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Atualidades|Crise Política

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Brasil: Crise Política

No que se referem ao contexto político do Brasil as denúncias de corrupção, a


investigação da Lava-Jato iniciada em março de 2014, a crise econômica e da
Petrobrás aumentam ainda mais a falta de credibilidade do país e agravam o desgaste
institucional do país. O governo mais do que nunca em 2015 enfrentou a força das
manifestações populares e os gritos de “Fora Dilma” ecoaram por todos os cantos.
As mobilizações de 15 de março e 12 de abril foram capazes de levar milhares de
pessoas para as ruas em 19 capitais e mais de 200 cidades, refletindo o índice de
rejeição da presidência em quase 90%, o pior índice de um presidente brasileiro
desde 1992, momentos antes do afastamento do Presidente Collor.
Em meio a esse turbilhão de forças contrárias, PT e PMDB se esforçam em controlar
também a crise do Legislativo, devido a denúncias levantadas sobre o Presidente da
Câmara Eduardo Cunha.
É fato que um conjunto de acontecimentos ligados à corrupção contribuiu para
acentuar o desgaste político e institucional do país, recorrendo a um meio garantido
pela constituição: o afastamento da presidência da República e da presidência da
Câmara por um processo de impeachment.
A crise econômica internacional refletiu os ânimos e desânimos da população
descontente com um governo já também desgastado por denúncias na Petrobrás e
pelas investigações da Lava-Jato. Ainda assim, desde as Manifestações pelo
transporte público em 2013, se faz necessário uma ampla reforma que possa
contribuir para melhorar a imagem de que os políticos no país só legislam em
benefício próprio, sem levar em consideração os anseios populares. Isso ocorreu com
a redução da Maioridade Penal que tanto discutimos e volta a ocorrer com a
credibilidade e a utilidade dos deputados e senadores no Congresso Nacional. Críticas
como essa, apareceram no discurso do Deputado Darcísio Perondi, do PMDB-RS, que
afirmou que o plenário decidiu a questão por emoção: “Se fosse pela emoção, o
Datafolha diz que nosso salário deveria ser pela metade e que esta Casa tem de
fechar”, quando se referiu a pesquisa popular favorável a PEC da Maioridade Penal.
Casos como estes, tornaram a discussão da corrupção como um dos elementos mais
participativos da política brasileira. Foi destaque da oposição inclusive na campanha
da oposição contra a candidata Dilma Rousseff, tentando por omissão ou conivência
incriminar a presidência da República.
No campo econômico o país começava a sentir os efeitos da credibilidade e do selo
de bons pagadores no mercado de ações. Em menos de 3 meses consecutivos, duas

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das três maiores agências de classificação de risco rebaixaram a nota do país e o


tiraram o grau de investimento. Segundo a agência, o rebaixamento do Brasil
significa a partir de agora um grau de investimento de qualidade baixa, onde se
categoriza por especulação. Segundo as agências o rebaixamento do país reflete um
grau mais acentuado de recessão da economia, com índices maiores aqueles que
haviam sido previstos, porém, com um sério risco observado segundo as
adversidades do cenário fiscal e o aumento das incertezas políticas e de metas fiscais.
O pessimismo em relação à nota brasileira veio um dia após o governo reduzir a meta
fiscal para 0,5% em 2016. Isso significa que o governo continua gastando mais do
que economizando, prejudicando a economia como um todo, afastando o investidor
estrangeiro, aumentando a taxa de juros, etc.

Logo após as eleições de 2014, a oposição fora implacável na tentativa de impugnar


as eleições. Foi solicitada recontagem de votos, cassação de candidatura e abuso de
poder político e econômico, todas solicitadas pelo PSDB e negadas pelo TSE. O que
se pode perceber logo no início de governo foi um desgaste político provocado pela
oposição e um Congresso Nacional que demonstrara claros indícios das dificuldades
de aprovação de metas. As promessas de Campanha do PT enfrentaram dificuldades
e o clima se agravou ainda mais. Mesmo com promessas de medidas provisórias
tramitando no Congresso, o discurso da Presidente não permitiu que na prática
houvesse eficácia de medidas aprovadas e discutidas.
Como consequência direta de todos esses conjuntos de fatores, críticos apontam que
o Executivo passava cada vez mais a tornar-se refém do Legislativo, mascarando
uma espécie de Parlamentarismo, sem reação por parte do Executivo. Dentro dessa
perspectiva, o Congresso Nacional sairia fortalecido pelos seus dois principais
representantes Eduardo Cunha, na Câmara, e Renan Calheiros, também do PMDB no
Senado, sendo o Congresso Nacional quem ditara as pautas expressivas para
aprovação de projetos. Essa primeira impressão reduziu a possibilidade de qualquer
reação do governo e agravou a crise do impeachment.
Eduardo Cunha, ao mesmo tempo em que sofria denúncias, ia conseguindo aprovar
medidas de seu interesse e de aliados. Tramitou no Congresso a isenção de impostos
a Igrejas, impediu discussões sobre a legalização do casamento homoafetivo,
dificultou a legislação para autorização do aborto.
Eduardo Cunha, quando em depoimento para a CPI da Petrobrás havia afirmado a
não existência de contas abertas no exterior, na Suíça. Caso venha a ser investigado
pelo Comitê de Ética da Câmara e as denúncias comprovadas de que mentiu, pode
ser cassado por falta de Decoro Parlamentar, ou seja, por ter faltando a conduta ética
e idônea de um político. Além da Constituição Federal e do Regimento Interno da
Câmara, está estabelecido que a quebra de decoro pudesse envolver o uso de
expressões inadequadas, abuso de poder, recebimento de vantagens indevidas como
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corrupção e lavagem de dinheiro, ao qual Cunha é acusado através de contas no


exterior. Além disso, a oposição ainda critica o uso da autoridade e do poder que o
cargo lhe confere para atrapalha ou coibir investigações. O Comitê de Ética já passou
por inúmeras relatorias e até um afastamento do então recém-eleito Deputado
Fausto Pinato, do PRB de São Paulo. O Deputado chegou a ser substituído da relatoria
do caso por uma ordem da mesa diretora da Casa e assinada pelo Vice-Presidente
Waldir Maranhão, aliado de Cunha.

Abertura de Impeachment
Segundo a determinação da lei 1079/50 do Impeachment, ela diz que pode, além de
ser feita por qualquer cidadão, implicar tanto no caso de delito comum, quanto diante
de um crime de responsabilidade, quando o governante no exercício do cargo comete
algum agravante. No caso de crime de responsabilidade, quem deve ter a
responsabilidade do julgamento é o Senado, porém, presidido pelo Presidente do
STF.
Para que a acusação contra um membro do executivo seja formalizada há a
necessidade de aceitação pela Câmara dos Deputados, com pelo menos 2/3 do total
dos deputados, 342 integrantes. Para todos os efeitos, o impeachment é algo que só
deve ocorrer em situações de extremo limite do poder do governante, sendo assim
aberto processo e levado a julgamento. Subverter, portanto, o poder de um chefe do
executivo é recorrer a instrumentos que não restam dúvida sobre crimes cometidos
no período do exercício. Para que o processo pudesse dar continuidade quem definiu
o Rito do Impeachment, foi o STF, depois que recurso perpetrado pelo PCB foi
requerido. O pedido iniciado em dezembro de 2015 coincidiu com a data que daria
continuidade ou não ao processo de cassação do Presidente da Câmara, Eduardo
Cunha.
Para tanto, o STF definiu primeiramente que a comissão com Chapa Avulsa formada
por parlamentares fosse desfeita. A partir dessa decisão nova votação deverá compor
a Chapa com a devida proporcionalidade aos Partidos da Casa, indicada pelos líderes
e deverá ser feita em votação aberta. A comissão deve ser formada por 65 membros
de todas as legendas.
Ainda se definiu que não há necessidade de defesa Prévia da Presidente, ou seja, o
poder executivo poderá apresentar defesa apenas depois de apuradas as denúncias
e realizadas investigações após a criação da Comissão. Em período de 10 sessões de
montada a Comissão, a presidente poderá se pronunciar. Se depois das 10 sessões
e da respectiva defesa, a Comissão deverá optar pela continuidade ou não do
processo.
Caso o pedido de impeachment seja aprovado, o Senado terá papel decisivo no
processo. Se caso aprovado pelos senadores o processo é continuado. Por

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determinação do STF o Senado tem papel primordial de votação em caso de apuração


de denúncia desse tipo. Caso seja julgada no Senado, o presidente do Supremo terá
atribuição de notifica-la a comparecer. Para a aprovação do impeachment ainda é
necessário a aprovação de 54 dos 81 senadores. Caso seja declarada impedida de
continuar ao cargo, quem assume é o Vice-Presidente Michel Temer. Caso Temer seja
impedido juntamente com a Presidente e isso ocorrer após 2016, o Congresso terá
atribuição de eleger o Presidente por voto indireto, àquele em que a Casa tem poder
de decisão.

Reforma Política
Fruto de uma insatisfação popular desde meados de 2013, a Reforma Política é uma
antiga promessa do Poder Executivo, para que se possa legislar sobre aquilo que se
considere necessário na atual conjuntura política do País. Nesse caso, como já
analisamos anteriormente, a Reforma Política no país ainda reflete uma polarização
ideológica e de interesses distintos, consequência da existência de 35 partidos até o
início de 2016. Como uma Assembleia tornaria demasiado longo um processo de
reforma Política, as mesmas estão sendo feitas através de PEC´s que contem com
pelo menos 2/5 da aprovação do Congresso, sempre em 2 turnos em cada Casa.
Caso as reformas sejam de menor proporção ou polêmica elas podem ser
encaminhadas por temas perpetrados pelas Comissões, exemplo da Comissão de
Constituição e Justiça. Caso uma proposta seja aprovada, ela ainda deve ter 1/10
dos deputados para ser posta em Plenário.
Em termos de Reforma Política, consideráveis alterações entrarão em vigor para as
próximas eleições, como a questão do fim da reeleição para cargos do Executivo, a
redução da idade mínima para candidatos, além da aprovação do Voto Impresso.
Questões mais polêmicas como o sistema proporcional de Votação, o famoso
Distritão, fora rejeitado pelos Deputados. Sendo assim, mantém-se a mesma
proporção para eleição de deputados e não pela maioria absoluta. Temas polêmicos
como financiamento de campanha permanecem como estão. Outros pontos como a
questão de Coligações, senador vitalício e voto facultativo foram rejeitadas pela
ampla maioria da Câmara.

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