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Universidade Federal da Paraíba

Fernanda Gomes Cavalcante (20200028626) – Engenharia Civil

Resumo: Psicologia do Trabalho: aspectos históricos, abordagens e desafios atuais, por


Luís Henrique da Costa Leão

O campo da psicologia do trabalho


A psicologia do trabalho tem como característica marcante a interdisciplinaridade, ou
seja, mantém contato direto com várias disciplinas e campos do conhecimento, como a
antropologia e a sociologia, e, com cada um deles constrói conhecimento sobre o
trabalho.
A área da psicologia do trabalho é vasta, com bastante pluralidade e diversidade de
vertentes e formas de pensar, porém, todas, discutindo um propósito em comum que é o
estudo dos fenômenos relacionados aos processos organizacionais do ser humano. O
bem-estar do trabalhador.
É uma área científica e profissional bastante heterogênea, um conjunto de ideias e
práticas complexas, que mantém conexões e compartilham de pensamentos e conceitos
com uma vasta quantidade de áreas e matrizes.
A emergência da psicologia do trabalho
Devido ao avanço da técnica e as mudanças nas relações sociais, a urbanização e a
industrialização se aceleram. Inserido no contexto de industrialização, principalmente
nos Estados Unidos da América (EUA) e Europa, surgem práticas da psicologia em
relação ao trabalho em cenários político-econômicas do agitado século XX.
O intuito dessas práticas, no início, era contribuir para diminuir problemas do ser
humano na esfera das fábricas. Efetivamente, a ênfase da psicologia no século XX
estava na procura de resolução de problemas e conflitos individuais e coletivos
relacionados a determinados locais e instituições como indústrias, escolas, prisão, entre
outros.
Abordagens das relações psicologia e trabalho
A partir da Revolução Industrial, o capitalismo gerou uma ideia do trabalho na esfera
econômica que tenha relação com a venda da mão de obra. Ou seja, formas de trabalho
que antes não tinham cunho econômico e lucrativo, como atividades domésticas e
sacerdotais perdem o espaço e o impacto depois do surgimento da sociedade capitalista,
onde o homem começa a vender sua força de trabalho e assim, o trabalho assalariado se
torna o conceito conhecido e unicamente aceito pela sociedade pós Revolução Industrial
e o capitalismo. A psicologia do trabalho aí surge com o intuito de contribuir para o
avanço das atividades econômicas minimizando o esgotamento.
Um ponto importante é que, com as transformações do século XX, como a ciência, a
medicina e a própria mudança da sociedade, acontece a interferência nas noções sobre
trabalho, diversificando assim o campo das relações do trabalho no Brasil.
A psicologia no universo organizacional
Um elemento que une as categorias psicologia e trabalho é a organização, que tem seu
conceito além do campo industrial, abraçando vários ambientes como hospitais,
sindicatos e etc.
A psicologia organizacional surge pela influência de conceitos da sociologia e
antropologia e pelo desenvolvimento da psicologia social, trazendo novos conceitos e
métodos. O objeto de estudo da psicologia organizacional está na “intersecção das ações
da pessoa e da organização, como um todo complexo, dinâmico, inserido em uma ampla
conjuntura” (ZANELLI, 1994, p. 104).
A eficiência é o objetivo, e para chegar nela é preciso combinar as necessidades
individuais dos trabalhadores com as exigências da organização.
Por fim, essa psicologia de trabalho pretende avaliar os comportamentos que são
consequência dos processos de um local formal onde se exercem tarefas. Problematiza o
que acontece dentro desses lugares de trabalho ou organizações formais e a gestão do
comportamento individual e coletivo.
As perspectivas da psicologia (social) do trabalho
Outros tópicos sobre a psicologia do trabalho surgem na Europa em que se percebem
análises que articulam psicologia e marxismo.
Na Itália, por exemplo, outra psicologia relacionada ao trabalho surge relacionada aos
movimentos trabalhistas de luta por saúde no trabalho. Se trata de uma psicologia do
trabalho de grande importância e impacto para o Modelo Operário Italiano (MOI), cujo
principal autor foi Ivar Oddone. Seu foco estava em reencontrar a experiência dos
trabalhadores para a mudança das nocividades do ambiente operário.
Essa psicologia enfatizou a redescoberta da subjetividade dos operários em oposição à
ação dos técnicos e ressaltou seu papel de agente de mudanças nos processos de
produção. Essa perspectiva vai influenciar diretamente o surgimento do campo da saúde
do trabalhador no Brasil e o desenvolvimento da clínica da atividade e da ergologia no
contexto francês.
Finalmente, enfoca-se que essa psicologia (social) do trabalho tem a intenção de
entender e intervir em diversos âmbitos do mundo do trabalho a partir de referenciais
críticos e não positivistas, implicada na transformação da sociedade e na emancipação
humana.
Abordagens clínicas do trabalho
Uma abordagem que emergiu sob influências da ergonomia foi a chamada clínica do
trabalho, que busca a compreensão da relação subjetividade, saúde e sofrimento. A
quantidade de abordagens dessa perspectiva são bastante heterogêneas, e dentre as
principais representantes estão a psicossociologia clínica (Eugene Enriquez, Vicent
Gaulejac), psicodinâmica do trabalho (Christophe Dejours, Pascale Molinier), clínica da
atividade (Yves Clot) e ergologia (Yves Schwartz).
Essas vertentes teórico/metodológicas têm em comum a compreensão do trabalho como
atividade do sujeito, complexa e intersubjetiva, que mobiliza dinâmicas coletivas de
criação de normas e formas particulares de agir, irredutíveis às prescrições.
Desafios e perspectivas
Como desafio teórico-prático, tem destaque a importância de novos estudos e pesquisas
multidisciplinares, que abordem a psicologia do trabalho no geral, em sua total
complexidade, que não seja o conhecimento já existente.
A falta de pesquisas e práticas da psicologia do trabalho em relação a agricultura,
campo de enorme importância no Brasil. Assim, existe a necessidade de se abordar
questões que envolvem os trabalhadores do campo e as organizações familiares de
produção dentro do contexto da psicologia do trabalho.
É preciso pensar novas relações entre a psicologia do trabalho e atividades consideradas
fora desse campo. A disposição de abertura para constituir novos diálogos com áreas e
temáticas que tradicionalmente não constituem seu objeto pode ser considerada fértil
para o avanço do conhecimento e das intervenções nas relações psicologia e trabalho.

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