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Revista de Publicação Acadêmica da Pós-Graduação do IESPES

TRANSEXUALIDADE: A VIVÊNCIA DOS SOFRIMENTOS DA PESSOA QUE


REIVINDICA SER ACEITA PELO GÊNERO QUE PERTENCE, INDEPENDENTE DA
REALIZAÇÃO DA CIRURGIA DE TRANSGENITALIZAÇÃO.

Marília Brelaz Sirotheau1


Maria das Dores Carneiro Pinheiro2

RESUMO
A transexualidade é um conflito identitário, que foge, portanto, da normatividade de gênero.
Pessoas transexuais, independente do desejo de adequação de sexo, vivenciam sofrimentos
ocasionados por vários aspectos, muitas vezes relacionados à patologização da transexualidade,
serem confundidos com outras identidades sexuais, à sociedade, ao cotidiano escolar, identidade
civil, mercado de trabalho e à convivência com o corpo e com a sua genitália. A cirurgia de
adequação de sexo é considerada pelo saber psiquiátrico e outras ciências como única forma de
amenizar esses sofrimentos, porém há os que não a desejam, e também vivenciam sofrimentos nesta
experiência. Diante deste contexto, também se fez necessário abordar sobre a importância de
psicólogos no processo transexualizador, para que sejam percebidas as contribuições e dificuldades
desses profissionais.

Palavras-chave: Transexualidade, Sofrimento, Psicologia.

1
Acadêmica de Bacharelado em Psicologia no Instituto Esperança de Ensino Superior- IESPES. E-mail:
ma_brelazsirotheau@hotmail.com
2
Psicóloga Especialista em administração de Recursos Humanos. Docente do IESPES. E-mail:
pinheirodas@yahoo.com.br

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ABSTRACT

Transsexualism is an identity conflict, which thus escapes the gender normativity. Transgender
people, regardless of sex desire suitabilit, experience suffering caused by several aspects related to
the pathologizing of transsexuality often be confused with other sexual identities , to society , to the
school routine , civil status , labor market and living with the body and its genitalia . Surgery
adequacy sex is considered by psychiatric knowledge and other sciences as the only way to alleviate
this suffering, but there are those who do not wish to, and also experience suffering in this
experiment. Given this context, it was necessary to address the importance of psychologists in
transsexuals process, so that the contributions and hardships of these professionals are perceived.

Keywords: Transsexualism, Suffering, Psychology.

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1. INTRODUÇÃO A pesquisa é relevante tanto para o campo


científico quanto para a sociedade, e
Transexual não é a pessoa, é uma experiência,
principalmente para a psicologia, enquanto
onde indivíduos ultrapassam a fronteira da
ciência e profissão. É importante descontruir
heteronormatividade, padrão de sexualidade
padrões que dificultam pessoas com
que organiza a sociedade. O trabalho buscou
performances de gênero ser reconhecidas pelo
proporcionar um novo posicionamento da
gênero que pertencem, a fim de que a
psicologia sobre a transexualidade. Foram
sociedade e as instituições sociais não
investigados os sofrimentos que muitas
possuam resistências às diversidades.
pessoas transexuais vivenciam sem
A transexualidade precisa ter visibilidade
patologizá-los. Muitas literaturas mantém que
social para que o preconceito e as rejeições
esses dramas estão relacionados somente ao
possam ser superados pelas pessoas
fato do sentimento de pertencimento ao sexo
transexuais, desvinculando os sofrimentos
aposto, ou seja, vinculam essas dores somente
dentro desta experiência de quadros
ao horror ou ódio das genitálias e ao desejo
patológicos, pois eles/elas têm direito de ter
em mudar de sexo.
uma vida digna, respeitada e feliz. São
Todas as pessoas transexuais querem ser
necessárias pesquisas voltadas para esta
aceitas pelo gênero que pertencem, e não pelo
temática, principalmente pesquisas das áreas
gênero atribuído, independente de desejar
da saúde.
realizar a cirurgia de readequação sexual. Foi
O objetivo geral foi investigar a vivência dos
abordada a relatividade do desejo pela
sofrimentos da pessoa que reivindica ser
cirurgia de adequação de sexo, foi preciso ser
aceita pelo gênero que pertence independente
discutido a respeito da importância de
da realização de cirurgia de
psicólogos (as) no processo transexualizador.
transgenitalização. Os objetivos específicos
O interesse nesse problema foi devido ao
referem-se a identificar as possíveis causas de
desejo em saber quais as possíveis causas de
sofrimento na pessoa transexual; Analisar o
sofrimento nas pessoas transexuais? O que
que significa ser aceito pelo gênero que se
significa ser aceito pelo gênero que se
identifica; Avaliar se a participante da
identifica? A participante reivindica pela
pesquisa reivindica pela cirurgia de
cirurgia de adequação de sexo? Qual a
adequação de sexo; Esclarecer a importância
importância de psicólogos (as) no processo
de psicólogos (as) no processo
transexualizador?
transexualizador.

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GÊNERO A identidade é uma das primeiras questões


que o ser humano se questiona na tentativa de
Para abordarmos o objetivo principal desta ter um autoconhecimento. Para podermos
pesquisa é importante primeiramente entender o conflito identitário que representa
abordarmos a respeito de gênero, porque a a transexualidade devemos compreender o
transexualidade não está relacionada somente que é identidade, pois “o sentimento de
com sexualidade, mas principalmente com as pertencer ao gênero masculino ou ao feminino
questões de gênero. A transexualidade põe em está intrinsecamente ligado à questão
funcionamento os valores que estruturam os identitária” (CECARELLI, 2008, p. 91).
gêneros, de modo diferente do que a
normatividade postula. Para a normatividade TRANSEXUALIDADE
somos o que nossas genitálias informam.
Para Cossi (2011) a concepção normativa “O sentimento de ser do outro sexo, que os
impõe que o corpo biológico atesta a que transexuais afirmam possuir, é seguramente
gênero sexual uma pessoa pertence, ou seja, o tão antigo como qualquer outra expressão da
corpo de homem deve ser coerente à sexualidade humana” (CECCARELLI, 2008,
masculinidade, e o da mulher, à feminilidade. p. 31). Bento (2008, p. 18) sobre
No entender de Louro (2010, p. 10) “gênero transexualidade, afirma que “é uma
continua sendo uma ferramenta conceitual, experiência identitária, caracterizada pelo
política e pedagógica central”. Gênero é o que conflito com as normas de gênero. Essa
o ser humano se torna socialmente, em termos definição se confronta com a aceita pela
de homem e mulher (ATHAYDE, 2011). medicina e pelas ciências psi que a qualificam
O importante em se discutir gênero é o fato de como uma doença mental e a relaciona ao
que ser homem e ser mulher diante da campo da sexualidade e não ao gênero”.
experiência transexual nos coloca em A transexualidade consta nos manuais
constantes interrogações com relação ao que a internacionais diagnósticos, tipificada como
sociedade e a cultura estabelecem sobre as um transtorno de identidade de gênero. Bento
diferenças e papéis sexuais. A pessoa (2009) afirma que não é um transtorno ou
transexual não se enquadra dentro da enfermidade patológica, estes indivíduos não
normatização do gênero que é vigente na odeiam os seus corpos exclusivamente, pode
sociedade, porque essa experiência perpassa existir uma rejeição da genitália, mas isso
os papéis de homem e mulher. representa a descoberta para entender a

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insatisfação e sofrimento por ter um/a de Gênero (LIONÇO, 2009). A


pênis/vagina e não desenvolver o gênero despatologização deve ser encarada como
coerente com o seu sexo. uma estratégia de promoção de saúde. Para
Silva et. al (2013) o fenômeno
SOFRIMENTOS NA EXPERIÊNCIA transexualidade é um exemplo da recorrente
TRANSEXUAL patologização de comportamentos ou
expressões que não se enquadram no modelo
A pessoa transexual, muitas vezes, vivência heteronormativo.
muitos sofrimentos, e necessita da garantia do Silva et. al (2013) pontuam que temos uma
seu direito à saúde, como também do direito recorrente patologização de comportamentos
de dispor do seu corpo, do direito a realização ou expressões que não se enquadram no
da cirurgia de adequação de sexo, do direito à modelo heteronormativo. Szaniawski (1999)
livre orientação sexual, e principalmente, nota que a sociedade não compreende a
merece ter direito a sua dignidade humana, transexualidade, age com desrespeito, falta de
compreendida e respeitada (PEREIRA, 2010). solidariedade, preconceito, levando este
De acordo com Arán e Murta (2009) todas as sujeito ao isolamento.
pessoas transexuais não padecem do mesmo Embora haja alguma flexibilidade em relação
sofrimento e nem tem a mesma trajetória de a que comportamentos são considerados
vida. Silva (2010) pontua que o preconceito masculinos ou femininos, a cultura espera que
contra essas pessoas espalha-se por todas as homens e mulheres (ou meninos e meninas)
relações sociais e instituições como a família, tenham uma noção própria de feminilidade ou
a escola, a igreja, os estabelecimentos masculinidade que reflita seu sexo anatômico
públicos e privados. Esses indivíduos (SADOCK; SADOCK, 2008, p. 326).
enfrentam dramas, incompreensões e lutam Diariamente a família, assim como outras
por suas vivências cotidianas serem mais instituições é instada a se posicionar e
respeitadas e com menos sofrimentos. “É encontrar sentidos para as demandas de
necessário reconhecer que transexuais pessoas que reivindicam o pertencimento ao
vivenciam situações de extrema gênero distinto daquele que lhes foi imposto
vulnerabilidade social” (LIONÇO, 2009). (BENTO, 2011). Neste âmbito, que nem
A patologização da transexualidade é fator de sempre é tão doce lar, podem ser notados
sofrimento e agravo à saúde do sujeito vários conflitos e afetos, como a falta de
diagnosticado com transtorno da Identidade conhecimento a respeito da transexualidade,

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preconceito e também intenso sofrimento dos No entanto, hoje as coisas estão mudando. Há
familiares. maior conscientização dos professores para
Ao invés de proporcionar proteção, o lar pode combater o preconceito. Segundo Araújo
ser para pessoas transexuais um lugar de (2009) há uma grande dificuldade de inserção
repressão e violência. É fato que a vivência da dessa população no mercado de trabalho
transexualidade pode acarretar problemas formal, devido a problemas de documentação.
relacionados à vida psíquica, e um desses Silva (2010) argumenta que muitas histórias
problemas são provenientes do ambiente demonstram o quanto esses indivíduos sofrem
familiar. Conforme Araújo (2009) há para se inserirem e serem aceitos no mercado
situações que a transexualidade é vivida de de trabalho.
maneira traumática, exigindo a ruptura de As dificuldades de contratação são resultados
laços afetivos e familiares. A rejeição da também da homofobia existente na sociedade.
família é muitas vezes vivida por estes Dentre os aspectos sociais, o mercado de
indivíduos. Alguns têm medo de serem trabalho apresenta limitações em lidar com os
punidos pela família, abdicando esclarecer sujeitos que fogem às normas de gênero.
essa experiência (BENTO, 2009). Desse modo, muitos não conseguem fugir da
A Instituição escolar, muitas vezes, é mais um vala comum de empregos que possuem uma
desses lugares ou espaços que existem aceitação maior aos homossexuais, travestis e
resistências às diversidades. “A escola, por transexuais como as atividades de
sua vez, em geral também se limita a cabeleireiras e maquiadoras, chegando, nas
reproduzir o preconceito existente na mais difíceis situações, aos casos de
sociedade” (AGNOLETI; NETO, 2009). prostituição (SILVA, 2010).
Teixeira (2009) destaca que a escola torna-se, Bento (2009) afirma que a genitália não é o
na maioria das vezes, um lugar inabitável para corpo. As muitas afirmações que pessoas
esses indivíduos. Há muitas pessoas transexuais odeiam seus corpos torna a parte
transexuais que não frequentaram escolas e (genitália) pelo todo (corpo). Os sofrimentos
faculdades, isso implica em uma baixa destes indivíduos não os impedem de atuarem
discriminação e preconceito contra ou decidirem sobre os seus corpos. A mesma
transexuais em instituições de ensino. autora considera que há um quadro de
Para Vianna (2013) a pessoa transexual sofre rejeições sobre o corpo em algumas pessoas
muita discriminação por parte de colegas e transexuais, porém com níveis diferenciados.
professores. A prática de bullyng é intensa.

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A demanda em relação à cirurgia de transexualidade como doença, o que traz uma


transgenitalização se constitui basicamente série de desdobramentos para os profissionais
pelo desejo de readequação do corpo sexuado e para a população atendida.
ao gênero (ARÁN-ZAIDHAFT; MURTA, Todos os (as) candidatos (as) a adequação do
2009). Bento (2006) mantém que ter um pênis sexo ou tratamento hormonal devem
ou uma vagina em desacordo com o gênero, submeter-se a um período de terapia.
significa não conseguir agir de acordo com as Recomenda-se que esse tempo seja o
expectativas, não conseguir desenvolver o suficiente para que não pairem dúvidas na
gênero “apropriado” para seu sexo. Há casos equipe quanto aos resultados e que não haja
de pessoas transexuais que odeiam suas arrependimento depois da cirurgia (Bento,
genitálias, que já tentaram cortá-las, eliminá- 2006). Arán e Murta (2009, p. 21)
las, tirarem por conta própria, assim como mencionam que “a partir de avaliação
outros que não sentem essas rejeições e nem o especializada, os usuários e usuárias são
desejo de adequar os órgãos genitais ao encaminhados para atendimento psicológico”.
gênero que se identificam (BENTO, 2009). Spósito (2013) ressalta que as concepções
A forma de abordar a transexualidade no médicas que regem o Sistema Único de Saúde
âmbito da Saúde coloca questões importantes não respeitam a diversidade de gênero, apenas
para os profissionais de psicologia, pois estes como uma situação patológica, ao invés de
são um dos que constituem a equipe proporcionar uma ação voltada para saúde
multiprofissional do processo mental dessas pessoas. Para Lionço (2009) a
transexualizador. É importante ressaltar a sua avaliação psicodiagnóstica atual viola a
importância, pois segundo Verona (2013) a autonomia do sujeito ao perguntá-lo de forma
psicologia tem o desafio de garantir a essa patologizante.
população o respeito à dignidade e o acesso A mesma autora acredita que para uma
aos serviços públicos de saúde. avaliação correta, seria preciso avançar na
Os psicólogos precisam retirar o estigma de capacitação dos profissionais, especialmente
que essa orientação configura uma doença aqueles que atuam nos Centros de Referência.
(VERONA, 2013). Conforme o Conselho Murta (2013) sobre os limites da psicologia
Regional de Psicologia de São Paulo a considera que essa atividade precisa de uma
psicologia frente à transexualidade é um tema uniformidade na prática. O profissional não
que ainda é objeto de amplos debates, entre os tem que fazer diagnóstico nem avaliação, tem
quais se destaca a caracterização da que acolher e orientar. O dever é promover a

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saúde e a atenção àqueles que procuram identificado em desacordo com o sexo


auxílio nos centros de referência. anatômico.
Um dos grandes desafios da psicologia no O delineamento da pesquisa foi um estudo de
processo transexualizador consisti no caso, realizado com uma mulher transexual
reconhecimento do sofrimento psíquico. A (transexual feminino ou Male to Female)
noção do sofrimento psíquico e corporal deve pertencente do gênero feminino que possui a
ser considerada como critério de acesso a genitália masculina, 24 anos, brasileira,
saúde, sem que necessariamente este residente na cidade Santarém-PA, natural de
sofrimento tenha que ser patologizado Manaus-AM. A mesma realizou algumas
(ARÁN; MURTA, 2009). cirurgias para adequar seu corpo ao gênero
Barbosa (2013) considera que a autenticidade feminino, exceto a cirurgia de
das pessoas transexuais não tem lugar na transgenitalização. Por motivos éticos e
sociedade. Se os psicólogos não reconhecem profissionais foi chamada de Y, mantendo seu
os danos em termos de proposta e prática anonimato.
passa a produzir um trabalho que aliena o O critério seletivo utilizado era ser uma, ou
sujeito, fazendo entender que o gênero é mais, pessoa transexual. A entrevista foi
diagnosticável. Porchat (2013) afirma que a realizada na Clínica-escola de psicologia da
psicologia deve construir uma forma de Fundação Esperança, na cidade Santarém-PA,
desmontar da cabeça das pessoas a crença de localizada na Rua Coaracy Nunes; bairro
acreditar somente no masculino e feminino. Caranazal. Utilizou-se como instrumento de
Isto simboliza um novo e contínuo trabalho. coleta de dados a aplicação de um roteiro de
entrevista semiestruturado com dez perguntas
2. METODOLOGIA subjetivas (abertas) com a participante da
entrevista.

Em relação à natureza da pesquisa, contou-se A coleta de dados realizou-se por meio de

com uma descrição qualitativa. A abordagem uma entrevista, após a autorização da

qualitativa se tornou adequada porque se participante através da sua assinatura no

investigou como a participante vivencia sua Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

experiência transexual em meio aos realizada em uma sala da clínica-escola. Para

sofrimentos que ocorrem, muitas vezes, na documentar os dados, com o objetivo de

transexualidade por ser reivindicado captar as informações com fidedignidade foi

reconhecimento social e legal do gênero

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utilizado um gravador digital para registrar as transexualidade, o Manual de Diagnóstico e


entrevistas. Estatísticas de Distúrbios Mentais (DSM-IV)
Foi possível contar com a colaboração desta e o Código Internacional de Doenças (CID
pessoa que se dispôs a descrever sua vivência 10) da Organização Mundial de Saúde, a
transexual. Em sequência foi feita a transexualidade é classificada como uma
exploração do material. A pesquisa teve uma doença (BENTO, 2008). Estes documentos
análise qualitativa, utilizando-se do método mantém que esses sujeitos possuem um
de análise de conteúdo. A pesquisa não desejo de viver e ser aceito como pessoa do
acarretou nenhum tipo de dano físico, sexo oposto, acompanhado de um sentimento
psicológico ou moral a participante. A mesma de mal estar ou de inadaptação em relação ao
foi garantida do seu anonimato e do sigilo seu sexo anatômico e do desejo de se
profissional em respeito à vida da submeter à cirurgia ou a um tratamento
entrevistada, ética, compromisso com a hormonal a fim de tornar seu corpo tão
pesquisa e ao profissionalismo da conforme quanto possível ao sexo desejado.
entrevistadora. Os riscos e benefícios, A cirurgia de readequação sexual é colocada
relacionados à entrevista, estavam ilustrados como a única possibilidade de amenizar os
no Termo de Consentimento Livre e sofrimentos desses indivíduos, assim como a
Esclarecido. administração de hormônios, por causa do
Foi cumprida e respeitada a Resolução do intenso sofrimento em sentirem-se
Conselho Nacional de Saúde nº 196/96 que pertencentes ao sexo oposto. Quando
incorpora as referências básicas da bioética perguntada se deseja realizar a cirurgia de
(autonomia, não maleficência, beneficência e transgenitalização, a participante respondeu
justiça, etc.) e visa assegurar os direitos e que: “Se eu for fazer essa cirurgia com
deveres que dizem respeito à comunidade certeza vai ser para agradar homens, e eu
científica e a Resolução CFP nº 016/2000 que não estou aqui para agradar homens. Estou
dispõe sobre a realização de pesquisa em aqui para me agradar, para ser feliz. Se eu
psicologia com seres humanos. fizer isso eu não vou me sentir bem, eu não
vou ser feliz. Não tenho nenhuma vontade,
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO nem desejo, e nem passa pela minha
cabeça”(Y).

Nos documentos reconhecidos como oficiais Diante do que os Manuais sustentam e da

para a orientação do diagnóstico de resposta da entrevistada, depara-se com duas

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questões. A primeira questão relaciona-se de transgenitalização pela exclusiva


com a necessidade de realizar a cirurgia. Nem necessidade de reconhecimento social mais
todas as pessoas transexuais desejam a amplo, o que nos faz pensar que a cirurgia não
cirurgia de adequação de sexo e administração necessariamente seria indicada se vivêssemos
de hormônios. É uma experiência cheia de num mundo onde a diversidade de gênero
singularidades e configurações internas. fosse possível (ARÁN; MURTA, 2009). A
Conforme Arán e Murta (2009) a real participante questiona a eficácia da cirurgia
necessidade de cirurgia pode ser relativizada. para sua vida, não sendo uma condição
Para a participante a necessidade em realizar necessária para a sua felicidade. Bento (2008)
esta cirurgia não representa uma única forma afirma que algumas pessoas transexuais,
de não viver com seu gênero atribuído e poder questionam a eficácia da cirurgia para suas
vivenciar o gênero identificado, ela não deseja vidas, defendendo que o acesso e o exercício
se submeter a fazer a cirurgia de adequação de da masculinidade ou feminilidade não serão
sexo, pois não sente um mal estar em ter a garantidos pela existência de um pênis ou
genitália em desacordo com o gênero que se uma vagina.
identifica, e isso não a impede de se sentir Quando perguntada se a sociedade e a cultura
bem consigo mesma, não deseja adaptar-se a impõem pressões sociais que a impossibilita
norma heterossexual. ser o que deseja, obtiveram-se as seguintes
A outra questão refere-se à possiblidade das respostas: “Eu não levo em consideração o
pessoas transexuais viverem na sociedade que os outros falam. Eu tenho uma vida, pago
sendo reconhecidas pelo gênero que sentem as minhas contas, moro sozinha, trabalho,
pertencer sem ter que se submeterem a ajustar tenho propósitos, Se eu for esperar do que os
o corpo para convencer os outros da sua outros me falam não vou ser ninguém, vou ser
identidade de gênero. Pereira (2010) nota que só mais uma no meio da multidão. As pessoas
a experiência transexual deveria ser tratada sofrem porque se preocupam com o que os
como uma questão relacionada à identidade. outros falam. Isso não me diminui em nada. A
Bento (2008) confirma que a transexualidade gente é testada a todo o momento”(Y); “Uma
é uma experiência identitária, caracterizada vez eu estava numa parada de ônibus e uma
pelo conflito com as normas de gênero, e não senhora me perguntou: porque você é assim?
por um conflito com o órgão genital. Eu respondi: porque eu sou feliz assim”(Y).
Assim, constatamos que alguns homens e Esta experiência se dá não apenas por uma
mulheres transexuais podem desejar a cirurgia percepção de não pertencimento ao sexo

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biológico, mas, sobretudo, pela precariedade televisão. No carnaval eu sempre me vestia


social proveniente da não aceitação desta como mulher, eu usava essa situação. A
condição por parte da normatividade cultural minha mãe não queria que eu passasse para o
vigente (ARÁN-ZAIDAFHT; MURTA, lado feminino. Ela me mandou até para outra
2008). Conforme Petry e Meyer (2011) apesar cidade. Ela só percebeu porque meus seios
da força dessa regulação há indivíduos que estavam maiores, porque aos 18 anos eu já
escapam à norma heterossexual, como é o estava tomando hormônio”; “Nos meus 20 e
caso das pessoas transexuais. 23 anos foi mais difícil porque eu me meti
A sociedade Ocidental é regulada por este onde não era pra eu ter me metido. Na
padrão de gênero, pois segundo Araújo (2013) prostituição!”(Y).
a sociedade espera que o comportamento de No relato acima pode ser percebido a
um indivíduo seja de acordo com o sexo que dificuldade da família aceita-la como mulher,
aparenta ou é notado em seu registro civil. No porque se sentia e gostava de agir como uma
entanto está sendo discutido um fenômeno mulher. O carnaval era a situação que podia
cheio de singularidades. As respostas não agir como mulher, por causa do
deixam de demonstrar o quão à sociedade desconhecimento desse conflito por parte da
impõem pressões para esta pessoa. família. Como colocou, ela usava essa
Conforme Araújo (2013) a pessoa transexual situação. Alguns transexuais têm medo de
é marcada por uma vida de frustrações, serem punidos pela família, abdicando
angústias, tendo que conviver com problemas esclarecer essa experiência (BENTO, 2009).
na vida social e em muitos outros âmbitos, Como considera Vianna (2013 apud
devido não somente por sentir que seu gênero ORAGGIO, 2013) os adultos ainda não estão
pertence ao sexo oposto, mas em virtude das preparados para a transexualidade. Para
pressões sociais. Como a entrevistada, há Amaral (2011) praticamente em todos os
pessoas transexuais que desejam somente casos de transexualidade a família demonstra
viver com seu sexo biológico/anatômico e rejeição. A rejeição da família é muitas vezes
serem reconhecidos pelo gênero a qual se vivida por estes indivíduos. Além disso,
identificam. Existem muitos casos de mulheres transexuais
A reação da sua família desde quando se que se prostituem por diversos motivos,
sentiu uma mulher, e atualmente, aparece nas podendo ser um deles a expulsão de casa.
seguintes respostas: “Um dia minha mãe Amaral (2011) considera que na maioria dos
chegou me viu sambando na frente da

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casos, a família os/as exclui das ações se tem como afirmar que sua experiência
familiares. transexual dentro do espaço escolar foi vivida
Sobre sua experiência transexual no cotidiano de forma negativa, pois a sua autoimagem
escolar obteve-se a seguinte resposta: “Eu estava sendo construída positivamente. É
nunca sofri agressão e chacota. Na escola eu correto que não se pode generalizar todas as
me maquiava, usava calça jeans colada e situações de transexualidade, pois essa
usava decote para realçar meus seios. Mas as experiência é vivida com muitas
pessoas me olhavam com outros olhos desde singularidades. Mas como cita Jesus (2006) a
que eu me senti mulher. Quando eu passei a escola é sempre um espaço hostil para alunos
me vestir como mulher eu chamei mais transexuais. Há risos provocados por piadas,
atenção. Na minha sala eles achavam agressões físicas e verbais. São sempre
esquisito. No meu tempo isso não era tão apontados de maneira negativa por conta de
escancarado como hoje. Me chingaram sim, sua identidade de gênero.
mas na escola eu não senti preconceito. Eu Em relação à inserção no mercado de
era retraída”(Y). trabalho, a forma como as pessoas reagem a
A escola não se mostra como uma instituição respeito da participante ser uma mulher
incapaz de lidar com a diferença e a transexual, obteve-se a seguinte resposta: “Até
pluralidade, mas funciona como uma das agora eu não tive nenhuma situação ruim no
principais instituições guardiãs das normas de meu trabalho, mas acho que é porque eu sei
gênero e produtora da heterossexualidade me comportar, me expressar, brincar com
(BENTO, 2011). Na resposta pode ser quem gosta. As pessoas gostam porque eu sei
considerado que a sua experiência transexual me comportar. Eu só lembro uma situação no
no cotidiano escolar não foi traumática, pois salão: uma mulher virou e falou: eu não
há casos em que o preconceito, a violência quero ser atendida por um travesti. Eu
física e psicológica é cometida as pessoas que respondi: tudo bem. Sou muito pé no chão.
não se enquadram na norma heterossexual. De Mas é assim, a gente é testado a todo o
acordo com Bento (2011) são muitas as momento, até mesmo em uma entrevista de
violências cometidas contra as pessoas emprego”(Y).
transexuais. Conforme as respostas percebe-se que a
A pesquisada responde que achavam participante tem um emprego fixo, agindo
“esquisito” sua situação e que a chingaram, como mulher. No entanto as justificativas de
porém não sentiu preconceito na escola. Não que “as pessoas gostam porque eu sei me

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comportar”, significa entender que a mesma e serem aceitos no mercado de trabalho


age de uma forma que as pessoas gostam e formal.
isso faz os outros a aceitarem. Esse modo que Quando perguntada como vive, se sente e
ela percebe como a sociedade a enxerga comporta-se como uma mulher sem a
reflete o quanto o comportamento, a maneira genitália feminina, respondeu que: “A
de falar e agir influencia nas relações sociais, feminilidade não está na genitália feminina,
principalmente se tratando da transexualidade. está aqui (aponta para a cabeça). Esta em
Ao mesmo tempo em que sabe que deve ter como eu me olho, me visto, me sinto. Existem
autorespeito para poder tê-lo das pessoas, várias formas de uma pessoa se sentir
esses indivíduos enfrentam muitas mulher, não necessariamente fazendo a
dificuldades. Na frase isso se torna evidente: cirurgia. Isso também depende do parceiro, e
“Mas é assim, a gente é testado a todo o eu até hoje nunca tive problema em ser uma
momento, até mesmo em uma entrevista de menina e não ter o órgão genital feminino,
emprego”. É considerável ressaltar que o seu porque eu sou mulher, e eu não mudo de jeito
trabalho não é um trabalho formal, porque nos maneira, eu gosto de me sentir mulher”; “Fiz
trabalhos formais esses sujeitos são mais quatro cirurgias, mas não tenho desejo, nem
discriminados. vontade, nem passa pela minha cabeça fazer
Albuquerque (2013) defende que trabalhos a cirurgia de mudança de sexo”(Y).
em salão de beleza, são os lugares mais fáceis Na resposta acima podem ser analisados três
de contratação de pessoas transexuais e pontos importantes relacionados à
travestis. Silva (2010) mantém que os convivência da pesquisa com o seu corpo e
transexuais possuem uma aceitação maior de com a sua genitália. O primeiro ponto diz
emprego nas atividades como cabelereira, respeito à maneira de pensar sobre ser
maquiadora, ou até mesmo chegando a feminina, ser mulher, desvinculando de seu
situações difíceis, como prostituição. Arán, gênero, o fator biológico, a vagina. A
Zaidhaft e Murta (2008) sustentam que muitas entrevistada demonstra que não possui uma
pessoas transexuais vivenciam muitas imagem negativa do seu órgão genital
dificuldades de inserção no mercado de masculino. Segundo Bento (2009) indivíduos
trabalho formal. Silva (2010) pontua que há que reivindicam o direito à identidade de
uma situação de extrema discriminação e gênero feminina, desvinculando-se da
preconceito no ambiente laboral contra essa cirurgia, nos põem diante da pluralidade de
população, eles/elas sofrem para se inserirem

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configurações internas à experiência menina com genitália masculina por isso não
transexual. reivindica a cirurgia, pois não é uma vagina
O conhecimento médico afirma que esses que a tornará ou fará se sentir mulher, é o
indivíduos odeiam seus corpos, por isso sentimento que importa, sendo o órgão
desejam se submeter às cirurgias e totalmente secundário. A mesma pôs prótese
tratamentos. Bento (2009) afirma que não há nos seios e mais três cirurgias e toma
uma rejeição linear ao corpo entre as pessoas hormônios.
transexuais, pois isso torna a parte (as Todas as pessoas transexuais representam
genitálias) pelo todo (o corpo). É como se a vidas que desafiam corpos e sonhos, e que se
genitália fosse o corpo. Os relatos sobre a constroem outro no gênero e na sexualidade
genitália não são marcados somente pela (TEIXEIRA, 2011). Os sofrimentos desses
abjeção, eles variam. Para muitos/as, a sujeitos não impedem de eles atuarem ou
construção do corpo é positiva. decidirem sobre seus corpos (BENTO, 2009).
O segundo ponto refere-se ao não desejo em A pesquisada não está inserida no processo
fazer a cirurgia de adequação de sexo. A transexualizador em busca da adequação
participante não quer se submeter a cirurgia sexual, pois não a deseja. No entanto foi
de readequação sexual, pois possui a interrogada se havia feito alguma vez
convicção de ser mulher, buscou ajustes tratamento psicológico por alguma situação
corporais secundários, mas não deseja ao longo da sua experiência transexual. As
vivenciar seu gênero de acordo com a norma seguintes falas de Y demonstram que: “Nunca
heteronormativa, ou seja, ser mulher e possuir tive frustração. Eu não sou fraca. Alguma
uma vagina. Conforme Bento (2009) as coisa para me derrubar tem que ser punk,
respostas e as formas de relacionar-se com a porque eu sou firme. Eu sempre fui firme,
genitália e a sexualidade são diversas dentro forte, séria. Eu vou esmorecer, mas eu não
desta experiência. posso esmorecer, preciso ser forte. Quando
A terceira questão está relacionada a eu quero uma coisa eu consigo, sou
sexualidade da pesquisada. Muitas literaturas determinada. Mas eu já sofri muito, não foi
mantém que pessoas transexuais enfrentam fácil”(Y).
problemas nas suas vidas sexuais porque Athayde (2011) identifica que geralmente
odeiam sua genitália masculina ou feminina. encontram-se muitas resistências nos
O pênis faz parte do seu corpo, não a pacientes transexuais em relação a falarem
incomoda e nunca teve problemas em ser uma sobre seus problemas, devido a inúmeras

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Revista de Publicação Acadêmica da Pós-Graduação do IESPES

rejeições sofridas. A resposta acima mostra transexuais, assim como deve abandonar o
resistência em relação à procura por ajuda poder de diagnosticá-los.
psicológica. Isso não significa afirmar que a
mesma precisa deste profissional para ajudá- 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
la a perceber que deva viver de acordo com o A meta principal deste estudo foi investigar a
gênero atribuído, pois não é o papel de vivência dos sofrimentos da pessoa que
psicólogos fazer isso, assim como não é papel reivindica ser aceita pelo gênero que pertence
de psicólogos que atuam dentro do processo independente da realização da cirurgia de
transexualizador nas unidades de referência. transgenitalização, tendo como base um
Não se pode pensar no tratamento psicológico roteiro de entrevista semiestruturado. A
em termos de mudar o desejo do indivíduo em pesquisa foi realizada com uma mulher
adequar o sexo. Pois, isto não acontecerá. transexual. O tipo de pesquisa foi um estudo
(ATHAYDE, 2011). A pesquisada respondeu de caso com enfoque qualitativo. De acordo
que nunca buscou tratamento psicológico com os resultados da pesquisa verificou-se
devido alguma situação ao longo da sua que os objetivos foram alcançados, pois foi
experiência transexual. As falas “Nunca tive possível, através da participante, investigar a
frustração. Eu não sou fraca” parecem sua vivência transexual.
afirmar que não precisa de ajuda/apoio destes Dentre as causas de sofrimento, foi percebido
profissionais. Há também a fala “Mas eu já que a patologização da transexualidade possui
sofri muito, não foi fácil”. Uns dos critérios diagnósticos generalizadores, pois a
profissionais que trabalham com sofrimento participante revela o não desejo em adequar o
humano são os psicólogos. sexo não significando somente sofrimento
Pode ser afirmado que pessoas transexuais pelo pertencimento ao sexo oposto. A
necessitam, sim, de ajuda de profissionais da percepção da participante a cerca da
psicologia. Esta é uma experiência carregada sociedade revela que as pressões sociais não a
de dores e preconceito. Mas é preciso que a impedem de exercer sua identidade de gênero,
psicologia, enquanto ciência e profissional profissional, entre outras.
tenha novos saberes e posturas, e que não O cotidiano escolar foi relatado não como um
reconheça a transexualidade como patologia ambiente violento, mas como um espaço de
como também não se posicione indicando tal descobrimento. No período escolar da
reflexão. A psicologia não tem o poder de pesquisada a mesma já se sentia e se
fazer que estas pessoas deixem de ser comportava como pertencente ao gênero

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Revista de Publicação Acadêmica da Pós-Graduação do IESPES

feminino. Foi analisado dificuldades de a psicologia, devem estar mais comprometidos


família aceitar sua performance de gênero. com a transexualidade vinculada à temática
Não há evidência de um quadro de abjeção Direitos Humanos e a defesa intransigente do
contra o próprio corpo, e inclusive com a que significa a condição humana em sua
genitália, porque não há o desejo em realizar a forma plural de organização social.
cirurgia de transgenitalização e porque possui
uma imagem positiva do seu corpo. REFERÊNCIAS
O aspecto acima tratado demonstra que o
desejo pela adequação sexual é relevante, ALBUQUERQUE, Victor. "Meu sonho é
conseguir trabalho como qualquer pessoa",
assim como a sua condição de ser a única
diz trans Marina Garlen. iGay. 2013.
forma de amenizar as dores dos que a Disponível em: <http://igay.ig.com.br/2013-
09-10/meu-sonho-e-conseguir-um-trabalho-
desejam. Como a participante não está
como-qualquer-pessoa-diz-marina-
inserida no processo transexualizador, nunca galrlen.html> Acesso em: 14 setembro 2013.
fez o acompanhamento do profissional de
AMARAL, Carla. A luta das transexuais
psicologia que está inserido na equipe deste por identidade e cidadania. Esfera pública.
Políticas públicas em uma linguagem mais
processo. No entanto sobre tratamento
próxima do cidadão. 2011. Disponível no
psicológico, quando interrogada se já havia site:
<http://blogesferapublica.wordpress.com/201
feito identificou-se nos relatos resistências em
1/03/07/a-luta-dos-transexuais-por-
buscar ajuda psicológica. identidade-e-cidadania/> Acesso em: 10
Outubro 2013.
A pesquisa enfrentou dificuldades em
conseguir ter acesso a pessoas transexuais que ARÁN, Márcia; ZAIDHAFT, Sérgio;
MURTA, Daniela. Transexualidade: corpo,
pudessem participar da entrevista, em virtude
subjetividade e saúde coletiva. Psicologia &
que muitos sujeitos transexuais enfrentam Sociedade. Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, 2008.
dificuldades de falar sobre essa experiência
ÁRAN, Márcia; MURTA, Daniela. Do
por causa de inúmeros sofrimentos, mas foi diagnóstico de transtorno de identidade de
gênero ás redescrições da experiência da
possível mostrar um estudo de caso que
transexualidade: uma reflexão sobre
ajudou no alcance dos objetivos almejados. gênero, tecnologia e saúde. Physis: Revista
de saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 19, n. 1,
Conclui-se que o estudo trás uma
2009.
possibilidade de criar novas discussões sobre
ARAÚJO, Litiane Motta Marins. Mudança
o tema, partindo-se de um olhar mais humano
de sexo e nome do transexual. Revista de
sobre as diversidades de gênero. Os Direito da Unigranrio. Rio de Janeiro, v. 2, n.
2, 2009.
profissionais da saúde, principalmente da

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