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Alcántara, Manuel. ¿Instituciones o máquinas ideológicas?

Origen,
programa e organización de los partidos latinoamericanos. Barcelona:
ICPS, 2004.

- Os partidos latino-americanos não são figuras estranhas, nem são palco de


fenômenos diferentes aos de seus homólogos ocidentais ou têm um papel
muito distinto na política.

- Os partidos na América Latina também são grupos de indivíduos que


compartem princípios programáticos, assumem uma estrutura organizativa
mínima, vinculam a sociedade ao regime político segundo as regras deste e
buscam em eleições obter posições de poder ou de influência.

- Os partidos são possivelmente o principal ator da política democrática na


América Latina e, como tal, se inter-relacionam com suas fases e a influenciam.

- A configuração desses partidos varia entre instituições e máquinas.

- Aqueles que se configuram como instituições se desvinculam de lideranças


personalistas, apostam em um programa que conforma sua ideologia e se
estruturam por meio de princípios organizativos baseados em critérios de
racionalidade e eficácia para reger seu funcionamento, a seleção dos líderes e
as relações com os militantes mais ativos.

- Aqueles que se configuram como máquinas são instrumentos temporários de


caudilhos, não se preocupam em transcender a figura do caudilho, carecem de
programa ou possuem um sem ideologia e com propostas tecnocráticas e
apolíticas e apresentam uma organização irregularmente estabelecida e
determinada pela estratégia do líder.

- Os três eixos definitórios que estruturam a configuração dos partidos na


América Latina são, portanto, a origem, o programa e a organização.

- Metade dos partidos latino-americanos relevantes durante a década de 90


surgiu há mais de 25 anos e têm uma idade média que se equipara a de muitos
de seus homólogos europeus.

- A liderança civil-coletiva, ou seja, que não se relaciona com caudilhos nem


com militares, é o tipo dominante na origem dos partidos latino-americanos.

- Em sua grande maioria, os partidos da América Latina possuem programas


escritos que refletem seus objetivos de ação política.

- O fato de que os partidos latino-americanos se identificam corretamente em


três dos quatro eixos que medem seus princípios ideológicos e programáticos
mostra que há competição política nos respectivos sistemas partidários.

- Esses eixos permitem classificar os partidos da América Latina em à direita,


centristas e à esquerda, o que dota esses partidos de um caráter claramente
ideológico no início do século XXI.
- Os partidos que surgiram com um caráter reativo são hoje à direita, enquanto
os que nasceram com um caráter revolucionário são à esquerda.

- Há ainda uma relação entre programa e rendimento eleitoral, sendo que todos
os partidos à esquerda contam com baixo desempenho.

- Os partidos latino-americanos possuem uma estrutura contínua, estão


assentados de forma mais ou menos extensa no território nacional de acordo
com o nível de infra-estrutura e de corpo administrativo em cidades de certo
tamanho, mas nem todos têm o mesmo grau de vida partidária (realização de
reuniões e consultas entre os vários níveis de organização).

- Quanto às finanças dos partidos, o modelo predominante é o financiamento


individual por parte dos candidatos.

- A organização para a conquista de eleitores predomina sobre a que busca


militantes, sendo que os partidos à direita são mais propensos a conquistar
eleitores, e os à esquerda, a angariar militantes.

- A inexistência como organização, a instabilidade, a estruturação débil, a falta


de debate, o discurso uníssono e a liderança concentrada e poderosa são, no
geral, traços que não correspondem à realidade partidária latino-americana.

- Uma proposta de tipologia para os partidos da América Latina que fica em


aberto para maior elaboração no futuro é de partidos institucionalizados,
partidos democráticos, máquinas eleitorais e máquinas caudilhistas.

- A distinção entre os partidos latino-americanos não se dá como instituições ou


máquinas políticas, e sim como instituições ou máquinas ideológicas, por causa
do caráter ideológico que apresentam.

- Tantos os partidos como instituições quantos os partidos como maquinarias


apresentam um caráter ideológico.

- Em ambos os casos, os partidos congregam valores que dão sentido à


existência política e enunciam postulados de ação política.

- Eles têm ainda um componente programático-ideológico que os diferencia e


lhes dá um conteúdo capaz de configurar uma identidade própria e de levar
uma oferta ao eleitorado que, consistente ou não com as intenções reais dos
partidos e apropriado ou não a solucionar os problemas existentes, também
adquire um sentido exógeno.

- Instituições ou máquinas ideológicas, portanto, representam os dois pólos do


eixo em que se movem os partidos latino-americanos no início do século XXI.

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