uns quantos traços puramente formais” que,
modelando a cabeça dos fundadores do Império, acabam
influenciando nossas mentes.
b. Maçons são membros de uma aristocracia, filiados a uma tradição
milenar, têm conhecimentos que os que não são iniciados não têm; é
a estranha convivência entre esoterismo e democracia, antagônicos
como segredo e difusão.
c. Se é assim, teóricos político dos últimos séculos que interpretam a
modernidade como época de processo de democratização estão
errados.
d. Nos Tempos Modernos, ao contrário, há uma reciclagem da casta
aristocrática, e essa época assim se caracteriza:
i. Substituição da aristocracia de sangue pela aristocracia
iniciática;
ii. Aumento do poder secreto/discreto
iii. Concentração do poder ao mesmo tempo em que ocorre
expansão dos direitos nominais: “Aristocracia de fato e
democracia no papel”.
e. Ressalta: não é uma visão conspiratória; a maçonaria não tem o
domínio de todas as etapas de todos os processos; o poder na
maçonaria está ligado ao domínio da imaginação, da linguagem
simbólica dos seus integrantes que, por sua vez, dominam a política
dos EUA; como não existe uma doutrina maçônica rígida e
organizada, liberdade de debates e discussões convive com rigidez
dos ritos e símbolos iniciáticos; na vida política norte-americana o
aspecto exterior (exotérico) nada mais é do que a expressão de
debates internos das lojas maçônicas (aspectos esotéricos).
f. É a inauguração da “Era do Segredo”.
g. Influência maçônica tem mais aspecto sacerdotal do que
propriamente político
h. A influência dos membros das sociedades secretas e da simbologia e
ritualística esotéricas alcançou os intelectuais, escritores, poetas que,
por sua vez, disseminaram essa influência pelo público. Lista
exemplos de pessoas que sofreram essa influência: Mário de Sá-
Carneiro, Fernando Pessoa, Yeats... “É precisamente por meio de
intelectuais e escritores que organizações esotéricas e pseudo-
esotéricas exercem sua influência sobre toda a sociedade uma
influência que afeta antes os estratos profundos da psicologia coletiva
do que a superfície da História política. Não deixa de ser curioso que
aqueles mesmos intelectuais que difundem visões fantasiosas,
atribuindo às sociedades secretas um poder demiúrgico inexistente,
não se dêem conta de que o único poder efetivo que elas exercem é
precisamente aquele a que servem de instrumento: o poder de moldar
o imaginário social”.
i. No entanto, muitos intelectuais, ao contrário, desprezavam esse tema
ao ponto de não dar atenção devida ao fenômeno, o que contribuiu
para que ele não fosse entendido objetivamente. Influenciáveis e
desprezadores acabaram por tornar ainda mais obscuro a influência
dessas sociedades secretas. Mistificação e fuga do tema.
j.

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