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Novíssimos e purgatório

PERGUNTA
Nome: Patrícia
Enviada
16/08/2002
em:
Local: São Paulo - SP,

Numa das suas respostas aos leitores, verifiquei que os Srs acreditam que há purgatório, neste
caso tenho duas duvidas: 1ºSe todos os que morrem tem chance se serem perdoados após a morte, e
serem salvos, o que seria o inferno e qual a finalidade dele? Seria algo simbolico para explicar situações ou
manipular as pessoas?

2º O que significaria o texto biblico que diz que "apos a morte vem o juizo"? Juizo seria um
julgamento logo após o fato ser gerado? Seria utilizado de forma simbolica tambem? Ou seria um
julgamento, que é o que eu entendo, que ocorre com todos logo apos a morte o que determinaria o "futuro"
daquela alma (se assim devo chamar)?

RESPOSTA

Prezada Patricia, salve Maria,

Antes de tudo nos perdoe a eternidade para lhe responder.

1ºSe todos os que morrem tem chance se serem perdoados após a morte, e serem salvos, o que
seria o inferno e qual a finalidade dele? Seria algo simbolico para explicar situações ou manipular as
pessoas?

O Purgatório existe de fato, e serve para purificar as almas de todas as imperfeições e penas
temporais devidas pelo pecado, antes de entrarem no céu.

O que é necessário distinguir é que há pecados leves e pecados graves. E pecado é uma
transgressão da lei posta por Deus na natureza, que se manifesta em todos os homens pela chamada lei
natural. Os pecados são então de dois tipos: Os pecados leves - veniais e imperfeições - que não tiram a
justiça do homem. Neste sentido, diz a Escritura que o justo peca sete vezes ao dia. Se este pecado tirasse
a justiça, a Escritura não poderia chamar o homem que os comete de justo.

Há ainda os pecados graves - mortais - que são cometidos sempre que em matéria grave, com
pleno consentimento e pleno conhecimento. Se o homem comete uma transgressão da lei em matéria grave
- um assassinato, por exemplo - com pleno conhecimento - sabendo bem o que está fazendo, com pleno
domínio de sua inteligência - e com pleno consentimento - sua vontade quer fazer o mal - então este é um
ato deplorável, que separa o homem de seu criador, matando na alma a vida da graça. Daí seu nome,
pecado mortal.

O pecado mortal deve ser pois odiado por quem ama a Deus, e a vida normal do homem deve ser
querer estar unido a Deus, e portanto a vida normal de um homem deve ser a vida da graça. É evidente que
o homem deve evitar também o pecado venial, principalmente o deliberado. Mas a busca da perfeição, que
extirpará no homem todas as suas imperfeições e pecados é um caminho longo, é o caminho da cruz que
Cristo ensinou. Deus, em sua misericórdia infinita, concedeu aos homens a chance de se reconciliarem do
pecado mortal através da confissão sacramental. A confissão, porém, apaga o pecado mas conserva a pena
temporal devida pelo pecado. Esta pena, se não paga na Terra, através das penitências, pode ser paga no
purgatório.

O purgatório não perdoa o pecado mortal, e portanto se alguém morre nesse estado, não poderá ir
para o céu NEM passando pelo purgatório, como você afirmou. Se a pessoa morre desgraçadamente em
pecado, separando-se definitivamente de Deus por amor a um bem menor, então lhe cabe o castigo eterno,
no inferno. O inferno, criado pelo amor de Deus, serve para manifestar Sua justiça, pois aqueles que
escolheram o mal de forma definitiva não podem estar junto a Deus, e devem ser castigados por seus
crimes.
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Resumindo, o céu é prêmio para os bons. O purgatório, passagem para os ainda não totalmente
purificados das manchas do pecado. O inferno, castigo para os que odiaram Deus na Terra, e praticaram o
mal e a iniqüidade entre os homens.

2º O que significaria o texto biblico que diz que "apos a morte vem o juizo"? Juizo seria um
julgamento logo após o fato ser gerado? Seria utilizado de forma simbolica tambem? Ou seria um
julgamento, que é o que eu entendo, que ocorre com todos logo apos a morte o que determinaria o "futuro"
daquela alma (se assim devo chamar)?

A Igreja ensina que após a morte a alma é julgada por Nosso Senhor, que irá absolver ou condenar
aquela alma pelos atos durante sua vida. Este julgamento é o juízo particular, que define o destino eterno
das almas.

Porém, era conveniente que houvesse também um juízo mais geral, em que todo o gênero humano
estivesse presente, para que todos contemplassem a atuação de Deus e dos homens na história, e
compreendessem a imensa justiça e misericórdia que Deus usou para castigar os maus e premiar os bons.
Este juízo universal ou Final se dará no final do mundo, e será precedido pelos sinais do fim dos tempos,
sendo o sinal mais impressionante a ressurreição de todos os homens sob o som de uma trombeta.

Reunido então todo o gênero humano no vale de Josafat, Cristo mandará seus anjos para
separarem os bons dos maus, e apartá-los para sempre. Uns para o descanso eterno, outros, os maus,
para o fogo eterno.

In corde Iesu et Mariae,


Marcos Libório.

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