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Discente: Mayla da Silva Henrique – UFMA 2020.

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@vishvouestudar

Direitos da Personalidade
Os direitos da personalidade são direitos necessários para a realização da personalidade. São
subjetivos, pois atingem todos os indivíduos. Não são regulados de forma exaustiva no CC, é um rol
exemplificativo. São direitos em que a pessoa (pessoa natural) tem para si defender.
As características dos direitos da personalidade são: absolutos (pois são postos a todos as
pessoas); intransmissíveis (não podem ser transferidos a outras pessoas), indisponíveis (não
possuem valor econômico); irrenunciáveis (não podem ser renunciados), imprescritíveis (não se
consomem com o passar do tempo) e extrapatrimoniais (não podem ser qualificados
economicamente).OBS:APENAS SEUS EFEITOS PATRIMONIAIS PODEM SER
TRANSMISSÍVEIS E NOGACIADOS.
A doutrina majoritária indica o jusnaturalismo como fonte dos direitos da personalidade.
Nos casos de ameaça ou lesão a esses direitos o indivíduo poderá reclamar perdas e danos, sem
prejuízos ou sanções, como o prevista na norma do art. 12 do CC.
“Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou lesão, a direito de personalidade, e reclamar perdas e danos,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.”
Legitimidade = pessoa atingida (exceção = cônjuge sobrevivente ou qualquer parente em
linha reta ou colateral até quarto grau nos casos de morte).
As normas previstas nos artigos 13 e 14 dizem respeito a disposição do corpo em vida para depois da
morte. Em regra, é proibida a disposição do próprio corpo que venham a ocorrer diminuição
permanente da integridade física. A doação de órgãos é permitida pelo paragrafo único do art. 13 e
é prevista pela Lei nº 9.434/1997 (alterações Lei nº 10.211/2001).
A pessoa capaz poderá dispor gratuitamente de tecidos, órgãos ou partes do corpo desde que
não cause nenhum prejuízo a sua integridade física ou mental e não cause nenhuma mutilação ou
deformação. Para haver a doação pós morte deve ser constatada a morte encefálica. Caso o indivíduo
não deixe sua vontade de forma expressa será aplicado o art. 4º Lei nº 9434/97. Pessoa morta não
identificada é vedada a remoção de órgãos ou tecidos.

ENUNCIADO 277 DA IV JORNADA DE DIREITO CIVIL ENUNCIADO 276 DA IV JORNADA DE DIREITO CIVIL
O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição
disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo do próprio corpo por exigência médica, autoriza as
científico ou altruístico, para depois da morte, cirurgias de transgenitalização, em conformidade
determinou que a manifestação expressa do doador de com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho
órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, Federal de Medicina, e a consequente alteração de
portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou
prenome e do sexo no registro civil.
restrita à hipótese de silêncio do potencial doador.
Tal enunciado tem fundamento no art. 5º, X, CF, pois fundamenta o constrangimento infligido
as pessoas que se identificam como sendo de um sexo e aparentam ser de outro.
“Art. 15 Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou
intervenção cirúrgica.”
Nesse sentido, o paciente não pode ser constrangido ou submetido a procedimentos arriscados
e nem o médico poderá depender de autorização de quem não pode dá-lo para que o paciente saia do
iminente perigo de vida em que se encontra. Nos casos em que a há discussão com a opção religiosa
do paciente, os tribunais estão optando por salvar a vida do paciente, pois é considerado um bem
maior. Assim, a opção religiosa só será escolhida caso haja outras formas de salvar a vida do paciente.
Outro direito de personalidade disposto no CC é o direito ao nome (art.16 a 19,
respectivamente) “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendido o prenome e o sobrenome.”
“O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.” “Sem autorização,
não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial” “O pseudônimo adotado para atividades
lícitas goza da proteção que se dá ao nome.”
Já a norma contida no art. 20 diz respeito a produção intelectual e à imagem das pessoas, assim
caso haja o mau uso ou o uso indevido da imagem pessoal ou a produção dessa pessoa que cause
prejuízo ou constrangimento deverá ser analisado para que as devidas sanções sejam tomadas. O
próximo direito analisado é o direito à intimidade (art. 21) “A vida privada da pessoa natural é
inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir
ou fazer cessar ato contrário a esta norma.” O direito ao sigilo de correspondência, sigilo telefônico
e também da vida digital é defendido por esse artigo, e conta com tipos penais que visam trazer
sanções a quem os desrespeitar.
Algumas teses divulgadas pelo STF sobre o tema1:

1. O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que
não seja permanente nem geral. (Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF)
2. A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível.
3. A ampla liberdade de informação, opinião e crítica jornalística reconhecida
constitucionalmente à imprensa não é um direito absoluto, encontrando limitações,
tais como a preservação dos direitos da personalidade.

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Revista Consultor Jurídico, 21 de novembro de 2019, 11h19. Acesso em 04 fev 2020. <
https://www.conjur.com.br/2019-nov-21/stj-divulga-11-teses-corte-direitos-personalidade>
4. No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem
não ter a mesma extensão daquela conferida aos particulares, já que comprometidos
com a publicidade, restará configurado o abuso do direito de uso da imagem quando
se constatar a vulneração da intimidade ou da vida privada.
5. Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de
imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. (Súmula 403/STJ)
6. A divulgação de fotografia em periódico (impresso ou digital) para ilustrar matéria
acerca de manifestação popular de cunho político-ideológico ocorrida em local
público não tem intuito econômico ou comercial, mas tão-somente informativo, ainda
que se trate de sociedade empresária, não sendo o caso de aplicação da Súmula
403/STJ.
7. A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada
pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la,
constitui violação a direito da personalidade. (Enunciado 278 da IV Jornada de Direito
Civil do CJF)
8. O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física
fotografada isoladamente em local público, em meio a cenário destacado, sem
nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa, configura dano moral decorrente de
violação do direito à imagem por ausência de autorização do titular.
9. O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano moral in re ipsa.
10. A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito
ao esquecimento, ou seja, o direito de não ser lembrado contra sua vontade,
especificamente no tocante a fatos desabonadores à honra. (Vide Enunciado 531 da IV
Jornada de Direito Civil do CJF)
11. Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o
afastamento de sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao
esquecimento.

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