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GRADUAÇÃO

Unicesumar

QUÍMICA GERAL E
ORGÂNICA

Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques


Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi

Acesse o seu livro também disponível na versão digital.


Reitor
Wilson de Matos Silva
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C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
248 p.
“Graduação - EaD”. Editoração
Flávia Thaís Pedroso
1. Química 2. Geral . 3. Orgânica 4. EaD. I. Título. Qualidade Textual
Eloisa Dias Lourenço
ISBN 978-85-459-1929-2
CDD - 22 ed. 546 Ilustração
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Marta Sayuri Kakitani

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian-
do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças
capazes de alcançar um nível de desenvolvimento
compatível com os desafios que surgem no mundo
contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi-
ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica,
contribuindo no processo educacional, complemen-
tando sua formação profissional, desenvolvendo com-
petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos
em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm
como principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o
desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe-
cimentos necessários para a sua formação pessoal e
profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó-
runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma
equipe de professores e tutores que se encontra dis-
ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
acadêmica.
CURRÍCULO

Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques


Graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá
(2010), mestrado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Paraná
(2013) e doutorado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de
Maringá (2018). Atualmente atua como professor de cursos de graduação.

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4250964E4

Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi


Possui graduação em Engenharia pela Universidade Estadual de Maringá
(2009), pós-graduação em Engenharia da produção pela Unicesumar (2013)
e mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá
(2016). Atualmente é professor mediador do curso de Engenharia de
Produção na Unicesumar.

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4258694E9
APRESENTAÇÃO

QUÍMICA GERAL E ORGÂNICA

SEJA BEM-VINDO(A)!
Preparamos este livro com o intuito de apresentar os conceitos básicos da Química Geral
e Orgânica. Em todos os assuntos tratados, temos como objetivo primordial de formar a
base do conhecimento que nos permitirá entender conteúdos mais complexos de nos-
so curso. E para auxiliar no desenvolvimento, trazemos uma relação entre os conceitos
estudados e as aplicações do cotidiano e para as áreas de biológicas.
Nosso curso começa descrevendo como a matéria é formada, suas partículas, os modelos
atômicos que nos explicam, quais saltos quânticos podem desprender energia para o meio,
o processo que ocorre, por exemplo, na fotossíntese ou na respiração celular. Ainda nesta
análise de caráter microscópica entenderemos que as reações químicas só são possíveis de-
vido ao ganho ou à perda de elétrons, e que estas reações permitem que sejam produzidos
alimentos, medicamentos, entre outros elementos importantes para a sociedade.
Em seguida, entenderemos que as transformações químicas podem ser evidenciadas
pela mudança da coloração, do aroma, do sabor, entre outras características visuais. Per-
ceberemos que também na química a lei da conservação das massas é válida, nos per-
mitindo balancear equações químicas e prever a quantidade de reagentes consumidos
e produtos produzidos.
Vislumbraremos compostos que possuem propriedades e características semelhantes, as
funções orgânicas e inorgânicas. Essas funções nos permitem prever o comportamento
destes compostos em diversas situações. Por exemplo, em um acidente ambiental com
caráter ácido, perceberemos que o solo, mananciais, rios, poderão ter seu pH alterado, que
pode gerar prejuízos a fauna e a flora, se não forem adotadas medidas corretivas, reações
químicas neutralizantes para barrar o caráter ácido deste meio contaminado.
Entenderemos que as transformações químicas podem gerar produtos diferentes, aque-
les que temos o interesse e outros que não se há interesse, chamados de subprodutos.
Perceberemos a necessidade de conhecer as principais técnicas de separação que são
empregadas no laboratório, permitindo separar estes compostos muitas vezes com o
uso de suas propriedades físicas.
Por fim, e não menos importante, estudaremos alguns conceitos importantes a serem
empregados durante o trabalho com produtos químicos e os cuidados que são reque-
ridos no trabalho em um laboratório de química. O conteúdo deste livro foi distribuído
em função de sua importância no aprendizado dos futuros profissionais que atuarão
nos mais variados segmentos.
Convidamos você a participar desta experiência no conhecimento das Química e suas
aplicações. Para tanto, integraremos ciências como a matemática, a física e a biologia,
ou seja, são conteúdos complementares. E durante nossos estudos vamos manter em
mente que na vida o conhecimento nunca se perde, ele se transforma!
08
SUMÁRIO

UNIDADE I

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO

13 Introdução

14 Modelos Atômicos

21 Números Atômicos e Números de Massa

22 Isótopos, Isóbaros, Isótonos e Massa Atômica

24 Níveis e Subníveis de Energia do Modelo Atômico e Orbital Atômico

28 Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica

39 Ligações Químicas e Geometria Molecular

53 Considerações Finais

60 Referências

61 Gabarito

UNIDADE II

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS

67 Introdução

68 Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações

91 Velocidade de Reações Químicas e Equilibro Químico

97 Funções Inorgânicas

109 Soluções, Concentrações, Diluições

116 Considerações Finais

123 Referências

124 Gabarito
09
SUMÁRIO

UNIDADE III

FUNÇÕES ORGÂNICAS

131 Introdução

132 Funções Orgânicas

149 Importância dos Grupos Funcionais de Cada Função Orgânica

151 Aplicações das Funções Orgânicas no Cotidiano

154 Considerações Finais

159 Referências

160 Gabarito

UNIDADE IV

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS

162 Introdução

163 Hibridação do Carbono

165 Isomeria

180 A Importância da Isomeria e do Carbono Quiral na Natureza

182 Mecanismos de Reação

191 Considerações Finais

198 Referências

199 Gabarito
10
SUMÁRIO

UNIDADE V

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO,


TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM
LABORATÓRIO

202 Introdução

203 Propriedades Físicas dos Materiais e Misturas

214 Técnicas de Separação de Misturas

220 Titulação, Padronização e Medidas de pH

227 Noções Básicas de Segurança e Cuidados Laboratoriais

239 Considerações Finais

244 Referências

245 Gabarito

247 CONCLUSÃO
Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques
Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi

ÁTOMOS: O MUNDO

I
UNIDADE
QUÂNTICO

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender os Modelos atômicos.
■ Estudar os Números atômicos e Números de massa.
■ Enfocar Isótopos, isóbaros, isótonos e Massa atômica.
■ Estudar Níveis e subníveis de energia do modelo atômico e Orbital atômico.
■ Compreender a Distribuição eletrônica e Tabela periódica.
■ Estudar as Ligações químicas e Geometria molecular.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Modelos atômicos
■ Números atômicos e números de massa
■ Isótopos, isóbaros, isótonos e Massa atômica
■ Níveis e subníveis de energia do modelo atômico e Orbital atômico
■ Distribuição eletrônica e Tabela periódica
■ Ligações químicas e Geometria molecular
13

INTRODUÇÃO

Você já parou para observar a quantidade de cores, aromas, sabores diferentes


que temos no mundo? São infinitas as combinações que geram formas, sabores e
cores imensuráveis. A cor azul esverdeada da água de uma praia, o verde das
árvores, o ardor da pimenta, o doce do açúcar, enfim são infinitas as possibili-
dades percebidas pelos nossos sentidos. Todas estas diferentes propriedades são
originadas a partir de um seleto grupo de elementos, cerca de 100 átomos qui-
micamente diferentes. A cada combinação, são geradas propriedades diferentes,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

que nos permitem encontrar as infinitas variedades.


Quase todas as propriedades químicas da matéria podem ser entendidas em
termos das propriedades dos átomos que as formam, de modo, que este é o nosso
ponto de partida para o entendimento da química! A partir de então, ao olhar o
café quente em uma xícara, você deve pensar que tudo aquilo é com-posto por
diferentes átomos, e em se tratando de átomos, se permitir imaginar que
internamente existem outros elementos, ainda menores, que se combinam, se
rearranjam, interagem e formam a vida! Nessa caminhada, iremos falar um
pouquinho da história, para entender os desdobramentos dos modelos atômicos
que formaram a base para o modelo de átomos que temos atualmente. O estudo do
modelo atômico nos permitirá entender a necessidade que o elemento tem
em realizar ligações químicas, ou seja, para adquirirem a estabilidade
energética e atômica, se assemelhando aos gases nobres, elementos que
existem na natureza de forma isolada.
Verificaremos que a disposição da tabela periódica em linhas, colunas, e
com uma certa sequência dos elementos não foi um mero formalismo, mas
aconteceu de forma a agrupar elementos que possuem características
semelhantes, nos munindo de importantes informações do comportamento
destes elementos nos rearranjos químicos. E, os rearranjos químicos são
capazes de formar novos compostos, com propriedades químicas e físicas
diferentes, ou seja, os elementos individuais, os átomos, realizam ligações
químicas a fim de obter a estabilidade, e modificam completamente o seu
comportamento, e nos permitem produzir compostos que nos facilitam a vida
Vamos lá?!

Introdução
14 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MODELOS ATÔMICOS

Desde o primórdio, filósofos e cientistas acreditavam sobre a natureza do “mate-


rial” fundamental, como sendo partículas sólidas, indivisíveis, que formavam
todos os outros compostos. Em 460 – 370 a.C., Demócrito e outros filósofos
da Grécia antiga afirmavam que o mundo era composto por infinitas destas
partículas indivisíveis, e a elas denominaram átomos, que significa indivisível.
Posteriormente, Platão e Aristóteles afirmaram em seus estudos que não exis-
tiam as partículas indivisíveis, e a partir de então, a noção “atômica” da matéria
deixou de ser plausível durante muitos séculos (BROWN et al., 2016).
Foi então que no século XVII, na Europa, os químicos aprenderam a mensu-
rar a quantidade de elementos que reagiam para formar novas substâncias, e tais
argumentos corroboraram para voltar (digamos, retroceder) para ideia do mate-
rial indivisível. Essa teoria foi evidenciada pelos trabalhos de Dalton (1803-1807),
que em um de seus postulados, estabelece que “a massa total dos materiais pre-
sentes depois de uma reação química é igual à massa total dos materiais presentes
antes da reação”, ou seja, explica a proporção constante entre os compostos ou a

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


15

conservação da massa. O fato da massa dos reagentes ser a mesma do produto


acabado tornou-se uma forte evidência da veracidade deste modelo (BROWN
et al., 2016; BIGATÃO, 2016).
“A Teoria de Dalton, baseada em átomos indivisíveis, explicou satisfatoria-
mente muitos aspectos do comportamento químico” (BIGATÃO, 2016, p. 16).
Ele “[...] propôs que o átomo era parecido com uma bola de bilhar, isto é, esfé-
rico, maciço e indivisível, e não poderia ser criado nem destruído. Concluiu
também que uma alteração química consistia em uma combinação, separação
ou rearranjo de átomos” (BIGATÃO, 2016, p. 16), nunca na formação de áto-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mos a partir de outros átomos.


Uma das primeiras evidências da existência do átomo como uma partícula divi-
sível (muito antes do modelo de Dalton) pode ser designada ao filósofo grego Tales
de Mileto, no ano VI a.C., o qual percebeu que ao atritar um bastão de resina de
âmbar contra tecidos, couro cabeludo, este bastão atraía objetos de pequena massa,
como folhas de vegetais secos. Derivou-se então o nome eletricidade, oriundo do
nome elektron, cuja tradução do grego, significa âmbar (FELTRE, 2004).
Os resultados de Dalton sobre a indivisibilidade do átomo foram questio-
nados pela realização de alguns experimentos na área do eletromagnetismo,
por meio de alguns experimentos com eletrólise e tubos com pouca presença
de gás (com baixa pressão, rarefeitos). Nas extremidades de um tubo de vidro
com pouco ar foi instalado um eletrodo com polo negativo e na outra, um polo
positivo. Ao ser aplicada uma alta tensão foi produzida uma radiação entre os
eletrodos, denominada de raios catódicos. Essa radiação deslocou-se do polo
negativo para o polo positivo, e era observada pela fluorescência de materiais ali
presentes. Então, provou-se que na presença de campos elétricos ou magnéticos
ocorria os desvios dos raios catódicos, e o sentido do movimento (negativo para
o positivo), demonstrou que havia um fluxo de carga negativa. No entanto, se
no tubo havia ausência da matéria ou de átomos, como explicar tal fenômeno,
se tudo que existia até então era composto por átomos maciços? Foi assim que,
em 1897, o cientista britânico J. J. Thomson, provou que existiam partículas
ainda menores que os átomos, designando como elétron (BROWN et al., 2016).

Modelos Atômicos
16 UNIDADE I

Assim, a grande evolução do modelo de Dalton para Thomson foi que Dalton
não considerou a existência de partículas elétricas em seu modelo de átomo indi-
visível, enquanto que Thomson, por meio da eletricidade, provou que existiam
partículas menores que o átomo: o elétron.
Então, para explicar todo o seu experimento, Thomson propôs, em 1903,
o seu novo modelo de átomo, que era formado por uma “pasta” de carga posi-
tiva que era recheada superficialmente pelos elétrons, com carga negativa. A
interação entre estes dois elementos garantia a neutralidade elétrica do modelo
atômico. Devido a explicação fornecida, o modelo ficou conhecido como “Pudim

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de Passas”, e desta forma, os cientistas passaram a reconhecer que o átomo era
divisível em entidades menores, ao passo que reconheceram a natureza elétrica
destes elementos. Temos no Material Complementar um vídeo interessante sobre
tal experimento de Thomson, recomendo que acompanhem.
Uma extensão da experiência de Thomson foi a experiência de Eugen
Goldstein, em 1886, que modificou a ampola e descobriu os raios anôdicos.
Estes raios seriam o material que “restou” dos átomos sem elétrons, e por não
conterem elétrons, ficam com a carga positiva, sendo desviadas para determi-
nada direção na presença de um campo elétrico (FELTRE, 2004).

Os campos elétricos são regiões no espaço, como regiões entre placas me-
tálicas eletricamente carregada, que contêm em uma extremidade uma alta
concentração de partículas negativas (elétrons), e na outra, pouca ausência
destas cargas, adquirindo o caráter positivo. Um elétron, que possui carga
negativa, posicionado em um campo elétrico, vai em direção do polo posi-
tivo do campo.
Algo semelhante acontece na atração de imãs eletromagnéticos, atração
entre cargas de diferentes sinais, que possuem diferentes quantidades de
elétrons distribuídas em sua superfície.
Fonte: os autores.

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


17

Na evolução entre os modelos atômicos, uma grande descoberta ajudou na pros-


pecção dos modelos. Foi a descoberta da radioatividade, pelo cientista francês
Henri Becquerel, em 1896. Ele descobriu que compostos de urânio emitem espon-
taneamente radiação de alta energia, sem a necessidade de montar eletrodos,
polos negativos ou positivos. Estes compostos conseguem emitir naturalmente
a radiação, com uma alta energia, fenômeno que ele designou de radioatividade.
As radiações emitidas têm cargas positivas, negativas ou neutras.
As descobertas das propriedades relacionadas com a radioatividade também
eram estudadas por Rutherford, e serviram de base para postular o mais novo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

modelo atômico. Em seus experimentos, ele utilizava um elemento radioativo


para emitir radiação com cargas positivas, que eram bombardeadas sob uma placa
fina de ouro. Em volta da placa de ouro havia uma tela circular fluorescente que
captava a radiação, demonstrando se ela mudava ou não de direção após o cho-
que com a placa. Foi então que surgiu uma indagação: se o átomo era como um
pudim de passas, com seu interior contendo cargas positivas e submersas nesta
massa positiva, haviam os elétrons, negativos, conforme afirmava Thomson, como
poderia, grande parte da corrente radiativa não sofrer deformação nenhuma na
sua trajetória quando passavam pela placa de ouro, atravessando-a e atingido a
tela circular? E porque algumas poucas partículas eram desviadas em ângulos
diversos (BROWN et al., 2016).
Com base nestas observações, Rutherford foi capaz de propor um novo
modelo. Ele afirmou que a maior parte do átomo é constituída por vazios, não
por uma massa positiva. Ele concluiu ainda que algumas poucas partículas foram
desviadas em direções diversas devido a repulsão entre a carga positiva da radia-
ção com a pequena carga positiva existente no núcleo do átomo (BROWN et al.,
2016). Foi assim, que
[...] no início do século XX, o físico Ernest Rutherford (1871-1937)
sugeriu que o átomo era composto de um núcleo muito pequeno, car-
regado positivamente, no centro, e circundado por uma região compa-
rativamente grande, vazia, que continha os elétrons, denominada ele-
trosfera. O átomo seria semelhante ao “sistema solar”, em que o núcleo
representaria o Sol e os elétrons girando ao redor do núcleo seriam os
planetas (BIGATÃO, 2016, p. 16).

Modelos Atômicos
18 UNIDADE I

Conforme demonstra a figura a seguir:

Próton
Nêutron
Elétron

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 1 – Modelo atômico de Rutherford
Fonte: De Boni e Goldani (2007).

De acordo com De Boni e Goldani (2007), o modelo atual do átomo deriva da


proposição de Rutherford, composto por duas regiões: o pequeno núcleo, que
compreende toda a carga positiva e praticamente toda a massa do átomo, e a ele-
trosfera, região extranuclear composta de elétrons
A visão moderna dos átomos nos traz uma estrutura semelhante ao apresen-
tado por Rutherford, contudo, a lista dos elementos que constituem o núcleo do
átomo continua a crescer. Para o entendimento dos princípios químicos, objeti-
vos de nosso curso, três elementos são importantes: os elétrons, os prótons e os
nêutrons (BROWN et al., 2016).
O núcleo é então
[...] composto por dois tipos de partículas: o próton, que tem carga po-
sitiva, e o nêutron, assim chamado porque é neutro, ou seja, não tem
carga. Como o átomo não tem carga elétrica, o número de prótons no
núcleo é igual ao número de elétrons que circularam o núcleo em uma
região chamada de eletrosfera. Além disso, o número de prótons no
núcleo é igual ao número atômico (BIGATÃO, 2016, p. 18).
−19
A carga de um elétron é −1, 602 .10 C (Coulomb, unidade da carga elétrica
no sistema internacional de unidades SI). A carga do próton tem a mesma mag-
nitude do elétron, mas com sinal trocado. O nêutron não tem carga elementar.
−19
A quantidade 1, 602 .10 C é conhecida na química como Carga Elementar
ou Carga Eletrônica (BROWN et al., 2016).

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


19

Uma evolução do modelo atômico proposto por Rutherford foi fornecida


pelos estudos do físico Niels Bohr, que considerou, que a mecânica clássica (parte
da física que estuda a interação e movimento dos corpos) não era capaz de des-
crever o comportamento destas pequenas partículas que compunham o átomo,
e nesse sentido, direcionou seus esforços para a compreensão de tais fenômenos
a luz da mecânica quântica. Complexo, não? Nem tanto! Acompanhe o Reflita
a seguir a título de curiosidade e para sabermos do que se trata essa ciência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Mecânica Quântica é uma teoria física que se dedica ao estudo de sistemas


físicos com dimensões muito pequenas, na escala de tamanho do átomo
ou até mesmo menores que isso. É capaz de descrever o comportamento
de moléculas, íons, átomos, elétrons, prótons, nêutrons, entre outros. Você
consegue imaginar o tamanho destas partículas?

Caros(as) alunos(as), não criemos pânico! Só queremos ter uma leve compre-
ensão do modelo que temos hoje que embasa o conhecimento sobre os átomos.
E podemos nos perguntar: por que estudar isso? Desejamos um conhecimento
superficial sobre isso, pois, agora, estes conceitos estão pulsando em seu corpo,
determinando quais moléculas seu organismo vai absorver, quais reações irão
acontecer que poderão liberar a energia responsável pela vida!
Então, continuando, sabemos que as partículas presentes no átomo são regi-
das pela mecânica quântica, e que Bohr foi que adentrou nestes conceitos, certo?
Mas Bohr, não foi contra o que Rutherford postulou, ele complementou o modelo
com a luz dos conhecimentos da mecânica quântica. Por meio de seus estudos,
utilizando espectros eletromagnéticos, ele foi capaz de provar que os átomos
disponibilizam níveis de energia para o elétron, ou seja, a energia de um elétron
em um átomo é quantizada, o que posteriormente foi denominada de níveis de
energia. E essa questão não é tão distante de nossa realidade. Se lembram, do
Ensino Médio, o diagrama de Linus Pauling, níveis de energia, camadas K, L,
M etc.? Essa teoria está relacionada a isso, que a depender de onde o elétron se
encontra, ele possui um nível de energia, que permite com que ele faça um tipo

Modelos Atômicos
20 UNIDADE I

de movimento ao redor do núcleo. E se você não se lembra, não se preocupe,


vamos pincelar algo sobre isso mais à frente!
E foi assim que Bohr melhorou o modelo de Rutherford e desenvolveu o
modelo do átomo que se assemelha ao sistema solar, no qual os elétrons são
como os planetas e se dispõem na eletrosfera na forma de camadas, em que cada
camada subsequente tem um nível de energia diferente, conforme demonstra a
figura a seguir:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Núcleo formado por
prótons e nêutrons

Eletrosfera formada por


elétrons distribuídos
em várias camadas
Figura 2 – Modelo atômico de Rutherford-Bohr
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Na Figura 2, percebemos que os prótons e nêutrons ficam localizados no pequeno


núcleo. A maior parte do átomo é a eletrosfera, onde ficam circulando os áto-
−10 −10
mos. Os átomos tem diâmetro entre 1.10 a 5.10 m . Por ser um número
−10 
muito pequeno, atribui-se a medida 1.10 m como sendo 1 Angstrom ( A ).
Os elétrons são atraídos pelos prótons, e tem uma trajetória circular a elíptica na
−4 
eletrosfera em torno do núcleo. O diâmetro do núcleo tem 1.10 A .

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


21

NÚMEROS ATÔMICOS E NÚMEROS DE MASSA

A quantidade de carga positiva presente no núcleo de um átomo denominamos de


número atômico, com a simbologia “Z”. O número atômico está relacionado com
a natureza do elemento. Para entender melhor temos como exemplo o átomo oxi-
gênio. Se verificarmos na tabela periódica veremos que o número atômico deste
elemento é 8. Isso significa dizer que cada átomo de oxigênio (O) tem 8 prótons.
Não encontramos na natureza nenhum outro átomo com 8 prótons, pois esta carac-
terística é única do oxigênio. Assim, para identificar o átomo de um elemento,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ou o próprio elemento, basta identificar seu número atômico (BIGATÃO, 2016).


Em relação aos elétrons, sabemos que os átomos não possuem carga elétrica
líquida, ou seja, tem carga neutra ou zero. Desta forma, em um átomo, o número de
prótons existentes no núcleo é igual ao número de elétrons existente na eletrosfera.
“Os prótons e nêutrons presentes no núcleo de um átomo são quase total-
mente responsáveis pela massa do átomo, porque os elétrons têm uma massa
relativa” (BIGATÃO, 2016, p.18), pequena em relação a estes compostos. Por esse
motivo, o número de massa, cuja simbologia é “A”, “[...] consiste na soma de pró-
tons e nêutrons presentes no núcleo. Desta forma, se um determinado átomo
possui 47 prótons e 60 nêutrons” (BIGATÃO, 2016, p. 18), seu número de massa
A será a soma entre 47 e 60, ou seja 107.
Uma representação comum do átomo qualquer "X", na química, se dá con-
forme segue abaixo:

Número de massa
A
Z X ou Z XA Número atômico
Figura 3 – Representação do átomo
Fonte: Bigatão (2016).

Números Atômicos e Números de Massa


22 UNIDADE I

ISÓTOPOS, ISÓBAROS, ISÓTONOS E MASSA ATÔMICA

Em relação ao número de nêutrons presentes no núcleo do átomo, estes não


necessariamente têm uma quantidade igual destas partículas, ou seja, um mesmo
elemento pode conter diferentes número de nêutrons. Isso acontece por exemplo
com o carbono. O “Carbono 12” tem 6 prótons e 6 nêutrons, sendo represen-
12
tado por 6 C . Nesta representação, percebemos que o átomo tem 6 prótons, 6
elétrons, número de massa 12 e, por conseguinte, 6 nêutrons (12-6). Já o átomo
“Carbono 14” também é carbono, mas tem a massa atômica 14. Sua represen-

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14
tação é 6 C . Nesta representação, percebemos que este átomo tem 6 prótons, 6
elétrons, número de massa 14, e consequentemente, 8 nêutrons (14-6) (BROWN
et al., 2016). Neste caso citado, em que temos o mesmo átomo com diferentes
números de massa, denominamos na química de isótopos, ou seja, elementos
com mesmo número atômico, mas com diferentes números de massa.
É importante salientar que os isótopos de um determinado elemento são
quimicamente semelhantes, mas podem conter propriedades físicas diferentes.
Por exemplo, no caso de um outro isótopo do átomo hidrogênio, temos o pró-
1 2 2
prio Hidrogênio H , e o Deutério, H ou D . Ambos têm um próton e um
elétron, diferindo em relação ao número de nêutrons, e, consequentemente, no
número de massa. Conforme afirmado, eles têm propriedades químicas seme-
lhantes, reagem com o oxigênio, formando água, mas têm propriedades físicas
diferentes, o hidrogênio forma a água comum ( H 2O ), de densidade igual a
1, 0 g / mL, enquanto o deutério forma a chamada água pesada ( D2O ), pois
tem densidade igual a 1, 1 g / mL (BIGATAO, 2016; RUSSEL, 1982). A seguir
temos esquematizado os isótopos dos átomos de hidrogênio (H) e hélio (He).
É demonstrando seu modelo atômico simplificado, em que as partículas pretas
presentes no núcleo são os prótons, as partículas brancas, também presentes no
núcleo, os nêutrons, e a região azul escura e azul clara que englobam o núcleo é
onde circulam os elétrons, na eletrosfera:

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


23

1
1 H 2
1 H = Deuterium 3
1 H = Tritium

3
2 He 4
2 He 5
2 He 6
2 He
Figura 4 – Isótopos dos átomos hidrogênio e hélio
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Fonte: adaptada de Russel (1982).

“Isóbaros são átomos com diferentes números de prótons, ou seja, elementos quí-
micos diferentes, mas que possuem o mesmo número de massa (A)” (BIGATAO,
2016, p. 20). A exemplo destes casos temos “[...] o Cálcio (Ca, A=40 e Z=20) e
Potássio (K, A=40 e Z=19). Os isóbaros têm propriedades físicas e químicas dife-
rentes” (BIGATAO, 2016).
Isótonos são átomos de diferentes elementos químicos, com diferentes
números de prótons, diferentes números de massa, porém com mesmo
número de nêutrons (N). Os isótonos possuem propriedades químicas
e físicas diferentes, como por exemplo, Cloro e Cálcio.

Ex: (Cl, Z=17, A=37 e N=A–Z=20); (Ca, Z=20, A=40 e N=A–Z=20)


(BIGATAO, 2016, p. 20).

MASSA ATÔMICA

A determinação da massa dos átomos antigamente era de difícil mensuração,


haja vista seu pequeno tamanho. Com o advento da tecnologia essa determina-
ção ficou mais precisa e exata. Por exemplo, sabemos que a massa do hidrogênio
é 1, 6735.10−24 g enquanto que a do oxigênio é 2, 6560.10−23 g (BROWN et
al., 2016). A representação e o trabalho com pequenos números tornam os cál-
culos mais difíceis e complexos, de forma que ao se utilizar uma escala podemos
simplificar tal representação. É então empregado a escala “uma” que significa
unidade de massa atômica.
1 uma = 1, 66054 x 10−24 g ou 1g = 6, 02214 x1023 uma

Isótopos, Isóbaros, Isótonos e Massa Atômica


24 UNIDADE I

“Uma unidade de massa atômica (1 uma) é definida como sendo exatamente


um doze avos (1/12) da massa de um átomo de carbono 12 (12C). Isso equivale
dizer que a massa de um átomo de 12C é 12 uma. Desta forma, a escala de pesos
atômicos é uma escala relativa” (BIGATÃO, 2016, p. 20).
Na natureza a maioria dos compostos encontrados são isótopos. A massa
atômica (presente na tabela periódica) é dada como sendo a média da massa dos
isótopos existentes levando em conta a sua proporção. Não entraremos no detalhe
das contas, pois não é nosso objetivo e também porque temos estes valores todos
listados na tabela periódica, mas, já temos o conceito de onde vem aquele número.

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NÍVEIS E SUBNÍVEIS DE ENERGIA DO MODELO
ATÔMICO E ORBITAL ATÔMICO

Há pouco, mencionamos o modelo de


Rutherford-Bohr, em que os elétrons se
distribuíam na eletrosfera em diferentes
níveis de energia, está lembrado? Então,
agora iremos conhecer um pouco mais
desses subníveis de energia. Uma camada
de energia em que se encontram os elétrons
consiste em um conjunto de um ou mais
níveis energéticos quantizados, ou seja,
cada nível tem sua energia potencial. A
representação mais comum das camadas,
e provavelmente aquela que aprendemos
no ensino médio é dada por letras: K, L,
M, N, O, P e Q (BIGATÃO, 2016).

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


25

Em relação a estas camadas, quanto mais perto do núcleo, mais os elétrons


são atraídos pelos prótons, e menor será sua energia potencial. Energia poten-
cial? Vamos relembrar este conceito da física? Acompanhe o Saiba Mais!

A energia potencial é a energia armazenada por um corpo. Para entender-


mos este conceito, pensamos em uma maçã presa em uma árvore. Quando
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ela está presa na árvore, ela tem uma energia potencial muito grande, dada
pela altura e também pela gravidade. Se ela desprender da árvore, a energia
potencial se transforma em energia de movimento, aumentando sua veloci-
dade de queda, até o ponto em que ela atinge o chão, quando sua energia
potencial é mínima, e energia cinética é máxima (antes do impacto).
Neste exemplo, vimos a energia potencial gravitacional. No caso dos elé-
trons, é a energia potencial elétrica, pois eles são atraídos pelos prótons
positivos existentes no núcleo. Assim, a diferença de cargas entre elétrons
e prótons gera uma atração, e, consequentemente, uma energia potencial.
Assim como no caso da maçã, quanto mais distante eles estão do núcleo,
maior sua energia potencial, ou seja, as camadas externas têm maior ener-
gia potencial.
Fonte: os autores.

Quanto mais próxima do núcleo está uma camada, seus elétrons per-
manecem mais atraídos pelo núcleo e adquirem menor energia. Por
outro lado, os elétrons das camadas mais afastadas são menos atraídos
pelo núcleo, adquirindo maior energia potencial. Assim, os elétrons da
camada K (n = 1) possuem a menor energia, enquanto a camada Q (n =
7) possui os elétrons de maior energia (BIGATÃO, 2016, p. 20).

Outro ponto importante é a quantidade de elétron suportada em cada uma des-


tas camadas. A camada K pode suportar até 2 elétrons, a camada L até 8 elétrons.
A seguir temos demonstrado as camadas de energia da eletrosfera e a quanti-
dade de elétrons existente:

Níveis e Subníveis de Energia do Modelo Atômico e Orbital Atômico


26 UNIDADE I

2 8 18 32 32 18 2
K

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L

M M O P Q
Figura 5 – Camadas de energia ao redor do núcleo
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Os elétrons podem receber energia externa, como calor, luz, ficar excitados e
saltar para uma camada subsequente, que comporta uma maior quantidade de
energia. Quando ele retorna para sua camada original, a energia extra armaze-
nada é perdida em uma radiação em forma de luz (BIGATÃO, 2019).
Dentro de cada camada destas, existem subcamadas, também classificadas
pela quantidade de energia que possa armazenar, e onde permanecem um certo
número de elétrons. São elas as camadas s, p, d, f. No subnível s pode haver até
2 elétrons, enquanto no subnível p até 6 elétrons; no subnível d até 10 elétrons; e
no subnível f até 14 elétrons, que são objetivos de nosso próximo tópico.

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


27

Por que neste curso devemos entender os níveis de energia, a região em


que os elétrons ocupam, sua energia potencial, o desprendimento de ener-
gia quando saltam de um orbital para outro?
A resposta para isso é simples, reações bioquímicas que produzem a energia
para os corpos animais e vegetais se utilizam de tais mecanismos. Um exem-
plo clássico disso é o Ciclo de Krebs, que consiste em uma série de reações
químicas que ocorrem na vida da célula e de seu metabolismo. Trata-se de
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uma parte do metabolismo dos organismos aeróbios (que utilizam o oxigê-


nio em seu processo de respiração). Na descrição deste ciclo há um saldo
de elétrons entre as reações químicas diversas que permitem a geração de
energia (ATP) para o organismo. Para as plantas podemos citar o processo
de Fotossíntese, que também há reações químicas complexas, com com-
partilhamento de elétrons, cujo residual se transforma em energia para as
funções vitais do vegetal. Então, nessa reflexão, concluímos que o estudo
atômico dos átomos é requisito básico para o entendimento da biologia.

Célula
Respiração celular
Mitocôndria
Ácido Dióxido de
ATP Glicose pirúvico Carbono
Citoplasma
1. Glicolise
NADH Água

3.
2. Ciclo Transporte
de Krebs
NADH
eletrônico

Comida

ATP ATP
Oxigênio

Figura 6 – Respiração celular


Fonte: os autores.

Níveis e Subníveis de Energia do Modelo Atômico e Orbital Atômico


28 UNIDADE I

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DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA E TABELA PERIÓDICA

De acordo com o físico Werner Heisenberg (1901-1976), é praticamente impos-


sível se prever a posição correta de um elétron na sua eletrosfera. O físico Erwin
Schrödinger (1887-1961) determinou que a região do espaço que está ao redor do
núcleo, em que há máxima probabilidade de se encontrar um elétron (BIGATÃO,
2016, p. 24), é denominada de orbital. Cada orbital comporta no máximo dois
elétrons, que se encontram emparelhados, ou seja, possuem sentidos de rota-
ção (spin) contrários.
Cada orbital possui um formato específico. Por exemplo, o orbital do tipo
s possui um formato esférico, ou seja, os dois elétrons que circulam neste orbi-
tal fazem uma translação no formato de círculo, conforme demonstra a figura
a seguir. Os seis elétrons que circulam no orbital do tipo p transladam como se
fosse na forma de uma elipse em torno da eletrosfera, conforme demonstra a
imagem que segue. Em relação ao tipo d, a forma é semelhante, mas como temos
uma maior quantidade de elétrons, ela ocupa uma maior região na eletrosfera,
conforme a figura.

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


29
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Figura 7 – Formato do orbital do tipo s, p, d

O formato de como os elétrons transladam no espaço não são objetivos de nosso


curso, apresentamos apenas para que tenhamos uma ideia desta configuração espacial.

DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA

A distribuição eletrônica dos orbitais é feita preenchendo-se totalmente um sub-


nível antes de passar para o próximo. No entanto, os elétrons não se acomodam
primeiro em um subnível para depois acomodar em outro. Eles se acomodam de
acordo com a quantidade de energia de cada nível, em ordem crescente. Em rela-
ção a isso, “[...] o químico Linus Pauling (1901 – 1994) elaborou um diagrama que
permite facilmente fazer a distribuição eletrônica segundo essa ordem crescente.
O dispositivo ficou conhecido como Diagrama de Linus Pauling” (BIGATÃO,
2016, p. 25). A figura a seguir demonstra essa representação:

Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica


30 UNIDADE I

n=7 7s 7p

n=6 6s 6p 6d

n=5 5s 5p 5d 5f

n=4 4s 4p 4d 4f

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n=3 3s 3p 3d

n=2 2s 2p

n=1 1s

s p d f
Figura 8 – Diagrama de Linus Pauling
Fonte: adaptada de Russel (1982).

Para fazer a distribuição eletrônica devemos seguir as setas, iniciando a leitura


de baixo para cima. Por exemplo, o átomo ferro (Fe), que tem número atômico
( Z = 26 ), fica:
1s 2 − 2 s 2 − 2 p6 − 3s2 − 3 p6 − 4 s 2 − 3d 6

O índice 1 representa o nível 1 de energia, ou a camada K, a letra s representa o


subnível s, que comporta 2 elétrons, conforme o subscrito presente nesta letra.
Repare que essa distribuição seguiu exatamente a ordem das setas. Ainda, se você
somar todos os subscritos, 2 + 2 + 6 + 2 + 6 + 2 + 6 = 26. Então, para fazer essa
distribuição devemos ter em mente quantos elétrons cada subnível comporta, e
a quantidade de elétrons da última distribuição será o valor que falta para com-
pletar o número atômico do átomo, que é muito importante para conseguirmos
mensurar a quantidade de elétrons existentes na última camada, pois é por meio
desta informação que podemos prever quantas ligações o átomo será capaz de

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


31

realizar para conseguir atingir a estabilidade, objetivos de nossos próximos tópi-


cos. Entretanto, existe uma maneira muito simples e fácil de obter a informação
da quantidade de elétrons existente na última camada, que é entender as infor-
mações contidas na tabela periódica.

TABELA PERIÓDICA

Como a lista dos elementos descobertos aumentou significativamente no século


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XIX, foi realizado um esforço entre os cientistas para estabelecer alguma perio-
dicidade ou classificação destes elementos. Estes esforços culminaram no
desenvolvimento da tabela periódica, em 1869 (BROWN et al. 2016), tendo
destaque os trabalhos de Lothar Meyer e Dmitri Mendeleev. O princípio básico
da tabela periódica foi agrupar elementos que possuíam certa semelhança, ou
periodicidade, daí seu nome. Por exemplo, os elementos lítio (Li), sódio (Na) e
potássio (K) todos se encontram em um mesmo grupo, a apresentam a caracte-
rística de serem metais macios e muito reativos.
Os elementos são dispostos na tabela em ordem crescente de número atô-
mico. As linhas horizontais são chamadas “períodos”, e são numerados de 1 a 7,
usando algarismos arábicos. Já as colunas verticais são denominadas de “gru-
pos” ou “famílias”, e cada um representa uma “família de elementos”, sendo
representados por números romanos (I a VIII), ou arábicos (1 a 8, seguidos de
A ou B). Estes grupos correspondem ao Grupo 1A (Metais alcalinos), Grupo 2A
(Metais alcalinos terrosos), Grupo 3A (Família do Boro), Grupo 4A (Família do
Carbono), Grupo 5A (Família do Nitrogênio), Grupo 6A (Calcogênios), Grupo
7A (Halogênios) e 8ª (Gases Nobres) (BIGATÃO, 2016).
Os elementos pertencentes aos subgrupos são denominados elementos
de transição e são todos metais. Os elementos pertencentes ao grupo
IIIB nos períodos 6 e 7 representam os elementos de transição interna,
e são chamados lantanídeos e actinídeos, respectivamente. Todos os
outros metais de transição são chamados elementos de transição exter-
na (BIGATÃO, 2016, p. 32).

Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica


32 UNIDADE I

A seguir, é demonstrado a tabela periódica:

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Figura 9 – Tabela Periódica

De acordo com De Boni e Goldani (2007), os elementos presentes na tabela divi-


dem-se em metais, não metais, gases nobres e hidrogênio. Cada tabela periódica
tem a sua demonstração de cores, que classificam os elementos dentro destas
características. Em relação aos metais, entre as características comuns, apre-
sentam condutividade elétrica e térmica, possuem em geral elevada densidade,
possuem brilho, refletindo a luz, tem alto ponto de fusão e ebulição, tem a pro-
priedade de ductilidade (produzem fios), sendo maleáveis permitindo a produção
de lâminas. Com exceção do mercúrio (Hg), todos os metais apresentam-se no
estado sólido na temperatura ambiente (BIGATÃO, 2016).
Os não metais, como Carbono, Nitrogênio, Fósforo, possuem propriedades
opostas dos metais. Tratam-se dos elementos em maior disponibilidade na natu-
reza, e em termos de suas propriedades, não conduzem bem o calor e a eletricidade
(BIGATÃO, 2016). No grupo dos gases nobres apresentam-se todos os elemen-
tos que são gasosos na temperatura ambiente, possuído uma baixa reatividade.

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


33

Muitas vezes na tabela periódica encontramos o hidrogênio como um ele-


mento a parte na tabela, pois ele possui propriedades muito diferentes de todos
os outros elementos, é inodoro, incolor e combina-se tanto com os metais quanto
com os não metais. Nas condições “ambiente” apresenta-se no estado gasoso
sendo extremamente inflamável.

ATENÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Sabia que temos elementos químicos que não são naturais, presentes na
tabela periódica?
Podemos destacar, dentre estes elementos, dois situados antes do urânio
(92U), denominados elementos cisurânicos, representados pelo tecnécio
(43Tc) e o promécio (61Pm). Os demais elementos artificiais, por estarem
localizados depois do urânio, são chamados elementos transurânicos.
Fonte: Feltre (2004).

PERIODICIDADE DAS CONFIGURAÇÕES ELETRÔNICAS

Uma característica interessante da tabela periódica presente entre os elemen-


tos do mesmo grupo é apresentar a mesma configuração eletrônica presente na
camada de valência (última camada).

ATENÇÃO

Atenção! Camada de valência não é necessariamente a camada mais ener-


26
gética. Ela é a camada mais externa! Para o ferro Fe , sua distribuição
2 2 6 2 6 2 6
eletrônica é: 1s � 2 s� 2 p � 3s� 3 p � 4 s� 3d . Sua camada mais externa ou
2
de valência é 4 s , enquanto que sua camada mais energética (a última ob-
6
tida pela distribuição de Linus Pauling é 3d .
Fonte: os autores.

Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica


34 UNIDADE I

Por exemplo, na família 1A , todos os elementos finalizam com a distribuição


ns1 , em que n representa o número quântico principal, ou seja, a camada mais
externa, conhecida também como camada de valência.
Vejamos a distribuição eletrônica para alguns elementos da família 6A (uti-
lizando o diagrama de Linus Pauling):
8
O − 1s 2 , 2 s2 , 2 p 4 .
16
S − 1s2 , 2 s 2 , 2 p6 , 3s2 , 3 p 4 .
34
Se − 1s 2 , 2 s 2 , 2 p6 , 3s 2 , 3 p6 , 4 s ², 3d 10 , 4 p 4 .

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Veja que interessante: todos os elementos deste grupo 6A terminam com a confi-
4
guração p . Ainda, o oxigênio pertence ao período 2, e sua camada de valência
é a segunda. O enxofre pertence ao período 3, e sua camada de valência é a ter-
ceira. O selênio pertence ao período 4, e sua camada de valência é a quarta.
As semelhanças não finalizam por aí, vejamos a quantidade de elétrons pre-
sentes na camada de valência. Como fazer isso? Basta somarmos a quantidade
de elétrons presentes na última camada, assim:
O = 4+2 = 6
S = 4+2 = 6
Se = 4 + 2 = 6

Todos têm a mesma quantidade de elétrons na camada de valência. E isso traz


uma informação valiosa para nós, pois conseguimos descobrir quantos elétrons
eles precisam compartilhar com outros elementos para conseguir estabilidade.
A regra geral (com exceção do hidrogênio H, Hélio He, e também dos elementos
da família B – metais, que não obedecem a regra a seguir) é que as substâncias
formadas atendam a regra do octeto, ou seja, tenham 8 elétrons em sua camada
de valência, pois assim, adquirem a estabilidade. Neste grupo 6A, por exemplo,
todos estes elementos tem a camada de valência com 6 elétrons, e para comple-
tar 8 elétrons, precisam receber ou compartilhar 2 elétrons. Analogamente, no
grupo 7A, eles têm 7 elétrons na camada de valência, e precisam de 1 elétron para

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


35

adquirir estabilidade. No grupo 8A eles têm 8 elétrons na camada de valência,


e não precisam de mais elétrons para adquirir a estabilidade, ou seja, os gases
nobres são bastante estáveis, o que resulta em baixa reatividade desses elementos.
Essa periodicidade é muito importante quando formos falar sobre as ligações e
reações químicas para formar novos compostos. Sugiro que você sublinhe, des-
taque estes parágrafos, para que quando entrarmos no assunto reações e ligações
químicas, vocês possam relembrar este conceito.
Resumindo, vimos que um grupo nos traz a configuração eletrônica da
camada de valência, a quantidade de elétrons existentes nesta última camada,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

vimos também que cada período nos informa qual o número da última camada
(número quântico principal) ou camada de valência. Como exercício, sugiro que
façam a distribuição para outras famílias da tabela periódica para confirmarem
estas “coincidências”.
A seguir destacamos uma outra coincidência ou periodicidade da tabela
periódica, vejam na figura:

1A 8A
1s1 2A 3A 4A 5A 6A 7A 1s1

s d p
2s1 2s2 2p1 2p2 2p3 2p4 2p5 2p6
s 3s
3s1 3s2 3B 4B 5B 6B 7B 8B 1B 2B 3p1 3p2 3p 3p3 3p
3p4 3p5 3p6
4s1 4
4s2 3d1 3d2 3d3 3d4 3d5 3d
3d6 3d7 3d8 3d9 3d10 4p1 4p22 4p3
4 4p4p4 4
4p5 4p6
5s
5s1 5s2 4d1 4d2 4d3 4d4
d4 4d5 4d
4d6 4d7 4d8 4d9 4d10 5p1 5p22 5p
5p3 5p4 5p5 5p6
6s1 6s2 4f 5d2 5d3 5d
5d4 5d5 5d
5d6 5d7 5d8 5d9 5d10 6p1 6p22 6
6p3 6p4 6p5 6p6
d4 6d5 6d
7s1 7s2 5f 6d2 6d3 6d4 6d6 6d7 6d8 6d9 6d10

f
4f1 4f2 4f3 4f4 4f5 4f6 4
4f7 4f8 4f9 4f10 4f11 4f12 4f13 4f14 5d1

5f1 5f2 5f3 5f4 5f5 5f6 5


5f7 5f8 5f9 5f10 5f11 5f12 5f13 5f14 6d1

Figura 10 – Último subnível ocupado em cada elemento da tabela


Fonte: Feltre (2004).

Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica


36 UNIDADE I

Vemos que nos grupos ou famílias 1 e 2A temos os elementos cuja distribuição


eletrônica finaliza no subnível s, nos grupos 3A a 8A, os subníveis terminados
em p (com exceção do hélio, que termina em s, mas que foi colocado ali devido
a sua semelhança com os elementos daquele grupo). Dos grupos 1B a 8B, ele-
mentos cuja distribuição eletrônica finaliza em d. E os elementos de transição
interna que finalizando sua distribuição no subnível f.

PERIODICIDADE NAS PROPRIEDADES DOS ELEMENTOS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
QUÍMICOS

Além das semelhanças que destacamos anteriormente, podemos ter também


semelhança em termos das propriedades do raio atômico, eletronegatividade,
afinidade eletrônica e potencial de ionização, que verificaremos a seguir.

Raio atômico

O raio atômico é a distância do núcleo de um átomo à sua eletrosfera na camada


mais externa ou camada de valência. Como o elétron orbita em diversas posições,
este não é um número fixo, e calculamos um valor médio para o raio atômico.
Para tanto, esta distância é definida “[...] pela média da distância entre os cen-
tros dos núcleos de dois átomos vizinhos de um mesmo elemento numa ligação
química em estado sólido” (BIGATÃO, 2016, p. 35).
O raio atômico possui uma periodicidade tanto em relação a sua família
quanto ao seu período. Dentro de uma mesma família, o raio atômico aumenta
com o incremento do número atômico Z, ou seja, de cima para baixo. A expli-
cação para isso é simples, o raio cresce de acordo com o aumento do número
de camadas externas.
Já para um mesmo período, o raio atômico aumenta da direita para esquerda,
no sentido de decréscimo do número atômico. A explicação para tal fato está no
fato de todos possuírem o mesmo número de camadas eletrônicas. Neste caso,
“[...] quanto maior o número de elétrons na camada de valência, maior sua atra-
ção pelo núcleo, diminuindo assim o raio do átomo” (BIGATÃO, 2016, p. 36).

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


37

A seguir é apresentado o que retratamos:

Raio atômico
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 11 – Aumento do raio atômico


Fonte: Feltre (2004).

Eletronegatividade

A eletronegatividade é a capacidade que os átomos têm de atrair elétrons para pró-


ximo de si. Isso é um fenômeno importante para a ocorrência das reações químicas.
A escala de Pauling, bastante empregada nesta propriedade, define que a ele-
tronegatividade cresce nas famílias da tabela de baixo para cima, no sentido em
que diminui o raio atômico. A explicação para tal fato está no aumento das inte-
rações do núcleo com a eletrosfera. Já em relação aos períodos, o aumento ocorre
da esquerda para direita, no mesmo sentido do aumento do número atômico.
A figura a seguir apresenta o sentido de crescimento da eletronegatividade
dos elementos:

Eletronegatividade

Figura 12 – Aumento da eletronegatividade


Fonte: Feltre (2004).

Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica


38 UNIDADE I

Eletropositividade

Uma característica oposta da eletronegatividade é a eletropositividade, que é a


tendência que o átomo tem para perder elétrons em uma ligação química. Em
relação a esta propriedade ela aumenta no sentido contrário da eletronegativi-
dade, seguindo a mesma relação do aumento do raio atômico. A explicação é
simples, quanto maior o raio do átomo, mais facilmente ele perde seus elétrons
da camada de valência (BIGATÃO, 2016).
A seguir observamos o sentido do aumento da eletropositividade na tabela periódica:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Eletropositividade

Figura 13 – Aumento da eletropositividade


Fonte: Feltre (2004).

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


39
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

LIGAÇÕES QUÍMICAS E GEOMETRIA MOLECULAR

De acordo com De Boni e Goldani (2007), na natureza, todos os sistemas bus-


cam alcançar a maior estabilidade possível, árvores buscam ter raízes grandes
e densas para lhe proporcionar estabilidade, a temperatura de um corpo mais
quente é trocada com um corpo mais frio para atingir equilíbrio térmico, entre
outros. Para os átomos não ocorre de forma diferente, a maior parte destes ele-
mentos não se apresentam isoladamente, mas sim ligados com outros átomos,
atingindo assim uma configuração mais estável. Um exemplo fundamental para
nossa sobrevivência é o oxigênio, cuja combinação entre átomos do mesmo ele-
mento formam O2 (oxigênio) e O3 (ozônio) ou se ligam a outros elementos,
formando diversas substâncias: CO (monóxido de carbono), CO2 (dióxido de
carbono), H 2O (água), SO2 (dióxido de enxofre). Neste ponto, é importante fri-
sarmos que o elemento químico ( O ) não se encontra na natureza em sua forma
elementar, pois ele não tem estabilidade (BIGATÃO, 2016).
A estabilidade é obtida quando os átomos participantes atingem a regra do
octeto, ou seja, completam, em sua camada de valência um total de 8 elétrons,
obtendo uma configuração semelhante dos gases nobres. Em relação a estes gases,

Ligações Químicas e Geometria Molecular


40 UNIDADE I

presentes na família 8A, que já possuem 8 elétrons em sua camada de valência,


não precisam realizar ligações químicas pois já são estáveis e podem ser encontra-
dos na natureza em sua forma isolada ( He, Ne, Ar , Xe, Kr e Rn ). Ainda, o
hélio é um elemento que foge à regra do octeto, que fica estável com dois elétrons
em sua camada de valência e por isso também se encontra nesta mesma família.
Os demais elementos presentes na tabela não existem no formato isolado e
precisam realizar ligações químicas para atingir a estabilidade. O tipo desta liga-
ção química vai depender da natureza das configurações químicas dos átomos
que participam da ligação (BIGATÃO, 2016), que são influenciados por dois

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fatores principais: a força eletrostática existente entre cargas opostas e a tendên-
cia dos elétrons em formar pares.
Os demais elementos presentes na tabela não existem no formato isolado e
precisam realizar ligações químicas para atingir a estabilidade. O tipo desta liga-
ção química vai depender da natureza das configurações químicas dos átomos
que participam da ligação (BIGATÃO, 2016), que são influenciados por dois
fatores principais: a força eletrostática existente entre cargas opostas e a tendên-
cia dos elétrons em formar pares.
Então, durante as ligações químicas, os átomos envolvidos a fim de adquirir
a estabilidade podem doar seus elétrons, receber elétrons e até mesmo compar-
tilhar elétrons entre si, e a depender da forma como ocorre, teremos um tipo
específico de ligação, que iremos tratar a seguir.

LIGAÇÃO IÔNICA

A ligação iônica ocorre entre elementos que possuem cargas elétricas opostas,
chamados de cátions (carga positiva) e ânions (carga negativa), geralmente, obti-
das entre metais e não metais. Os metais têm grande tendência a perder elétrons,
pois são bastante eletropositivos (lembre-se das propriedades da nossa tabela peri-
ódica), e quando perdem elétrons, ficam desbalanceados em termos do número
de cargas positivas e negativas, ou seja, ficam com um menor número de car-
gas elétricas negativas, obtendo um caráter positivo, formando um íon positivo
+
conhecido como cátion, por exemplo, o Na , que é um cátion do átomo sódio.

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


41

Da mesma forma, um não metal possui grande tendência a ganhar elétrons,


pois tem uma maior eletronegatividade, e neste caso, se ele ganha elétrons, ele
fica com um maior número de cargas negativas, formando um íon negativo cha-

mado de ânion, por exemplo, o ânion cloreto Cl .
Então, quando estes dois íons se encontram (o cátion se encontra com o
ânion), há uma atração entre as cargas opostas, formando a ligação iônica. Para
entender melhor vamos explicar melhor com os nossos exemplos tomados acima.
11 17
O metal sódio Na e o não metal cloro Cl , tem a seguinte distribuição ele-
trônica (pelo diagrama de Linus Pauling):
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

11
Na − 1s2 2 s2 2 p6 3s1.
17
Cl − 1s 2 2 s2 2 p6 3s 2 3 p5 .

Vejam, que através da distribuição eletrônica do cloro, percebemos que na camada


de valência M (ou camada 3) o sódio tem 1 elétron, e na camada anterior L (ou
camada 2), ele tem 8 elétrons (2+6). Se ele perder 1 elétron da última camada
ele fica com 8 elétrons na camada anterior, atinge a regra do octeto e torna-se
estável. Então, o sódio precisa perder 1 elétron, e sua representação é Na1+, ou
seja, o cátion sódio.
Uma alternativa para realizar a mesma análise é utilizar a tabela periódica. Os
elementos da família 1A e 2A, tendem a perder 1 e 2 elétrons, respectivamente.
Neste caso, a representação do íon sódio com carga positiva é Na + .
Verificando a distribuição eletrônica do cloro, percebemos que ele tem na
camada de valência M (ou camada 3) 7 elétrons (2+5), portando, se ganhar 1
elétron, atinge a regra do octeto, ficando com 8 elétrons e atinge a estabilidade.

Sua representação é Cl , ou seja, o ânion cloreto.
Uma alternativa para realizar a mesma análise é utilizar a tabela periódica.
Os elementos da família 3A, tem três elétrons na camada de valência, precisam
perde-los para ficar com 8 elétrons na camada anterior. Os elementos da família
4A, 5A, 6A, 7A precisam de 4, 3, 2 e 1 elétrons para atingirem a regra do octeto
e atingir a estabilidade. Percebam, que o número da família da tabela periódica
indica a quantidade de elétrons que precisam ser cedidos ou recebidos para atin-
gir a estabilidade. Então, em nosso exemplo, o cloro pertence à família 7A, e

Ligações Químicas e Geometria Molecular


42 UNIDADE I


precisa ganhar 1 elétron para adquirir a estabilidade e sua representação é Cl .
Nesta condição destes dois átomos, o sódio necessitando doar 1 elétron, e o
cloreto necessitando ganhar 1 elétron, eles realizam uma ligação do tipo iônica,
que é quando há doação de elétrons de um elemento para o outro e formam o
composto NaCl , chamado de cloreto de sódio.
No sólido do tipo iônico formado NaCl , que é chamado de cloreto de
sódio, os íons sódio e cloreto estão organizados nas três dimensões, conforme
+ −
representação a seguir, onde cada Na tem seis Cl que estão próximos e, de
− +
maneira análoga, cada Cl está próximo de seis Na . Tridimensionalmente, a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
estrutura originada demonstra um retículo cristalino.

Na
+

Sal NaCl Cl-


Figura 14 – Retículo cristalino do cloreto de sódio
Fonte: Feltre (2004).

As propriedades deste composto diferem muito dos elementos originais. O sódio


é um metal brilhante que queima espontaneamente em contato com a água. O
cloro é um gás venenoso que foi usado durante a 1ª Guerra Mundial. Apesar
disso, nós utilizamos cloreto de sódio em nossos alimentos. Assim, fica claro
que as propriedades do átomo mudam quando se tornam íons (UCKO, 1992).
Neste exemplo do sal de cozinha foi simples construir sua fórmula iônica, e
para ficarmos expert, vamos treinar com mais um exemplo: a ligação entre o Mg
(Magnésio) e Cl (cloro). Neste exemplo não iremos fazer a distribuição eletrô-
nica por Linus Pauling e sim usar as regras que conhecemos da tabela periódica.
Se você ainda não se sentir confortável, faça a distribuição eletrônica, os resul-
tados serão os mesmos.

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


43

O magnésio está na família 2A, conforme mencionamos, os metais desta famí-


lia tendem a perder 2 elétrons para atingir a estabilidade e completar a regra do
2+
octeto. Sua representação na forma de íon é Mg , ou seja, o cátion magnésio.
O cloro está na família 7A, precisa ganhar 1 elétron para atingir a estabili-
1−
dade, e sua representação é Cl , ou seja, o ânion cloreto.
Temos então um composto que precisa doar elétrons (metal) e outro que
precisa receber elétrons (não metal), tratando-se, portanto, de uma ligação do
tipo iônica.
Agora neste ponto surge uma indagação, um elemento precisa perder dois
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

elétrons, e o outro só precisa ganhar 1 elétron, como proceder? Simples, preci-


saremos de 2 íons cloretos, assim, o cátion magnésio consegue doar seus dois
elétrons. Porém, na fórmula iônica precisamos quantificar o número de átomos,
que é feito com um subscrito:
Antes da reação: Mg 2+ e Cl1−
Depois da reação: MgCl2
Para não sobrar dúvidas, indico utilizar a seguinte regra:

Mg 2+ Cl1-
Figura 15 – Regra
Fonte: os autores.

Ou seja, a carga do ânion desce como a quantidade de cátions que serão neces-
sários, no caso 1, não precisa representar, e a carga do cátion desce como a
quantidade de ânions que serão necessários, no caso, 2.
Para aniquilar com todas as dúvidas vamos para mais um exemplo, reação
entre o alumínio ( 13 Al ) e o oxigênio ( 8 O ). O alumínio (metal) está na família
3A, precisa perder 3 elétrons: Al 3+ , cátion alumínio. O oxigênio (não metal)
está na família 6A, precisa ganhar 2 elétrons: O2− , ânion óxido. Temos um ele-
mento querendo doar, outro querendo receber, ou ainda, uma reação entre um
metal e um não metal, então, teremos uma ligação do tipo iônica:

Al
3+
O 2-

Figura 16 – Ligação do tipo iônica


Fonte: os autores.

Ligações Químicas e Geometria Molecular


44 UNIDADE I

E o composto iônico formado será o Al2O3 , ou seja, o óxido de alumínio.

[...] os compostos iônicos apresentam algumas características em co-


mum: são sólidos na temperatura ambiente e formam retículos crista-
linos; possuem elevados pontos de fusão e ebulição; quando fundidos
ou em solução aquosa são bons condutores de eletricidade; são solúveis
em água; são duros e quebradiços (BIGATÃO, 2016, p. 41).

LIGAÇÃO COVALENTE OU MOLECULAR

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A ligação covalente ocorre quando dois átomos possuem tendências semelhan-
tes de ganhar. Nestas condições, ao contrário da ligação iônica, a transferência
total de um elétron não acontece, ocorrendo o compartilhamento dos elétrons
entre os átomos participantes da reação. Os pares eletrônicos que se formam neste
processo de compartilhamento são constituídos por um elétron de cada átomo
e pertencem simultaneamente a ambos os átomos ligados. Portanto, não ocorre
ganho e perdas de elétrons e as estruturas formadas após a reação são eletrica-
mente neutras (BIGATÃO, 2016).
Os conjuntos formados por meio de ligações covalentes são “[...] chamadas
de moléculas, por isso a ligação covalente é também chamada ligação molecular.
Assim, as substâncias formadas por ligação covalente são chamadas substâncias
moleculares e podem ser sólidas, líquidas e gasosas” (BIGATÃO, 2016, p. 43). “A
ligação covalente geralmente ocorre entre não metal e não metal, hidrogênio e
não metal e hidrogênio com hidrogênio” (BIGATÃO, 2016, p. 43).
Vamos tomar como exemplo dois átomos de hidrogênio. Este elemento
encontra-se, geralmente, a parte da tabela periódica, ou acima da família 1A.
Ele, conforme mencionado acima, é uma exceção, e precisa apenas de 1 elétron
para ficar com um total de 2 elétrons e adquirir a configuração do Hélio e ficar
estável. Assim, os dois átomos de hidrogênio compartilham seus elétrons para
ficar estáveis (BIGATÃO, 2016).
Quanto a representação, a ligação covalente pode ser representada pela fór-
mula estrutural plana: H − H , em que o traço representa o par de elétrons
compartilhados. A fórmula molecular é H 2 (BIGATÃO, 2016).

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


45

É importante frisar que um composto é considerado molecular, ou ainda,


chamado de molécula somente se possuir ligações covalentes em sua estrutura.
17
Vamos fazer agora outro exemplo, entre dois átomos de cloro. O cloro ( Cl )
pertence à família 7A, ou seja, precisa ganhar 1 elétron para atingir a regra do octeto
e adquirir estabilidade. Como temos dois não metais que necessitam ganhar elé-
trons, eles irão compartilhar, cada um 1 elétron, e então, terão a quantidade final
total de 8 elétrons na camada de valência. Por serem dois não metais e por compar-
tilharem os elétrons, formaram uma ligação covalente, formando a molécula do gás
cloro Cl2 ou Cl − Cl . Deixamos aqui o desafio para você fazer a distribuição
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

eletrônica deste átomo e verificar a quantidade de elétrons que existe na camada de


valência (última camada) e comprovar que ele realmente precisa de 1 elétron para
ficar com 8 elétrons nesta camada.
Abaixo temos uma representação didática do compartilhamento de elétrons
entre os dois átomos de cloro. Para representar desta forma basta distribuir em
volta do átomo os elétrons presentes na camada de valência e fazer uma ligação
entre 1 elétron de cada átomo para representar a ligação:

Cl Cl
Figura 17 – Ligação covalente entre o gás cloro
Fonte: Bigatão (2016).

8
Outro exemplo de ligação covalente é entre átomos diferentes oxigênio ( O) e hidro-
gênio (1 H ). Já vimos acima que o hidrogênio precisa de apenas 1 elétron para ficar
estável. O oxigênio pertence à família 6A, ou seja, necessita de dois elétrons para
ficar estável. Então, para isso ser possível, serão necessários dois átomos de hidro-
gênio, formando a molécula da água H 2O . A figura abaixo representa esta ligação:

O H O H

H H
Figura 18 – Ligação covalente entre oxigênio e hidrogênio.
Fonte: Bigatão (2016).

Ligações Químicas e Geometria Molecular


46 UNIDADE I

Podemos verificar que a água faz duas ligações covalentes para atingir a estabilidade
de seus elementos. A primeira representação é a fórmula estrutural plana, a segunda
representação é a de Lewis, e a representação H2O é a representação molecular.

LIGAÇÃO COVALENTE COORDENADA OU DATIVA

A ligação covalente do tipo coordenada ou dativa é um caso especial da ligação


covalente. Continua a ser covalente, pois ocorre entre não metais mediante ao

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
compartilhamento de elétrons. A diferença neste tipo de ligação é que um dos
elementos atinge a regra do octeto, tornando-se estável e ainda assim compar-
tilha elétrons de sua estrutura para o outro elemento para que este também se
torne estável. Para entendermos melhor este tipo de ligação, vamos tomar como
exemplo o monóxido de carbono (CO) (BIGATÃO, 2016).
O carbono pertence à família 4A, ou seja, necessita de 4 elétrons para atin-
gir a regra do octeto e adquirir a estabilidade. O oxigênio pertence à família
6A, e necessita de 1 par de elétrons para ficar estável. Neste exemplo o oxigênio
compartilha 1 par de elétrons com o carbono, e desta forma, adquiri a
estabili-dade. O carbono, que compartilhou 1 par de elétrons com o oxigênio,
fica com um total de 6 elétrons em sua camada de valência, e necessita de
mais 1 par de elétrons para ficar com 8 elétrons. O oxigênio realiza este
compartilhamento unilateral, e a molécula monóxido de carbono é formada,
conforme demonstra a figura abaixo:
C O
Figura 19 – Ligação covalente dativa entre carbono e oxigênio
Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007).

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


47

A representação na forma estrutural plana por ser feita por um traço que repre-
senta os compartilhamentos de pares de elétrons, conforme é demonstrado a seguir:

C O
112.8 pm
Figura 20 – Ligação covalente dativa entre carbono e oxigênio
Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007).

Para treinarmos ainda mais vamos considerar mais um exemplo, a molécula dió-
xido de enxofre ( SO2). Tanto o enxofre (S), quanto o oxigênio (O) pertencem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a família 6A, e como sabemos, necessitam compartilhar 1 par de elétrons para


completar o octeto e atingir a estabilidade. Entre os pares enxofre e oxigênio,
há o compartilhamento de um par de elétrons, e ambos, completam a regra do
octeto, ficando estável. No entanto, ainda há um enxofre que necessita de um par
de elétrons. Então, o oxigênio compartilha seu par de elétrons com este enxo-
fre, sem receber o par de elétrons do enxofre, formando desta forma, a molécula
dióxido de enxofre, conforme demonstra a figura abaixo:

O S O
Figura 21 – Fórmula de Lewis para representação do SO2
Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007).

A representação estrutural é dada conforme segue:

S
O O
Figura 22 – Fórmula estrutural plana para representação do SO2
Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007).

Ligações Químicas e Geometria Molecular


48 UNIDADE I

A seguir, temos o Quadro 1 que demonstra as principais diferenças entre a liga-


ção iônica e covalente:

Quadro 1 – Diferenças entre a ligação covalente e dativa

LIGAÇÃO IÔNICA LIGAÇÃO COVALENTE


Ocorre entre metal e não metal Ocorre entre não metal e não metal
Transferência de elétrons Compartilhamento de elétrons
Elevados pontos de fusão e ebulição Baixos pontos de fusão e ebulição

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conduz corrente elétrica Não conduz corrente elétrica
Formam retículos cristalinos Formam moléculas
Sólidos, líquidos ou gases a
Sólidos a temperatura ambiente
temperatura ambiente
Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007).

LIGAÇÃO METÁLICA

Conforme o próprio nome sugere, este tipo de ligação ocorre entre metais. Os
metais não exercem uma grande força pelos elétrons que estão presentes em sua
camada de valência, e assim, quando mais de um metal se liga, os elétrons desta
última camada ficam livres e percorrem toda a extensão do metal. Daí está a
explicação dos fios metálicos serem utilizados para conduzir energia. A mobili-
dade eletrônica existente os torna bons condutores de energia.
Em termos das ligações, os metais tendem a doar seus elétrons para se tor-
narem estáveis, ou seja, são cátions (doam elétrons e adquirem a carga positiva).
Os elétrons que são perdidos durante a ligação ficam livres e são atraídos por
outros elementos metálicos, que também desprendem seus elétrons, e assim
sucessivamente. Portanto, os metais apresentam uma estrutura geral eletrica-
mente neutra (a soma das cargas de todos os elementos presentes se torna nula),
sendo que são constituídos por cátions em posições ordenadas, que possuem
seus elétrons na camada de valência livres e que se movimentam por todo o
metal (BIGATÃO, 2016).

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


49

Alguns autores citam que os metais formam um modelo conhecido como


sendo um “mar de elétrons”, em que existe um amontoado organizado de cátions
mergulhados neste mar de elétrons. Assim, a regra do octeto vista até aqui não
explica este tipo de ligação, ou seja, não se aplica a regra do octeto, conforme
comentamos anteriormente.
As características da ligação metálica são o brilho, elevada condutividade
elétrica e térmica, elevados pontos de fusão e ebulição, alta densidade, maleabi-
lidade e ductilidade e resistência a tração.
Um exemplo de ligação metálica é representado pelo Ferro. Neste tipo de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ligação representamos os elementos participantes, sem indicar a quantidade,


pois conforme afirmamos, estes não seguem a regra do octeto.
As ligas metálicas são uniões de dois ou mais metais, podendo ain-
da incluir não metais, mas sempre com predominância dos elementos
metálicos. Na produção de ligas metálicas, os componentes metálicos
e não metálicos são fundidos, em seguida, resfriados e solidificados.
O produto formado apresenta propriedades físicas e químicas muito
diferentes de seus metais puros, tornando-se mais resistentes para apli-
cações práticas em geral. As ligas de maior aplicação no nosso cotidia-
no são o aço comum (liga de ferro e carbono), o aço inoxidável (liga
de ferro, carbono, cromo e níquel), o bronze (liga de cobre e estanho),
entre outras (BIGATÃO, 2016, p. 47).

GEOMETRIA MOLECULAR

Entendemos algumas das reações químicas básicas e agora estamos interessa-


dos em saber como estes átomos se rearranjam no espaço após a ocorrência da
ligação química. O estudo da geometria molecular é importante pois influencia
em muitas de suas propriedades físicas e químicas dos compostos, tais como os
pontos de fusão e ebulição (BIGATÃO, 2016). Além disso, por meio da geome-
tria dos compostos somos capazes de predizer se a molécula é polar (ou seja, tem
carga positiva ou negativa), ou apolar (é neutra). Este conceito é importante no
campo da química por nos permitir prescrever a solubilidade de um composto
em outro, pelo estudo da polaridade.

Ligações Químicas e Geometria Molecular


50 UNIDADE I

Já nos sistemas vivos, as diversas reações químicas que nos fornecem ener-
gia e nos mantém vivos dependem de um entrelaçamento preciso e complexo
entre as moléculas, justificando nosso interesse em entender a geometria dos
compostos (BIGATAO, 2016).
Em uma molécula, formada por ligações covalentes, um átomo central,
ligado a vários átomos ao seu redor, as ligações e os pares de elétrons isolados
(sem ligação) se orientam no espaço de maneira que as repulsões entre elétrons
seja a menor possível (repulsões entre cargas iguais), enquanto que as atrações
entre o elétron e núcleo sejam maximizadas. Este método que determina a orien-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tação no espaço é chamado de Repulsão entre os pares eletrônicos da camada de
valência ou Método VSEPR (BIGATÃO, 2016).
Um exemplo desta distribuição espacial podemos vislumbrar na molécula
de metano ( CH 4 ). O carbono, pertencente à família 4A necessita de 4 elétrons,
enquanto que o hidrogênio necessita de apenas 1. Então, 4 hidrogênios fazem
a ligação com o carbono, e todos eles completam a regra do octeto. A figura a
seguir demonstra a configuração espacial desta molécula:

Figura 23 – Geometria espacial do metano (CH4)


Fonte: adaptada de Feltre (2004).

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


51

Neste caso, sem pares eletrônicos livres na camada de valência do átomo cen-
tral (carbono), os átomos de hidrogênio se distanciam de tal maneira que ficam
mais distantes uns dos outros.
Em outros casos sobram elétrons na camada de valência do átomo central,
como é o caso da molécula de água. O oxigênio, pertencente à família 6ª, neces-
sita compartilhar um par de elétron. Compartilha 1 elétron com um átomo de
hidrogênio, e outro elétron com outro hidrogênio. Sobram neste compartilha-
mento, no átomo central, 2 pares de elétrons na camada de valência. Estes pares
de elétrons ficam distribuídos no espaço de tal forma que ficam em uma distân-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cia que minimiza sua repulsão, conforme demonstra a figura a seguir:

O
H H

Figura 24 – Estrutura de Lewis e Geometria espacial da água


Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Ligações Químicas e Geometria Molecular


52 UNIDADE I

Essa teoria VSEPR explica a estrutura espacial das moléculas, pois leva em con-
sideração que todas as moléculas possuem geometrias espaciais originadas de
um conjunto básico de geometrias diferentes, conforme demonstra a figura a
seguir, que apresenta o modelo VSEPR:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Linear Trigonal Planar Tetraedro
2 ligandos 3 ligandos 4 ligandos

Figura 25 – Modelo VSPER


Fonte: adaptada de Feltre (2004).

As geometrias observadas na figura dependem do número de átomos que for-


mam a molécula (BIGATÃO, 2016, p. 50-51).
• Moléculas com dois átomos em torno do átomo central apresentam
estrutura linear plana, tais como BeH 2 , CO2 , BeF2 , CS2.

• Moléculas com três átomos ao redor do átomo central, apresentam


a estrutura trigonal plana, tais como BF3 , SO3 , BCl3 .
• Moléculas com 4 átomos ao redor do átomo central apresentam
estrutura espacial tetraédrica, tais como CH 4 , CCl4 , SiF4.
• Moléculas com 5 átomos ao redor do átomo central apresentam
estrutura espacial de bipirâmide trigonal (de base triangular), tais
como PCl5 , MoCl5 .
• Moléculas com 6 átomos ao redor do átomo central apresentam
estrutura espacial octaédrica (bipirâmide de base quadrada), tais
3−
como SF6 , CrCl6 .
• Moléculas com 7 átomos ao redor do átomo central apresentam
estrutura espacial de bipirâmide pentagonal.

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


53

Dessa forma, com base na figura e nas regras anteriores, conseguimos esquema-
tizar as bases do modelo VSEPR, que atendem as condições citadas.
Agora, munidos do conhecimento atômico, dos rearranjos químicos para
estabelecer a estabilidade dos compostos formados, da forma como os átomos
ocupam a posição no espaço durante as ligações químicas, estamos prontos para
estudar as reações químicas entre substâncias distintas, entrando em contato com
reações básicas do campo da química. Vamos lá?
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), nesta unidade estudamos como se forma a matéria em níveis


atômicos. Estudamos um breve histórico dos principais modelos e vimos que o
átomo é sim divisível em outras unidades menores, os prótons, nêutrons e elé-
trons, e como estes ficam arranjados espacialmente, em um modelo que muito
se assemelha ao nosso sistema solar.
Entramos, de forma breve, no campo da quântica, e percebemos que os elé-
trons ocupam posições distintas no espaço, e que a cada nível ocupado há uma
energia potencial relacionada. Entendemos que esta energia presente nos elé-
trons e nos orbitais permite a ocorrência das ligações químicas, e que a depender
da natureza da ligação, a energia excedente é utilizada pelos seres vivos para a
manutenção da vida. Ainda, verificamos como ocorre a distribuição eletrônica
obedecendo a níveis de energia, em que as camadas mais externas são as mais
energéticas, devido à energia potencial que é armazenada.

Considerações Finais
54 UNIDADE I

Entendemos como funciona a tabela periódica, que se corretamente utili-


zada, nos traz informações importantes sobre os elementos químicos e que nos
auxiliam no entendimento das ligações químicas, utilizadas pelos átomos para
adquirir a estabilidade. Percebemos também que o arranjo dos elementos na
tabela periódica não ocorre de forma aleatória, e que cada conjunto de elemen-
tos possuem características comuns entre si, permitindo fazer uma classificação
periódica em termos das propriedades apresentadas.
Por fim, verificamos como as moléculas ficam distribuídas espacialmente
após a ocorrência das ligações químicas, e que esta geometria auxilia no enten-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dimento da polaridade das moléculas.
Com todas estas informações estamos prontos a entender como ocorrem as
interações entre substâncias químicas diferentes, os tipos de ligações que podem
ser formadas, que é função dos elementos participantes, as novas propriedades
físicas e químicas destas substâncias, e também a quantificação de reagentes que
são necessários para a formação de uma determinada quantidade de produto,
bem como algumas reações que são bastante corriqueiras no campo da química.
Preparados?!

ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO


55

1. O estudo e o entendimento dos modelos atômicos são importantes para a


compreensão da formação do modelo atômico atual. Por meio do histórico,
é possível observar cada evidência que auxiliou no desdobramento de uma
nova propriedade. A seguir são feitas algumas informações sobre os modelos
atômicos. Associe cada informação com o seu respectivo pesquisador:
I. O átomo não se apresenta como sendo uma estrutura indivisível e a matéria
possui propriedades elétricas (1897).
II. O átomo é uma esfera maciça e indivisível (1808).
III. O átomo é formado pelo núcleo e também pela eletrosfera (1911).
a) I - Dalton, II - Rutherford, III - Thomson.
b) I - Thomson, II - Dalton, III - Rutherford.
c) I - Dalton, II - Thomson, III - Rutherford.
d) I - Rutherford, II - Dalton, III - Thomson.
e) I - Thomson, II - Rutherford, III - Dalton.

2. O correto entendimento das partículas formadoras do átomo permite a deter-


minação de seu número atômico, número de massa, distribuição eletrônica, que
nos permite estimar a quantidade de produtos formados em uma reação, até
mesmo prever se dois elementos em contato têm condições de reagir entre si.
2+
Considere que o número de elétrons de um determinado cátion X de um
elemento é igual ao número de seus elétrons presentes no átomo com caráter
neutro de um gás nobre. E, ainda, que este átomo de gás nobre tem número
atômico 10 e número de massa igual a 20. Com estas informações, determine
o número atômico do elemento X:
a) 8.
b) 10.
c) 12.
d) 18.
e) 20.
56

3. A cerâmica é um material classificado como supercondutor de eletricidade,


materiais bastante em evidência nos dias atuais na área de novos materiais.
Neste tipo de cerâmica, um dos materiais constituintes é o elemento Ítrio, cuja
2
distribuição eletrônica é: 1s � 2 s� 2 2 p6 � 3s� 2 3 p6 � 4 s� 2 3d 10 � 4 p� 6 5s 2 � 4 d 1.
Em relação ao Ítrio, determine qual o número total de camadas e o subnível
mais energético.

4. A classificação periódica dos elementos nos revela que cada família da tabela
periódica, que possui um determinado número de elétrons diferentes em sua
última camada, proporciona propriedades químicas e físicas diferentes para os
elementos de diferentes famílias. Tendo em mãos uma tabela periódica, consi-
dere o átomo de ferro, e análise as assertivas a seguir classificando-as em ver-
dadeiras ou falsas.
(( ) De acordo com sua distribuição eletrônica deste elemento, podemos verifi-
car que este elemento possui 4 níveis com elétrons.
(( ) De acordo com a distribuição eletrônica, o subnível “d” possui 8 elétrons.
(( ) De acordo com as classificações periódicas, o ferro é mais eletronegativo
que o potássio.
(( ) De acordo com as classificações periódicas, o ferro possui raio atômico
maior que o do rutênio.
(( ) Em um íon do ferro que possui a carga +3, indica a quantidade de 5 elétrons
presentes na camada 3d.
A sequência correta é:
a) V – F – V – F – V.
b) V – V – F – F – F.
c) F – F – V – V – V.
d) F – V – V – V – F.
e) F – F – V – V – V.
57

5. O conhecimento das propriedades periódicas dos elementos presentes na ta-


bela periódica, bem como a sua distribuição eletrônica, proporciona informa-
ções rápidas e fáceis sobre os elementos químicos presentes na tabela. Sobre
este assunto, analise as prerrogativas a seguir:
I. Considere que um elemento X tenha configuração eletrônica igual
1s 2 � 2 s 2 � 2 p� 6 3s� 2 e outro elemento Y possui configuração eletrônica igual
1s 2 � 2 s 2 � 2 p 4 . Em uma ligação do tipo iônica entre esses dois elementos há
a formação do composto XY2.
II. Sabe-se que os elementos selênio e o enxofre pertencem à família 6A da
tabela periódica. Entre uma interação entre os dois elementos com o hidro-
gênio (H), há a formação dos compostos H 2 Se e H 2 S .

III. O dióxido de carbono ( CO2 ) presente na atmosfera terrestre apresenta 4


ligações covalentes em sua molécula.

IV. Os compostos O2 , NH 3 , MgCl2 apresentam somente ligações iônicas.


Assinale a alternativa correta:
a) I e II estão corretas.
b) II e III estão corretas.
c) I está correta.
d) II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
58

A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA NA NOSSA VIDA


A Química é uma ciência experimental, cujos reflexos se percebem, através de distintas
maneiras em nossa vida cotidiana. Essa grande ciência está presente ativamente em
vários setores de nossa modernidade. São eles: combustíveis, plásticos, tintas, saúde,
alimentos, petroquímica, corantes, adesivos, bebidas, materiais de limpeza etc. Sabendo
aproveitá-la do melhor modo possível, nos trará grandes benefícios, como o aperfei-
çoamento dos confortos humanos, declínio do número de mortes devido a evolução
da medicina. Ao contrário, com base na extração inadequada das substâncias químicas
existentes na natureza e visando somente interesses políticos e econômicos, sem se pre-
ocupar com efeitos indesejáveis e prejudiciais, ocasionarão doenças e morte de vidas
aquáticas, tendo como principal causadora a poluição.
Através disso, comprovamos que essa ciência está presente em praticamente tudo que
aproveitamos para viver. Basta notarmos embalagens de alimentos, rótulos de produtos
de limpeza, etiquetas de roupas, bulas de remédio, os quais indicam que contêm subs-
tâncias químicas envolvidas. Muitas empresas ainda querem iludir uma boa parte da
população, insistindo em vender alimentos isentos de química, uma grande inverdade,
pois tudo que existe no mundo é formado por matéria química.
Observando nossas atividades diárias, verificamos que ao escovarmos os dentes, nos ali-
mentos, quando utilizamos um meio de transporte, quando necessitamos de algum me-
dicamento, ao ouvirmos uma música, ao usarmos substâncias que permitem a limpeza
e higienização de nossos ambientes, quando trajamos roupas, quando vamos ao super-
mercado, etc. Em tudo que acabamos de mencionar e muito mais, existem produtos com
substâncias químicas. Como realizaríamos estas e muitas outras ações mencionadas sem
empregar princípios, materiais ou elementos químicos? Certamente seria impossível e
esse trajeto inatingível. Não usaríamos o flúor, o bicarbonato de cálcio, componentes do
creme dental. Haveria falta de certos nutritivos devido a carência de alguns elementos
químicos essenciais. Sem a extração de respectivas substâncias químicas na natureza não
teríamos o remédio. Sem as reações químicas que ocorrem na pilha que se transforma em
corrente elétrica, nossos eletrônicos não funcionariam. Com a ausência de detergentes,
alvejantes, desinfetantes, nossos lares não seriam tão limpos. A confecção de roupas seria
irrealizável sem o algodão e a lã. No supermercado, a maioria dos produtos provém de
indústrias químicas, sem estas provavelmente só venderiam produtos adquiridos direta-
mente da natureza. Em nossas casas existem também muitos materiais químicos, princi-
palmente no tijolo, na areia, no cimento, na madeira, no vidro, etc.
Fonte: Costa Leal (2012, on-line)1.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Temos a seguir um vídeo interessante e bastante explicativo sobre o funcionamento do experimento


realizado por Thomson, que descobriu a existência do elétron. Recomendamos assistirem ao vídeo,
pois é bastante intuitivo e nos auxiliam a compreender melhor sobre os modelos atômicos!

Web: https://www.youtube.com/watch?v=nD66WeEwLBU.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

BROWN, T. L.; LEMAY JUNIOR, H. E.; BURSTEN, B. E.; MURPHY, C. J.; WOODWARD, P. M.;
STOLTZFUS, M. W. Química: a ciência central. 13. ed. Rio de Janeiro: Pearson, 2016.
BIGATÃO, D. M. M. M. Química Geral e Inorgânica. Maringá: Unicesumar, 2016.
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre:
Tchê Química Cons. Educ. LTDA, 2007.
FELTRE, R. Química - Volume 1. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004.
RUSSELL, J. B. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982.
UCKO, D. A. Química: para as ciências da saúde. 2. ed. Barueri: Editora Manole LTDA, 1992.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em https://costaleal.wordpress.com/2012/01/31/a-importancia-da-quimica-na-
-nossa-vida/. Acesso em: 07 jun. 2019.
61
GABARITO

1. A.
2. O átomo neutro do elemento gás nobre tem número atômico 10, revelado no
enunciado. Isso quer dizer que a quantidade de elétrons também é igual a 10,
pois, sendo um gás nobre, o número de prótons é igual ao de elétrons (gás no-
bre é neutro, sem carga, da família 8A, da tabela periódica). Então, o número de
2+
elétrons do cátion X � é também igual a 10. A carga 2+ indica que o átomo
perdeu 2 elétrons, por isso tem a carga positiva, tem maior número de prótons
do que elétrons. Então, no estado fundamental ele tinha 12 elétrons e também
número atômico igual a 12.
3. No enunciado do exercício nos foi fornecido a distribuição eletrônica, de onde
conseguimos visualizar que temos um total de 5 camadas, respondendo parte
de nosso problema. Já em termos do subnível mais energético, percebemos pela
distribuição eletrônica que se trata do “4d”, que possui um elétron, tratando-se
da camada mais externa, presente na camada 4.
4. A .
a) Verdadeira. O ferro possui quatro camadas em que estão distribuídos os seus elé-
trons. Sua distribuição eletrônica é ( Z = 26 ) = 1s � 2 s� 2 p � 3s� 3 p � 4 s� 3d .
2 2 6 2 6 2 6

b) Falso. A quantidade correta é seis elétrons.


c) Verdadeira. De acordo com as propriedades periódicas dos elementos, a eletrone-
gatividade aumenta da esquerda para a direita em um mesmo período.
d) Falsa. Para os elementos que pertencem em uma mesma família, o raio atômico
cresce de cima para baixo.
2
e) Verdadeira. O elemento ferro possui dois elétrons em sua camada externa ( 4 s ) e
seis elétrons na anterior ( 3d 6). Para formar o íon de ferro com carga 3+, o elemento
ferro precisa perde três elétrons. Desta forma, ele perde os dois elétrons presentes
na última camada (4s) e em seguida um elétron do nível anterior, ficando com 5
elétrons nesse subnível.
5. B.
I – Falsa. Com a configuração eletrônica do composto X, percebemos que ele
2+
forma o cátion X , com tendência para doar dois elétrons para completar a
regra do octeto.
2−
Já o elemento Y forma um ânion Y , que tem a tendência de ganhar dois elé-
trons. Desta forma, com apenas um átomo dos elementos X e Y as cargas são es-
tabilizadas, e a fórmula do composto é XY, devendo sempre vir primeiro o cátion
depois o ânion.
GABARITO

II – Verdadeira. Os elementos presentes na família 6A possuam 6 elétrons na ca-


mada de valência, podendo ser utilizado 2 elétrons para formar ligações cova-
lentes (família 6ª, para completar o octeto faltam 2 elétrons). Como o hidrogênio
compartilha apenas um único elétron que possui para ficar com a mesma confi-
guração do Hélio, é necessário, então, dois átomos de hidrogênio para comparti-
lhar estes dois elétrons em uma ligação do tipo covalente. Desta forma pode ser
formado o composto H 2 Se e H 2 S .
III – Verdadeira. O carbono pertence à família 4A, e para completar a regra do oc-
teto precisa compartilhar 4 elétrons. O oxigênio pertence à família 6A, possuindo
6 elétrons na camada de valência, podendo compartilhar 2 desses elétrons para
formar ligações covalentes, completando a regra do octeto. A representação da
ligação é dada por: O = C = O .
Cada ligação dupla representa duas ligações covalentes, como são duas ligações =,
temos um total 4 ligações covalentes.

IV – Falsa. O único composto que apresenta ligação iônica é MgCl2 , formado


por um metal (Mg) que doa elétrons e um não metal (Cl) que recebe elétrons.
63
ANOTAÇÕES
Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques
Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi

REAÇÕES QUÍMICAS E

II
UNIDADE
FUNÇÕES INORGÂNICAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender os conceitos relacionados às reações químicas, tais como o mol,
o balanceamento de reações, a estequiometria de reações, os tipos de
reações e as transformações de energia envolvidos neste processo.
■■ Compreender os conceitos relacionados à velocidade das reações químicas
e equilíbrio químico, envolvendo os parâmetros que interferem na
velocidade das reações, definidos as reações do tipo reversíveis.
■■ Entender as principais funções inorgânicas existentes, suas características
principais e algumas reações envolvidas entre ácidos e bases.
■■ Compreender os conceitos relacionados a soluções, concentrações,
diluições, a fim de produzir soluções concentradas, diluídas, até mesmo
estimar a quantidade de reagente presente em uma solução com
concentração conhecida.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Transformações químicas, estequiometria e tipos de reações
■■ Velocidade de reações químicas e equilíbrio químico
■■ Funções Inorgânicas
■■ Soluções, concentrações e diluições
67

INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Na unidade anterior verificamos como funciona a matéria em nível


microscópico, ou seja, entendemos a estrutura formadora do átomo, suas partícu-
las constituintes, a energia envolvida entre as camadas eletrônicas, a importância
do conhecimento da periodicidade da tabela periódica, nos trazendo informa-
ções valiosas no âmbito da nossa disciplina.
Nesta unidade estudaremos os conceitos macroscópicos, e iniciaremos com
o estudo das transformações químicas, que nos permite produzir compostos de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

interesse comercial, farmacêutico, entre outros. Veremos ainda que as transfor-


mações químicas são regidas por reações, que nos permitem estimar a quantidade
de reagentes consumidos e produtos formados, em um campo denominado de
estequiometria de reação.
Ainda dentro das transformações, seremos capazes de balancear as nossas
equações químicas, para que consigamos quantificar a quantidade de reagen-
tes que são utilizados bem como a quantidade de produtos que são formados.
E nessa vertente de reações químicas, identificaremos alguns fatores que
podem contribuir para que as reações químicas sejam aceleradas ou desacele-
radas, entenderemos que podemos ter reações reversíveis, ou seja, a partir dos
produtos formados, formar novamente os reagentes originais, e que essa taxa de
conversão pode ser estimada pela constante de equilíbrio.
Veremos ainda algumas funções inorgânicas importantes para química,
além de entendermos a diferença entre os termos concentração, diluição, tipos
comuns de concentração entre outros.
Esperamos que este material lhe ajude a vislumbrar a matéria-prima de sua
futura profissão, trazer novos e aperfeiçoar os conhecimentos que você já possui.
Estão preparados(as) para iniciarmos nossa sessão de estudo? Então, vamos lá!

Introdução
68 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS, ESTEQUIOMETRIA E
TIPOS DE REAÇÕES

As transformações químicas ocorrem quando há formação de novas substâncias,


ou seja, substâncias com propriedades físicas e químicas diferentes das substân-
cias iniciais. Russell (1994) define que, nas transformações químicas, existem
substâncias que são destruídas, e outras, novas, que são formadas. Como exem-
plo, o autor cita a ferrugem de um prego, ou seja, a exposição do prego de ferro
ao ar livre e à chuva causa uma transformação química, em que o ferro é com-
binado quimicamente ao oxigênio e a água da atmosfera. Se a exposição for
longa, o ferro desaparecerá e em seu lugar surgirá uma nova substância, a fer-
rugem. Podemos citar outros exemplos de transformações químicas de nosso
cotidiano (GODOI, 2017):
■■ Acender um fósforo.
■■ Adicionar um comprimido efervescente na água.
■■ A fotossíntese realizada pelas plantas.

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


69

■■ Nossa respiração.

■■ O amadurecimento de uma fruta.

Toda transformação química constitui-se, necessariamente, de uma reação quí-


mica. Nas reações químicas, os compostos presentes no início da reação são
chamadas de reagentes e os que se formam após as reações químicas de produ-
tos (RUSSELL, 1994; GODOI, 2017).
Como exemplo de reação química podemos citar a aproximação de um fós-
foro aceso a um recipiente com álcool (etanol). O álcool começara a queimar. Essa
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

queima trata-se de uma reação química, pois ocorre uma alteração na molécula
do álcool que, ao entrar em contato com o oxigênio presente no ar, converte-
-se em gás carbônico e água, liberando energia para o meio ambiente (reação
exotérmica), assim como descrito na reação química a seguir (GODOI, 2017):

C2 H 6O(l ) + 3O2( g ) → 2CO2( g ) + 3 H 2O(l )

No exemplo de reação química anterior, do lado esquerdo, onde temos a molé-


cula de álcool ( C2 H 6O ) e oxigênio ( O2), estão presentes os reagentes, aqueles
compostos presentes no início da reação química. Do lado direito, onde temos
o dióxido de carbono (CO2) e a água ( H 2O ), temos os produtos formados por
esta reação química. Lemos o sinal + como “reage com”, e a seta, como “produz”.
Neste caso temos: “1 mol de moléculas de etanol reage com 3 mol de molécu-
las de oxigênio e produz 2 mols de moléculas de dióxido de carbono e 3 mol
de moléculas de água”. Os números presentes na frente das fórmulas químicas,
denominadas de coeficientes, indicam a quantidade relativa de moléculas de
cada tipo envolvidas na reação. As letras entre parênteses representam o estado
físico dos compostos: sólido, líquido ou gasoso. Em diversos casos, os reagentes
ou produtos estão dissolvidos em água, tratam-se de soluções, e podem vir com
o subíndice “aq”, que denota que está em meio aquoso (RUSSEL, 1994). Quando
não há um número à frente da fórmula significa que é 1. Este foi um exemplo
genérico de reação química para entendermos o conceito de reagente e produto.
Não se preocupem, a princípio, com os compostos aqui presentes, pois à frente
iremos estudar as funções inorgânicas e orgânicas e conseguiremos distinguir
estes compostos (GODOI, 2017).

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


70 UNIDADE II

Em termos de definição, uma reação química, que nada mais é do que um


processo de transformação química, é gerado pela produção ou pela quebra de
ligações químicas. Estas reações ocorrem quando os átomos ou as moléculas
colidem entre si com uma posição certeira e com uma energia suficiente que
possibilitará a formação do novo rearranjo, ou seja, quebra de ligações quími-
cas e formação de novas ligações (GODOI, 2017).
Na figura a seguir temos um exemplo de uma reação química. Percebam
que temos os mesmos átomos nas mesmas proporções antes após a reação, eles
apenas se rearranjaram:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2 moléculas de 1 molécula de
hidrogênio (H2) oxigênio (O2) 2 moléculas de água (H2O)
Figura 1 – Reação química entre o hidrogênio e oxigênio para formar a água
Fonte: Bigatão (2016).

Na Figura 1, percebemos que 2 moléculas de hidrogênio reagiram com 1 molécula


de oxigênio para formar 2 moléculas de água, conforme a equação química a seguir:
2 H 2 + O2 → 2 H 2O
A ocorrência de reações químicas pode ser visualizada, muitas vezes, não obri-
gatoriamente, pela mudança da cor, pela liberação de um gás, pela formação de
um precipitado (composto insolúvel, que se deposita no fundo do recipiente),
pelo aparecimento de um odor, pelo desprendimento ou absorção do calor, entre
outras características (GODOI, 2017).

Você é capaz de pensar em alguma evidência de ocorrência de reações quí-


micas que acontecem em sua casa? A utilização do fermento no preparo de
bolos seria uma evidência. Fica a pergunta: qual seria essa evidência?

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


71
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 2 – Exemplo de reação química em que ocorre a alteração da coloração

Como mencionamos, em alguns casos, essas características visuais ou sensoriais


não são perceptíveis, como ocorre, por exemplo, quando misturamos ácido clorí-
drico ( HCl ) com hidróxido de sódio ( NaOH ), conforme a equação demonstrada
a seguir (GODOI, 2017):
HCl + NaOH → NaCl + H 2O
Em seu estado inicial, ambas as substâncias são incolores. Após a mistura, o
líquido resultante ainda é incolor e, aparentemente, não houve nenhuma alte-
ração. Contudo, não percebemos uma alteração visual, mas foi produzida novas
substâncias com diferentes propriedades das substâncias iniciais.

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


72 UNIDADE II

Análises Químicas
As reações químicas são as bases para a realização de testes clínicos labora-
toriais. Muitos dos testes são realizados com amostras de sangue, urina e fe-
zes. É por meio das reações químicas que é possível confirmar diagnósticos,
avaliar a evolução do paciente e controlar a terapia de remédios emprega-
das para determinada enfermidade.
Em uma única amostra são realizadas diversas reações químicas que permi-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tem determinar, por exemplo, os níveis sanguíneos de cálcio, fósforo, creati-
nina, ácido úrico, colesterol, proteína total, albumina, glicose, desidrogena-
se lática, bilirrubina total, fosfatase alcalina, entre outras.
Em um dos aparelhos típicos utilizados para estas análises ou reações, o ana-
lisador pode acrescentar um reagente, que é um componente que irá reagir
com determinado composto que se deseja identificar ou quantificar. Quan-
do o produto final formado nessa reação tem coloração, usa-se um aparelho
chamado colorímetro para medir sua concentração através de uma análise
de absorção de luz.
Fonte: adaptado de Ucko (1992).

O MOL

Antes de adentrar na estequiometria de reação e reações químicas precisamos


definir uma importante grandeza na área da química, o mol. Esta é a medida para
a quantidade de matéria, adotada pelo sistema internacional de unidades (SI).
Como já verificamos a massa dos átomos é muito pequena, e é impossí-
vel medir a massa de uma única molécula ou de um único átomo. Assim, para
conseguir medir a massa destes compostos devemos pegar uma quantidade
relativamente grande e medir o conjunto. Desta forma, os químicos costumam
trabalhar com grandes quantidades destas partículas para contornar este pro-
blema (UCKO, 1992).

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


73

É nesta conjuntura que surge o mol! Ele é uma unidade especial capaz de des-
crever esta grande quantidade. Para entender esta quantidade, Ucko (1992) traz
uma comparação interessante. Uma dúzia tem 12 unidades de qualquer coisa,
23
certo? Então, da mesma forma, 1 mol de qualquer composto tem 6, 02 x 10
partículas deste composto. Este número, muito grande por sinal, é chamado de
constante de Avogadro.
23
Então, um mol de qualquer coisa tem 6, 02 x 10 unidades desta coisa.
Entretanto, a massa ou o peso deste um mol vai depender do que são estas coi-
sas. Uma dúzia de melancias são mais pesadas que uma dúzia de laranjas, não é
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mesmo? A mesma relação acontece com o mol. Um mol de átomos de oxigênio


23
contém 6, 02 x 10 átomos de oxigênio, enquanto que 1 mol de hidrogênio tem
6, 02 x 1023 átomos de hidrogênio, porém, sabemos que o oxigênio tem massa
maior do que hidrogênio, e 1 mol de átomos de oxigênio será mais pesado que
1 mol de átomos de hidrogênio.
Outra informação importante é que o número de Avogadro permite cal-
cular a massa ou o peso de um mol de maneira simples. 6, 02 x 1023 átomos
de um composto tem exatamente seu peso atômico. Não entendeu muito bem?
Vamos para um exemplo. Na tabela periódica a massa do carbono é 12g/mol.
23
Ou seja, 1 mol de carbono (que contém 6, 02 x 10 átomos) com massa de 12
gramas. Por isso escrevemos a massa atômica desta forma (grama por mol), ou
seja, naquelas 12 gramas de carbono temos um mol de carbono, que denomina-
mos de massa molar do carbono.
Assim como acontecia com a dúzia, que são 12 unidades de qualquer coisa,
para o mol, também acontece a mesma relação. Então, 1 mol pode representar
6, 02 x 1023 átomos, moléculas, entidades, íons etc. Então, ela vale para além
de átomos. Vamos pensar no NaCl . A massa do sódio (Na) é 23g / mol e a do
cloro (Cl) é 35, 5 g / mol . A massa da substância é 58, 5 g / mol (23+35,5). Ou
seja, 1 mol de partículas de sal tem a massa de 58,5 gramas.
E se usarmos 3 mols de sal de cozinha (NaCl)? Qual seria a massa? Simples,
a massa será 3 x 58,5g. Se usássemos a metade de um mol, ou 0,5 mol, qual seria
a massa? A massa seria a metade de 58,5g.

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


74 UNIDADE II

Exemplo 1: A fórmula molecular do colesterol é C27 H 46O . Se uma amostra


de sangue testada em um laboratório revelou ter 0,0021g de colesterol, quantos
mols de colesterol estão presentes neste sangue?
Primeiro, precisamos determinar a massa atômica da nossa molécula, com
auxílio da massa atômica de cada átomo, encontrada na tabela periódica, da
seguinte forma:
(Massa carbono) + (Massa hidrogênio) + (Massa do oxigênio) = ?

( 27 x 12 g / mol )
+ ( 46 x 1g / mol ) + (1 x 16 g / mol ) = ?

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
324 g / mol + 46 g / mol + 16 g / mol = 387 g / mol
Ou seja, um mol de colesterol tem a massa de 387g. Utilizamos uma regra
de três simples e obtemos nossa resposta:

1 mol de C27 H 46O − − − − − − − − − 387 g


X − − − − − − − − − 0 0021g
X = 5, 43 x 10−6 mols de colesterol.

BALANCEAMENTO DE EQUAÇÕES QUÍMICAS

A estequiometria de uma reação química é o campo de estudo que se dedica a


examinar a quantidade de substâncias presentes nas reações químicas. Esta ciên-
cia é baseada nos conceitos de massa atômica, que já aprendemos na unidade
anterior, de fórmulas químicas, também já visto nas ligações químicas e na lei da
conservação da massa, que ainda é um conceito novo para nós (GODOI, 2017, ).
O nobre cientista francês Antoine Lavoisier (apud GODOI, 2017) propôs
essa importante lei da Química no fim do século XVIII, que diz que na natureza
nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
No período de desenvolvimento do modelo atômico de Dalton (se lembra lá
da Unidade 1? O modelo indivisível?), os químicos conseguiram assimilar esta
lei, e entenderam que em uma reação química os átomos não são destruídos nem
criados, mais são rearranjados, ou seja, os mesmos átomos presentes no início da
reação química estarão presentes após a reação química (BROWN et al., 2016).

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


75

De acordo com Brown et al. (2016), para termos uma reação química que res-
peite essa lei, ou seja, balanceada, devemos escrever as fórmulas dos reagentes no
lado esquerdo da seta e os produtos situados no lado direito. É a partir de então
que iniciamos o balanceamento da reação química, que nada mais é que deixar
a quantidade de átomos dos elementos iguais antes e após a reação química (haja
vista que eles não são destruídos, apenas se rearranjam para produzirem novas
substâncias). Na maioria das vezes, uma equação química balanceada deve con-
ter os menores coeficientes de números inteiros possíveis (GODOI, 2017, p.164).
Um ponto importante antes de iniciar o balanceamento é entender a dife-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

rença entre coeficiente e subscrito. O coeficiente é o número que vai à frente da


fórmula química e o subscrito, aquele que vai abaixo do elemento. Vejamos o
exemplo da água ( H 2O ). Quando formos balancear alguma reação química que
contenha água, podemos alterar o coeficiente da molécula, como por exemplo,
2 H 2O , mas nunca os subscritos, como H 2O2 . Se fizermos isso estamos alte-
rando a substância, e o H 2O2 deixou de ser água e é o peróxido de hidrogênio,
mais conhecido como água oxigenada. Quando alteramos o coeficiente à frente
da fórmula, estamos mudando apenas a quantidade da substância ali presente,
então 2 H 2O, são dois mols de moléculas de água (BROWN et al., 2016).
Há diversas maneiras para se balancear as reações químicas. Uma das mais
utilizadas é pelo método de tentativas e erros. Para ilustrar, iremos balancear
utilizando o método de tentativa e erro, e nada melhor para entender o método
do que resolver um exemplo, conforme segue.
Antes disso, precisamos estabelecer algumas regras que facilitam o processo
de balanceamento. Geralmente, é melhor balancear primeiro os elementos que
aparecem com o menor número de fórmulas químicas de cada lado da equa-
ção. No exemplo a seguir, percebemos que o carbono aparece em uma molécula
de reagente e em uma molécula do produto. O hidrogênio aparece apenas em
apenas uma molécula de reagente, e no produto aparece também em uma molé-
cula. O oxigênio aparece em uma molécula do reagente e em duas moléculas do
produto, portanto, pela regra, descartamos o oxigênio. Desta forma, por meio
de nossa regra, podemos escolher iniciar o balanceamento tanto pelo carbono,
quanto pelo hidrogênio. Começaremos, então, pelo metano CH 4. Balanceamos
cada tipo de átomo sucessivamente, ajustando os coeficientes quando necessá-
rio. Esse método funciona para a maioria das equações químicas (BROWN et
Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações
76 UNIDADE II

al., 2016).
Exemplo 2: Uma reação típica utilizada diariamente por nós, por exemplo,
e nossos fogões é a reação de combustão, quando queimamos o gás de cozi-
nha para produzir fogo. Esta reação envolve a presença de gás oxigênio, que
é denominado comburente, e um outro elemento, o combustível, que é o ele-
mento queimado. Nesta reação, um dos componentes majoritários do gás de
cozinha, o metano (CH 4 ), sofre a reação produzindo gás carbônico (CO2) e
água ( H 2O ). A seguir, é apresentada a reação química completa de combus-
tão do metano:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CH 4 ( g ) + O2( g ) → CO2( g ) + H 2O(v )
Indique a alternativa que traz os menores coeficientes que deixam essa equação
de acordo com a lei de Lavoisier.
a. 1, ½, ½, 1.
b. 1, 2, 1, 4.
c. 2, 1, 1, 2.
d. 1, 2, 1, 2.

e. 13, 13/2, 13/2, 6.

Resolução: para resolver esse problema, iremos utilizar o método da tentativa


e erro. Se temos um átomo de carbono do lado direito, devemos ter 1 átomo de
carbono no lado esquerdo. Assim, colocamos na frente do CH 4 e do CO2 o
coeficiente 1.
Se temos 4 hidrogênios nos reagentes, temos que ter 4 hidrogênios nos pro-
dutos. Para tanto, temos que inserir, na frente da molécula de H 2O , o coeficiente
2 e assim teremos 4 átomos de hidrogênio na molécula de água.
Se temos 4 átomos de oxigênio nos produtos, devemos ter 4 do lado dos rea-
gentes, assim, o coeficiente do O2 é 2.
A resposta correta é a letra D.
1CH 4 ( g ) + 2O2( g ) → 1CO2( g ) + 2 H 2O(v )

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


77

O método adotado para realizar esse balanceamento é o da tentativa e erro. Neste


caso, balanceamos cada tipo de átomo individualmente, ajustando os coeficientes
quando se faz necessário. Esse método funciona para grande parte das equações
químicas (BROWN et al., 2016).
Ainda está difícil? Vamos para mais um exemplo!

Exemplo 3: Dê a soma dos menores coeficientes estequiométricos que deixam


a equação balanceada:
C6 H12 → C6 H 6 + H 2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Resolução: Temos o carbono em uma molécula do reagente e em uma molécula


do produto, parece ser uma boa escolha. Temos o hidrogênio em uma molécula
do reagente e em duas moléculas do produto, não é uma boa escolha.
Vamos fazer o balanceamento primeiramente pelo carbono. Temos no rea-
gente 6 átomos de carbono, e no produto há também 6 átomos de carbono, então,
por tentativa, designamos o coeficiente 1 na frente das duas moléculas:
1C6 H12 → 1C6 H 6 + H 2
Agora, analisando o hidrogênio no lado dos produtos, temos 12 átomos deste ele-
mento e para estar balanceada também devemos ter 12 átomos no produto. Na
primeira molécula do produto temos 6 átomos de hidrogênio, logo, na segunda
molécula deveremos ter mais 6 átomos. Portanto, o coeficiente estequiométrico
do H2 só pode ser 3. Assim, temos 12 átomos de hidrogênio no reagente e 12 áto-
mos de hidrogênio no produto, e nossa equação ficou balanceada:
1C6 H12 → 1C6 H 6 + 3 H 2
A soma dos coeficientes é 1 + 1 + 3 = 5.

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


78 UNIDADE II

ESTEQUIOMETRIA DE REAÇÃO

Estequiometria é o nome derivado das palavras stoicheion (elemento) e metron


(medida). A estequiometria é uma ferramenta essencial na química. Problemas
tão diversos, como medir a concentração de ozônio na atmosfera, determinar
o rendimento potencial do ouro a partir do mineral e avaliar diferentes proces-
sos para converter carvão em combustíveis gasosos, determinar a quantidade
de glicose presente em uma amostra de sangue, estimar o teor de colesterol são
solucionados com princípios de estequiometria (BROWN et al., 2016).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Qualitativamente, uma equação química descreve quais serão os produtos
que serão formados a partir dos reagentes de uma reação, ou seja, leva em con-
sideração a lei da conservação das massas para a realização dos cálculos. Por
exemplo, na reação a seguir (RUSSEL,1994; BROWN et al., 2016):
4 Fe( s ) + 3O2( g ) → 2 Fe2O3( s )
Nessa equação, temos representada uma reação na qual o ferro reage com oxi-
gênio para formar o óxido de ferro.
Em relação a quantidades, “em uma equação química que está balanceada,
há uma proporcionalidade entre a quantidades de reagentes e produtos que
participam da reação. Essas proporcionalidade numérica pode ser convertida
e, átomos, moléculas, fórmulas unitárias” (RUSSEL, 1994, p. 92) ou, também,
em quantidades macroscópicas: mols de átomos e moléculas. Na equação dada
anteriormente, podemos ter a interpretação: 4 mols de átomos de ferro combi-
nam-se com 3 mols de moléculas de oxigênio para formar 2 mols de fórmula
unitária de óxido de ferro (RUSSEL, 1994), sendo esta última forma de leitura a
mais empregada pelos autores.
É com base na reação química balanceada que podemos fazer diversos cál-
culos estequiométricos. É possível, por exemplo, a partir de uma determinada
quantidade de reagente, predizer a quantidade de produto formada, tanto em
gramas, quanto em mol, número de moléculas até mesmo a quantidade de áto-
mos formados. Interessante, não?

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


79

Para incorporamos esses conceitos, vamos pensar na reação entre hidrogê-


nio e oxigênio para produzir água:
2 H 2 + O2 → 2 H 2O

2H2 + 1O2 → 2 H 2O
2 moléculas 1 molécula → 2 moléculas

( ) ( ) (
2 x 6, 02.1023 átomos 1x 6, 02.1023 átomos → 2 x 6, 02.1023 átomos )
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2 mols 1 mol → 2 mols


2 x 2g 1 x 32g → 2 x 18 g

Na primeira linha temos a equação química e abaixo dela a quantidade de cada


elemento. Na segunda linha quantificamos em termos de número de moléculas.
Na terceira linha quantificamos em termos de número de átomos, utilizando o
número de Avogadro. Na quarta linha em termos do número de mols, e por fim, na
última linha, relacionamos a massa, em que o coeficiente estequiométrico é mul-
tiplicado pela massa molar do composto, obtida com auxílio da tabela periódica.
Vejam quantas informações conseguimos relacionar pela estequiometria da
reação. Observem que, na última linha, temos o coeficiente estequiométrico mul-
tiplicando a massa molar do composto, ou seja, também relacionamos a massa!
Por curiosidade, some as massas dos reagentes e dos produtos. Isso nos prova a
lei de Lavoisier, da conservação das massas. Interessante, não?!
Vamos praticar alguns exemplos para entendermos melhor estes concei-
tos. Para melhor entendimento, separamos exemplos que trabalham com mol,
outros com massas, porém, podemos ter casos em que necessitamos misturar
todas as unidades.

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


80 UNIDADE II

Estequiometria de Reação: Relação mol x mol

Podemos relacionar as grandezas mol versus mol, conforme o exemplo a seguir.


Para não sobrar dúvidas, sugiro que na resolução de exercícios, exemplos, façam
as contas mantendo todas as unidades, assim, podemos averiguar quais unida-
des podem ser cortadas e se teremos um resultado coerente.

Exemplo 4: Na reação descrita a seguir:


N2( g ) + 3 H 2( g ) → 2 NH 3( g )

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quantos mols de moléculas de H 2 são consumidos e quantos mols de molécu-
las de NH 3 são formados quando 1,38 mols de moléculas de � N2 reagem?

Resolução:
Vamos utilizar regra de três:
1 mol de N2 − − − − − − − − − − − 3 mols de H 2
1, 38 mols de N2 − − − − − − − − − − − X

1, 38molsN2 × 3molsH 2
X= = 4, 14 molsH 2 � �
1molN2
Observem, mol de � N2 do numerador cortou com mol de � N2 do denomi-
nador, restando mols de H2, que desejávamos.
Novamente, por outra regra de três:
1 mol de N2 − − − − − − − − − − − 2 mols de NH 3
1, 38 mols de N2 − − − − − − − − − − − X

1, 38molsN2 × 2molsNH 3
X= = 2, 76molsNH 3 � �
1molN2

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


81

Estequiometria de Reação: Relação mol x massa

Neste exemplo que segue temos uma relação entre mol e massa, que também é
possível de trabalharmos.

Exemplo 5: Na reação descrita a seguir:


N2( g ) + 3 H 2( g ) → 2 NH 3( g )

Quantos gramas de amônia ( NH 3) são produzidas a partir de 100 mols de hidro-


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

gênio ( H 2)?

Solução:
Vamos utilizar regra de três:
3 mols de H 2 � � � � � � � − − − − − − − − − − − 2 mols de NH 3
100 mols de H 2 � � � − − − − − − − − − −� − X
100molsH 2 × 2molsNH 3
X= = 66, 67 molsNH 3 � �
3molsH 2
Agora, necessitamos transformar este número em massa. Para isso, necessita-
mos da massa molar da amônia ( NH 3), que podemos calcular fazendo o uso da
tabela periódica, que é 17 g/mol (massa nitrogênio + massa de hidrogênio =
14 g + 3 x1g = 17 g / mol ).
17 g de NH 3 − − − − − − − − − − − 1 mol de NH 3
X − − − − − − − − − − − 66, 67 mol de NH 3

X = 1.133, 33 g de NH
H 3ou 1, 13 kg de NH 3 .
Uma outra forma, que conduziria ao mesmo resultado, seria:

3 mols de H 2 − − − − − − − − − − − 2mols x (17 g mol ) de NH 3


100 mols de H 2 − − − − − − − − − − − X

100molsH 2 × 2mols × (17 g mol ) NH 3


X= = 1.133, 33 g de NH 3
3molsH 2

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


82 UNIDADE II

Veja, mols de H 2 do numerador simplifica com o denominador. O mol existente


no numerador simplifica com o mol presente entre parentes, restando apenas g
de NH 3 , que é a resposta que desejamos.
Agora vamos resolver um exemplo de maior complexidade. Além de ser
necessário balancear a equação (primeiro ponto a ser feito em exercícios de quí-
mica: conferir se a equação está balanceada), iremos trabalhar com massa, mol,
tudo em um único problema. A princípio parecem difíceis, porém, apenas a prá-
tica pode tornar mais fácil, portanto, sugerimos que utilizem a biblioteca para
praticar com mais exemplos resolvidos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estequiometria de Reação: Relação Massa x Massa

Na estequiometria de reação também podemos relacionar massa com massa.


Para melhor fixarmos, vamos para mais um exemplo.

Exemplo 7: Determine quantas gramas de água são produzidas na oxidação de


1,00g de glicose, C6 H12O6 :

C6 H12O6( s ) + 6O2( g ) → 6CO2( g ) + 6 H 2O(l )

Resolução:
Primeiramente, conferimos que a reação química se encontra balanceada.
Agora devemos determinar a massa molecular (MM) da glicose e da água,
com auxílio da tabela periódica, e que já aprendemos a fazer.
Os valores são: MM C6 H12O6 = 180 g/mol.
MM H 2O = 18 g/mol.
Então, partimos para as regras de três utilizado a estequiometria da reação. O
coeficiente estequiométrico multiplica as massas molares:
1mol x 180 g / molC6 H12O6 − − − − − − − − − − − − − 6 mols x 18 g / mol H 2O

Rescrevendo, fazendo a simplificação entre numeradores:

180 g C6 H12O6 − − − − − − − − − − − − − 108 g H 2O


1, 00 g C6 H12O6 − − − − − − − − − − − − − X

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


83

1gC6 H12O6 × 108 gH 2O


X= = 0, 6 gH 2O
180 gC6 H12O6

Vimos 3 casos clássicos, porém, com o uso da estequiometria e das equações


químicas balanceadas podemos quantificar além do número de mol e massa,
também o número de moléculas, átomos, entre tantos outros. Para minimizar
as chances de erro, ao montar as regras de três, leve junto as unidades e o nome
dos compostos. Só simplifique unidades semelhantes e que sejam do mesmo
composto. Assim, você poderá verificar se chegou em um resultado plausível.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Reagente Limitante

Pode ocorrer nas reações químicas de um reagente estar em uma menor quanti-
dade ou em uma menor proporção e acabar antes do outro reagente. Neste caso,
a reação química é interrompida e há uma sobra do reagente químico que está
em excesso (BROWN et al., 2016).
Para entender este conceito, vamos tomar um exemplo de uma reação que
ocorra entre 10 mols de H 2 e 7 mols de O2, para formar a água, conforme a
equação química:
2 H 2 + O2 → 2 H 2O
Vejamos, que de acordo com a estequiometria, 2 mols de H 2 reagem com 1 mol
de O2, para formar a água:
2 mols � � H 2 − − − − − − − − − − − − 1 mol O2
10 mols H 2 − − − − − − − − − − − − X
X = 5 mols de O2
Seriam necessários 5 mols de O2, mas temos 7 mols disponíveis, portanto, 2 mols
de oxigênio não irão reagir, está em excesso.
Neste exemplo, os reagentes que são inteiramente consumidos durante a rea-
ção são chamados de limitantes ( H 2), e aqueles que sobram, são chamados de
reagentes em excesso (O2). A maior parte das reações químicas ocorrem com o
excesso de um dos reagentes, porém, a quantidade dos produtos formados está
condicionada a disponibilidade do reagente limitante (BROWN et al., 2016).

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


84 UNIDADE II

Para exemplificamos este caso anterior, vamos dispor nossos dados em uma tabela:

Tabela 1 – Resumo dos dados da reação

2H2 + O2 → H 2O
Antes da reação 10 mols 7 mols 0 mol
Reação - 10 mols - 5 mols +10 mols
Após a reação 0 mol 2 mols 10 mols

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Brown et al. (2016).

Verificamos que o sinal negativo representa o consumo, e o sinal positivo, a pro-


dução. O reagente limitante é aquele que após a reação tem o valor zero.

Exemplo 8: No processo de formação de amônia, o nitrogênio presente no ar reage


com o hidrogênio a fim de produzir a amônia, conforme a equação a seguir balanceada:
N2( g ) + 3 H 2( g ) → 2 NH 3( g )
De acordo com esta equação, quantos mols de amônia podem ser formados a
partir de 3 mols de N2 e 6 mols de H 2 ?

Resolução:
A resolução baseia-se em montar as regras de três para determinar a quan-
tidade de cada composto:
1 mol N2 − − − − − − − − − − 3 mols H 2
3 mols N2 − − − − − − − − − − X mols H 2
X = 9 mols de H 2 .

Então, seriam necessários 9 mols de H 2, mas só temos 6 mols, logo, o H 2 é o


reagente limitante. Precisamos descobrir o quanto é consumido de N2 com ape-
nas estes 6 mols do reagente limitante:
1 mol N2 − − − − − − − − − − 3 mols H 2
X mols N2 − − − − − − − − − − 6 mols H 2
X = 2 mols de N2 .

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


85

Portanto, são consumidos apenas 2 mols de N2 , restando 1 mol de N2 . E quan-


tos mols de NH 3 são formados? Fazemos uma nova regra de três, partindo do
reagente limitante:
3 mols H 2 − − − − − − − − − − 2 mols NH 3
6 mols H 2 − − − − − − − − − − X mools NH 3
X = 4 mols de NH 3 .

A tabela resumo é:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tabela 2 – Resumo dos dados da reação

N2 + 3H 2 2 NH 3

Antes da reação 3 mols 6 mols 0 mol


Reação - 2 mols - 6 mols +4 mols
Após a reação 1 mol 0 mols 4 mols
Fonte: Brown et al. (2016)

Rendimento Teóricos e Percentuais

O rendimento teórico trata da quantidade teórica de produto formada a partir


do consumo de todo reagente limitante em uma reação química. A quantidade
real obtida deste produto é chamada de rendimento real, e na maior parte dos
casos é menor do que o rendimento teórico (BROWN et al., 2016).
São diversas as razões que explicam o fato de grande parte das reações o
rendimento real ser menor do que o teórico, por exemplo, parte dos reagentes
podem reagir de forma diferente do esperado, com reações colaterais, além de
que na mistura formada entre reagente que não reagiu e produtos formados, nem
sempre é possível separar 100% do reagente. O rendimento percentual é dado
pela razão entre o rendimento real e o rendimento teórico, conforme equação
(BROWN et al., 2016):

Rendimento Real
Rendimento Percentual = ×1000%
Re órico

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


86 UNIDADE II

Exemplo 9: Na produção do náilon é utilizado o ácido adípico ( H 2C6 H 8O4), fabri-


cado comercialmente entre uma reação do cicloexano e oxigênio, conforme a reação:
2C6 H12 + 5O2 
→ 2 H 2C6 H 8O4 + 2 H 2O

a. Considere que foram utilizados 25g de cicloexano, sendo este o reagente


limitante. Qual o rendimento teórico em relação ao ácido adípico?

Para a solução, montamos uma regra de três, utilizando massa:

( ) ( )

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2 × 84 g C H 2 × 146 g H C H O
mol 6 12 mol 2 6 8 4
=
25 gC6 H12 X
Observe que 84g/mol e 146g/mol são as massas molares do exano e ácido
adípico, respectivamente.
X = 43, 5 gH 2C6 H 8O4

b. Se foi obtido 33,5g do ácido, qual será o rendimento percentual da reação?

Neste caso, devemos utilizar a fórmula do rendimento percentual:


Rendimento Real
Rendimento Percentual = ×1000%
Re órico
33, 5 g
Rendimento Percentual = × 100%
43,5g
Rendimento Percentual = 77%
Até agora, entendemos diversos conceitos relacionados com a estequiometria
de reação. Estudamos a conversão entre mol, massa, reagentes limitantes, ren-
dimentos de reações. Agora, nos falta aplicar este conceito em alguns tipos que
são típicos de reação.

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


87

Tipos de Reações

Agora que entendemos como balancear as reações químicas, realizar cálculos


estequiométricos para descobrir quantidade de reagentes ou produtos, verifi-
car quais os reagentes limitantes, o rendimento das reações, pode-se aplicar tais
conceitos em alguns tipos comuns de reações químicas.
a. Reação de combinação

Em uma reação de combinação, também conhecida por síntese, duas ou


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mais substâncias reagem para formar um produto. Um exemplo desse tipo


de reação acontece quando o magnésio metálico se queima ao ar com uma
claridade ofuscante para produzir o óxido de magnésio (UCKO, 1992).
O modelo desse tipo de reação é:
A+ B → C
Ou, ainda:
2 Mg( s ) + O2( g ) → 2 MgO( s )
Essa reação é utilizada para produzir a chama brilhante utilizada em sinais
luminosos. Veja que se trata de uma reação de combinação, pois os elemen-
tos se combinam para formar um novo composto (GODOI, 2017, p. 175).

b. Reação de decomposição

Em uma reação de decomposição, uma substância produz outra ou mais


substâncias, ou seja, quebra de compostos em compostos mais simples.
Os compostos binários simples podem ser decompostos em seus elemen-
tos. É bastante característica em decomposição térmica, que é quando
materiais se decompõe devido à instabilidade originada com o aqueci-
mento (UCKO, 1992).
Essa reação pode ser caracterizada da seguinte forma:
C → A+ B
Ou também na decomposição térmica do carbonato de cálcio:
CaCO3( s ) → CaO( s ) + CO2( g )

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


88 UNIDADE II

Essa equação é bastante importante comercialmente. Calcário ou con-


chas do mar, que contém esse composto, são aquecidas para a produção
do óxido de cálcio (CaO ), popularmente conhecida como cal ou cal viva
(GODOI, 2017, p. 175).

c. Reação de Simples Troca

São aquelas reações em que um elemento ocupa o lugar do outro em um


composto. Um exemplo disso ocorre se inserirmos o cobre em água con-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tendo nitrato de prata ( AgNO3), em que o cobre fica coberto por uma
camada brilhante, que é a prata (UCKO, 1992).
Veja na reação a seguir que o cobre ocupa o lugar da prata:
Cu + 2 AgNO3 → 2 Ag + Cu ( NO3 )2
Geralmente, neste tipo de reação, o elemento mais ativo substitui o ele-
mento menos ativo (GODOI, 2017, p. 175).

d) Reação de Dupla Troca


Ocorre quando dois reagentes permutam seus íons para formar dois novos
compostos. Um exemplo deste tipo de reação ocorre entre o sulfato de sódio
Na2 SO4 e cloreto de bário BaCl2 para formar um precipitado branco que
constitui o sulfato de bário BaSO4 e o cloreto de sódio NaCl , de acordo
com a reação a seguir (UCKO,1992):
Na2 SO4 + BaCl2 → BaSO4 ↓ +2 NaCl

e) Reação de combustão
Esse tipo de reação ocorre rapidamente e produz uma chama. Em grande parte
delas há a presença do oxigênio (O2) entre os reagentes (BROWN et al., 2016).
Um exemplo desse tipo de reação está na combustão do propano, utili-
zado para cozinhar e aquecer residências:
C3 H 8( g ) + 5O2( g ) → 3CO2( g ) + 4 H 2O( g )
Em geral, os produtos das reações químicas de combustão são o dióxido
de carbono CO2 e água (GODOI, 2017, p. 175).

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


89

Transformações da Energia nas Reações

Todas as reações químicas envolvem a transformação de energia. A energia do


tipo química é uma energia armazenada entre as moléculas, durante as ligações
que as mantêm coesas e também nos retículos iônicos. Essa energia é prove-
niente dos elétrons na forma de energia potencial e cinética, presentes no átomo,
distribuídos em camadas eletrônicas, cada qual com o seu nível de energia, con-
forme vislumbramos na unidade anterior. Quando as ligações são quebradas e
há a ocorrência de novas reações químicas, há um rearranjo entre os elétrons
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presentes, para que os átomos participantes atinjam a estabilidade. Neste rear-


ranjo, parte desta energia pode ser liberada para o meio externo ou, ainda, pode
haver um ganho de energia externa, na forma de calor, luz ou eletricidade. Um
exemplo de tal fato é a fotossíntese realizada pelas plantas. A energia luminosa é
absorvida durante este processo. Há as reações químicas que requerem eletrici-
dade, e estas têm um nome especial na química, que são as reações de eletrólise,
que não são objetivos de nosso curso (UCKO, 1992).
Em grande parte das reações químicas a energia envolvida é a térmica, que
é transferida ou recebida na forma de calor. Se o calor é liberado durante uma
reação química temos uma reação denominada de exotérmica. Se o calor é
absorvido, temos uma reação do tipo endotérmica. Essa transferência de calor
durante as reações químicas é denominada de calor de reação ou variação da
entalpia (UCKO, 1992).
A combustão é um exemplo de reação química exotérmica. Em geral, as
reações químicas exotérmicas produzem compostos mais simples, a partir de
moléculas mais complexas. Exemplos destas reações acontecem em nossos veí-
culos, em que o combustível é queimado gerando a energia necessária para o
movimento. Um exemplo disso é a combustão do octano, que é um dos compo-
nentes presentes na gasolina. A representação desta reação do tipo exotérmica
é (UCKO, 1992):

2C8 H18 + 25O2 → 16CO2 + 18 H 2O +1302 kcal mol


octano oxigênio d óxido de carbono Água calor

Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações


90 UNIDADE II

As reações endotérmicas, ao contrário das exotérmicas, necessitam receber calor


para que possam acontecer, e no geral, produzem compostos mais complexos a
partir de compostos simples. Um exemplo deste tipo de reação ocorre nas plantas,
durante a fotossíntese, em que a energia luminosa do sol força a formação da gli-
cose a partir do dióxido de carbono e água, conforme a reação descrita a seguir:

6CO2 + 6 H 2O + 2870kJ → C6 H12O6 + 6O2


dió ido de Água energia glicose oxigênio
carbono

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Neste caso, 2870kJ de energia é armazenado nas ligações recém-formadas por
mol de moléculas de glicose.

Metabolismo é o complexo conjunto de reações químicas, catalisadas por


enzimas, que ocorrem no organismo. Por meio deste há a conversão dos ali-
mentos ingeridos em energia. O processo de transformação dos alimentos
em moléculas mais simples, com liberação de energia é chamada de cata-
bolismo. Em relação do anabolismo, há a produção de grandes moléculas
a partir de moléculas mais simples, absorvendo-se a energia proveniente do
catabolismo. A liberação de energia pela degradação de moléculas comple-
xas é armazenada na forma de adenosina trifosfato, ATP.
Em uma reação de fotossíntese, que ocorre nas plantas, a energia luminosa
é convertida em energia química sendo armazenada na forma de novas liga-
ções que formam as moléculas complexas, como o carboidrato. Por sua vez,
a energia presente nestas moléculas complexas (carboidrato etc.), quando
utilizada por organismos superiores é liberada com a formação de compos-
tos mais simples.
O excesso de energia proveniente destes dois processos é liberado como
calor, sendo utilizada para manutenção da temperatura corporal.
Fonte: Ucko (1992).

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


91
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VELOCIDADE DE REAÇÕES QUÍMICAS E EQUILIBRO


QUÍMICO

Há um interesse especial destinado à velocidade das reações químicas. Existem


casos que desejamos aumentar a taxa de ocorrência da reação, a fim de, por exem-
plo, tornar a absorção de nutrientes pelo solo mais rápidas. Em outros casos, há
interesse em inibir as reações, como por exemplo para os produtos alimentícios
congelados ou resfriados, a fim de reduzir as reações químicas que degradam o
alimento (GODOI, 2017, p. 244).
Temos reações químicas que ocorrem em frações de segundos, como as que
ocorrem em explosões, até mesmo as que demoram milhões de anos, como na
formação de diamantes (BROWN et al., 2016). Este campo de estudo da quí-
mica é denominado de cinética química.
Como as reações químicas envolvem o rompimento e a formação de novas
ligações, as velocidades de ocorrência de tais fenômenos dependem da natu-
reza do reagente (BROWN et al., 2016). Para que ocorra uma reação química, é
preciso que as moléculas participantes colidam de forma efetiva (com orienta-
ção correta e com a quantidade de energia necessária), resultando na quebra das
antigas ligações e formando novas ligações (GODOI, 2017, p. 244).

Velocidade de Reações Químicas e Equilibro Químico


92 UNIDADE II

Existem fatores que podem acelerar ou desacelerar as reações químicas,


sendo eles o estado físico dos reagentes ou superfície de contato, a temperatura,
a concentração e a presença ou ausência de catalisadores (GODOI, 2017, p. 244).

ESTADO FÍSICO DOS REAGENTES OU SUPERFÍCIE DE CONTATO

Para reagir, os reagentes precisam entrar em contato. Quando as reações ocorrem


entre misturas homogêneas (aquelas que não têm mais de uma fase) o processo

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de contato entre reagentes se torna mais fácil. Quando os reagentes não se mis-
turam e estão em fases diferentes, como por exemplo, água e óleo ou reagente no
estado gasoso e sólido, a reação fica limitada pela superfície de contato existente
entre esses dois compostos. Desta forma, para as reações que envolvem sólidos,
a velocidade é aumentada caso a área de contato também seja aumentada. Um
exemplo típico são os medicamentos. Um remédio na forma de comprimido se
dissolverá no estômago e entrará na corrente sanguínea de forma mais lenta que
o mesmo medicamento na forma de pó (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017).
A explicação é que as reações químicas ocorrem entre as moléculas que estão
localizadas na superfície do reagente, e estão em contato direto com o outro rea-
gente. Então, quanto maior for a superfície de contato, mais moléculas estarão em
contato umas com as outras e maior será a probabilidade de que ocorram choques
com uma energia e condição necessária para que aconteça a ligação. Dessa forma,
a reação química tende a ocorrer de forma mais rápida (GODOI, 2017, p. 244).

TEMPERATURA

Em geral, quanto maior a temperatura, maior a velocidade de ocorrência das


reações químicas. Neste caso, o aumento da temperatura incrementa a energia
cinética ou o grau de agitação das moléculas presentes entre os reagentes, ou
seja, há um maior movimento, aumentando a probabilidade de ocorrência dos
choques efetivos entre reagentes, e, consequentemente, aumenta a velocidade da
reação química. Outro fator relacionado a isso é que o aumento da energia das

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


93

moléculas faz com que estas atinjam a energia suficiente para a ocorrência da
reação, chamada de energia de ativação (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017).

CONCENTRAÇÃO

Para uma maior concentração de reagentes químicos, maior será a velocidade da


reação química. Com grandes concentrações, há um maior número de molécu-
las reagentes confinadas no mesmo espaço e, assim, há uma maior possibilidade
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de as moléculas colidirem umas com as outras de maneira efetiva, aumentando


a velocidade das reações (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017).
Um exemplo desse fato é quando fazemos o famoso churrasco. Para acen-
der o carvão, ventilamos o ar sobre a brasa, a fim de aumentar a concentração de
oxigênio presente, e, consequentemente, aumentar a velocidade da reação quí-
mica de combustão, da qual já comentamos (GODOI, 2017, p. 244).

PRESENÇA DE CATALISADORES

Os catalisadores são substâncias adicionais que promovem o aumento da velo-


cidade das reações químicas, e têm a característica de não serem consumidos ao
final da reação, ou sejam, pode ser recuperado ao final da reação (BROWN et
al., 2016; GODOI, 2017). Eles aumentam a velocidade das reações pois alteram
o mecanismo de reação, atuando na redução da energia de ativação necessária
para a ocorrência da reação química (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017, p. 244).
Os catalisadores presentes nos seres vivos são denominados de enzimas. Estas
são moléculas muito grandes, chamadas de proteínas. Com a ausência das enzi-
mas as reações químicas de nosso corpo ocorreriam de forma muito lenta. Uma
característica das enzimas é que elas são específicas para determinados tipos de
reagentes. Um exemplo disso é a enzima amilase, que quebra as moléculas de
amido, mas não é capaz de quebrar as moléculas da celulose, mesmo a celulose
sendo semelhante à amilase (UCKO, 1992).

Velocidade de Reações Químicas e Equilibro Químico


94 UNIDADE II

REAÇÕES REVERSÍVEIS E EQUILIBRO

Já sabemos que as reações químicas ocorrem quando há a colisão entre átomos e


moléculas. Quando há esta colisão, com energia suficiente, ligações são desfeitas
e novas ligações são formadas. Um exemplo deste processo ocorre na síntese da
amônia, NH 3 , a partir do nitrogênio e hidrogênio. À medida que a quantidade
de amônia formada aumenta, começa a ocorrer também uma reação inversa, ou
seja, a amônia começa a se decompor em nitrogênio e hidrogênio, conforme a
reação demonstrada a seguir. Quando isso ocorre, temos uma reação que é cha-

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mada de reversível (UCKO, 1992).

N2 + 3 H 2  2 NH 3
direta

reagentes ← 
→ produtos

inversa

Os dois sentidos da seta indicam que há a ocorrência tanto da reação direta


quanto da reação inversa.
A maioria das reações químicas existentes são reversíveis. De acordo com
Ucko (1992, p. 138):
Se apenas os reagentes estão presentes no início de uma reação reversí-
vel, suas moléculas colidem entre si e reagem para formar um produto.
Assim que a reação progride, cada vez mais moléculas do produto es-
tarão presentes. A menos que estas moléculas sejam removidas (como
um gás ou um precipitado, por exemplo), elas, por sua vez, colidirão
umas com as outras e algumas reagirão para produzir os reagentes no-
vamente. Eventualmente, a velocidade desta reação inversa ficará igual
à velocidade da reação direta. Quando estas duas velocidades ficarem
iguais, diz que a reação atingiu o equilíbrio.

Então, no equilíbrio químico, as reações diretas e inversas ocorrem em uma


mesma taxa, e não há um saldo positivo novo da produção de produtos, ou seja,
qualquer novo produto formado é compensado pela formação da mesma quan-
tidade de reagentes por meio da reação inversa (UCKO, 1992).

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


95

Quando a reação atinge o equilíbrio químico, aparentemente as reações se


cessaram, pois as concentrações dos reagentes e produtos não se alteram. No
entanto, as reações diretas e inversas estão ocorrendo, e nesta situação temos o
chamado equilíbrio dinâmico. Um fato importante quando se atinge o equilí-
brio é que neste ponto, não necessariamente, a concentração dos reagentes é a
mesma dos produtos. A única informação que podemos afirmar é que a veloci-
dade de formação dos reagentes é a mesma que a velocidade de formação dos
produtos (UCKO, 1992).
Para mensurar até que ponto ocorre a formação dos produtos em uma rea-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ção reversível é preciso entender a constante de equilíbrio da reação, simbolizada


por K. Para reações químicas em que a constante de equilíbrio é muito pequena,
muito menores que 1, significa que haverá uma baixa produção de produto. Para
grandes valores de K, a maior parte do reagente foi transformada em produto
no equilíbrio. Um exemplo disso pode ser a reação da amônia que menciona-
mos acima. A 350°C, o valor do K para esta reação é 9,0, que indica que quando
atingir o equilíbrio, uma grande parte do reagente foi transformada em molé-
cula do produto (UCKO, 1992).
Para uma reação genérica do tipo:
aA + bB  cC + dD
A constante de equilíbrio é calculada da seguinte forma:
c d
K=
[ C ] [ D]
[ A]a [ B ]b
No caso do nosso exemplo da amônia, fica:

K=
[ NH 3 ]2
[ N2 ]1 [ H 2 ]3
A constante de equilíbrio para grande parte das reações químicas é encontrada
tabelada em handbooks e manuais diversos. Cabe a nós avaliarmos o valor das
constantes para determinar se no equilíbrio teremos uma maior quantidade de
reagentes ou produtos, ou seja, a direção da reação (BROWN et al., 2016).

Velocidade de Reações Químicas e Equilibro Químico


96 UNIDADE II

Ainda, o valor da constante de equilíbrio depende dos coeficientes estequiométri-


cos e da concentração dos reagentes e produtos. A constante de equilíbrio não é alterada
para diferentes valores de concentrações iniciais do reagente (BROWN et al., 2016).
De posse do valor destas constantes, e conhecendo a concentração de reagen-
tes, pode-se determinar, por exemplo, a concentração dos produtos no equilíbrio
fazendo o uso de tal fórmula (BROWN et al., 2016).

Exemplo 10: O processo Haber é fundamental para a produção de fertilizantes,


e assim sendo, é essencial para o fornecimento de alimentos ao mundo. Neste

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processo, o nitrogênio e hidrogênio reagem sob alta pressão e temperatura, na
presença de um catalisador para formar a amônia:
N2 + 3 H 2  2 NH 3
−5
Considere o valor de K p = 1, 45 × 10 , em uma temperatura de 500°C. Nestas
condições, a pressão parcial do hidrogênio (que é uma medida de concentra-
ção), é 0,928 atm, e do nitrogênio, 0,432 atm. Qual a concentração ou pressão
parcial da amônia dessa mistura em equilíbrio?

2
K=
[ NH 3 ]
[ N2 ]1 [ H 2 ]3
2
−5
1, 45 × 10 =
[ NH 3 ]
[0, 432]1 [0, 928]3
[ NH 3 ]2 = 5, 01× 10−6
[ NH 3 ] = 2, 24 × 10−3 atm

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


97
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

FUNÇÕES INORGÂNICAS

Desde o século XVIII, os compostos químicos são classificados em dois gran-


des grupos, os compostos inorgânicos e os compostos orgânicos. Nessa primeira
classificação, os compostos inorgânicos são aqueles originados a partir de mine-
rais; os compostos orgânicos, a partir de seres vivos. Hoje em dia a classificação
nos dois grupos se dá de acordo com as características das substâncias, que se
enquadram em um determinado rol de semelhanças. Dentre os compostos inor-
gânicos, os mais importantes são os ácidos, bases, sais e óxidos.
Cada uma das funções química apresentam propriedades que são semelhan-
tes entre si, que são chamadas de propriedades funcionais.

Funções Inorgânicas
98 UNIDADE II

ÁCIDOS

De acordo Arrhenius, os ácidos são os compostos que quando estão em solução


aquosa passam por um processo denominado de ionização, liberando na solu-
ção o cátion H + , que é um íon com carga positiva (BIGATÃO, 2016). De acordo
+
com a definição de Bronsted-Lowry, ácido é um doador de prótons H , uma
substância que pode transferir um próton para outra substância.
+
Este composto H é simplesmente um próton, ou seja, um núcleo positivo
de um átomo de hidrogênio que perdeu seu único elétron. Esta partícula reativa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
+
não existe, então, ela fica envolvida por moléculas de água, formando o H 3O ,
conhecido como hidrônio, ou hidroxônio (UCKO, 1992). Neste livro, por sim-
+
plicidade, iremos tratar apenas como H .
As soluções que contém ácido têm sabor azedo, como o vinagre (ácido acé-
tico) ou como o limão (ácido cítrico). Além disso, diversos dos ácidos são bastante
oxidantes, ou seja, podem dissolver substâncias nas quais estão em contato, repre-
sentado um sério risco durante sua manipulação (UCKO, 1992).
Um exemplo desta função é o ácido clorídrico, HCl , que quando em solu-
ção aquosa, se dissocia e libera o cátion H + e o ânion Cl − . A característica mais
comum para reconhecimento desta função inorgânica, ácidos, é a liberação no
meio do cátion H + ou H 3O +, assim como exposto na equação (BIGATÃO, 2016):

HCl + H 2O → H + + Cl −
Um outro exemplo, é o ácido nítrico, HNO3 :

HNO3 + H 2O → H + + NO3−

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


99

Dissociação e Fórmula de Ácidos

Para fazermos a dissociação dos ácidos, basta entendermos a regra (BIGATÃO, 2016):

+1 -x
HX A1 ou seja: HX A
Figura 3 – Processo de formação ou dissociação dos ácidos

O subíndice do ânion passa a ser a carga do cátion e o subíndice do cátion passa


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a ser a carga do ânion. Vejamos em alguns exemplos:


■■ No caso do HCl , como abaixo do H e do Cl não consta nenhum subín-
dice, logo, trata-se de 1, e as cargas parciais do cátion e ânion são +1 e
-1, respectivamente.

■■ No caso do HNO3 , cuja reação foi descrita, poderíamos o reescrever


como H ( NO3 ). O subíndice do hidrogênio é 1, que indica que a carga

do ânion ( NO3 ) será -1. Atenção, o 3 é o subíndice apenas do oxigê-

nio. Só temos um grupamento ( NO3 ) , portanto seu subíndice é 1, e a
carga do hidrogênio é +1.

Vamos fazer mais um exemplo, o ácido sulfúrico, H 2 SO4 , que poderia ser
reescrito como H 2 ( SO4 ):

H 2 SO4 + H 2O → 2 H + + SO42−
Veja, o subíndice do hidrogênio é 2, indicando que a carga do ânion sulfato é 2-:
SO42− . O subíndice do sulfato é 1, portanto a carga do cátion hidrogênio é 1+.

Classificação dos Ácidos

Os ácidos podem ser classificados de acordo com a quantidade de hidrogênios


ionizáveis (liberados pela reação com água), quanto a presença de oxigênio,
quanto ao grau de ionização e também em relação ao número de elementos
constituintes (BIGATÃO, 2016).

Funções Inorgânicas
100 UNIDADE II

a. Número de hidrogênios ionizáveis


■■ Monoácidos: no processo de ionização, a molécula libera apenas 1
+
cátion H . Ex: HCl , HNO3 , HCN .
+
■■ Diácidos: no processo de ionização, a molécula libera 2 cátions H .
Ex: H 2 SO4 , H 2CrO4.
+
■■ Triácidos: no processo de ionização, a molécula libera 3 cátions H .
Ex: H 3 PO4.
+
■■ Tetrácidos: no processo de ionização, a molécula libera 4 cátions H .

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ex: H 4 P2O7 , H 4 SiO4.
■■ Os ácidos com 4 ou mais hidrogênios ionizáveis são denominados
poliácidos.

b. Quanto à presença ou ausência de oxigênio na molécula:

■■ Hidrácidos: não contêm oxigênio na sua constituição. Ex:


HCl , HCN , H 2 S .

■■ Oxiácidos: apresenta oxigênio em sua constituição. Ex: H 2 SO4 , HNO3.

c. Quanto ao grau de ionização:


Esta classificação trata da capacidade do ácido em liberar o seu cátion
para o meio. Isso nem sempre acontece de forma integral, ou seja, parte
+
do cátion é liberada na forma de H , porém, a outra parte continua no
formato molecular.

■■ Ácidos fortes: o grau de ionização está entre 50% < a < 100%. Ex:
H 2 SO4 , HNO3 , HClO4, HBr , HCl e HI , sendo estes, os únicos
ácidos fortes existentes.

■■ Ácidos moderados: o grau de ionização está entre 5% < a < 50%. Ex:
HF , H 3 PO4 .

■■ Ácidos fracos: o grau de ionização é menor que 5%. Exemplo: HCN ,


H 2CO3.

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


101

d. Quanto ao número de elementos que constituem o ácido:


■■ Binários: apresentam dois elementos. Ex: HBr , HCl , H 2 S , HF .
■■ Ternários: apresentam três elementos. Ex: H 2 SO4 , H 3 PO4 .

■■ Quaternários: apresentam quatro elementos. Ex: HOCN , H 4 Fe ( CN )6 .

e. Nomenclatura dos ácidos.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A nomenclatura vai depender do tipo do ácido em questão (BIGATÂO, 2016,


p. 66). É importante ter o conhecimento prévio do nome dos principais ânions
para maior facilidade na nomenclatura dos ácidos.
a. Hidrácidos: o nome do ácido é escrito sempre com a terminação “ídrico”,
da seguinte forma: Ácido + nome do ânion + ídrico.
Ex: HBr – Ácido bromídrico; H 2 S – Ácido sulfídrico; HF – Ácido
Fluorídrico; HCN – Ácido cianídrico.

b. Oxiácidos: existem terminologias diferentes para este tipo de ácido:


b.1. Se o elemento forma apenas um oxiácido, usamos apenas a termina-
ção “ico”, da seguinte forma: Ácido + nome do ânion + ico.
Ex: H 2CO3 – Ácido carbônico; H 3 BO3 - ácido bórico, H 2 MnO4 –
Ácido mangânico; H 2CrO4 – Ácido crômico.
b.2. Se o elemento forma dois oxiácidos, usamos a terminação “ico” para o
oxiácido com maior número de oxidação e “oso” para o oxiácido com
menor número de oxidação.
Ex:

■■ H 2 SO3– Ácido sulfuroso. - H 2 SO4 – Ácido sulfúrico.

■■ HNO2 – Ácido nitroso. - HNO3 - Ácido nítrico.

Funções Inorgânicas
102 UNIDADE II

b.3. Quando o elemento formar três ou quatro oxiácidos, a termina-


ção é alterada de acordo com o aumento do número de oxidação do
elemento. Esse caso acontece com os elementos do grupo VIIA, da
família dos halogênios.
Ex:

■■ HClO - Ácido hipocloroso.

■■ HClO2 - Ácido cloroso.

■■ HClO3 - Ácido clórico.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ HClO4 - Ácido perclórico.

BASES

Arrhenius definiu a base como sendo um eletrólito que em solução aquosa libera

o ânion OH , denominado como hidroxila, que é responsável pelas proprieda-
des comuns que existem entre todas as bases. Já de acordo com a definição de
Bronsted-Lowry, as bases são receptoras de prótons (BIGATÃO, 2016, p. 67).
Em geral, as bases têm sabor amargo e adstringente, como banana verde, e
são escorregadias ao tato. As bases fortes são cáusticas, ou seja, podem correr
materiais, inclusive o tecido vivo. Uma outra característica interessante é que
elas são capazes de reagir com gorduras e óleos, por esse motivo, são úteis como
agentes de limpeza (BIGATÃO, 2016, p. 67).
Exemplos de bases, são o hidróxido de potássio, hidróxido de cálcio e o
hidróxido de alumínio, apresentados, respectivamente:

KOH + H 2O → K + + OH −

Ca ( OH )2 + H 2O → Ca2+ + 2OH −

Al ( OH )3 + H 2O → Al 3+ + 3OH −

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


103

Na formação das bases temos um metal, que é o cátion, ligado a um ânion, que

é a hidroxila OH . Uma base que foge a esta regra é o hidróxido de amônio
NH 4OH (BIGATÃO, 2016, p. 67).

Classificação das bases

Existem alguns parâmetros de classificação das bases (BIGATÃO, 2016, p. 67):



a. Quanto ao número de hidroxilas OH :
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Monobases: possuem apenas 1 hidroxila. Ex: KOH , NaOH , NH 4OH .


■■ Dibases: possuem 2 hidroxilas. Ex: Ca ( OH )2, Mg ( OH )2, Fe ( OH )2 .
■■ Tribases: possuem 3 hidroxilas. Ex: Al ( OH )3 , Fe ( OH )3.
■■ Tetrabases: possuem 4 hidroxilas. Ex: Pb ( OH )4 , Sn ( OH )4 .

b. Quanto ao grau de dissociação ou a força da base:


■■ Bases fortes: quando a dissociação ocorre em taxas próximas a 100%.
Pertencem a esse grupo as bases formadas por metais alcalinos (famí-
lia 1A) e metais alcalinos terrosos (família 2A). Ex: NaOH , KOH ,
Ca ( OH )2, Ba ( OH )2. A base Mg ( OH )2 representa uma exceção, pois
apesar do Mg pertencer a tal família, ela é uma base considerada fraca.
■■ Bases fracas: quando ocorre a dissociação e ela é menor que 5%, ou
seja, tratando-se de compostos moleculares com baixa solubilidade
em água. São exemplos desse grupo as bases formadas pelos demais
metais. Ex: NH 4OH , Al ( OH )3.

c. Quanto à solubilidade:
■■ Solúveis: formadas a partir dos metais alcalinos (família 1A). Ex: NaOH ,

KOH , NH 4OH .
■■ Pouco solúveis: formadas a partir dos metais alcalinos terrosos (famí-
lia 2A). Ex: Ca ( OH )2, Mg ( OH )2 , Ba ( OH )2.

Funções Inorgânicas
104 UNIDADE II

■■ Praticamente insolúveis: demais bases. Ex: Fe ( OH )3 , Al ( OH )3 ,


Pb ( OH )4, Sn ( OH )4 .

Dissociação e Fórmula de Bases

As bases são formadas por um cátion (íon com carga opositiva), que é um metal
+ −
ou a exceção NH 4 , ligado ao ânion hidroxila OH . Durante a ligação, a carga
positiva do cátion é neutralizada pela carga negativa total da hidroxila, como ocorre
( )
com o NaOH Na ; OH , ou com o Ca ( OH )2 Ca ; 2OH , entre outros.
+ − 2+
( −
)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para representação, vamos considerar o cátion com a letra B e carga (+y), pode-
mos formular uma base ou hidróxido da seguinte forma (BIGATÃO, 2016, p67):

+Y -1
B 1
(OH) Y ou seja: B(OH)Y
Figura 4 – Processo de formação ou dissociação das bases

Nomenclatura das Bases

De acordo com Bigatão (2016), a nomenclatura das bases é dada de acordo com
alguns critérios, conforme segue:
a. Quando o elemento forma apenas uma base, o nome é dado da seguinte
forma: Hidróxido de mais o nome do elemento (BIGATÃO, 2016, p. 67).
Ex: NaOH - Hidróxido de sódio, Ca ( OH )2 - Hidróxido de cálcio,
NH 4OH - Hidróxido de amônio, Al ( OH )3 - Hidróxido de alumínio.

b. Quando o elemento forma duas bases: o elemento apresenta números de


oxidação distintos, então para o menor número de oxidação acrescenta-
mos o sufixo oso, e para o maior número de oxidação acrescentamos ico
(BIGATÃO, 2016, p. 67).

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


105

Ex:

Fe ( OH )2 - Hidróxido ferroso ou Hidróxido de Ferro II.


Fe ( OH )3 - Hidróxido férrico ou Hidróxido de Ferro III.
Sn ( OH )2 - Hidróxido estanoso ou Hidróxido de Estanho II.
Sn ( OH )4 - Hidróxido estânico ou Hidróxido de Estanho IV.

Sais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ao misturar um ácido com uma base ocorre uma reação denominada de


neutralização. Este nome é devido a capacidade de um composto neutralizar
as propriedades do outro composto. O produto de uma reação de neutralização
é um sal mais a água. Um exemplo típico de reação de neutralização é dado a
seguir, na reação entre o ácido clorídrico e o hidróxido de sódio, formando o
cloreto de sódio, um sal, conhecido popularmente como sal de cozinha mais
água (BIGATÃO, 2016, p. 67):
HCl + NaOH → NaCl + H 2O

Conforme podemos verificar na reação, os sais tratam-se de compostos iônicos,


por serem formados por meio de ligações iônicas.
+ −
Como exemplos de sais, podemos citar: KCl  K ; Cl  ,
 
CaCO3 Ca2+ ; CO32−  , Al2 ( SO4 )3 2 Al 3+ ; 3SO42−  .
    +
A reação é dita de neutralização total quando todo o cátion H do ácido reage

com a hidroxila OH da base. Neste caso temos a formação de um sal neutro,
ou seja, que não possui nem caráter ácido, nem básico (BIGATÃO, 2016, p. 67).
Na tabela a seguir temos alguns exemplos de neutralização total:

Funções Inorgânicas
106 UNIDADE II

Tabela 3 – Neutralização total entre ácido e base

Base Ácido Sal normal Água


Na OH H Cl NaCl H2O

Na OH H O Na+ O
- HOH
Na OH H O P O Na+ O
- P O HOH
Na OH H O Na+ O
- HOH
Abreviadamente:
3 NaOH H3PO4 Na3PO4 3 H2O

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OH H NO3 NO3- HOH
Ca Ca2 +

OH H NO3 NO3- HOH


Abreviadamente:
Ca(OH)2 2 HNO3 Ca3(NO3)2 2 H2O
Fonte: Feltre (2004).

Classificação dos Sais

De acordo com Bigatão (2016, p. 73), os sais podem ser classificados, como:
a. Quanto a natureza:
■■ Sais neutros: resultam da neutralização total do ácido com a base. Na
+ −
formulação não aparecem os íons H e OH . Ex: cloreto de sódio,
NaCl , carbonato de potássio, K2CO3 , cloreto de cálcio, CaCl2 , sul-
fato de alumínio Al2 ( SO4 )3 .
■■ Hidrogeno-sal ou sal ácido: resultam da neutralização parcial de seu
ácido de origem. Apresentam em sua estrutura o cátion H + . Ex:
( )
NaHSO4 Na + H + SO42− , ou monohidrogenossulfato de sódio,

( )
NaH 2 PO4 Na + 2 H + PO43− ou dihidrogenofosfato de sódio.

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


107

■ Hidroxi-sal ou sal básico: resultam da neutralização parcial de sua


base de origem. Apresentam a hidroxila OH − em sua formulação. Ex:
( )
Ca ( OH ) NO3 Ca2+ OH − NO3− ou nitrato monobásico de cálcio,
Al ( OH ) Cl2 ( Al 3+ OH − 2Cl − ) ou cloreto monobásico de alumínio.
b. Quanto ao número de elementos:
■ Binários: sais que possuem apenas 2 elementos. Ex: CaCl2 , KBr , NaCl.
■ Ternários: sais que possuem 3 elementos. Ex: CaSO4 , K2CO3 , CaClBr .
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■ Quaternários: sais que possuem 4 elementos. Ex: KNaSO4 , NaCNO.

Fórmula dos Sais

y+
Os sais são provenientes de um cátion B que é oriundo da base e o ânion
x−
A que é proveniente do ácido (BIGATÃO, 2016, p. 67):
+y -x
B X
AY
Figura 5 – Processo de formação dos sais

Os exemplos na figura a seguir demonstram o exposto na figura anterior:

2+ 1-
Ca 1 (NO3) 2 ou Ca(NO3) 2
1+ 3-
Na3 (PO4) 1 ou Na3PO4
1+ 2-
Ca 2 (SO4) 2 ou CaSO4
3 1
Figura 6 – Processo de formação dos sais

Funções Inorgânicas
108 UNIDADE II

Nomenclatura dos Sais

Para De Boni e Goldani (2007), o nome do sal é originado a partir do ácido e


da base que lhe formou, utilizando-se da seguinte regra:
Nome do sal = Nome do ânion + de + Nome do cátion.
Para descobrirmos o nome do ânion, podemos utilizar a regra do quadro:

Quadro 1 – Regra para nomenclaturas do ânion

NOME DO ÁCIDO NOME DO ÂNION EXEMPLOS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
HCI - ácido clorídrico; CI- - ânion cloreto;
Elemento + ídrico Elemento + eto
HF - ácido fluorídrico; F- - ânion fluoreto.
HNO2 - ácido nitroso; NO2- - ânion nitrito;
Elemento + oso Elemento + ito
H2SO3 - ácido sulfuroso, SO32- - ânion sulfeto
HNO3 - ácido nítrico; NO3- - ânion nitrato;
Elemento + ico Elemento + ato
H2SO4 - ácido sulfúrico; SO42- - ânion sulfato
Fonte: Bigatão (2016, p. 75).

Já em termos do cátion, seu nome é originado a partir da base que originou o


+ +
sal. Ex: NaCl - cátion Na (sódio); KBr - cátion K (potássio).
Quando misturamos um ácido com uma base, o nome originado vai depender
do ácido e da base. Vamos entender isso com os exemplos que seguem a seguir:
■ HCl (ácido clorídrico) + KOH (hidróxido de potássio) → KCl (clo-
reto de potássio) + H 2O (água).

■ HNO2 (ácido nitroso) + NaOH (hidróxido de sódio) → NaNO2 (nitrito


de sódio) + H 2O (água).

■ H 2 SO4 (ácido sulfúrico) + Ca ( OH )2 (hidróxido de cálcio) → CaSO4


(sulfato de cálcio) + 2 H 2O (água).

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


109

Em nosso organismo pode ocorrer uma reação de neutralização. Nosso estô-


mago produz diariamente o suco gástrico, uma solução ácida que contém áci-
do clorídrico ( HCl ). Se adquirirmos doenças estomacais, tais como gastrite,
produzimos suco gástrico em excesso, causando o sintoma conhecido como
azia. Os medicamentos indicados para o tratamento dessa doença possuem
formulações com bases fracas. Um deles é o leite de magnésia, cujo principal
constituinte é o hidróxido de magnésio ( Mg ( OH )2 ). Ao ingerir o medica-
mento, a base presente no leite de magnésia neutraliza o ácido em excesso
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presente no suco gástrico, reduzindo os efeitos da acidez gástrica.


Fonte: Bigatão (2016, p. 71).

SOLUÇÕES, CONCENTRAÇÕES, DILUIÇÕES

As soluções com concentrações conhecidas são importantes em diversas áreas.


Por exemplo, para a lavagem de equipamentos em que há a manipulação de ali-
mentos, necessitamos de detergente alcalino clorado, com 130 ppm de cloro, para
sanitização de uma solução de 25 ppm de iodo, entre outros procedimentos. Em
laboratórios e indústrias de transformação, na maioria das reações químicas,
devemos saber a concentração inicial para que possamos identificar a quanti-
dade real de reagentes que ali estão presentes para promover uma determinada
reação (GODOI, 2017, p. 216).

Soluções, Concentrações, Diluições


110 UNIDADE II

SOLUÇÕES
A definição de uma solução é uma mistura homogênea de um soluto (substân-
cia sendo dissolvida) em um solvente (substância que efetua a dissolução). O
soluto, a fase dispersa, é aquele que está em menor quantidade. O solvente é o
dispersante, é o composto que está em maior proporção. A concentração de uma
solução é expressa entre a relação da quantidade de soluto e a quantidade de sol-
vente (ou solução) (TRINDADE et al., 2016; GODOI, 2017, p. 216).
As soluções podem ser encontradas em quaisquer dos três estados físicos:
sólido, líquido ou gasoso (LENZI et al., 2015). Como exemplo de uma solução

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gasosa, podemos citar o ar, que é uma mistura de nitrogênio, oxigênio e quantida-
des menores de outros gases. Quanto às soluções sólidas, temos as ligas metálicas
como o “níquel” das moedas (25% Ni, 75% Cu). Como exemplo de solução líquida,
podemos citar água com açúcar ou água com etanol (GODOI, 2017, p. 216).

CONCENTRAÇÃO

A solução entendemos que é a mistura homogênea entre soluto e solvente. O


termo concentração trata da quantificação deste soluto presente na solução.
Para entendermos melhor o que é a concentração, a definição de soluto,
solvente e solução, vamos pensar em um exemplo de solução que preparamos
dissolvendo 2 g do sal de cozinha (NaCl) e completamos/dissolvemos em até 1
litro de água. Assim, dissolvendo este sal na água, obtemos uma mistura homogê-
nea entre o soluto (sal) e o solvente (água). Dizemos que a concentração de uma
solução é a relação entre a quantidade do soluto (que seria o sal de cozinha) e a
quantidade de solvente (quantidade de água) ou a quantidade de solução (que é
a quantidade do soluto mais a quantidade do solvente) (GODOI, 2017, p. 216).
De uma maneira mais genérica, concentração é a razão entre a quantidade
de soluto pela quantidade de solvente ou pela quantidade de solução (LENZI et
al., 2015), conforme a equação a seguir (GODOI, 2017, p. 216):
quantidade de soluto
Concentração =
quantidade de solvente

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


111

quantidade de soluto
Concentração =
quantidade de solução

A IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada) recomenda a utili-


zação do mol para representar a quantidade de matéria. No entanto, na prática,
a quantidade de matéria de um determinado composto continua a ser medido
por sua massa, volume, entre outros. Em virtude do uso de diferentes unidades,
apresentaremos, a seguir, os principais tipos de concentração. Alguns dos nomes
estão em desuso (apenas o nome, não as unidades), como é o caso da molari-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dade (GODOI, 2017, p. 216).

Concentração Comum (C)

A concentração comum relaciona a massa do soluto (m1) e o volume da solução


(V), dado de acordo com a expressão a seguir:

m
C=
V
A unidade usualmente utilizada é g/L – isso quando a massa do soluto estiver em
gramas e o volume estiver em litros (L) (LENZI et al., 2015; GODOI, 2017, p. 216).
Se temos uma solução com concentração de 2g/L, isso quer dizer que a cada
litro da solução temos 2g do soluto.

Concentração Molar (M) ou em Quantidade de Matéria (molaridade)

Provavelmente, é a unidade de concentração mais usada em soluções aquosas.


Relaciona o número de mol do soluto (n) e o volume da solução (V) (RUSSEL,
1994), dado de acordo com a expressão a seguir (GODOI, 2017, p. 216):

n
M=
V
A quantidade de matéria (n1) é dada em mol e o volume na unidade litro (L).

Soluções, Concentrações, Diluições


112 UNIDADE II

Título em Massa (T)

Também conhecida como percentagem em massa, ou massa percentual (RUSSEL,


1994), relaciona a massa do soluto (m1) com a massa da solução (m), como na
expressão a seguir (GODOI, 2017, p. 216):

m1
TM =
m
Essa relação não apresenta unidade de medida por se tratar de uma divisão de

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massas com a mesma unidade, ou seja, anulam-se.

Exemplo 11: Tem-se uma solução de NaCl a 2% em massa. O que isso quer dizer?
Significa que em 1 quilograma da solução, temos 0,02 quilogramas de NaCl, ou seja:

0, 02kgNaCl
TM = = 0, 02 × 100 = 2%
1kg ( NaCl + H 2O )
No exemplo, multiplicamos por 100 para obter a percentagem.
No título em massa, como a massa da solução, é resultante da soma da massa
do soluto (m1) e a massa do solvente (m2), podemos reescrever a fórmula da
seguinte maneira:

m1
TM =
m1 + m2
PPM

Essa forma de expressar a concentração é utilizada quando a relação entre a quan-


tidade de soluto e a quantidade de solução é muito pequena. A expressão ppm
significa partes por milhão, ou seja, uma parte do soluto disperso em um milhão
de partes da solução. Outros nomes podem ser utilizados, como ppb (parte por
bilhão), ppt (partes por trilhão) (LENZI et al., 2015; GODOI, 2017, p. 216).
A expressão é:
1 parte
ppm =
1.000.000 partes

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


113

Também não apresenta unidades de medida por se tratar de uma divisão entre
números que possuem a mesma unidade.

Exemplo 12: detergente alcalino clorado, com 130 ppm de cloro, temos 130 par-
tes de cloro em uma milhão de partes de solução. As partes mencionadas podem
ser: 130 gramas de cloro em 1.000.000 de gramas da solução.
O termo ppm é bastante empregado na indústria de forma geral, então bas-
tante atenção! Um outro exemplo, se for mencionado que a quantidade máxima
permitida de chumbo nas águas de abastecimento público é de 0,015 ppm, isso
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

significa que são 0,015 g ou 15 mg de chumbo em 1 milhão de gramas de solu-


ção. Veja que trabalhamos apenas com os prefixos dos números, que já estudamos
(GODOI, 2017, p.217).

Exemplo 13: Foi necessário o preparo de diversas soluções de hidróxido de sódio


( NaOH ) em um laboratório de química. Sobre o conceito de soluções, responda
as assertivas a seguir:
a. Determine a concentração comum de uma solução que contém 4,0 g de
NaOH dissolvidos em 500 ml de solução.
Transformando ml para litros:
1 L − − − − − − − − − − 1000 ml
X − − − − − − − − − − 500 ml
500
X =
1000
X = 0, 5l
m 4, 0 g
C = 1= = 8, 0 g l
V 0, 5l

Soluções, Concentrações, Diluições


114 UNIDADE II

b. Se for necessário o preparo de 300 ml de uma solução de hidróxido de


sódio com a concentração de 5 g/L, qual será a massa necessária de soluto?

1 L − − − − − − − − − − 1000 ml
X − − − − − − − − − − 300 ml
300
X = = 0, 3l
1000
m m
C = 1 → 5 g l = 1 → m1 = (5 g l ) × ( 0, 3l )
V 0, 3l

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
m1 =1,5g NaOH

c. Determine o volume necessário de uma solução aquosa com concentra-


ção de 240g/l de NaOH que contém 1 mol dessa substância? Dados:
MM NaOH = 40 g mol .
Veja, pela massa molar, 1 mol de NaOH contém 40g de mols de NaOH ,
ou seja, utilizando-se a concentração comum:
240 g − − − − − − − − − 1000 ml
40 g − − − − − − − − − − X
X = 166, 7 ml

Diluições

A palavra diluição é usada quando uma solução pode ser mais diluída pela adi-
ção de mais solvente (RUSSEL, 1994). Em grande parte dos casos práticos, não
temos uma substância pura para o preparo de uma solução. Temos uma solução
com alta pureza ou concentração, chamada de solução estoque; e para o preparo
de soluções com concentrações mais baixas, deve ser adicionada água, no pro-
cesso de diluição (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017, p. 216).
O ácido sulfúrico, por exemplo, é comumente comercializado em frascos de
soluções concentradas com título de 96% (96 cg/g). Para relembrar, o título de
96% em massa significa: 96 centigramas de ácido sulfúrico em 1 grama de solu-
ção ou, ainda, 0,96 gramas de ácido sulfúrico em 1 grama de solução (água mais
ácido) (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017, p. 216).

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


115

A técnica da diluição nada mais é do que pegarmos um volume dessa solu-


ção concentrada que será misturada com um volume de água, a fim de diluir
essa solução. Por exemplo, temos um copo com 30 gramas de sal dissolvido em
água, se pegarmos um pequeno volume desse copo e colocarmos em outro copo,
completando com água, essa nova mistura estará menos salgada, pois efetua-
mos uma diluição.
A fórmula da diluição é (BROWN et al., 2016; GODOI, 2017, p. 216):
Ci × Vi = C f × V f
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em que Ci é a concentração da solução inicial (mais concentrada), Vi é volume inicial


que tem que ser utilizado dessa solução para o preparo de uma solução diluída, C f
a concentração final desejada e V f o volume final desejado (BROWN et al., 2017).

Exemplo 14: Qual o volume necessário de solução de ácido sulfúrico ( H 2 SO4 )


com concentração de 1766,33 g/l são necessários para preparar 250 mL de uma
solução de ácido sulfúrico com a concentração de 150 g/l?
Para fazer essa diluição, devemos pegar uma alíquota dessa solução concen-
trada para diluir em água e produzir a nova solução.
Os dados que temos até o momento:
■■ Concentração solução estoque (inicial): 1766,33 g/l
■■ Volume da solução comercial (inicial): desconhecido
■■ Concentração desejada (final): 150 g/l

■■ Volume desejado (final): 250 ml

Substituímos esses dados na fórmula da diluição:


Ci × Vi = C f × V f
1766, 33 × Vi = 150 × 250
Vi = 21, 23mL
Resumindo: para preparar 250 ml de solução de ácido sulfúrico, com concentração
de 150 g/l, devemos separar 21,23 ml da solução de ácido sulfúrico concentrada
(1766,33 ml), que deve ser diluída até o volume de 250 ml.

Soluções, Concentrações, Diluições


116 UNIDADE II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

E assim, aluno(a), vamos chegando ao fim de mais uma unidade. Desta vez,
conseguimos verificar as transformações que a matéria sofre. Percebemos que
essas transformações químicas são capazes de transformar a estrutura da maté-
ria e produzir novos compostos, que ocorrem por meio das reações químicas,
e são capazes de produzir produtos de interesse comercial, farmacêutico, entre
outros. Além disso, pudemos vislumbrar algumas evidências da ocorrência das
transformações químicas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Entendemos ainda como balancear as equações químicas e que o correto
balanceamento nos permite estimar a quantidade de reagentes consumidos, e
de produtos que são formados, demonstrando alguns tipos especiais de reações
conhecidas no campo da química.
Estudamos ainda os conceitos relacionados à velocidade das reações quími-
cas, que possuem fatores que interferem na sua velocidade, nos possibilitando
acelerar ou desacelerar determinada reação.
Ainda, nesta unidade, conceituamos importantes funções inorgânicas pre-
sentes na química, tais como os ácidos, bases e sais. Percebemos que os elementos
que constituem estas funções possuem características semelhantes entre si, que
permite sua classificação de acordo com suas características. Vimos também a
reação de neutralização entre um ácido e uma base, capaz de produzir uma nova
função inorgânica, os sais.
Por fim, estudamos os conceitos de soluções. Entendemos que uma solu-
ção possui uma quantidade finita de reagentes presentes, nos tornado capazes
de estimar esta quantidade. Ainda, verificamos como diluir soluções com altas
concentrações, que a depender do composto, se utilizada em altas concentra-
ções, pode gerar riscos à saúde e ao meio ambiente, justificando sua diluição.
Na próxima unidade entraremos no campo das funções orgânicas, que assim
como as funções inorgânicas, têm características comuns que nos permite clas-
sificar em um mesmo grupo. Preparados?

REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS


117

1. A seguir é apresentado uma reação química industrial não balanceada utiliza-


da para a produção do sulfato de sódio Na2 SO4 . Trata-se de uma reação do
tipo ácido-base, também conhecida como reação de neutralização.

NaOH + H 2 SO4 → Na2 SO4 + H 2O


É desejado a produção de 335,00 kg de sulfato de sódio por hora. Calcule a
quantidade de mols por dia de hidróxido de sódio NaOH e ácido sulfúrico
H 2 SO4 que deverão ser utilizados para essa produção.
Dados:
MM ( Na2 SO4) = 142,04 g/mol.
MM ( NaOH ) = 40,0 g/mol.
MM ( H 2 SO4 ) = 98,0 g/mol.

2. O hidrogênio gasoso é posto em contato com o iodo também na fase gasosa


para formar o ácido iodídrico ou iodeto de hidrogênio, de acordo com a reação
química não balanceada:
H 2( g ) + I 2( g ) → HI ( g )
Se 1 mol do hidrogênio é posto inicialmente em contato com 1 mol de iodo,
em uma temperatura de 500°C, qual será a concentração molar do iodeto de
hidrogênio formado no equilíbrio? Dados: K c = 49 .
a) 2,31.
b) 5,42.
c) 1,56.
d) 3,29.
e) 4,32.
118

3. A água, conhecida como solvente universal, está presente em diversas reações


químicas. Sua aplicação é desde solvente, empregada para dissolução de com-
postos até mesmo como reagente, quando participada da reação. A seguir temos
listados algumas reações químicas em que a água é empregada como reagente:

I. HNO2 � + H 2O → NO2� � + H 3O + .

II. NH 3 � + H 2O → NH 4 + � + OH� .
2�
III. O � + H 2O → OH� � + OH .�
De acordo com as teorias de Brönsted-Lowry sobre as classificações de ácidos
e de bases, a correta classificação de I, II e III é:
a) Base, base e ácido.
b) Base, ácido e ácido.
c) Base, ácido e base.
d) Ácido, base e ácido.
e) Ácido, base e base.

4. As reações de neutralização são importantes no campo da química, pois são


capazes de neutralizar os efeitos ácidos e básicos das funções destes elemen-
tos. Em acidentes envolvendo ácidos corrosivos, em alguns casos são utilizados
alguma base específica para produzir a neutralização, produzindo um sal de
caráter neutro e menos agressivo.
A seguir são apresentados elementos ácidos e básicos pertencentes entre os
reagentes. Escreva a equação de neutralização balanceada e informe o nome
do sal formado.

a) HNO3( aq ) + KOH ( aq ) .
b) HCl( aq ) � + Ca ( OH )2 aq .
( )
H SO
c) 2 4( aq ) + NaOH ( aq ) .
d) H 2 SO4( aq ) + Mg ( OH )2( aq ) .
e) H 3 PO4( aq ) + Ba ( OH )2( aq ) .
119

5. No processo de tratamento de água há um processo denominado de fluore-


tação, que é uma tecnologia de saúde pública utilizada para a prevenção da
cárie. Neste processo é adicionado a água uma determinada quantidade do
íon fluoreto.
Em uma determinada rede de abastecimento de água foi identificado a con-
centração de íons fluoretos de 5, 0 ·10 -5 mol l . Se um indivíduo ingerir 3,0
litros dessa água no dia, qual será a massa de fluoreto (mg), que foi ingerida?
Dados: (massa molar do fluoreto: 19,0 g/mol)
a) 0,95.
b) 1,35.
c) 2,85.
d) 5,75.
e) 15,5.
120

A IMPORTÂNCIA DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO (POPS)


PARA OS CENTROS DE PESQUISA CLÍNICA
Os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) são instruções detalhadas descritas para
alcançar a uniformidade na execução de uma função específica. Basicamente, a impor-
tância do estabelecimento de POPs em um Centro de Pesquisa reside em: melhor prepa-
ro na condução de estudos, harmonização dos processos em pesquisa no Centro de Pes-
quisa, treinamentos, profissionalismo, credibilidade e garantia da qualidade por meio da
padronização e da rastreabilidade do processo em auditorias e inspeções.
A Instrução Normativa no 4 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dispõe
sobre o Guia de Inspeção em Boas Práticas Clínicas (BPC) no qual lista alguns POPs que
serão exigidos durante a inspeção do estudo clínico no Centro de Pesquisa.
Cada uma das etapas de elaboração do POP deverá ter a participação da equipe envol-
vida, que poderá avaliar e validar seus procedimentos, e, se necessário, contratar pessoal
especializado para esta função. Nesses casos, é importante que a equipe detenha o co-
nhecimento do setor e interaja com o grupo do centro, conhecendo cada um dos seus
processos e discutindo cada novo POP elaborado.
O POP deve ser escrito de forma detalhada para a obtenção da uniformidade, seja na
produção ou na prestação de um serviço. Cada documento deverá fazer parte de uma
relação-padrão. Alguns itens devem estar contemplados em seu formato, tais como: cabe-
çalho contendo o tipo do documento, título, código, logotipo da empresa ou instituição,
área responsável, responsáveis, datas da elaboração, aprovação e autorização, objetivos,
campo de aplicação, abrangência ou aplicabilidade, responsabilidades, abreviações, defi-
nições, descrição dos procedimentos, referências e anexos. A paginação, a versão e o nú-
mero da última revisão podem estar no rodapé. O acesso aos POPs, quer em papel ou em
formato eletrônico, deve ser controlado e limitado aos seus usuários, e eventuais revisões
e atualizações devem ser devidamente aprovadas antes da implementação.
O processo de inspeção pela Anvisa será composto pelas seguintes etapas: comunica-
ção da inspeção ao patrocinador/organizações representativas de pesquisa clínica e
investigador principal do estudo clínico, reunião de abertura, entrevista com a equipe
do estudo, visita às instalações, análise documental e reunião de fechamento. Na eta-
pa de análise documental será checada a disponibilidade dos documentos essenciais
nas fases do estudo clínico. Entre eles, diversos POPs são requeridos. Dependendo do
relatório da inspeção e da manifestação do patrocinador, a Anvisa poderá declarar no
Parecer Final da Inspeção que o estudo está ou não sendo conduzido de acordo com as
121

BPCs. Em casos de não conformidade, poderá determinar a interrupção temporária da


pesquisa, a suspensão das atividades de pesquisa clínica do investigador envolvido ou
mesmo o cancelamento definitivo de uma pesquisa clínica no Centro em questão ou em
todos os Centros no Brasil. Concluímos que a elaboração e a aderência de POPs por meio
de treinamentos são essenciais para garantir a qualidade e a uniformidade de todos os
processos envolvidos na condução de estudos, devendo os Centros de Pesquisa Clínica
preparar seus serviços com a elaboração destes POPs, que serão exigidos durante as
inspeções da Anvisa.
Fonte: Barbosa et al. (2011, on-line)1.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Química Geral e Experimental


Ervin Lenzi, Luzia Otilia Bortolli Favero, Aloísio Sueo Tanaka, Evilásio de
Almeida Vianna Filho, Manoel Jacó Garcia Gimmenes
Editora: Freitas Bastos
Sinopse: esta obra foi elaborada por uma equipe de professores universitários,
mestres e doutores, que ministram essa matéria há vários anos no 1º ano de
vários cursos: Química, Engenharia Química, Zootecnia, Farmácia, Bioquímica,
Agronomia, Biologia etc. O livro é feito em unidades didáticas, de forma a facilitar a atividade
acadêmica e tem como ênfase a relação entre a teoria e a prática. Obra verdadeiramente inovadora
e sem paralelo no Brasil.
Texto apresentado em 27 unidades, dos quais 7 tratam da introdução do aluno(a) ao laboratório
e a obtenção de medidas com caráter científico, 2 orientam na preparação e calibração da
instrumentação, 3 ensinam as técnicas de obtenção, separação e purificação de substâncias, 2
evidenciam a forma de determinação de propriedades das substâncias, 3 apresentam os princípios
de Química Analítica, preparação de soluções padrões e padronização, 3 orientam para o estudo da
reação química, 4 são destinadas ao estudo do equilíbrio químico, 1 ao estudo da cinética química,
1 ao estudo da termoquímica, e 1 ao estudo da eletroquímica.

A seguir, temos um vídeo bastante interessante, do Manual do Mundo, que traz algumas transformações
químicas, tais como a combustão do magnésio metálico, uma reação do permanganato de potássio
(KMnO4) com a glicerina (C3H5(OH)3), uma outra do carbeto de cálcio (CaC2) com a água (H2O),
entre outras reações. Nestes casos visualizamos a formação de novos compostos, que caracteriza a
ocorrência de uma transformação química. Vamos acompanhar?

Web: https://www.youtube.com/watch?v=OpO7541XQwo.
123
REFERÊNCIAS

BIGATÃO, D. M. M. M. Química Geral e Inorgânica. Maringá: Unicesumar, 2016.


BROWN T. L.; LEMAY JUNIOR. H. E.; BURSTEN B. E.; MURPHY C. J.; WOODWARD P. M.;
STOLTZFUS M. W. Química: a ciência central. 13. ed. Rio de Janeiro: Pearson, 2016.
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre:
Ed. Tchê Química Cons. Educ. LTDA, 2007.
FELTRE, R. Química - Volume 1. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004.
GODOI, T. B. Química experimental. Maringá: Unicesumar, 2017.
LENZI, E. et al. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: F. Bastos, 2015.
RUSSELL, J. B. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1994.
TRINDADE, D. F. et al. Química Básica Experimental. São Paulo: Ícone, 2016.
UCKO, D. A. Química: para as ciências da saúde. 2. ed. Barueri: Editora Manole LTDA, 1992.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v57n2/v57n2a07>. Acesso em: 07 jun. 2019.
GABARITO

1. Primeiro, devemos converter 335,0 kg /hora de sulfato de sódio nas unidades de


mol/hora, para isso, utilizamos a massa molar:

142 04 g ( Na2 SO4 ) − − − − − − − − −1 mol


335000 g ( Na2 SO4 ) − − − − − − − − − X

X = 2.358, 49 mol ( Na2 SO4 ) por hora

Em seguida, devemos balancear equação, pelo método das tentativas, conforme


demonstrado a equação balanceada:

2 NaOH + H 2 SO4 → Na2 SO4 + 2 H 2O


Então, pela estequiometria da reação, devemos calcular o número de mols de
hidróxido de sódio e ácido sulfúrico:
1 mol Na2 SO4 − − − − − − − − 2 mol de NaOH
2.358, 49 mol h Na2 SO4 − − − − − − − − X

X = 4716, 98 mol NaOH por hora

1 mol Na2 SO4 − − − − − − − − 1 mol de H 2 SO4


2.358, 49 mol h Na2 SO4 − − − − − − − − X

X = 2358, 49 mol por hora de H 2 SO4


Obtemos a quantidade por hora, mas nos foi solicitado a quantidade por dia,
que por meio de uma regra de três, calculamos facilmente:
4716 98 mol NaOH − − − − − 1 hora
X − − − − − 24 h

X = 113.207, 52 mol / dia de NaOH

2358, 49 mool de H 2 SO4 − − − − − 1 hora


X − − − − − 24 h

X = 56.603, 76 mol / dia de H 2 SO4


125
GABARITO

2. C.
Temos a concentração inicial, mas desejamos a concentração no equilíbrio. Nes-
te caso, montamos uma tabela para facilitar nosso raciocínio (obs: é necessária
balancear a equação química anteriormente):

H2 + I2 → 2HI
Antes da reação 1 mol 1 mol 0 mol
Reação x mol x mols 2x mols
Após o equilíbrio 1-x mol 1-x mols 2x mols

Veja, não sabemos o quanto reagiu, pois se há uma constante de equilíbrio, isso
quer dizer que a reação não ocorre a uma taxa de 100%. Então, como não sabe-
mos a quantidade que reage, chamamos de “x”. Em relação aos reagentes com
coeficiente estequiométrico 1, temos apenas 1x, e em relação ao produto, coefi-
ciente estequiométrico 2, forma 2x.
Agora, inserimos estes valores na fórmula da constante do equilíbrio:

K=
[ HI ]2
[ H 2 ]1 × [ I 2 ]1
2
49 =
( 2x)
(1 − x ) × (1 − x )
4 x2
49 =
1 2 x + x2
45 x2 − 98 x + 49 = 0
x1 = 1, 4 mol l
x2 = 0, 78 mol l

Veja, o primeiro resultado (1,4) não tem sentido físico, pois se tínhamos 1 mol no
início, é impossível reagir uma quantidade maior que 1 dos reagentes. Portanto,
o segundo resultado é mais plausível.
Mas ainda não obtivemos a resposta, a concentração no equilíbrio de HI confor-
me consta em nossa tabela é 2x, ou seja, 2x0,78 = 1,56mol/l.
GABARITO

3. E.
O primeiro item não estão correto porque o elemento é classificado como um
ácido de Arrhenius se na reação produzir o hidrônio ( H 3O + ) ou ( H + ). Os de-
mais itens apresentam a hidroxila ( OH − ), caracterizando uma base.
4.
HNO3( aq ) + KOH ( aq ) → KNO3( aq ) + H 2O(l ) - Nitrato de potássio
2 HCl( aq ) + Ca ( OH )2( aq ) → CaCl2( aq ) + 2 H 2O(l ) - Cloreto de cálcio
H 2 SO4( aq ) + 2 NaOH ( aq ) → Na2 SO4 ( aq ) + 2 H 2O(l ) - Sulfato de sódio
H 2 SO4( aq ) + Mg ( OH )2( aq ) → MgSO4 ( aq ) + 2 H 2O(l ) - Sulfato de magnésio
2 H 3 PO4( aq ) + 3Ba ( OH )2( aq ) → Ba3 ( PO4 )2( aq ) + 6 H 2O(l ) - Fosfato de bário.

5. C.
5
Temos que a concentração é de 5, 0 ·10 mol l , ou seja:
5 × 10−5 mol ---------- 1L
X ---------- 3 L
X = 15 × 10−5 mol F 2−
Pela massa molar (19,0 g/mol), descobrimos a massa em gramas:
19 g ---------- 1mol
X ---------- 15 × 10−5 mol
X = 2, 85 × 10−3 g F 2− = 2, 85mg F 2−
127
ANOTAÇÕES
Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques
Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi

III
UNIDADE
FUNÇÕES ORGÂNICAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer os compostos químicos quanto a sua função química.
■■ Compreender a importância química das diversas funções apresentadas.
■■ Aprender a aplicação de diversos compostos em nosso dia a dia.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Funções Orgânicas
■■ Importância dos grupos funcionais de cada função orgânica
■■ Aplicações das funções orgânicas no cotidiano
131

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), iniciaremos nosso estudo sobre a química orgânica, contem-


plando as funções orgânicas e seus aspectos mais relevantes. A classificação das
funções orgânicas é fundamental para diferenciar o comportamento que existe
entre elas para serem utilizadas e identificadas no dia a dia.
O carbono é um elemento químico tão importante que existe um ramo da
ciência específico para estudá-lo: a química orgânica. Desde antes de Cristo, a
humanidade já utilizava em sua rotina muitos compostos orgânicos que estão
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

presentes, por exemplo, na fabricação de bebidas alcoólicas, vinagre e corantes.


Atualmente, estes compostos continuam presentes em nosso cotidiano e
outros compostos mais complexos foram descobertos por pesquisadores, como
os remédios, hormônios, proteínas e vitaminas que possuem em sua fórmula quí-
mica estrutural alguns compostos orgânicos que serão estudados neste módulo.
Neste capítulo abordaremos os grupos funcionais que estão presentes nas
principais funções orgânicas, que compreendem os hidrocarbonetos, álcoois,
fenóis, aldeídos e cetonas, aminas e amidas, ácidos carboxílicos. A partir das
características encontradas nestes grupos funcionais, há a formação de uma
variedade de compostos orgânicos presentes no nosso dia a dia, e também em
vários setores da indústria.
Além de apresentar os grupos funcionais com suas principais funções orgâ-
nicas, ainda iremos apresentar como alguns compostos que pertencem a estas
funções orgânicas citadas neste capítulo estão presentes no nosso dia a dia, e a
importância dos mesmos em nossas vidas.
A partir das funções orgânicas citadas anteriormente, é possível obter um
conhecimento prévio na área de química orgânica que possibilita identificar as
estruturas químicas, conhecer sua nomenclatura formal e usual, além das suas
características gerais e do comportamento químico que cada função orgânica
possui em função da sua estrutura molecular e química. Além disso, você será
capaz de relacionar algumas dessas funções orgânicas aos compostos que fazem
parte do seu dia a dia e que são muito importantes do ponto de vista da área bio-
lógica. Boa leitura!

Introdução
132 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FUNÇÕES ORGÂNICAS

Nesta unidade vamos conhecer alguns fundamentos teóricos sobre a Química


Orgânica, que é a parte da ciência que estuda o comportamento de compostos
que contém carbono, com exceção de alguns compostos, por exemplo, carbo-
natos e bicarbonato, cianeto, assim como os alótropos do carbono grafite, como
o grafeno, e o diamante. Além do carbono, as moléculas orgânicas podem ter
outros elementos, por exemplo, o nitrogênio, o oxigênio, enxofre, fósforo, boro,
halogênios entre outros elementos. Portanto, estes compostos orgânicos repre-
sentam cerca de 90% de todas os compostos atualmente conhecidos.
Podemos notar que estes compostos estão presentes na composição de ali-
mentos, vestuários, combustíveis, além de compor o organismo de todos os seres
vivos e participar das suas funções orgânicas. Neste capítulo daremos início ao
estudo das principais funções orgânicas que estão presentes no nosso dia a dia.

FUNÇÕES ORGÂNICAS
133

HIDROCARBONETOS

Os hidrocarbonetos são compostos formados por carbono e hidrogênio, apenas


sendo considerados a função mais simples da química orgânica. Estes compos-
tos são de grande interesse, pois, a partir da sua estrutura simples, é possível a
formação de todas as outras funções orgânicas, ou seja, estes servem de modelo
básico que englobam todas as funções.
De acordo com a forma da cadeia principal podem ser classificados, como
abertos ou fechados.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Abertos (Alifáticos ou Acíclicos): não formam ciclos.

Nomenclatura IUPAC: Buta-1,3-dieno


CH2 CH CH CH2 Nomenclatura antiga: 1,3-butadieno
Figura 1 - Nomenclatura dos compostos alifáticos
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

■■ Fechados (Cíclicos): formam um ciclo.

H
C
H C C H
ou
H C C H
C
H Benzeno
Figura 2 - Nomenclatura dos compostos cíclicos
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Funções Orgânicas
134 UNIDADE III

■■ Cadeia mista: possuem as duas formas.

CH3
CH3 C CH C CH2 CH3

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
4-fenil-2, 4-dimetil-hex-2-eno
Figura 3 - Nomenclatura dos compostos de cadeia mista
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Podem ser classificados conforme o tipo de ligação, sendo saturados ou


insaturados.
■■ Cadeia saturada: as ligações são simples entre os átomos de carbono da
molécula principal.
Exemplo: molécula de butano.

CH3 CH2 CH2 CH3


Butano
Figura 4 – Molécula de butano
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

FUNÇÕES ORGÂNICAS
135

■■ Cadeia Insaturada: o componente possui ao menos uma ligação múltipla


(dupla ou tripla) cadeia principal.

Exemplo: molécula de 1-Butino


1 2 3 4
HC C CH2 CH3
Nomenclatura IUPAC: Buta-1-ino
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Nomenclatura antiga: 1-butino


Figura 5 – Molécula de 1-butino
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

ALCANOS

São conhecidos como hidrocarbonetos de cadeia simples (alifáticos), que possuem


apenas ligações simples entre os átomos de carbono (saturados). Sua fórmula
molecular é: C2 H 2n+2 em que n é o número de átomos de carbono da molécula.
Representam uma classe extensa e diversificada de compostos encontrados na
natureza, por exemplo, o petróleo e seus derivados, que são utilizados para pro-
dução de energia, e em ceras minerais, utilizadas como lubrificantes e no preparo
de cosméticos. O exemplo mais simples de alcano é o metano, fonte de energia
muito utilizada por sua queima ser menos poluente que a queima do petróleo.
Os alcanos são nomeados adicionando o sufixo ano ao prefixo que carac-
teriza o número de átomos de carbono que formam somente uma cadeia, por
exemplo, o CH 3CH 2CH 3 é denominado de propano.
De acordo com Feltre (2004), os alcanos são compostos mais estáveis, ou seja,
que possuem pouca reatividade se comparado a outros compostos que possuem
elétrons livres na camada de valência. Em decorrência do comportamento, os
alcanos foram denominados de parafinas, que vem do vocabulário grego (parum
affinis = pouco afim). Assim, podemos dizer que são bastante estáveis, por isso
só reagem com reagentes energéticos em condições energéticas.

Funções Orgânicas
136 UNIDADE III

ALCENOS E ALCINOS

Os Alcenos são compostos insaturados que possuem uma ligação dupla entre 2
átomos de carbono C = C . Sua formula molecular é: Cn H 2n.
Os alcenos são nomeados adicionando o sufixo eno ao prefixo que carac-
teriza o número de átomos de carbono que formam somente uma cadeia, por
exemplo, o CH 2CHCH 3 é denominado de propeno.
Eteno ou etileno é o alceno mais simples, formado por apenas 2 carbonos,
porém é considerado um composto muito importante na agricultura por ser

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
um hormônio vegetal responsável pela germinação das sementes e no amadu-
recimento das frutas.
Os Alcinos são compostos insaturados que possuem uma única tripla liga-
ção entre 2 átomos de carbono C ≡ C .
Cn H 2n−2
Os alcinos são nomeados adicionando o sufixo ino ao prefixo que caracteriza o número
de átomos de carbono, por exemplo, o CHCCH3 é denominado de propano.

HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS

São compostos que possuem em sua molécula um ou mais anéis aromáticos ou


benzênicos. O benzeno é o composto precursor e mais simples desta classe de
hidrocarbonetos e pode ser representado como:

H
C
H C C H
ou ou
H C C H
C
H Benzeno
Figura 6 - Fórmula estrutural do benzeno
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

FUNÇÕES ORGÂNICAS
137

Para nomear um composto aromático é utilizado o sufixo benzeno, precedido


pelo nome das ramificações, sendo que a numeração dos carbonos do anel ini-
cia-se a partir da ramificação mais simples, resultando na menor numeração
possível. Por exemplo:

CH3 CH2 CH3


CH3
3
4 2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

5
6
1
CH3
Metil-benzeno
(nome mais usado: tolueno) 3-etil-1, 2-dimetil-benzeno
Figura 7 – Composto aromático
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Em casos de mais de uma ramificação é utilizado os prefixos orto (o), meta (m),
e para (p), com a finalidade de indicar as posições.

O benzeno é um composto tóxico, que em baixas concentrações (cerca de


1 ppm) pode ocasionar uma intoxicação crônica (denominada de benze-
nismo), quando a exposição a este composto é prolongada. Os sintomas
de benzenismo são: dores de cabeça, tonturas, cansaço e hemorragias; e
a longo período pode causar anemia (redução dos glóbulos vermelhos no
sangue), leucopenia (redução dos glóbulos brancos no sangue) e até leuce-
mia (câncer no sangue).
Fonte: Feltre (2004).

Funções Orgânicas
138 UNIDADE III

HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS

São compostos que possuem em sua molécula um ou mais anéis aromáticos ou


benzênicos. O benzeno é o composto precursor e mais simples desta classe de
hidrocarbonetos e pode ser representado como:

H
C

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
H C C H
ou ou
H C C H
C
H Benzeno
Figura 8 - Fórmula estrutural do Benzeno
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Para nomear um composto aromático é utilizado o sufixo benzeno, precedido


pelo nome das ramificações, sendo que a numeração dos carbonos do anel ini-
cia-se a partir da ramificação mais simples, resultando na menor numeração
possível. Por exemplo:

CH3 CH2 CH3


CH3
3
4 2

5
6
1
CH3
Metil-benzeno
(nome mais usado: tolueno) 3-etil-1, 2-dimetil-benzeno
Figura 9 – Nomenclatura do composto aromático
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

FUNÇÕES ORGÂNICAS
139

Em casos de mais de uma ramificação é utilizado os prefixos orto (o), meta (m),
e para (p), com a finalidade de indicar as posições.

R
Orto 6
1
2
Orto

Meta 5
4
3 Meta
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Para
Figura 10 – Nomenclatura das ramificações
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Alguns exemplos:

CH3
CH3 CH3
CH3
CH3
CH3
1,2 - dimetil-benzeno 1,3 - dimetil-benzeno 1,4 - dimetil-benzeno
ou o-dimetil-benzeno ou m-dimetil-benzeno ou p-dimetil-benzeno
ou o-xileno ou m-xileno ou p-xileno
Figura 11 – Exemplos de nomenclaturas de compostos
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Os hidrocarbonetos que possuem o anel benzeno são denominados de aromáti-


cos devido ao seu aroma agradável. Segundo Martins (2011, on-line)1:
[...] antes da década de 1920, o benzeno era frequentemente usado
como um solvente industrial, especialmente para desengraxe de me-
tais. Como sua toxicidade tornou-se óbvia, benzeno foi suplantado por
outros solventes, especialmente tolueno (metil-benzeno), o qual tem
propriedades físicas similares, mas não é um carcinogênico.

Funções Orgânicas
140 UNIDADE III

ÁLCOOIS

São compostos oxigenados que contêm um ou mais grupos hidroxila (OH ) liga-
dos diretamente a átomos de carbonos saturados (que realiza simples ligações),
sendo que é a hidroxila ou oxidrila ( OH ) é a responsável pelas características
deste composto orgânico.
Para nomear um álcool é trocado o sufixo O por OL ao hidrocarboneto de
cadeia principal, por exemplo:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CH3 OH CH3 CH2 OH
Metanol Etanol
Figura 12 – Nomenclatura dos álcoois
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Ou também pode ser normalmente denominado por:


-Álcool + Grupo orgânico sufixo ico

CH3 CH2OH
Álcool etílico
Figura 13 – Nomenclatura usual dos álcoois
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Os álcoois podem ser classificados de acordo com a posição da hidroxila:


■■ Álcool primário: RCH 2OH

CH3 CH2 OH Etanol


Figura 14 – Exemplo de álcool primário
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

■■ Álcool secundário: R2COH


CH3 CH CH3
OH
Figura 15 – Exemplo de álcool secundário
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

FUNÇÕES ORGÂNICAS
141

■■ Álcool terciário: R3COH

CH3
CH3 C OH
CH3
Figura 16 –Exemplo de álcool terciário
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O metanol (CH 3OH ) é o álcool mais simples encontrado na natureza e tam-


bém é o mais tóxico deste grupo orgânico, sendo muito usado industrialmente
como solvente e na produção do aldeído fórmico, também conhecido como
formol. Pode ser produzido a partir do gás natural, por meio da reação de oxi-
dação do metano.

FENÓIS

São compostos que contêm um ou mais grupos hidroxila (OH ) ligados diretamente
ao anel aromático, ou seja, se a hidroxila estiver ligada a uma cadeia carbônica
fechada (que não seja um anel aromático), o composto é considerado um álcool.
Pela IUPAC ([2019], on-line)2, os fenóis podem ser nomeados por meio do
prefixo Hidroxi ou pela terminação OL, conforme apresentado a seguir:

OH
Benzenol ou
hidróxi-benzeno ou
fenol comum

Figura 17 – Nomenclatura dos fenóis


Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Os fenóis têm ação fungicida e bactericida, por isso são muito empregados
como desinfetantes.

Funções Orgânicas
142 UNIDADE III

ÉTERES

São compostos que possuem um átomo de oxigênio ligado diretamente a duas


cadeias carbônicas, com fórmula estrutural ROR. Estes podem ser simétricos
ou assimétricos de acordo com o grupo alquila ligada ao átomo de oxigênio,
por exemplo:

CH3 O CH3 CH3 O

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
simétrico assimétrico
Figura 18 – Compostos simétricos e assimétrico
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

De acordo com a IUPAC ([2019], on-line)2, os éteres podem ser denominados


utilizando a palavra oxi entre os dois grupos que formam o éter. Já a forma usual
combina o prefixo éter aos dois grupos que formam o éter, seguido do sufixo
ílico, por exemplo:

Etóxi-etano (Nomenclatura IUPAC)


CH3 CH2 O CH2 CH3 éter dietílico ou simplesmente
éter etílico (Nomenclaturas usuais)
Figura 19 – Nomenclatura dos éteres
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Os éteres são mais voláteis que os álcoois de cadeia carbônica ou massa molar
semelhante. Isto ocorre devido a impossibilidade da molécula de um éter não
poder formar ligações de hidrogênio. Assim, são muito utilizados como solven-
tes apolares tanto em indústrias como em laboratórios.

ALDEÍDOS E CETONAS

São compostos que possuem a cadeia carbônica principal ligada ao grupo fun-
cional CHO , denominados de aldeídos, e C = O denominados cetonas.

FUNÇÕES ORGÂNICAS
143

Para denominar um aldeído podemos utilizar a forma usual e a forma deter-


minada pela IUPAC ([2019], on-line)2. De acordo com a IUPAC ([2019], on-line)2,
o sufixo AL é acrescentado a denominação da cadeia principal. Já a forma usual
utiliza a palavra aldeído seguida pelo ácido correspondente, por exemplo:

O
Metanal ou aldeído fórmico
H C ou H CHO ou formaldeído
H
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 20 – Nomenclatura dos aldeídos


Fonte: adaptada de Feltre (2004).

De forma semelhante podemos utilizar a forma usual e a forma determinada


pela IUPAC ([2019], on-line)2, para denominar uma cetona. De acordo com
a IUPAC ([2019], on-line)2, o sufixo ONA é acrescentado a denominação da
cadeia principal. Já a forma usual utiliza a palavra cetona seguida pelo nome da
cadeia principal ligada à carbonila, com terminação ílica correspondente, como:
1 2 3
propan-2-ona (Nomenclatura IUPAC)
CH3 C CH3 propanona ou
cetona dimetílica(Nomenclatura usual)
O
Figura 21 – Nomenclatura de cetonas
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

De acordo Feltre (2004), a acetona por ser um composto solúvel em água e tam-
bém em solventes orgânicos, pode ser utilizada como solvente de esmaltes, tintas,
na extração de óleos de sementes vegetais, na fabricação de anidrido acético.

ÁCIDOS CARBOXÍLICOS

São compostos que possuem o grupo funcional COOH (carboxila), ligados à


cadeia carbônica principal.

Funções Orgânicas
144 UNIDADE III

Podemos utilizar a forma usual e a forma determinada pela IUPAC ([2019],


on-line)2, para denominar um ácido carboxílico. De acordo com a IUPAC ([2019],
on-line)2, é utilizado a palavra ácido antes da denominação da cadeia principal
seguido pelo sufixo óico. Já a forma usual utiliza uma relação com o local onde
foram encontrados estes ácidos “in natura”, como por exemplo:
H COOH CH3 COOH
Ácido metanóico ou Ácido etanóico ou
ácido fórmico ácido acético
(lembrando “formiga”) (do latim , vinagre)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 22 – Nomenclatura do ácido carboxílico
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Segundo Feltre (2004), os ácidos carboxílicos são ácidos fracos, constituem uma
grande variedade de compostos encontrados na natureza, como em óleos e gor-
duras, de origem animal e vegetal. Na indústria são utilizados na produção de
inseticidas, plásticos, solventes, perfumes etc.

AMINAS E AMIDAS

De acordo com Feltre (2004), aminas são compostos derivados da amônia, pela
substituição de um, dois ou três hidrogênios por um grupo alquila (radical orgâ-
nico derivado de um hidrocarboneto saturado) ou arila (radical orgânico derivado
de um anel aromático). Então as aminas podem ser:

 
 NH2 NH  NH
 
  
Figura 23 – Exemplos de amina primária, secundária e terciária
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

FUNÇÕES ORGÂNICAS
145

Para nomear uma amina, é utilizado o sufixo AMINA ao nome da cadeia prin-
cipal, por exemplo:

CH3
NH2
CH3 NH2 CH3 N CH3
Metilamina Trimetilamina Fenilamina ou anilina
Figura 24 – Nomenclatura das aminas
Fonte: adaptada de Feltre (2004).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

As aminas têm uma função essencial em nossas vidas, são compostos formado-
res de vários tipos de proteínas pela união de vários aminoácidos:

 CH COOH  CH CO NH CH CO...
NH2 NH2 
Aminoácido Proteína
Figura 25 – Formação da Proteína
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

De acordo com Feltre (2004), as amidas também possuem compostos nitro-


genados, os quais são diretamente ligados a um grupo carbonila (carbono que
realiza uma ligação dupla com o oxigênio). O nitrogênio pode ligar-se a dois
átomos de hidrogênio.
Em amidas não é comum a substituição de dois ou três radicais acila no
mesmo nitrogênio, como no caso das aminas (secundárias e terciárias). Contudo,
o que é naturalmente encontrado são radicais alquila ou arila no nitrogênio:

O O
 CH  C

NH  N

 
Figura 26 – Exemplo de aminas secundárias e terciárias
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Funções Orgânicas
146 UNIDADE III

Para nomear uma amida, utiliza-se os ácidos carboxílicos correspondentes, subs-


tituindo o sufixo óico ou ico pelo sufixo amida.

O O
CH3 CH C CH3 CH2 C
CH3 NH2 NH CH3
2-metil-propanamida ou N-metil-propanamida ou

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2-metil-propionamida N-metil-propionamida
Figura 27 – Nomenclatura das amidas
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Um exemplo de amida muito presente no nosso cotidiano é a ureia, que é uma


diamida do ácido carboxílico estável:

NH2
O C
NH2
Diamida do ácido carbônico
ou ureia (estável)
Figura 28 – Molécula de ureia
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

A ureia, por ser um composto solúvel em água é eliminada pela urina dos ani-
mais, como produto final do metabolismo de proteínas. Este composto é utilizado
como fertilizante na agricultura e também na ração para alimentar o gado.

FUNÇÕES ORGÂNICAS
147

Por que os hidrocarbonetos que possuem um anel benzênico são denomi-


nados hidrocarbonetos aromáticos?
Os hidrocarbonetos que possuem um anel benzênico também são deno-
minados por hidrocarbonetos aromáticos, pois, no século XIX e no início do
século XX, benzeno era usado como uma loção pós-barba devido ao seu
aroma agradável.
(Ricardo Feltre)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

QUIRALIDADE

Muitos objetos encontrados em nosso dia a dia não possuem simetria, ou seja,
não são sobreponíveis com a sua imagem especular. Um exemplo disto é a sobre-
posição de um garfo, com a sua imagem no espelho, a imagem é simétrica ao
objeto, mas o mesmo não acontece com as nossas mãos ou pés.
A mão direita é a imagem no espelho da mão esquerda, mas quando tentamos
sobrepô-las, podemos notar que não há sobreposição. Por isto, não é possível
calçar uma luva da mão direita na mão esquerda e vice-versa.
Alguns compostos orgânicos são exemplos de quiralidade, em decorrência
da ligação química, que no carbono situam segundo os vértices de um tetraedro.
Um exemplo clássico é o ácido lático, proveniente do leite. O carbono cen-
tral é assimétrico, e possui estrutura tetraédrica do carbono.

H H

COOH COOH
CH3 CH3
OH OH

Espelho
Figura 29 – A imagem da molécula de ácido lático e sua imagem no espelho
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Funções Orgânicas
148 UNIDADE III

Então se tentarmos “encaixar” uma molécula na outra, não será possível, pois
nem todos os grupos irão se sobrepor. Assim, podemos concluir que se tratam
de duas moléculas diferentes:
■■ Uma representa o ácido lático dextrogiro, denominado de ácido d-lático
ou ácido (+) lático.
■■ A outra representa o ácido lático levogiro, denominado de ácido l-lático
ou ácido (-) lático.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
H

H
COOH
CH3
OH CH3
COOH
OH
Figura 30 – Sobreposição das moléculas de ácido lático dextrogiro e levogiro
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

FUNÇÕES ORGÂNICAS
149
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS FUNCIONAIS DE CADA


FUNÇÃO ORGÂNICA

APLICAÇÃO DO HIDROCARBONETO NA PRODUÇÃO ENERGÉTICA

De acordo Micha ([2019], on-line)3 “o petróleo é a base principal para a pro-


dução de energia e fonte de matérias-primas inúmeras para diferentes tipos de
indústrias em nossa sociedade. É uma mistura constituída principalmente de
hidrocarbonetos e impurezas ou contaminantes presentes nos poços dos quais
são extraídos. Estes hidrocarbonetos, após separados do petróleo, podem ser
utilizados em diferentes tipos de motores para geração de energia devido a uma
característica comum destes compostos, a combustão”.

Importância dos Grupos Funcionais de Cada Função Orgânica


150 UNIDADE III

Podemos observar que os hidrocarbonetos, de modo geral, apresentam sem-


pre as terminações “ano” para alcanos, “eno” para alcenos e “ino” para alcinos.
Os radicais se repetem, sendo “met” para um carbono, “et” para dois carbonos,
“prop” para três carbonos, “but” para quatro carbonos, “pent” para cinco carbo-
nos, “hex” para seis carbonos, e assim por diante.

DECOMPOSIÇÃO DE PROTEÍNAS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Como estão presentes no organismo humano e nos animais, na composição
estrutural, na formação de hormônios e vitaminas, as proteínas e aminoácidos
são essenciais à vida. Assim, quando um organismo humano morre, as proteí-
nas são decompostas, exalam um odor bastante desagradável. De acordo com
Feltre (2004), a putrescina e a cadaverina são proteínas que se formam na decom-
posição de cadáveres humanos, e a trimetilamina é encontrada no peixe podre,
causando um odor desagradável.

CH3 CH2 CH2 CH2 CH2


CH3 N CH3 NH2 NH2
Trimetilamina 1,4-diamino-butano
(odor de peixe podre) (putrescina)

CH2 CH2 CH2 CH2 CH2


NH2 NH2
1,5-diamino-pentano
(cadaverina)
Figura 31 – Exemplos de proteínas que possuem odor forte
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

FUNÇÕES ORGÂNICAS
151
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

APLICAÇÕES DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS NO COTIDIANO

APLICAÇÕES MAIS COMUNS DO ETANOL

O etanol ( CH 3CH 2OH ) é o álcool comum, utilizado como combustível nos


postos de gasolina, no uso doméstico, e em bebidas alcoólicas. Sua aplicação
também se estende como solvente em tintas, vernizes e perfumes e na síntese de
compostos orgânicos, como acetaldeído, ácido acético e éter. No Brasil, o etanol
é produzido industrialmente por fermentação do açúcar da cana, e em outros
países, por fermentação do açúcar da beterraba, do milho e do arroz, e recebe o
nome de “álcool de cereais”.

Aplicações das Funções Orgânicas no Cotidiano


152 UNIDADE III

APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA E LABORATÓRIO

Outra função orgânica muito utilizada na indústria e em laboratório como sol-


ventes orgânicos são as cetonas, sendo que a acetona é amplamente utilizada,
pois dissolve uma variedade de substâncias.

APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
De acordo com Atkins e Jones (2012), muitos aldeídos de cadeia longa são usa-
dos em indústrias alimentícias, de corantes e de perfumes. Segundo Solomons
e Fryhle (2001), o formaldeído ou formol pode ser empregado como antissép-
tico em ambientes ou na composição de medicamentos e dentre outras aplicações.
O acetaldeído ou etanal está presente na síntese de ácido acético, anidrido acé-
tico dentre outras aplicações.

A acetona pode ser formada no organismo humano devido à decomposição


incompleta de gorduras, sendo identificada por meio da urina ou até mes-
mo do hálito.
Fonte: Feltre (2004).

FUNÇÕES ORGÂNICAS
153

O petróleo é uma mistura constituída de hidrocarbonetos e impurezas pre-


sentes nos poços, sendo que os hidrocarbonetos podem ser utilizados para
geração de energia devido a uma característica comum destes compostos,
a combustão.
Fonte: os autores.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O aldeído fórmico, também conhecido como formol é muito utilizado para


conservar cadáveres e peças anatômicas para o estudo da anatomia humana e
também de animais.
Um dos compostos responsáveis pelo odor característico que é produzido
pelo corpo humano quando transpiramos (denominado de “cheiro de corpo”) é
proveniente de um ácido carboxílico, o ácido 3-metil-2-hexenoíco.

O colesterol é um álcool bioquímico encontrado no corpo humano, pouco


solúvel em água devido à molécula ser grande, e o grupo funcional OH for-
mar somente uma pequena parte na molécula. Em quantidades excessivas,
pode contribuir para problemas cardiovasculares.
Fonte: os autores.

Todos os compostos que possuem o grupo hidroxila (OH) são álcoois? A resposta
é simples: não! Pois os fenóis são compostos orgânicos que possuem o grupo
hidroxila, assim como os álcoois, porém, no caso dos fenóis, o grupo hidroxila
está diretamente ligado ao um anel benzênico.

Aplicações das Funções Orgânicas no Cotidiano


154 UNIDADE III

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade classificamos os compostos químicos de acordo com suas fun-


ções orgânicas. Estas funções foram agrupadas com relação à sua composição
química, de acordo com os compostos de carbono e hidrogênio, compostos con-
tendo carbono, hidrogênio e oxigênio e compostos nitrogenados.
Também foram abordadas as formas utilizadas para nomear cada uma das
funções orgânicas de acordo com a UIPAC ([2019], on-line)2 e com relação aos
nomes usuais, mais conhecidos e utilizados do nosso dia a dia.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As funções orgânicas estão presentes desde a constituição dos seres (como
nas proteínas, hormônios etc.), até em reações bastante complexas realizadas em
laboratórios de química e também nas indústrias nos setores da petroquímica
e química, ou seja, estão presentes em uma ampla variedade de compostos que
fazem parte de nossas vidas.
Além disso, muitos compostos fizeram parte da evolução da
humanidade, por exemplo, o formol que até os dias de hoje é utilizado como
conservante de peças anatômicas de humanos e animais para estudo,
desenvolvimento e formação de profissionais da medicina e de várias outras
áreas relacionadas à saúde de humanos e também de animais. Além dos
conservantes, muitos compostos estão presentes em medicamentos ou como
solventes orgânicos tanto em indústrias quanto em laboratórios de química.
Ainda podemos citar compostos que são empregados para estimular o cui-
dado com o corpo e a vaidade, como os componentes que estão presentes em
perfumes e em uma variedade de cosméticos, que fazem parte do dia a dia de
muitas mulheres. E não podemos esquecer dos compostos que são utilizados
como corantes na indústria de vestuário, que há muito tempo são utilizados pelo
homem com o intuito de despertar e estimular o consumo da moda.
Baseado nas funções orgânicas apresentadas, é possível compreender bem
as funções orgânicas com relação a sua estrutura química e como cada função
pode apresentar um comportamento orgânico diferente em consequência da sua
composição e estrutura química dos compostos presentes no nosso dia a dia.

FUNÇÕES ORGÂNICAS
155

1. Quando estamos praticando alguma atividade física de alta intensidade, normal-


mente transpiramos muito. Na transpiração ocorre a liberação de várias subs-
tâncias químicas, dentre elas algumas são responsáveis pelo odor característico
denominado de “cheiro de corpo”. O ácido 3-metil-2-hexenoíco é um dos com-
postos mencionados. Qual é a função orgânica que caracteriza este composto?
a) Um hidrocarboneto de cadeia simples.
b) Um fenol.
c) Um ácido carboxílico de cadeia mista.
d) Um hidrocarboneto de cadeia mista.
e) Um álcool terciário.

2. As ligações químicas presentes nos compostos podem ser um indicativo da


volatilidade de um composto. Uma ligação do tipo ponte de hidrogênio é con-
siderada mais forte do que ligações do tipo dipolo induzido. Qual das funções
orgânicas contendo o mesmo número de carbono é considerada mais volátil
e por quê?
a) Um álcool devido a impossibilidade da molécula de um éter não poder for-
mar ligações de hidrogênio.
b) Um fenol, pois possui um anel benzênico.
c) Um ácido carboxílico, pois é um ácido fraco.
d) Um hidrocarboneto, pois possui somente carbono e hidrogênio.
e) Um éter devido a impossibilidade da molécula de um éter não poder formar
ligações de hidrogênio.

3. Alguns combustíveis, como a gasolina e o álcool, estão presentes na matriz


energia do Brasil. A gasolina é um combustível derivado do petróleo, portanto,
como o petróleo não é uma fonte energética renovável, a gasolina deve ser
utilizada de forma consciente. O álcool é proveniente da cana-de-açúcar, que é
uma fonte renovável e assim torna o processo de produção do álcool dependo
somente do ciclo de plantio da cana. A cerca disto, complete a frase: No Brasil
o etanol (álcool comum) é obtido a partir da:
a) Alcoólise da cana-de-açúcar.
b) Transesterificação do milho.
c) Fermentação do açúcar da beterraba.
d) Alcoólise do amido do arroz.
e) Fermentação da cana-de-açúcar.
156

4. Quando água dos rios perde muito oxigênio por causa de rejeitos contaminan-
tes de industrias, ocorre a morte de muitos peixes que pertencem a este rio. O
odor desagradável da decomposição dos peixes é causado por uma proteína
chamada de trimetilamina. Qual é a classificação orgânica desta proteína?
a) Uma amina primária.
b) Uma amida primária.
c) Um ácido carboxílico de cadeia longa e saturada.
d) Uma amina terciária.
e) Uma amida terciária.

5. A morfina é um composto extraído da flor da papoula, utilizada há séculos


como medicamento, para aliviar dores intensas e induzir o sono. Atualmente
é utilizada em pacientes de câncer em estágio terminal, pois esta substância
causa dependência química. A morfina pode ser classificada como?

HO

O
N CH3
HO
Morfina
Fonte: Feltre (2004).

a) Álcool.
b) Fenol.
c) Ácido carboxílico.
d) Amina.
e) Amida.
157

ÁCIDOS IMPORTANTES ENCONTRADOS NO NOSSO DIA A DIA


Os ácidos carboxílicos estão presentes no nosso dia a dia e podem passar despercebidos
por apresentarem uma nomenclatura usual. A seguir vamos citar alguns exemplos:
• Ácidos carboxílicos alifáticos:

CH3 COOH
Ácido acético
(alifático)
Fonte: Feltre (2004).

O ácido acético é usualmente conhecido como vinagre e está presente em nossas mesas
para temperar saladas e também pode estar presente em uma garrafa de vinho quando
este é oxidado.
• Ácidos carboxílicos monocarboxílicos (monoácidos):

CH3 CH2 CH2 COOH


Ácido butanóico ou ácido butírico
(do inglês , manteiga)
Fonte: Feltre (2004).

É um ácido orgânico encontrado na manteiga rançosa, sendo um dos responsáveis pelo


seu odor e sabor desagradável. É formado após a ação de micro-organismos sobre mo-
léculas de gordura (triglicerídeos) presentes na manteiga. Está presente tanto em alguns
queijos, quanto no vômito, o que caracteriza o odor azedo dos dois.
Fonte: Feltre (2004, p. 92).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Química Orgânica
Graham Solomons
Editora: LTC
Sinopse: com linguagem fácil e acessível, esse livro auxilia o(a) aluno(a)
a compreender a teoria para aperfeiçoar seu desenvolvimento na área
cientifica, o que é almejado para o estudante. Todos os capítulos do livro
possuem aplicações da teoria na pratica, em forma de exemplos e também
com ilustrações para facilitar o entendimento do aluno.
159
REFERÊNCIAS

ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o


meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
FELTRE, R. Química. 6. ed. Moderna. São Paulo,2004.
SOLOMONS, T. W. G.; FRYLE, C. B. Química Orgânica. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: http://educacaodigital2011.posthaven.com/benzenosabrina. Acesso em: 12
jun. 2019.
2
Em: https://iupac.org/. Acesso em: 17 jun. 2019.
3
Em: http://educacao.globo.com/quimica/assunto/quimica-organica/hidrocarbo-
netos.html. Acesso em: 12 jun. 2019.
GABARITO

1. C.
2. E.
3. E.
4. D.
5. D.
Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques
Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi

TIPOS DE ISOMERIA E

IV
UNIDADE
REAÇÕES QUÍMICAS

Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer os tipos de ligações que existem em um orbital.
■ Compreender os tipos de isomeria.
■ Aprender a importância da isomeria em nosso dia a dia.
■ Conhecer os tipos de reações orgânicas mais importantes.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Hibridação do carbono
■ Isomeria
■ A importância da isomeria e do carbono quiral na natureza
■ Mecanismos de reação
162 UNIDADE IV

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), iniciaremos nosso estudo sobre a química orgânica, contem-


plando a hibridação do carbono, a isomeria em química orgânica e seus
aspectos mais relevantes, além das reações orgânicas mais importantes que
encontramos em compostos envolvendo o carbono. É de fundamental
importância conhecer alguns aspectos com relação as ligações do carbono
para entender como este composto se comporta na natureza.
Hibridação é a formação de orbitais eletrônicos misturados, dando origem a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
orbitais híbridos, assim a hibridação nos auxilia a entender como são formados
alguns tipos de ligações e também a disposição geométrica de algumas moléculas.
Em química orgânica é comum que os átomos que constituem a mesma fór-
mula química se agrupem de forma diferente, produzindo estruturas químicas
diferentes e, consequentemente, compostos diferentes também. Denominamos
este fenômeno de isomeria, sendo muito utilizado também na Bioquímica, pois
muitas proteínas e hormônios animais e vegetais são formados a partir de uma
estrutura química bem definida.
Estas estruturas químicas bem definidas (compostos orgânicos) podem
realizar diversas reações. Compostos apolares são pouco reativos e os
composto polares são bastante reativos, o que continua sendo observado
tanto na química orgânica quanto na inorgânica. Alguns conceitos observados
nas reações químicas estudadas, neste capítulo, serão muito importantes,
pois estão presentes em vários setores da indústria, por exemplo, na indústria
de alimentos.
Neste capítulo abordaremos um estudo sobre a isomeria e a relevância
da isomeria em nosso dia a dia. A partir do estudo sobre isomeria, podemos
observar a formação de uma variedade de compostos orgânicos quirais
presentes no nosso dia a dia, e, também, em vários setores da indústria. Além
disso, as principais reações químicas serão apresentadas e sua importância sobre
alguns aspectos serão mencionados.
Boa Leitura!

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


163

HIBRIDAÇÃO DO CARBONO

De acordo com a Secretaria da Educação


([2019], on-line)1, segundo Feltre (2004), a
formação de orbitais eletrônicos híbridos,
em que os orbitais dos subníveis atômicos
s e p se misturam, dando origem a orbitais
2 3
híbridos sp , sp e sp , é denominado de
hibridação ou hibridização. Este processo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

explica a formação de algumas ligações que


seriam impossíveis, bem como a disposição
geométrica de algumas moléculas.

ORBITAIS DO TIPO sp3

■■ Os quatro elétrons da camada de valência do carbono (2 s − 2 p), conforme


apresentado na Figura 1a, podem dar origem a quatro orbitais híbridos,
3
denominados sp , que são equivalentes entre si e orientados para os vér-
tices de um tetraédrico regular imaginário.
3
■■ O orbital sp podem atrair os orbitais s, formando orbitais moleculares
sigmas, conforme apresentado na Figura 1b e 1c:

   
 σ
s-sp³

 σs-sp³
    

  σs-sp³ σs-sp³
  
 


 
 
²² ²   
Figura 1 – Orbitais do tipo sp3
Fonte: Feltre (2004).

Hibridação do Carbono
164 UNIDADE IV

Quando o carbono faz uma dupla ligação com outro carbono, por exemplo, é
preciso lembrar que as duas ligações não são equivalentes, ou seja:
π
C =C
σ
■■ Uma das ligações é denominada de ligação sigma e é mais forte se com-
parada à outra, pois necessita de 348 kJ/mol para ser quebrada;
■■ Uma das ligações é denominada de ligação π (pi) e é considerada mais
fraca, pois necessita de 267kJ/mol para ser quebrada.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ORBITAIS DO TIPO sp2

De acordo com Solomons, Fryle, Snyder (2018), este tipo de ligação explica
a ligação dupla entre os átomos de carbono:
■■ Apenas 3 elétrons da camada de valência do carbono (2 s − 2 p), conforme
apresentado na Figura 2a, podem formar três orbitais híbridos, denomi-
2
nados sp , equivalentes entre si, situados num mesmo plano, o quarto
elétron permanece num orbital do tipo p.

■■ Este tipo de orbital é obtido apenas na formação da dupla ligação.


   

 ² ²




 

²²²
Figura 2 – Orbitais do tipo sp2
Fonte: Feltre (2004).

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


165

ORBITAIS DO TIPO sp

Conforme apresentado por Morrison e Boyd (1994), este tipo de ligação explica
a ligação tripla entre os átomos de carbono:
■■ Apenas dois elétrons da camada de valência do carbono (2 s − 2 p ), con-
forme apresentado na Figura 3a, podem formar 2 orbitais híbridos,
denominados sp , equivalentes entre si, situados no mesmo plano.

■■ Este tipo de orbital é obtido apenas na formação da tripla ligação.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


 
π

  π

  σsp-sp 
 
  π 
 π
 º


Figura 3 – Orbitais do tipo sp
Fonte: Feltre (2004).

ISOMERIA

Na natureza é comum que os átomos que


constituem a mesma fórmula química
se agrupem de forma diferente, produ-
zindo estruturas químicas diferentes e,
consequentemente, compostos diferentes
também. Denominamos este fenômeno
de isomeria, sendo muito utilizado em
Química Orgânica e na Bioquímica,
pois as enzimas e hormônios animais e
vegetais são formados a partir de uma
estrutura química bem definida.

Isomeria
166 UNIDADE IV

Para exemplificar, vamos considerar que existem duas


substâncias, que denominaremos de 1 e 2, que possuem a
mesma fórmula molecular C2 H 6O :
■■ A substância 1 é um líquido incolor, com um ponto de
C2H6O
ebulição próximo a 78°C e apresenta uma certa reativi-
dade química.
C2H6O
■■ A substância 2 é um gás incolor, que se liquefaz próximo
A B a -23°C e tem reatividade química muito baixa.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O motivo pelo qual as duas substâncias são diferentes
Iguais ou mesmo possuindo a mesma fórmula química é devido à
diferentes? posição dos átomos na estrutura química:
■■ A substância 1 é um álcool: CH 3 − CH 2 − OH ;
Figura 4 – Exemplo de substâncias isômeras
Fonte: Feltre (2004). ■■ A substância 2 é um éter: CH 3 − O − CH 3 .

Portanto podemos dizer que 1 e 2 são isômeros.


A palavra isômero vem do idioma grego e quer dizer- isos, igual; mero, parte.
Este fenômeno pode ser exemplificado como a existência de palavras diferentes,
mas formadas pelas mesmas letras, mudando apenas a posição das delas, por
exemplo, AMOR e ROMA. Na química temos:
■■ A fórmula química C5 H12 possui 3 isômeros;

■■ A fórmula química C10 H 22 possui 75 isômeros.

ISOMERIA PLANA

Na isomeria plana os compostos envolvidos apresentam a mesma fórmula mole-


cular e podem ocorrer devido a alguns tipos, por exemplo:
■■ Isomeria de função.
■■ Isomeria de posição.

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


167

■■ Isomeria de compensação.
■■ Isomeria de cadeia.

■■ Tautomeria.

Isomeria de cadeia: os isômeros possuem mesma fórmula, porém a diferença


está na forma da cadeia, conforme apresentado a seguir:

CH3 CH2 CH2 CH3 e CH3 CH CH3


1º exemplo: C4H10
CH3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2º exemplo: C5H10
CH2
CH2 CH CH2 CH2 CH3 e H2C CH2 ou ainda H2C CH2
H2C CH2 H2C CH CH3
Figura 5 – Exemplo de isomeria de cadeia
Fonte: Feltre (2004).

Como podemos observar, estes isômeros diferem entre si somente porque a cadeia
ou núcleo apresentam diferenças, ou seja, aumenta ou diminui, de acordo com
uma compensação na quantidade e tamanho das ramificações. Também pode
ocorrer a isomeria entre um composto cíclico ou acíclico.

Isomeria de posição: ocorre quando os isômeros diferem apenas pela posição


de ramificações ou de ligações duplas ou triplas, numa mesma cadeia carbônica.
Um exemplo é apresentado a seguir:

CH2 CH2 CH3 e CH3 CH CH3


1º exemplo: C3H8O
OH OH

2º exemplo: C4H8 CH2 CH CH2 CH3 e CH3 CH CH CH3


Figura 6 – Exemplo de isomeria de posição
Fonte: Feltre (2004).

Assim, para este tipo de isomeria, os compostos isômeros possuem a mesma


função orgânica.

Isomeria
168 UNIDADE IV

Isomeria de Compensação (ou Metameria): este tipo de isomeria ocorre quando


há diferença na posição de um heteroátomo dentro da cadeia carbônica. Um
exemplo é apresentado a seguir:

2º exemplo: C4H10O CH3 O CH2 CH2 CH3 e CH3 CH2 O CH2 CH3

Figura 7 – Exemplo de isomeria de compensação


Fonte: Feltre (2004).

Neste caso, o heteroátomo é o oxigênio, e os dois compostos possuem a mesma fun-


ção orgânica, denominada éter. A diferença está na posição do heteroátomo, que

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
para o primeiro composto está na posição 2 e no segundo composto está na posi-
ção 3. O heteroátomo também pode ser nitrogênio, cloro, dentre outros elementos.

Isomeria de Função (ou funcional): neste caso, os isômeros vão possuir mesma
fórmula química, porém, vão possuir funções orgânicas diferentes.
Alguns casos ocorrem com mais frequência como, por exemplo:
■■ Álcoois e éteres.
■■ Aldeídos e cetonas.
■■ Ácidos carboxílicos e ésteres.

■■ Álcoois aromáticos, éteres aromáticos e fenóis.

A seguir são apresentados alguns exemplos deste tipo de isomeria:

CH3 CH2 OH e CH3 O CH3


1º exemplo: C2H6O
Álcool Éter

CH2OH OCH3 CH3

2º exemplo: C7H8O OH

Álcool Éter Fenol


aromático aromático
Figura 8 – Exemplo de isomeria de função
Fonte: Feltre (2004).

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


169

Tautomeria: ocorre quando os isômeros se encontram em equilíbrio químico


dinâmico, ou seja, o composto é considerado instável devido à nuvem eletrô-
nica que existe no oxigênio.
Pode ocorrer entre:
■■ Aldeído e enol.
■■ Cetona e enol.

A seguir serão apresentados estes exemplos:


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

H O OH
H C C H C C
H H H H
Tautômeros
Aldeído Enol
Equilíbrio aldo-enólico
Figura 9 – Exemplo de Tautomeria
Fonte: Feltre (2004).

ISOMERIA ESPACIAL (OU ESTEREOISOMERIA)

É o tipo de isomeria que pode ser descrita por meio de estruturas espaciais, ou
seja, só é possível de “enxergar” a diferença que há entre os isômeros se forem
apresentados os modelos espaciais dos compostos.
Este tipo de isomeria pode ser dividido em:
■■ Isomeria cis-trans (ou geométrica).
■■ Isomeria óptica.

Isomeria
170 UNIDADE IV

ISOMERIA CIS-TRANS

Vamos demonstrar a isomeria cis-trans por meio do exemplo da molécula


ClCH = CHCl , apresentada a seguir:

H H H Cl
C C C C
Cl Cl Cl H

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cis-1, 2-dicloro-eteno Trans-1, 2-dicloro-eteno
(molécula polar) (molécula apolar)
Figura 10 – Exemplo de isomeria Cis-Trans
Fonte: Feltre (2004).

A diferença pode ser notada:


■■ No composto da esquerda, os dois átomos de cloro estão do mesmo lado
do plano que divide a molécula ao meio, sendo denominado de forma
cis (do latim cis, aquém de);
■■ No composto da direita, os dois átomos de cloro estão em lados opostos
do plano que divide a molécula ao meio; sendo denominado de forma
trans (do latim trans, para além de).

Uma consequência bastante importante da decorrência da isomeria cis-trans é


que as estruturas cis e trans possuem propriedades diferentes. Estas proprieda-
des são: ponto de fusão, ponto de ebulição, densidade, propriedades químicas,
dentre outras, ou seja, os isômeros se comportam de forma diferente do ponto
de vista da química de propriedades.

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


171

ISOMERIA ÓPTICA

Para entender o fenômeno deste tipo de isomeria, precisamos antes rever alguns
conceitos fundamentais.
■■ Luz natural e luz polarizada:

A luz natural ou comum é composta por ondas elétricas e magnéticas, que vibram
em planos diferentes, ou seja, as ondas vibram perpendiculares entre si, con-
forme apresentada na figura a seguir:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Plano de vibração da onda elétrica


Plano de vibração da onda magnética

90º

Eixo de propag
ação
do raio luminos
o
Rotação dos planos
Figura 11 – Plano de vibração da luz
Fonte: Feltre (2004).

Em 1808, Malus descobriu a luz polarizada e, logo depois, Biot descobriu que
certos cristais de quartzo desviam o plano de polarização da luz. Esses cristais
que fazem girar o plano de polarização da luz são opticamente ativos, ou seja,
possuem atividade óptica, que pode ser observado colocando o cristal na posi-
ção III do polarímetro apresentado a seguir:

Isomeria
172 UNIDADE IV

Luz
natural Luz
Fonte de polarizada Luz polarizada
luz (I) e desviada
pela amostra Desvio da luz
polarizada
Polarizador (II)
Tubo com
amostra (III)
Analisador (IV)
Observador
Figura 12 – Experimento realizado por Biot

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Feltre (2004).

Estes cristais de quartzo, que possuem formas geométricas assimétricas, ou seja,


a forma de um deles é igual à imagem do outro num espelho plano.

Desvio

Plano original Novo plano


de vibração de vibração

Cristais de quartzo assimétricos


Figura 13 – Exemplo do desvio
Fonte: Feltre (2004).

Pode-se observar que um dos cristais desloca a luz polarizada para a direita, e o
outro desloca a luz polarizada para a esquerda.
A assimetria que existe entre os cristais de quartzo pode ser melhor explicada
se compararmos esses cristais a outros objetos que possuem formas geométricas
“opostas”, como nossas mãos, pés, luvas e sapatos. Pode-se observar que estes

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


173

objetos não são sobreporíeis, isto é, colocando a mão esquerda sobre a mão direita,
elas não coincidem, por isto a luva da mão esquerda não serve na mão direita.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 14 – Exemplo de assimetria no corpo humano


Fonte: adaptado de Feltre (2004).

Pode-se observar que o composto que desvia a luz polarizada para a direita é deno-
minado de substância dextrogira, enquanto o outro, que desvia a luz polarizada
para a esquerda, é denominado de substância levogira, com a mesma angulação.

+α -α

Substância Substância
dextrogira (d) (+) levogira (l) (-)
Figura 15 – Desvio da luz polarizada
Fonte: Feltre (2004).

Isomeria
174 UNIDADE IV

Em seus estudos, Biot descobriu que algumas substâncias encontradas na natu-


reza (açúcar, cânfora, entre outras), possuem atividade óptica mesmo quando
se encontram na forma cristalizada e também em solução. A partir desta com-
provação, ficou claro para Biot que estes compostos possuem uma assimetria
do tipo quiral.

ISOMERIA ÓPTICA COM CARBONO ASSIMÉTRICO OU


CARBONO QUIRAL

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Compostos com um carbono assimétrico:
Um exemplo clássico de carbono quiral é o ácido lático (ou ácido 2-hidró-
xi-propanóico) que está presente no leite:

H
CH3 C* COOH
OH
Figura 16 – Exemplo de carbono assimétrico
Fonte: Feltre (2004).

Neste caso, o carbono central é assimétrico, pois estão ligados nele quatro
radicais: H , CH 3 , OH e COOH . Assim, a molécula do ácido lático, que
apresenta um carbono quiral, pode ser representado a seguir:
Espelho plano

H H
CH3 C COOH HOOC C CH3
OH OH
Figura 17 – Exemplo de carbono assimétrico central
Fonte: Feltre (2004).

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


175

Então se tentarmos sobrepor uma molécula na outra, não haverá o encaixe


de todos os grupos.

H
COOH
CH3
OH CH3
COOH
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OH
Figura 18 – Exemplo de sobreposição de moléculas
Fonte: Feltre (2004).

Assim, de acordo com Feltre (2004), pode-se perceber que se trata de


moléculas diferentes:
■■ Uma delas representa o ácido lático dextrogiro, denominado também
por ácido d-lático ou ácido (+) lático;
■■ A outra é o ácido lático levogiro, denominado também por ácido l-lático
ou ácido (-) lático ( SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, [2019], on-line)2.
Ambos os ácidos láticos (ácido d-lático e ácido l-lático) possuem pro-
priedades iguais, como ponto de fusão e densidade, e terão o desvio com
relação ao plano da luz polarizada, diferentes.

Quadro 1 - Propriedades do ácido lático

COMPOSTO PONTO DE FUSÃO (°C) DENSIDADE (G/ML) ROTAÇÃO


Ácido (+) lático 52,8 1,2485 +2,6
Ácido (-) lático 52,8 1,2485 -2,6

Fonte: Feltre (2004).

Uma mistura racêmica ou racêmico é definida como uma combinação que


contém o isômero dextrogiro e seu levogiro na mesma proporção. Por-
tanto, a mistura racêmica não desvia o plano da luz polarizada, devido à
molécula de dextrogiro neutralizar a molécula de levogiro e vice-versa.
Devido a este fato, o racêmico não possui atividade óptica. Além disso,

Isomeria
176 UNIDADE IV

algumas propriedades físicas dos racêmicos são diferentes dos seus enan-
tiomorfos, por exemplo, no caso do ácido lático racêmico, que possui
ponto de fusão igual a 16,8°C, sendo inferior ao ponto de fusão dos seus
enantiomorfos, apresentados no quadro anterior.

■■ Compostos com vários carbonos assimétricos:


Um exemplo clássico de composto que possui vários carbonos assimétri-
cos é o ácido α-hidróxi-β-metil-succínico

H H

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1 4
2 3
HOOC C* C* COOH
OH CH3
Figura 19 – Exemplo de composto com vários carbonos assimétricos
Fonte: Feltre (2004).

Este ácido possui quatro isômeros opticamente ativos e distintos entre si,
pois existem grupos diferentes ligados aos carbonos 2 e 3, o que os torna
carbonos assimétricos diferentes entre si.
Espelho plano Espelho plano

COOH COOH COOH COOH


H C* OH HO C* H H C* OH HO C* H
H C* CH3 CH3 C* H CH3 C* H H C* CH3
COOH COOH COOH COOH
A B C D
Figura 20 – Exemplo de isômeros de compostos com vários carbonos assimétricos
Fonte: Feltre (2004).

Para este caso, temos quatro compostos diferentes, sendo que os isôme-
ros serão compostos por A e B, e por C e D. Então teremos duas misturas
racêmicas de A+B e C+D. Podemos utilizar o termo diastereoisômeros
para identificar os isômeros ópticos que não são enantiomorfos entre si,
sendo que neste caso temos os pares A e C; A e D; B e C; e B e D.

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


177

Assim, podemos determinar o número de isômeros ópticos e da mistura


racêmica por meio número de carbonos assimétricos, de acordo com as
seguintes relações:
■■ Número de carbonos assimétricos: 1, 2, 3,.... n.
1 2 3 n
■■ Número de isômeros ópticos diferentes entre si: 2 , 2 , 2 , 2 .
n n−1
■■ Número de misturas racêmicas diferentes entre si: 2 : 2 = 2 .
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ISOMERIA ÓPTICA SEM CARBONO ASSIMÉTRICO OU CARBONO


QUIRAL

A isomeria óptica ocorre quando uma molécula orgânica é assimétrica, porém


o carbono que está presente na molécula não precisa necessariamente ser assi-
métrico também:

H H
C C C
H H
Figura 21 – Exemplo de isomeria óptica sem carbono quiral
Fonte: Feltre (2004).

R1 R3
R1≠ R3
C C C
R2≠R4
R2 R4
Figura 22 – Exemplo de isomeria óptica sem carbono quiral com diferentes radicais
Fonte: Feltre (2004).

Isomeria
178 UNIDADE IV

Se a molécula for colocada em frente a um espelho, poderíamos ver seu isômero,


conforme apresentado na figura a seguir.

Espelho plano
R1 R1

R3 R3

C C C C C C

R4 R4

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R2 R2
Primeira Segunda ligação π
ligação π (perpendicular à 1ª)

Isômero dextrogiro Mistura racêmica Isômero levogiro


Figura 23 – Exemplo de isomeria de óptica quando a molécula é colocada em frente a um espelho
Fonte: Feltre (2004).

Espelho plano

Cl Cl

Cl Cl Cl Cl

CIS TRANSDEXTROGIRO TRANSLEVOGIRO


(inativo) Antípodas ópticos
Isômeros geométricos ou cis-trans

Figura 24 – Exemplo de moléculas que possuem isomeria geométrica e óptica em frente ao espelho
Fonte: Feltre (2004).

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


179

Vimos que uma mistura racêmica possui a mesma proporção dos compos-
tos dextrogiros e levogiros, porém separar estes compostos não é uma tare-
fa simples, devido as suas propriedades físicas serem iguais, como o ponto
de ebulição. Assim, não é possível utilizar o processo de destilação para se-
parar a mistura. Por causa desta dificuldade, Pasteur, no século XIX, desco-
briu uma outra forma para separar uma mistura racêmica de ácido tartárico,
a partir de um processo biológico. Pasteur observou que quando era adi-
cionado o microrganismo - Penicillium glaucum (bolor verde) - na mistura
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

racêmica de ácido tartárico, o microrganismo tinha preferência por atingir a


forma dextrogira, persistindo somente a forma levogira.

Figura 25 – Tipo de bolor verde encontrado no pão

Por que os experimentos de isomeria óptica fazem o uso de um “polaroide”?


Foram utilizados os “polaroides” para identificar os compostos isômeros,
pois somente são considerados isômeros ópticos se desviarem o plano de
vibração da luz polarizada.

Isomeria
180 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A IMPORTÂNCIA DA ISOMERIA E DO CARBONO
QUIRAL NA NATUREZA

De acordo com Feltre (2004), na natureza são encontrados vários compostos


que são formados a partir de carbonos assimétricos ou quirais, que vão desde
os alimentos que ingerimos diariamente a proteínas, enzimas e hormônios que
estão presentes em nosso organismo, realizando funções orgânicas de extrema
importância para nosso desenvolvimento.
O mecanismo do tipo ‘chave-fechadura’ que ocorre nas reações bioquími-
cas é o que permite a formação de substâncias que agem fisiologicamente no
organismo humano. Portanto, as substâncias orgânicas que participam destas
reações bioquímicas e possuem assimetria irão possuir o isômero que permite
o ‘encaixe’ na molécula reagente para realizar a reação.

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


181

Este isômero Este não consegue


se encaixa. se encaixar.
C C

Encaixe
impossível

Figura 26 – Exemplo de mecanismo de encaixe da molécula


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: Feltre (2004).

Conforme mencionado anteriormente, sobre as reações bioquímicas no orga-


nismo, podemos citar um exemplo importante que é o do metabolismo completo
dos alimentos em nosso corpo. Para que os alimentos sejam aproveitados em
nosso organismo para nossa sobrevivência, há várias reações metabólicas até o
metabolismo completo desses alimentos e a formação de CO2 e H 2O . Uma das
etapas finais do metabolismo dos alimentos é a formação do ácido (+) lático (
CH 3 − CHOH − COOH) dextrogiro apenas, em nosso sangue e músculos (que
pode provocar fortes dores musculares quando em excesso depois de um grande
esforço muscular num tempo relativamente curto).
Outro exemplo importante sobre substâncias quirais foi consequência de um
medicamento quiral utilizado na Europa por gestantes na década de 60, conhe-
cido como talidomida, um tipo de tranquilizante. Várias gestantes que utilizaram
este medicamento tiveram bebês com membros atrofiados. Após estes episó-
dios, os pesquisadores descobriram que apenas a (-) talidomida é teratogênica,
enquanto a (+) talidomida é a que possui o efeito tranquilizante. Como existe o
risco deste composto se transformar no seu isômero dentro do organismo, este
medicamento ainda é contraindicado para gestantes.

A Importância da Isomeria e do Carbono Quiral na Natureza


182 UNIDADE IV

Carbono quiral

N
O N O
O
H
Talidomida

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 27 – Molécula de Talidomina e uma criança vitimada por esta molécula
Fonte: Tabloide, A.E.S.C. Mamaô (2013, on-line)3.

Com isto, a produção de medicamentos passou a ser melhorada pela indústria far-
macêutica, devido aos riscos encontrados em compostos quirais. Os medicamentos
quirais contribuem com uma parcela muito significativa no mercado farmacêutico.

MECANISMOS DE REAÇÃO

Existem vários tipos de reações químicas possíveis que podem ocorrer em substâncias
orgânicas. Nesta sessão vamos mencionar algumas delas e suas principais funções.

REAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO

Ocorre quando um ou mais átomos da molécula orgânica é substituído por outro


átomo (ou átomos), conforme mostrado a seguir:

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


183

H H Nesta reação, o H do CH4 foi


Luz substituído pelo Cl. É uma reação
H C H + Cl Cl H C Cl + H Cl lenta, que somente se processa
com a ajuda externa da luz.
H Atacante H
Molécula-alvo

Figura 28 – Reação de substituição


Fonte: Feltre (2004).

As substituições mais importantes nos alcanos estão apresentadas a seguir:


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

• halogenação: CH3 H + Cl Cl CH3 Cl + H Cl


Cloro Clorometano

Alcano Haleto
Figura 29 – Reação de halogenação
Fonte: Feltre (2004).

• nitração: CH3 H + HO NO2 CH3 NO2 + H2O


Ácido nítrico Nitrometano

Alcano Nitroalcano
Figura 30 –Reação de nitração
Fonte: Feltre (2004).

• sulfonação: CH3 H + HO SO3H CH3 SO3H + H2O


Ácido sulfúrico Ácido
metano-sulfônico

Ácido
Alcano
alcano-sulfônico
Figura 31 – Reação de sulfonação
Fonte: Feltre (2004).

Mecanismos de Reação
184 UNIDADE IV

Essas reações são bastante lentas de um modo geral e ocorrem com o aumento
de temperatura e auxílio de luz ultravioleta. Os alcanos possuem ligações C − C e
C − H , relativamente fortes, por isto são pouco reativos. Este fato é devido os alca-
nos serem apolares, assim o outro reagente tem mais dificuldade de atacar o alcano.

REAÇÃO DE ADIÇÃO

Este tipo de reação ocorre quando há a adição de um reagente em uma molé-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cula orgânica:

CH2 CH2 + HCl CH2 CH2 CH2 CH2 + A B CH2 CH2

H Cl A B
Figura 32 – Reação de adição
Fonte: Feltre (2004).

Esta reação ocorre devido a dupla ligação ser formada por ligação sigma e uma
ligação π. A ligação π é mais fraca comparada à ligação sigma e se quebra com
mais facilidade, permitindo a adição de átomos aos carbonos.
A seguir vamos apresentar as adições mais comuns:
a. Adição de hidrogênio (hidrogenação): denominada de reação de Saba-
tier-Senderens, que é utilizada para a produção de margarinas a partir
de óleos vegetais.
Pressão, calor
CH2 CH2 + H2 CH3 CH3
Catalisador (Ni ou Pt)

Alceno Alcano
Figura 33 – Exemplo de isomeria de cadeia
Fonte: Feltre (2004).

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


185

b. Adição de halogênios (halogenação): a ordem de reatividade para os halo-


gênios é Cl2  Br2  I2 .

CH2 CH2 + Cl CH2 CH2

Cl Cl

Alceno Di-haleto
Figura 34 –Reação de halogenação
Fonte: Feltre (2004).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A solução de bromo é utilizada para testar a presença de ligações duplas,


pois havendo a reação, a coloração vermelho-castanho (cor do bromo)
irá desaparecer.

c. Adição de halogenidretos HCl, HBr, HI (hidro-halogenção): a ordem de


reatividade é: HI>HBr>HCl, que é a ordem de força destes ácidos.

CH2 CH2 + HBr CH2 CH2

H Br

Alceno Haleto
Figura 35 – Reação de hidro-halogenação
Fonte: Feltre (2004).

d. Adição de água (hidratação):


CH2 CH2 + HOH CH2 CH2

H OH

Alceno Álcool
Figura 36 – Reação de hidratação
Fonte: Feltre (2004).

Mecanismos de Reação
186 UNIDADE IV

A reação de adição é uma reação muito importante, pois consiste em adi-


cionar hidrogênio às ligações duplas ou triplas, transformando compostos
insaturados em saturados. Esta reação foi estudada durante muitos anos
pelo cientista Paul Sabatier (1854-1941). Estas reações são fáceis de realizar,
e devido ao estudo de catalizadores desenvolvido por Sabatier, foi possível
inovar as técnicas utilizadas nas sínteses orgânicas, o que lhe concedeu o
Prêmio Nobel de Química em 1912.

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Figura 37 – Imagem do Pesquisador Paul Sabatier
Fonte: Feltre (2004).

REAÇÃO DE ELIMINAÇÃO

De acordo com McMurry (2005), estas reações ocorrem quando alguns átomos
ou grupos de átomos são eliminados da molécula orgânica, conforme o exem-
plo apresentado a seguir.

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


187

H2C CH2 + Zn CH2 CH2 + ZnCl2

Cl Cl

Esses átomos de cloro são


eliminados (arrancados)
da molécula orgânica.
Figura 38 – Reação de eliminação
Fonte: Feltre (2004).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Podemos notar que a reação de eliminação é uma reação inversa a reação de adição.
a. Eliminação de hidrogênio (desidrogenação): um exemplo muito impor-
tante ocorre na indústria petroquímica, pois a partir de alcanos (presentes
no petróleo) podemos obter alcenos:
Calor
H2C CH2 Catalisador CH2 CH2 + H2

H H

Alcano Alceno
Figura 39 – Reação de desidrogenação
Fonte: Feltre (2004).

b. Eliminação de halogênios (de-halogenação): nesta reação, a eliminação


do halogênio é facilitada pela adição de um metal.

Álcool
H2C CH2 + Zn CH2 CH2 + ZnBr2

Br Br

Di-haleto Alceno
Figura 40 – Reação de de-halogenação
Fonte: Feltre (2004).

Mecanismos de Reação
188 UNIDADE IV

c. Eliminação de halogenidretos, HCl, HBr, HI (desidro-halogenação): esta


reação ocorre na presença de KOH em solução alcoólica, devido a esta
base conseguir eliminar o ácido (HBr) de uma molécula orgânica.

KOH
H2C CH2 Álcool
CH2 CH2 + ZnBr2

H Br

Haleto Alceno

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 41 – Reação de desidro-halogenação
Fonte: Feltre (2004).

Por que certas reações químicas são denominadas na indústria de “Química fina”?
Certas reações químicas realizadas na indústria necessitam de reagentes
que possuem o preço comercial elevado, limitando seu uso para produtos
específicos, como exemplo, medicamentos e cosméticos, que também terão
os preços elevados devido aos custos de produção.
(Ricardo Feltre)

É importante notar que existe uma competição entre as reações de subs-


tituição e a eliminação:


 CH CH  + HX

 CH CH  Alceno

H X   
 CH CH  + KX
 
   
  H OH
Álcool
Figura 42 – Exemplo da diferença entre reações
Fonte: Feltre (2004).

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


189

Quais foram as dificuldades encontradas por Pasteur no processo de separa-


ção de uma mistura racêmica?
Podemos citar duas dificuldades neste processo:
• A primeira é encontrar o microrganismo adequado que tenha afinidade
por um dos compostos isômeros.
• A segunda é que o microrganismo irá consumir um dos compostos, ou
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

seja, vamos perder um composto, e aproveitar somente um deles.


Fonte: Feltre (2004).

Pode-se notar que a reação de eliminação é facilitada pelo uso de bases


fortes (KOH, NaOH, etc.) em solução alcoólica, enquanto a substituição
ocorre mais facilmente na presença de bases fracas (AgOH) ou bases for-
tes em soluções diluídas. Além disto, pode notar que:

Haletos primários Haletos secundários Haletos terciários

Há predomínio da eliminação
Há predomínio da substituição
Figura 43 – Exemplo de condições específicas para as reações
Fonte: Feltre (2004).

d. Eliminação da água (desidratação): partindo-se de álcoois de cadeias


longas, podemos verificar a reação de desidratação apresentada a seguir:
170°C
H2C CH2 H2SO4
CH2 CH2 + H2O

H OH

Álcool Alceno
Figura 44 – Reação de desidratação
Fonte: Feltre (2004).

Mecanismos de Reação
190 UNIDADE IV

É importante notar que na desidratação dos álcoois de duas formas:


■■ Desidratação intramolecular: quando a reação ocorre na própria molé-
cula de álcool:

170°C
CH2 CH2 H2SO4
CH2 CH2 + H2O

H OH

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Álcool Alceno
Figura 45 – Exemplo de desidratação intramolecular
Fonte: Feltre (2004).

■■ Desidratação intermolecular: quando a reação ocorre entre duas molé-


culas de álcool:

140°C
CH3 CH2 OH + HO CH2 CH3 H2SO4 CH3 CH2 O CH2 CH3 + H2O

Álcool Álcool Éter

Figura 46 – Exemplo de desidratação intermolecular


Fonte: Feltre (2004).

Esta reação é muito importante para a produção de éteres e é mais comum


em álcoois primários. Já os álcoois secundários e terciários tende a desi-
dratar-se intramoleculamente, formando alcenos correspondentes.

TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS


191

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade conhecemos alguns tipos de ligações químicas formadas a par-


tir da união (mistura) de orbitais eletrônicos, que denominamos de processo de
hibridação ou hibridização. Muitos compostos orgânicos que fazem parte do
nosso dia a dia fazem este tipo de ligação e, devido a isto, apresentam caracte-
rísticas especificas devido a força que existe entre os tipos de ligações químicas.
Também estudamos as principais formas de isomeria encontradas na natu-
reza e sua importância. Com isto, entendemos que é comum que os átomos que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

constituem a mesma fórmula química se agrupem de forma diferente, produ-


zindo estruturas químicas diferentes e, consequentemente, compostos diferentes
também. Vimos a importância da isomeria na Bioquímica, pois muitas proteínas
e hormônios animais e vegetais são formados a partir de uma estrutura química
bem definida, que em muitos casos são compostos isômeros. Como as reações
para formação de compostos são bastante especificas, podemos observar que ape-
nas um dos compostos isômeros possuem afinidade para a reação e o outro não.
A partir das estruturas químicas bem definidas (compostos orgânicos) obser-
vamos que a quantidade de reações químicas possíveis é muito grande para
composto polares, ou seja, bastante reativos, e que para compostos apolares é pre-
ciso utilizar algum tipo de catalizador para que a reação ocorra. Algumas reações
estudadas, por exemplo, a reação de hidrogenação, são muito importantes, pois
estão presentes em vários setores da indústria, como na indústria de alimentos.
A partir do conhecimento acerca do que foi abordado neste capítulo, podemos
observar a formação de uma variedade de compostos orgânicos quirais presen-
tes no nosso dia a dia, e também em vários setores da indústria. Além disso, as
principais reações químicas foram apresentadas e sua importância sobre alguns
aspectos foram mencionados, por exemplo, na produção de margarina a partir
da reação de hidrogenação.

Considerações Finais
192

1. Em nossa cozinha, ao preparar uma deliciosa refeição, utilizamos óleo para co-
zinhar vários tipos de alimentos. Os óleos são compostos insaturados, ou seja,
a ligação entre os átomos de carbono são duplas ligações. Com relação à dupla
ligações entre carbonos é correto afirmar que:
a) Existem duas ligações do tipo sigma.
b) Existem duas ligações do tipo p.
c) A ligação do tipo sigma é mais fraca que a ligação do tipo p .
d) A ligação do tipo sigma é mais forte que a ligação do tipo p .
e) Todas as alternativas estão erradas.

2. Utilizamos a reação de desidratação para eliminar a água de algumas substân-


cias, por exemplo, do álcool. Sobre a reação de desidratação do composto a
seguir, podemos afirmar que:

KOH
H2C CH2 Álcool
CH2 CH2 + ZnBr2

H Br

Haleto Alceno
a) Trata-se de uma reação de alcoólise.
b) Trata-se de uma reação de desidratação intermolecular.
c) É uma reação de desidratação intramolecular.
d) É uma reação de eliminação de hidrogênio.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
193

3. Quando ingerimos uma bela refeição, seja no café da manhã ou almoço, estes
alimentos passam por várias reações metabólicas até virar energia para nosso
organismo desempenhar funções biológicas, e uma infinidade de atividades.
Qual a substância presente no sangue e nos músculos que pode provocar do-
res musculares após um esforço físico prolongado?
a) Uma amina primária.
b) O ácido (-) lático.
c) O ácido (+) lático.
d) O ácido (+) lático e o ácido (-) lático.
e) Uma amida terciária.

4. Quando deixamos um pão por um tempo exposto a temperaturas próximas


dos 30°C e umidade alta, verificamos a presença de um bolo verde. Pasteur
observou que quando era adicionado o microrganismo - Penicillium glaucum
(bolor verde) - na mistura racêmica de ácido tartárico, o microrganismo tinha
preferência por atingir a forma dextrogira, persistindo somente a forma levogi-
ra. Com relação à mistura racêmica é correto afirmar que:

a) É composta somente pelo composto na forma levogira.


b) É composta somente pelo composto na forma dextrogira.
c) É composto pela mesma proporção do isômero dextrogiro e levogiro.
d) A separação de uma mistura racêmica não destrói nenhum dos componen-
tes isômeros.
e) Todas as afirmações estão corretas.
194

5. Quando acordamos pela manhã e preparamos um café matinal de pão com mar-
garina, estamos consumindo um produto proveniente de um óleo vegetal. A re-
ação que ocorre para a produção de margarina é realizada a partir da adição de
hidrogênio, transformando um composto insaturado (óleo vegetal) em um com-
posto saturado (margarina). Qual é a reação utilizada na produção de margarina?
a) Reação de Substituição-halogenação.
b) Reação de Eliminação.
c) Reação de Eliminação-desidratação.
d) Reação de Adição-hidrogenação.
e) Reação de Substituição-desidratação.
195

REAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO- MECANISMO DE RADICAIS LIVRE


De acordo com Atkins (2012), a grande preocupação dos cientistas não era somente
com a reação em si, mais como ela ocorre, por que algumas são mais rápidas e outras
mais lentas. Assim, começaram a estudar o mecanismo da reação, na forma de etapas
que a reação ocorre. Vamos ver como se processa a seguinte reação:

Luz
CH4 + Cl2 CH3Cl + HCl
Figura 47 – Exemplo de substituição.
Fonte: Feltre (2004).

As duas moléculas reagentes são apolares, porém a luz promove a quebra da ligação:

(Reação lenta - lembre-se


1ª etapa Elétron isolado ou que a velocidade de uma
(iniciação) Cl Cl 2 Cl desemparelhado reação depende da etapa
lenta.)
Figura 48 – Exemplo da primeira etapa da reação
Fonte: Feltre (2004).

O processo de reação continua e os radicais formados pelas duas moléculas de Cl (de-


nominados de radicais livres), são muito instáveis e, pois o elétron desemparelhado pro-
cura outra molécula para se agrupar. Portanto, a reação continua:

H H
2ª etapa
(Propagação) H C H + Cl2 H C + HCl (Reação rápida)
H H

Molécula- Verdadeiro Novo radical


alvo atacante livre
Figura 49 – Exemplo da segunda etapa da reação
Fonte: Feltre (2004).
196

O novo radical formado H 3C procura por uma outra molécula para continua a reação:

H H
3ª etapa
(Propagação) H C + Cl Cl H C Cl + C l (Reação rápida)
H H
Molécula final Novo radical
desejada livre
Figura 50 – Exemplo da terceira etapa da reação
Fonte: Feltre (2004).

Novamente há a formação do radical Cl , que irá reagir com outra molécula.

Cl + Cl Cl2 ou
4ª etapa
(Finalização) (Reação rápida)
HC3 + CH3 CH3 CH3 etc.
Figura 51 – Exemplo da quarta etapa da reação
Fonte: Feltre (2004).

Esta não é uma finalização desejada, porém sempre ocorre. Assim, as reações apresenta-
das são um exemplo de reação denominada de mecanismo de radicais livres. Este tipo
de mecanismo ocorre em muitas reações de bioquímicas, como por exemplo no proces-
so de envelhecimento do nosso organismo.
Fonte: Feltre (2004).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Química Orgânica: Funções e isomeria


Luciana da Conceição Pavanelli
Editora: Érica
Sinopse: com exercícios de aplicação, este livro busca definir os conceitos
básicos pertinentes à química orgânica e apresentar os compostos orgânicos
mais utilizados no cotidiano. Apresenta conceitos e propriedades da isomeria
plana e da espacial em compostos orgânicos, permitindo entender as
diferenças entre as estruturas e as funções das substâncias. Pode ser usado nos cursos técnicos
em Análises Clínicas, Análises Químicas, Controle Ambiental, Farmácia, Meio Ambiente, Química,
entre outros.

Material Complementar
198
REFERÊNCIAS

ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o


meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
FELTRE, R. Química. 6. ed. São Paulo: Moderna, 2004.
MCMURRY, J. Química Orgânica. 6. Ed. [S.l]: Editora Thomson, 2005. vol. 1 e 2
MORRISON, R. T.; BOYD, R. N. Química Orgânica. 11. ed. [S.l]: Editora Fundação Ca-
louste Gulbenkian, 1994.
PAVANELLI, L. C. Química Orgânica: Funções e isomeria. São Paulo: Érica 2014.
SOLOMONS, T. W. G.; FRYLE, C. B.; SNYDER, S. A Química Orgânica. 12. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2018.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1807&e-
vento=5. Acesso em: 17 jun. 2019.
2
Em: http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1807&e-
vento=5#menu-galeria. Acesso em: 17 jun. 2019.
3
Em: <http://tabloideaescmamao.blogspot.com/2013/08/talidomida-medicamento-
-que-causa_2.html>. acesso em: 22 jul. 2019.
199
GABARITO

1. D.
2. C.
3. C.
4. C.
5. D.
Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques
Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi

V
PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS,

UNIDADE
TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO,
TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE
SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender os conceitos e as propriedades físicas dos materiais, tais como
ponto de fusão, ponto de ebulição, densidade, solubilidade, que interferem
no processo de formação e separação de misturas homogêneas e
heterogêneas.
■■ Compreender as principais técnicas experimentais de separação de
misturas homogêneas e heterogêneas, presentes nas diversas fases.
■■ Entender a determinação experimental da concentração de soluções ácidas
e básicas por meio de titulações e medidas de pH.
■■ Verificar os principais cuidados que devem ser observados antes de
adentrar em um laboratório de química.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Propriedades físicas dos materiais e misturas
■■ Técnicas de separação de misturas
■■ Titulação, padronização e medidas de pH
■■ Noções básicas de segurança e cuidados laboratoriais
202 UNIDADE V

INTRODUÇÃO

Olá aluno(a), nas unidades anteriores, vislumbramos diversos conceitos bási-


cos da química tanto das funções inorgânicas quanto das funções orgânicas.
Nesta unidade entenderemos que os compostos químicos em sua grande maio-
ria se encontram misturados a outros compostos, e que as delimitações dessas
misturas podem ou não ser visíveis a olho nu, e que isso é influenciado por pro-
priedades físicas dos materiais, como a solubilidade, polaridade das moléculas,
que interfere na formação de misturas homogêneas e heterogêneas. Estudaremos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
também o ponto de fusão, ebulição e a densidade dos materiais que são proprie-
dades características dos mesmos, sendo empregadas desde o dimensionamento
de equipamentos industriais até mesmo no controle de qualidade, para identifi-
cação de fraudes, qualidade de produtos fabricados, entre outros. Ainda, dentro
do campo da mistura, estudaremos algumas das principais técnicas experimentais
empregadas no laboratório para a separação das misturas, sejam entre compos-
tos orgânicos ou inorgânicas, que também se utilizam das propriedades físicas
dos materiais para promover tal separação. Por meio da densidade, por exemplo,
é possível realizar o tratamento da água potável nos sistemas de abastecimento
público do país, e por meio do ponto de fusão é possível separar a água do álcool
e permitir que utilizemos o etanol como combustível em nossos veículos. No
contexto experimental, verificaremos a forma de se determinar a concentração
de soluções com caráter ácido ou básico, utilizando-se de práticas muito comuns
na química, a titulação, a padronização e também por meio de medidas de pH,
aprendendo um pouco sobre os aparelhos utilizados e colocando em prática os
conceitos teóricos estudados sobre as funções ácidos, bases e sais. Citaremos,
ainda, algumas regras e condutas a serem tomadas para a preservação da segu-
rança nos laboratórios. Entenderemos que existem equipamentos de proteção,
denominados de equipamentos de proteção individual e coletivo, que nos pro-
porcionam maior segurança em relação aos fatores de riscos físicos (como a
temperatura, superfícies cortantes), químicos (causados pela manipulação de
reagentes químicos) e biológicos (causados pelos riscos atrelados a presença de
microrganismos) presentes em um laboratório proporcionando uma redução
dos danos causados em casos de eventuais acidentes.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
203

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS


MATERIAIS E MISTURAS

Conforme mencionamos nas unidades anterio-


res, as transformações químicas são de grande
interesse para a química, pois nos permite pro-
duzir novos compostos. Vimos também, que
em diversas circunstâncias, as transformações
químicas não formam um único produto, mas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

uma mistura de compostos, em que os produ-


tos de interesse estão formando uma solução
com outros produtos que não são desejados,
chamados de subprodutos. Desse impasse, nos
surgirá a necessidade do conhecimento dos
processos de separação, que se utilizam das
propriedades físicas da matéria, tais como den-
sidade, ponto de ebulição, solubilidade, entre outras, para separar o produto que
é de interesse daqueles subprodutos da reação (GODOI, 2016, p. 163).
Para ilustrar tal situação, podemos citar como exemplo o processo de pro-
dução de queijos. As proteínas do leite possuem uma “capa” protetora, chamadas
de micelas (que deixam a proteína estável) e que são desestabilizadas pela ação
da cultura láctica (cultura bacteriana) e ficam expostas ao meio reacional. Essas
proteínas possuem uma carga parcial negativa, e quando estão desestabilizadas
ligam-se com o cátion Cálcio (Ca2+) para atingir a estabilidade, produzindo um
coágulo insolúvel (o nosso queijo), formando, assim, uma mistura heterogênea
com o soro do leite. Este coágulo, mais denso, precipita-se no fundo do tanque
reacional. Em seguida, são empregados técnicas de separação para separar a mis-
tura (coágulo e soro de leite). Então, o coágulo, após processos adicionais, irá
formar o famoso queijo que tanto apreciamos (GODOI, 2016, p. 163).
Agora que exemplificamos a importância dos processos de separação, precisa-
mos definir as misturas. Antes disso, é preciso conhecer um conceito importante,
chamado de fase.

Propriedades Físicas dos Materiais e Misturas


204 UNIDADE V

FASES

De acordo com Russel (1994), fase é definida como sendo uma região distinta,
onde todas as propriedades naquela região são as mesmas. Para exemplificar tal
situação, podemos citar um copo de água pura. Nesta amostra, temos apenas uma
única fase, pois em qualquer região dessa amostra, as propriedades, tempera-
tura, composição, densidade, viscosidade, entre outras, são idênticas. No entanto,
ainda de acordo com o autor, se adicionarmos cubos de gelo nesse copo de água,
iremos formas duas fases: a fase sólida e a fase líquida. Neste mesmo sistema, se

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
adicionarmos óleo de cozinha, este, por ser insolúvel, não irá se misturar com a
água e com o gelo, formando três fases (GODOI, 2016, p. 163).
Quais outros sistemas bifásicos (com mais de
uma fase) podemos destacar em nosso dia a
dia? Ora, se misturarmos uma grande quan-
tidade de sal na água, o sal não dissolvido,
depositado no fundo, forma uma nova fase.
No processo de preparação do café, também
temos duas fases: a água que contém a cafeína
dissolvida formando uma fase e o pó do café
formando outra fase (GODOI, 2016, p. 163).
E o que aconteceria se misturarmos água
com álcool? Quantas fases teríamos? Ora, a
água e o álcool são miscíveis, misturam-se por
completo, formando apenas uma única fase,
conforme veremos adiante. As fases podem ser
sólidas, líquidas ou gasosas. Quase todas as com-
binações de fases são possíveis, exceto quando há
a presença de uma única fase gasosa (RUSSELL,
1994; GODOI, 2016, p. 163).

Figura 1 - Mistura com duas fases: água e gelo

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
205

MISTURAS HOMOGÊNEAS E HETEROGÊNEAS

A mistura é uma reunião ou uma combinação física de duas ou mais substâncias,


nas quais cada uma mantém sua própria identidade química (ou seja, quando
não ocorre uma transformação química entre os compostos para produzir novos
produtos com outras identidades químicas) (LENZI et al., 2015; GODOI, 2016).
Em relação ao aspecto, as misturas são classificadas em homogêneas e heterogê-
neas. A mistura homogênea apresenta uma única fase, enquanto que as heterogêneas
apresentam mais de uma fase. Para exemplificar, pensemos em algumas mistu-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ras homogêneas: a água salgada (composta principalmente por água e cloreto de


sódio), a gasolina (composta principalmente por hidrocarbonetos e água), o vinagre
(composta principalmente por ácido acético e água), o aço-carbono (ferro, car-
bono, manganês, silício e fósforo), o ar atmosférico (oxigênio, nitrogênio e dióxido
de carbono), entre outros. Os componentes podem estar presentes nessas mistu-
ras em qualquer número (RUSSELL, 1994; GODOI, 2016).
A mistura homogênea, com uma única fase, é usualmente chamada de solu-
ção. Para distinguir solução de substância pura, nos laboratórios, podemos utilizar
a propriedade física de temperatura de mudança de fase, ponto fusão, ebulição
etc. Uma substância pura, como a água, ferve e muda de fase em uma tempe-
ratura fixa. Já uma solução, ou uma mistura homogênea, como a água salgada,
tem a temperatura de ebulição aumentada gradualmente. Isso ocorre devido ao
fato do ponto de ebulição da solução depender da composição da mistura, ou
seja, o quanto temos de cada um dos produtos que formam a mistura (RUSSELL,
1994; GODOI, 2016).
As misturas heterogêneas "são mais fáceis de serem identificadas, pois for-
mam mais de uma fase. São exemplos de misturas heterogêneas: água com óleo,
água e gelo, areia e pedra, entre outros" (GODOI, 2016, p. 163).
Agora que já entendemos os conceitos de misturas, estamos aptos a iniciar
os estudos das técnicas de separação, que nos permite separar os componentes
de uma mistura. Antes disso, iremos apresentar algumas propriedades físicas das
substâncias, tais como ponto de fusão e ebulição, densidade, solubilidade, mis-
cibilidade que nos auxilia no processo de separação de misturas.

Propriedades Físicas dos Materiais e Misturas


206 UNIDADE V

PONTO DE FUSÃO E PONTO DE EBULIÇÃO

O ponto de fusão e de ebulição de um composto orgânico irá depender forte-


mente de dois fatores:
■■ Forças intermoleculares que existem entre as moléculas do composto.
■■ Tamanho ou massa molecular das moléculas do composto.

Esta relação ocorre da seguinte forma, quanto maior a massa molecular ou tama-
nho da molécula de um composto orgânico, maior será a temperatura de fusão e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de ebulição. Podemos observar esse comportamento em alcanos normais:

300
Temperatura de ebulição (ºC)

200
Estado gasoso
100
Temperatura ambiente
0 C4H10
C3H8
-100 C2H6 Estado líquido
CH4
-200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Número de átomos de carbono
Figura 2 – Temperaturas de ebulição dos alcanos normais
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Para os alcanos normais, apresentados neste exemplo, pode-se notar que a molé-
cula de butano possui uma temperatura de ebulição maior que a molécula de
metano. Isto é devido ao tamanho ou peso molecular da molécula de butano ser
maior que a molécula de metano.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
207

Outro fator que pode ter influência na temperatura e fusão e ebulição é o


tipo de ligação que une as moléculas. No caso dos alcanos normais temos apenas
ligações do tipo Van der Waals, que são consideradas ligações fracas compara-
das com outros tipos de ligação como as de hidrogênio, por exemplo. Assim,
a força de interação entre as moléculas que possuem ligações do tipo Van der
Waals são pequenas, o que reflete no baixo ponto de ebulição destes compostos.
Já os haletos orgânicos possuem maior eletronegatividade, e com isto tor-
nam-se mais polares que os alcanos, devido à molécula de halogênio formar uma
maior densidade eletrônica ao seu redor. Então o tipo de ligação que ocorre nos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

haletos orgânicos é do tipo dipolo-dipolo, que é mais forte se comparada as for-


ças de Van der Waals.
δ-
δ+

H3C Cl

μ = 1,87 D
Figura 3 – Momento dipolar do clorometano
Fonte: adaptada de Feltre (2004).

Assim, as moléculas dos haletos possuem maior atração, o que influencia nas
propriedades físicas, como ponto de fusão e ebulução. Portanto, o ponto de fusão
e ebulição nos haletos são mais altos do que nos alcanos correspondentes con-
forme apresentado na tabela a seguir:

Tabela 1 - Ponto de Ebulição dos compostos

COMPOSTO PONTO DE EBULIÇÃO (°C)


CH4 -161,5
CH3F -78,2
CH3Cl -23,8
CH3Br 4,5
CH3l 42,4
Fonte: Feltre (2004).

Propriedades Físicas dos Materiais e Misturas


208 UNIDADE V

DENSIDADE

A densidade de um material é a razão entre a massa (m) da substância e o


volume (V) desta substância, em uma dada condição de temperatura e pressão.
Sendo sua representação matemática dada por (GODOI, 2016, p. 121):
m
d=
V
3
No sistema internacional, a unidade da densidade é kg / m , sendo amplamente
utilizada as unidades g/cm3. É comum encontrarmos, na literatura, diversos valo-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
res de densidade para uma grande variedade de compostos na pressão atmosférica
(1 atm) e temperatura ambiente (20 ou 25 °C) (GODOI, 2016, p. 121).
Em relação ao significado físico da densidade, ela nos revela o quanto a massa
está comprimida dentro do corpo. Por exemplo, para dois corpos de mesmo
volume, no primeiro corpo, com a presença de algodão, temos uma massa de
1 kg de algodão, enquanto que para o mesmo volume, ocupado por ferro, tere-
mos 100 kg de ferro.

1 kg de 100 kg de
algodão que ferro que
ocupa um ocupa um
volume V1 volume V1

Figura 4 - Substâncias com densidades diferentes e mesmo volume


Fonte: os autores.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
209

Segundo a teoria do Big Bang, toda a matéria, do universo inteiro, estava


concentrada em um único ponto, menor que a cabeça de um alfinete. Você
consegue imaginar a densidade deste ponto?

A densidade é uma técnica muito empregada para se determinar o grau de pureza


de diversas substâncias. Por exemplo, a densidade é um parâmetro de qualidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

utilizado em indústrias de laticínios para a análise da qualidade do leite; em


postos de combustíveis para avaliar a qualidade do álcool e a quantidade de eta-
nol presente na gasolina. Além disso, ela também é empregada na indústria de
transformação, como na produção do álcool ou açúcar, em uma das etapas, há
a fermentação do caldo de cana para produção do álcool pela ação de determi-
nada cultura de bactérias. Para separação do álcool formado, isso pode ser feito
por meio da densidade. A cultura de bactérias, geralmente, possui maior densi-
dade e se deposita no fundo, podendo o composto líquido ser retirado na parte
superior para ser concentrado em processos posteriores (GODOI, 2016, p. 121).
Outra aplicação está em reações químicas que produzem uma mistura de
compostos imiscíveis, ou seja, que não se misturam. Pode ser empregada a pro-
priedade das diferenças das densidades para se promover a separação, ou seja,
o composto com menor densidade fica na parte superior e os de menores den-
sidades na parte de baixo, facilitando o processo de separação. Isso é verificado
na produção do sabão sólido a partir de óleos de cozinha usados, em que há a
produção de uma “pasta” menos densa que fica na superfície, permitindo sua
separação (GODOI, 2016, p. 121).

Propriedades Físicas dos Materiais e Misturas


210 UNIDADE V

Variáveis que Influenciam a Densidade

A seguir, iremos mencionar algumas variáveis que podem interferir nos valores
experimentais da densidade dos compostos:
■■ Temperatura: para substâncias líquidas puras, a densidade é influenciada pela
temperatura e pressão (LENZI et al., 2015). Em geral, o aumento da tempera-
tura aumenta a energia das moléculas (agitação), aumentando o espaçamento
entre elas que, consequentemente, aumenta o volume. Na fórmula da densi-
dade, o volume encontra-se no denominador, fazendo com que a densidade

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
diminua com o aumento da temperatura (GODOI, 2016, p. 121).
A densidade para grande parte dos compostos sólidos é influenciada em
pequena escala com a variação da temperatura (GODOI, 2016, p. 121).
■■ Pressão: em relação à pressão, a variação dessa propriedade afeta muito
pouco nos valores da densidade de líquidos e sólidos. Isso é explicado
pelo fato das moléculas, nesses estados, estarem muito próximas umas
das outras e um aumento da pressão externa não promove uma aproxi-
mação substancial que seja capaz de alterar significativamente o volume
e, consequentemente, os valores da densidade. Para se ter uma ideia, é
necessário um grande aumento na pressão para uma pequena mudança
na densidade da água (GODOI, 2016, p. 121).
■■ Composição: para misturas, soluções, a densidade é função, também, da
composição. Pensemos, por exemplo, em uma mistura de dois líquidos
miscíveis, ou seja, aqueles que se misturam e formam apenas uma única
fase. Um dos componentes tem uma menor densidade e o outro tem
maior densidade. Ao se adicionar, na mistura, uma maior quantidade do
componente de maior densidade, aumentamos a densidade da mistura
formada, pois teremos uma maior proporção do componente com maior
densidade na mistura formada. Esta regra é clara para grande parte dos
casos usuais (GODOI, 2016, p. 121).

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
211

Exemplo 1: para a produção de queijos, há a necessidade de se adicionar um


composto conhecido, como coalho ou cultura láctica, que nada mais é do que
bactérias que utilizam como alimento o leite, produzindo em conjunto com
processos adicionais, um composto sólido e insolúvel de cor clara, o queijo. Um
determinado laticínio recebeu amostras de coalho com um melhor preço do que
o fornecedor atual. No rótulo desse novo produto consta que deve ser adicio-
nado 100 g do coalho para cada 100 kg de leite. Contudo, o leite adicionado nos
tanques de fabricação é medido em volume (L). Como deve se proceder para
determinar a quantidade exata de coalho a ser adicionado? (Suponha que a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

temperatura é de 15 °C e pressão de 1 atm.)


Para determinar a relação correta, é preciso conhecer a densidade do leite nas
condições especificadas. Como a densidade é uma relação de massa por volume,
de posse desse valor, pode-se determinar qual o volume de leite que corresponde
aos 100 kg que são necessários.
Suponha que a densidade do leite nas condições especificadas é de 1,032
g por mL. Isto é, cada 1,032 g de leite, nas condições especificadas, ocupa um
volume de 1 mL.
Por meio de uma regra de três e sabendo que 1 kg = 1.000 g ou, ainda, 100
kg = 100.000 g:
1, 032 g -------- 1mL
100.000 g -------- x
X = 96.899, 22 mL de leite ou , 96, 90 L de leite

Densidade Relativa

Uma das aplicações do conceito de densidade relativa está relacionado a mis-


turas de compostos imiscíveis (aqueles que não se misturam, que formam duas
fases distintas, ou seja, misturas heterogêneas), sendo empregado para determi-
nar qual das substâncias fica na parte superior ou na parte inferior. No caso da
mistura de dois líquidos, aquele com a menor densidade fica na parte superior.
Isso explica o motivo do óleo ficar acima da água, ou o gelo boiar na água, ou
seja, por possuírem densidades menores que da água (GODOI, 2016, p. 121).

Propriedades Físicas dos Materiais e Misturas


212 UNIDADE V

A densidade relativa é definida pela razão entre a densidade


de duas substâncias, ou seja (LENZI et al., 2015):

densidade A
densidade relativa =
densidade B
Por ser uma divisão de duas unidades iguais (g/mL / g/mL),
o resultado gerado é um número adimensional, ou seja, sem
unidades.
Quando o resultado da divisão é um número menor que

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1, o composto B se deposita no fundo. Quando é maior que
1, o composto A se deposita no fundo. Figura 5 - Densidade relativa

Exemplo 2: considere que a densidade do óleo de cozinha comercial é 0,891 g/


cm3, e que da água é 1,000 g/cm3, em uma dada condição de temperatura e pres-
são. Se for realizada a mistura destes dois líquidos em um béquer, determine,
nessas condições, qual será o líquido que ficará na parte superior e qual ficará
na parte inferior do béquer.
Para resolver esse problema basta calcular a densidade relativa:
densidade A
densidade relativa =
densidade B
0, 891 g cm3
densidade
= relativa = 3
0, 891 g cm3
1, 000 g cm
Como a densidade relativa foi menor que 1, pela regra anteriormente apresen-
tada, o composto B, ou seja, a água, ficará abaixo do óleo.

SOLUBILIDADE

De acordo com Lenzi et al. (2015), a solubilidade de um soluto sólido é a capa-


cidade que uma substância no estado sólido possui de dissolver-se em uma
determinada quantidade de solvente líquido, em uma dada condição de tempe-
ratura e pressão, formando uma solução. Um exemplo seria a solubilidade do sal

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
213

de cozinha em água. Na temperatura de 0 ºC, a solubilidade é de 35,7 g em 100


mL de água. Essa é a quantidade máxima de NaCl que pode ser dissolvida em
água para produzir uma solução em equilíbrio estável. Este número é chamado
de coeficiente de solubilidade e para grande parte dos compostos, é disponível
na literatura (GODOI, 2016, p. 163).

Fatores que Afetam a Solubilidade

A seguir, iremos ilustrar os fatores que afetam a solubilidade e/ou miscibilidade


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dos compostos:
■■ Interação soluto solvente: as forças de atração e repulsão relativas entre
as moléculas do soluto e do solvente têm um papel muito importante no
processo de dissolução (BROWN et al., 2016) e, consequentemente, afe-
tam a solubilidade e também a miscibilidade dos compostos. Quanto mais
forte as atrações entre as moléculas de soluto e do solvente, maior a solu-
bilidade. Em outras palavras, um composto é solúvel/ miscível em outro
quando existem forças que permitem que suas moléculas fiquem próxi-
mas umas das outras. Caso contrário, os compostos são insolúveis e não
se misturam (GODOI, 2016, p. 163).

Miscibilidade
De acordo com Brown et al. (2016), o exame de diferentes combinações de
solventes e solutos nos leva a uma importante generalização: substâncias
com forças atrativas similares tendem a ser solúveis entre si, que é bastan-
te conhecida, como “semelhante se dissolve em semelhante”. Dessa forma,
substâncias apolares (que não possuem carga) são mais prováveis de serem
solúveis em solventes apolares; solutos iônicos e polares são mais prováveis
de serem solúveis em solventes polares. Como exemplo, óleo e água não se
misturam porque a água é polar (formam-se polos de acúmulo de cargas
positivas e negativas na molécula) e o óleo apolar (não se formam estes po-
los), por este motivo, são chamados de compostos imiscíveis.
Fonte: os autores.

Propriedades Físicas dos Materiais e Misturas


214 UNIDADE V

■■ Efeitos da pressão: a pressão tem pouca interferência na solubilidade de


sólidos e líquidos. Ela influência de forma mais pronunciada na solubili-
dade de gases (BROWN et al., 2016; GODOI, 2016).
■■ Efeitos da temperatura: a solubilidade da maioria dos solutos sólidos na
água aumenta à medida que a temperatura da solução aumenta (BROWN
et al., 2016; GODOI, 2016).

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TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS

Considere a transformação química a seguir, dada pela seguinte reação:


A+ B → C + D
Nessa transformação, há a formação dos produtos C e D. Contudo, se apenas o
produto C é o de interesse comercial, como proceder para promover essa sepa-
ração? Para isso, devemos utilizar das técnicas de separação. Essas técnicas nos
permitem separar componentes de misturas homogêneas, heterogêneas, utilizan-
do-se de propriedades físicas e químicas dos materiais (GODOI, 2016, p. 163).
Se são utilizadas propriedades físicas, não há alteração da estrutura das subs-
tâncias que ali estão presentes. Por exemplo, imaginemos um dos processos do
tratamento de água para consumo humano que utiliza a água de rios. Uma das
técnicas iniciais consistem em grades ou peneiras que segregam as sujidades,
ou seja, relacionado ao tamanho do material. Em seguida, existem tanques de
decantação que permitem a sedimentação de parte da “terra” arrastada, separa-
ção possível devido a diferença de densidade (GODOI, 2016, p. 163).

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
215

SEPARAÇÃO DE MISTURAS HETEROGÊNEAS

Para a separação de misturas do tipo sólido-sólido, podemos destacar os seguin-


tes processos (GODOI, 2016, p. 163):
■■ Catação: é um método rudimentar, o qual a separação pode ser feita
manualmente com as mãos ou com uso de instrumentos, como pinças,
em que são separados os componentes sólidos de interesse: extração de
pedras preciosas, separação da sujidade do feijão, ervilhas, entre outros.
■■ Ventilação: separam-se a parte sólida (mais leve), pelo uso de uma cor-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

rente de ar (ventilação). Isso ocorre, por exemplo, na separação da casca


de amendoim.
■■ Levigação: com a passagem de água corrente, o componente de menor
densidade é arrastado e separado. Podemos citar, por exemplo, o pro-
cesso de separação de areia e ouro: o ouro, que tem maior densidade, fica
retido, enquanto que a areia é separada.
■■ Separação magnética: processo utilizado em microescala e também em
grande escala industrial, realizado por um ímã para a separação de metais
contaminantes. É muito utilizado por empresas extrativistas de minério
de ferro, indústrias de alimentos para separação de contaminantes metá-
licos, entre outras.
■■ Dissolução fracionada: ocorre quando um componente sólido, presente
em uma mistura entre sólidos é solúvel em um determinado líquido. Neste
caso, um dos componentes é dissolvido no solvente, formando uma solu-
ção, e o componente insolúvel é separado, por decantação, filtração, entre
outros. Industrialmente, esse processo é conhecido como extração por
solventes. Um exemplo deste caso está no processo de separação do sal
da areia. O sal, solúvel em água, é dissolvido na água e, por meio de uma
filtração, utilizando um filtro, consegue separar a areia, restando apenas
a água e sal. Então, por meio de um processo de evaporação, em que a
água é evaporada, é separado o sal no estado sólido.

Técnicas de Separação de Misturas


216 UNIDADE V

Ainda dentro do sistema de separação de misturas heterogêneas, iremos ver o


sistema de separação sólido-líquido (GODOI, 2016, p. 163):
■■ Decantação: é quando a fase sólida, de maior densidade, sedimenta-se,
ou seja, assenta-se no fundo do recipiente. Nas estações de tratamento
de água, após chuvas volumosas, a água coletada pode estar barrenta.
É, então, deixada em repouso para que seus sedimentos se assentem no
fundo do tanque. Esse processo é chamado de decantação, pois a fase de
maior densidade irá separar das demais. Pode ser, ainda, adicionado com-
postos floculantes que se agregam às sujidades, tornando-as ainda mais
densas, acelerando o processo de decantação.

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Mangueira

Sedimentação Decantação

Água Líquido
barrenta separado
Sifonação Líquido
separado
Figura 6 - Decantação
Fonte: adaptada de Peripato ([2019], on-line)1.

■■ Centrifugação: é utilizada a força centrípeta (força devido à aceleração


em torno de alguma curva) ou de rotação para acelerar o processo de
decantação. Utilizada para misturas com diferenças de densidade não
tão significativas. Neste processo, as partículas de maior densidade são
arremessadas para a lateral do equipamento. Por exemplo: indústria de
laticínios - o leite passa por centrífugas de alta rotação para separar a
gordura presente no leite. Este processo é chamado de padronização e a
gordura é utilizada como matéria-prima na produção de requeijão.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
217
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Figura 7 - Centrifugação do sangue humano

■■ Filtração: a separação é feita por meio de um meio poroso capaz de reter


a fase sólida e permitir a passagem da fase líquida, por exemplo, papel
filtro, membrana etc. Os filtros possuem a porosidade adequada para a
aplicação que se é desejada.

Figura 8 - Filtração a vácuo

Técnicas de Separação de Misturas


218 UNIDADE V

Temos também o processo de separação entre misturas líquidas heterogêneas (líqui-


do-líquido). Para esse tipo de separação, destacamos a seguir (GODOI, 2016, p. 163):
■■ Decantação: neste processo, estão incluídos os líquidos imiscíveis (por
exemplo, o óleo, lubrificantes, gorduras, entre outros) por apresenta-
rem uma densidade diferenciada, proporcionando a separação de fases.
Nos laboratórios, essa separação pode ser realizada por meio de funis de
separação ou funis de decantação. A separação dos compostos pode ser
realizada a olho nu, onde o líquido com menor densidade fica na parte
superior e o com maior densidade na parte inferior.

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Figura 9 - Funil de separação

Outra separação de misturas heterogêneas envolve misturas entre gases e sóli-


dos. Esse processo é utilizado por indústrias cujo processo forma uma grande
quantidade de poeiras.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
219

SEPARAÇÃO DE MISTURAS HOMOGÊNEAS

Uma mistura homogênea ocorre, por exemplo, no processo de produção do etanol.


Após a fermentação, em uma das etapas finais do processo, restam, majoritaria-
mente, dois compostos: a água e o etanol. Para comercialização e atendimento
aos padrões de qualidade, deve-se purificar o etanol. Utiliza-se, por exemplo, o
processo de destilação, capaz de separar os componentes de uma mistura homo-
gênea, devido às diferenças existentes no ponto de ebulição da água e etanol.
As principais técnicas são destacadas a seguir (GODOI, 2016, p. 163):
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Evaporação: é um processo físico para separar componentes de uma mis-


tura homogênea. Normalmente, a fase líquida, o solvente, vaporiza sob a
ação do calor, deixando a fase sólida que é o soluto. Na evaporação, não
há o interesse em se coletar o vapor que se desprende da mistura.
■■ Destilação simples: a propriedade física em
que cada substância líquida tem um valor
específico de temperatura de ebulição é o que
permite a destilação e separação da mistura
homogênea. Pode ser separado sal dissolvido
na água, até mesmo álcool e água. A condição
para que ocorra a separação é que a substân-
cia a ser destilada (separada) deve ter um
ponto de ebulição mais baixo do que o res-
tante da mistura. A mistura (presente em um
balão de fundo redondo) é aquecida (por uma
manta ou bico de Bunsen) e os vapores são Figura 10 - Destilação simples
conduzidos por meio de uma tubulação de vidro (cabeça de destilação)
até um condensador em que os vapores quentes trocam calor, condensam-
-se e se liquefazem. Esse líquido é chamado de destilado, sendo separado
em um béquer ou erlenmeyer.
■■ Liquefação fracionada: trata-se da aplicação de um processo que envolve
a liquefação dos gases contidos na atmosfera. Assim, esse processo é
denominado de liquefação fracionada, pois ocorre a separação dos com-
ponentes gasosos. Esse processo é empregado para obter gases com altas
concentrações de nitrogênio, oxigênio, entre outros.

Técnicas de Separação de Misturas


220 UNIDADE V

TITULAÇÃO, PADRONIZAÇÃO
E MEDIDAS DE PH

A titulação é um processo muito utilizado


para a determinação da concentração desco-
nhecida de soluções que possuam o caráter
ácido ou básico. Quando a solução com con-
centração desconhecida é um ácido, usamos
uma base com concentração conhecida para

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determinar a concentração do ácido e vice-
-versa. O princípio da titulação é uma reação
química do tipo ácido/base, denominada de
neutralização, que já aprendemos nas unida-
des anteriores (RUSSEL, 1994; GODOI, 2017).

TITULAÇÃO E PADRONIZAÇÃO

No processo de titulação, a substância com concentração desconhecida fica em um


dispositivo do laboratório chamado de erlenmeyer e é chamado de titulado. Acima
do erlenmeyer, é disposto uma bureta, equipamento que permite a transferência e
medida de líquidos, que contém a substância com concentração conhecida, cha-
mada de titulante. Ao titulado é adicionado um indicador de ácido/base, que altera
a cor quando ocorre a neutralização. No processo de titulação, é adicionado lenta-
mente o titulante sobre o titulado, até a mudança da coloração do titulado. Neste
momento, é possível medir o volume do titulante gasto (da solução com concen-
tração conhecida), e a partir da estequiometria da reação entre o ácido e a base,
determinar a concentração desconhecida (GODOI, 2016, p.233).
O indicador que foi adicionado ao titulado possui a característica de apre-
sentar determinada coloração em uma solução ácida, básica ou neutra. A seguir,
temos alguns indicadores ácido/base que são comumente empregados.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
221

Quadro 1 - Indicadores ácido-base

INDICADOR MEIO ÁCIDO MEIO BÁSICO


Papel Tornassol Róseo Azul
Fenolftaleína Incolor Vermelho
Alaranjado de Metila Vermelho Amarelo
Azul de Bromotimol Amarelo Azul
Fonte: o autor.

Conforme mencionado, no processo de titulação ocorre uma reação química cha-


mada de neutralização entre o ácido e a base, que se estende até que todo o ácido
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

+
ou toda a base seja consumida (ponto em que o número de mols de íons H do

ácido é igual ao número de mols de íons OH da base). Este ponto é visível pela
mudança de cor (devido à presença do indicador que adicionamos inicialmente),
ou seja, o ponto de viragem ou ponto de equivalência (GODOI, 2016, p. 233).
Na figura a seguir temos demonstrado o aparato experimental utilizado no
processo de titulação:

Bureta
com o
titulante

Erlenmeyer
com o titulado
e com o
indicador
ácido-base

Figura 11 - Sistema de titulação

Titulação, Padronização e Medidas de pH


222 UNIDADE V

A solução que deve ser usada em processos de titulação é chamada de solução


padrão, que provém da dissolução de uma quantidade exata de uma substância
padrão (ácido ou base) num volume conhecido de solução total. Esta solução
é chamada de padrão primário. No caso de não ter certeza quanto à confiabili-
dade da solução, haver incertezas quanto ao reagente utilizado, pode ser realizado
uma operação denominada de padronização, que nada mais é que uma titula-
ção adicional para conferir a concentração da solução que será utilizada como
padrão. Soluções padronizadas são chamadas de padrão secundário (LENZI et
al., 2015; GODOI, 2016).

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Para exemplificar o conceito de titulação: temos uma solução de hidróxido
de sódio ( NaOH ) que desconhecemos a concentração. Para determinar sua
concentração, iremos dispor essa solução no erlenmeyer, com a presença de um
indicador ácido/base, por exemplo, a fenolftaleína. O hidróxido de sódio, por
+ −
ser uma solução com água, contém íons dispersos de Na e OH . Na bureta,
iremos dispor uma solução de ácido, com concentração conhecida, por exem-
plo, o ácido clorídrico ( HCl ). Vagarosamente, vamos adicionando o ácido sobre
a base, agitando o erlenmeyer, ocorrendo a reação de neutralização descrita a
seguir (GODOI, 2016, p. 233):
NaOH + HCl → NaCl + H 2O
Perceba que a reação entre a base e o ácido forma um sal e água. No erlenmeyer,
tínhamos, inicialmente, uma solução que era básica, por causa da presença do

íon OH . Na presença do indicador fenolftaleína, ela se torna rosa. Quando
adicionamos o ácido clorídrico, estamos neutralizando essa solução, devido à
ocorrência da reação química mencionada. No ponto de viragem, quando toda a
− +
hidroxila (OH ) presente no NaOH foi consumida, ou seja, reagiu com o H
presente no ácido ( HCl ), produzindo o sal NaCl , o meio se torna neutro e o
indicador muda de cor, passando para transparente (consulte a tabela dos indi-
cadores apresentada anteriormente) (GODOI, 2016, p. 233).

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
223

Exemplo 3: Em um laboratório de química há uma solução de ácido sulfúrico


H 2 SO4 sem identificação da concentração. Então, o laboratorista realiza uma
titulação para determinar a concentração do ácido. Neste processo foram utili-
zados 25 ml de hidróxido de sódio NaOH com concentração de 0,2 mol/L para

titular um volume de 50 ml de solução de H 2 SO4 . Qual a concentração molar


do ácido sulfúrico nesta solução?

Solução: primeiramente, devemos escrever a equação entre o ácido e a base:


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2 NaOH + H 2 SO4 � → Na2 SO4 � + 2 H 2O

Foram gastos 25ml de NaOH com concentração de 0,2 mol/l, ou seja:


0, 2mol NaOH ---------- 1000ml
x mol NaOH ---------- 25 ml
x = 0, 005mol NaOH

Pela estequiometria da reação, percebemos que 2 mols H 2 SO4 reagem com 1


mol de NaOH , ou seja:
2mol NaOH ---------- 1mol H 2 SO4
0, 005mol ---------- x
x = 0, 0025 mol H 2 SO4
A concentração molar é dada por:
n
CM =
V
O número de mols de H 2 SO4 acabamos de calcular e é 0,0025mol, que está pre-
sente em 50ml de solução de ácido desconhecida, então a concentração é:
0, 0025mol
CM = = 0, 05 mol l H 2 SO4
( 50 1000 ) l

Titulação, Padronização e Medidas de pH


224 UNIDADE V

MEDIDAS DE PH

+
A medida de pH nada mais é do que mensurar a quantidade de íons H pre-
sente na solução. Ou seja, determinar o seu caráter ácido ou básico, ou ainda, a
acidez ou a basicidade de uma solução qualquer. O pH pode ser determinado
com auxílio de indicadores ácido-base, dos quais citamos alguns no quadro de
indicadores ácido/base, e também por soluções-padrão ácido e padrão básico,
por meio da comparação das cores. Estas são medidas aproximadas. Medidas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mais precisas podem ser realizadas com o uso do pHmetro (LENZI et al., 2015),
que consiste em um par de eletrodos conectados a um medidor capaz de medir
pequenas voltagens da solução, na ordem de milivolts. Uma voltagem que varia
com o pH é gerada quando os eletrodos são colocados em certa solução. Essa
voltagem é lida pelo medidor, que é calibrado para fornecer um valor de pH
(BROWN et al., 2016; GODOI, 2016).
+
Em soluções que contém caráter ácido, há a presença de íons H , respon-
sáveis pelo caráter ácido da solução e baixos valores de pH. Em soluções com

caráter básico, há a presença do íon OH , responsável pelo caráter básico do
meio e por altos valores de pH (LENZI et al., 2015; GODOI, 2016).
Para a água pura, a concentração é de  H +  = OH −  = 1, 00 x 10−7 mol / L
   
e dizemos que a solução é neutra (BROWN et al., 2016). Para uma solução de ácido
acético, por exemplo, podemos ter a concentração de  H +  = 1, 32 x 10−3 mol / L.
 
São todas concentrações muito baixas, expressas em potências de 10. As
operações com números pequenos tendem a ser complicadas, para simplificar,
aplicou-se algumas propriedades de logaritmos a essa representação, que é o
+
cologaritmo na base 10 de H (BROWN et al., 2016; GODOI, 2016).
Vejamos a regra, por exemplo, para o caso da água, em que a concentração
+
de H = OH − = 1, 00 x 10−7 mol / L.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
225

pH = − log  H + 
 
pH = − log 1, 00 x 10−7  = 7, 00
 
pOH = − log OH − 
 
pOH = − log 1, 00 x 10−7  = 7, 00
 
+ −
Este é o pH neutro, da água pura, quando a concentração de  H 3O  = OH 
(BROWN et al., 2016). Ou seja, a água, um composto neutro tem pH igual a 7.
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No caso do ácido acético, que citamos anteriormente, temos:

pH = − log  H +  = − log 1, 32 x 10−3  = 2, 88


   
Ou seja, esta solução de ácido acético tem pH de 2,88. As soluções com cará-
ter ácido têm o pH menor que 7,00. As soluções com caráter básico ou alcalino
têm o pH maior que 7,0. As soluções neutras, como a água, têm o pH igual a 7,0.
A escala de pH é mostrada a seguir, demonstrado para alguns elementos
de uso comum:

Figura 12 - Algumas soluções comuns e o seu pH


Fonte: Godinho (2012, on-line)2.

Titulação, Padronização e Medidas de pH


226 UNIDADE V

A medida do pH é uma das análises mais comuns realizadas em laboratórios


de química. Por exemplo, a água potável tem um pH adequado para consumo
humano, por isso é constantemente realizada essa análise. Na produção de lei-
tes e queijos, também é testado o pH do leite “in natura”, a fim de se determinar
o estado de conservação e armazenamento. Se o leite é velho, se foi armaze-
nado em temperaturas maiores que 3 °C ou se está contaminado, o pH do leite
é afetado, atingindo valores menores que o normal. Nessas condições, há a pro-
liferação de bactérias que degradam as proteínas do leite. Entre os subprodutos
dessa reação, há o ácido láctico, que reduz o pH do leite e permite que seja rea-

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lizada essa análise (GODOI, 2016, p. 233).

Chuva Ácida
A chuva ácida é um fenômeno que começou a surtir efeito com o grande
crescimento das cidades e com alto nível de industrialização. As substâncias
poluentes, compostas por dióxido de enxofre SO2 e óxido de nitrogênio
NO2 , geradas por carros, indústrias, usinas energéticas, se combinam com
o vapor de água presente na atmosfera, formando compostos ácidos. Os
ácidos nítricos, sulfurosos e sulfúricos são formados, respectivamente, pelas
equações químicas abaixo:

NO2 + H 2O → HNO3 (Ácido nítrico)


SO2 + H 2O → H 2 SO3 (Ácido sulfuroso)
SO3 + H 2O → H 2 SO4 (Ácido sulfórico)

A chuva é considerada ácida quando o seu pH é menor que 5,6. A chuva com
essa característica ácida causa grande impacto ambiental, gerando danos a
rios, lagos, alterando a composição química de solos e das águas, interferem
nas cadeias alimentares, corroem estruturas metálicas, monumentos histó-
ricos e podem desestabilizar edificações.
Fonte: os autores.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
227
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA E CUIDADOS


LABORATORIAIS

O trabalho em um laboratório de química, física, biologia exige o conhecimento


de algumas regras de conduta e segurança atreladas na manipulação de produ-
tos químicos. Assim, nesta unidade buscamos fornecer, para você, as principais
regras a serem seguidas no laboratório, algumas medidas de segurança comu-
mente adotadas por grande parte dos laboratórios, além do conhecimento de
alguns equipamentos que nos auxiliam em nossa proteção, preservando nossa
integridade física e saúde (GODOI, 2016, p. 16).
Ao entrar em um laboratório de química, caro(a) aluno(a), você deve conside-
rar que os produtos existentes podem ser inflamáveis, explosivos, corrosivos e, até
mesmo, tóxicos, devendo evitar o contato com substâncias das quais não temos o
devido conhecimento. Assim, a manipulação de produtos químicos, recipientes frá-
geis (vidros) e superfícies aquecidas geram os fatores capazes de causar acidentes,
com danos leves e graves à nossa saúde e, também, de todas as pessoas que trabalham
nesse espaço, podendo afetar, inclusive, ao meio ambiente (GODOI, 2016, p. 16).

Noções Básicas de Segurança e Cuidados Laboratoriais


228 UNIDADE V

O risco existente na manipulação de produtos químicos, em muitos casos, não


é visível ou aparente. Vidrarias, que se encontram quentes, não apresentam uma
característica diferenciada, sendo que pessoas desavisadas podem sofrer danos,
como queimaduras. Contudo, mesmo substâncias que visualmente parecem
ser inofensivas, como o caso de substâncias inodoras (sem cheiro) ou incolores,
quando inaladas ou por meio do contato físico, podem ocasionar doenças nos
trabalhadores desprotegidos (GODOI, 2016, p. 16).
De acordo com Bessler e Neder (2011), os principais acidentes em laborató-
rios de química devem-se a ferimentos que são causados por vidros quebrados,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pelo contato direto com substâncias cáusticas, incêndios com líquidos inflamáveis
e, até mesmo, explosões. Ainda de acordo com os autores, no caso de acidentes,
o responsável pelo laboratório deve proceder adequadamente, com o intuito de
minimizar suas consequências (GODOI, 2016, p. 16).
Além dos riscos relacionados a agentes químicos, existem riscos relacionados
à manipulação de agentes biológicos. Os riscos biológicos estão atrelados à exis-
tência de vírus, bactérias, protozoários, parasitas, fungos, bacilos, entre outros.
Estes microrganismos, em contato com as pessoas, podem provocar inúmeras
doenças. Este tipo de risco é acentuado para pessoas que trabalham em indústrias
de alimentação, em hospitais e clínicas de análises clínicas, em setores de limpeza,
entre outros. Dessa forma, nestes ambientes, se faz necessário medidas preven-
tivas para que as condições de higiene e segurança reduzam os fatores de risco.
Antes de adentrar em laboratório que manipulam agentes químicos e biológicos,
deve-se conhecer previamente os riscos a que se estará exposto. Estes riscos estão
associados a essa atividade laboral e se deve ao fato dos indivíduos ficarem cons-
tantemente expostos a situações potencialmente perigosas (GODOI, 2016, p. 16).
Com o intuito de diminuir a frequência e a gravidade com que esses aciden-
tes ocorrem, é extremamente necessário o atendimento de uma série de normas
que podem ser preestabelecidas por Engenheiros de Segurança no Trabalho (para
o atendimento da legislação nacional e/ou internacional) ou por conhecedores
técnicos desse assunto. Essas regras são específicas para cada tipo de laboratório,
ou seja, depende do ramo de atividade, dos produtos químicos manipulados, dos
agentes biológicos envolvidos, das leis trabalhistas, entre outros. De forma geral,
destacam-se algumas medidas comuns aos laboratórios de química e biologia,

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
229

sendo elas (BESSLER; NEDER, 2011; FONSECA; BRASILINO, 2007; MARTINS


et al., 2013; ABREU; SILVA, 2016; GODOI, 2016):
■■ O laboratório envolve diversos riscos, então se deve trabalhar com aten-
ção, calma e prudência.
■■ Verifique o local e o funcionamento dos dispositivos de segurança do
laboratório, tais como: extintores de incêndio, chuveiros de emergência,
lavadores de olhos e saída de emergências. Crie registros para checagem
periódica do funcionamento desses equipamentos.
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■■ Vista-se com roupas e calçados adequados (fechados), utilizando jalecos


preferencialmente de algodão, calça comprida, sapatos fechados. Cabelos
compridos devem ser mantidos presos.
■■ Todas as substâncias, sem prévio conhecimento, devem ser consideradas
nocivas e perigosas. Evite o contato direto e nunca faça a mistura de rea-
gentes dos quais não tenha o devido conhecimento.
■■ Não se deve comer ou beber em um laboratório. Os alimentos podem ser
contaminados, por exemplo, por vapores tóxicos ou por agentes biológi-
cos, podendo prejudicar a saúde dos trabalhadores.
■■ Mantenha sua bancada de trabalho organizada e limpa.
■■ Se algum produto químico for acidentalmente derramado, na pele ou no
ambiente, deve-se verificar nas fichas de segurança de produtos químicos
(FISPQ) sobre os procedimentos corretos a serem adotados.
■■ Todos os colaboradores do laboratório devem ter acesso às FISPQ dos
produtos químicos manipulados antes de iniciar suas atividades, e estas
devem ser dispostas em locais de fácil acesso para todos.
■■ Não descarte as substâncias químicas já utilizadas, na pia ou esgoto.
Consulte a ficha de segurança de produtos químicos, sobre a maneira
correta de se fazer o descarte ou as orientações de conhecedores e técni-
cos da área de segurança, sobre as medidas para descarte. Lembre-se que
durante o descarte, se houver a mistura de reagentes químicos incompa-
tíveis, podem ocorrer acidentes, explosões, entre outros.

Noções Básicas de Segurança e Cuidados Laboratoriais


230 UNIDADE V

■■ Evite o contato de qualquer substância com a sua pele. Evite passar os


dedos na boca, nariz, olhos e ouvidos. Caso alguma substância química
respingue em sua pele, deve ser lavada imediatamente a área afetada com
água em abundância.
■■ A manipulação de produtos químicos e tóxicos deve ser cautelosa, pre-
ferencialmente, no caso de manipulação de ácidos, bases concentrados
e produtos tóxicos.
■■ Tenha cuidado no manuseio e transporte de vidrarias. Peças de vidro que-
bradas podem causar sérios acidentes.

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■■ Nunca tente saber o sabor de um produto químico que não tenha grau
alimentício.
■■ Quando houver a necessidade de se detectar o desprendimento de gases
pelos produtos químicos ou reações químicas, nunca coloque seu rosto
próximo ao frasco ou recipiente que contém o produto. Desloque, com
sua mão, os vapores desprendidos em direção ao seu nariz. Só realize
esta operação de for extremamente necessário e se houver conhecimento
das propriedades toxicológicas dos gases desprendidos, que podem ser
encontradas na FISPQ.

Figura 13 – Odor de compostos químicos.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
231

■■ Não deixe materiais e vidrarias quentes sem mensagens de advertência.


Outros colaboradores podem pegá-los inadvertidamente, podendo cau-
sar queimaduras, quebras e corte de membros.
■■ Certificar-se de que a válvula de segurança do gás metano (gás de cozi-
nha) está fechada quando não estiver utilizando esse produto.
■■ Os reagentes inflamáveis devem ser manipulados longe de fontes de igni-
ção, tais como: tomadas, bico de Bunsen, fogo, entre outros.
■■ Ao realizar aquecimento de tubos de ensaio em bico de Bunsen, realizar
esse aquecimento pela lateral da parede do tubo, e não pelo fundo, para
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promover um aquecimento uniforme. Não deixe a boca do tubo voltado


para seu rosto, pois o desprendimento de produtos químicos pode cau-
sar acidentes.

Figura 14 – Aquecimento de tubo de ensaio

■■ Existem diversos frascos de reagentes químicos semelhantes. Certifique-se de


utilizar o reagente correto pela identificação do rótulo do frasco. Despeje o
líquido presente no frasco com a parte oposta do rótulo para não o inutilizar
(escorrer sobre o rótulo) e prejudicar na identificação do produto químico.

Noções Básicas de Segurança e Cuidados Laboratoriais


232 UNIDADE V

■■ Todos os procedimentos que envolvam a liberação de vapores, sejam


eles voláteis, corrosivos, tóxicos ou inflamáveis, devem ser realizados na
capela de exaustão, bem como a manipulação de agentes microbiológi-
cos com potenciais riscos à saúde, que devem ser realizados em capelas
ou cabines de segurança biológica, em que há sucção dos componentes
presentes para fora do laboratório, em um sistema de coleta e tratamento
destes resíduos.

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Figura 15 – Cabine de segurança biológica

Substâncias corrosivas: as substâncias mais utilizadas que possuem caráter


corrosivo são os ácidos, as bases e os compostos halogenados. Quando o
efeito corrosivo dessas substâncias atinge a pele ou os tecidos vivos, o pro-
cesso é chamado de queimadura química. Neste processo, há a desnatu-
ração das proteínas e a hidratação, que remove a água dos tecidos em um
processo exotérmico, contribuindo para a queimadura.
Substâncias inflamáveis: aquelas que liberam vapores inflamáveis, que na
presença de uma fonte de calor, pode gerar fogo e explosão. Devem ser ma-
nipulados longe de chamas e em local ventilado ou aberto. Ex: etanol, o éter
etílico, hidrogênio, metano, propano, entre outros.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
233

Compostos tóxicos: os compostos tóxicos, como o próprio nome diz, são


tóxicos ao ser humano; dependendo da concentração a que se é exposto,
pode ser letal.
Compostos voláteis: são compostos que passam facilmente do estado líqui-
do para a fase vapor na temperatura ambiente, ou seja, sem a necessidade
de aquecimento. Ex: éter, álcool, acetona, entre outros. Devem ser mantidos
em embalagens fechadas para que não evaporem rapidamente para o am-
biente. Podem ou não ser inflamáveis ou tóxicos.
Fonte: Godoi (2016, p. 16).
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■■ Sempre que for efetuar a diluição de um ácido concentrado, principalmente


o ácido sulfúrico, adicione lentamente o ácido concentrado sobre a água.
Nunca faça o contrário. O processo inverso pode desprender moléculas
de gás hidrogênio de forma violenta, que podem carregar junto partícu-
las de ácidos, podendo atingir sua pele, olhos, entre outros.
■■ Atenção na diluição de substâncias. No caso da diluição de ácidos con-
centrados, grande parte dos processos são exotérmicos, ou seja, liberam
calor, deixando os recipientes quentes, podendo causar queimaduras.
■■ Na manipulação de frascos de reagentes químicos, deixe as tampas vol-
tadas para cima para evitar contaminações cruzadas.
■■ Não deixe frascos de reagentes abertos quando não estiverem sendo
manipulados. Alguns reagentes são voláteis e podem perder as proprie-
dades desejadas.
■■ Retire do frasco do reagente somente a quantidade que for necessária
para a prática química. Não retorne ao frasco original restos de reagen-
tes não utilizados, pois estes podem ser contaminados por vidrarias mal
lavadas, entre outros.
■■ Não introduza pipetas, conta-gotas, em frascos de reagentes químicos.
Para correta manipulação, retire a alíquota necessária em um recipiente,
por exemplo, um béquer, e então realize a transferência para o equipa-
mento desejado.

Noções Básicas de Segurança e Cuidados Laboratoriais


234 UNIDADE V

■■ Identifique os extintores de incêndio presentes no laboratório. Veja em


seu rótulo quais as indicações de uso, ou seja, para quais tipos de incên-
dios são destinados.
■■ Use corretamente os instrumentos de proteção individual (EPI) e de pro-
teção coletiva (EPC). Para saber quais são os aparelhos corretos a serem
usados, verifique as fichas de segurança de produtos químicos e siga as
orientações do Engenheiro de Segurança no Trabalho.
■■ Atenção para o uso de lentes de contato. Em geral, não é recomendado o
uso no laboratório, pois o respingo de produtos químicos nos olhos com

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lentes pode dificultar a sua retirada dos olhos. Elas podem ficar aderi-
das na retina.
■■ Não utilize roupas de natureza sintética. Dê preferência para roupas de algo-
dão. Roupas sintéticas, em caso de incêndios, podem ficar aderidas na pele.
■■ Lave as mãos após encerrar as atividades no laboratório.
■■ Evite trabalhar sozinho no laboratório. Em caso de acidentes, a pessoa
pode ficar inconsciente.

Alguns cuidados devem ser tomados quanto houver a manipulação de agentes


biológicos, por exemplo:
■■ Descrição dos produtos, materiais e resíduos: visa detalhar os produtos
resultantes de cada processo de trabalho;
■■ Descrição das equipes de trabalho: tem por objetivo um detalhamento de
todas as equipes de trabalho, bem como seu vínculo empregatício com a
empresa. A caracterização permite identificar o perfil da mão de obra do
determinado setor, como: quantidade de mão de obra, sexo, faixa etária,
grau de escolaridade e tempo de trabalho;
■■ Descrição das atividades dos trabalhadores: consiste num levantamento
das atividades e tarefas executadas por cada trabalhador, a frequência que
são exercidas e os locais. É importante realizar um levantamento com o
trabalhador sobre o nível de responsabilidade e atenção;

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
235

■■ Preenchimento da tabela: grupos de riscos; local/atividade: sintomas/sinais;


acidentes/doenças; recomendações: consiste na confecção de uma tabela
ou quadro de condições de trabalho do processo estudado. Para seu pre-
enchimento é fundamental a participação dos colaboradores;
■■ Preenchimento dos documentos da Norma Regulamentadora NR-5: esta
etapa consiste na representação gráfica dos riscos que deverá ser feita com
a base no layout do espaço físico do local de trabalho conforme o anexo
IV da Norma Regulamentadora nº 5 – NR-5 e da Portaria 3214 do MTb
(BRASIL, 2001). Os riscos devem ser indicados com círculos de diferen-
tes tamanhos e cores, de acordo com sua gravidade.
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EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

A Norma Regulamentadora (NR) n° 6, do Ministério do Trabalho e do Emprego


(MTE), determina que todo e qualquer tipo de empresa é obrigada a fornecer
aos seus trabalhadores, de forma gratuita, os equipamentos de proteção indivi-
dual (EPI) e equipamentos de proteção coletiva (EPC) adequadas ao risco e em
perfeitas condições de uso. Essa mesma regulamentação considera equipamento
de proteção individual todo dispositivo ou produto de uso individual, utilizado
pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar à segu-
rança e a saúde no trabalho (GODOI, 2016, p. 16).
Já o equipamento de proteção coletiva (EPC) trata-se de todo dispositivo, sis-
tema ou produto de uso coletivo que é destinado à proteção e promoção da saúde
em um ambiente de trabalho. Em outras palavras, trata-se de um equipamento que
pode ser utilizado por mais de um trabalhador para promover a segurança no local
de trabalho ou oferece a proteção a um grupo de pessoas (GODOI, 2016, p. 16).
A seguir, são relacionados alguns equipamentos de proteção mais comuns
nos laboratórios (GODOI, 2016, p. 16):

Noções Básicas de Segurança e Cuidados Laboratoriais


236 UNIDADE V

Óculos de segurança: é um EPI utilizado para a


proteção dos olhos, podendo ser fabricado por
diversos materiais, dentre eles acrílico ou plástico
rígido. Recomenda-se utilizar óculos com proteção
lateral, a fim de cobrir uma maior região dos olhos.
No laboratório de química, protege principalmente
contra o respingo de produtos químicos.

Luvas: utilizada para a proteção das mãos de agen-


tes corrosivos, cortantes, térmicos e biológicos, ou
seja, existe um tipo adequado de luva conforme o
risco e a atividade exercida. Ela pode ser fabricada

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por diversos materiais, como couro ou algodão,
para proteção térmica e mecânica; metal para pro-
teção de materiais cortantes; e nitrílicas, PVC ou
látex para a proteção contra reagentes diversos e
riscos microbiológicos.
Jalecos ou guarda-pós: recomendado o uso de
jalecos compridos e mangas compridas para pro-
teção dos membros superiores e corpo. É aconse-
lhado o uso do jaleco de algodão, já que os de fibra
sintética são altamente inflamáveis. É importante o
uso desse EPI para proteger o corpo contra eventu-
ais produtos químicos e biológicos que, acidental-
mente, possam entrar em contato com o corpo do
trabalhador (GODOI, 2016).
Sapatos de segurança: utilizado para a proteção
dos pés em atividades diversas. Para a proteção
contra reagentes químicos, pode ser utilizado sa-
patos fechados em geral. Para ambientes de traba-
lho úmido e escorregadios, é indicado o uso das
botas de PVC.

Máscara: o uso de máscaras em laboratórios de


química é muito comum, principalmente para usu-
ários que trabalham com produtos químicos que
são voláteis, como ácidos, ou com agentes bioló-
gicos que oferecem riscos à saúde. Para produtos
que são tóxicos, devem ser usadas máscaras com
carvão ativado, presente no refil, que absorve os
compostos tóxicos.
Figura 16 – EPIs: óculos de segurança, luvas, jaleco, botas de PVC, respirador

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
237

Em geral, os equipamentos, listados anteriormente, são de uso individual, ou


seja, tratam-se de EPIs. Os equipamentos de proteção coletiva tratam-se de todos
os dispositivos ou sistemas que promovem a proteção coletiva, para assegurar a
integridade física e da saúde de um grupo de trabalhadores. São exemplos de equi-
pamentos de proteção coletiva: sinalizações de segurança, proteção de partes móveis
de máquinas, corrimão de escadas, ventilação de locais de trabalho, extintores de
incêndio, kit de primeiros socorros, dentre outros. Nos laboratórios, alguns dos
principais equipamentos de proteção coletiva são (GODOI, 2016, p. 16):
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Cabines de exaustão química/biológica e cape-


la de fluxo laminar (capela): a capela de exaus-
tão química/biológica é utilizada para manipu-
lação de compostos químicos que desprendem
vapores, por exemplo os compostos tóxicos, que
podem causar danos à saúde, e também para
manipulação de agentes biológicos que possam
representar riscos à saúde. Os vapores são exau-
ridos para a parte externa, sendo destinadas a
equipamentos específicos que fazem a recupera-
ção deste produto e, posteriormente, tratamen-
to. Quando os agentes químicos e biológicos
não fornecem riscos à saúde pode ser utilizado
uma capela do tipo fluxo laminar. Neste caso, há
interesse em proteger o produto que está sendo
manipulado, e o fluxo de ar é direcionado para
fora da capela pelo espaço existente na abertura
frontal, indo em direção do usuário.
Lava-olhos: utilizados para lavar os olhos de
pessoas que possam ter o contato acidental com
produtos químicos.

Noções Básicas de Segurança e Cuidados Laboratoriais


238 UNIDADE V

Sprinkler: são chuveiros automáticos para a ex-


tinção de incêndio.

Chuveiros de emergência: utilizados para remo-


ver produtos químicos que possam entrar em con-
tato com o corpo dos trabalhadores.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 17 - Chuveiro de segurança, capela de fluxo laminar, lavatório de olhos, sprinkler

■■ Manta ou cobertor: utilizada para abafar ou envolver a vítima de incên-


dio, sendo indicada a confecção em lã ou algodão grosso.
■■ Mangueira de incêndio: utilizada para apagar incêndios.
■■ Detectores de gases: detectam a presença de determinados tipos de gases
(tóxicos, cáusticos, entre outros) e emite avisos sonoros para alertar os
usuários do laboratório sobre os perigos.
Até então, aluno(a), obtivemos uma visão geral das regras de segurança em um
laboratório, que devem ser conhecidas antes de se adentrar a esse ambiente,
para evitar acidentes. Regras específicas surgem da necessidade de cada labora-
tório, de acordo com os produtos que são manipulados, grau de periculosidade,
entre outros. Por exemplo, para um laboratório que manipula materiais que são
radioativos, existem outras normas que são muito específicas para esse tipo de
aplicação (GODOI, 2016, p. 16).
Muitos dos laboratórios possuem em sua entrada a informação sobre os riscos
envolvidos naquele ambiente, bem como a proporção do risco. Podem trazer tam-
bém uma indicação prévia dos EPIs recomendados para o uso. Apresentamos nesta
seção regras básicas e comuns, que são adaptadas para cada realidade e que podem
ter um maior ou menor grau de rigor, que irá depender do grau de risco envolvido.

PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO
239

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim desta unidade! Nela, incorporamos conceitos importantes dos


materiais, tais como miscibilidade e solubilidade que interferem no processo de
formação de misturas. Em termos das misturas, vislumbramos que elas podem
ser homogêneas e heterógenas, e que sua formação em uma destas classes vai
depender da interação entre os compostos participantes, ou seja, a polaridade
entre as moléculas. Entendemos a regra geral e generalista que define que “seme-
lhante dissolve semelhante”, nos permitindo explicar o motivo da água e o óleo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de cozinha não se misturarem: a água é um composto polar (há cargas parciais


em suas moléculas), enquanto que o óleo é apolar (é uma molécula neutra), e
pela ausência de forças atrativas, não se misturam, formando uma mistura hete-
rogênea. Vislumbramos ainda que um outro processo que interfere na formação
de misturas homogêneas e heterogêneas é a solubilidade. Se dissolvermos uma
quantidade excessiva de soluto em um solvente, acima de seu coeficiente de solu-
bilidade, parte do soluto não irá se dissolver, formando uma mistura heterogênea.
Além destas propriedades físicas estudas (solubilidade e miscibilidade),
estudamos também o ponto de fusão, o ponto de ebulição e a densidade. Estas
são propriedades fundamentais para permitir separar as misturas. Em unidades
anteriores estudamos as transformações da matéria, entre elas, as transformações
químicas, regidas por reações químicas. Em uma reação química são formados
compostos de interesse comercial, farmacêutico, biológico, mas formam-se com-
postos de pouco interesse, chamados de subprodutos. Estes compostos formados
ficam imersos em uma mistura homogênea ou heterogênea, e há a necessidade
de separação dos compostos de interesse.
Em seguida, passamos a ter um contato com técnicas experimentais da
química. Entendemos o processo de titulação e padronização, utilizada para ave-
riguar a concentração de soluções com caráter ácido e básico, e que se utilizam
de conceitos vistos em outras unidades: a neutralização, que é uma reação entre
um ácido e uma base. E por fim vislumbramos algumas regras básicas para atu-
ação no laboratório, destacando os mecanismos disponíveis para a proteção, tais
como o uso dos EPIs e EPCs. Até a próxima!

Considerações Finais
240

1. Durante o recebimento de amostras para a aprovação do leite “in natura” de


um determinado laticínio, o responsável pelo laboratório precisa decidir so-
bre o recebimento do leite. Uma das análises realizadas por esse laticínio, para
aprovação ou reprovação, é a de densidade. No laboratório, foi utilizada uma
proveta de 500,0 mL, previamente tarada na balança. Completou-se todo o vo-
lume da proveta, o leite a ser analisado, e se obteve uma massa de 542,05 g.
Com base nesses valores, considerando que os limites de densidade aceitáveis
para recebimento são 1,023 – 1,040 g/mL a 15°C e 1 atm. Determine se esse
recebimento foi aprovado ou reprovado.

2. As misturas têm grande importância na rotina das pessoas. Os automóveis uti-


lizam-se dos combustíveis, que é uma mistura homogênea entre seus consti-
tuintes. Sobre este assunto, leia as afirmações a seguir e marque a alternativa
que reúne as afirmações corretas.
a) A mistura homogênea ocorre quando temos mais de dois componentes e
não é possível fazer a sua separação.
b) A mistura homogênea ocorre quando temos, apenas, um componente, sen-
do possível realizar sua separação.
c) A separação de uma mistura homogênea, contendo água e sal, pode ser
realizada por meio de um processo de filtração simples.
d) Uma mistura heterogênea composta de sal e areia pode ser separada me-
diante um processo de levigação e isso só é possível devido à diferença na
densidade desses dois compostos.
e) Dentre as propriedades que caracterizam as misturas, tanto homogêneas
quanto heterogêneas, pode-se destacar o ponto de fusão, ponto de ebuli-
ção, a densidade, solubilidade, entre outras.
241

3. O ácido clorídrico HCl é muito utilizado em análises laboratoriais para neu-


tralização de soluções, para isso, há necessidade de se conhecer sua real con-
centração, que pode ser feito por titulação. Em uma titulação ácido-base, você
utilizou 30,0 mL de HCl para titular 80,0 mL de uma solução de Na2CO3
com concentração 0,0350 M (GODOI, 2016). A reação é apresentada a seguir:
HCl + Na2CO3 � → NaCl + H 2O + CO2
Determine a concentração da solução de HCl (em g/L) e assinale a alternati-
va correta. Não esqueça de balancear a equação.
a) 0,00280 g/L.
b) 0,204 g/L.
c) 6,81 g/L.
d) 20,4 g/L.
e) 28,0 g/L.

4. Um biólogo, fazendo trabalho de campo, necessitou coletar uma amostra de


um determinado afluente. Na análise titulométrica realizada, constatou que a
+ � 6
quantidade de íons H presentes era igual a 10 � mol L . Os parâmetros
aceitáveis de pH para aquela região testada variam entre 4 e 9. Calcule o valor
do pH da água amostrada.
a) 3.
b) 8.
c) 11.
d) 13.
e) 6.

5. Antes de entrar em um local que manipula ou armazena produtos químicos,


é necessário seguir algumas medidas para a garantia da segurança. Cite cinco
medidas de conduta comuns em laboratórios químicos.
242

NOVAS TECNOLOGIAS: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS


Uma membrana pode ser descrita como uma barreira semipermeável de separação física
entre duas fases, evitando contato íntimo entre elas. Processos de separação por membra-
nas caracterizam-se pela passagem de uma suspensão ou solução através de uma mem-
brana, ocorrendo separação seletiva dos componentes, sob o efeito de uma força motriz
que proporcione o transporte de matéria (BHAVE; RAMESH, 1991; SANTOS, 1999).
Existem duas configurações possíveis para a realização dos processos de filtração por
membranas. Nos processos clássicos de filtração, o fluido se movimenta na direção
perpendicular à superfície da membrana, sendo o processo denominado por filtração
normal. Desta forma, pode ocorrer rapidamente o acúmulo de partículas na superfí-
cie da membrana, diminuindo subitamente a eficiência da mesma. Por este motivo é
comum em processos contínuos optar-se pela filtração tangencial, na qual o fluido se
movimenta paralelamente à superfície da membrana sob ação de uma intensa força
motriz, minimizando, em condições determinadas, o acúmulo de matéria na superfície
da membrana (SANTOS, 1999).
Uma das principais propriedades pertencentes a uma membrana é conhecida por se-
letividade, sendo determinante na eficiência e qualidade dos processos de separação a
serem realizados. A seletividade de uma membrana pode ser definida como sua capaci-
dade de semipermeabilidade, sendo descrita em suas características de separação e de
permeação (BHAVE; RAMESH, 1991).
As forças motrizes mais comumente utilizadas para promover processos de separação
por membranas são gradientes de pressão, de campo elétrico, ou ainda de potencial
químico. Na realidade, o que caracteriza o tipo de separação envolvida é o conjunto de
características de uma determinada membrana, combinado com o tipo de força motriz
utilizada para promover o fluxo de matéria através da mesma, determinando assim qual
será sua aplicação.
Fonte: adaptado de Armoa e Jafelicci Junior (2011, on-line)3.
MATERIAL COMPLEMENTAR

O vídeo é bastante cômico, mas retrata as consequências em realizar procedimentos no


laboratório dos quais não se tem o devido conhecimento.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6aK2CKrdjbE.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

ABREU, D. G.; SILVA, G. M. Química básica experimental. São Paulo: Universidade


de São Paulo, 2016.
BRASIL. Norma regulamentadora 5 - NR 5. Comissão interna de prevenção de aci-
dentes – CIPA. 2011. Disponível em: http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/
nr/nr5.htm. Acesso em: 17 jun. 2019.
BRASIL. Norma regulamentadora 6 - NR 6. Equipamento de proteção individu-
al – EPI. Disponível em: http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm.
Acesso em: 17 jun. 2019.
BESSLER, K. E.; NEDER, A. V. F. Química em tubos de ensaio: uma abordagem para
principiantes. São Paulo: Blucher, 2011.
BROWN T. L.; LEMAY JR. H. E.; BURSTEN B. E.; MURPHY C. J.; WOODWARD P. M.; STOLT-
ZFUS M. W. Química: a ciência central. 13. ed. Rio de Janeiro: Pearson, 2016.
FONSECA, M. G.; BRASILINO, M. G. A. Química básica experimental. João Pessoa:
Universidade Federal da Paraíba, 2007.
GODOI, T. B. Química experimental. Maringá: Unicesumar, 2016.
RUSSELL, J. B. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1994.
LENZI, E. et al. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: F. Bastos, 2015.
MARTINS, G. A. V. et al. Laboratório de química geral experimental. Brasília: Uni-
versidade de Brasília, 2013.

REFERÊNCIAS ON-LINE
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Em: <https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/decantacao>. Acesso em:
14 jun. 2019.
2
Em: <http://andre-godinho-cfq-8a.blogspot.com.br/2012/12/escala-de-ph.html>.
Acesso em: 14 jun. 2019.
3
Em: <http://www.citec.fatecjab.edu.br/index.php/files/article/view/13/14>. Aces-
so em: 14 jun. 2019.
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GABARITO

1. O problema é muito simples de ser resolvido, bastando aplicar a fórmula da densidade:


m
d=
V
A massa é de 542,05 g e o volume de 500,0 mL, assim, a densidade nas condições
acima estabelecida fica da forma:

542, 05 g
=d = 1, 084 g mL
500, 0mL
Como esse valor está acima do limite máximo estipulado (1,040 g/mL), o leite
deve ser reprovado.
2. E.
Segue a justificativa das alternativas incorretas:
a) É possível separar os componentes de uma mistura homogênea.
b) Para ser mistura, necessariamente, devemos ter dois ou mais componentes.
c) Não, filtração é capaz de separar misturas heterogêneas.
d) Primeiro deve ser realizado uma dissolução, para dissolver o sal, então deve
ser realizado uma filtração, para separar a areia e, em seguida, uma evaporação,
para recuperar o sal.
e) Correto.
3. C.
Antes de iniciar, devemos balancear a equação:
2 HCl + � Na2CO� 3 → 2 NaCl + H 2O + CO2
A solução de carbonato de sódio tem a concentração de 0,0350 mol/L:
0, 0350 molNa2CO3 ................. 1000 mL
x .................. 80 0 mL x = 0, 00280 molNa2CO3

Pela estequiometria da reação:


2 molHCl 1 molNa2CO3
x .................... 0 00280 mol x = 0 00560 mol de HCl

Pela massa molar do HCl :


1 mol HCl ................. 36, 5 g HCl
0, 00560 mol .................. x x = 0, 2044 g de HCl
GABARITO

Mas temos essa quantidade de HCl em um volume 30,0 mL, precisamos des-
cobrir a quantidade em 1 L:
0, 2044 g HCl ........... 30, 0 mL
x ...... 1000 0 mL
x = 6, 81 g L HCl
4. E.
Como o exercício forneceu a concentração em quantidade de matéria do hidrô-
nio, basta utilizar a expressão do pH:

pH = − log [ H + ]
pH = − log [1, 0.10 6 ]
pH = 6 − log 1
pH = 6 − 0
pH = 6
5. I - Vista-se com roupas e calçados adequados (fechados). Cabelos compridos de-
vem ser mantidos presos. II - Não se deve comer ou beber em um laboratório.
Os alimentos podem ser contaminados, por exemplo, por vapores tóxicos, po-
dendo prejudicar a saúde dos trabalhadores. III - Evite o contato de qualquer
substância com a sua pele. Evite passar os dedos na boca, nariz, olhos e ouvidos.
Caso alguma substância química respingue em sua pele, deve ser lavada imedia-
tamente a área afetada com água em abundância. IV - Todos os procedimentos
que envolvam a liberação de vapores, corrosivos, tóxicos ou inflamáveis devem
ser realizados na capela de exaustão. V - Não utilize roupas de natureza sintética.
Dê preferência para roupas de algodão. Roupas sintéticas, em caso de incêndios,
podem ficar aderidas na pele.
247
CONCLUSÃO

A disciplina de Química Geral e Orgânica tem como principal objetivo apresentar os


conceitos fundamentais da química, com a finalidade de promover o aprendizado e
correlacionar este conhecimento com nosso cotidiano.
Abordamos de forma gradativa as principais áreas da química que são necessárias à for-
mação dos futuros profissionais deste segmento. Introduzimos os conceitos básicos da
química orgânica, definindo a matéria, os modelos atômicos que nos explicam, para
descrever o processo que ocorre tanto na fotossíntese quanto na respiração celular.
Posteriormente, conhecemos a lei da conservação de massa que nos permiti balan-
cear equações químicas e calcular a quantidade de reagentes consumidos e produ-
tos produzidos num processo químico.
Também foram identificadas algumas funções orgânicas de grande importância em
nosso dia a dia, e suas principais características relacionadas a seu grupo funcional.
Com isto, conseguimos vislumbrar as diversas propriedades destes compostos or-
gânicos, por exemplo, conservantes, solventes, corantes aplicadas a vários produtos
encontrados na indústria.
Por meio de mecanismo de reação, estudamos vários tipos de reações químicas,
como as chamadas reações de eliminação (desidratação), que resultam na produ-
ção de margarina, a partir de óleos vegetais, que é um produto que está inserido em
nossa alimentação diária há muitos anos.
Finalmente, por meio do conhecimento das características dos produtos químicos
e os cuidados que são requeridos no trabalho em um laboratório de química, pode-
mos realizar pesquisas em laboratório com maior segurança.
Concluímos, portanto, que os conceitos abordados de forma simples e didática nes-
te livro, serão de grande importância para o estudante, devido a este conteúdo estar
inserido e aplicado em várias situações nosso cotidiano.
ANOTAÇÕES

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