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XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

ANÁLISE DOS ÍNDICES DE


RENTABILIDADE E DA COMPOSIÇÃO
DE ENDIVIDAMENTO: UM
COMPARATIVO ENTRE DUAS
OPERADORAS LOGÍSTICAS
Ícaro Guilherme Félix da Cunha (IFMG Congonhas )
icaro_cunha@yahoo.com
Laís Fortes Baêta (IFMG Congonhas )
laisfortes@hotmail.com
Rayane Henriques Moreira (IFMG Congonhas )
rayanehm@hotmail.com
Aline Gabriela da Silva Barbosa (IFMG Congonhas )
alinegabrielasb@yahoo.com.br
Ana Luiza Cordeiro Pereira (IFMG Congonhas )
analuiizacordeiro@yahoo.com.br

Tendo em vista as constantes mudanças ocorrentes no cenário


industrial, decisões precisam ser tomadas de maneira assertiva e ágil,
principalmente no que tange à parte financeira. Para que isso ocorra,
os gestores empregam alguns índices, oss quais também p

Palavras-chave: Gestão Financeira; Índices Financeiros;


Rentabilidade; Operadoras Logísticas
1. Introdução

Neto e Lima (2010), apontam que para uma tomada de decisão efetiva é preciso
conhecer as demonstrações contábeis da empresa, as quais são ferramentas utilizadas para
cálculo dos indicadores de desempenho da empresa, o que auxiliaos gestores na escolha da
melhor estratégia a ser adotada. Além disso, tais indicadores são importantes aos
stakeholders, visto que apresentam de maneira resumida o posicionamento econômico-
financeiro da organização (GITMAN, 2004). Para o estudo em questão, serão abordados os
índices de rentabilidade e a composição de endividamento de duas empresas, que atuam no
setor logístico, a MRS Logística S.A. e a VLI S.A., como forma de aplicar a análise citada
anteriormente.

Por se tratarem de duas operadoras logísticas, o objetivo principal do artigo é


apresentar uma comparação entre elas durante os anos de 2016 e 2017, a respeito da
rentabilidade das organizações analisadas. Como forma de alcançar tal objetivo, foram
dispostos os seguintes objetivos específicos: calcular os índices de rentabilidade e a
composição de endividamento, determinar a taxa de crescimento de cada índice e analisar os
impactos dos resultados encontrados.

Assim, o trabalho foi fragmentado em cinco seções. Além desta introdução, a segunda
parte, que traz o referencial teórico é apresentado com o intuito de fomentar uma base sólida
para o estudo, com as definições e fórmulas que serão utilizadas no decorrer do trabalho. Na
terceira seção, são abordados os procedimentos metodológicos utilizados, além de ser
apresentado um breve resumo sobre cada uma das empresas que compõe o estudo. Na
sequência, são apresentados os cálculos de rentabilidade e composição de endividamento e
suas respectivas análises. Por fim, é discorrido a respeito das inferências finais acerca do
tema.

2. Referencial teórico
2.1. Gestão financeira

De acordo comNeto e Lima (2010), com a elevação da complexidade do mercado


financeiro, o gestor deve possuir uma visão sistêmica da empresa e das partes interessadas. O
uso isolado de técnicas da administração financeira já não é mais suficiente nos dias atuais,
sendo necessária uma maior percepção de conhecimentos estratégicos. É essencial que o

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responsável pela área financeira tenha uma visão geral da organização, sabendo identificar as
oportunidades internas e externas, além de analisar os dados e informações, para
assim, planejar melhor o processo de tomada de decisão.

Conforme Casali e Treter (2015), as metas e estratégias de determinada empresa,


juntamente com seu planejamento financeiro, são fatores que contribuem para orientação
durante a tomada de decisão, a fim de alcançar seus objetivos. Sendo assim, o planejamento
representa parte importante da estratégia para obter maior previsibilidade no que se refere aos
indicadores de desempenho, entre eles os de liquidez, endividamento e rentabilidade. Nesse
contexto, o gestor tem como função disponibilizar o capital almejado no tempo certo, com
valor estimado de custo menor, para assim, garantir melhores investimentos e diminuir as
incertezas do negócio.

2.2. Demonstrações financeiras

De acordo com Cunha e Silva (2014), a análise das demonstrações financeiras se


baseia no estudo detalhado, que deve levar em conta todos os aspectos que integram
o objeto de estudo. Por meio dessa ferramenta, o analista consegue avaliar minuciosamente o
comportamento dos elementos pertencentes ao patrimônio e se necessário, possibilita a
reestruturação do próprio balanço patrimonial.

Existem cinco demonstrações financeiras obrigatórias, excluindo-se a Demonstração


das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) (BRAZIL, 1976; 2007). Para uma completa
análise da organização, não podemos levar em consideração apenas o seu Balanço
Patrimonial, que se refere ao arranjo imobilizado de todos os bens, direitos e obrigações da
empresa no momento atual e a Demonstração do Resultado do Exercício, que expõem as
receitas e despesas de certo período. Além dessas demonstrações, também é importante
considerar a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos e Demonstração dos Lucros
e Prejuízos Acumulados; Demonstração dos Fluxos de Caixa e a Demonstração do Valor
Adicionado (MARION, 2012).

Além disso, o período ou exercício contábil de uma empresa, tem prazo de um ano e
não obrigatoriamente deve coincidir com o ano civil, apesar de isso acontecer em boa parte
nas organizações. Durante esse período, a legislação exige que as empresas preparem as
demonstrações contábeis obrigatórias referente ao ano do exercício (IMPERATORE, 2017).

2.3. Índices de rentabilidade

3
Segundo Assis et al. (2016), os indicadores de rentabilidade visam apoiar investidores
e gestores por meio da divulgação de informações referentes ao cenário econômico da
empresa em determinada fase, além de permitir o confronto com dados anteriores e
visualização do desenvolvimento da organização no decorrer do tempo. Esses indicadores são
do tipo econômico, pois determinam a quantidade de vendas e demonstram a capacidade da
organização de gerar recursos e auxiliar os administradores durante a tomada de decisão.

2.3.1. ROA e ROE

O retorno sobre o ativo total (ROA – return on total assets), também conhecido como
retorno sobre o investimento (ROI- return on investment) mede o potencial de geração de
lucros com os ativos disponíveis de determinada empresa. Quanto mais elevado o valor
referente ao retorno sobre o ativo total da empresa, melhor. Esse índice é calculado conforme
a equação 1 (GITMAN, 2004).

(1).

Já o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE – return on common equity) mostrao retorno
recebido com o investimento de acionistas ordinários da organização. Geralmente, quanto
mais elevado o valor desse retorno, melhor é o cenário econômico dos donos. A equação 2,
apresenta a fórmula para cálculo desse indicador (GITMAN, 2004).

(2).

Os índices de rentabilidade são empregados para maior detalhamento e explicação dos


fatores advindos das mudanças na organização. Dessa forma, ciente de qual variável está
sofrendo alteração, é possível utilizar o aumento e redução dos números com base na
metodologia dos índices ROA eROE para realização de um diagnóstico adequado para o
negócio em análise (LIMA, 2017).

2.3.2. Lucro bruto, operacional e líquido


Para melhor compreensão dos resultados encontrados neste estudo, a Tabela 1 traz as
definições e fórmulas utilizadas para o cálculo das margens de lucro bruto, lucro operacional e
lucro líquido.

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Tabela 1 – Margens de lucro
Definição Equação
Margem de Mede a porcentagem de unidades monetárias que restam após
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑜
lucro bruto o pagamento do custo dos produtos vendidos. Quanto maior
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
esse valor melhor pois o custo dos produtos vendidos diminui
(GITMAN, 2004).
Margem de É a porcentagem de unidades monetárias restantes após a 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
lucro subtração de todos os custos e despesas, com exceção dos juros, 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠

operacional impostos e dividendos de ações preferenciais. Sendo assim, o


mesmo se trata do resultado obtido nas operações (GITMAN,
2004).
Margem de Revela a porcentagem de unidades monetárias restantes após a 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜𝑠 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
lucro líquido dedução de todos os custos e despesas, incluindo juros, 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠

impostos e dividendos de ações preferenciais, sendo assim,


quanto maior for esse valor, maior o montante de capital que
permanece como resultado de todas suas atividades (GITMAN,
2004).

Fonte: Adaptado de Gitman, (2004)

2.3.3. Lucro por ação ordinária

De acordo com Bender (2012), o Lucro por Ação (LPA) é um indicador empregado
por analistas, investidores, entre outros interessados na medição de rentabilidade de uma
empresa e análise do preço das suas ações. Com ele, é possível avaliar o desempenho da
organização pelo estudo dos rendimentos por cada ação, conforme disposto na equação (3).

(3).

Segundo Campos e Scherer (2001), o Lucro por Ação tem como finalidade identificar
o quão lucrativo se mostrou determinado negócio, baseado na utilização de recursos
oferecidos pelos acionistas.

2.4. Giro do ativo


Segundo Gitman (2004), o giro do ativo total determina a eficiência na utilização dos
recursos da empresa para geração de vendas, podendo ser obtida através da equação (4).

(4).

5
Para Assis et al. (2016),a medição do desempenho no que se refere ao volume de
vendas é fator importante para garantia de sucesso e competitividade no mercado. Para
avaliação do desempenho, pode ser considerada a porcentagem do faturamento de
determinada empresa em relação ao investimento realizado. Neste contexto, o indicador
conhecido com giro do ativo é relevante para definir a relação direta entre as vendas
realizadas em determinado período e os investimentos totais realizados, permitindo a
avaliação da eficiência de aplicação dos recursos pela organização

2.5. Composição de endividamento


ConformeSaporito (2015), a composição do endividamento permite analisar a dívida
total da empresa a curto prazo, portanto, quanto menor for o resultado melhor, visto que com
isso seria menor também as pressões sobre o caixa num futuro próximo. O cálculo deste
indicador é representado abaixo.

(5).

Silva (2017), afirma que a análise desse indicador viabiliza vislumbrar um perfil de
endividamento da empresa, o qual pode ser alongado por meio de renegociação de dívidas ou
através da celebração de novos empréstimos.

3. Metodologia

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser classificada como descritiva, que Raupp e
Beuren (2013) afirmam se encontrar em um patamar intermediário, ou seja, não se mostra tão
introdutória quanto à exploratória e nem tão aprofundada como a explicativa, tendo a função
de identificação, relato e comparação dos resultados obtidos.Foi adotada ainda a metodologia
doestudo de caso, que Gil (2012) destaca como método que permite formular hipóteses, além
de desenvolver teses para avaliar e explicar variáveis em meios de maior complexidade.

Para fins de análise foram calculados os índices de rentabilidade, sendo eles, as


margens de lucro líquido, bruto e operacional, o lucro por ação, o retorno do ativo total
(ROA), o retorno do capital próprio (ROE), o giro do ativo e, por fim, como forma de obter
uma visão mais crítica sobre a empresa, calculou-se a composição de endividamento das
mesmas, como forma de analisar se as empresas obtido êxito em saldar suas dívidas com seus
credores.

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Os valores utilizados nos cálculos dos índices, que serão apresentados na próxima
seção, foram oriundos dos relatórios das demonstrações financeiras anuais disponíveis nos
sites das organizações enfatizadas, referentes ao exercício contábil de 2016 e 2017.

Ataxa de crescimento, que será apresentada, foi calculada como forma de determinar o
nível de crescimento das empresas no ano de 2017, em relação ao ano anterior. Para isso, foi
calculadaa variação entre os dois anos e, posteriormente, dividiu-se esse resultado pelo valor
do ano de 2016.

Sobre os objetos de estudo, a MRS é uma operadora logística fundada em 1996, época
em que o governo passou à iniciativa privada a gestão do sistema ferroviário nacional. A
empresa é responsável por controlar uma malha ferroviária de 1643 quilômetros nos estados
de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro (MRS, 2018).

A VLI por sua vez, é uma operadora logística que atua com modais de transporte
misto desde 2011, integrando portos, ferrovias e terminais, além de estar presente em dez
estados e no Distrito Federal. Apesar de ser uma empresa nova, a VLI já detém uma parcela
bem significativa de mercado, além de deter uma estrutura bem sólida com mais de 8000
quilômetros de ferrovias (VLI, 2018).

Os dados utilizados para o cômputo são oriundos Demonstração do Resultado de


Exercício (DRE), das empresas e estão evidenciados na Tabela 2.

Tabela 2 – Demonstração do Resultado do Exercício (em milhares de reais)

Empresas MRS VLI


Anos 2016 2017 2016 2017
Receita Líquida de Serviços 3.279.420 3.492.805 3.553.651 4.499.330
Custo dos Serviços Prestados 2.208.786 2.307.108 3.173.474 3.837.593
Lucro Bruto 1.070.634 1.185.697 380.177 661.737
Lucro Operacional 910.447 902.546 524.763 704.212
Lucro Líquido 417.545 461.250 281.503 312.060
Quant. de ações 355.167 355.167 8.890.790,411 8.890.790,411
Fonte: Elaborada pelos autores
Na Tabela 3, evidencia-se os resultados obtidos no balanço patrimonial de ambas as
organizações.

Tabela 3 – Balanço Patrimonial (em milhares de reais)

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Empresas MRS VLI
Anos 2016 2017 2016 2017
Total do Ativo 7.572.805 7.833.919 15.149.188 16.739.448
Total do Passivo Circulante 1.393.810 1.494.195 1.720.747 1.786.794
Total do Passivo Não circulante 2.876.187 2.784.443 4.380.608 5.666.430
Total do Patrimônio Líquido 3.302.808 3.555.281 8.754.483 8.985.521
Fonte: Elaborada pelos autores
Para o cálculo da margem de lucro bruto, margem do lucro operacional e margem do
lucro líquido, foi utilizado a receita líquida de serviços, valor foi retirado da DRE de cada
organização.

4. Análise de resultados
4.1. Análise das margens de lucro bruto, operacional e líquido

Analisando a Tabela 4, nota-se que a margem de lucro bruto de ambas as empresas


apresentou uma taxa de crescimento positiva, sendo o resultado da VLI bem mais expressivo,
no entanto, observa-se que apesar da mesma exibir uma taxa de crescimento superior, a MRS
obteve maiores margens de lucro bruto, isso deve-se ao valor dos serviços prestados pela VLI,
que por sua vez foi superior nos dois anos analisados, quando comparados à sua concorrente.
Já a receita líquida da VLI, outra contautilizada no cálculo da margem, não demonstrou
crescimento na mesma proporção. Logo, o lucro bruto da MRS foi superior.

Tabela 4 – Margem de Lucro Bruto


Margem de
Taxa de
Empresas Lucro Bruto
Crescimento
Analisadas
2016 2017 2016 - 2017

MRS 32,65% 33,95% 3,98%


VLI 10,70% 14,71% 37,48%
Fonte
: Elaborada pelos autores

Quanto a margem de lucro operacional, a Tabela 5 revela quea MRS apresentou uma
queda de 6,92 pontos percentuais de um ano para o outro, o que é desfavorável a empresa,
uma vez que o lucro gerado exclusivamente pela operação fim do negócio foi comprometido.
Isto deve-se ao fato de queem 2017 a empresa teve uma contração de 0,87% no seu lucro
operacional, sendoque apesar de suas despesas operacionais terem reduzido, suas receitas
operacionais também sofreram quedas.

Destarte, dentre os itens que compõem a receita operacional, o que teve maior impacto
em termos de valor absoluto de 2016 para 2017 foram as multas contratuais, que passaram de

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196.212 milhares de reais para 39.957 milhares de reais. Já no que tange o desempenho da
VLI, é possível notar, uma relação crescente em sua margem de lucro operacional, isso
porque suas receitas de vendas tem crescido de forma a viabilizar um lucro superior ao
alcançado no ano anterior, depois de deduzir os custos e despesas decorrentes da prestação de
seus serviços, excluindo juros, impostos e dividendos por ações preferenciais.

Tabela 5 – Margem de Lucro Operacional


Margem de
Taxa de
Empresas Lucro Operacional
Crescimento
Analisadas
2016 2017 2016 - 2017

MRS 27,76% 25,84% -6,92%


VLI 14,77% 15,65% 5,99%
Fonte
: Elaborada pelos autores

Por fim, através da Tabela 6, observa-se que a MRS apresenta taxa de crescimento da
margem de lucro líquido superior à VLI. O aumento apresentado pela MRS, revela um
esforço na redução das despesas financeiras e operacionais, como é possível concluir ao
analisara DRE.

Já o resultado obtido pela VLI não se mostrou favorável, por revelar que a quantidade
de valores monetários disponíveis para ser rateado aos acionistas foi menor, o que pode
prejudicar o posicionamento da empresa no mercado. A queda na sua margem de lucro
líquido foi ocorrente de um aumento não proporcional, em termos de valores absolutos, do
lucro líquido em relação a receita de vendas, isso porque houve também um aumento das
obrigações da empresa relacionado ao custo para realização dos serviços prestados.

Tabela 6 – Margem de Lucro Líquido


Margem de
Taxa de
Empresas Lucro Líquido
Crescimento
Analisadas
2016 2017 2016 – 2017

MRS 12,73% 13,21% 3,72%


VLI 7,92% 6,94% -12,44%
F
onte: Elaborada pelos autores

4.2. Análise do lucro por ação

É importante citar que na DRE da MRS, a quantidade de ações sem valor nominal foi
de 340.000.000 nos dois anos, mas, o valor considerado para o cálculo deste índice foi o de
355.167.000, sendo essa medida o resultado dos 340.000.000 somado à um ajuste apresentado
na própria demonstração financeira da empresa, encontrado na parte “Resultado por Ação”.

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No caso da VLI, o capital integralizado é representado por 8.890.790.411 ações
ordinárias sem valor nominal. Vale ressaltar que o lucro líquido do exercício, ou lucro
disponível aos acionistas ordinários, estão tabelados em milhares de reais, e que os valores
encontrados foram diluídos por lotes de mil ações.

Tabela 7 – Lucro por Ação


Lucro por
Taxa de
Empresas Ação
Crescimento
Analisadas
2016 2017 2016 - 2017

MRS R$ 1,18 R$ 1,30 10,47%


VLI R$ 31,66 R$ 35,10 10,85%
F
onte: Elaborada pelos autores

A taxa de crescimento de ambas as empresas é explicada exclusivamente pelo


aumento no lucro líquido no ano de 2017, uma vez que o número de ações disponibilizadas de
um ano para o outro não sofreu alteração. Para a VLI, houveram aumentos em receitas
importantes como as de transporte ferroviário, serviços portuários e serviços acessórios que
quando contrapostas aos aumentos de custos (principalmente os aumentos de custos com
pessoal e de depreciação), ainda assim foram suficientes para refletir um aumento no lucro
líquido. Quanto a MRS, o aumento das receitas, são mais expressivos em relação aos serviços
de transporte e as acessórias de frete, e mesmo com a crescente de despesas como as de mão
de obra e serviços de terceiros o lucro líquido ainda apresentou margem de crescimento.

É importante citar que o LPA foi calculado baseado nos dados das demonstrações
financeiras, não sendo feito comparação com a cotação negociada na bolsa de valores.

4.3. Análise do retorno do ativo total

No caso da MRS, os dois parâmetros utilizados no cálculo da margem obtiverem


crescimento de um ano para o outro, fato esse que explica a melhora neste índice. Já a VLI,
apresentou um crescimento bem menos significativo, em decorrência de um aumento quase
que proporcional das duas variáveis consideradas no cálculo do ROA.

Ainda sobre a MRS, a expansão do ativo total em 2017, pode ser justificada
majoritariamente pelo ativo circulante, uma vez que o ativo não-circulante sofreu uma queda,
isso porque, existiu um volume superior de captações no exercício social do ano, levando a
uma consequente expansão no saldo de caixa e equivalentes de caixa e um expressivo
aumento no número de contas a receber de partes relacionadas, decorrentes de transações
realizadas com os acionistas, profissionais chaves da administração ou empresas ligadas.

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Tabela 8 – Retorno do Ativo Total (ROA)
Retorno do
Taxa de
Empresas Ativo Total (ROA)
Crescimento
Analisadas
2016 2017 2016 - 2017

MRS 5,51 % 5,89% 6,79%


VLI 1,858% 1,864% 0,32% F
onte: Elaborada pelos autores

Um outro ponto foi o aumento em valores absolutos nas contas a receber, que pode ser
explicada, basicamente, pelos valores provisionados resultantes de meios de proteção da
receita, definidos em contratos.

Diante do exposto, é possível concluir que a MRS apresentou tanto uma taxa de
crescimento, quanto valores anuais maiores do ROA, quando comparada à concorrente. A
explicação para isso advém do fato de o total do ativo da VLI ser mais que o dobro que o
correspondente na MRS, sendo esse valor justificado na sua maior parte pelo valor do ativo
intangível (bens e direitos incorpóreos). Por outro lado, o lucro líquido da VLI é inferior ao da
MRS. Logo, a capacidade da MRS de gerar lucro com os ativos que possui é superior.

4.4. Análise do retorno do capital próprio

Conforme a Tabela 9, apesar da MRS apresentar um retorno anual maior frente


aocapital próprio, a taxa de crescimento da VLI foi superior. Partindo do princípio que quanto
maior o ROE, melhor para o acionista, neste caso especificamente, a MRS poderia ser
apontada como tendo desempenho mais satisfatório.

Tabela 9 – Retorno do Capital Próprio (ROE)


Retorno do
Capital Próprio Taxa de
Empresas
(ROE) Crescimento
Analisadas
2016 - 2017
2016 2017

MRS 12,64 % 12,97% 2,62%


VLI 3,22% 3,47% 8%
Font
e: Elaborada pelos autores

Em relação à MRS, alguns fatores contribuíram para o aumento do seu patrimônio


líquido no ano de 2017, sendo o capital social e a reserva de lucros os que tiveram uma maior
influência em termos de valores absolutos. De acordo com as notas explicativas das
demonstrações financeiras, o saldo das reservas de lucros não pode exceder o capital social,
mas, a companhia atingiu esse limite, logo, foi aprovado um aumento do capital social
fazendo uso de parte das reservas de investimentos dos anos anteriores.

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4.5. Análise do giro do ativo

A taxa de crescimento do giro do ativo da VLI foi mais expressiva quando


analisadaano a ano, porém seu giro do ativo foi inferior ao da concorrente em ambos os anos
analisados.

Tabela 10 – Giro do Ativo


Giro do Ativo Taxa de
Empresas
Crescimento
Analisadas 2016 2017 2016 - 2017
MRS 0,43 0,45 2,96%
VLI 0,23 0,27 14,58%

Fonte: Elaborada pelos autores

A VLI apresenta uma receita líquida média de 18,6% e uma média do ativo total de
106,7% superior à concorrente, com isso, explica-se a diferença deste índice entre as duas
empresas, uma vez que é desproporcional o aumento entre os valores utilizados no cálculo do
giro do ativo.

Em relação à MRS, a taxa de crescimento foi positiva, devido a um maior faturamento


e um maior valor no ativo total, sendo a quantidade de imobilizado o componente de maior
impacto no total de ativo.

4.6. Análise da composição de endividamento

A Tabela 12, apresenta a composição do endividamento das duas empresas, onde é


possível analisar como está a obtenção de recursos de terceiros pelas empresas analisadas,
com o intuito de identificar se sua maior parcela se refereao longo ou curto prazo.

Tabela 12 – Composição de Endividamento


Composição de
Taxa de
Empresas Endividamento
Crescimento
Analisadas
2016 2017 2016 - 2017

MRS 32,64% 34,92 % 6,99%


VLI 28,20% 23,97% -15%
F
onte: Elaborada pelos autores

Quanto menor esse índice, menor o risco para a empresa, visto que se algum evento
não esperado venha a acontecer, no curto prazo ela pode não ser tão afetada, em virtude de a
maior parcela das suas dívidas estarem concentradas no longo prazo. Levando isso em
consideração, a VLI apresenta uma segurança maior, pois além de apresentar uma
composição de endividamento menor em termos percentuais, a empresa ainda teve uma taxa

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de crescimento negativo entre os anos analisados, indicando que a empresa precisou de menos
recursos de terceiros a curto prazo em relação a quantidade de recursos utilizados a longo
prazo. Tais recursos envolvidos no endividamento a longo prazo, podem ser atribuídos a
projetos de expansão da empresa.

Analisando a MRS, o aumento da composição do endividamento se deu por uma


elevação no total do passivo circulante, uma vez que o não circulante obteve uma queda em
relação à 2016. Dentre os itens que compõe o passivo circulante, o que logrou maior aumento
de um ano para o outro foram os passivos com partes relacionadas, onde está incluído
investimento em trilhos e os empréstimos e financiamentos efetuados no período.

5. Conclusão

Com o objetivo de analisar a rentabilidade de duas operadoras logísticas, MRS e VLI,


entre os anos de 2016 e 2017, o presente estudo mostrou que apesar de as duas empresas
apresentarem bons desempenhos a primeira apresenta índices mais atrativos, no entanto, a
segunda demonstra ser uma opção promissora a longo prazo, por apresentar boa rentabilidade
mesmo tendo menor tempo de atuação.

A análise isolada dos índices dificulta a compreensão do desempenho, visto que


quando analisado sob a ótica do LPA, a MRS é a melhor escolha para o investidor, ao passo
que quando se analisa a composição do endividamento para verificar a solidez das empresas, a
VLI demostra estar mais preparada para cenários turbulentos.

Através do estudo das duas empresas, verificou-se que frente a maioria dos índices
explorados, a MRS apresenta um desempenho anual maior, porém é a VLI quem apresenta
maiores taxas de crescimento no período analisado, o quese justifica pelo fato desta ser uma
empresa mais nova e também de fatores relacionados a diferenças da estratégia de mercado
apresentadas por cada uma, as quais devem ser abordados em estudos futuros. Com isso, é
observado a importância de uma avaliação detalhada tanto de cada ano, quanto da sua taxa de
evolução, pois os cálculos analisados separadamente podem trazer informações incoerentes.

Como estudos futuros, sugere-seuma análise mais profunda dos índices financeiros das
empresas e uma pesquisa dos nichos de atuação de ambas, como forma de apontar as
principais semelhanças e divergências existentes e ser capaz de avaliar com maior
assertividade, qual apresenta resultados mais atrativosaos investidores.

REFERÊNCIAS

13
ASSIS, R.A. et al. Índices de rentabilidade: um estudo de caso sobre o mercado de transporte de cargas em
Campo Belo - MG. XIII Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, Resende, 31 de outubro a 1 de
novembro 2016.

BENDER, C. R. D. J. Resultado por ação – um estudo do CPC 41 na avaliação de resultados. Trabalho de


Curso (TC) apresentado como um dos requisitos para a conclusão do curso de Ciências Contábeis do
UniCEUB - Centro Universitário de Brasília., Brasília, p. 29, 2012.

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CASALI, M. D. S.; TRETER, J. A importância da utilização da gestão financeira em microempresas da


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