Você está na página 1de 13

Os 5Ws e 1H do Jornalismo Digital

Silvio Waisbord

O jornalismo digital é a produçã o, distribuiçã o, e consumo de notícias e


informaçõ es. É caracterizado por configuraçõ es e prá ticas em rede que expandem
as oportunidades e espaços para notícias. O jornalismo digital é fruto de novas
condiçõ es ecoló gicas para a circulaçã o de conteú dos noticiosos em sociedade
contemporâ nea e o desmoronamento do modelo piramidal de notícias que
prevaleceram desde os primó rdios do jornalismo industrial. Esses
desenvolvimentos sem precedentes ampliaram os elementos essenciais do
jornalismo - quem, o quê, onde, quando, por que e como as notícias sã o relatadas.
Jornalismo digital tornou-se uma palavra-chave polivalente nos estudos de
jornalismo. Uma rica gama de jornais, livros e relató rios atestam as enormes
dificuldades de produzir uma definiçã o sintética e integral de Jornalismo Digital
(Witschge et al. 2016). É um multiforme conceito. É o nome de uma linha de
pesquisa e prá tica articulada em torno de desenvolvimentos impulsionado
principalmente por mudanças tecnoló gicas (Franklin e Eldridge 2017; Karlsson e
Sjøvaag 2018). Isso denota uma fase radicalmente nova na histó ria do jornalismo
provocado principalmente pela revoluçã o digital. Tornou-se uma expediente
abreviaçã o para se referir a um conjunto distinto de questõ es e tendências na
interseçã o de tecnologia e prá tica jornalística. Está associada a formas inovadoras
de produçã o e distribuiçã o de notícias, bem como envolvimento e participaçã o nas
notícias: blogs, dados e jornalismo computacional, notícias de mídia social,
algoritmo, hiperlocal e notícias mó veis. Há tanta coisa dobrada sob o "jornalismo
digital" que nenhuma definiçã o sucinta poderia fazer justiça a uma diversidade de
teorias, conceitos e atributos.

O que é jornalismo digital entã o? Refere-se a todas as formas de jornalismo na


“sociedade digital ”? Todo jornalismo contemporâ neo é “jornalismo digital”? O que
é jornalismo? Afinal, o que é a “sociedade digital”? Qualquer esforço para definir
Jornalismo Digital bate rapidamente em disputas semâ nticas nã o resolvidas sobre
o significado de "jornalismo" e "digital".

Já passamos do tempo em que "digital" era principalmente identificado com


formatos específicos, plataformas, ou a codificaçã o e armazenamento de
informaçõ es (Grueskin, Seave e Graves 2011). Nas ú ltimas duas décadas,
controvérsias interminá veis sobre os aspectos definidores do "digital" nas
sociedades contemporâ neas adicionaram vá rias camadas adicionais de significado
(Lupton 2014). Como adjetivo ou substantivo, o significado de "digital" vai além de
uma questã o de codificaçã o de informaçõ es em 0s e 1s, ou software específico e
hardware. Nã o se trata apenas das propriedades específicas dos dados, nem dos
atributos de tecnologia da Informaçã o. Em vez disso, "o digital" representa a
ascensã o e a consolidaçã o de formas em rede de açã o social facilitadas por
inovaçõ es tecnoló gicas.
Entendida como açã o social em rede, “digital” em primeiro plano institucional e
transformaçõ es estruturais em jornalismo e notícias. É sobre mudanças
revolucioná rias na vida social e pú blica articulada através da Internet, em vez de
sobre atributos da informaçã o e das tecnologias.

Da mesma forma, "jornalismo" continua a ser o assunto de batalhas de definiçã o de


longa data entre jornalistas, acadêmicos, observadores e formuladores de políticas
(Vos 2018). Alguns acreditam que é um distinto ocupaçã o focada em reportagens e
comentá rios sobre eventos atuais realizados por trabalhadores assalariados
("jornalistas") que normalmente trabalham para empresas ("notícias / jornalística
organizaçõ es ”). Outros acreditam que o jornalismo é um conjunto particular de
prá ticas ocupacionais que seguem certas éticas pú blicas na produçã o de notícias e
informaçõ es que fazem contribuiçõ es significativas para a vida pú blica, sociedade e
/ ou democracia. Finalmente, outros defendem a noçã o de que todo ato de
produzir notícias de atualidades é jornalismo.

Onde isso nos deixa para definir o jornalismo digital? Minha opçã o é casar com o
significado preferido de cada conceito - digital como açã o social em rede e
jornalismo como reportagem de notícias e informaçõ es. O jornalismo digital é a
produçã o, distribuiçã o, e consumo de notícias e informaçõ es sobre assuntos
pú blicos. O que é distinto sobre Jornalismo Digital sã o configuraçõ es e prá ticas de
rede (Domingo e Wiard 2016; Russell 2011; Ryfe 2016) que expandem as
oportunidades e espaços para reportar notícias. Jornalismo Digital amplia os
entendimentos convencionais de jornalismo e notícias - quem produz informaçõ es
diá rias para o consumo em larga escala, bem como o que é socialmente
considerado e usado como notícia. Jornalismo Digital é o surgimento de novas
condiçõ es ecoló gicas para a circulaçã o de conteú do de notícias na
contemporaneidade sociedade que resultou do desmoronamento do sistema
unidirecional, piramidal modelo de jornalismo industrial e a consolidaçã o de
condiçõ es mais achatadas para expressã o pú blica. O jornalismo foi organizado
principalmente em torno da produçã o de notícias por redaçõ es e empresas
jornalísticas que relegavam os cidadã os a papéis secundá rios. Este modelo nã o
entrou em colapso completamente; permanece viá vel, ativo e influente,
principalmente nas notícias antigas organizaçõ es. No entanto, atualmente existe
em um ambiente completamente diferente de rede atores, abundâ ncia e caos de
informaçõ es e fluxos de comunicaçã o multidirecionais.

Os 5Ws e 1H do jornalismo digital

Para discutir as especificidades do Jornalismo Digital, eu reaproveito as questõ es


clá ssicas de 5Ws e 1H do jornalismo como um dispositivo analítico.

Quem: Praticamente qualquer pessoa com acesso à Internet pode participar do


jornalismo digital. Os jornalistas e redaçõ es nã o sã o mais os ú nicos fornecedores
de notícias, informaçõ es e comentá rio. Uma vasta gama de atores contribui com
grandes quantidades de conteú do de notícias (Lewis e Westlund 2015). Notícias
nã o sã o apenas o que os “jornalistas” decidem. Cidadã os comuns, antes
considerados simplesmente como “pú blicos passivos”, estã o mais ocupados do que
nunca. Eles produzem, compartilhe, lanche, clique, escaneie, modifique e comente
notícias para consumo pú blico. Verificando os fatos as empresas trabalham com
mídias sociais e organizaçõ es de notícias. Relaçõ es Pú blicas e as empresas de
marketing aperfeiçoaram a ciência da viralidade das notícias e da publicidade
nativa. As agências governamentais inundam a Internet com conteú do que se
assemelha à s notícias tradicionais. Grupos de ativistas e organizaçõ es nã o
governamentais produzem informaçõ es constantemente para consumo pú blico.
Notícias produzidas por multidõ es sã o onipresentes em sites e redes sociais dos
meios de comunicaçã o. Redes globais de jornalistas e cidadã os colaboram na
investigaçã o de histó rias. Algoritmos de mídia social moldam as ofertas e exibiçõ es
de notícias. Em resumo, embora nã o todo mundo se encaixa nas definiçõ es
convencionais de "jornalista", qualquer um pode jogar um em a Internet.

A explosã o da tarifa jornalística produzida por mú ltiplos atores derrubou a divisã o


tradicional de trabalho entre produtores e usuá rios de notícias - jornalistas e os
resto da sociedade. Essa ruptura de papéis noticiosos perturbou a noçã o
modernista de autoria de notícias alicerçada em relaçõ es firmes e está veis entre
produçã o e resultado. Certamente, os atores nã o jornalísticos nunca foram atores
passivos, esperando silenciosamente redaçõ es para decidir as notícias e digerir
resmas de notícias sem crítica. Ainda notícias as condiçõ es abalaram
profundamente o “quem” das notícias. Autoria nã o é só incorporado em redes de
incontá veis usuá rios produtores que competem por espaço e atençã o com
jornalistas e redaçõ es. A autoria de notícias também é mais complicada, pois redes
de autores produzem permanentemente camadas de conteú do, adicionando,
discutindo, extirpar, excluir e reformular o conteú do. A autenticidade das notícias é
lançada em questã o quando muitos autores produzem feeds de notícias digitais.

Os puristas duvidam razoavelmente que qualquer um que relata e comenta


notícias sobre o A Internet é realmente um jornalista. Eles continuam a defender a
ideia de que os jornalistas sã o aqueles que relatam notícias seguindo os princípios
profissionais padrã o e sã o compensados por realizando um trabalho regular
(Carlson e Lewis 2015; Coddington 2014). Pode-se nã o pensar que notícias e
comentá rios produzidos por atores nã o jornalísticos sã o jornalismo rigoroso
sensu, ou acreditar que as organizaçõ es jornalísticas convencionais estã o em pé de
igualdade social e influência com exércitos de produtores de notícias. Ainda assim,
o conteú do de notícias produzido por vá rias origens é socialmente usado como
notícia, sem preocupaçã o ou cuidado com a origem e legitimidade. Vá rios autores
contribuem com conteú do para plataformas que funcionam como fontes de
notícias, como feeds de mídia social, fluxos de comentá rios anexados a artigos de
notícias e notícias satíricas. Quem é jornalista digital está em disputa (Ferrucci e
Vos 2016) já que o jornalismo digital torna todos uma fonte potencial de notícias.

Outra questã o importante é que nem todos os produtores têm poder semelhante.
Notavelmente, legado novas marcas, gigantes digitais, grandes criadores de
notícias e corporaçõ es com bons recursos uma presença dominante em termos de
reconhecimento, capacidade de produçã o de notícias e alcance. Essas sã o
diferenças extremamente importantes, considerando a luta constante pela atençã o
do pú blico. O fato de o jornalismo digital apresentar novos atores que tiveram uma
presença marginal no passado, nã o significa que tenha introduzido condiçõ es
horizontais igualitá rias. Enormes disparidades persistem com base em
desigualdades de longa data no acesso ao mercado, políticas influência e força
econô mica de atores individuais e coletivos.

O quê: O conteú do do jornalismo digital pode ser qualquer coisa. Produtos em


estoque do jornalismo industrial incluiu notícias, comentá rios, opiniã o, manchetes,
cartas ao editor, resenhas de arte, obituá rios e entrevistas. Para este conteú do, o
jornalismo digital adicionou uma infinidade de conteú do: publicaçõ es em mídias
sociais, memes, comentá rios de leitores e resenhas, blogs, podcasts, sá tiras, boatos,
boatos e notícias falsas. Como consequência de a proliferaçã o de conteú do, notícias
e informaçõ es vai além do jornalismo tradicional critério. DJ nã o está
particularmente ligado a nenhuma epistemologia estrita ou notícias convencionais
rotinas e normas para decidir o que é notícia. Certamente, pode-se argumentar
razoavelmente que o jornalismo industrial também apresentou diversas ofertas -
intelectual e tabloide conteú do, investigaçõ es aprofundadas sobre assuntos
importantes e acontecimentos triviais, qualidade reportagem e peças puff. Apesar
da consolidaçã o dos ideais profissionais, nunca foi unificado por uma ú nica ló gica,
um conjunto de critérios para estabelecer o conteú do das notícias. No entanto, DJ
oferece um uma gama ainda mais ampla de conteú do que combina informaçõ es
pessoais e institucionais, privadas e questõ es pú blicas, fato e ficçã o.

Onde: Jornalismo Digital acontece em uma variedade de plataformas que nã o sã o


limitadas pela geografia, linguagem e outras barreiras que historicamente
circunscrevem o lugar do jornalismo a alcançar. Considerando que o conteú do
jornalístico foi entregue por meio de canais / mídia como jornais e notícias de
transmissã o, Jornalismo Digital ocorre em qualquer lugar na Internet. O conteú do é
publicados e acessados em diferentes formatos e plataformas. Sites, mecanismos
de pesquisa, e aplicativos de mídia social, bem como computadores pessoais e
plataformas mó veis sã o as portas de entrada para DJ. Parcerias entre organizaçõ es
de notícias legadas e o Facebook, conteú do direcionado especificamente para
determinados pú blicos nacionais e globais, e ediçõ es em vá rios idiomas, sã o
apenas alguns exemplos que refletem as prá ticas de mudança em termos de onde
as notícias sã o acessadas. Apesar da relutâ ncia das empresas de mídia social em
ser considerados provedores de informaçã o, eles agem como organizaçõ es
jornalísticas: eles têm tornam-se as principais plataformas de acesso regular a
notícias e informaçõ es e regulam fluxos conteú do de acordo com os objetivos
corporativos.

Quando: Jornalismo Digital explodiu noçõ es modernas de tempo na produçã o e


consumo de notícias. O jornalismo industrial construiu noçõ es de tempo
disciplinadas e distintas, tanto na definiçã o de notícia (quando aconteceu algo
interessante?) e o consumo de notícias (quando as ediçõ es do jornal e da
transmissã o foram tornadas pú blicas?). Esses entendimentos moldaram noçõ es
jornalísticas sobre "ciclo de notícias" e "prazos" também como a fabricaçã o de
“pú blicos de notícias” em intervalos de tempo específicos (Bødker 2017). Velho
convençõ es de produçã o e entrega de notícias com prazo determinado persistem
no jornalismo industrial, mas o tempo funciona de maneira diferente no DJ. DJ é
caracterizado pela constante circulaçã o de notícias. O conteú do é alterado e
complementado por revisõ es e atualizaçõ es nas tradicionais plataformas de
notícias. Os feeds de notícias sã o atualizados regularmente. 24-7 substituiçõ es de
informaçõ es uma série regimentada de produçã o limitada no tempo (prazos) e
consumo (ediçõ es). As notícias estã o disponíveis a qualquer hora.

Por quê: o objetivo do DJ ("por que fazer notícias") é muito mais amplo do que no
moderno jornalismo. O jornalismo apresentava notícias e outros conteú dos por
vá rios motivos: para criar pú blicos para os anunciantes, para ganhar dinheiro, para
escrutinar e apoiar o poder, para defender causas partidá rias, para educar e
influenciar o pú blico, para criar visibilidade para noticiá rios influentes. Em
contraste, DJ representa muitos outros propó sitos. Vá rios atores têm muitas
motivaçõ es para participar da produçã o de notícias. Os indivíduos sã o movidos por
informaçã o, apresentaçã o pessoal e conexã o e apoio social. Empresas buscam
marca corporativa e fixaçã o de reputaçã o. Corporaçõ es de mídia social definidas
para fazer dinheiro e aumentar os lucros. Ativistas sociais querem fazer demandas
e mudar políticas e opiniã o pú blica. Os propagandistas políticos espalham notícias
para enganar os eleitores. A legislaçã o obriga as agências governamentais a
divulgar notícias e informaçõ es.

Como: a forma como as notícias sã o divulgadas também diferencia DJ do


jornalismo. Jornalismo tradicionalmente tinha um conjunto de procedimentos e
normas mais definidos para a produçã o de conteú do. Normalmente, os repó rteres
seguem rotinas, valores e fontes de notícias para encontrar histó rias e atender à s
expectativas organizacionais cristalizadas em có digos de ética e regras informais.
Os jornalistas aprenderam essas competências nas escolas e no trabalho.
Organizaçõ es de notícias agilizou os comportamentos ocupacionais por meio de
manuais, treinamento e feedback. Como uma ocupaçã o com ambiçõ es profissionais
(Waisbord 2013), o jornalismo industrial tentou manter o controle jurisdicional
sobre o fornecimento de notícias e informaçõ es diá rias através de regulamentos de
trabalho formais e informais. Certamente, organizaçõ es jornalísticas tradicionais
nã o desistiram de tais objetivos, pois continuam a observar normas, bem como seu
conteú do nas redes sociais e comentá rios dos leitores.

O jornalismo digital é jornalismo em rede

O que explica as características do jornalismo digital e suas diferenças com o


industrial jornalismo? A consolidaçã o de novas condiçõ es institucionais - expansã o
tecnoló gica habilitada em redes, que conectam atores jornalísticos. Certamente,
redes e conectividade nã o é novidade para o jornalismo. O jornalismo industrial
estava imerso em redes multinível também. Nunca existiu sozinho, perfeitamente
suspenso no ar, ilimitado por qualquer força social, livre para fazer o que quisesse.
Muito pelo contrá rio. Jornalismo tem sido historicamente incorporado em redes de
informaçõ es, econô micas, políticas e forças culturais e relaçõ es mantidas com uma
miríade de atores: governos, empresas, empresas de publicidade e relaçõ es
pú blicas, interesses industriais e editoriais, socioculturais tendências, preferências
do pú blico. Esses interesses moldaram o jornalismo como um todo bem como
organizaçõ es de notícias específicas - os nó s de redes que influenciaram as
características das redaçõ es: conteú do, financiamento, estilo, formato, posiçõ es
editoriais.

As redes de DJs, no entanto, sã o muito mais complexas, abertas, barulhentas e


indisciplinadas. Eles incluem interesses mú ltiplos e sobrepostos que se aglutinam
em torno de muitas formas de relató rios - profissional e cidadã o, industrial e pó s-
industrial, imparcial e partidá rio, pago e gratuito, factual e isento de fatos,
hiperlocal e global, comercial e nã o comercial. Apresenta cidadã os e grupos
organizados “noticiosos”. "Participaçã o nas notícias” (Peters e Witschge 2015)
pode nã o necessariamente ter virtudes democrá ticas consequências, como alguns
previram nos primeiros dias da Internet, mas acrescenta mais produtores de
notícias. Também traz à tona o poder crescente das plataformas, notadamente
Facebook e Google, para acesso, produçã o e divulgaçã o de notícias.
Dadas redes superpostas e mutantes de produtores, conteú do e plataformas,
limites borrados sã o intrínsecos ao DJ. Nos velhos tempos da mídia de massa, o
jornalismo tentou demarcar fronteiras vis-à -vis muitos interesses sociais, pelo
menos durante seus momentos brilhantes quando busca o interesse pú blico. Ele
tentou separar o trigo de notícias do joio de informaçõ es, fofocas, rumores,
propaganda e comerciais persuasã o. Sem dú vida, ele frequentemente deixava de
fazê-lo, pois passava mentiras, informaçõ es nã o verificadas, gire e papar para
notícias. Mas o ideal profissional do jornalismo foi preenchido com promessa
democrá tica e princípios que exigiam a manutençã o de limites vis-à -vis
virtualmente qualquer um - governos, corporaçõ es, pú blicos, anunciantes, fontes,
contadores de grã os. As leis de imprensa glorificavam a independência. Câ nones
profissionais valorizam a distâ ncia. Jornalístico a ética elogiava a autonomia. Os
elogios recompensaram a distâ ncia do poder a fim de manter o poderoso
responsá vel.

O jornalismo industrial baseou-se em ideais profissionais para reforçar as


fronteiras como o jornalismo digital constantemente ignora e confunde as linhas. O
jornalismo reagiu com uma mistura de desconfiança e cautela aos exércitos de
parvenus que produzem notícias e que servem como fontes de notícias, como
jornalistas cidadã os e empresas de mídia social. Com cuidado abriu a porta para
novas formas de notícias e comentá rios - desde o jornalismo cidadã o até a opiniã o
dos leitores por medo de prejudicar reputaçõ es profissionais e marcas
corporativas. As redaçõ es fazem questã o de afirmar a diferença entre fato e
verdade, gêneros jornalísticos e formatos, notícias reais e falsas, notícias e
propaganda como uma série de impostores e aspirantes jornalísticos inundam a
Internet. Jornalistas criticam o Facebook por embaçar linhas entre notícias e
publicidade (Moses 2018). Mesmo jornalistas iniciantes com uma diferente
sensibilidade para notícias, como o Buzzfeed, continuam a defender a ética
profissional princípios (Tandoc e Foo 2018).

Uma defesa firme dos ideais profissionais canô nicos nã o é surpreendente. Titular
profissõ es e instituiçõ es poderosas nã o sã o exatamente generosas em relaçã o a
desenvolvimentos turbulentos que perturbam e ameaçam a ordem existente. Eles
nã o desistem graciosamente ou compartilhar o poder. Eles nã o abrem
voluntariamente os portõ es da Bastilha para receber revolucioná rios arrogantes
para uma xícara de café para discutir a coexistência pacífica. Profissional o
jornalismo nã o foi exceçã o. Assim como os teó ricos de sistemas, acredita
fervorosamente em especializaçã o funcional, diferenciaçã o e rediferenciaçã o.
Como smithian economistas, elogia firmemente as contribuiçõ es positivas da
divisã o do trabalho. O as razõ es sã o muitas: de objetivos pró prios (manter
autoridade e credibilidade) a motivaçõ es voltadas para o pú blico (proteger as
notícias de interesses espú rios).

O jornalismo profissional segue seus ideais e prá ticas que surgiram em uma época
quando era o centro gravitacional de uma informaçã o hierá rquica e centralizada
arquitetura. Uma mistura de valores modernistas (verdade, transparência,
racionalidade, facticidade, liberdade) ainda ancora o imaginá rio coletivo das
redaçõ es. Eles fornecem pontos ideoló gico de apoio a partir dos quais o jornalismo
profissional reage aos desenvolvimentos em jornalismo digital e tenta
reposicionar-se apr es la revolution. Ele confronta um duplo desafio: a viabilidade
desses princípios quando da arquitetura institucional que o jornalismo industrial
fundamentado desmoronou, e a compatibilidade entre seu nú cleo princípios e as
redes complexas no cerne do jornalismo digital impulsionado por mú ltiplas
motivaçõ es.

A tendência do jornalismo para traçar limites se ajusta de maneira incô moda à


natureza da rede de DJ, que carece de limites organizados e está veis (Loosen
2015). DJ compreende vá rios tipos do jornalismo. Relató rios e opiniõ es diretas,
fatos confirmados e afirmaçõ es inventadas, dizer a verdade indiferente e pura
decepçã o, informaçã o e persuasã o existem lado a lado. A mídia social combina
perfeitamente notícias com publicidade comercial e propaganda. Atores noticiosos
nã o profissionais ignoram as convençõ es jornalísticas. Leitores consomem ficçõ es
absolutas como se fossem (f) representaçõ es reais da realidade, e se envolver com
as notícias sem se preocupar muito com a identidade ou legitimidade da fonte.
Atores desonestos espalham informaçõ es falsas. Todos estã o misturados na
desordem barulhenta de notícias. Ao contrá rio do jornalismo fiel ao ideal
profissional, os muitos atores do digital o jornalismo nã o se preocupa com os
limites. Eles nã o parecem estar extremamente preocupados sobre como traçar
limites para proteger as notícias de influências externas ou para reforçar seus bona
fides como guardiõ es de mente pú blica das informaçõ es diá rias.

Mú ltiplas formas de conteú do de notícias sã o infundidas por diferentes conjuntos


de preocupaçõ es e demandas e objetivos. Nenhum produtor de notícias tem
controle total sobre redes dispersas de notícias. A interdependência prevalece em
ambientes de rede. Nenhuma ló gica, princípio ou a ética domina o jornalismo
digital. Redes descentralizadas e abertas conectam pontuaçõ es de atores que
possuem epistemologias, valores e motivaçõ es muito diferentes. Esses atributos
diferenciam o jornalismo digital do jornalismo industrial baseado em redaçõ es.

Conclusão

Quais sã o as implicaçõ es das inovaçõ es de DJ para os estudos de jornalismo?

Primeiro, “o digital” nã o deve ser entendido estritamente em termos de


ferramentas e hardware. Para dizer o ó bvio, o potencial e os usos das “tecnologias
digitais” sã o novidades relató rios e divulgaçã o sã o importantes. Eles oferecem
novas oportunidades para reunir e analisar resmas de dados, para informar de
forma abrangente, para investigar o poder, para engajar-se com diversos pú blicos
e contar histó rias multifacetadas. Mas nem toda redaçã o aproveita totalmente o
potencial das inovaçõ es tecnoló gicas. As tecnologias digitais nã o podem mude
imediatamente a maneira como as redaçõ es organizam e abordam a cobertura de
notícias - rotinas de coleta de notícias, valores de notícias e fontes de notícias.
Financiamento, estratégias corporativas, organizaçã o do trabalho e culturas de
redaçã o moldam a forma como as tecnologias sã o incorporado.

Em segundo lugar, é importante colocar o estudo do profissionalismo no


jornalismo na mudança estruturas e dinâ micas de rede. Vá rias questõ es devem ser
consideradas. Como o jornalismo industrial interage com o jornalismo digital?
Como ele tenta proteger sua posiçã o social enquanto se envolve com as
informaçõ es sem fundo produzidas por jornalismo digital? Como isso integra e
domestica o fluxo constante de notícias e informaçã o? O jornalismo digital
promove mudanças nos valores tradicionais das notícias e as normas éticas das
redaçõ es?
Finalmente, os estudos organizacionais de jornalismo precisam lidar com teó ricos
mais amplos e questõ es empíricas. Tradicionalmente, essa abordagem era focada
nas rotinas de notícias e normas profissionais que organizam o trabalho
jornalístico internamente e conectam redaçõ es com atores externos - governos,
firmas de relaçõ es pú blicas, anunciantes, sociedade civil organizaçõ es, movimentos
sociais, bairros, comunidades. Hoje, jornalismo industrial existe em meio a uma
complexa rede de atores que nã o estã o apenas interessados em se envolver com
redaçõ es para fazer notícias, mas também sã o ativos na produçã o de notícias. É
necessá rio entender como ele navega em um campo lotado e mutante de fontes de
notícias analisar a inércia e as mudanças na organizaçã o industrial do trabalho
jornalístico.

Para encerrar, DJ desafia o jornalismo industrial de vá rias maneiras. Apresenta


oportunidades e ameaças. Assim como oferece possibilidades para as redaçõ es
explorarem uma grande variedade de informaçõ es e para se envolver com vá rios
pú blicos, também lançou o jornalismo industrial fora de sua posiçã o dominante. Ao
fazer isso, ele pressiona o ú ltimo a reavaliar suas conexõ es aos atores sociais, para
se adaptar à s novas circunstâ ncias, e para revalidar sua posiçã o e poder quando as
notícias estã o por toda parte. O jornalismo digital também incentiva a bolsa de
estudos para abrir as lentes analíticas a fim de examinar uma série de prá ticas em
rede que acontecem além da produçã o industrial de notícias centrada na redaçã o.
Jornalismo Digital:

interesses mú ltiplos e sobrepostos

"Participaçã o nas notícias”

acrescenta mais produtores de notícias

poder crescente das plataformas, notadamente Facebook e Google, para acesso,


produçã o e divulgaçã o de notícias

Você também pode gostar