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Bendezu, Marko A. L.
Romanel, Celso
Roehl, Deane M.
markini@tecgraf.puc-rio.br
romanel@puc-rio.br
deane@tecgraf.puc-rio.br
Departamento de Engenharia Civil e Instituto Tecgraf, Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, 3527-1188, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Resumo. O estudo de iniciação e propagação de fraturas em rochas devido à energia gerada
por explosões é de grande importância na engenharia, pois procura-se obter um plano de
fogo que produza um desmonte eficiente, seguro e econômico do material. Uma das técnicas
utilizadas para simulação deste processo pelo método dos elementos finitos consiste em
acompanhar a evolução de fraturas no tempo, com atualizações frequentes da malha de
elementos, o que torna as análises demoradas e complexas, com perda de precisão numérica
no processo de atualização dos valores calculados em pontos da malha antiga para os pontos
correspondentes da malha nova. O método dos elementos finitos estendidos (XFEM) permite
a incorporação de enriquecimentos locais, i.e. de um conjunto de funções de interpolação
enriquecidas que fornecem valores das variáveis de interesse (deslocamentos, tensões) com
maior precisão e eficiência computacional. Além disso, é importante ressaltar, que a
presença da fratura, e sua propagação no tempo através da rocha, não é geometricamente
modelada e a malha de elementos não precisa ser constantemente atualizada. Neste trabalho,
o método XFEM foi aplicado para representação do fenômeno do faturamento de rochas,
considerando o modelo constitutivo de zona coesiva para cálculo das deformações junto à
ponta da fratura. O carregamento dinâmico foi aplicado em um furo inicial feito no maciço
rochoso sob forma de pulso transiente de grande intensidade e curta duração, característico
de explosões, analisando-se pelo método dos elementos finitos estendidos a propagação das
fraturas na rocha e o consequente desmonte de blocos.
Palavras chave: método dos elementos estendidos, modelo de zona coesiva, análise dinâmica,
explosão em rocha.
CILAMCE 2013
Proceedings of the XXXIV Iberian Latin-American Congress on Computational Methods in Engineering
Z.J.G.N Del Prado (Editor), ABMEC, Pirenópolis, GO, Brazil, November 10-13, 2013
Fraturamento Dinâmico de Rochas por Explosão por XFEM
1 INTRODUÇÃO
Quando explosivos são usados para desmonte de rocha a fogo, a técnica mais comum é
perfurar a rocha e colocar explosivos no interior dos furos. Na detonação, a pequena massa de
explosivo químico é transformada em um grande volume de gás, com geração de altas
pressões e um grande aumento de temperatura. O resultado da detonação provoca o
fraturamento dinâmico da rocha pela interação de ondas de choque e da pressurização do gás
no interior dos furos e das fraturas à medida que estas se desenvolvem. O desmonte de rocha
é afetado pelas propriedades do maciço rochoso, pelas condições de carregamento e pela
geometria do problema, tais como a existência de bordas livres e descontinuidades.
A maioria dos modelos para previsão de desmonte em rocha é baseada em formulações
empíricas, dada à grande complexidade do problema. Os pesquisadores ainda hoje discutem
diferentes hipóteses para explicar os mecanismos fundamentais responsáveis pelo
fraturamento, apesar dos enormes esforços de pesquisas experimentais, teóricas e numéricas
feitas nos últimas cinco décadas para melhor entender o fenômeno.
Os rápidos avanços nos métodos de modelagem numérica e da atual disponibilidade de
recursos computacionais poderosos a um custo acessível fazem da simulação computacional a
ferramenta mais promissora para estudar os processos dinâmicos de fraturamento de rocha.
Uma dos métodos mais utilizados para simulação deste processo é o método dos elementos
finitos, que acompanha no tempo a evolução das fraturas, com atualizações frequentes da
malha de elementos para representar a nova geometria do material recém-fraturado. Esta
metodologia convencional, além de ser computacionalmente demorada e complexa pela
necessidade da reconstrução constante de malhas, também resulta na perda de precisão
numérica quando as variáveis de interesse (tensões, deslocamentos) são mapeadas e
interpoladas da malha antiga para os pontos de Gauss e pontos nodais da nova malha.
O método dos elementos finitos estendidos (Extended Finite Element Method - XFEM)
permite a incorporação de enriquecimentos locais, i.e. de um conjunto de funções de
interpolação enriquecidas que fornecem valores das variáveis de interesse com maior precisão
e eficiência computacional. Além disso, é importante ressaltar que a presença da fratura, e sua
propagação no tempo através do maciço rochoso, não é geometricamente modelada e a malha
de elementos não precisa ser atualizada, como nas aplicações tradicionais do método dos
elementos finitos neste tipo de problema.
No método convencional dos elementos finitos a descontinuidade é representada
geometricamente na malha de elementos finitos e um modelo constitutivo específico, bem
como elementos de interface, são utilizados para simulação da fratura (Figura 1a), enquanto
que no método dos elementos finitos estendidos não há necessidade da representação
geométrica da descontinuidade, com um único modelo constitutivo suficiente para
representação do comportamento mecânico do problema (Figura 1b).
O método dos elementos finitos estendido foi aqui aplicado para simular o faturamento
dinâmico de rochas por explosão, utilizando o modelo constitutivo de zona coesiva para
simular a propagação de fraturas através da rocha.
O método dos elementos finitos estendidos (XFEM) foi introduzido pelos pesquisadores
Belytschko et al. (1999) e Moes et al. (1999). No caso de elementos para simulação de
descontinuidades (fraturas), funções de forma adicionais são utilizadas para enriquecer o
elemento finito e melhorar a representação do campo de deslocamentos.
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Modelo constitutivo B,
(a) da interface descontínua (b)
Figura 1. Modelagem numérica de descontinuidades: a) abordagem discreta b) abordagem continua.
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Fraturamento Dinâmico de Rochas por Explosão por XFEM
Ωp+
Ω0 Ω0+
trinca
Ω0‐
Ωp ‐
nós reais
nós reais
elemento 1 elemento 2
nós fantasmas
nós fantasmas
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max elástico plástico
GI
C
δ
δd δsep
Figura 6. Modelo de zona coesiva bilinear com amolecimento.
3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA
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Fraturamento Dinâmico de Rochas por Explosão por XFEM
Fonte excitante
Onda de tensão
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elementos
rocha infinitos
furo
p(t) re
2ri
elementos
padrões
Contorno infinito
(a) (b)
Figura 8. (a) Geometria do modelo; (b) malha de elementos finitos
com elementos convencionais (em amarelo) e infinitos (em laranja).
(σθ/Q)∙(r/a)½ ‐(σr/Q)∙(r/a)½
0.80 1.00
0.60 Eason
0.80
MEF
0.40
0.60
0.20
0.40
0.00
Eason
0.20
‐0.20
MEF
‐0.40 0.00
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 0.0 2.0 4.0 6.0 8.0
τ' τ'
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4m 0.1m
furo
1m (b)
(a)
Face livre
Figura 10. (a) Geometria do modelo; (b) malha de elementos finitos e infinitos empregada.
Parâmetro Valor
Velocidade da onda P, Cp (m/s) 5000
Velocidade da onda S, Cs (m/s) 2890
3
Massa especifica, ρ (kg/m ) 2700
Coeficiente de Poisson, ν 0.25
Modulo de elasticidade, E (GPa) 56.4
Energia da fratura, G f (Pa·m) 300
Resistência à compressão máxima, σc (MPa) 75
Resistência à tração máxima, σt (MPa) 5
Sharpe (1942) e Duvall (1953) apresentaram uma expressão analítica muito utilizada na
literatura para descrever a variação da pressão na parede do furo com o tempo de detonação.
A forma geral do pulso aplicado à parede do furo é dada por
P P0· e t e t (3)
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Para gerar várias pressões e representar as fases de subida e decaimento, duas constantes
são definidas: 1 / ( e0 t0 e0 t0 ) e t0 (1 / ( / )) log( / ) , com a Eq. (3) sendo reescrita
como:
P P0· · e t e t (4)
A Eq. (4) foi usada por Cho & Kaneko (2004) para estudar a influencia das fases de
subida e decaimento no processo de fratura dinâmica de um maciço rochoso. A Fig. 11 mostra
as formas dos pulsos de pressão aplicados na parede do furo, gerados pela detonação de
explosivos ANFO, considerando a razão das constantes de decaimento β/α=1,5 e 100 (Fig.
11a) e tempos t0 para atingir a pressão de pico iguais a 10, 100, 500 e 1000 s (Fig. 11b). O
valor da pressão de pico de 100 MPa é mantido constante.
De um ponto de vista prático, um pulso curto tem uma maior amplitude do que um pulso
extenso. No entanto, ao comparar os processos de fratura para diferentes taxas de
tensão/carregamento é necessário ter em conta o mesmo pico de tensão induzida para todas as
análises.
Dois cenários de fragmentação da rocha por explosão foram considerados. No primeiro
cenário foi analisado o comportamento de um furo sem fissuras preexistentes, enquanto que
no segundo foram admitidas 8 fissuras preexistentes, com comprimento inicial a0/3 = 1,7 mm,
caso estudado anteriormente por Lima (2001) com o método convencional dos elementos
finitos.
p(t) [MPa]
1.20
p(t)/p 0 120
β/α = 1.5
1.00
β/α = 100 100
0.80 80
0.60 60
t10 ‐ t0 [ms]
0 = 10 s
0.40 40 t100 ‐ t0 [ms]
0 = 100 s
t500 ‐ t0 [ms]
0 = 500 s
0.20 20 0 = 1000 s
t1000 ‐ t0 [ms]
0.00 0
0 10 20 30 40 50 0 500 1000 1500 2000
t/t0 t [s]
Figura 11. Curvas da variação do pulso gerado pela detonação na parede do furo para:
(a) β/α = 1.5 e 100; (b) β/α = 1.5 e tempos de pico t0 = 10, 100, 500 e 1000 s.
Para o caso de fissuras preexistentes, estas foram consideradas igualmente distanciadas
entre si ao longo do perímetro do furo de detonação. Não há indicações claras na literatura
sobre o número de fraturas radiais principais que se desenvolvem em torno de um furo de
detonação, embora evidências experimentais com explosivos de alta energia indiquem de 8 a
12 fraturas radiais principais (Ghosh & Daemen, 1995), enquanto que estudos numéricos
(Song & Kim, 1995) sugiram o desenvolvimento de 10 a 12 fraturas dominantes.
A Fig. 12 mostra o campo de deslocamentos no caso do furo sem fissuras preexistentes
para a razão das constantes de decaimento β/α=1,5. O padrão das fraturas é aleatório neste
cenário para todas as análises, com algumas das fraturas mudando muito a direção de
propagação. Verifica-se também a influência do tempo t0 para atingir a pressão de pico de
100 MPa, pois quanto maior o seu valor também maiores são os deslocamentos e tensões
resultantes (caso d).
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Fraturamento Dinâmico de Rochas por Explosão por XFEM
4 CONCLUSÕES
Neste trabalho o método dos elementos estendido (XFEM) foi empregado para análise do
fraturamento de maciços rochosos por explosão (desmonte de rochas). O conceito do método
foi brevemente explicado, no qual se agregam funções de enriquecimento nos elementos
finitos cortados pela fratura para melhor representar os campos de deslocamentos através das
superfícies da fratura (descontinuidade) e nas proximidades da ponta da fratura (região de alta
concentração de tensões). A vantagem do XFEM é que o elemento descontínuo é substituído
por dois elementos com nós fantasmas, conservando as mesmas funções de interpolação dos
elementos intactos não cortados por fraturas, facilitando assim a implementação
computacional desta técnica nos programas de elementos finitos já existentes.
Adicionalmente, a geometria da fratura também não é fisicamente modelada, sem a
necessidade de constantes e ineficientes atualizações de malha. Um exemplo de aplicação
para o caso de desmonte de rochas foi apresentado, evidenciando a potencialidade deste
método para simulação deste complexo problema dinâmico, com resultados bastante
satisfatórios, tanto em tempo de simulação computacional quanto em comparação com
resultados numéricos gerados pela aplicação do método convencional dos elementos finitos.
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto Tecgraf/PUC-Rio e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) por ter possibilitado a realização desta pesquisa.
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Bendezu, Marko A. L.; Romanel, Celso; Roehl, Deane M.
200s 200s
400s 400s
600s 600s
(a) (b)
200s 200s
600s 600s
1200s 2000s
(c) (d)
Figura 12. Campo de deslocamentos gerado pela propagação de ondas geradas em furo de detonação sem
fissuras preexistentes para β/α=1.5: (a) t0=10 s; (b) t0=100 s; (c) t0=500 s e (d) t0=1000 s.
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Fraturamento Dinâmico de Rochas por Explosão por XFEM
200s 200s
400s 400s
600s 600s
(a) (b)
200s 200s
600s 600s
1200s 2000s
(c) (d)
Figura 13. Campo de deslocamentos gerado pela propagação de ondas geradas em furo de detonação com
oito fissuras preexistentes para β/α=1.5: (a) t0=10 s; (b) t0=100 s; (c) t0=500 s e (d) t0=1000 s.
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Figura 14. Furo de detonação com 8 fissuras preexistentes no tempo t=2000 s ilustrando a distribuição
da tensão principal máxima para β/α=1.5 e t0=1000 s.
REFERÊNCIAS
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