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DIREITO AMBIENTAL – Hélio Capel

Email: heliocapel@hotmail.com / Telefone: 9243.8826 / Doc Center Pasta 40

1ª N1 – 06/09 (subjetiva)

2ª N1 – 04/10 (objetiva)

1ª N2 – 08/11 (mista)

2ª N2 – 13/12 (objetiva)

1. BREVE HISTÓRICO

◦ Homem:

- necessidades básicas (alimentação, segurança)

- elementos / recursos (flora, fauna, água, ar, solo)

◦ Primeiras normas ambientais:

- No Brasil

a) Ordenações Afonsinas (1446 – 1520): proibiu o corte de árvores frutíferas e criminalizou o


abate de aves.

b) Ordenações Manoelinas (1521 – 1612): proibiu a caça de certos animais com instrumentos
que provoquem dor e sofrimento, protegeu a abelha na extração do mel e zoneamento de
caça.

c) Ordenações Filipinas

Constitucional 1824 – Previsão de criação de um Código Penal.

1830 – Código Penal – tipificou o corte ilegal de madeira

Constituição 1891 – Competência da União para legislar sobre minas e terras.

Código Civil 1917 – limitou o direito pleno à propriedade em benefício do direito de vizinhança.

Década de 20 – primeiras legislações urbanísticas e de saneamento.

Const./1934 – competência da União e dos Estados para proteger as belezas naturais e


monumentais históricos.

Dec. Lei 23.793/34 – Código Florestal

Dec. 24.643/34 – Código das águas

Dec. 24.645/34 – Proteção dos animais

Const./1946 – competência da União para defesa e proteção dos recursos naturais

Lei 4.717/65 – Ação popular – qualquer cidadão pode atacar ato lesivo ao patrimônio público

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Lei 5.197/67 – Código da caça

1972 – Congresso das Nações Unidas sobre o meio ambiente

Lei 6.453/77 – Responsabilidade objetiva pelo dano ecológico (atividade do poluidor)

Lei 6.938/81 – Política Nacional do meio ambiente

Lei 7.347/85 – Lei da ação civil pública (defesa dos direitos difusos e coletivos)

Const./1988 – dedicou capítulo próprio à matéria ambiental

1992 – Rio/92 – UNCED – Conferência das Nações Unidas pelo meio ambiente e
desenvolvimento

Lei 9.605/98 – Lei de crimes ambientais

CC/2002 – Nenhuma referência expressa ao meio ambiente.

2. Conceito de meio ambiente

“(...) a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o


desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”(José Afonso da Silva)

- Conceito legal: Lei 6.938/81, art. 3º, I

“Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,


química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

- Classificação (didática)

M. A. Natural ou Físico – constituído pela atmosfera, elementos da biosfera, pelas águas,


solo, subsolo, fauna e flora.

M. A. Artificial – espaço urbano construído (onde habita o homem).

M. A. Cultural – integrado pelos bens que compõem o patrimônio cultural de um povo:


históricos, artísticos, arqueológicos, paisagísticos, turísticos, enfim, todos os elementos
identificados de sua cultura e cidadania.

M. A. Digital

M. A. Trabalho – local onde se desenvolve atividade laborativa.

3. Conceito de bem ambiental – é o bem protegido pelo Direito Ambiental.

“um meio ambiente ecologicamente equilibrado, de uso comum do povo e essencial à


sadia qualidade de vida.” (art. 225, CF/88)

5. Autonomia do Direito Ambiental

O Direito Ambiental conta com princípios próprios, com fulcro constitucional e complexa
gama de normas infraconstitucionais específicas. Seu objeto, claro e específico, está

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extremamente previsto na CF/88, art. 225, caput. A seu dispor, existe uma estrutura
administrativa especializada nas três esferas. Possui autonomia didática, com cursos
reconhecidos pelos órgãos competentes. Enfim, presentes todos os requisitos para o
reconhecimento de sua autonomia como ramo do direito. Contudo, a melhor doutrina
entende infrutífera perquirir sobre sua autonomia, pois o Direito Ambiental se relaciona
com todos os outros ramos jurídicos, impondo no bojo destes, o respeito às normas
ambientais.

6. Princípios fundamentais do Direito Ambiental


6.1 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da
pessoa humana (art. 225, caput, CF/88)

Direcionado ao desfrute de adequadas condições de vida em um ambiente saudável,


ecologicamente equilibrado.

6.2 Princípio da natureza pública da prestação ambiental

O meio ambiente equilibrado é um valor a ser assegurado para uso de todos. É “bem de
uso comum do povo”.

6.3 Princípio do controle do poluidor pelo Poder Público

O Poder Público deverá intervir para garantir a manutenção, preservação e restauração


dos recursos ambientais, com vistas a sua utilização racional e disponibilidade
permanente.

6.4 Princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de


desenvolvimento
6.5 Princípio da participação comunitária

Para a resolução dos problemas do ambiente deve ser dada especial ênfase à cooperação
entre o Estado e a sociedade na formulação da política ambiental.

6.6 Princípio do poluidor pagador

Ao poluidor deve ser imputado o custo social da poluição por ele gerado. É a
responsabilidade pelo dano ambiental.

6.7 Princípio da prevenção (ou da precaução)

Priorizar medidas que evitem o surgimento de atentados ao meio ambiente, de modo


a reduzir ou eliminar as causas de ações suscetíveis de alterar a sua qualidade (art.
225, 1º, IV e V, CF/88).

6.8 Princípio da função sócio-ambiental da propriedade

O uso da propriedade será condicionado ao bem estar social.


Art. 182, 2º, CF – imóvel urbano
Art. 186, CF – imóvel rural

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6.9 Princípio do direito ao desenvolvimento sustentável

O ser humano de hoje tem o direito de se desenvolver e de se realizar, individual e


socialmente, e o direito/dever de assegurar as mesmas condições favoráveis ao ser
humano de amanhã.

6.10-Princípio da cooperação entre os povos (art. 4º, IX, CF/88)

Nas relações internacionais deverá haver cooperação mútua para manter o bem estar e o
progresso da humanidade, com a preservação do meio ambiente.

TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE

1. A questão ambiental nas constituições brasileiras


2. A Constituição de 1988
2.1 Direito de 3ª geração

Direitos de 1ª geração – elementos relacionados ou formadores da personalidade


humana: a vida, a intimidade, a igualdade etc.

Direitos de 2ª geração – relacionados às coisas e às obrigações: propriedade,


obrigações etc.

Direitos de 3ª geração – relacionados aos interesses coletivos: mesmo utilizados por


todos, não lhes pertencem. Nunca os terão por completo. São os direitos difusos e
coletivos.

O meio ambiente como um bem difuso:

O meio ambiente é considerado um bem difuso, ou seja, pertencente a toda


coletividade, de forma indivisível. Os interesses ou direitos difusos são trans
individuais, indivisivos, sendo sua titularidade exercida por pessoas indeterminadas e
ligadas por circunstâncias de fato, conforme art. 81 do CDC.

≠ coletivo – transindividual – titularidade de um grupo ou classe de pessoas – há


relação jurídica entre as partes.

≠ individual homogêneo – decorrente de origem comum.

Dispositivos que tratam do D. Ambiental:

Art. 5º, LXXIII, CF.


Art. 20, II, III, IV, V, VI, IX, X, CF.
Art. 23, III, VI, VII, XI, CF.
Art. 24, I, VI, VII, VIII, CF.
Art. 26, I, III, CF.
Art. 91, §1o, III, CF.
Art. 129, III, CF.
Art. 170, VI, CF.

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Art. 173, §5o, CF.


Art. 174, §3, CF.
Art. 186, II, CF.
Art. 200, VIII, CF.
Art. 216, V, CF.
Art. 220, §3o, CF.
Art. 225, CF.
Art. 231, 1o, CF.

Dispositivos indiretos:
Art. 21, XIX, XX, XXIII, XXIV, XXV, CF.
Art. 22, IV, XII, XXVI, CF.
Art. 23, III, IV, CF.
Art. 24, II, VII, CF.
Art. 30, IX, CF.
Art. 182, CF.
Art. 196, CF.

Pilar Constitucional – CF/88, arts. 182, 186 e 225.

Leis 6.938/81, 9.605/98 e Dec. 6.514/08 – Principais normas processuais

Fauna – Lei 5.197/67

Flora e solo:

- Urbano: Lei 6.766/79

Lei 10.257/01

Residencial / Industrial / Legislação municipal

Ar:

Lei 8.723/93

Legislação estadual

Minerais e subsolo:

Dec. Lei 227/67

Lei 6.567/78

Lei 9.055/95

Lei 9.314/96

Lei 9.827/99

Lei 9.966/00

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Águas:

Dec Lei 24.643/34

Lei 9.433/96

Lei 9.984/00

3. Meio ambiente como bem jurídico autônomo

A CF/88 proclamou o meio ambiente como “bem de uso comum do povo”, reconhecendo sua
natureza de direito público subjetivo, exigível e exercitável em face do próprio Estado, que tem
o dever de protegê-lo (“dever geral”).

Assim, o constituinte albergou a proteção ao meio ambiente de forma autônoma e direta no


art. 223, com eficácia imediata e aplicável através de uma série de garantias e mecanismos
capazes de assegurar a tutela daquele bem, como: ADI (art. 102, I, a; art. 103 e art. 125, §2º);
Ação civil pública (art. 129, III c/c §1º)’’ Ação popular constitucional (art. 5º, LXXIII); Mandado
de segurança coletivo (art. 5º, LXX) e Mandado de injunção (LXXI).

4. Deveres específicos do Poder Público na tutela do meio ambiente


4.1 Preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais (art. 225, 1º, I,
primeira parte)
São processos ecológicos essenciais os que garantem o funcionamento dos
ecossistemas e contribuem para a salubridade do meio ambiente.
Ex; biodegradação de rejeitos, recuperação natural dos corpos receptores (ar,
água, solo).
4.2 Promoção do manejo ecológico das espécies e ecossistemas
Manejo ecológico (conservação / recuperação)
Espécies (animal / vegetal)
Ecossistema – comunidade de organismos (bióticos / abióticos)
Bioma – conjunto de ecossistemas de características semelhantes (pantanal,
cerrado, caatinga, etc)
4.3 Preservação da biodiversidade e controle das entidades de pesquisa e
manipulação de material genético
Biodiversidade – variedade de seres que compõem a vida na terra.
Preservar a diversidade biológica, controlando as atividades que envolvam o
patrimônio genético das espécies, como pesquisa e desenvolvimento em
biotecnologia.
4.4 Definição de espaços territoriais protegidos
4.4.1 Áreas de proteção especial – Visa controlar projetos de parcelamento do
solo urbano, preservando bens ambientais no processo de urbanização.
4.4.2 Áreas de preservação permanente (Lei 4.771/65 – Código Florestal, art. 2º
e 3º)

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Visa a manutenção da cobertura vegetal em locais onde os ecossistemas


naturais se mostram mais frágeis. Ex: margens de rios, topos de morros e
encostas.
4.4.3 Reserva legal (Código Florestal, art. 16) – áreas destinadas a preservação
da cobertura vegetal nativa em propriedades rurais.
4.4.4 Unidade de Conservação (UC) – Lei 9.985/00, art. 2º, I)
São espaços territoriais e seus respectivos recursos ambientais, com
características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder
Público para conservação.
- Unidade de proteção integral – Visa preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção
dos casos previstos em lei.
Espécies – Estação ecológica; reserva biológica; Parque Nacional,
Monumento Natural, Refúgio da Vida Silvestre.
Unidades de uso sustentável – Visa compatibilizar a conservação da
natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais.
Espécies – Área de proteção ambiental, área de relevante interesse
ecológico, Floresta Nacional, Reserva extrativista, Reserva de Fauna,
Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Reserva particular do
patrimônio natural.

Estação ecológica (art. 9º):


- Visa a preservação da natureza e a realização de pesquisa científica.
- É de posse de domínio público.
- Proibida a visitação pública, exceto para fins educacionais.
- Pesquisa científica: conforme normas e autorização prévia.

Reserva biológica (art. 10):

- Preservação integral de ecossistemas sem interferência humana direta ou modificações


ambientais exceto ações de manejo para preservar e recuperar o meio ambiente.
- Posse e domínio público: proibida a visitação pública, exceto para fins educacionais.
- Pesquisa científica: conforme normas e autorização.

Parque nacional (art. 11):

Monumento natural:
- Objetivo: preservar sítios naturais raros ou de grande beleza única.
- Pode ser constituído por áreas particulares, desde que compatibilizada a utilização da terra e
dos recursos naturais com o objetivo da unidade.
- A visitação pública está sujeita as normas da unidade e ao plano de manejo.

Refúgio da vida silvestre (art. 13):


- Objetivo: proteger ambientes naturais próprios para a existência ou reprodução de espécies
da fauna e da flora.

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- Pode ser constituída em áreas particulares.


- Visitação pública: sujeita às normas e restrições do plano de manejo e da administração da
unidade.
- Pesquisa científica: depende de autorização prévia e sujeita às normas da unidade.

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