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10. LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CONDUTORES

10.1. INTRODUÇÃO

As ligas metálicas possuem, dentro da área de eletricidade, as mais diversas


aplicações, desde a construção de fios condutores (alta condutividade) até resistências
para aquecimento (alta resistividade). Cita-se que alguns condutores devem ter a mais
alta condutividade possível enquanto que outros devem apresentar certa resistência
mecânica. Em função destes fatores, diversas ligas metálicas podem ser utilizadas,
cada uma com suas propriedades físicas.

10.2. TEORIA ELETRÔNICA CLÁSSICA

Um material condutor consiste num conjunto ordenado de células unitárias de


forma geométrica definida que se repete nas três dimensões. Essa organização
estrutural denominada estrutura cristalina é dotada de elétrons livres que são os
elétrons da camada eletrônica mais externa dos átomos (1,2 ou 3 e - por átomos). São
eles os responsáveis pelas ligações eletrônicas do metal. Os elétrons livres circulam
entre os íons fixos na estrutura. O número de elétrons livres por cm 3 é tão elevado e
seu movimento é tão independente da rede, que se parecem com uma onda de
elétrons ou gás de elétrons. Uma d.d.p. aplicada ao material origina um campo
elétrico que por sua vez provoca um movimento preferencial dos elétrons originando
uma corrente elétrica.

10.3. CONDUTIVIDADE E RESISTIVIDADE ELÉTRICA

Considere o condutor abaixo de comprimento l, sob a ação de uma d.d.p. V


(Fig. 10.1).

Fig. 10.1 - Condutor com comprimento l sob a ação de uma d.d.p. V

A corrente elétrica I que flui por este condutor será função dos elétrons livres,
com carga e, que se deslocam através da seção transversal A com uma velocidade vd
ou seja
I  N . e . vd . A [10.1]
onde N = número de elétrons livres por unidade de volume do material
e = carga do elétron [Coulombs] - [C]
vd = velocidade média de deslocamento dos elétrons [m/s]
A = área da seção transversal do condutor [m2]
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Sabe-se que a velocidade média de deslocamento dos elétrons depende da


mobilidade e dos elétrons no campo elétrico Eo originado pela d.d.p. aplicada, então

vd   e Eo [10.2]
entretanto
V
Eo  [10.3]
l
é possível escrever
V
I  N . e.  e A [10.4]
l
como, pela lei de Ohm
V  R. I [10.5]

onde R é a resistência elétrica dada em [Ohms] ou []. Conclui-se

V
V  R. N . e.  e A [10.6]
l
ou
l
R  ( N . e .  e ) 1 [10.7]
A

O termo (N.e.e)-1 é uma constante que depende do material, é chamado de


resistividade elétrica e e é dado em [.m], então

l
R  e [10.8]
A

O inverso da resistividade é a grandeza denominada condutividade elétrica e


dado em [Siemens/m] ou [S/m]. A resistência é função da geometria do material
enquanto que a resistividade é uma constante que depende apenas do material. A Tab.
10.1 a seguir relaciona os valores de resistividade e condutividade elétrica para alguns
materiais.

10.4. CONDUTIVIDADE TÉRMICA

A transmissão de calor nos metais também pode ser explicada por meio dos
elétrons livres. Quando a nuvem de elétrons se desloca, choca-se com os íons do
sistema cristalino perdendo energia que se traduz em aquecimento do corpo condutor.
Portanto, quanto maior a condutividade elétrica, maior a condutividade térmica t.
Por esta razão os metais, que são bons condutores elétricos, também são excelentes
condutores térmicos.

Tab. 10.1 - Resistividade e condutividade de alguns materiais


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Material Condutividade - e Resistividade - e


(S/m) (.m)
Prata 6,70 x 107 1,50 x 10-8
Cobre 5,85 x 107 1,71 x 10-8
Cu + Be - 2% 2,00 x 107 5,00 x 10-8
Alumínio 3,50 x 107 2,86 x 10-8
Al + Mn - 1% 2,31 x 107 4,30 x 10-8
Níquel 1,37 x 107 7,30 x 10-8
Baquelite 1,00 x 10-11 1,00 x 1011
Polietileno 1,00 x 10-15 1,00 x 1015

Por exemplo, o fundo de certos utensílios de cozinha é de aço inoxidável


recoberto recoberto por uma camada de cobre metálico, para que o calor se distribua
mais rapidamente e mais uniformemente. A prata é ainda melhor condutora que o
cobre sendo por esta razão utilizada para fabricação de talheres como colheres para
café ou chá. A Tab. 10.2 relaciona alguns metais, a condutividade elétrica e a
condutividade térmica.

Tab. 10.2 - Condutividade térmica e elétrica de alguns metais

Metal T (W/m.K) e (S/m)


Ag 415 6,70 x 107
Cu 390 5,85 x 107
Au 293 4,20 x 107
Al 209 3,50 x 107
Ni 95 1,37 x 107
Fe 73 1,02 x 107
Pt 71 0,95 x 107

A condutividade térmica através de elétrons livres (teoria clássica) se aplica


somente aos metais, pois estes possuem um número significativo de elétrons livres
por cm3 (aproximadamente 1023). No caso de sólidos iônicos e covalentes, o calor não
pode ser transmitido pelos elétrons livres, pois estes não tem mobilidade suficiente.
Neste caso a transmissão de calor se dá por meio de “fonons” (quantum de energia
elástica), que se movem com a velocidade do som chocando-se entre si e com os
defeitos da rede cristalina.
Nos polímeros, a transmissão de calor se deve a rotação, vibração ou
translação molecular.
Os isolantes térmicos são, normalmente, materiais porosos e o ar imóvel nos
poros tem baixa condutividade térmica. Com o uso contínuo em temperaturas
elevadas os materiais tendem a sinterizar, elevando a densidade e perdendo as
capacidades isolantes.
A condutividade térmica pode ser definida como a quantidade de calor
transmitida perpendicularmente às seções do material, por segundo, por unidade de
área e por unidade de temperatura, ou seja
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Q l
T  [10.9]
T . t A

Os metais fortemente coesos como Cu, Ag, Fe e Ni são bons condutores de


calor e eletricidade, pois com sua força de coesão impedem as grandes amplitudes de
vibração por parte dos elétrons. Sabe-se que imperfeições e vibrações estruturais
constituem uma resistência a passagem dos elétrons.

10.5. RESISTIVIDADE EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA

O número de elétrons livres por volume, ou seja, a densidade de elétrons livres


num condutor metálico permanece praticamente constante com a elevação da
temperatura. Entretanto, quando a temperatura aumenta, intensificam-se as vibrações
da rede cristalina e os elétrons encontram obstáculos na sua trajetória quando sob
influência de um campo elétrico. Com isto ocorre a diminuição dos caminhos médios
livres dos elétrons, diminuindo suas mobilidades e, consequentemente, a
condutividade do metal diminui e sua resistividade aumenta. O coeficiente de
temperatura para a resistividade R para os metais é positivo e pode ser escrito como

d e
 R   e 1 [10.10]
dT

Dentro de um intervalo estreito de temperatura pode-se considerar e(T) uma


função linear (Fig. 10.2) . Neste caso

 2   1 [1   R (T2  T1 )] [10.11]

onde 1 é a resistividade a temperatura T1 e onde 2 é a resistividade a temperatura


T2.

Fig. 10.2 - Variação da resistividade em função da variação de temperatura.


Assim, se o é a resistividade a 20 oC (temperatura ambiente tabelada), então a
resistividade a qualquer temperatura pode ser escrita como

 e   o ( 1   T ) [10.12]

Na realidade, esta é uma simplificação da expressão mais completa


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e  o (1   R T   R  2   R  3 ... ) [10.13]

Entretanto, para os metais puros: R  10-3 oC-1


R  10-6 oC-1
R  10-9 oC-1
Na prática despreza-se os valores de R e R por serem muito pequenos. O
gráfico a seguir (Fig. 10.3) mostra a variação da resistividade com a temperatura para
alguns metais.

Fig. 10.3 - Variação da resistividade com a temperatura para alguns metais

O Coeficiente R tem valor de aproximadamente 0,004 K-1 para metais puros e


geralmente mais baixo para ligas.

10.6. RESISTIVIDADE RESIDUAL

A resistividade elétrica e [.m] de um material depende, não apenas da


temperatura, mas das impurezas e imperfeições estruturais. Assim

 e  T   R   R   F   Q [10.14]

onde T = resistividade devido a excitação térmica


F = resistividade devido a imperfeições físicas da estrutura cristalina
Q = resistividade devido a composição química do material
R = resistividade residual

O gráfico a seguir (Fig. 10.4) mostra a influência da adição de algumas


impurezas na resistividade elétrica do cobre a temperatura ambiente.
Uma impureza ou um defeito na rede perturba a regularidade da estrutura
cristalina e a resistividade aumenta. A resistividade residual independe da temperatura
e, para um metal puro é nula.

A variação da resistividade segue a regra de Matthiessen:


 O aumento da resistividade por adição de impurezas independe da temperatura
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 O aumento da resistividade por aumento da temperatura independe da


concentração

Fig. 10.4 - Influência de impurezas na resistividade elétrica do cobre.

O gráfico a seguir (Fig. 10.5) mostra a variação da resistividade com a


temperatura para 3 materiais A, B e C

Fig. 10.5 - Variação da resistividade em função da temperatura para 3 materiais

Analisando o gráfico pode-se concluir:


 O material C corresponde a um material puro (ideal) onde R = 0 (sem
imperfeições)
 O material B é um material comum, parcialmente puro
 O material A corresponde a um material com alta impureza

10.7. RESISTIVIDADE DE LIGAS


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Qualquer violação da estrutura ordenada dos metais tende a aumentar a sua


resistividade. Quando dois metais fundem juntos, cristalizam-se numa estrutura
combinada e os átomos de um metal penetram na rede cristalina do outro aumentando
a resistividade. O gráfico a seguir (Fig. 10.6) mostra a resistividade elétrica de ligas
Cu-Ni em função da temperatura.

Fig. 10.6 - Variação da resistividade de ligas Cu-Ni em função da temperatura

Os gráficos a seguir mostram a e (Fig. 10.7-a) e o coeficiente de temperatura


para a resistividade R (Fig. 10.7-b) de uma solução sólida de dois metais em função
da composição de cada um. A curva de resistividade tem um máximo de uma certa
razão entre as quantidades dos elementos de liga.

10.7 - (a) Variação da e de uma liga de dois metais em função da concentração -


(b) variação do coeficiente R
Quanto ao coeficiente R pode-se observar que metais puros possuem valores
relativamente altos, diminuindo consideravelmente à medida que formam ligas. As
variações da e e R podem ser explicados pelo fato de que uma liga tem uma
estrutura muito mais complexa do que metais puros.

Adotando a regra de Linde, a variação da resistividade de um metal devido a um


percentual de átomos de soluto é proporcional ao quadrado da diferença entre os
números atômicos entre a concentração do soluto Zsoluto e solvente Zsolvente, ou seja
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 e  ( Z soluto  Z solvente ) 2 [10.15]

O gráfico abaixo (Fig. 10.8) mostra que o Fe adicionado ao Cu aumentará


muito mais a resistividade do Cu do que o Ni adicionado ao Cu.

Fig. 10.8 - Variação da resistividade em ligas em função da concentração

Em soluções diluídas, um pequeno aumento no percentual do soluto causa


uma elevação considerável na resistividade enquanto que, em soluções concentradas,
a resistividade varia pouco. Isto ocorre porque, em soluções diluídas, a perturbação é
de uma estrutura quase perfeita, enquanto que na liga concentrada, a estrutura já está
deformada e uma elevação do percentual do soluto causa pouca perturbação.
Pode existir ainda o caso de uma liga de dois metais resultar numa
cristalização separada dos elementos sem formar solução sólida. Como, neste caso, o
que se tem é uma mistura dos dois elementos e não uma dissolução de um no outro, a
rede cristalina de cada elemento não é distorcida. Nesse caso, a resistividade varia
quase que linearmente como mostra a Fig. 10.9 a seguir.

Fig. 10.9 - Variação da condutividade da liga Cu-W em função da sua


concentração

10.8. RESISTIVIDADE EM FUNÇÃO DA DEFORMAÇÃO

A resistividade dos metais varia quando os mesmos são submetidos a esforços


mecânicos (tração ou compressão). Isto é resultado da variação das amplitudes das
vibrações dos átomos na rede cristalina. Estas emplitudes aumentam na tração e
diminuem na compressão. Quando as vibrações da rede aumentam em amplitude, a
mobilidade dos elétrons diminui e a resistividade aumenta e, inversamente, uma
redução da amplitude das vibrações causa uma queda na resistividade. Deformação
plástica geralmente tende a elevar a resistividade dos metais devido a distorções da
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rede cristalina. Para trazer a resistividade a seu valor normal, submete-se o metal a
uma recristalização devido a um tratamento térmico (recozimento).

10.9. CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS METAIS

Para escolha do material deve-se considerar as características:


 Elétricas
 Mecânicas
 Térmicas
 Magnéticas

Cobre
 Características:
Baixa resistividade (só a prata é maior)
Coloração avermelhada característica
Fácil deformação a frio e a quente
Alta condutividade térmica
Soldabilidade fácil
Resistência à corrosão ao ar atmosférico
Aceita revestimentos metálicos
 Obtenção:
Matéria-prima : sulfetos de ferro com 3% de Cu (CuFeS 2)
Concentrados importados para industrialização interna
Principais jazidas : Congo, USA, Chile, Espanha
Minério  tratamento por metalurgia extrativa  Cu metálico
Cu metálico  Cu eletrolítico - cfc - (99,9% Cu)  fusão  lingotes (80-
100kg)
Lingotes (80-100kg)  trefilação  recozimento (500-560 oC)
 Tipos:
Cu duro (encruado) : e = 1,7934 .cm
Cu mole (recozido) : e = 1,7564 .cm
Cu meio-duro : e = 1,7837 .cm
Cu padrão internacional : e (condutividade) = 100%
Cu recozido, alta pureza, eletrolítico, com máximo de 0,03 - 0,04% O 2 como
impureza
 Propriedades físicas:
Peso específico : 8,9 g/cm3
e = 1,7241 .cm
e = 5,8 x 107 S/m (100%)
Ponto de fusão: 1083 oC
Condutividade térmica : 3,88 W/cm.oC
Resistência à tração : 22 kg/mm2

Alumínio
 Características:
Metal dúctil, maleável
Cor branca prateada
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Alta resisitência à corrosão


Fácil conformação
Mais leve que o Cu
Produção abundante no país (preço baixo)
 Utilização:
Cabos e fios condutores
Fios telefônicos
Folhas de capacitores
Instalações elétricas em aviões (mais leve)
Equipamentos portáteis (mais leve)
Locais com ambientes agressivos
 Obtenção : A partir da bauxita (50% Al2O3 + 7% SiO2 + ...).
 e = 3,6 x 105 S/cm (62%).
 Para fins eletrotécnicos : máximo de 0,5% de impurezas.
 e Al  1,6 e Cu.
 Resistência à tração : 9,1 kg/mm2.
 Peso específico : 2,7 g/cm2 (30% Cu).
 Ponto de fusão : 660 oC.
 Boa estabilidade ao ar com rápida oxidação e formação de uma película de Al2O3.
 Para melhores características protetores realizar anodização ou cromatização.
 Na liga Cu-Al ocorre corrosão galvânica e pontos de contato devem ser isolados.
 Tipos de solda utilizadas : elétrica ou oxi-acetilênica (solda Pb-Sn não utilizável).
 Difícil fixação de verniz isolante (anodização e cromagem).

Ferro e aço
 Boa resistência mecânica (tração compressão), ferromagnetismo.
 Peso específico : 7,85 g/cm3.
 Ponto de fusão : 1528 oC.
 Aço : e = 18,85 .cm (e = 9,2%).
 Fe : e = 10 .cm (e = 17,2%).
 Inox : e = 108 .cm (e = 1,6%).
 Aço-carbono : 0,008 - 2,0% C.
 Ferro fundido : mais que 2,0% C.
 Aço-Liga : menos que 2% C + Cr, Ni, Mn, ...
 Quanto maior %C maior a dureza e maior a resistividade.
 Oxidação rápida e exige proteção : galvanização, Cu, Ni, Cr.
 Aplicações:
Condutores elétricos : maior resistência à tração
Materiais estruturais
Chapas de motores e transformadores
Resistências elétricas (Fe-Ni)

Chumbo (Pb)
 Cor cinza, brilho metálico, mole e plástico, alta resistência a corrosão, fácil
soldagem.
 e = 0,21.cm.
 Ponto de fusão : 327 oC.
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 Confecção de folhas (blindagem de cabos com isolamento de papel).


 Acumuladores de Pb-ácido.
 Paredes protetoras de Raios-X.
 Elos fusíveis e solda.
 Ligas Pb-Sb : aumenta a dureza.

Estanho (Sn)
 Branco, prateado, mole, com estrutura cristalina característica (estalos típicos ao
dobrar).
 e = 11,4 .cm (e é elevada e esquenta com aumento da corrente elétrica).
 Ponto de fusão : 232 oC.
 Utilizado em material de solda, revestimento anti-corrosivo.

Prata (Ag)
 Oxida ao ar.
 e = 1,62 .cm (e = 106%).
 Utilizado em pastilhas de contato com baixas correntes.
 Recobrimento para evitar corrosão.

Ouro (Au)
 Estabilidade química, resistência à oxidação.
 e  45 x 104 S/cm.
 Peças de contato na área de correntes muito baixas onde qualquer oxidação
interrompa o circuito.

Platina (Pt)
 Mole, antioxidante (peças de contato, anodos, fios de aquecimento).
 Usado em termoelementos.
 Catalizador, absorvendo H2 e O2.

Mercúrio (Hg)
 Líquido à temperatura ambiente.
 Oxida ao ar com o aumento da temperatura.
 Termômetros, chaves basculantes usadas com sistemas mecânicos.
 Relógios, retificadores, lâmpadas.

Zinco (Zn)
 Proteção : zincagem a fogo, pulverização eletrolítica.
 Pilhas.

Cádmio (Cd)
 Proteção.
 Bateriais Ni-Cd.

Níquel (Ni)
 Revestimentos (não resiste ao enxofre - S).
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 Propriedades ferromagnéticas.
 Fios de eletrodo, anodos, grades, parafusos.
 Termoelementos.

Cromo (Cr)
 Proteção.
 Fios resistivos devido a baixa oxidação e elevada estabilidade térmica e alta e.

Tungstênio (W)
 Alta dureza, quebradiço.
 Filamento de lâmpadas incandescentes: T  2000 oC;
e  100 .cm (20 vezes e Tambiente).

10.10. CARBONO

 Material não metálico.


 Resistividade diminui com aumento de temperatura e  < 0.
 Forma cristalina:
Diamante : (cfc) e e = 5 x 1012 .m
Grafite : (hexagonal) e e = 1,5 x 10-5 .m.
 Forma amorfa : agrupamento de átomos de modo caótico e aleatório:
Carvão de lenha
Negro de fumo
Hulha
Antracito
 Aplicações:
Eletrodos (espectroscopia de emissão)
Cápsulas de microfone (onda sonora provoca variações na sua resistência)
Peças de contato
Resistores

10.11. CONDUTORES COMPOSTOS

Condutores formados de materiais condutores diferentes.


 Exemplos:
Fio de aço recoberto de Cu (Copperweld)
Fio de aço recoberto de Al (Alumoweld)
Cabo de Al com alma de aço (A.C.S.R)
 Copperweld : Cu fundido despejado sobre o aço.
 Alumoweld : Al em pó sobre o aço (calor e pressão).
 Cabo de Al com alma de aço : fios de Al tocidos sobre alma de aço.
10.12. LIGAS METÁLICAS

Será dado ênfase especial as ligas de Cu.


Bronze
 Cu + Sn.
 Resiste ao desgaste por atrito.
 Fácil usinagem, resistente à corrosão.
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Liga Cu + Sn + P
 Fios flexíveis (terminais telefônicos).
 Contatos de chaves.

Latão
 Cu + Zn.
 Boa resistência à tração e corrosão.
 Barramentos, varas de subestações.
 Corrosão sob tensão.

Ligas de Cu mais resistente à tração


 Cu + Cr : 0,5 a 3% Cr.
 Cu + Be : 0,4 a 0,9% Be.

10.13. LIGAS METÁLICAS RESISTIVAS

As ligas metálicas resistivas devem apresentar:


 Resistividade na ordem de 10-6 .m e R nulo.
 Maior estabilidade térmica e bom comportamento químico à temperatura
ambiente; Tmax de serviço não deve ser ultrapassada.
 Algumas tem fina película de óxido protetor. Se liga-desliga frequentemente o
filme rompe reduzindo a durabilidade do componente.
 Resistência constante em ampla faixa de variação de temperatura.
 Aplicações:
Reostatos para controle de corrente
Resistência para aquecimento: estufas, fornos
Potenciômetros de fio
Resistência de alta dissipação.

Ligas Ni-Cr
 Alta e e baixo R.
 Resistente a oxidação em altas temperaturas.
 Utilizado na fabricação de resistência para fornos elétricos e aquecimento em
geral.
 Nicromo V : 80%Ni + 20% Cr.
e = 108 .cm
R = 1,3 x 10-4 oC-1
Tmax = 1200 oC.
 Cromax : 30%Ni + 20%Cr + 50%Fe:
e = 100 .cm
R = 1,7 x 10-4 oC-1
Tmax = 1500 oC.
 Cromel : 90%Ni + 10%Cr.

Ligas Ni-Cu
 Termoestável : R não varia com variação da temperatura.
 Uso : termopar, resistência de precisão.
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 Constantan : 40%Ni + 60%Cu:


e = 49 .cm
R = 2 x 10-4 oC-1
Tmax = 600 oC.
 Manganina : 84%Cu + 12%Mn + 4%Ni.
 Prata alemã : 18%Ni + 64%Cu + 18%Zn:
Utilizada em contatores.
 Cuprothal : 44%Ni + 56%CuMn:
Resistores de fios para altas dissipações.

Ligas de Ni
 Invar:
36%Ni + 63,65%Fe + 0,35%Mn
Coeficiente de dilatação com a temperatura T muito pequeno.
 Alumel:
94%Ni + 3%Mn + 2%Al + 2%Si
Fio resistivo, termopar.

Ligas de Al
 Duralumínio:
4%Cu + 0,5%Mg + 0,5%Mn + Al
Fios, cabos, chapas condutoras, dissipadores térmicos.
 Cabo de Al:
0,3 a 0,5%Mg + 0,4 a 0,7%Si + 0,2 a 0,3%Fe + Al
Cabos leves para linhas aéreas

Sn-Pb
 Utilizada em soldas, ligas fusíveis, revestimento protetor de fios de Cu e circuito
impresso
 Ponto de fusão : Pb (327 oC), Sn (232 oC), 62%Sn + 38%Pb (183 oC)

Cr-Fe
 Utilização em aquecimento elétrico em geral
 Ligas : Cr + Al + Co + Fe (kanthal A-1, kanthal A, kanthal DS)

Ni-Fe
 Mais barato e de menor resistividade que o nicromo.

10.14. EFEITO SKIN

Num condutor sob a ação de um campo eletromagnético alternado a densidade


de corrente é menor no interior e maior na seção mais externa. O efeito é resultante da
atuação da f.e.m. autoinduzida no condutor e é maior quanto maior a frequência de
excitação. Pode-se concluir então:
 Corrente contínua: distribuição de corrente uniforme no condutor.
 Corrente alternada: distribuição de corrente na periferia do condutor.
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Por este motivo, pode-se utilizar condutores ocos para atenuar as perdas pelo
efeito Skin.

10.15. SUPERCONDUTIVIDADE

Por volta de 1911 Kammerlingh Onnes ao estudar metais de alta pureza à


baixíssimas temperaturas constatou que a resistividade se tornava nula. A temperatura
em que este fenômeno ocorre é conhecida como Temperatura Crítica [Tc]. Para o
mercúrio a temperatura crítica é aproximadamente 4,15 K.
Se o supercondutor for mantido a T < Tc, uma corrente pode circular no
material centenas de anos sem que haja necessidade de f.e.m. externa.
Como exemplo, cita-se que a 4,2 K o Pb tem e < 10-25 .m e é considerado
um supercondutor, porém o Cu tem e  1,71 x 10-8 .m e é considerado um
condutor. A Tabela 10.3 mostra a temperatura crítica para alguns materiais.
A supercondutividade é também função do campo magnético Hc e densidade
de corrente Jc aplicados.

Tabela 10.3 - Temperatura crítica alguns materiais.

Material Tc [K]

Ti 0,39
Mo 0,92
Al 1,18
Zn 0,86
Sn 3,72
Pb 7,19
Hg 4,15
Nb 9,50
Nb3Al 18,00
Nb3Sn 18,50

Até meados dos anos 80 a supercondutividade era obtido em materiais com


temperaturas abaixo dos 200 oC negativos, temperaturas estas atingidas através do
hidrogênio líquido. A partir deste período, novos materiais (ligas cerâmicas
supercondutoras) foram descobertas trazendo este fenômeno para temperaturas
próximas dos 100 oC negativos, temperaturas estas possíveis a partir do nitrogênio
líquido.
O fenômeno da supercondutividade baseia-se na interação atrativa entre
elétrons que permite separar o estado fundamental dos estados excitados, através de
um gap de energia. As propriedades físicas são consequência deste gap.
Como aplicações cita-se eletroímãs de altíssimo campo magnético.
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QUESTÕES

1. O que é resistividade e condutividade elétrica? De que dependem?

2. O que acontece com a resistividade com o aumento da temperatura? Por quê?

3. Quais os fatores individuais que contribuem para a resistividade total de um corpo?

4. O que acontece com a resistividade com o aumento de uma impureza?

5. O que acontece com a resistividade dos metais em função do esforço mecânico?

6. Quais as principais características do ferro (aço)?

7. Quais as principais características do carbono?

8. O que são condutores compostos? Dê exemplos?

9. Quais as principais ligas metálicas resistivas e qual a principal característica de


cada uma?

10. O que é a supercondutividade? Em quais temperaturas ocorre? Porque não há


dispositivos comuns a base supercondutores?

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