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SERMÃO DE SANTO

ANTÓNIO AOS PEIXES

Alegoria:
PEIXES Arrogância
Poder curativo
Parasitismo
Força e poder
Peixe de Tobias Roncadores Vaidade
Energia
Rémora Hipocrisia
Atenção Pegadores
Torpedo Voadores
Quatro-olhos Polvo

HOMENS

Crítica Social, através das


referências às virtudes e aos defeitos
dos peixes.

Intenção persuasiva e exemplarida de

Delectare Docere
Movere
(Deleitar) (Ensinar)
(Influenciar)
- Frases exclamativas; - Frases declarativas;
- Interjeições; - Frases imperativas; - Argumentos de
- Discurso figurativo: - Interjeições; autoridade;
alegoria, comparação, - Apóstrofes; - Explicação de conceitos;
metáfora; - Interrogações retóricas; - Trechos descritivos e
- Interrogações retóricas; - Outros recursos informativos;
- Outros recursos expressivos: gradação, - Discurso figurativo:
expressivos: gradação, anáfora, antítese e alegoria, comparação,
anáfora, antítese, enumeração; metáfora;
apóstrofe e enumeração; - Argumentos de - Outros recursos
- Elementos prosódicos: autoridade. expressivos: gradação,
entoação, pausas anáfora, antítese e
silenciosas, variações de enumeração.
ritmo, modulações de voz.
SERMÃO DE SANTO
ANTÓNIO AOS PEIXES
Vieira - defensor dos índios momento de comprovação ou demonstração
das afirmações do orador. O
Os colonos exploravam de uma forma desenvolvimento do seu pensamento faz-
desumana os índios. se por meio de dois tipos de
Em 1653, depois de chegar do Brasil, argumentos: de autoridade e baseados
Vieira descobre que mais de dois em exemplos.
milhões de índios haviam sido mortos PERORAÇÃO - destinada à recapitulação
em quatro décadas de colonização. da essência do que se disse. É a
Defendia os seus direitos e pretendia última oportunidade que o orador tem
a abolição de leis que os tornavam para impressionar, convencer e
cativos. influenciar o auditório recorrendo aos
Pronuncia o célebre Sermão de Santo melhores argumentos.
António aos Peixes, que deixou
enraivecidos os espíritos por aquelas Intenção persuasiva e
paragens.
O tema do sermão é a denúncia das
exemplaridade
atrocidades que os índios sofrem às Os homens devem:
mãos dos colonos. imitar as virtudes dos peixes;
Toda a crítica é feita sob a forma de afastar-se dos defeitos dos peixes,
alegoria. que são, de acordo com o discurso
alegórico, os seus.
Alegoria Vieira e o Estilo Engenhoso
Elabora uma ampla alegoria em que se
Propriedade vocabular;
propõe louvar, por um lado, e criticar,
Precisão;
por outro, os peixes.
Clareza;
Atribui-lhes qualidades que não encontra
Harmonia expressiva;
nos homens, no primeiro caso, e critica-
Sentido do ritmo;
lhes os defeitos comuns aos mesmos
Construção hábil e geométrica de
homens, no segundo caso.
frases e parágrafos;
O que preocupa Vieira são os
Grande frequência de verbos dinâmicos
comportamentos errados dos homens,
e apelando aos sentidos, sobretudo à
contra quem, afinal, este sermão
visão;
constitui uma vigorosa diatribe.
Uso de metáforas, imagens, hipérboles,
Estrutura Interna hipérbatos, etc;
"Hábil combinação do estilo amplo,
EXÓRDIO - momento em que o orador expõe o
espraiado, com densidade concisa,
assunto do sermão que pretende defender a
própria do estilo humilde, familiar e
partir de uma conceito predicável.
introspetivo".
Pretende alcançar a benevolência, a
Grande importância à palavra do ponto
simpatia e atenção dos ouvintes. Termina
de vista fónico, gráfico, morfológico,
com uma invocação a Deus ou à Virgem.
sintático, semântico;
EXPOSIÇÃO - faz parte do desenvolvimento
Grande importância conferida aos
do sermão e constitui o momento em que
"jogos de palavras", à maneira bem
faz a contextualização do assunto do
típica do Barroco.
sermão.
CONFIRMAÇÃO -  também faz parte do
desenvolvimento do sermão e constitui o
A História por trás da ação Elementos da Tragédia
A ação está sujeita ao seguinte esquema:

Frei Luís de Sousa
Manuel de Sousa Coutinho, filho de
Hybris - desafio do destino:
Lopo de Sousa Coutinho e de D. Maria
- D. Madalena apaixonou-se por
de Noronha, dama da rainha D.
Manuel de Sousa ainda casada com D.
Catarina.
João de Portugal.
Oriundo de uma família da melhor
- Casamento de D. Madalena e
nobreza do reino.
Manuel (incerteza quanto à morte do
Começou por seguir a carreira das
primeiro marido).
armas, sendo um Cavaleiro da Ordem
- Incêndio no palácio (desafio às leis
de Malta.
políticas).
Esteve algum tempo cativo em Argel,
Ágon - conflito interior, dilemas:
após isso, passou dois anos em Valença. - D. Madalena: culpada de amar
1580 - nomeado alcaide-mor do castelo Manuel de Sousa ainda casada com D.
e capitão-mor da gente das ordenanças João de Portugal.
de Marialva e seu termo. - Telmo de Pais: dividido entre o
1582 - Filipe II concede-lhe o amor por Maria e por D. João.
acrescentamento de moço fidalgo, com Peripeteia - peripécia, mudança:
correspondente aumento de moradia. - O incêndio provoca a mudança de
1583 - casou-se com D. Madalena de palácio: precipitação dos
Vilhena, viúva de D. João de Portugal acontecimentos.
desaparecido em Alcácer Quibir. - A chegada do Romeiro: altera a
1613 - após o falecimento da filha, ordem familiar.
Manuel e Madalena resolvem professar Ananké - destino implacável:
em conventos da Ordem Dominicana. - Comanda inquestionavelmente o
Tomou o hábito em 1614, após o ano de destino das personagens: o incêndio
noviciado, com o nome conventual de do palácio de Manuel de Sousa serve
Frei Luís de Sousa. para encaminhar as personagens até
ao ponto em que o destino as quer
Linguagem e Estilo apanhar: a casa de D.João de
Texto dramático escrito em prosa; Portugal.
Marcas fundamentais do diálogo; Pathos - sofrimento:
Estruturas frásicas e discursivas - O sofrimento atinge todos os
características da oralidade e da protagonistas: D. Madalena (culpas e
coloquialidade; dúvidas angustiantes); Manuel de
Coexistência dos registos informal e Sousa (revolta e indignação; sofre
formal; pela filha); Telmo Pais (angústias);
Vocabulário corrente e acessível; Frei Jorge (sofre pela família); Maria
Moderação no uso de linguagem de Noronha (a doença; os presságios;
figurativa; o sofrimento final).
Clímax - auge:
Vocábulos e construções em desuso no
- Final do Ato II: o Romeiro informa
século XIX, conferindo o tom epocal do
que D. João de Portugal se encontra
século XVI;
vivo.
Palavras próprias da expressão de Anagnorisis - reconhecimento:
sentimentos e de emoções; - A identificação do Romeiro como
Interjeições e locuções interjetivas; sendo D. João de Portugal (final do
Reiterações constantes; Ato II e final do Ato III).
Frases inacabadas; Katastrophé - catástrofe, desenlace
Diálogos vivos; falas curtas, palavras trágico:
soltas, sequências de monossílabos, - Morte de Maria de Noronha;
interrupções; - Separação do casal e "morte" para o
Diálogos  entrecortados e mundo - morte social.
subentendidos;
Obedece a uma estrutura constituída por
Monólogos pouco extensos:
exposição, nó e desfecho; o avanço do
Pontuação expressiva (reticências e
progresso de degradação deve-se à
pontos de exclamação);
intervenção do destino que pesa sobre as
Recurso a frases de tipo exclamativo e
personagens; respeita-se a lei das três
interrogativo;
unidades.
Pausas, que se manifestam nas frases
inacabadas,
Dimensão Patriótica e a sua Expressão Simbólica

Frei Luís de Sousa Em Frei Luís de Sousa são evidenciados


os valores do patriotismo e da
liberdade, reflexo dos ideais liberais e
do romantismo que marcam a época
escrita da peça.
Com o Romantismo, a Literatura passa
O domínio filipino de 1580-1640 e os
sentimentos de humilhação e de perda
de identidade nacional;
A recusa e a resistência de muitos
portugueses à ocupação castelhana.

a estar ao serviço da afirmação do Dimensão Simbólica


patriotismo e adquire um caráter O patriotismo e a nobreza de Manuel de
pedagógico. Desta forma, Almeida Sousa Coutinho na resistência à
Garrett recorre a figuras e ocupação do seu palácio pelos
acontecimentos históricos para levar o governadores castelhanos, através do
público a refletir sobre a situação incêndio que provoca;
política, social e literária da sua época; O entusiasmo e o orgulho manifestados
instabilidade política, marcada pela por Maria e Telmo face ao exemplo de
guerra civil entre absolutistas e liberais honra e de heroísmo de Manuel de
(1828-1834). Sousa Coutinho.
Frei Luís de Sousa representa o O Sebastianismo de Telmo e Maria.
protesto e a recusa de todas as formas
de tirania e opressão. A Expressão simbólica do
Para o homem que colaborou nas leis
de Mouzinho da Silveira, o conceito de Patriotismo
progresso é indissociável do de Equivalência entre a situação de
liberdade. instabilidade nacional no tempo de
No Frei Luís de Sousa é proposto um Almeida Garrett (século XIX) e a vivida
"exemplum" catastrófico: Maria e as no tempo de ação (século XVI).
outras personagens revestem "um valor Necessidade de encontrar, no século
universal ou nacional, são símbolos da XIX, o orgulho de ser português.
Pátria". Crítica ao poder absolutista vigente no
O texto constrói um jogo dramático de século XIX.
ecos e sombras em que se movem (e se
perdem) as personagens. Alcácer Quibir
D. João de Portugal, nome duplamente O menor número e impreparação dos
indicador, simboliza o Velho Portugal - combatentes, a carência de bons
o Portugal heróico do passado, comandos, a desordenada atuação do
postumamente ressuscitado; é o Pai, rei levam ao desastre da jornada de
que é forçoso "matar" de novo, para que África.
a nova ordem possa surgir. A 4 de agosto de 1578, nos campos de
É Ninguém - imagem dum eu esvaziado Alcácer Quibir, jazia D. Sebastião e com
de identidade, a que a teia frágil dum ele milhares de homens.
falso amor tentara, em vão, garantir um
ser fictício. O Sebastianismo
O Romeiro, que do Oriente nos veio,
A figura do Desejado, "maravilha fatal
não será herói salvador ou vítima
da nossa idade", como disse o épico, foi,
redentora, mas cadáver desenterrado
continua a ser, um dos grandes temas
dos areais do tempo, erguido do espaço
da literatura portuguesa.
que a sombra imensa do passado
A literatura chorou, com a perda de D.
invade e arrastando consigo aqueles
Sebastião, o desfazer das esperanças
que, incautos ou prevenidos, lhe
desmedidas, a ruína dum povo que,
abrirem as portas do presente.
havia pouco, deslumbrara o mundo
Figuras e Acontecimentos com os Descobrimentos e a criação
dum grande Império.
Históricos O Frei Luís de Sousa é a tragédia
A Batalha de Alcácer Quibir (1578); portuguesa, sebastianista. O fatalismo e
Desaparecimento de D. Sebastião, nessa a candura, a energia e a gravidade, a
batalha: tristeza e a submissão do génio
Crença popular no regresso de D. nacional, estão ali. Não é clássico, nem
Sebastião; romântico: é trágico.
Amor
De o caso do tio paterno, Simão Botelho, que também havia estado preso,
Perdição por semelhantes delitos.
É a partir desses e de outros factos, alterados ou imaginados, que,
com rapidez fulgurante, vai criar a romanesca história de amor
narrada nesta obra.
O facto de o protagonista - que, na conclusão, é identificado como
O Estilo Próprio de Camilo o tio do autor da obra - ter um percurso biográfico com pontos de
Toda a crítica atual considera que
contacto com Camilo Castelo Branco virá conferir um maior
Camilo deve um grande tributo ao
dramatismo dos eventos enunciados, tal como um maior interesse
Romantismo.
por parte dos leitores.
Mas não pode ser encarado
O autor procura, acima de tudo, evidenciar a injustiça subjacente
simplesmente como um romântico,
à história trágica de Simao e de Teresa. É por esta razão que o
pela maneira como analisa os
narrador assume, desde o início, uma posição subjetiva em
sentimentos e ações das personagens;
relação Às personagens e aos eventos narrados, sublinhando o
pelas justificações e explicações dos
caráter heroico dos protagonistas.
acontecimentos, pela crítica a
Camilo procura justificar a sua própria transgressão das normas
determinado tipo de educação e
da sociedade, mostrando que, na realidade, se tratava de uma
leituras, pelo pormenor e espírito
revolta legítima contra um meio em que a liberdade e a felicidade
observador.
dos indivíduos eram sufocadas por convenções mesquinhas.
Camilo mantém-se um narrador de
histórias românticas e/ou A obra como crónica da mudança social
romanescas, com lances empolgantes A província:
e situações humanas comoventes. Pressão exercida sobre os protagonistas por uma disciplina que
Nem tudo em Camilo "é pura se apoia nas instituições.
expansão sentimental". A tradição familiar e a reputação pessoal contam mais.
O romantismo de Camilo é um A existência de Simão impôs ao autor que situasse a novela no
romantismo em boa parte dominado, século XIX, antes da revolução liberal.
contido, classicizado. As instituições repressivas:
Ao lado do seu alto idealismo Apresenta igualmente um grito de denúncia de uma sociedade
romântico, surge a viril contenção da repressiva que atua através da instituição familiar (autoritarismo
prosa, um bom senso ligado às paterno, casamentos de conveniência, inferioridade da mulher).
tradições e a certos cânones clássicos. Ao reagirem contra a instituição familiar, caem sob a alçada de
outras instituições repressivas: Igreja ou a Justiça.
Sugestão biográfica Mariana é vítima da autorrepressão, provocada pela sua condição
A 1 de outubro de 1862, apresentava-se
social e por ser mulher.
Camilo à prisão, na Cadeia da Relação
Linguagem, Estilo e Estrutura
do Porto.
1. O Narrador
Estava pronunciado, com Ana Plácido,
Entidade que existe na história e relata os acontecimentos.
por crime de adultério.
Podemos associar à figura do autor.
Para superar a angústia da situação,
Heterodiegético, ainda assim, relata a história de forma subjetiva.
Camilo lê, escreve e, sobretudo, evoca
Amor
De 4. Concentração temporal da ação
Perdição Narrada de forma linear, relatando-se os acontecimentos por
ordem cronológica.
Há momentos de retrospetiva, em que se narram antecedentes da
ação. (capítulo I)
A narração é acompanhada por juízos
Inicialmente os acontecimentos são relatados em ritmo acelerado
emitidos sobre as personagens e sobre
(no Capítulo I são narrados 3 anos), como resultado, não há uma
a sociedade.
proporcionalidade entre o tempo cronológico e o tempo da
Apresenta a sua opinião, comenta,
narrativa.
tira conclusões e desenvolve reflexões
Se inicialmente é rápida e avança, o ritmo abranda quando se
e críticas.
trata o conjunto de peripécias. Mais adiante, perde-se a noção de
Dirige-se a um narratário, que
tempo quando a narração se concentra na vivência interior do
designa por "leitora" ou "leitor",
amor, que é expressa em cartas e reflexões.
envolvendo os leitores na avaliação do
Neste momento, encontramos uma evocação dos sentimentos e
mundo e das personagens da intriga,
dos factos passados pelos dois amantes.
veiculando as ideias centrais da obra.
O tempo psicológico manifesta-se aqui e traduz-se nos períodos
É omnisciente, domina por completo
de reflexão das personagens (quando pensam um no outro) ou na
os acontecimentos, conhece
espera de correspondência.
totalmente as personagens.
5. As cartas
2. Linguagem
Extensão moderada.
Dominado por um nível de língua
Simplicidade e clareza de estilo.
corrente, mas outros níveis de língua
Subjetivismo (tom confessionalista, centrado eu).
intervêm, consoante o enunciador
Linguagem sentimentalista.
que produz o discurso (vivo e
Abundância de recursos expressivos.
espontâneo quando fala a gente do
6. "Reportagem direta dos acontecimentos"
povo, mas convencional e esmerado
Rapidez das peripécias.
quando falam os nobres).
Concisão dos diálogos.
Dominam a frase curta e a
Ausência de divagações filosóficas.
coordenação, que contribuem para
Linguagem simples.
conferir ritmo e vivacidade à narração
dos acontecimentos. Tema da Revolução Francesa
Recursos Expressivos: ironia e O Tema da Revolução Francesa está presente com o objetivo de:
metáfora (exprimir os sentimentos Apresentar a ideia de mudança que começava a pairar sobre
das personagens). Portugal .
3. Os diálogos Justificar a rebeldia de Simão Botelho (durante a sua adolescência,
São vivos, animados e carregados de antes de conhecer Teresa) que é compreensível à luz dos ideais
tensão, mas, por vezes, longos, plenos defendidos durante este período.
de virtuosismos, para fazer avançar a
ação. As personagens expõem-se
através deles.
Os Maias
Visão Global cortejar Maria Eduarda,
É possível reconhecer um
paralelismo entre os
Memo aparentemente casada
e, mais tarde, ao
personagens da família cometer incesto
Maia e os diferentes Os Espaços consciente.
momentos da História de Com a descrição minuciosa Agón (conflito, dilemas)
Portugal: destes espaços, o narrador -  Carlos mostra-se
Caetano (pai de Afonso) envolve as personagens em dividido entre ser feliz
- Absolutismo e os seus cenários que ajudam a com Maria Eduarda e
valores retrógrados. explicitar o seu não provocar desgostos
Afonso da Maia - figura comportamento, pelo que ao avô.
emblemática do os espaços interiores são Ananké (destino
Liberalismo romântico, como que um implacável) - Fatalidade
chegando a sofrer o prolongamento que persegue a família
exílio da pátria. significativo do perfil das desde que Pedro se
Pedro - política da mesmas: casou com Maria
Regeneração (1852) e do Os pormenores da Monforte; A mão do
Ultrarromantismo. decoração do destino aciona-se
Carlos - espírito da Ramalhete estão em através do Sr.
Geração de 70 e sintonia com o culto do Guimarães, mensageiro
símbolo do ócio, do diletantismo, da desgraça.
subsequente da incapacidade de Pathos (sofrimento) - O
Vencidismo. realização prática que sofrimento atinge
Estruturação caracterizam Carlos. todos os protagonistas,
A decoração do sobretudo depois da
A arquitetura do romance
consultório de Carlos revelação do parentesco
conjuga três dimensões
está intimamente entre Carlos e Maria
estruturadoras:
ligada à ociosidade e Eduarda.
os antecedentes e a
tédio da personagem. Peripeteia (peripécia)
evolução da família
O luxo da "Toca" está -  Revelações e entrega
Maia;
adaptado ao gosto do cofre a Ega.
a intriga amorosa
requintado de Carlos. Anagnórise
relativamente a Pedro
Ação trágica n'Os (reconhecimento)
da Maia, Carlos da
-  Reconhecimento da
Maia e Ega, Maias
identidade verdadeira e
destacando-se, Protagonistas -
do passado de Maria
naturalmente, a intriga Condição elevada de
Eduarda.
central, organizada em Carlos, Maria Eduarda
Clímax (auge) -
torno da relação e Afonso da Maia.
Consumação
incestuosa de Carlos e Tema clássico - o
consciente do incesto
Maria Eduarda; incesto.
por parte de Carlos.
a visão e a crítica dos Hybris (atos
Katastrophé (catástrofe)
costumes quotidianos desafiadores) - Desafio
- Morte de Afonso;
da sociedade lisboeta de Carlos aos valores
Separação de Carlos e
no final do século XIX. morais e sociais ao
Maria Eduarda.
Os Maias
Presságios
novas ideias literárias.
Vilaça "aludia mesmo a
uma lenda, segundo a
Memo Cruges - talentoso,
acanhado, tímido;
qual eram sempre durante muito
fatais aos Maias as As personagens na
tempo não é
paredes do Ramalhete"; crítica de reconhecido.
Maria Monforte dá o Craft - inglês,
costumes.
nome do último Stuart, dandi, colecionador
Dâmaso Salcede - é
o príncipe Carlos de arte, excêntrico,
uma súmula de
Eduardo, ao filho: "Um calmo.
defeitos; vaidoso,
tal nome parecia-lhe Palma Cavalão -
egoísta, gabarola,
conter todo um destino oportunista;
cobarde, falta de
de amores e façanhas."; representa o
integridade sem
"Maria Eduarda, Carlos jornalismo corrupto
respeito pelas
Eduardo... Havia uma e vergado ao poder.
mulheres; representa
similitude nos seus Steinbroken -
uma classe social sem
nomes. Quem sabe se estrangeiro; observa
princípios morais e
não pressagiava a Portugal de forma
ociosa.
concordância dos seus neutra.
Eusebiozinho - produto
destinos."; Raquel Cohen e a
da educação tradicional
Em casa de Maria condessa de
portuguesa; ridículo na
Eduarda, há "um vaso Gouvarinho -
infância e na idade
do Japão onde vaidosas e ociosas;
adulta; fraco, imaturo e
murchavam três belos educadas no
influenciável.
lírios brancos", símbolo Romantismo;
Jacob Cohen -
da destruição dos três infelizes no
representa o poder
membros da família casamento,
económico; simboliza a
Maia; cometem adultério,
burguesia que ascende
Na Toca, há uma mas sem
socialmente, mas sem
tapeçaria que encontrarem a
inteligência nem
representa os amores felicidade.
escrúpulos.
de Vénus e Marte
Conde de Gouvarinho - Narrador
(relação incestuosa) e
representa o poder Ausente da ação,
um quadro com "uma
político, a retórica oca; mas apresenta uma
cabeça degolada, lívida,
é incompetente, posição de domínio
gelada no seu sangue"
retrógrado, mesquinho total da narrativa -
de S. João Batista
e medíocre, sem visão omnisciente.
(sacrifício do avô aos
política, provinciano. Focalização interna
amores dos netos);
Tomás de Alencar - - é através dos olhos
Semelhanças físicas
representante do e juízos de Carlos e
entre Carlos e a mãe,
Ultrarromantismo, Ega que o meio é,
evidenciadas por Maria
sentimental, muitas vezes,
Eduarda.
exagerado, teatral analisado.
antiquado, avesso às
Antero de Quental
configurações do ideal

Procura de uma finalidade para a


existência humana

Busca do Ideal Libertação na noite


Ânsia de absoluto Transcendência
Desejo de sonhar religiosa

Realização plena e perfeita Luz rompe as trevas para alcançar


o Bem

ANGÚSTIA EXISTENCIAL

Consciência da imperfeição Vida terrena sem


humana alegoria

Tristeza
Frustração
Pessimismo
Deceção
Desencanto
Desistência
Cansaço

Triunfo da dor e do mal Morte


Ausência de esperança
Antero de Quental
Angústia existencial Inquietação espiritual e desassossego;
Insatisfação perante o real;
Desencanto, angústia, dor, morbidez,
frustração e cansaço;
Interiorização reflexiva;
Incessante procura de um sentido para
a existência;
Desilusão e incredulidade face à luta

Refúgio no sonho e na transcendência religiosa.

Perfeição e plenitude das


Configurações do Ideal realizações (imaginárias ou reais)
do "eu".

Antero exprime a revolta e o inconformismo da sua geração perante uma situação


social, política e cultural conservadora e retrógrada, fomentada por um Romantismo
que não conseguiu concretizar os ideias que defendera.
Mestre e mentor, inspirador e símbolo da Geração de 70, a sua personalidade está
intimamente ligada à vida cultural e social em que, ativamente, participou.
A poesia de Antero exprime as preocupações do ser humano que reconhece a sua
condição e a sua fragilidade, que sente esperanças e sofre os desalentos, que duvida
perante os mistérios da criação, da morte e de Deus.
Antero luta por ideais feitos de amor, de justiça e de liberdade. Esperança e desilusão
são duas forças constantes no seu pensamento e na sua vida, entre as quais tudo oscila.
Idealista, acaba por considerar empobrecedoras as concretizações da Ideia. Dai as
deceções constantes, sentindo que a sua luta não está a conseguir os resultados
projetados.
Com dificuldade em libertar-se das adversidades. Antero dirige o seu pensamento para
o divino, embora não abandone o seu racionalismo.
O pensamento de Deus surge, frequentemente, associado à morte, considerada como a
verdadeira libertação.
FERNANDO PESSOA.
FINGIMENTO ARTÍSTICO Esta consciência da oposição entre sonho e
O discurso poético pessoano afirma-se a realidade torna, no entanto, esse momento de
partir da "aprendizagem de não sentir senão felicidade numa ocasião de insatisfação.
literariamente as 'cousas'". --> Fingir O sonho é sempre uma ilusão e a felicidade
sentimentos, até mesmo os verdadeiramente procurada é quase sempre uma desilusão.
experienciados. O poema "Não sei se é sonho se realidade"
Negação da ideia romântica do poeta como um constitui um momento de reflexão sobre a
confessor, filtrando tudo através da oposição entre a ilusão do sonho e a amargura da
inteligência - Tudo é inteligência e todo o realidade.
texto é produto da imaginação. NOSTALGIA DA INFÂNCIA
A verdade e a sinceridade são artisticamente Sente uma grande saudade da infância, mas trata-
trabalhadas - não deixam de existir. se de uma saudade, de uma nostalgia imaginada,
Os poemas "Autopsicografia" e "Isto" intelectualmente trabalhada.
instituem a verdadeira Arte Poética, Afirma que a saudade é "atitude literária",
Intelectualização da sensibilidade. símbolo de pureza, inconsciência, sonho, paraíso
A "dor lida" não corresponde às duas dores, perdido.
a sentida e a fingida, que só o autor pode, O tom de lamento que perpassa nalguns dos seus
por natureza, conhecer. A dor "que eles não poemas resulta do constante confronto com a
têm" é aquela cuja existência os leitores criança que outrora foi, numa Lisboa sonhada,
sentem sem precisarem de a sentir como sua. mas, ao mesmo tempo, real porque familiar.
Reiterar a importância da interpretação na Refugia-se numa infância, regra geral,
poesia. desprovida de experiência biográfica e submetida
a um processo de intelectualização.
DOR DE PENSAR
Aspiração à vida instintiva.
HETERONÍMIA
Além de escrever em nome próprio, Fernando
Formula uma ambição impossível de ser
Pessoa escreveu, também, sob a assinatura de
conscientemente inconsciente.
Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Sabê-la impossível, contagia de tristeza o
Mas estes não são simples pseudónimos,
canto da ceifeira.
constituem autores autónomos com biografias,
A lucidez interfere para destruir, e o
personalidades e estilos próprios.
pensamento de Fernando Pessoa, aguilhoado
São designados de heterónimos, uma palavra que
pela fome do absoluto, conduz a uma situação
significa "outros nomes".
dilemática intransponível.
Ao longo de toda a sua vida, Pessoa terá criado
SONHO E REALIDADE mais de 100 heterónimos, semi-heterónimos e
É recorrente a dicotomia sonho/realidade. outras personalidades.
O sonho pode ser, muitas vezes, uma forma de Para Pessoa, estes outros "eus" são tão reais
evasão para o sujeito poético que se sente que até diz conseguir vê-lo.
prisioneiro no interior de si mesmo. Para cada heterónimo, apresenta-nos dados tão
A presentificação da realidade através do concretos como os da sua própria biografia.
sonho torna-a possível de alcançar e permite A heteronímia pode ser vista como um palco onde
ao "eu" aspirar a atingir a felicidade. Fernando Pessoa exponha a sua pluralidade e
As imagens sonhadas são uma forma de contradições interiores, explorando todas as
experienciar a ilusão de felicidade muito possibilidades dos seus múltiplos "eus".
diferente da amargura da realidade.
FERNANDO PESSOA.
FINGIMENTO ARTÍSTICO

PENSAR SENTIR

A dor de pensar
Tensões:
- pensar/sentir
- consciência/inconsciência
- pensamento/vontade
- fingimento/sinceridade
Intelectualização permanente.
Inveja e desejo de
inconsciência.

Consciência Inconsciência

Infelicidade Felicidade

Realidade Sonho
Tédio existencial (desalento
e angústia).
Introspeção e autoanálise
(estranheza e Refúgio e evasão
desconhecimento do "eu").
Fragmentação interior (drama
da identidade perdida)

Nostalgia da Infância
Tempo de pureza, felicidade, inconsciência e unidade
Saudade intelectual e literariamente trabalhada
FERNANDO PESSOA.
ALBERTO CAEIRO RICARDO REIS
TEMÁTICAS: Latinista e helenista, tendo incorporado, na sua
Comunhão com a Natureza poesia, o rigor, como convém aos princípios do
- relação de comunhão com a natureza, integrando-se estilo clássico.
nela e identificando-se com os elementos naturais Nas suas odes, e através de uma linguagem culta
que observa. e alatinada, Reis propõe uma concessão de vida
- crença na natureza e divinização dos elementos como um espetáculo, em que cada dia emerge como
naturais --> pagão. uma novidade e um fim em si mesmo, uma unidade
- aspira à conciliação e harmonia entre o natural e durante a qual o homem se deve libertar das
o humano. amarras de paixões desnecessárias e viver de
Primazia dos sentidos forma equilibrada e serena, sem desassossegos
- primazia das sensações como forma de alcançar o grandes.
conhecimento do mundo. Diferente de Caeiro, Reis abraça a sua
- priveligia a visão para aceder à verdade (ciência humanidade numa atitude racional, controlada e
de ver). oposta à recusa de pensamento ostentada pelo
- recuso o pensamento. mestre.
- apologia ao objetivismo --> associa o pensamento
a uma doença dos olhos. TEMÁTICAS:
Atitude Anti-metafísica Estoicismo - corrente filosófica que considera
- o mundo não exige atitudes de análise e ser possível encontrar a felicidade desde que se
interpretação, mas sim de apreensão imediata do viva em conformidade com o destino.
real através da perceção das formas, cores e - o ser humano deve ser indiferente às emoções e
sabores. não deve ceder ao impulso dos instintos e das
- questiona-se. paixões.
A teoria e a prática poéticas - deve aceitar com naturalidade o poder do destino
- defesa da naturalidade, revestida de uma aparente e ter uma atitude de abdicação que lhe permitirá
simplicidade. controlar a sua vida e, segundo as palavras de
- a sua poesia insinua-se espontânea e natural. Horácio, ser o rei de si mesmo.
- nesta aparente simplicidade, Caeiro deixa-nos uma Epicurismo - defende o prazer como caminho da
poesia pensada e trabalha que reflete um desejo de felicidade, mas, para que a satisfação dos
verdade natural e de paz, de viver sem sentidos desejos seja estável, é necessário um estado de
filosóficos e de acordo com a máxima "Assim é, ataraxia.
assim será". - defende a procura da felicidade relativa e um
estado de ataraxia (estado de tranquilidade, sem
Desejo de tornar a vida num elemento natural. qualquer preocupação).
A morte surge como algo inerente à vida. - advoga, através dos seus versos, a arte de
Aceita a vida e a morte, sem nelas pensar. atravessar a existência sem preocupação.
- o estado de tranquilidade absoluta, ou pelo menos
INFLUÊNCIAS NA... a sua ilusão, implica uma moderação nos prazeres e
Poesia de Ricardo Reis: o gosto pela natureza e uma fuga às sensações extremas, que perturbam e
a calma aceitação da ordem das coisas. desiquilibram a existência humana.
Poesia de Álvaro de Campos: sensacionismo (ainda
que em moldes diferentes).
FERNANDO PESSOA.
Carpe Diem Horaciano - necessário à felicidade, - inspirado pelos avanços técnicos, expressa a
na visão de Horácio. vontade de ultrapassar os limites das próprias
- o ser humano deve viver tranquilamente, sem sensações.
memória do passado, nem desejos para o futuro. - traduz um imaginário épico que se verifica ao
- deve aproveitar os momentos bons de cada dia e nível do conteúdo e da forma - canta-se a
viver um dia de cada vez. civilização moderna e as maravilhas do progresso e
- o presente surge como o tempo da realização. da técnica, em longas odes, onde o ritmo é rápido e
- satisfação de aproveitar o dia e os prazeres do a pontuação emotiva.
momento presente. - "Sentir tudo de todas as maneiras,/Viver tudo de
Consciência da mortalidade todos os lados."
- constrói a sua poesia sobre a consciência de que 3ª Fase abúlica e intimista (Aniversário)
a vida é efémera, que o passar do tempo é - depois de cantar, louvar tudo, o tema acabou.
inelutável e a morte algo inevitável. - abatimento de alma, tédio existencial que se
- indiferença cética, que é, para Reis, um ato de expressa em cansaço, angustia e sentimentos de
lucidez de quem sabe que tudo tem um fim e que está frustração.
tudo traçado. - é dominado pela solidão e desejo de isolamento,
ÁLVARO DE CAMPOS perante a incapacidade das realizações.
1ª Fase decadentista (Opiário) - consciência do conflito entre a realidade, ele
- reflete uma atitude de desilusão e tédio perante próprio e os outros, traduz-se numa dificuldade de
o desenrolar de uma vida monótona e sem objetivos. socialização.
- o cansaço, a frustração e o enfado levam Álvaro - empurra Campos para a introspeção de tom
de Campos a procurara evasão para um "não lugar" e pessimista.
a ver no ópio um refúgio. - dor de pensar, sensação de vazio e inutilidade de
- o sujeito poético procura, então, novas tudo.
sensações.
- exibe uma atitude desafiadora das normas As 3 fases da sua poesia, traduzem as
instituídas e uma recusa em compactuar com os contradições do homem moderno, que vive entre a
cânones sociais estabelecidos. celebração eufórica dos avanços técnicos e a
2ª Fase Futurista e Sensacionista (Ode Triunfal; angústia e desassossego da sua vida.
Ode Marítima) Perante o cansaço do presente, a infância surge
- a atitude subversiva de Campos no "Opiário" ganha como símbolo da felicidade e da pureza que
um novo impulso com a fase futurista e Campos foi perdendo com o passar do tempo.
sensacionista. O poeta sabe que o tempo não volta atrás.
- numa linguagem impetuosa e exuberante, faz
apologia da civilização tecnológica, da SENSACIONISMO...
modernidade, da força e da velocidade. em Campos - a sensação é tudo, não a sensação
- exalta o tempo presente. das coisas como são, mas das coisas conforme
- celebra o triunfo da máquina - é na maquina que sentidas (a sensação é subjetiva).
são projetados os sonhos e desejos do poeta. em Caeiro - a sensação das coisas como são, sem
- a busca de sensações atinge o excesso, rompendo acrescentar quaisquer elementos do pensamento
em expressões sádicas e masoquistas a que alia uma pessoal, convenção ou sentimento.
euforia emocional, muitas vezes extravasada com
grunhidos e "eias".
FERNANDO PESSOA.
MENSAGEM assumindo a voz do povo. -
No poema Mensagem, Pessoa expõe uma visão mítica identificação"eu"/pátria.
da pátria, sendo que o imaginário épico surge Os símbolos e os mitos adquirem especial
concretizado na natureza épico-lírica e na relevância.
estrutura da obra, na exaltação patriótica e na Carácter subjetivo e uso da primeira pessoa.
dimensão simbólica do herói. Estrutura fragmentária da obra.
Na obra surge, também, um meio de afirmação do Interioriza a matéria épica e transforma-a em
Sebastianismo, tal como um anúncio do sonho de imagens simbólicas, pelas quais liricamente se
um império espiritual. exprime.
Exemplos poemas: "D. Sebastião, Rei de
NATUREZA ÉPICO-LÍRICA
Portugal"; "Screvo meu livro à beira mágoa"
A natureza desta obra é épico-lírica, uma vez
que assume características quer do discurso ESTRUTURA
épico, quer do lírico. 44 poemas divididos em três partes, cada uma
Assim, encontramos poemas com características dela representando os três momentos essenciais
predominantemente épicas ou líricas, ou uma da existência de Portugal.
junção das duas. 1ª parte: BRASÃO - fundação e consolidação da
nacionalidade - Nascimento
Dimensão Épica - materializa-se o esboço da ideia de império que
Matéria histórica, uma vez que integra e exalta
nasce com D. Dinis.
figuras e acontecimentos que pertencem a
- a nação vai cumprindo o seu destino divino e
momentos áureos da História Portuguesa.
consolidando os ideais nacionais.
Glorifica-se, assim, as ações heroicas das
- Pessoa inspirou-se no brasão das armas nacionais:
figuras, as quais contam com proteção
os sete castelos, as cinco quinas, a par de outros
sobrenatural.
elementos ligados à heráldica, mas apresenta um
Elevado estatuto social e moral dos
brasão novo, reconstruido a partir do de Infante D.
protagonistas.
Henrique.
Glorificação e mitificação do herói.
- mais do que um passado, cristaliza o lugar da
Uso da terceira pessoa que contribui para a
memória coletiva onde as qualidades de ser
narratividade do poema.
português se fixam em personalidades como Ulisses,
Relatos das ações históricas que retomam heróis
Viriato, D. Dinis, entre outras.
e acontecimentos da História de Portugal.
2ª parte: MAR PORTUGUÊS - descobertas e
No entanto, não encontramos um relato sucessivo
concretização do destino providencialista
de acontecimentos que nos permita conhecer os
português - Crescimento e Apogeu
eventos da História de Portugal de uma forma
- canta o português que desvendou os mundos,
contíinua.
"cumpriu" o mar e criou um império material que
Exemplos de poemas: "Padrão", "A última nau"
deixava adivinhar o seu fim.
Dimensão Lírica 3ª parte: O ENCOBERTO - testemunho do declínio
Tom reflexivo e introspetivo que perpassa a
da nação e esperança no futuro de Portugal,
obra.
regenerado no Quinto Império - Morte e
O sujeito poético assume um tom emotivo e
Ressurgimento
linguagem expressiva (exclamações), dá conta dos
- anuncia a instauração do Quinto Império.
seus sentimentos e das suas reflexões sobre
- consagra à figura de D. Sebastião e ao mito do
Portugal.
Quinto Império, anunciando um novo ciclo.
O "Eu" tende a confundir-se com a própria pátria
- imagem do império moribundo, com fé de que a
FERNANDO PESSOA.
morte conduza ao nascimento de um império algumas das linhas temáticas que atravessam os
espiritual,moral e civilizacional. poemas.
Portugal de Pessoa é mítico, pois surge como o
Estrutura tripartida - simbolismo do número 3: povo eleito, instrumento de Deus para a
representa a ordem intelectual e espiritual; instituição do Quinto Império.
manifestação da divindade, da perfeição, da Aborda temas da identidade nacional, a história
totalidade; remete para as três fases da e o destino da nação.
existência. Revela o sentido providencial e messiânico de
A estrutura está simbolicamente ligada às etapas Portugal como país de um povo eleito por Deus
e à evolução do Império português. para, após êxitos (os Descobrimentos e a criação
do Império), atingir o momento sagrado de
DIMENSÃO SIMBÓLICA DO HERÓI
Os heróis funcionam como símbolos. criação de um império espiritual e cultural.
As figuras históricas são exaltadas pela sua Obra de exaltação nacional votada para o futuro,
dimensão exemplar, no plano espiritual. exortando o povo a reerguer a nação e a fundar o
Os heróis marcados pela inspiração divina Quinto Império.
assumem, assim, uma dimensão mítica que os SEBASTIANISMO
descontextualiza e lhes retira a individualidade Este Quinto Império, este Portugal que deve
para que personifiquem a essência de Portugal. acontecer é, por sua vez, simbolizado pela
Portugal emerge, assim, como herói figura de D. Sebastião.
antropomorfizado, a quem se lança o apelo para Transforma-se no desejado, no encoberto, no
que se estabeleça uma nova pátria e o Quinto mito, simbolizando a dimensão messiânica de um
Império. salvador da pátria.
Não encontramos relatos históricos, nem retratos Assente numa forte consciência da identidade
de heróis com rigor histórico. As personalidades nacional, assume-se como crença na regeneração
destacadas foram selecionadas pela sua dimensão futura de Portugal.
simbólica. - situa-se no domínio da utopia e não D. Sebastião é o representante paradigmático
se define enquanto ser individual. deste herói.
São geralmente figuras solitárias de exceção, É simbolicamente Portugal - Portugal foi grande
incompreendidas, visionárias, pois perseguiram no passado, perdeu a sua grandeza com D.
os seus sonhos, deixaram-se levar pela sua Sebastião e voltará a ser grande com o regresso
loucura e cumpriram a sua missão, enquanto simbólico do rei.
portugueses. O mito faz mais facilmente mover um povo do que
O herói é escolhido por Deus, um eleito a quem é a força da razão.
conferida uma missão que deve ser cumprida. - Esse tal Encoberto que levaria Portugal a
Deus, que deseja; o Homem, o receptor da constituir-se como Quinto império, não o via,
inspiração divina, que executa; a Obra, a Pessoa na figura de D. Sebastião redivivo,
concretização da vontade divina e o resultado da "senão na substância que essa pessoa e o seu
ação humana. nome simbolizam" - procura alguém com a mesma
EXALTAÇÃO PATRIÓTICA "loucura".
Tem como tema Portugal ao longo dos tempos - Ao reacender a crença vivificada pelos mitos,
título inicial da obra era Portugal. Pessoa pretendia fazer emergir a consciência da
O passado surge como um tempo de exaltação, o identidade nacional e criar forças espirituais
presente como um tempo de frustração, o futuro que iriam fundar os alicerces do futuro Império
como um tempo de concretização e o nacionalismo Português.
FERNANDO PESSOA.
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA O IMAGINÁRIO ÉPICO
44 poemas com estrutura formal variável. Os Lusíadas, Camões
cada poema tem a sua própria estrutura, - Epopeia do Renascimento;
métrica e esquema rimático. - Conteúdo maravilhoso, alegórico, mítico e
Presença de algumas formas tradicionais fantástico;
(versos decassilábicos, versos de - Incentivo dos heróis, valorização dos feitos.
redondilha, quadra e quintilha rimada) e Mensagem, Fernando Pessoa
outras em que prevalece a liberdade poética. - Canto épico do século XX;
Fusão entre a tradição e a modernidade. - Matéria real: queda do Império e perda da
Linguagem cuidada e expressiva, recorrendo a identidade nacional;
expressões latinas e frases aforísticas. - Valorização do passado e apelo à esperança no
Utilização de recursos expressivos: futuro.
apóstrofe, enumeração, gradação, São Cantores do Império, em momentos
interrogação retórica, metáfora. distintos da História de Portugal.
INTERTEXTUALIDADE TEMAS COMUNS:
Luís de Camões e Fernando Pessoa criaram a O Passado:
sua Epopeia, balizados pelas circunstâncias - as Descobertas marítimas;
que os rodeavam. - a História de Portugal.
O Renascimento deu a Camões a força anímica O (seu) Presente:
para incentivar os heróis e valorizar os - Egoísmo mercenário, falta de patriotismo, falta de
seus feitos, enquanto que, a queda do identidade nacional.
império e a perda de identidade nacional, OBJETIVO:
nos fins do século XIX e princípios do Objetivo de Camões ao escrever Os Lusíadas:
século XX, ofereceram, a Pessoa, motivos - evocar um passado recente: período áureo dos
para a transmissão de uma mensagem de Descobrimentos (glorificação do povo português).
valorização do passado e esperança do - apelar a um ressurgimento pátrio, dirigido, por um
futuro. lado, aos mais novos (a geração antiga servirá de
exemplo e estímulo aos jovens) e, por outro, ao
Os Lusíadas (1572) próprio Rei.
- Século XVI; - valorização do Passado.
- Decadência - início do processo de dissolução Objetivo de Pessoa ao escrever Mensagem:
do Império; - apelar a um ressurgimento: recuperar a grandeza
- Perda da independência e do domínio marítimo; perdida através da vinda de um Supra-Camões (ele
- Corrupção e perda de valores morais; próprio.
- Parasitismo, ostentação e luxo excessivo. - profetizar a fundação de um novo império de
Mensagem (1934) natureza espiritual: um império da Cultura e da
- Século XX; língua Portuguesa.
- Decadência - fase terminal da dissolução do - o assunto não é os portugueses ou eventos
Império; concretos, mas sim a essência de Portugal e a sua
- Fim da Monarquia, 1ª República (1910-1926); missão por cumprir.
- Portugal vive há um ano sob o domínio - apelo dirigido: aos jovens portugueses capazes de
salazarista (1922-1968), regime com cultura e amantes do seu país.
características facistas. - exaltação do futuro.
FERNANDO PESSOA.
DIFERENÇAS ENTRE AS OBRAS

OS LUSÍADAS MENSAGEM
Império Material, terreno, Real. Império espiritual, "da matéria de que os
Expansão territorial (dilatação da fé e do sonhos são feitos", imaginário, a "loucura",
Império). a "febre do além".
Pensamento católico Expansão da Cultura e Língua Portuguesa.
Caráter predominantemente narrativo e pouco Pensamento ocultista e vagamente cristão,
abstratizante. baseado no conceito de tolerância.
Tema real, histórico e factual (os Caráter menos narrativo e mais
acontecimentos, os lugares). interpretativo e cerebral.
Os heróis são pessoas com limitações Tema: a essência de Portugal e a necessidade
próprias da condição humana, mesmo se de cumprir uma missão.
ajudados nos sonhos pela intervenção divina Os heróis são mitificados e encarnam valores
cristã ou pelos deuses do Olimpo. simbólicos, assumindo proporções
Os Deuses olímpicos regem os acidentes e as gigantescas.
peripécias do real quotidiano. Os Deuses são superados pelo destino, que é
Os heróis e os mitos que narram as grandezas força abstrata e inexorável.
passadas. Heróis e mitos que exaltam as façanhas do
Aponta para o passado. passado em função de um desesperado apelo
para grandezas futuras.
Aponta para o futuro, promessa, expectativa
messiânica, visionação, o Quinto Império.
Só no domínio da cultura, Portugal poderá
impor-se no mundo.

MENSAGEM - POEMA A POEMA


1ª Parte: BRASÃO
1. OS CAMPOS - espaço de vida e de consolidação do reino.
"O dos Castelos": localização geográfica de Portugal como predestinação.
"O das Quinas":
- alusão às cinco chagas de Cristo;
- menção do sofrimento necessário para atingir a glória.
II.OS CASTELOS - símbolo de proteção e das conquistas dos heróis; os heróis
enumerados surgem associados a desígnios ocultos; heroís fundadores de
Portugal.
"Ulisses" - herói mítico; fundador mítico de Lisboa.
"Viriato" - fundador da Lusitânia; Símbolo da luta pela independência; chefe militar
dos lusitanos morto à traição enquanto dormia; Sertório substitui-o no comando dos
lusitanos.
FERNANDO PESSOA.
"O Conde D. Henrique" - pai de D. Afonso Henriques; fundador do condado portucalense.
"D. Tareja" - mãe de D. Afonso Henriques; símbolo da proteção materna, apelo para a
construção de um novo futuro para Portugal.
"D. Afonso Henriques" - fundador do reino de Portugal; primeiro rei da dinastia de
Borgonha (1ª dinastia); exemplo de força e coragem.
"D. Dinis" - o poeta da lírica trovadoresca, o poeta que sonhou e lançou a semente
dos Descobrimentos: o Pinhal de Leiria e a preparação da viagem.
"D. João, o primeiro" - primeiro rei da 2ª dinastia, a dinastia de Avis; pai da
"inclita geração", foi um instrumento da vontade de Deus.
"D. Filipa de Lencastre" - casada com D. João I, mãe da inclita geração.
III.AS QUINAS - mártires da nação; lutadores e mártires; a referência às cinco
chagas de Cristo traduz a consciência do destino de Portugal das cinco
personalidades.
"D. Duarte, Rei de Portugal" - filho de D.João I e Filipa Lencastre; simboliza a
sujeição à vontade de Deus e o cumprimento do decer; representa as dificuldades, o
sofrimento e a luta contra as adversidades.
"D. Fernando, Infante de Portugal" - filho de D.João I e Filipa Lencastre; infante
santo: cativo dos mouros e mártir em Fez por impedir o irmão de entregar Ceuta;
simboliza a capacidade de suportar os tormentos em nome da fé.
"D. Pedro, Regente de Portugal" - filho de D.João I e Filipa de Lencastre; representa
o valor do pensamento e da vontade; simboliza o homem que honra os seus compromissos.
"D. João, Infante de Portugal" - filho de D.João I e Filipa de Lencastre; representa
todos aqueles que se anulam para que os outros se destaquem e realizem a sua missão.
"D. Sebastião, Rei de Portugal" - derrotado na Batalha de Alcácer Quibir; simboliza o
herói que sonha; apologia da loucura como busca de grandeza; consubstancia a
dualidade entre a alma (o herói que há) e o corpo (o herói que houve).
IV.A COROA - símbolo da realiza; representa a perfeição pela forma circular;
marca o estabelecimento de Portugal como pai independente.
"Nuno Álvares Pereira" - chefe militar, autor da técnica do quadrado na Batalha de
Aljubarrota; herói que conjuga o espírito guerreiro e a santidade, prece para que
ilumine Portugal na direção do Quinto Império.
V.O TIMBRE - símbolo do poder legítimo.
"A cabeça do Grifo: O Infante D. Henrique" - simboliza a idealização, a sabedoria;
figura responsável pela conceção dos Descobrimentos.
"Uma asa do Grifo: D. João, o Segundo" - simboliza a preparação para a execução do
sonho idealizado; Rei de Portugal, figura fundamental na concretização das
descobertas marítimas.
FERNANDO PESSOA.
"A outra asa do Grifo: Afonso de Albuquerque" - simboliza a ação, a concretização;
Vice-Rei da Índia, figura fundamental da concretização do Império Português do
Oriente.
2ª Parte: MAR PORTUGUÊS
"Infante" - frase emblemática da obra "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce"; o
Infante foi escolhido por Deus para cumprir uma missão; realizou-se a conquista do
Mar, mas falta concretizar o sonho de um Império espiritual.
"Horizonte" - evocação da era das Descobertas; necessidade de vencer o medo; apelo à
consecução de um sonho e ao ultrapassar dos obstáculos para o atingir; referência à
recompensa do esforço realizado: a Ilha Dos Amores.
"Padrão" - monumento de pedra que os portugueses erguiam nas terras que iam
descobrindo e significava posse; símbolo da conquista e marca da cristandade;
referência a um notável navegador português: Diogo Cão.
"Mostrengo" - guardião do mar; símbolo do medo e das dificuldades; corresponde à
figura do Adamastor; opõe-se aos homens do leme; símbolo de Portugal e representante
de um povo que enfrenta os seus medos e os derrota.
"Epitáfio de Bartolomeu Dias" - Bartolomeu foi o primeiro homem a dobrar o Cabo das
Tormentas, mas, anos mais tarde, morre nesse local vítima de um naufrágio.
"Os Colombos" - colombos é um neologismo a partir do apelido de Cristóvão Colombo, um
genovês que, ao serviço de Espanha, descobre a América; simboliza todos os
descobrimentos e todas as terras que outros povos descobriram depois de Portugal ter
"rasgado o véu" do mar.
"Ocidente" - simboliza a descoberta do Brasil, Deus quis e os portugueses sonharam e
concretizam o seu sonho, a conjugação do Ato ("mão do Homem") e do Destino ("mão de
Deus") possibilita a concretização e o desvendar do desconhecido.
"Fernão Magalhães" - personalidade que realizou a primeira viagem de circum-navegação
(ao serviço de Espanha), a sua alma ousada e ambiciosa nunca morrerá.
"Ascensão de Vasco da Gama" - subida de Vasco da Fama aos Céus (símbolo da
perfeição).
"Mar Português" - o mar é o reflexo da vontade divina, atingir um objetivo implica
sofrimento.
"A última nau" - nau que levou o sonho que ficou por cumprir, se Deus permitir e o
Homem quiser, D. Sebastião há de voltar.
"Prece" - oração para que a esperança ressurja; desejo para que o Império material
("do mar") dê lugar ao Império espiritual (uma outra viagem).
FERNANDO PESSOA.
3ª Parte: O ENCOBERTO
I. OS SÍMBOLOS - os cinco grandes Mitos portugueses
"D. Sebastião" - manifestação da crença no seu regresso e no cumprimento da sua
missão.
"O Quinto Império" - depois dos quatro impérios, o Quinto Império será o de Portugal:
símbolo da raça e de uma nova civilização.
"O Desejado" - Galaaz é o cavaleiro da Távola Redonda que conheceu o Santo Graal
(símbolo da paz e de felicidade de todos os povos); o desejado é o mensageiro da Nova
Era.
"As Ilhas Afortunadas" - local onde se encontra o Desejado que virá fundar o Quinto
Império.
"O Encoberto" - alusão à Ordem Rosa-Cruz que preconiza a necessidade da busca do
conhecimento e a cooperação entre as pessoas.
II. OS AVISOS - aviso dos profetas de Portugal
"O Bandarra" - sapateiro do século XVI, autor de trovas proféticas sobre o futuro de
Portugal; as suas trovas profetizavam o regresso de D. Sebastião.
"António Vieira" - alusão a Padre António Vieira como profeta do Encoberto, tendo
como referência a sua obra incompleta "História do Futuro" e a sua menção do Quinto
Império.
"Screvo meu livro à beira-mágoa" - crença na existência de D. Sebastião atenua o
sofrimento do sujeito poético.
III. OS TEMPOS - são cinco Tempos
"Noite" - Portugal perdeu o poder, perdeu o renome, mas não perdeu o Nome (a
essência, a marca distintiva da nossa identidade).
"Tormenta" - Portugal está submerso num abismo.
"Calma" - a calma há de voltar e a viagem prosseguirá, não na descoberta de terras,
mas em busca de autoconhecimentos e da realização.
"Antemanhã" - anúncio do amanhã enquanto inicio de uma nova era.
"Nevoeiro"

SÍNTESE DA TEMÁTICA
O mito é tudo: sem ele a realidade não existe, pois é dele que ela parte ("Ulisses";
"D. Dinis").
Deus é o agente da história, ou seja, é ele quem tem as vontades; nós somos os seus
instrumentos que realizam a sua vontade. É assim que a obra nasce e se atinge a
perfeição ("D. Fernando, Infante de Portugal", "O Infante").
O sonho é aquilo que dá vida ao homem: sem ele a vida não tem sentido e limita-se à
mediocridade ("D. Sebastião, Rei de Portugal", "Horizonte").
FERNANDO PESSOA.
A verdadeira grandeza está na alma, é através do sonho e da vontade de lutar que se
alcança a glória ("O Mostrengo", "Padrão").
Portugal encontra-se num estado de decadência, por isso, é necessário voltar a
sonhar, voltar a arriscar, de modo a que se possa construir outro império, um império
que não se destrói, por não ser material; é o Quinto Império, o Império
Civilizacional-Espiritual ("O Quinto Império", "As Ilhas Afortunadas").
D. Sebastião, além de ser o exemplo a seguir (pois deixa-se levar pela loucura
saudável/sonho), é também visto como o salvador, aquele que trará de novo a glórica
ao povo português e que virá completar o sonho, cumprindo-se assim Portugal "D.
Sebastião", "Screvo meu livro à beira-mágoa").
Mensagem recorre ao ocultismo para criar o herói - o Encoberto - que se apresenta
como D. Sebastião. O ocultismo remete para m sentimento de mistério, indecifrável
para a maioria dos mortais. Daí que só o detentor do privilégio esotérico
(=oculto/secreto) se encontra legitimado para realiza o sonho do Quinto Império.
O ocultismo:
- três espaços: o histórico, o mítico e o místico.
- "A ordem espiritual no homem, no universo e em Deus".
- poder, inteligência e amor na figura de D. Sebastião.
- overdadeiro conhecimento é aquele a que se consegue ter acesso através do ocultismo
esoterismo: importância dos símbolos (na perspetiva pessoana).
A conquista do mar não foi suficiente (o império material desfez-se, ou seja, a
missão ainda não foi cumprida): falta concretizar o novo sonho - um império
espiritual-cultural.
A construção do Futuro (a revolução cultural) tem que ter em conta o Presente e deve
aproveitar as lições do Passado, fundamentando-se nas nossas tradições ancestrais.
A atitude heroica é importante para a aproximação a Deus, mas o herói não pode
esquecer que o poder baseado na justiça, na lealdade, na coragem e no respeito é mais
valioso do que o poder exercido violentamente pelo conquistador - a opção clara pelo
poder espiritual, pelo poder moral, pelos valores.

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