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Empreendedorismo
ME. WALDEMAR BARROSO MAGNO NETO
Híbrido
GRADUAÇÃO
Empreendedorismo
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
http://lattes.cnpq.br/3967597911016291
15
Modelo de
Desenvolvimento
de Clientes
43
Modelo
de Negócios
67
Desenvolvimento
Modelo de Negócio: de Clientes:
Segmento de Cliente Fontes de Receita,
e Proposta de Valor Recursos Principais,
Atividades Chaves
95 175
Desenvolvimento de
Cliente: parcerias
principais, estrutura
Produto e Mercado
de custo e avaliação
do modelo
de negócio
123 203
Desenvolvimento
Modelo de Negócio: do Cliente:
Canais e Validação, Criação
Relacionamento da Demanda
e da Empresa
151 229
21 Modelo Hexagonal dos 6 (seis) tipos
de Personalidade
71 Modelo de Negócios
111 Elementos de valor
207 Hierarquia da Parceria com Fornecedores
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Introdução ao
Empreendedorismo
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE I 17
Tenho trabalhado com engenheiros, alunos civis cimento disso, dei todo o apoio para a adoção da
e militares de escola de Engenharia. Observo que nova prática de planejamento. Após a introdução
eles nos surpreendem pela criatividade e pela busca do novo modelo, chegamos a ter um aumento de
incessante pelo atendimento e pela solução do pro- produtividade em determinado processo em cer-
blema do cliente. Ainda, têm coragem de mudar o ca de 500%. Isso ocorreu há mais de 10 anos e, até
modelo de negócio (pivotam) quando percebem que hoje, o modelo de planejamento está em utilização
não estão atendendo às necessidades dos clientes. na organização e já foi aperfeiçoado.
Veremos, a seguir, um pouco sobre o intraem- Sobre risco, deve-se minimizá-lo na fase inicial
preendedorismo, denominação de empreende- do negócio, a fim de evitar o dispêndio desneces-
dorismo quando ele ocorre no interior de uma sário de recursos até que o negócio se sustente.
organização já existente. Na empresa, muitas vezes na fase inicial, o cola-
Há vários conceitos sobre intraempreendedo- borador toma a iniciativa de um novo negócio e
rismo e Istocescu (2006 apud MAIER; POP ZE- nem mostra a seu chefe. O chefe ficará sabendo
NOVIA, 2011, p. 972) o caracterizou muito bem quando o produto ou serviço estiver em um es-
quando escreveu que o funcionário poderá adotar tágio que possa ser vendido. Para a criação de um
o papel de intraempreendedor, sob a supervisão novo negócio, o fundador contará com o esforço
de superior, e implementar práticas e sistemas ino- pessoal e de outros sócios para que, com pequeno
vadores, no interior da organização, para melhorar investimento, desenvolva o cliente e busque um
o desempenho econômico organizacional. negócio sustentável.
Vale a pena enfatizar que vocês são capazes de Como você pode ver, o empreendedorismo é
empreender. Muitas vezes, faltará apenas o apoio passível de ser praticado por qualquer um, desde
do superior funcional. Para isso, não desista de que esteja atento às oportunidades e esteja dis-
sua ideia. Em determinado momento, inúmeros posto a correr risco. E quais seriam estas oportu-
fatores convergirão para ela ser colocada em prá- nidades? São aquelas relacionadas ao cliente com
tica. Você poderá se tornar um empreendedor ou suas necessidades e suas dores. E os riscos, quais
intraempreendedor. seriam? São aqueles inerentes ao investimento de
Tive uma experiência quando eu dirigi uma recursos com a incerteza do retorno.
organização militar de manutenção e fabricação. Como futuro engenheiro, você deverá em-
Logo que assumi a direção, identifiquei um en- preender em seu próprio negócio, como empreen-
genheiro comprometido, motivado, competente, dedor ou internamente em determinada empresa,
que possuía mestrado em Engenharia de Produ- como intraempreendedor, criando novos produ-
ção. Passado um período, verifiquei a necessidade tos ou novos serviços.
de se introduzir o Planejamento, Programação e Você já deve ter ouvido falar sobre resistência
Controle da Produção (PPCP). Ao comentar com a mudanças, pois bem, quem toma a iniciativa de
ele, fiquei sabendo que já possuía dados estatísti- criar algo enfrenta a descrença de outras pessoas,
cos de tempos de processos internos de produção pelo desconhecimento ou pelo medo de mudan-
e que seria capaz de implementar, no curto prazo, ça do status quo. Para minimizar essa descrença,
o PPCP, pois havia preparado o processo quando pense grande e comece pequeno. Faça experiên-
fez uma disciplina da pós-graduação, porém não cias e mude o plano, se necessário, em função da
foi possível implementar na época. Com conhe- aprendizagem obtida.
18 Introdução ao Empreendedorismo
Similaridades e diferenças uma pessoa que acredita que o empreen-
entre Empreendedorismo e dimento é viável.
Intraempreendedorismo • Um e outro necessitam ter proatividade
e persistência.
Adiante, veremos algumas diferenças e similari- • Em ambos, deve-se aprender ao longo da
dades entre Empreendedorismo e Intraempreen- implementação e mudar rumos em fun-
dedorismo (MORRIS; KURATKO, 2000 apud ção do aprendizado adquirido.
MAIER; POP ZENOVIA, 2011). • Em ambos deve-se criar valor e prestar
contas ao cliente.
• Em ambos, há riscos que devem ser ge-
Similaridades renciados, a fim de serem superados e
• Em ambos os processos há a identificação minimizados.
de oportunidades. • Em ambos, deve-se vender a ideia para
• Os dois exigem um conceito inicial de captar recursos.
negócio que tomará a forma de produto, • Em ambos se exige que o empreen-
processo ou serviço. dedor desenvolva estratégias criativas
• Nos dois casos, há um indivíduo ou uma para captar recursos para alavancar o
equipe movida pela paixão, liderados por negócio.
Diferenças
Quadro 1 - Diferença entre Empreendedorismo e Intraempreendedorismo
UNIDADE I 19
Perfil do
Empreendedor
20 Introdução ao Empreendedorismo
de liderar a organização, de modo a ela servir com soas motivadas serão capazes de estarem aten-
qualidade as organizações militares apoiadas. Or- tas às oportunidades e dispostos a correr risco
denei a mim mesmo utilizar o estado da arte em com determinado objetivo. Somente pessoas que
gestão e empreender, inovar, transformar, enfim, acreditam no que estão fazendo são capazes de
realizar-me, fazer algo que fosse significativo. liderar equipes. Então, para falarmos do perfil
À época, adotamos um modelo tradicional do empreendedor, temos que falar de motivação,
para a produção em série e para a manutenção. liderança, confiança e de capacidade.
Mais uma vez, consultei aquele engenheiro com-
petente, comprometido e ele me recomendou
estudar o Sistema Toyota de Produção. Após o Vocação Empreendedora
estudo, selecionei pessoas motivadas e, juntos,
introduzimos esse sistema no Parque Regional Uma das teorias sobre o perfil empreendedor é
de Manutenção da 5ª Região Militar em Curitiba. a Vocacional. Holland (1997), em seus estudos,
É lógico que tive todo apoio de meus chefes, caracterizou as pessoas por suas semelhanças a
pois o Exército é uma instituição de Estado, que 6 (seis) tipos de personalidades: Realista, In-
depende do apoio do escalão superior em termos vestigativo, Artístico, Social, Empreendedor,
de recursos e de colocação de pessoal. e Convencional, como você poderá ver logo a
Como líder, temos algumas obrigações. Uma seguir na Figura 1. Quanto mais a pessoa se asse-
delas é proporcionar condições para que nossos melha a um tipo, mais ela vai procurar trabalhar
subordinados (colaboradores) estejam motivados, naquela área. Assim, uma pessoa com a perso-
pois a motivação é o combustível para o trabalho nalidade empreendedora buscará empreender e
bem feito. No empreendedorismo, somente pes- montar novos negócios.
Investigativo
Realista Artístico
Convencional Social
Empreendedor
UNIDADE I 21
Como estamos falando de ambiente favorável, Pessoas com personalidade empreendedora
no trabalho também haverá ambientes caracteriza- possuem as seguintes características: preferên-
dos por aqueles 6 (seis) tipos, ou seja: Realista, In- cia por atividades que permitam liderar equipes,
vestigativo, Artístico, Social, Empreendedor e destinadas a traçar objetivos organizacionais que
Convencional. Assim, obtemos as condições favo- tragam ganhos econômicos. Seu comportamento
ráveis ao empreendedorismo quando há a paridade é voltado para a liderança, relacionamento inter-
entre ambiente empreendedor e a personalidade. pessoal, competência para persuadir, habilidade
Outro aspecto a ser lembrado é que a persona- para falar em público, elevada autoestima, com-
lidade não se limita a apenas um tipo dentre os 6 petência para solucionar problemas.
(seis). Normalmente, um predomina e, ainda, estão
visíveis e presentes mais 2 (dois). A combinação des-
ses três determina a própria escolha da profissão. Capacidade Criativa
Como a personalidade é única, constata-se, também,
que características dos 6 (seis) tipos estão presentes Relembrando a ideia que temos de que o em-
na personalidade em maior ou menor grau. preendedor é um super homem, já começamos
Para lembrar, vocês escolheram o curso de En- a compreender que é possível empreender, desde
genharia. A vocação para ser engenheiro pressupõe que haja um ambiente favorável para desenvol-
que possua perfil empreendedor, pois a Engenharia vermos nossas potencialidades.
se destina a solucionar problemas da sociedade Como já visto, há a necessidade de o empreen-
com criatividade e coragem para correr riscos. dedor ser criativo para encontrar uma solução
Segundo o modelo de Holland (1997, p. 270), na única para um problema inédito. Robison (2011,
carreira de Engenheiro de Produção, em um teste p. 3-4) declarou: “o meu ponto de partida é que
vocacional, há a predominância do tipo Empreen- todo mundo tem vasta capacidade criativa como
dedor, seguido de Investigativo e de Convencional. resultado natural de ser um ser humano. O de-
Também estão presentes os outros 3 (três) tipos em safio é desenvolvê-los. A cultura da criatividade
menor grau. Já para outras profissões como Enge- tem que envolver a todos”. Como vemos, a cultura
nharia Civil e Engenharia Elétrica, predomina o da criatividade envolve todos e não uns poucos
tipo Investigativo, seguido de Realista e Empreen- selecionados.
dedor (HOLLAND, 1997, p. 269). Pode-se inferir Outro aspecto a ser destacado é a Era que vive-
que o engenheiro será emprendedor se houver um mos. De forma simplificada, progredimos de uma
ambiente favorável a esse comportamento. sociedade agrícola para a sociedade de trabalha-
As linhas internas que ligam os vértices re- dores industriais - e dela para os trabalhadores da
presentam possibilidades de predominância de era do conhecimento. Atualmente, estamos pro-
tipos de personalidades. Observe o exemplo do gredindo para a era da sociedade dos inventores e
Engenheiro de Produção. Há ligação de Empreen- empáticos, que é a era conceitual, onde se enfatiza
dedor a Investigativo, por uma linha interna e o uso do lado direito do cérebro, que é não-linear,
entre Investigativo e Convencional. e instintivo (PINK, 2006).
22 Introdução ao Empreendedorismo
Características dos Em- ralmente, contam com apoio de parceiros,
preendedores e Intraem- superiores e membros da equipe.
preendedores de Sucesso • Ficam ricos: acreditam que o dinheiro não
seja o objetivo principal.
Nos itens a seguir, você verá quais são os traços • São líderes e formadores de equipes: sa-
que definem o perfil do empreendedor e do in- bem que a liderança é fundamental. Tam-
traempreendedor de sucesso. bém sabem, muito bem, formar e liderar
equipes. Possuem a humildade de buscar
Empreendedores de sucesso ajuda em áreas que não dominam. Possuem
capacidade de identificar e atrair talentos.
Dornelas (2017) apresenta 16 (dezesseis) caracte- • São bem relacionados (networking):
rísticas dos empreendedores de sucesso, conforme são habilidosos em identificar e construir
mostrado a seguir: redes de relacionamento, a fim de empre-
• Visionários: possuem visão de futuro e gá-las na formação de parcerias, no rela-
habilidade para implementar suas aspira- cionamento como os clientes, no contato
ções. com fornecedores.
• Sabem tomar decisões: tomam decisões • São organizados: para atingir os objetivos
oportunas e as implementam de imediato. do negócio, sabem captar e alocar pessoas,
• São indivíduos que fazem a diferença: recursos tecnológicos e financeiros.
agregam valor aos produtos e/ou serviços • Planejam, planejam e planejam: com
que disponibilizam aos clientes. base na visão do negócio, os empreende-
• Sabem explorar ao máximo as oportu- dores planejam suas ações e as atualizam
nidades: são curiosos e atentos às infor- conforme o aprendizado ao longo da exe-
mações que as transformam em conheci- cução dos planos.
mentos para aproveitar as oportunidades • Possuem conhecimento: possuem capa-
em seus negócios. cidade de aprender continuamente pelo
• São determinados e dinâmicos: com- estudo teórico e pela prática. Não se res-
prometem-se com suas ações e as imple- tringem a aprender por conta própria. Bus-
mentam. cam os conhecimentos necessários pelo
• São dedicados: são pessoas comprometi- autoaperfeiçoamento em cursos, com ou-
das com valores e seus encargos. Dedicam- tras pessoas.
-se e sabem conciliar demandas familiares, • Assumem riscos calculados: esta, talvez,
de saúde e de trabalho. seja umas das características mais eviden-
• São otimistas e apaixonados pelo que tes do empreendedor. Ele possui capaci-
fazem: a paixão pelo que fazem é o com- dade para identificar o risco de modo a
bustível para superar as dificuldades e gerenciá-lo, a fim de se ter chances reais
enfrentar os riscos. Acreditam em seus de sucesso.
objetivos e conseguem vender suas ideias. • Criam valor para a sociedade: usam sua
• São independentes e constroem o pró- criatividade para melhorar a vida das pes-
prio destino: querem criar algo novo e soas, pela geração de empregos, inovação,
liderar a conquista de seus objetivos. Natu- oferta de bens e serviços.
UNIDADE I 23
Intraempreendedores
de Sucesso
O Sebrae editou um vídeo que apresenta Govindarajan e Desai (2013, on-line) estudaram
10 características do empreendedor, e é o intraempreendedorismo em diversas empresas.
interessante porque complementa e reforça Segundo eles, muitos dos intraempreendedores
conceitos aqui apresentados. Para saber deixam as empresas sem que tenham implementa-
mais, acesse link disponível em: <https://www. do suas ideias inovadoras por falta de oportunida-
youtube.com/watch?v=xfIU6oukqes>. des. Sabendo que eles são capazes de transformar
uma organização, os autores elencaram padrões
de comportamento, mostrados a seguir, que per-
mitem reconhecê-los, desenvolvê-los e mantê-los.
Possuem Características
pensamento visual de Intraempre- Eles pivotam
endedores
Eles buscam continuamente de sucesso: Essa característica de pivotar
as soluções para os empreen- demonstra humildade para
dimentos de várias maneiras. reconhecer que o processo não
Consideram as vantagens e está atendendo as expectati-
desvantagens das linhas Concentram nas vas, capacidade de apren-
de ação e decidem visões dizado com uma nova
pela mais apro- ação, espírito de
priada. Os intraempreendedores são fo- decisão para
cados em suas visões. Passam gran- mudar.
de parte do tempo pensando em como
irão solucionar os problemas e necessidades
dos clientes para colocar em prática seus proje-
tos na primeira oportunidade.
24 Introdução ao Empreendedorismo
Universidade
Empreendedora
UNIDADE I 25
A Inovação Tecnológica
A Tripla Hélice
26 Introdução ao Empreendedorismo
GOVERNO INDÚSTRIA
UNIVERSIDADE
A Universidade
Classe Mundial
Quando assumi o Comando (também na fun- níveis mais elevados no conhecimento das ciên-
ção de reitor) do Instituto Militar de Engenharia cias fundamentais (Física, Matemática, Química,
(IME), em maio de 2014, recebi alunos que vieram Ciências da Computação).
do exterior por terem participado do Programa Também achei interessante que eles me rela-
do Governo Federal denominado Ciência sem taram que sentiram orgulho de nossa instituição,
Fronteiras. Nossos alunos tiveram a oportunidade pois, mesmo com menos recursos financeiros em
de frequentar universidades de todas as partes relação às estrangeiras, foram preparados com
do mundo. Por serem capazes e comprometidos, capacidade de se integrarem em igualdade de con-
vieram com sugestões para melhoria da Educação dições com alunos das melhores universidades de
do nosso IME. O interessante é que eles, no início cursos de Engenharia do mundo.
do programa daquelas universidades, tiveram di- Além disso, trouxeram sugestões para que melho-
ficuldades na aplicação dos conhecimentos para rassem a nossa Educação em Engenharia (por isso
a condução de projetos e de experimentos em que acredito em vocês e nessa geração), no que fosse
laboratórios. Entretanto, em pouco tempo, já se aplicável, utilizando as melhores práticas daquelas
equipararam aos alunos estrangeiros na solução universidades que são classificadas como Classe
de problemas, com a “vantagem” de possuírem Mundial e também Universidades Empreendedoras.
UNIDADE I 27
De forma simplificada, as universidades clas- lo 19, quando a universidade passou a ter também
se mundial são aquelas que, segundo Altbach e a missão de realizar pesquisa. A segunda revolução
Salmi (2011), possuem Abundância de Recursos, ocorreu quando se tornou empreendedora e pro-
Governança Favorável e Concentração de Talento: motora, também, de desenvolvimento econômico.
Abundância de Recursos está relacionada à A Universidade somente voltada para o Ensino
oferta de recursos e à alta qualidade do ensino e preserva e dissemina o conhecimento. Já a de Pes-
da pesquisa. quisa possui as duas missões: ensino e pesquisa; e
Já a Governança Favorável permite o exer- a Universidade empreendedora possui três missões:
cício da liderança, a capacidade de se estabelecer desenvolvimento econômico e social, além do en-
a visão estratégica, a inovação e a flexibilidade sino e da pesquisa.
para se tomar e gerenciar recursos decisões sem Na universidade empreendedora, os profes-
entraves burocráticos. sores buscam projetos junto a empresas, recebem
A Concentração de Talentos diz respeito aos financiamentos para pesquisa e produzem bens e
integrantes da universidade: alunos, professores, serviços. O montante envolvido, muitas vezes, é ele-
pesquisadores, pessoal da administração. vado. Os alunos participam dos projetos e passam
a ter a oportunidade de conhecer sobre finanças e
necessidades dos clientes. Frequentemente, o co-
A Universidade nhecimento gera o registro de patentes, que podem
Empreendedora ser comercializadas.
Há, ainda, a possibilidade de se criar novas em-
Caro(a) aluno(a), você observa inúmeras univer- presas, por alunos, durante o curso de graduação.
sidades e constata que algumas delas possuem um São as incubadoras de empresas. A universidade dá
excelente ensino, outras uma excelente pesquisa e todo suporte técnico, jurídico, financeiro, quando o
ainda há aquelas que produzem bens e serviços para aluno decide abrir seu próprio negócio. Uma outra
a sociedade. A universidade que executa esses três iniciativa que tem dado excelentes resultados é a
papéis é denominada Universidade Empreendedora. empresa júnior da universidade, em que os alunos
Etzkowitz (2003), que formulou a teoria sobre a a administram como uma entidade privada. Essas
tripla hélice, posteriormente, escreveu sobre a uni- empresas prestam serviços para clientes externos.
versidade empreendedora. Segundo ele, houve duas No caso de alunos de curso de Engenharia, as em-
revoluções acadêmicas. A primeira, no final do sécu- presas juniores realizam projetos inovadores.
Muito se tem discutido sobre a qualidade do ensino a distância. Percebi que existe preconceito em
relação ao aprendizado e gostaria de dizer que o aprendizado do conteúdo dependerá muito da
dedicação de vocês. Existe um outro desafio que vocês devem se preocupar que é o de desenvolver
valores. Lembrem-se de que, para serem empreendedores, vocês deverão trabalhar em equipe e isso
depende muito do convívio e do contato pessoal. Não se esqueçam de expandir valores e habilidades
interpessoais, elas são bastante exigidas durante o período acadêmico e muito mais na vida profissional.
28 Introdução ao Empreendedorismo
Startup
Enxuta
UNIDADE I 29
O conceito Startup Enxuta se originou da Manufatura Enxuta, que é um modelo de gestão originário
no Japão com o Sistema Toyota de Produção. Esse modelo adota o princípio de melhoria contínua pela
redução de desperdício. A valorização das pessoas por suas ideias proporciona ganhos na produção.
A Startup Enxuta,
Segundo Ries
Segundo Ries (2012, p. 24),“uma Startup é uma insti- A questão da incerteza, presente em uma Star-
tuição humana projetada para criar novos produtos tup, também está presente em outros negócios.
e serviços sob condições de extrema incerteza.” A abordagem de montagem de uma Startup irá
Com esse entendimento simples e abrangente, prepará-los para trabalhar com incertezas. Esses
o autor nos deu a flexibilidade para nos sentirmos conhecimentos também serão úteis para outros
empreendedores, caso criemos novos produtos ou modelos de negócios tradicionais, pois também
serviços sob condições extremas de incertezas. Isso trabalham com incertezas.
é muito bom para a autoestima.
Também está aberta ao tipo de negócio: pode ser
uma instituição pública ou privada. Da instituição Definindo Startup, Segundo
pública pode ser uma organização civil ou militar. Steve Blank e Bob Dorf
Pode ser um pequeno ou um grande negócio. Pode
ser empreendedorismo interno (intraempreende- Blank entende que “Startup é uma organização
dorismo) ou externo. Também é admissível uma temporária em busca de um modelo de negócio
instituição com ou sem fim lucrativo. Pode ser com escalável, recorrente e lucrativo” (BLANK; DORF,
pequeno ou grande investimento. 2014, p. 17).
Por ser uma instituição, deve estar dentro da lega- No início, o modelo de negócio de uma Star-
lidade - seguir todos os instrumentos legais exigidos tup não tem clientes e nada se sabe sobre eles. As
para se criar uma empresa. A burocracia deve ser Startups se dividem em quatro categorias básicas,
entendida como regras que garantem a segurança conforme elas:
no negócio. • lançam um novo produto em um mercado
A criação de novos produtos e serviços também existente;
nos dá flexibilidade, pois pode abranger produtos de • lançam um novo produto em um novo
alta tecnologia, como serviços ou processos inovado- mercado;
res. Você, na sua empresa, na sua comunidade, pode • lançam um novo produto em um mercado
criar novos produtos que facilitem, por exemplo, a existente e tentam ressegmentá-lo como
mobilidade de pessoas idosas. Pode criar proces- um operador de baixo custo;
sos ágeis para se ter acesso a refeições caseiras. Da • lançam um novo produto em um mercado
mesma forma que pode criar um novo sistema de existente e tentam ressegmentá-lo como
comunicação rápido e barato. um operador de nicho.
30 Introdução ao Empreendedorismo
Uma Startup deve compreender bem as necessi- conhecemos bem nosso produto para que ele seja
dades do cliente (aquilo que lhe traz benefício e rentável e se as vendas são escaláveis.
o que elimina a dor). O conhecimento do clien- Prezado(a) aluno(a), veremos uma breve en-
te deve ser rápido, a fim de que, se necessário, o trevista com o professor Aderson Passos, profes-
modelo de negócio seja modificado, também, sor da disciplina Empreendedorismo do Instituto
rapidamente. Não se deve ter medo de errar, pois Militar de Engenharia (IME), sobre o significado
são os erros que trazem a aprendizagem e evitam de uma Startup, diferença de uma empresa tradi-
prejuízos futuros com a não aceitação pelo preço cional e sua importância para a nossa disciplina.
ou por suas características. Deve estabelecer um
processo de venda para o cliente e um modelo
financeiro que traga rendimento.
Deve-se medir o progresso do desenvolvimen-
to de uma Startup. Para isso, há a necessidade de Tenha sua dose extra de
se entender bem o cliente, saber quanto ele está conhecimento assistindo ao
disposto a pagar pela solução do seu problema, vídeo. Para acessar, use seu
quais são os diferenciais competitivos do nosso leitor de QR Code.
UNIDADE I 31
Empreendedorismo
no Brasil
Um Pouco da História do
Empreendedorismo no Brasil
32 Introdução ao Empreendedorismo
nas empresas, em conformidade com as políticas em instituições de ensino superior. Pela lei 13.267,
nacionais de desenvolvimento, particularmente as que Disciplina a criação e a organização das as-
relativas às áreas industrial, comercial e tecnológi- sociações denominadas empresas juniores, com
ca. Esta iniciativa trouxe liberdade de ação para o funcionamento perante instituições de ensino
órgão e ele tem contribuído com a capacitação de superior, os alunos matriculados em cursos de
empreendedores com conhecimentos relacionados graduação poderão criar empresa júnior com a
a empreendedorismo, montagem de modelo de finalidade de executar projetos para o desenvol-
negócio e abertura de empresa vimento de habilidades para desenvolver projetos
Uma outra iniciativa foi a criação da Sociedade junto a clientes externos à universidade, por in-
Brasileira para Exportação de Software (Softex) termédio da prática de sua profissão. Essa prepa-
(2017), criada em 1996, Organização Social Civil ração para o mercado de trabalho contribui para
de Interesse Público (OSCIP) que desenvolve ações o desenvolvimento de empreendedores.
para promover a melhoria da competitividade da Caro(a) aluno(a), acabamos de ver nossa pri-
Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI meira unidade didática: Introdução ao Empreen-
(IBSS), bem como a disponibilidade de recursos dedorismo. Se pudesse resumir o que esperamos
humanos qualificados, tanto em tecnologias como de você, eu diria que gostaria que tivesse autocon-
em negócios. Gestora do Programa para Promoção fiança para empreender. Primeiro, como vimos,
da Excelência do Software Brasileiro – Programa empreendedorismo significa que pessoas utilizam
Softex, considerado prioritário pelo Ministério da suas ideias e aproveitam oportunidades para via-
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações bilizar um negócio de sucesso. Vimos, também,
(MCTIC). Capacita empreendedores para o desen- que elas devem ser apaixonadas pelo que fazem
volvimento de negócios inovadores. Contribui com e estarem dispostas a correr riscos.
a abordagem da tripla hélice, integrando indústria, Na sequência, falamos sobre os empreende-
governo e universidade. dores, que conduzem negócios próprios, e os
Outro movimento que tem contribuído com o intraempreendedores, que lideram empreendi-
crescimento do empreendedorismo é o da criação mentos internos à organização que eles traba-
de incubadoras de empresas, que dão suporte aos lham. Embora sejam ações distintas, dentre outras,
empreendedores para viabilizar a transformação possuem similaridades como seus agentes serem
de uma ideia inovadora em produto utilizado pelo movidos pela paixão, possuem proatividade e per-
consumidor. Disponibiliza infraestrutura, suporte sistência, além de voltarem seus negócios para os
técnico, orientação quanto a assuntos financeiros e clientes. Por outro lado, têm diferenças como a
jurídicos. Acompanhamento das iniciativas quanto visão que para o empreendedor é a própria e do
ao modelo de negócio da empresa. intraempreendedor é a da empresa. Além disso,
A iniciativa do ensino de empreendedorismo as recompensas para o empreendedor dependem
se disseminou em diversas universidades. Ele visa do sucesso dele e a do intraempreendedor do que
fornecer ferramentas e práticas para que se crie a a empresa estabelecer.
cultura empreendedora e a competência para se Após esses conceitos, vimos um pouco mais
criar novos negócios ou modificarem seus am- sobre o perfil do empreendedor e intraempreen-
bientes de trabalho. dedor. Contudo, também mostramos que todos
O Brasil possui um movimento das empresas nascem com capacidade criativa e que ela pode-
juniores que promove a cultura empreendedora rá ser colocada em prática se houver ambiente
UNIDADE I 33
favorável. Sobre a vocação, há
seis tipos e um deles é o tipo
empreendedor. Para o perfil,
podemos citar como presentes:
a determinação, dinamismo,
otimismo, paixão pelo que faz,
liderança. Como se vê, todas
estas habilidades são passíveis
de vocês desenvolverem na Uni-
cesumar, pois ela se dedica a ser
uma Universidade Empreende-
dora. Com vimos nesta unidade,
as universidades modificaram
seus conceitos passando pela
fase inicial de transmitir os co-
nhecimentos, desenvolver pes-
quisa e, atualmente, empreende-
dora, a qual se dedica a também
entregar produtos e serviços
para a sociedade no conceito da
tripla hélice, que reúne Gover-
no, Indústria e Academia.
Mais adiante, vimos o con-
ceito da Startup, que trata de
um agrupamento humano que
cria produtos ou serviços em
ambiente com muitas incerte-
zas, como é o mundo atual. Para
enfrentar estes desafios, vocês
viram que o Brasil conta com
o Sebrae, dentre outros órgãos,
para capacitar e incentivar o
empreendedorismo e as univer-
sidades com suas incubadoras e
cursos de empreendedorismo,
como este que vocês iniciaram.
Assim, quero dizer que acre-
ditamos e desejamos o sucesso
de vocês. Contem conosco.
34 Introdução ao Empreendedorismo
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
35
3. Caro(a) aluno(a), determinada universidade pretende se tornar uma universida-
de classe mundial e empreendedora. Com base no que foi apresentado nesta
unidade, você considera como sendo Falsa (F) ou Verdadeira (V), as seguintes
afirmativas?
(( ) Ela deve ter um ensino de qualidade para atrair professores e alunos de qua-
lidade.
(( ) Ela só deve realizar pesquisa que produza bens e serviços para a sociedade.
(( ) Os alunos só poderão participar de pesquisas se forem abrir suas próprias
empresas.
(( ) A universidade deverá integrar com indústria para desenvolver a inovação
tecnológica.
36
LIVRO
37
ALTBACH, P. G., SALMI, J. The Road to Academic Excellence The Making of World-Class Research
Universities. Washington: World Bank, 2011.
BLANK, S.; DORF, B. Startup: Manual do Empreendedor - o guia passo a passo para construir uma grande
empresa. Rio de Janeiro: Atlas Books, 2014.
______. Lei n⁰ 13.267, de 6 de abril de 2016. Disciplina a criação e a organização das associações denominadas
empresas juniores, com funcionamento perante instituições de ensino superior. Disponível em: <http://www.
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1. d. F-V-F.
2. O aluno deverá argumentar a posição com base em 5 (cinco) características do empreendedor citadas
por Dornelas (2017): 1. Visionários; 2. Sabem tomar decisões; 3. São indivíduos que fazem a diferença; 4.
Sabem explorar ao máximo as oportunidades; 5. São determinados e dinâmicos; 6. São dedicados; 7. São
otimistas e apaixonados pelo que fazem; 8. São independentes e constroem o próprio destino; 9. Ficam
ricos; 10. São líderes e formadores de equipes; 11. São bem relacionados (networking); 12. São organiza-
dos; 13. Planejam, planejam e planejam; 14. Possuem conhecimento; 15. Assumem riscos calculados e 16.
Criam valor para a sociedade.
3. c. V-F-F-V.
V: No modelo da tripla hélice, deve ter a integração da universidade com indústria e governo.
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