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ATIVIDADE: ANÁLISE TÉCNICA DO FILME TROPA DE ELITE

Análise de aspectos técnicos do cinema Escolha algum aspecto técnico - como


cor, fotografia, posição de câmera, sonografia, trilha sonora, cenografia,
enredo, personagens, montagem das cenas – de um filme em língua
portuguesa e análise. Considere, por exemplo, como esse aspecto que você
escolheu influencia na construção da narrativa do filme, como ele é relevante,
bem ou mal construído, como dialoga com o tempo-histórico, etc.

CAMILA DOS REIS – PT3000079

THAMIRYS OLIVEIRA - PT3000249

 SINOPSE

Em Tropa de Elite, conta o dia-a-dia do grupo de policiais do BOPE e


seu capitão Nascimento (Wagner Moura), que quer deixar a corporação e
tentar encontrar um substituto para seu posto. Paralelamente, dois amigos de
infância se tornam policiais e se destacam pela honestidade e honra ao realizar
suas funções, se indignando com a corrupção existente no batalhão em que
atuam.

FICHA TÉCNICA 

Título: Tropa de Elite (Original)

Ano Produção: 2007

Dirigido por José Padilha

Estreia: 12 de Outubro de 2007 ( Brasil )

Duração: 115 minutos

Classificação: 16 - Não recomendado para menores de 16 anos

Gênero: ação; drama nacional; policial; suspense

País de Origem: Brasil

RESUMO
O início do filme conta o pano de fundo sobre a violência que ocupara
cerca de 700 favelas do Rio de Janeiro, a maioria dominada por traficantes
muito bem armados. Para se ter uma ideia, os armamentos usados apenas em
situações de guerra em outras partes do mundo fazem parte do cotidiano das
comunidades da capital carioca. 

Mas como os traficantes obtêm armas tão poderosas? Já nos primeiros


minutos do filme, quando víamos um baile funk, o personagem Capitão
Nascimento narra que a paz da favela depende do delicado equilíbrio entre
munição de bandido e corrupção policial. Em outras palavras, para proteger
suas vidas, criminosos e policiais regulares chegaram a um acordo para
comprar silêncio e armas pesadas em troca de favelas "mais pacíficas". Nesse
cenário entra o BOPE (Batalhão de Operações Especiais) do Rio de Janeiro,
formado por centenas de homens que estão prontos para lutar e são solicitados
sempre que as coisas saem do controle e esse "acordo fraudulento" parar de
funcionar.                                                         
A trama começa a se desenrolar quando o BOPE recebe a missão de
garantir a segurança do Papa, máxima autoridade católica, que ficará na
Favela do Turano durante sua curta estadia no Brasil. No contexto do filme,
esta é uma favela de combate, e o papel do BOPE é acalmar a situação em
três meses para garantir a segurança sagrada. Desde então, as coisas
começaram a esquentar.

Em uma série de invasões no Morro do Turano, o BOPE adotou


estratégias e táticas até atingir seu objetivo: chegar ao morro, eliminar o
traficante e neutralizar a violência. Durante a operação, os policiais enfrentam
enormes desafios, situações extremas e muitos derramamentos de sangue,
incluindo mortes de inocentes, não só combatendo, mas também gerando toda
essa violência. Ao mesmo tempo, o filme mostra como a corrupção da Polícia
Militar está institucionalizada e faz parte do cotidiano dos agentes.

RELAÇÃO DIALÓGICA ENTRE ENREDO E REALIDADE

O INIMIGO É SEMPRE O MESMO

Na crítica cineasta brasileira comumente, se vê uma importante parcela


de retratação social, que não só denuncia, mas também conta as realidades de
variados cenários da população. Tropa de Elite é um filme que cumpre esse
papel social (apesar dos estereótipos e pré concepções, formadores de
opiniões equivocadas). 

Bandidos contra a polícia, polícia corrupta, universitários burgueses


consumidores de drogas que vem das favelas, mas não são afetados e muito
menos relacionados ao tráfico e ao consumo, milícia na favela, favela com
medo da violência gerada pelos conflitos entre polícia e traficantes, jovens
moradores da favela que se envolvem no tráfico como meio de sobrevivência
(às vezes pra comer melhor, para conseguir ajudar em casa, ou apenas ter um
tênis pra calçar). Parece coisa de cinema mesmo, ou talvez, só uma versão
social vista de algum lado, pois, com certeza sempre terá uma história de cada
lado e é a do lado dominante que prevalece na maior parte das vezes, como
podemos ver claramente nos livros de história. Mas a questão não é essa, e
sim o poder social que estipula esses contextos e os estereótipos que causam,
assim como se fez nesse parágrafo.                No momento em que
paramos para analisar essa obra do cinema nacional, é importante notar que
os estereótipos de traficantes e policiais não estão tão próximos dos
estereótipos reais, ou seja, além da corrupção, os policiais não usam o diálogo
para abordar pessoas suspeitas, mas usam a violência. Por outro lado, os
traficantes são considerados intrinsecamente como bandidos e destroem a vida
de outras pessoas apenas para "diversão". 

A favela não se arma sozinha, no Brasil é difícil obter o porte de arma,


então como um arsenal de guerra é financiado e disposto a traficantes? E por
que a favela precisa se armar? Quem cuida das crianças? Quem protege os
moradores? Quem chega atirando? Quem confunde arma com guarda-chuva?
Por que balas perdidas são encontradas em crianças? 

Se o meio não condicionasse, o morador da favela não seria visto como


bandido, porque para ser considerado uma má pessoa basta ser favelado. O
indivíduo é resultado do meio. Vygotsky em sua teoria sociointeracionista diz
que o homem e seu desenvolvimento dependem da perspectiva sociocultural,
ou seja, percebe que o homem se constitui na interação com o meio em que
está inserido.

Em Tropa de Elite é notável todo esse enredo que perpetua não só nos
estereótipos, e nem só no filme, mas na vida cotidiana, do autor ao leitor.
Porquanto, sabe-se que não é bem assim que acontece, a violência social
existe de todas as formas e em todos os contextos, porém a corda sempre
rompe para o lado mais fraco. O sistema não muda, o sistema é cruel,
condiciona, estipula lados, manipula opiniões, desvia focos, e obriga pessoas a
agirem de determinadas formas, sejam elas corretas ou incorretas. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O enredo prende, comove, e tem o poder de levar o público ao extremo,


o instigando e o adentrando à aquelas duas realidades que podem ser ou não
similares a sua, exatamente pela intertextualidade conectiva que há na trama.

Nesta análise, percebe-se que apesar de sempre haver pontos de vistas


divergentes, nem todo policial é corrupto, como também nem todo traficante é
ruim por natureza. Todavia, há de se considerar o contexto mais atingido por
esse sistema excludente e violento, que mata uma pessoa apenas por sua
classe social. O enredo de Tropa de Elite peca no quesito de estereotipar,
tratar com superficialidade realidades que na realidade é bem mais cruel.
Constata-se então que, não importa quais sejam as intenções do indivíduo, o
sistema sempre encontrará uma forma de manipulá-lo e categorizá-lo conforme
a necessidade vigente e prevista a cada ser, de forma implícita e
institucionalizada. 

Percebe-se que se faz necessário a desconstrução de padrões, para


que não se perpetue estereótipos. Quando a educação é libertadora, o
oprimido não se transforma em opressor, a educação liberta, inclusive de
estereótipos.

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