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Universidade Luterana do Brasil – ULBRA

Curso: Estratégias e soluções eficientes em arquitetura habitacional

Disciplina: Estratégias de flexibilidade Docente: Arq. E Urb. Ma. Ana P. Nogueira


Aluna: Narjara Caumo Scaravonatti Ano/Semestre: 2020/2

FLEXIBILIDADE NO PROJETO: ESPAÇOS NEUTROS, CÔMODO AUTÔNOMO,

ADAPTABILIDADE E ASSOCIAÇÕES

Para termos uma arquitetura flexível, dependemos de diversos fatores a serem


estudados e aplicados. E se hoje termos diversas possibilidades e fatores para
flexibilizar as obras, foi graças a Revolução Industrial que proporcionou inovações
de matéria prima abrindo diversas novas possibilidades de materialidade.

Através do modernismo, percebemos o potencial que foi a Revolução Industrial e o


quanto ela proporcionou evolução na forma de construir. Foi através desse
movimento e de seus princípios que surgiu o esqueleto estrutural, desprendendo a
estrutura das paredes e fachadas, iniciando assim um processo de flexibilidade e
adaptabilidade nas obras.

Nesse período tivemos diversos arquitetos que aplicaram esse conceito de


liberdade de construir de formas variadas, mas todos permitindo a flexibilidade e
autonomia dos espaços. Como exemplo desses profissionais podemos citar Le
Corbusier, que criou os 5 pontos da arquitetura moderna, Mies van der Rohe que
usava o aço como um forte material nas suas obras, tudo graças a Revolução
Industrial, além de ter tido destaque por sua arquitetura minimalista e racional, Aldo
Rossi que falava que a forma é mais forte que qualquer atribuição de uso e por
conta disso, ela deveria atender a diversos requerimentos funcionais, Habraken
que defendia que o usuário deve ter a possibilidade de personalizar o seu espaço,
e para isso, deve ser feita uma arquitetura sem identidade e flexível; entre outros.

A flexibilidade na arquitetura é um desejo tão latente que iniciou no movimento


modernista e se reflete nos dias atuais, sempre na busca por métodos, estratégias
e principalmente tecnologia para aplicar in loco tudo o que é estudado, seja em
teorias seja em projetos.
Da mesma forma que no modernismo foi criado 5 pontos para definir esse
movimento, nos tempos atuais se defende a aplicação de 4 posições que podem
ser aplicadas de forma universal para aplicar a arquitetura flexível nos projetos.
Esses pontos são:

- Elementos Transformáveis: são espaços, que com algumas pequenas alterações,


podem se transformar desde esteticamente até seu objetivo de uso. Como
exemplo, são os teatros, que com algumas modificações, passam de propícios para
espetáculos cênicos a propícios para espetáculos musicais.

- Espaços Adaptáveis: Semelhante aos elementos transformáveis, através de


elementos pode ser mudado seu uso. A diferença é que nesse, os elementos são
efêmeros. Como exemplo temos os estacionamentos, que com o acréscimo de um
palco e alguns equipamentos eletrônicos, ele se transforma em espaço para
eventos.

- Operação Interativa: são espaços que possuem integração do visitante/usuário


com o espaço, a intenção é fazer com que se sintam integrante e participante do
espaço.

- Elementos Móveis: são todos os elementos que podem ser acrescidos ou


retirados com facilidade, dando capacidade de mutação para o espaço, como
cadeiras, mesas, móveis e afins.

Além desses 4 pontos, existem outras possibilidades de criar espaços para que
sejam flexíveis, desde o momento de sua concepção, na etapa de projeto até
mesmo após a obra estar concluída.

Os cômodos autônomos são um exemplo disso. Eles são estrategicamente


inseridos próximos a entrada possibilitando uma independência com o restante da
moradia. Se eles possuírem banheiro, se tornam espaços totalmente
independentes do restante da casa. Seu objetivo é que possa se adaptar a todas
as mudanças na residência, desde se transformando em home offices, até servindo
como quarto de visitas ou até mesmo para acomodar o possível retorno dos filhos
a residência. A palavra que define esses ambientes é multifuncionalidade.

Outro fator que auxilia na flexibilidade da arquitetura são os espaços adaptáveis. A


adaptabilidade é a capacidade de um espaço se transformar de acordo com a
necessidade e a mutação das vidas no ambiente planejado. “É uma estratégia que
assume a condição inquieta e imprevisível das relações familiares, dos
comportamentos e da natureza individual.” (JORGE L., 2012, p. 373) A
adaptabilidade tem como objetivo a economia e transformação dos espaços por um
curto período de tempo juntamente com suas adaptações funcionais. “A
adaptabilidade do espaço interno, além de auxiliar o desenvolvimento de um
comportamento singular, ajusta-se as situações em que a habitação tem uma área
útil reduzida, sendo uma estratégia eficiente para compensar as inadequações e
restrições presentes nesses apartamentos.”(JORGE L., 2012, p. 379). Exemplo
dessa adaptabilidade são os painéis, comumente usados no Japão, com sua
flexibilidade, o mesmo espaço se transforma em área de cocção, depois se
transforma novamente em estar, ou então de meditação, sua retirada pode integrar
externo com interno e ainda ser recolocado novamente e se transformar num
espaço para dormir.

Os projetos que possuem associação refletam bem o poder e a importância da


flexibilidade. É a união ou a separação de corpos independentes ou compartilhar
espaços contíguos. Diferente da ampliação, a associação modifica o uso original
do cômodo para reformular as atividades do espaço físico correspondente. A
associação ajuda a resolver os problemas de rotatividade nas unidades por
resolver/abrigar melhor os problemas a longo prazo, podendo a unidade ficar por
mais tempo na mesma família. Exemplo de associação é a junção de dois
apartamentos, seja na horizontalidade quanto na verticalidade. Ele propicia a
adaptação da planta e seus usos de acordo com as necessidades e mutações
familiares. A associação pode ser aplicada de forma mais simples também, como
a integração de ambientes, com retiradas de paredes e ampliação de ambientes.

A flexibilidade na arquitetura pode ser trabalhada de diversas formas e diversas


técnicas. As mencionas são apenas alguns exemplos de como ela pode ser
trabalhada e aplicada tanto na fase de projeto como após a obra já estar concluída.
A tecnologia está cada dia progredindo mais o que nos proporciona aperfeiçoar
cada vez mais essa técnica e forma de projetar, da mesma forma como a revolução
industrial auxiliou o modernismo e sua evolução na forma de projetar e construir.
Os novos movimentos tendem a voltar a arquitetura cada vez mais para o usuário,
e como o ser humano é um ser mutável, a arquitetura feita para ele tem que seguir
o mesmo caminho.

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