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GRADUAÇÃO

Empreendedorismo
ME. WALDEMAR BARROSO MAGNO NETO

Híbrido
GRADUAÇÃO
Empreendedorismo
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James

Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Graduação
e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de
Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de
Design Educacional Débora Leite, Head de
Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
CDD - 22 ed. 658 Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros,
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima, Gerência de Projetos Especiais Daniel
F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Ribeiro Garcia, Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão do
Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock.

Coordenador de Conteúdo Fábio Augusto Genti-


lin e Márcia Fernanda Pappa
Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Revisão Textual Cintia Prezoto, Érica Ortega,
Meyre Barbosa,Silvia Gonçalves, Helen Prado e
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná
Talita Dias Tomé
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
Editoração Isabela Belido, José Jhonny Coelho, Me-
lina Ramos e Thayla Guimarães Cripaldi
Ilustração Bruno Pardinho, Marta Kakitani e
Marcelo Goto
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
REITOR IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
Janes Fidélis Tomelin com ambientes cativantes, ricos em informações
PRÓ-REITOR DE ENSINO EAD e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Kátia Coelho
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- DIRETORIA DE GRADUAÇÃO
nhará durante todo este processo, pois conforme E PÓS-GRADUAÇÃO

Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na


transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita Leonardo Spaine
o desenvolvimento da autonomia em busca dos DIRETORIA DE PERMANÊNCIA
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- Débora Leite
DIRETORIA DE DESIGN EDUCACIONAL
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Prezado(a) aluno(a), parabéns por fazer parte do Centro de Ensino Uni-


cesumar. Nossa instituição preparou-se para que você se realize durante o
curso de Engenharia e esteja preparado para enfrentar os desafios presentes
e futuros. Como você sabe, o conhecimento evolui rapidamente, e o seu
acesso é bastante facilitado. O que diferencia as pessoas é a forma como
esse conhecimento é manuseado.
Sobre sua profissão, ela também se modificará ao longo dos anos. Quando
estudei Desenho Técnico no Instituto Militar de Engenharia, desenháva-
mos com papel, lápis, régua, esquadros, transferidores, borrachas. Poucos
anos depois, os alunos já estavam utilizando Desenho Assistido por Com-
putador ou CAD (do inglês: computer aided design), nome do software
que permite realizar desenho técnico. Os fundamentos permanecem, mas
a tecnologia evolui, e temos que nos adaptar constantemente para conti-
nuarmos atualizados.
Sim, aluno(a), a Unicesumar irá prepará-lo com uma excelente base cien-
tífica para que, no futuro, você seja capaz de utilizar os fundamentos nas
soluções dos problemas com as novas tecnologias. Durante meu projeto
final de curso, havia poucos recursos disponíveis. A prática resumia-se à
utilização de simulação, que é muito boa para o aprendizado. Porém nosso
grupo queria produzir algo em “3D” (três dimensões). A solução foi buscar
um patrocínio. Procuramos várias empresas e conseguimos um montante
suficiente para montarmos uma bancada hidráulica com servomecanismos
controlados por computador. Foi uma realização ver os movimentos dos
equipamentos conforme os comandos do teclado de computador pessoal.
Todos os ensinamentos foram-me úteis para a vida toda: o trabalho em
equipe, a busca por recursos, a ajuda dos professores, o estudo de novos
assuntos, a concretização de uma ideia.
Nossa disciplina será sobre isso, sobre ter uma ideia, liderar uma equipe,
desenvolvê-la em grupo, ir para a rua, estabelecer o contato com o clien-
te, aprender, realizar. Serão ensinamentos para a vida toda. Nosso livro é
composto por 9 (nove) unidades, assim encadeadas:
Na Unidade I, serão apresentados os conceitos sobre empreendedorismos.
Você verá que o empreendedorismo não se limita aos casos conhecidos
da Apple com o Iphone e nem o Peixe Urbano, que promove compras
coletivas por intermédio do comércio eletrônico. Verão que é importante
adotar comportamento voltado para o empreendedorismo e intraem-
preendedorismo. Você se encontra em um novo contexto universitário. O
da universidade empreendedora, pois a sociedade espera que o esforço e
o investimento em Educação retornem na forma de resultados concretos.
Já que estamos tratando de um ambiente em constante mudanças, você
conhecerá o significado de uma startup. O perfil do empreendedor tam-
bém será apresentado para que vocês, em grupo, busquem desenvolver as
habilidades necessárias de um empreendedor. O Brasil, reconhecido por
sua criatividade, nos mostrará um quadro sobre o que vem ocorrendo na
área do empreendedorismo.
Já na Unidade II, veremos que um startup não é uma versão menor de uma
empresa. Em seguida, teremos uma visão geral do processo de criação de
uma startup, mostrando que, para a criação de uma empresa, devemos
passar anteriormente por um processo de aprendizagem durante o de-
senvolvimento do cliente. Na execução, veremos a criação da demanda e
estruturação do negócio. Como se trata de startup, teremos a oportunidade
de conhecer algumas regras que nos ajudarão a alcançar o sucesso.
Nossa disciplina Empreendedorismo proporcionará a oportunidade de
você exercer a criatividade.
APRESENTAÇÃO

Na Unidade III, teremos a oportunidade de pensar no modelo de negócio,


que é a estratégia para se estruturar a forma da startup atender as necessi-
dades e solucionar os problemas do cliente. Para isso, serão apresentados
os 9 (nove) componentes do modelo de negócio. Nessa unidade, você irá se
preparar para ir para rua. Isso mesmo! As necessidades dos clientes serão
descobertas fora do prédio pela formulação das hipótese e execução de
experimentos. Como o modelo de negócio depende da visão do fundador,
teremos que exercer a liderança e trabalhar em equipe e é isso que você
verá. Todos esses tópicos estarão contidos nesta unidade.
Na Unidade IV, aprofundaremos o estudo sobre os clientes. Veremos como
identificar os segmentos de clientes e suas respectivas necessidades (ganhos)
e aspectos que os incomodam (dores), que são as propostas de valor. Como
levantamos hipóteses, veremos como elas são avaliadas pela execução de teste. É
importante compreender que a descoberta do cliente exige trabalho de contato
pessoal, daí apresentarmos os aspectos humanos da entrevista como os clientes.
Na Unidade V, veremos como ajustar o produto ao mercado, antes de pen-
sarmos no protótipo. Portanto, veremos como conhecer melhor os clientes
por intermédio de seus arquétipos e do acompanhamento de como ele
vive. Assim, apresentaremos como construir um Produto Mínimo Viável
de Baixa Fidelidade. Com esses novos aprendizados, tomaremos contato
com a avaliação do modelo de negócio, a fim de rearticulá-lo ou continuar
avançando.
Na Unidade VI, voltaremos aos Canais do modelo de negócio, que servem
para levar a proposta valor aos clientes. Durante o processo de desenvol-
vimento do cliente. Ainda, terão a oportunidade de saber um pouco mais
sobre o Relacionamento com o Cliente e as formas para atraí-los, mantê-los
e expandi-los.
Na Unidade VII, avançaremos no modelo de negócio, pois já acumulamos
experiências pelo contato com o cliente. Passaremos a estudar as fontes
de receita geradas a partir de cada cliente. Nesta Unidade, passaremos
a compreender sobre os componentes internos do modelo de negócio.
Identificaremos os Recursos Principais necessários à oferta da Proposta de
Valor. Como você estará empreendendo uma startup, deverá identificar as
mais importantes para gerar a Proposta de Valor, as Atividades Chaves. Será
comum a comunicação com empresas existentes para se trocar experiências.
Na Unidade VIII, conheceremos sobre as Parcerias Principais necessárias
para fornecer recursos ou complementar a capacidade da startup. Serão
também apresentados à Estrutura de Custo com seus componentes mais
importantes. Como o desenvolvimento do cliente envolve experiências,
você verá como testar a Solução Proposta junto ao cliente.
Na Unidade IX, já teremos visto todo o processo de descoberta do cliente.
Passaremos, então, à criação do Mínimo Produto Viável de Alta Fideli-
dade, a fim de virmos a Validação. Para que proteja o conhecimento das
instituições, você tomará contato com o tema Propriedade Intelectual. No
país há inúmeras opções de capacitação de recursos para o crescimento do
negócio, algumas dessas formas serão apresentadas para que você possa
tomar a iniciativa para obtê-los. Em seguida, apresentaremos como se Cria
a Demanda de um negócio escalável para, finalmente, estudarmos a última
fase do Desenvolvimento do Cliente - a Estruturação do Negócio.
Caro(a) aluno(a), antes de iniciar os estudos lembre-se do seguinte: você é
único, você é fantástico. Acredite que o trabalho em equipe, supervisionado
pelo time da Unicesumar, o surpreenderá, pois ao final da disciplina, verão
o quanto é capaz de criar e de inovar. Você se tornará uma pessoa autocon-
fiante para empreender e solucionar problemas que lhe serão apresentados.
Sucesso! Conte conosco!
CURRÍCULO DO PROFESSOR

Possui graduação em Engenharia Mecânica e de


Armamento pelo Instituto Militar de Engenha-
ria (1989), graduação em Infantaria pela ACA-
DEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS
(AMAN) (1979) e mestrado em Engenharia de
Sistemas - Informática pelo Instituto Militar de
Engenharia (1994).

http://lattes.cnpq.br/3967597911016291

Me. Waldemar Barroso Magno Neto


Introdução ao
Empreendedorismo

15

Modelo de
Desenvolvimento
de Clientes

43

Modelo
de Negócios

67
Desenvolvimento
Modelo de Negócio: de Clientes:
Segmento de Cliente Fontes de Receita,
e Proposta de Valor Recursos Principais,
Atividades Chaves

95 175

Desenvolvimento de
Cliente: parcerias
principais, estrutura
Produto e Mercado
de custo e avaliação
do modelo
de negócio

123 203

Desenvolvimento
Modelo de Negócio: do Cliente:
Canais e Validação, Criação
Relacionamento da Demanda
e da Empresa

151 229
21 Modelo Hexagonal dos 6 (seis) tipos
de Personalidade
71 Modelo de Negócios
111 Elementos de valor
207 Hierarquia da Parceria com Fornecedores

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Waldemar Barroso Magno Neto

Introdução ao
Empreendedorismo

PLANO DE ESTUDOS

Perfil do Empreendedor Startup Enxuta

Empreendedorismo e Universidade Empreendedorismo


Intraempreendedorismo Empreendedora no Brasil

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender a importância do Empreendedorismo e • Identificar o papel da universidade na atividade em-


do Intraempreendedorismo para o desenvolvimento da preendedora.
sociedade. • Caracterizar uma Startup Enxuta.
• Descrever o perfil do empreendedor. • Perceber a necessidade de se empreender no Brasil.
Empreendedorismo e
Intraempreendedorismo

Prezado(a) aluno(a), iniciaremos o estudo de nos-


sa disciplina Empreendedorismo. Espero que você
faça as ligações do que será apresentado com sua
realidade para que o estudo tenha significado -
isto é bastante importante.
Quando falamos de Empreendedorismo, é
comum as pessoas pensarem em invenções e em
grandes empreendedores, tal como Steve Jobs,
antigo presidente da Apple, que criou o Iphone.
Assim, pensa-se, a priori, que o ato de empreen-
der seja para poucos. Isso já aconteceu comigo
e acontece com muita gente. Na verdade, todos
podemos ser empreendedores e, para ser pre-
ciso, devemos ser empreendedores. Explicarei
o porquê.
Vejamos o mundo em que vivemos e nossa
sociedade. Pense em algum conhecido seu que
possuía determinado emprego e, por algum mo-
tivo, não está mais realizando o mesmo tipo de
trabalho, por extinção do cargo ou por ter sido
demitido de determinada função. Há cerca de 10
anos, no meu local de trabalho, introduzimos o
sistema de protocolo eletrônico em substituição
ao manual. Assim, como era chefe, passei a rece-
ber os documentos eletrônicos diretamente do Significado de
emitente. Com isso, a pessoa que, anteriormente, Empreendedorismo e de
era responsável por protocolizar os documentos, Intraempreendedorismo
ficou sem função. Ainda me lembro de ele soli-
citar que fosse criada uma nova etapa para que Podemos entender o Empreendedorismo, segun-
o documento passasse eletronicamente por ele. do Dornelas (2017, p. 29), como “o envolvimento
Naturalmente, isso não foi feito e ele foi capacitado de pessoas e processos que, em conjunto, levam
para assumir novos encargos. à transformação de ideias em oportunidades. A
Então, observamos que, cada vez mais e rapi- perfeita implementação destas oportunidades
damente, funções são extintas e há a necessidade leva à criação de negócios de sucesso”.
de se criar novas atividades. Por quê? Porque o O empreendedor deve ser apaixonado pelo
cliente muda de ideia, porque o cliente passa a ter que faz; deve ter iniciativa, utilizar recursos de
novas necessidades, a concorrência apresenta um modo criativo; assumir riscos, a fim de transfor-
diferencial competitivo, o produto e o serviço se mar o ambiente social e econômico onde vive
tornam obsoletos. (DORNELAS, 2017).
E o que o Empreendedorismo tem a ver com A oportunidade será aproveitada quando hou-
isto? Tudo! Como veremos a seguir, primeira- ver um produto ou serviço inovador, se criar um
mente, pelo significado de Empreendedorismo. produto ou serviço com desempenho melhor ou
Prezado(a) aluno(a), veremos uma breve en- mais barato, ou se criar um novo mercado. Então,
trevista com o professor Anderson Passos, profes- como gerenciar este negócio? Com paixão e co-
sor da disciplina Empreendedorismo do Instituto ragem para correr riscos calculados. Observem
Militar de Engenharia (IME), sobre a importância que para se ter coragem, deve-se acreditar na sua
de se introduzir esta disciplina no curso de En- ideia e ser apaixonado pelo que se deseja. Somente
genharia. assim, você poderá convencer alguém de que a
mudança é necessária e vantajosa, além de superar
possíveis fracassos, inerentes ao enfrentar riscos
(EISENMANN, 2013).
Há quatro tipos principais de riscos: de de-
Tenha sua dose extra de manda, que diz respeito à prospecção do mer-
conhecimento assistindo ao cado potencial que adotará a solução proposta
vídeo. Para acessar, use seu pelo empreendedor; de tecnologia, relacionada
leitor de QR Code. à capacidade de engenheiros e cientistas desen-
volverem os avanços tecnológicos para solucionar
os problemas complexos que foram propostos; de
execução, referente à capacidade dos fundadores
de atrair e contratar colaboradores e parceiros
capazes de implementar a visão do novo negócio;
e de financiamento, correspondente à possibili-
dade de obter capital externo suficiente para a im-
plementação do negócio (EISENMANN, 2013).

UNIDADE I 17
Tenho trabalhado com engenheiros, alunos civis cimento disso, dei todo o apoio para a adoção da
e militares de escola de Engenharia. Observo que nova prática de planejamento. Após a introdução
eles nos surpreendem pela criatividade e pela busca do novo modelo, chegamos a ter um aumento de
incessante pelo atendimento e pela solução do pro- produtividade em determinado processo em cer-
blema do cliente. Ainda, têm coragem de mudar o ca de 500%. Isso ocorreu há mais de 10 anos e, até
modelo de negócio (pivotam) quando percebem que hoje, o modelo de planejamento está em utilização
não estão atendendo às necessidades dos clientes. na organização e já foi aperfeiçoado.
Veremos, a seguir, um pouco sobre o intraem- Sobre risco, deve-se minimizá-lo na fase inicial
preendedorismo, denominação de empreende- do negócio, a fim de evitar o dispêndio desneces-
dorismo quando ele ocorre no interior de uma sário de recursos até que o negócio se sustente.
organização já existente. Na empresa, muitas vezes na fase inicial, o cola-
Há vários conceitos sobre intraempreendedo- borador toma a iniciativa de um novo negócio e
rismo e Istocescu (2006 apud MAIER; POP ZE- nem mostra a seu chefe. O chefe ficará sabendo
NOVIA, 2011, p. 972) o caracterizou muito bem quando o produto ou serviço estiver em um es-
quando escreveu que o funcionário poderá adotar tágio que possa ser vendido. Para a criação de um
o papel de intraempreendedor, sob a supervisão novo negócio, o fundador contará com o esforço
de superior, e implementar práticas e sistemas ino- pessoal e de outros sócios para que, com pequeno
vadores, no interior da organização, para melhorar investimento, desenvolva o cliente e busque um
o desempenho econômico organizacional. negócio sustentável.
Vale a pena enfatizar que vocês são capazes de Como você pode ver, o empreendedorismo é
empreender. Muitas vezes, faltará apenas o apoio passível de ser praticado por qualquer um, desde
do superior funcional. Para isso, não desista de que esteja atento às oportunidades e esteja dis-
sua ideia. Em determinado momento, inúmeros posto a correr risco. E quais seriam estas oportu-
fatores convergirão para ela ser colocada em prá- nidades? São aquelas relacionadas ao cliente com
tica. Você poderá se tornar um empreendedor ou suas necessidades e suas dores. E os riscos, quais
intraempreendedor. seriam? São aqueles inerentes ao investimento de
Tive uma experiência quando eu dirigi uma recursos com a incerteza do retorno.
organização militar de manutenção e fabricação. Como futuro engenheiro, você deverá em-
Logo que assumi a direção, identifiquei um en- preender em seu próprio negócio, como empreen-
genheiro comprometido, motivado, competente, dedor ou internamente em determinada empresa,
que possuía mestrado em Engenharia de Produ- como intraempreendedor, criando novos produ-
ção. Passado um período, verifiquei a necessidade tos ou novos serviços.
de se introduzir o Planejamento, Programação e Você já deve ter ouvido falar sobre resistência
Controle da Produção (PPCP). Ao comentar com a mudanças, pois bem, quem toma a iniciativa de
ele, fiquei sabendo que já possuía dados estatísti- criar algo enfrenta a descrença de outras pessoas,
cos de tempos de processos internos de produção pelo desconhecimento ou pelo medo de mudan-
e que seria capaz de implementar, no curto prazo, ça do status quo. Para minimizar essa descrença,
o PPCP, pois havia preparado o processo quando pense grande e comece pequeno. Faça experiên-
fez uma disciplina da pós-graduação, porém não cias e mude o plano, se necessário, em função da
foi possível implementar na época. Com conhe- aprendizagem obtida.

18 Introdução ao Empreendedorismo
Similaridades e diferenças uma pessoa que acredita que o empreen-
entre Empreendedorismo e dimento é viável.
Intraempreendedorismo • Um e outro necessitam ter proatividade
e persistência.
Adiante, veremos algumas diferenças e similari- • Em ambos, deve-se aprender ao longo da
dades entre Empreendedorismo e Intraempreen- implementação e mudar rumos em fun-
dedorismo (MORRIS; KURATKO, 2000 apud ção do aprendizado adquirido.
MAIER; POP ZENOVIA, 2011). • Em ambos deve-se criar valor e prestar
contas ao cliente.
• Em ambos, há riscos que devem ser ge-
Similaridades renciados, a fim de serem superados e
• Em ambos os processos há a identificação minimizados.
de oportunidades. • Em ambos, deve-se vender a ideia para
• Os dois exigem um conceito inicial de captar recursos.
negócio que tomará a forma de produto, • Em ambos se exige que o empreen-
processo ou serviço. dedor desenvolva estratégias criativas
• Nos dois casos, há um indivíduo ou uma para captar recursos para alavancar o
equipe movida pela paixão, liderados por negócio.

Diferenças
Quadro 1 - Diferença entre Empreendedorismo e Intraempreendedorismo

Quanto a: Empreendedorismo Intraempreendedorismo


1. Visão A visão do negócio é do próprio O empreendimento deve estar
empreendedor. alinhado com a visão da empresa.
2. Risco O empreendedor corre seu próprio O risco é da empresa e da carreira
risco. do intraempreendedor.
3. Recompensas As recompensas não são limitadas, As recompensas são limitadas ao
pois empreendedor é o próprio que é determinado pelo emprega-
dono do negócio. Só dependem dor.
dos ganhos do empreendimento.
4. Fracasso O fracasso pode ser o desapare- O fracasso do novo negócio pode
cimento da empresa, pois ela é até ser absorvido pelo tamanho
bastante sensível ao risco. da empresa.
5. Influência A iniciativa é muito influenciada É pouco influenciada pelo am-
do ambiente pelo ambiente externo, pois está biente externo, pois ela está mais
diretamente ligada a ele. isolada do ambiente.
Fonte: Morris e Kuratko (2000 apud MAIER; POP ZENOVIA, 2011).

UNIDADE I 19
Perfil do
Empreendedor

Aluno(a), como vimos na parte inicial desta discipli-


na, o Empreendedorismo e o Intraempreendedoris-
mo tratam de mudanças empreendidas por pessoas
que aproveitam oportunidades, enfrentam riscos e
modificam negócios para melhor atender os clientes.
Pois bem: qual seria o perfil desta pessoa capaz
de empreender em um novo negócio próprio ou
interno a uma organização?
Mais uma vez, passarei uma experiência pró-
pria para mostrar que, embora tenhamos defini-
ções de perfis do empreendedor, você é capaz de
empreender, principalmente se for preparado e se
houver um ambiente favorável.
Ainda me lembro que, quando, pela primeira
vez, dirigi uma organização, tinha o desejo de me
realizar. Fazer algo útil e ter a satisfação do dever
cumprido. Foi uma unidade do Exército Brasileiro
de manutenção de blindados e de fabricação de
peças e componentes de uniforme de campanha.
Por ser uma organização militar, pressupõe-se
que deva seguir diretrizes, ordens, orientações de
superiores hierárquicos.
E como ser empreendedor se não recebi a
ordem para sê-lo? Primeiramente, seguindo os
princípios e os valores de nossa instituição. Um
deles é o de servir. Daí, eu mesmo me dei a ordem

20 Introdução ao Empreendedorismo
de liderar a organização, de modo a ela servir com soas motivadas serão capazes de estarem aten-
qualidade as organizações militares apoiadas. Or- tas às oportunidades e dispostos a correr risco
denei a mim mesmo utilizar o estado da arte em com determinado objetivo. Somente pessoas que
gestão e empreender, inovar, transformar, enfim, acreditam no que estão fazendo são capazes de
realizar-me, fazer algo que fosse significativo. liderar equipes. Então, para falarmos do perfil
À época, adotamos um modelo tradicional do empreendedor, temos que falar de motivação,
para a produção em série e para a manutenção. liderança, confiança e de capacidade.
Mais uma vez, consultei aquele engenheiro com-
petente, comprometido e ele me recomendou
estudar o Sistema Toyota de Produção. Após o Vocação Empreendedora
estudo, selecionei pessoas motivadas e, juntos,
introduzimos esse sistema no Parque Regional Uma das teorias sobre o perfil empreendedor é
de Manutenção da 5ª Região Militar em Curitiba. a Vocacional. Holland (1997), em seus estudos,
É lógico que tive todo apoio de meus chefes, caracterizou as pessoas por suas semelhanças a
pois o Exército é uma instituição de Estado, que 6 (seis) tipos de personalidades: Realista, In-
depende do apoio do escalão superior em termos vestigativo, Artístico, Social, Empreendedor,
de recursos e de colocação de pessoal. e Convencional, como você poderá ver logo a
Como líder, temos algumas obrigações. Uma seguir na Figura 1. Quanto mais a pessoa se asse-
delas é proporcionar condições para que nossos melha a um tipo, mais ela vai procurar trabalhar
subordinados (colaboradores) estejam motivados, naquela área. Assim, uma pessoa com a perso-
pois a motivação é o combustível para o trabalho nalidade empreendedora buscará empreender e
bem feito. No empreendedorismo, somente pes- montar novos negócios.

Investigativo

Realista Artístico

Convencional Social

Empreendedor

Figura 1 - Modelo Hexagonal dos 6 (seis) tipos de Personalidade


Fonte: Holland (1997).

UNIDADE I 21
Como estamos falando de ambiente favorável, Pessoas com personalidade empreendedora
no trabalho também haverá ambientes caracteriza- possuem as seguintes características: preferên-
dos por aqueles 6 (seis) tipos, ou seja: Realista, In- cia por atividades que permitam liderar equipes,
vestigativo, Artístico, Social, Empreendedor e destinadas a traçar objetivos organizacionais que
Convencional. Assim, obtemos as condições favo- tragam ganhos econômicos. Seu comportamento
ráveis ao empreendedorismo quando há a paridade é voltado para a liderança, relacionamento inter-
entre ambiente empreendedor e a personalidade. pessoal, competência para persuadir, habilidade
Outro aspecto a ser lembrado é que a persona- para falar em público, elevada autoestima, com-
lidade não se limita a apenas um tipo dentre os 6 petência para solucionar problemas.
(seis). Normalmente, um predomina e, ainda, estão
visíveis e presentes mais 2 (dois). A combinação des-
ses três determina a própria escolha da profissão. Capacidade Criativa
Como a personalidade é única, constata-se, também,
que características dos 6 (seis) tipos estão presentes Relembrando a ideia que temos de que o em-
na personalidade em maior ou menor grau. preendedor é um super homem, já começamos
Para lembrar, vocês escolheram o curso de En- a compreender que é possível empreender, desde
genharia. A vocação para ser engenheiro pressupõe que haja um ambiente favorável para desenvol-
que possua perfil empreendedor, pois a Engenharia vermos nossas potencialidades.
se destina a solucionar problemas da sociedade Como já visto, há a necessidade de o empreen-
com criatividade e coragem para correr riscos. dedor ser criativo para encontrar uma solução
Segundo o modelo de Holland (1997, p. 270), na única para um problema inédito. Robison (2011,
carreira de Engenheiro de Produção, em um teste p. 3-4) declarou: “o meu ponto de partida é que
vocacional, há a predominância do tipo Empreen- todo mundo tem vasta capacidade criativa como
dedor, seguido de Investigativo e de Convencional. resultado natural de ser um ser humano. O de-
Também estão presentes os outros 3 (três) tipos em safio é desenvolvê-los. A cultura da criatividade
menor grau. Já para outras profissões como Enge- tem que envolver a todos”. Como vemos, a cultura
nharia Civil e Engenharia Elétrica, predomina o da criatividade envolve todos e não uns poucos
tipo Investigativo, seguido de Realista e Empreen- selecionados.
dedor (HOLLAND, 1997, p. 269). Pode-se inferir Outro aspecto a ser destacado é a Era que vive-
que o engenheiro será emprendedor se houver um mos. De forma simplificada, progredimos de uma
ambiente favorável a esse comportamento. sociedade agrícola para a sociedade de trabalha-
As linhas internas que ligam os vértices re- dores industriais - e dela para os trabalhadores da
presentam possibilidades de predominância de era do conhecimento. Atualmente, estamos pro-
tipos de personalidades. Observe o exemplo do gredindo para a era da sociedade dos inventores e
Engenheiro de Produção. Há ligação de Empreen- empáticos, que é a era conceitual, onde se enfatiza
dedor a Investigativo, por uma linha interna e o uso do lado direito do cérebro, que é não-linear,
entre Investigativo e Convencional. e instintivo (PINK, 2006).

22 Introdução ao Empreendedorismo
Características dos Em- ralmente, contam com apoio de parceiros,
preendedores e Intraem- superiores e membros da equipe.
preendedores de Sucesso • Ficam ricos: acreditam que o dinheiro não
seja o objetivo principal.
Nos itens a seguir, você verá quais são os traços • São líderes e formadores de equipes: sa-
que definem o perfil do empreendedor e do in- bem que a liderança é fundamental. Tam-
traempreendedor de sucesso. bém sabem, muito bem, formar e liderar
equipes. Possuem a humildade de buscar
Empreendedores de sucesso ajuda em áreas que não dominam. Possuem
capacidade de identificar e atrair talentos.
Dornelas (2017) apresenta 16 (dezesseis) caracte- • São bem relacionados (networking):
rísticas dos empreendedores de sucesso, conforme são habilidosos em identificar e construir
mostrado a seguir: redes de relacionamento, a fim de empre-
• Visionários: possuem visão de futuro e gá-las na formação de parcerias, no rela-
habilidade para implementar suas aspira- cionamento como os clientes, no contato
ções. com fornecedores.
• Sabem tomar decisões: tomam decisões • São organizados: para atingir os objetivos
oportunas e as implementam de imediato. do negócio, sabem captar e alocar pessoas,
• São indivíduos que fazem a diferença: recursos tecnológicos e financeiros.
agregam valor aos produtos e/ou serviços • Planejam, planejam e planejam: com
que disponibilizam aos clientes. base na visão do negócio, os empreende-
• Sabem explorar ao máximo as oportu- dores planejam suas ações e as atualizam
nidades: são curiosos e atentos às infor- conforme o aprendizado ao longo da exe-
mações que as transformam em conheci- cução dos planos.
mentos para aproveitar as oportunidades • Possuem conhecimento: possuem capa-
em seus negócios. cidade de aprender continuamente pelo
• São determinados e dinâmicos: com- estudo teórico e pela prática. Não se res-
prometem-se com suas ações e as imple- tringem a aprender por conta própria. Bus-
mentam. cam os conhecimentos necessários pelo
• São dedicados: são pessoas comprometi- autoaperfeiçoamento em cursos, com ou-
das com valores e seus encargos. Dedicam- tras pessoas.
-se e sabem conciliar demandas familiares, • Assumem riscos calculados: esta, talvez,
de saúde e de trabalho. seja umas das características mais eviden-
• São otimistas e apaixonados pelo que tes do empreendedor. Ele possui capaci-
fazem: a paixão pelo que fazem é o com- dade para identificar o risco de modo a
bustível para superar as dificuldades e gerenciá-lo, a fim de se ter chances reais
enfrentar os riscos. Acreditam em seus de sucesso.
objetivos e conseguem vender suas ideias. • Criam valor para a sociedade: usam sua
• São independentes e constroem o pró- criatividade para melhorar a vida das pes-
prio destino: querem criar algo novo e soas, pela geração de empregos, inovação,
liderar a conquista de seus objetivos. Natu- oferta de bens e serviços.

UNIDADE I 23
Intraempreendedores
de Sucesso

O Sebrae editou um vídeo que apresenta Govindarajan e Desai (2013, on-line) estudaram
10 características do empreendedor, e é o intraempreendedorismo em diversas empresas.
interessante porque complementa e reforça Segundo eles, muitos dos intraempreendedores
conceitos aqui apresentados. Para saber deixam as empresas sem que tenham implementa-
mais, acesse link disponível em: <https://www. do suas ideias inovadoras por falta de oportunida-
youtube.com/watch?v=xfIU6oukqes>. des. Sabendo que eles são capazes de transformar
uma organização, os autores elencaram padrões
de comportamento, mostrados a seguir, que per-
mitem reconhecê-los, desenvolvê-los e mantê-los.

O dinheiro não Vislumbram a


é a medida de estratégia
recompensa para eles
Estão sempre pensando no
Eles desejam ser influentes com li- futuro e quais serão os próximos
berdade e o dinheiro não é sua prin- passos no processo de mudança.
cipal motivação. São proativos, adoram aprender e
colocam em prática suas ideias.

Possuem Características
pensamento visual de Intraempre- Eles pivotam
endedores
Eles buscam continuamente de sucesso: Essa característica de pivotar
as soluções para os empreen- demonstra humildade para
dimentos de várias maneiras. reconhecer que o processo não
Consideram as vantagens e está atendendo as expectati-
desvantagens das linhas Concentram nas vas, capacidade de apren-
de ação e decidem visões dizado com uma nova
pela mais apro- ação, espírito de
priada. Os intraempreendedores são fo- decisão para
cados em suas visões. Passam gran- mudar.
de parte do tempo pensando em como
irão solucionar os problemas e necessidades
dos clientes para colocar em prática seus proje-
tos na primeira oportunidade.

24 Introdução ao Empreendedorismo
Universidade
Empreendedora

Prezado(a) aluno(a), já que estamos tratando de


empreendedorismo, vale a pena conhecermos o
papel da universidade e, naturalmente, os reflexos
em sua educação.
Como sabemos, na década de 50, a formação
do engenheiro desenvolvia a capacidade de rea-
lizar, de produzir, por intermédio do desenvolvi-
mento de habilidades individuais e interpessoais.
Para se ter ideia, o Instituto Militar de Engenharia,
neste período, lançou foguetes, como projeto fi-
nal de curso de alunos do curso de graduação.
Passados cerca de vinte e cinco anos, quando me
formei em 1989 como Engenheiro Mecânico e
Armamento, não lancei foguetes. Nossos projetos
eram voltados, principalmente, para simulação e
testes em laboratórios.
Atualmente, ocorre que a sociedade cobra a
formação de engenheiros empreendedores, que
sejam capazes de, com base em uma forte base
científica, conceber, desenvolver, implementar e
operar sistemas complexos, por intermédio do
desenvolvimento de habilidades individuais e in-
terpessoais. Isso porque, no futuro, vocês encon-
trarão desafios que são desconhecidos atualmente.

UNIDADE I 25
A Inovação Tecnológica

A inovação tecnológica subentende a introdução de novos produtos


ou serviços no mercado. Schumpeter (1911 apud FIGUEIREDO,
2009, p. 30-31) defendeu que a inovação envolve “a introdução de
novos produtos e métodos de produção, abertura de novos merca-
dos, desenvolvimento de novas fontes provedoras de matérias-pri-
mas e outros insumos e criação de novas estruturas de mercado”. É
importante destacar que a inovação tecnológica só ocorrerá quando
o produto ou serviço estiverem sendo comercializados.
Poderá acontecer de duas formas: incremental ou disruptiva.
A incremental ocorre quando, de forma progressiva, o produto
ou serviço modifica seu desempenho. Como exemplo, temos o
iphone. Quando ele foi lançado, foi mostrada a convergência de
funções: ipod, telefone e internet. Isto é uma inovação disruptiva,
pois traz algo que não existia. Com o passar do tempo, o iphone
recebe inovações que fazem com que ele evolua e passe a ser carac-
terizado como nova versão, portanto, isto caracteriza a inovação
incremental.

A Tripla Hélice

Etzkowitz e Leydesdorff (1995) descreveram que a eficácia da ob-


tenção da inovação tecnológica passaria pela participação de 3 (três)
entidades: o governo, a universidade e a indústria, daí o motivo de
o modelo ser denominado Tripla Hélice. A conjunção de esforços
dessas entidades é que geram a inovação tecnológica.
Se observarmos as competências e capacidades de cada uma,
veremos que elas podem ser complementares. O governo tem a
capacidade de implementar políticas de incentivos fiscais, ofertar
empréstimos e realizar aquisições em escala. A indústria possui
infraestrutura capaz de transformar bens e serviços. A universidade,
por sua vez, possui um corpo docente e discente capazes de conduzir
pesquisas básicas e aplicadas. A conjugação de esforços em uma
mesma direção permite que se obtenha a inovação tecnológica.

26 Introdução ao Empreendedorismo
GOVERNO INDÚSTRIA

UNIVERSIDADE

Figura 2 - Tripla Hélice: Universidade, Indústria e Governo


Fonte: Etzkowitz e Leydesdorff (1995).

A Universidade
Classe Mundial

Quando assumi o Comando (também na fun- níveis mais elevados no conhecimento das ciên-
ção de reitor) do Instituto Militar de Engenharia cias fundamentais (Física, Matemática, Química,
(IME), em maio de 2014, recebi alunos que vieram Ciências da Computação).
do exterior por terem participado do Programa Também achei interessante que eles me rela-
do Governo Federal denominado Ciência sem taram que sentiram orgulho de nossa instituição,
Fronteiras. Nossos alunos tiveram a oportunidade pois, mesmo com menos recursos financeiros em
de frequentar universidades de todas as partes relação às estrangeiras, foram preparados com
do mundo. Por serem capazes e comprometidos, capacidade de se integrarem em igualdade de con-
vieram com sugestões para melhoria da Educação dições com alunos das melhores universidades de
do nosso IME. O interessante é que eles, no início cursos de Engenharia do mundo.
do programa daquelas universidades, tiveram di- Além disso, trouxeram sugestões para que melho-
ficuldades na aplicação dos conhecimentos para rassem a nossa Educação em Engenharia (por isso
a condução de projetos e de experimentos em que acredito em vocês e nessa geração), no que fosse
laboratórios. Entretanto, em pouco tempo, já se aplicável, utilizando as melhores práticas daquelas
equipararam aos alunos estrangeiros na solução universidades que são classificadas como Classe
de problemas, com a “vantagem” de possuírem Mundial e também Universidades Empreendedoras.

UNIDADE I 27
De forma simplificada, as universidades clas- lo 19, quando a universidade passou a ter também
se mundial são aquelas que, segundo Altbach e a missão de realizar pesquisa. A segunda revolução
Salmi (2011), possuem Abundância de Recursos, ocorreu quando se tornou empreendedora e pro-
Governança Favorável e Concentração de Talento: motora, também, de desenvolvimento econômico.
Abundância de Recursos está relacionada à A Universidade somente voltada para o Ensino
oferta de recursos e à alta qualidade do ensino e preserva e dissemina o conhecimento. Já a de Pes-
da pesquisa. quisa possui as duas missões: ensino e pesquisa; e
Já a Governança Favorável permite o exer- a Universidade empreendedora possui três missões:
cício da liderança, a capacidade de se estabelecer desenvolvimento econômico e social, além do en-
a visão estratégica, a inovação e a flexibilidade sino e da pesquisa.
para se tomar e gerenciar recursos decisões sem Na universidade empreendedora, os profes-
entraves burocráticos. sores buscam projetos junto a empresas, recebem
A Concentração de Talentos diz respeito aos financiamentos para pesquisa e produzem bens e
integrantes da universidade: alunos, professores, serviços. O montante envolvido, muitas vezes, é ele-
pesquisadores, pessoal da administração. vado. Os alunos participam dos projetos e passam
a ter a oportunidade de conhecer sobre finanças e
necessidades dos clientes. Frequentemente, o co-
A Universidade nhecimento gera o registro de patentes, que podem
Empreendedora ser comercializadas.
Há, ainda, a possibilidade de se criar novas em-
Caro(a) aluno(a), você observa inúmeras univer- presas, por alunos, durante o curso de graduação.
sidades e constata que algumas delas possuem um São as incubadoras de empresas. A universidade dá
excelente ensino, outras uma excelente pesquisa e todo suporte técnico, jurídico, financeiro, quando o
ainda há aquelas que produzem bens e serviços para aluno decide abrir seu próprio negócio. Uma outra
a sociedade. A universidade que executa esses três iniciativa que tem dado excelentes resultados é a
papéis é denominada Universidade Empreendedora. empresa júnior da universidade, em que os alunos
Etzkowitz (2003), que formulou a teoria sobre a a administram como uma entidade privada. Essas
tripla hélice, posteriormente, escreveu sobre a uni- empresas prestam serviços para clientes externos.
versidade empreendedora. Segundo ele, houve duas No caso de alunos de curso de Engenharia, as em-
revoluções acadêmicas. A primeira, no final do sécu- presas juniores realizam projetos inovadores.

Muito se tem discutido sobre a qualidade do ensino a distância. Percebi que existe preconceito em
relação ao aprendizado e gostaria de dizer que o aprendizado do conteúdo dependerá muito da
dedicação de vocês. Existe um outro desafio que vocês devem se preocupar que é o de desenvolver
valores. Lembrem-se de que, para serem empreendedores, vocês deverão trabalhar em equipe e isso
depende muito do convívio e do contato pessoal. Não se esqueçam de expandir valores e habilidades
interpessoais, elas são bastante exigidas durante o período acadêmico e muito mais na vida profissional.

28 Introdução ao Empreendedorismo
Startup
Enxuta

Caro(a) aluno(a), neste módulo, teremos uma


pequena visão sobre o que significa uma Star-
tup para que, ao longo de nossa disciplina, vo-
cês possam compreender que uma Startup não
é uma empresa pequena e sim uma organização
temporária. Por outro lado, serão utilizados, tam-
bém, conceitos relacionados a uma empresa já
constituída.
Os casos de sucesso são divulgados e, às ve-
zes, parece que só podem ser alcançados se fo-
rem empreendidos por pessoas iluminadas, que
seguem apenas suas intuições e que podem des-
prezar as restrições do ambiente externo. Apenas
um exemplo para mostrar que não é possível ter
toda esta liberdade, para se abrir uma empresa
tem que seguir as regras municipais. Para con-
tratar um colaborador, tem que seguir as regras
trabalhistas. Parece que há mais casos de sucesso
do que fracassos com novos empreendimentos,
pois esses últimos não chamam a atenção de no-
vos empreendedores. Contudo, há muitos casos
de fracasso de novos negócios.
Por outro lado, verifica-se que há abordagens
sistematizadas para se conduzir os negócios com
as Startups Enxutas e é isto que veremos em nossa
disciplina.

UNIDADE I 29
O conceito Startup Enxuta se originou da Manufatura Enxuta, que é um modelo de gestão originário
no Japão com o Sistema Toyota de Produção. Esse modelo adota o princípio de melhoria contínua pela
redução de desperdício. A valorização das pessoas por suas ideias proporciona ganhos na produção.

A Startup Enxuta,
Segundo Ries

Segundo Ries (2012, p. 24),“uma Startup é uma insti- A questão da incerteza, presente em uma Star-
tuição humana projetada para criar novos produtos tup, também está presente em outros negócios.
e serviços sob condições de extrema incerteza.” A abordagem de montagem de uma Startup irá
Com esse entendimento simples e abrangente, prepará-los para trabalhar com incertezas. Esses
o autor nos deu a flexibilidade para nos sentirmos conhecimentos também serão úteis para outros
empreendedores, caso criemos novos produtos ou modelos de negócios tradicionais, pois também
serviços sob condições extremas de incertezas. Isso trabalham com incertezas.
é muito bom para a autoestima.
Também está aberta ao tipo de negócio: pode ser
uma instituição pública ou privada. Da instituição Definindo Startup, Segundo
pública pode ser uma organização civil ou militar. Steve Blank e Bob Dorf
Pode ser um pequeno ou um grande negócio. Pode
ser empreendedorismo interno (intraempreende- Blank entende que “Startup é uma organização
dorismo) ou externo. Também é admissível uma temporária em busca de um modelo de negócio
instituição com ou sem fim lucrativo. Pode ser com escalável, recorrente e lucrativo” (BLANK; DORF,
pequeno ou grande investimento. 2014, p. 17).
Por ser uma instituição, deve estar dentro da lega- No início, o modelo de negócio de uma Star-
lidade - seguir todos os instrumentos legais exigidos tup não tem clientes e nada se sabe sobre eles. As
para se criar uma empresa. A burocracia deve ser Startups se dividem em quatro categorias básicas,
entendida como regras que garantem a segurança conforme elas:
no negócio. • lançam um novo produto em um mercado
A criação de novos produtos e serviços também existente;
nos dá flexibilidade, pois pode abranger produtos de • lançam um novo produto em um novo
alta tecnologia, como serviços ou processos inovado- mercado;
res. Você, na sua empresa, na sua comunidade, pode • lançam um novo produto em um mercado
criar novos produtos que facilitem, por exemplo, a existente e tentam ressegmentá-lo como
mobilidade de pessoas idosas. Pode criar proces- um operador de baixo custo;
sos ágeis para se ter acesso a refeições caseiras. Da • lançam um novo produto em um mercado
mesma forma que pode criar um novo sistema de existente e tentam ressegmentá-lo como
comunicação rápido e barato. um operador de nicho.

30 Introdução ao Empreendedorismo
Uma Startup deve compreender bem as necessi- conhecemos bem nosso produto para que ele seja
dades do cliente (aquilo que lhe traz benefício e rentável e se as vendas são escaláveis.
o que elimina a dor). O conhecimento do clien- Prezado(a) aluno(a), veremos uma breve en-
te deve ser rápido, a fim de que, se necessário, o trevista com o professor Aderson Passos, profes-
modelo de negócio seja modificado, também, sor da disciplina Empreendedorismo do Instituto
rapidamente. Não se deve ter medo de errar, pois Militar de Engenharia (IME), sobre o significado
são os erros que trazem a aprendizagem e evitam de uma Startup, diferença de uma empresa tradi-
prejuízos futuros com a não aceitação pelo preço cional e sua importância para a nossa disciplina.
ou por suas características. Deve estabelecer um
processo de venda para o cliente e um modelo
financeiro que traga rendimento.
Deve-se medir o progresso do desenvolvimen-
to de uma Startup. Para isso, há a necessidade de Tenha sua dose extra de
se entender bem o cliente, saber quanto ele está conhecimento assistindo ao
disposto a pagar pela solução do seu problema, vídeo. Para acessar, use seu
quais são os diferenciais competitivos do nosso leitor de QR Code.

produto, quais são as necessidades prioritárias


do cliente, se somos essenciais para os clientes,

UNIDADE I 31
Empreendedorismo
no Brasil

Caro(a) aluno(a), veremos, a seguir, um pouco


sobre o empreendedorismo no Brasil. Nosso país
passou por vários momentos e se observarmos
meados da década de 80 e até meados da década
de 90, veremos que o país viveu uma crise econô-
mica com elevada inflação, dificultando investi-
mentos na atividade produtiva. Foi justamente
nesta época que o Brasil iniciou seu movimento
de empreendedorismo. A criatividade típica do
brasileiro permite ao governo adotar iniciativas
de incentivos fiscais, investimentos, capacitação
de pessoal, que têm desdobramentos rentáveis na
atividade empreendedora.

Um Pouco da História do
Empreendedorismo no Brasil

Pelo Decreto n⁰ 99.570, de 9 de outubro de 1990,


o Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média
Empresa (Cebrae) foi desvinculado da administra-
ção pública federal e passou a ser designado como
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae). Pelo Art. 2º, compete ao Sebrae
planejar, coordenar e orientar programas técnicos,
projetos e atividades de apoio às micro e peque-

32 Introdução ao Empreendedorismo
nas empresas, em conformidade com as políticas em instituições de ensino superior. Pela lei 13.267,
nacionais de desenvolvimento, particularmente as que Disciplina a criação e a organização das as-
relativas às áreas industrial, comercial e tecnológi- sociações denominadas empresas juniores, com
ca. Esta iniciativa trouxe liberdade de ação para o funcionamento perante instituições de ensino
órgão e ele tem contribuído com a capacitação de superior, os alunos matriculados em cursos de
empreendedores com conhecimentos relacionados graduação poderão criar empresa júnior com a
a empreendedorismo, montagem de modelo de finalidade de executar projetos para o desenvol-
negócio e abertura de empresa vimento de habilidades para desenvolver projetos
Uma outra iniciativa foi a criação da Sociedade junto a clientes externos à universidade, por in-
Brasileira para Exportação de Software (Softex) termédio da prática de sua profissão. Essa prepa-
(2017), criada em 1996, Organização Social Civil ração para o mercado de trabalho contribui para
de Interesse Público (OSCIP) que desenvolve ações o desenvolvimento de empreendedores.
para promover a melhoria da competitividade da Caro(a) aluno(a), acabamos de ver nossa pri-
Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI meira unidade didática: Introdução ao Empreen-
(IBSS), bem como a disponibilidade de recursos dedorismo. Se pudesse resumir o que esperamos
humanos qualificados, tanto em tecnologias como de você, eu diria que gostaria que tivesse autocon-
em negócios. Gestora do Programa para Promoção fiança para empreender. Primeiro, como vimos,
da Excelência do Software Brasileiro – Programa empreendedorismo significa que pessoas utilizam
Softex, considerado prioritário pelo Ministério da suas ideias e aproveitam oportunidades para via-
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações bilizar um negócio de sucesso. Vimos, também,
(MCTIC). Capacita empreendedores para o desen- que elas devem ser apaixonadas pelo que fazem
volvimento de negócios inovadores. Contribui com e estarem dispostas a correr riscos.
a abordagem da tripla hélice, integrando indústria, Na sequência, falamos sobre os empreende-
governo e universidade. dores, que conduzem negócios próprios, e os
Outro movimento que tem contribuído com o intraempreendedores, que lideram empreendi-
crescimento do empreendedorismo é o da criação mentos internos à organização que eles traba-
de incubadoras de empresas, que dão suporte aos lham. Embora sejam ações distintas, dentre outras,
empreendedores para viabilizar a transformação possuem similaridades como seus agentes serem
de uma ideia inovadora em produto utilizado pelo movidos pela paixão, possuem proatividade e per-
consumidor. Disponibiliza infraestrutura, suporte sistência, além de voltarem seus negócios para os
técnico, orientação quanto a assuntos financeiros e clientes. Por outro lado, têm diferenças como a
jurídicos. Acompanhamento das iniciativas quanto visão que para o empreendedor é a própria e do
ao modelo de negócio da empresa. intraempreendedor é a da empresa. Além disso,
A iniciativa do ensino de empreendedorismo as recompensas para o empreendedor dependem
se disseminou em diversas universidades. Ele visa do sucesso dele e a do intraempreendedor do que
fornecer ferramentas e práticas para que se crie a a empresa estabelecer.
cultura empreendedora e a competência para se Após esses conceitos, vimos um pouco mais
criar novos negócios ou modificarem seus am- sobre o perfil do empreendedor e intraempreen-
bientes de trabalho. dedor. Contudo, também mostramos que todos
O Brasil possui um movimento das empresas nascem com capacidade criativa e que ela pode-
juniores que promove a cultura empreendedora rá ser colocada em prática se houver ambiente

UNIDADE I 33
favorável. Sobre a vocação, há
seis tipos e um deles é o tipo
empreendedor. Para o perfil,
podemos citar como presentes:
a determinação, dinamismo,
otimismo, paixão pelo que faz,
liderança. Como se vê, todas
estas habilidades são passíveis
de vocês desenvolverem na Uni-
cesumar, pois ela se dedica a ser
uma Universidade Empreende-
dora. Com vimos nesta unidade,
as universidades modificaram
seus conceitos passando pela
fase inicial de transmitir os co-
nhecimentos, desenvolver pes-
quisa e, atualmente, empreende-
dora, a qual se dedica a também
entregar produtos e serviços
para a sociedade no conceito da
tripla hélice, que reúne Gover-
no, Indústria e Academia.
Mais adiante, vimos o con-
ceito da Startup, que trata de
um agrupamento humano que
cria produtos ou serviços em
ambiente com muitas incerte-
zas, como é o mundo atual. Para
enfrentar estes desafios, vocês
viram que o Brasil conta com
o Sebrae, dentre outros órgãos,
para capacitar e incentivar o
empreendedorismo e as univer-
sidades com suas incubadoras e
cursos de empreendedorismo,
como este que vocês iniciaram.
Assim, quero dizer que acre-
ditamos e desejamos o sucesso
de vocês. Contem conosco.

34 Introdução ao Empreendedorismo
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Como visto nesta unidade, o empreendedorismo e intraempreendedorismo


possuem similaridades e diferenças. A seguir, serão apresentadas algumas
afirmativas sobre o tema. Imagine que você seja um colaborador de uma em-
presa instalada e que seu colega tenha a intenção de iniciar um negócio. Sobre
as afirmativas a seguir, você considera como sendo Falsa (F) ou Verdadeira (V).
(( ) Ambos estarão correndo o mesmo risco, pois o ambiente externo é de mu-
danças rápidas e de grande risco.
(( ) Você e seu colega deverão ter uma boa liderança e paixão pelo negócio para
poderem transmitir segurança e superar os desafios do empreendimento.
(( ) Você não precisa ser proativo e nem ser persistente, mas seu colega sim. Isso
porque caberá ao seu chefe dizer o que você deve fazer, enquanto que seu
colega deverá tomar a iniciativa.

Assinale a alternativa correta:


a) V-V-V.
b) F-F-F.
c) V-F-V.
d) F-V-F.
e) F-F-V.

2. Você pretende se tornar um empreendedor, mas está em dúvida se possui perfil


ou não. Com base nas Características dos empreendedores e intraempreen-
dedores de sucesso de Dornelas (2017), como você poderia justificar esta sua
vocação? Escreva um texto de 10 a 15 linhas.

35
3. Caro(a) aluno(a), determinada universidade pretende se tornar uma universida-
de classe mundial e empreendedora. Com base no que foi apresentado nesta
unidade, você considera como sendo Falsa (F) ou Verdadeira (V), as seguintes
afirmativas?
(( ) Ela deve ter um ensino de qualidade para atrair professores e alunos de qua-
lidade.
(( ) Ela só deve realizar pesquisa que produza bens e serviços para a sociedade.
(( ) Os alunos só poderão participar de pesquisas se forem abrir suas próprias
empresas.
(( ) A universidade deverá integrar com indústria para desenvolver a inovação
tecnológica.

Assinale a alternativa correta:


a) V-F-V-F.
b) F-V-F-V.
c) V-F-F-V.
d) F- F-V-V.
e) V-V-F-V.

36
LIVRO

A Estratégia do Oceano Azul – como criar novos mercados e tornar a con-


corrência irrelevante
Autor: W. Chan Kim; Renée Mauborgne
Editora: Campus, Rio de Janeiro
Sinopse: o livro é um fenômeno global com a venda de mais de 3,6 milhões de
cópias no mundo. O autor estudou o sucesso de inúmeras empresas ao longo
do tempo e concluiu que o melhor para se estabelecer não é entrar e combater
em um mercado já existente, que seria o “oceano vermelho” (sangrento), mas
sim descobrir um mercado potencial com grande chance de crescimento, ou
seja, o “oceano azul”. Em oceanos vermelhos, os concorrentes estabelecem as
regras. Já nos oceanos azuis, quem chega primeiro as estabelece.
Comentário: o livro aborda, de forma sistemática, como fazer com que a con-
corrência se torne irrelevante e apresenta princípios e fundamentos e métodos
para que organizações criem seus oceanos azuis.

37
ALTBACH, P. G., SALMI, J. The Road to Academic Excellence The Making of World-Class Research
Universities. Washington: World Bank, 2011.

BLANK, S.; DORF, B. Startup: Manual do Empreendedor - o guia passo a passo para construir uma grande
empresa. Rio de Janeiro: Atlas Books, 2014.

BRASIL. Decreto-lei n⁰ 99.570, de 9 de outubro de 1990. Desvincula da Administração Pública Federal


o Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (Cebrae), transformando-o em serviço social au-
tônomo. Disponível em: <http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%20
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______. Lei n⁰ 13.267, de 6 de abril de 2016. Disciplina a criação e a organização das associações denominadas
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DORNELAS, J. Empreendedorismo: Transformando ideias em Negócios. 6.ed. São Paulo: Empreende/Atlas,


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EISENMANN, T. R. Entrepreneurship: A Working Definition. Harvard Business Review Web Digital. Dispo-
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1. d. F-V-F.

F= Trata de uma diferença entre empreendedorismo e intraempreendedorismo: no empreendedorismo,


o empreendedor corre seu próprio risco. No intraempreendedorismo o risco é da empresa e da carreira
do intraempreendedor.

V= Trata de uma similaridade entre empreendedorismo e intraempreendedorismo: nos dois casos há um


indivíduo ou uma equipe movida pela paixão, liderados por uma pessoa que acredita que o empreendi-
mento é viável.

F= Trata de uma diferença entre empreendedorismo e intraempreendedorismo: um e outro necessitam


ter proatividade e persistência.

2. O aluno deverá argumentar a posição com base em 5 (cinco) características do empreendedor citadas
por Dornelas (2017): 1. Visionários; 2. Sabem tomar decisões; 3. São indivíduos que fazem a diferença; 4.
Sabem explorar ao máximo as oportunidades; 5. São determinados e dinâmicos; 6. São dedicados; 7. São
otimistas e apaixonados pelo que fazem; 8. São independentes e constroem o próprio destino; 9. Ficam
ricos; 10. São líderes e formadores de equipes; 11. São bem relacionados (networking); 12. São organiza-
dos; 13. Planejam, planejam e planejam; 14. Possuem conhecimento; 15. Assumem riscos calculados e 16.
Criam valor para a sociedade.

3. c. V-F-F-V.

V: A concentração de talento inclui professores e alunos.

F: Pode incluir pesquisas que gerem conhecimentos.

F: Nem todos os alunos precisarão criar empresas.

V: No modelo da tripla hélice, deve ter a integração da universidade com indústria e governo.

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