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LISTA DE EXERCÍCIOS

Matemática Básica
UFF – GMA
1.5
Demonstração por Indução

[01] Mostre que, se n ∈ N, então


n(n + 1)
(a) 1 + 2 + 3 + ... + n =
2
(b) 2n ≥ n + 1
(c) 2n > n (dica: use o item anterior)
(d) 20 + 21 + 22 + ... + 2n−1 = 2n − 1
n(n + 1)(2n + 1)
(e) 12 + 22 + 32 + ... + n2 =
6
 2
3 3 3 3 n(n + 1)
(f) 1 + 2 + 3 + ... + n =
2
n(n + 1)(n + 2)
(g) 1 · 2 + 2 · 3 + 3 · 4 + ... + n(n + 1) =
3
[02] Considere o seguinte predicado, para n inteiro positivo:

n · (n + 1)
P (n) : 1 + 2 + · · · + n = + 1.
2
(a) Escreva o predicado P (n + 1).
(b) Mostre que se P (n) é verdadeira, então P (n + 1) também é verdadeira.
(c) A sentença P (n) ⇒ P (n + 1) é verdadeira ou falsa? Apresente uma demonstração caso
a sentença seja verdadeira e um contraexemplo caso ela seja falsa.
n · (n + 1)
(d) A sentença “para todo n ∈ N, 1+2+· · ·+n = +1”é verdadeira ou falsa? Justifique
2
sua resposta!
n n
X
2 n · (n + 1) · (2n + 1) X
[03] Mostre que se n ∈ N, então i = . Aqui, i2 é a notação de somatório
i=1
6 i=1
para 12 + 22 + · · · + n2 .

[04] (Desigualdade de Bernoulli) Mostre que se n ∈ Z, n ≥ 0 e x é um número real ≥ 0, então


(1 + x)n ≥ 1 + n · x.
n n
X 1 n X 1
[05] Mostre que se n ∈ N, então = . Aqui, é a notação de somatório
i=1
i · (i + 1) n+1 i=1
i · (i + 1)
1 1 1
para + + ··· + .
1·2 2·3 n · (n + 1)
[06] Mostre que se n ∈ Z e n ≥ 0, então 2n+2 + 32 n+1 é divisı́vel por 7.

1
n n
X xn+1 − 1 X
[07] Mostre que se n ∈ Z, n ≥ 0, x ∈ R e x 6= 1, então xi = . Aqui xi é a notação de
i=0
x−1 i=0
somatório para 1 + x + x2 + · · · + xn .

[08] Para todo n ∈ N, com n ≥ 3, prove que 2n + 1 ≤ 2n .

[09] Mostre que a soma dos cubos de três números naturais consecutivos é sempre divisı́vel por 9.

[10] Para todo n ∈ N, com n ≥ 5, prove que n2 < 2n .

[11] Mostre que se n ∈ N, a > 0, b > 0 e a < b, então an < bn .

[12] Mostre que se A1 , A2 , . . . , An são matrizes reais m × m inversı́veis, então

(A1 · A2 · · · · · An )−1 = (An )−1 · · · · · (A2 )−1 · (A1 )−1 .

[13] (Fórmula de de Moivre) Se n ∈ N e x ∈ R, então (cos(x) + i sen(x))n = cos(n x) + i sen(n x),


onde i2 = −1.

[14] (Paradoxo do Cavalo, de George Pólya)


Considere a afirmação

Todos os cavalos são da mesma cor.

Uma possı́vel “demonstração”para esta afirmação é apresentada a seguir:

Dado n ∈ N, vamos provar que, em qualquer conjunto contendo n cavalos,


todos terão a mesma cor. Se considerarmos um conjunto com um único cavalo,
todos os cavalos deste conjunto terão, obviamente, a mesma cor. Suponhamos
agora que a afirmação valha para qualquer conjunto de n cavalos. Tomando
um conjunto C com n+1 cavalos, se retirarmos um destes cavalos, teremos um
conjunto D com n cavalos, no qual, pelo que estamos supondo, todos terão a
mesma cor. Devolva agora o cavalo retirado e retire de C um cavalo diferente,
obtendo um novo conjunto E, também com n cavalos. Novamente, todos os
cavalos de E terão a mesma cor. Temos, portanto, dois conjuntos D e E de
cavalos de mesma cor, e, como estes conjuntos possuem interseção, a cor será
a mesma nos dois conjuntos. Como C = D ∪ E, todos os cavalos de C terão
a mesma cor.

Obviamente, a afirmação é falsa, afinal, existem cavalos de diversas cores. Então, onde está o
erro na “demonstração”acima?

[15] (Sugerido por T. I. Ramsamujh) Considere o seguinte predicado:

P (n) : se o máximo de dois inteiros positivos é n, então os inteiros são iguais.

Vamos “mostrar”, usando o princı́pio da indução, que a sentença quantificada ∀n ∈ N, P (n) é


verdadeira:

2
Observe que P (1) é verdadeira, pois se o máximo de dois números inteiros
positivos é 1, então os dois inteiros devem ser iguais a 1 e, portanto, eles
são iguais. Suponha que P (n) seja verdadeira. Vamos mostrar que P (n + 1)
também é verdadeira. De fato: sejam u e v dois inteiros com máximo n + 1.
Então o máximo de u−1 e v −1 é n. Uma vez que P (n) é verdadeira, segue-se
que u − 1 = v − 1. Assim, u = v, de modo que P (n + 1) é verdadeira.

Sejam r = 999 e s = 1000. Note que o máximo entre r e s é n = s = 1000. Pelo que acabamos
de provar, r = s, isto é, 999 = 1000, mas isso é um absurdo. Onde está o erro?

[16] Prove que se (x + 1/x) é um número inteiro, então (xn + 1/xn ) também é um número inteiro para
todo inteiro positivo n. Dica: use o segundo princı́pio da indução.

[17] Em uma escrita fictı́cia, os sı́mbolos abaixo indicam alguns números naturais: wusomkigeabd
fhjlnprtz. Vale que:

z é o sucessor de w,
w é o sucessor de u,
u é o sucessor de t,
t é o sucessor de s,
s é o sucessor de r,
r é o sucessor de p,
p é o sucessor de o,
o é o sucessor de n,
n é o sucessor de m,
m é o sucessor de l,
l é o sucessor de k,
k é o sucessor de j,
j é o sucessor de i,
i é o sucessor de h,
h é o sucessor de g,
g é o sucessor de f,
f é o sucessor de e,
e é o sucessor de d,
d é o sucessor de b,
b é o sucessor de a.

O número a não é sucessor de nenhum outro número natural. Calcule a+a e d+e. Qual número
é maior, l ou p?

3
Respostas dos Exercı́cios

Atenção: Se as respostas apresentadas aqui não possuı́rem justificativas completas, você deve
escrevê-las!

[01]
1(1+1) 2
(a) Para n = 1, temos 2
= 2
= 1, logo a afirmação é verdadeira.
Vamos agora supor que a afirmação vale para n ∈ N (hipótese de indução) e prová-la para n + 1.
Assim temos
n(n + 1) n(n + 1) + 2(n + 1)
1 + 2 + 3 + ... + n + (n + 1) = + (n + 1) = =
hipótese de indução 2 2

(n + 1)(n + 2) (n + 1)((n + 1) + 1)
= =
2 2
Logo, a afirmação vale para n + 1.
Pelo Princı́pio de Indução Finita, o resultado vale então para todo n ∈ N.

(b) Para n = 1, temos 2(1) = 1 + 1, logo a afirmação é verdadeira.


Vamos agora supor que a afirmação vale para n ∈ N (hipótese de indução) e prová-la para n + 1.
Assim temos
2(n + 1) = 2n + 2 ≥ (n + 1) + 2 ≥ (n + 1) + 1
hipótese de indução

Logo, a afirmação vale para n + 1.


Pelo Princı́pio de Indução Finita, o resultado vale então para todo n ∈ N.

(c) Para n = 1, temos 21 = 2 > 1, logo a afirmação é verdadeira.


Vamos agora supor que a afirmação vale para n ∈ N (hipótese de indução) e prová-la para n + 1.
Assim temos
2n+1 = 2n · 21 = 2n · 2 ≥ n·2 ≥ n + 1.
hipótese de indução item anterior

Logo, a afirmação vale para n + 1.


Pelo Princı́pio de Indução Finita, o resultado vale então para todo n ∈ N.

(d) Para n = 1, temos 20 = 1 = 21 − 1, logo a afirmação é verdadeira.


Vamos agora supor que a afirmação vale para n ∈ N (hipótese de indução) e prová-la para n + 1.
Assim temos

20 + 21 + ... + 2n−1 + 2(n+1)−1 = (2n − 1) + 2(n+1)−1 =


hipótese de indução

= 2n − 1 + 2n = 2 · 2n − 1 = 2n+1 − 1.
Logo, a afirmação vale para n + 1.
Pelo Princı́pio de Indução Finita, o resultado vale então para todo n ∈ N.

4
1(1+1)(2·1+1) 6
(e) Para n = 1, temos 12 = 1 e 6
= 6
= 1, logo a afirmação é verdadeira.
Vamos agora supor que a afirmação vale para n ∈ N (hipótese de indução) e prová-la para n + 1.
Assim temos
n(n + 1)(2n + 1)
12 + 22 + ... + n2 + (n + 1)2 = + (n + 1)2 =
hipótese de indução 6

n(n + 1)(2n + 1) + 6(n + 1)2 (n + 1)[n(2n + 1) + 6(n + 1)] (n + 1)[2n2 + 7n + 6]


= = = =
6 6 6
(n + 1)(n + 2)(2n + 3) (n + 1)((n + 1) + 1)(2(n + 1) + 1)
= =
6 6
Logo, a afirmação vale para n + 1.
Pelo Princı́pio de Indução Finita, o resultado vale então para todo n ∈ N.
h i2
(f) Para n = 1, temos 13 = 1 = 1(1+1) 2
, logo a afirmação é verdadeira.
Vamos agora supor que a afirmação vale para n ∈ N (hipótese de indução) e prová-la para n + 1.
Assim temos
2
n2 (n + 1)2

3 3 3 3 n(n + 1)
1 + 2 + ... + n + (n + 1) = + (n + 1)3 = + (n + 1)3 =
hipótese de indução 2 4

n2 (n + 1)2 + 4(n + 1)3 (n + 1)2 [n2 + 4(n + 1)] (n + 1)2 (n2 + 4n + 4) (n + 1)2 (n + 2)2
= = = = =
4 4 4 4
2
(n + 1)2 ((n + 1) + 1)2

(n + 1)((n + 1) + 1)
= =
4 2
Logo, a afirmação vale para n + 1.
Pelo Princı́pio de Indução Finita, o resultado vale então para todo n ∈ N.
1(1+1)(1+2)
(g) Para n = 1, temos 1 · 2 = 2 e 3
= 2, logo a afirmação é verdadeira.
Vamos agora supor que a afirmação vale para n ∈ N (hipótese de indução) e prová-la para n + 1.
Assim temos
n(n + 1)(n + 2)
1·2+2·3+3·4+...+n(n+1)+(n+1)((n+1)+1) = +(n+1)(n+2) =
hipótese de indução 3

n(n + 1)(n + 2) + 3(n + 1)(n + 2) (n + 1)(n + 2)[n + 3] (n + 1)((n + 1) + 1)((n + 1) + 2)


= = =
3 3 3
Logo, a afirmação vale para n + 1.
Pelo Princı́pio de Indução Finita, o resultado vale então para todo n ∈ N.

[02] (a) Substituindo n por n + 1 na expressão de P (n), temos

(n + 1) · ((n + 1) + 1)
P (n + 1) : 1 + 2 + · · · + n + (n + 1) = +1
2

5
(b) Suponha que P (n) seja verdadeira. Assim,

1 + 2 + · · · + n + (n + 1) = (1 + 2 + · · · + n) + (n + 1)
 
n · (n + 1)
= + 1 + (n + 1)
P (n) 2
n · (n + 1)
= +n+1+1
2
n · (n + 1) + 2(n + 1)
= +1
2
(n + 1) · (n + 2)
= +1
2
(n + 1) · ((n + 1) + 1)
= +1
2

Assim, provamos que


(n + 1) · ((n + 1) + 1)
1 + 2 + · · · + n + (n + 1) = + 1,
2
isto é, que P (n + 1) é verdadeiro.

(c) Como provado acima, P (n) ⇒ P (n + 1).

(d) Já foi provado que P (n) ⇒ P (n + 1). Assim, para podermos aplicar o Princı́pio da Indução Finita,
precisamos provar que P (1) é verdadeira. Como P (1) é o predicado
1 · (1 + 1)
P (1) : 1 = + 1,
2
1 · (1 + 1)
observamos, porém, que P (1) é falso, pois + 1 = 2. Desta forma, a sentença é falsa, e
2
tem 1 como contraexemplo.

[06] Denotando
P (n) : 2n+2 + 32 n+1 é divisı́vel por 7,
para provar que P (n) ⇒ P (n + 1), note que

2(n+1)+2 + 32(n+1)+1 = 2 · 2n+2 + 9 · 32n+1 = 2 · 2n+2 + 2 · 32n+1 + 7 · 32n+1 = 2 2n+2 + 32 n+1 + 7 · 32n+1 .


[08] Precisamos provar que o resultado vale, não para todo natural n, mas apenas para aqueles maiores
ou iguais a 3. Assim, devemos começar nossa indução finita do 3, e não do 1.
Para n = 3, temos 2(3) + 1 = 7 ≤ 8 = 23
Suponhamos agora 2n + 1 ≤ 2n para um n ≥ 3. Vamos provar que que 2(n + 1) + 1 ≤ 2n+1 . Temos

2(n + 1) + 1 = 2n + 1 + 2 ≤ 2n + 2 < 2n + 2n = 2 · 2n = 2n+1 .


hipótese de indução

Pelo Princı́pio de Indução Finita, o resultado vale então para todo n ∈ N, n ≥ 3.

[09] Dado n inteiro, n > 2, considere os naturais consecutivos n − 1, n e n + 2. Prove então que a soma
do cubo destes números é divisı́vel por 9.

Alternativamente, você poderia também considerar os naturais n, n + 1 e n + 2, mas as contas


ficarão mais complicadas.

6
[10] Precisamos provar que o resultado vale, não para todo natural n, mas apenas para aqueles maiores
ou iguais a 3. Assim, devemos começar nossa indução finita do 5, e não do 1.
Para n = 5, temos 52 = 25 e 25 = 32, logo 52 < 25 .
Suponhamos agora n2 < 2n para algum n ∈ N. Vamos provar que que (n + 1)2 < 2n+1 . Temos

(n + 1)2 = n2 + 2n + 1 < 2n + 2n + 1.
hipótese de indução

Mas, como n ≥ 5, pelo item anterior temos 2n + 1 ≤ 2n , logo,

(n + 1)2 < 2n + 2n + 1 ≤ 2n + 2n = 2 · 2n = 2n+1 ,

logo
(n + 1)2 < 2n+1 ,
e portanto a afirmação vale para n + 1.
Pelo Princı́pio de Indução Finita, o resultado vale então para todo n ∈ N, n ≥ 5.

[11] Para o passo de indução, note que

an+1 = an · a < an · b < bn · b = bn+1 .

A primeira desigualdade vale pois a < b e an > 0. A segunda vale pois an < bn e b > 0.

[14] O erro está na demonstração de que P (n) implica P (n + 1). O argumento utilizado não vale
quando n = 1. Neste caso, se C é um conjunto com n + 1 = 2 cavalos, D e E serão conjuntos com 1
cavalo cada, e que não terão interseção.

O curioso é que a prova apresentada para P (n) ⇒ P (n + 1) vale para todo n > 1. Porém, o fato
de não valer para o 1 já impede que a indução dê o primeiro “salto”. Em uma analogia, é como se, ao
derrubar as peças de um dominó, todas estivessem bem posicionadas, exceto a segunda, que não pode
ser derrubada pela primeira. Isto, por si só, impediria a queda de todas as peças além da primeira.

[16] Observe que (x + 1/x)(xn + 1/xn ) = (xn+1 + 1/xn+1 ) + (xn−1 + 1/xn−1 ). Dessa maneira, segue-se
que (xn+1 + 1/xn+1 ) = (x + 1/x)(xn + 1/xn ) − (xn−1 + 1/xn−1 ). Pela hipótese de indução, (x + 1/x),
(xn +1/xn ) e (xn−1 +1/xn−1 ) são números inteiros. Sendo assim, (xn+1 +1/xn+1 ) também é um número
inteiro.

[17] a + a = b, d + e = h e p > l.

Texto composto em LATEX2e.

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