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APONTAMENTOS ACERCA DA POLÍTICA AGRÁRIA NO PARAGUAI

DO PÓS-GUERRA (1870)

FRANCISCO BARRETO DE ALMEIDA NETO


Mestrando em História na UFPEL
franciscobarreto.uesb@gmail.com

MARIANA FLORES DA CUNHA THOMPSON FLORES


Prof.ª Drª do PPGH UFPel
mariclio@yahoo.com.br

Apresentação
Entre 1864 e 1870 o Paraguai foi abalado por um dos maiores conflitos
ocorrido na América do Sul. Antes da guerra, a nação paraguaia apresentava
prósperas condições de desenvolvimento ao empreender medidas de
implementação das forças produtivas a partir da importação de meios de produção
junto aos capitalistas centrais, principalmente, britânicos. Entretanto, o caminho
de prosperidade que o Paraguai trilhava foi interrompido pela eclosão da guerra
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em 18641.
A Guerra do Paraguai, portanto, representou um radical ponto de inflexão
na história da nação guarani havendo mudanças profundas na vida dos paraguaios.
Por isso, múltiplas são as possibilidades de abordagem das mudanças ocorridas,
no entanto para este trabalho fizemos a opção por centrar a análise na estrutura
fundiária paraguaia. A opção de abordagem centrada na terra se justifica baseada
na percepção de que tanto a nascente indústria, a agricultura e a pecuária apesar de
utilizarem técnicas e instrumentos específicos no processo produtivo, tinham
como principal meio de produção a terra. Neste sentido, é plausível que ao
empreender uma análise da política agrária paraguaia se deva entender o
funcionamento da estrutura fundiária, ou seja, da propriedade sobre a terra.

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Há um rico debate historiográfico que permeia a problemática do capitalismo no Paraguai antes
da guerra de 1864. Alguns autores de inspiração marxista entendem que o Paraguai já detinha
meios de produção capazes de ameaçar a hegemonia mundial dos capitalistas europeus. No entanto
contemporaneamente outra via explanatória vem sendo bastante considerada. Compreende-se que
o Paraguai era um forte produtor de produtos primários sob o domínio ditatorial da família López e
que as mudanças que vinham sendo implementadas nos meios de produção serviram para reforçar
o domínio dos ditadores.
O objeto de apreciação deste trabalho não surgiu a partir de 1870, pois, as
pessoas exerciam atividades ligadas às terras paraguaias antes delas serem
chamadas de Paraguai, ou seja, o elemento (terra) de análise é praticamente
imutável. O que mudou neste caso foram as maneiras de aquisição e exploração
da terra, por conseguinte das relações de produção. Em vista disso consideramos
indispensável expor as mudanças ocorridas após o fim da guerra tendo como
referência a estrutura fundiária de antes da guerra. Assim a apreciação aqui
realizada será uma abordagem comparativa das mudanças ocorridas nos eixos
jurídico-político-econômico no Paraguai com a eclosão da guerra de 1864.

As terras do Paraguai antes da guerra


De forma geral por estrutura fundiária entendemos que é o modo como a
terra é dividida em propriedades, divisão essa resultante do processo histórico de
formação da base fundiária e também das leis da propriedade reguladas pelo
Estado. Para analisar a historicidade da estrutura fundiária paraguaia tomemos
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como referência os primeiros ocupantes do Paraguai, ou seja, os indígenas.
A bacia do Prata foi uma região historicamente ocupada por indígenas que
mantinham uma relação de familiaridade com a terra, uma vez que as ocupações
dos territórios muitas vezes tinham sido resultado de intensas disputas entre
nações indígenas rivais. Quando começaram a chegar os estrangeiros à América
encontraram nações indígenas que ocupavam há bastante tempo uma mesma
região a exemplo dos índios Guarani no Paraguai. Após a chegada estrangeira
houve sensíveis mudanças na relação dos índios com a terra, pois, os espanhóis,
por exemplo, criaram um sistema de exploração da mão de obra que consistia em
cooptar os trabalhadores por região através do sistema de encomienda. Outra
sensível mudança na relação dos índios com a terra foi o surgimento do Estado
paraguaio marcado pela independência em 1811.
O surgimento do Paraguai como país independente nação no início do
século XIX trouxe à tona a meta governamental de centralização política. Neste
momento em questão a América do Sul dispunha de vastas regiões a serem
exploradas, talvez por isso as sete constituições (1811, 1813, 1814, 1816, 1841,
1842, 1844) que antecederam a guerra pouco trataram de legislar especificamente
a respeito das terras. As principais leis que as constituições apresentaram
abordavam principalmente a questão da instituição e regulamentação dos três
poderes a nível nacional. Desta maneira ao se tratar da administração do tesouro
nacional, os legisladores, fizeram questão de deixar claro que os princípios
norteadores eram o da expropriação das terras pelo Ministério da fazenda e do
controle da produção interna. Estas medidas foram amparadas na crescente
autoridade governamental validada pelas constituições que outorgaram aos
governantes até o direito de penalizar com a morte os descumpridores das leis.
De acordo com Pomer (1981, p.30) no Paraguai por volta de 1864, grande
parte do tesouro nacional era composto de terras públicas de ocupação/exploração
público-privada. Se considerarmos apenas as regiões que contribuíram com a
acumulação de capital, existiam três formas básicas de exploração agrária no
Paraguai antes da guerra: a) estâncias de gado; b) manufatura de ervas; c) chácara.
O governo dominava boa parte do território paraguaio com monopólio da
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exploração econômica da erva-mate e, também administrava negócios nos ramos
do couro e da madeira.
Desde o governo de Carlos Antônio López e mais tarde durante o governo
de Solano López que o Paraguai não dependia dos empréstimos britânicos para
estimular o desenvolvimento nacional. Os López haviam adotado uma forma
promissora de direcionar a participação estrangeira nos negócios internos, pois, ao
invés de depender dos empréstimos, os governantes preferiram fazer acordos de
cooperação com industriais londrinos na busca por utensílios industriais e
militares. Esse é um ponto de intenso debate historiográfico, pois, para alguns
estudiosos o fato do Paraguai não contrair empréstimos e optar por outra via
desenvolvimentista soou como afronta às pretensões britânicas no Prata e seria
este um dos principais motivos para a eclosão da guerra em 1864. Neste trabalho
não pretendemos adentrar na discussão dos motivos do conflito, mas
adentraremos a discussão sobre o modo como os britânicos se beneficiaram ao fim
da guerra.
As políticas agrárias no pós-guerra (1870)
Muitas discussões envolvem os números da guerra, pois, a certeza que os
paraguaios foram exterminados no conflito não oferece suporte historiográfico
capaz de comprovar as afirmações. Leslie Bethell (1995) afirma que houve um
grosseiro exagero no número de mortes. De acordo com Bethell os dados
estatísticos que apontavam o número de mortes em torno de 50% da população
estavam errados, pois, estimativas recentes diminuiu o número de mortes para até
15% da população pré-guerra. A nós parece mais viável adotar uma percepção
menos matemática das ocorrências, ou seja, consideraremos que após a guerra o
Paraguai se tornou uma nação de idosos, mulheres e crianças. Portanto,
consideramos que o resultado da guerra para o Paraguai foi a morte e fuga de um
grande número de pessoas, bem como a perda de parte do território na forma de
pagamento dos espólios de guerra. Para compreendermos a extensão das perdas
territoriais devemos observar com atenção o mapa 1 a seguir. Nele é possível
perceber que boa parte do território paraguaio foi passado para as nações
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conflitantes na guerra sob a forma de tratados no pós-guerra.
Mapa 1: Las fronteras del Paraguay.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/18/Historia_de_la_frontera_Paraguaya.JPG
Aconteceram durante a guerra rápidas mudanças nas nações capitalistas
europeias. Durante meados da segunda metade do século XIX, deu-se, por parte
da burguesia industrial europeia, um incremento nas políticas comerciais em
âmbito internacional, favorecendo a diluição de fronteiras e a internacionalização
do capital. Objetivava-se transpor as barreiras monopolistas mercantis que
limitavam a expansão do processo de produção e reprodução do capital. Mesmo
que o mercantilismo preponderasse nas relações com as ex-colônias novos
elementos estavam fazendo parte do processo de acumulação, principalmente
através da transferência de uma parte significativa do capital produzido em
direção ao surgimento e desenvolvimento do capital financeiro.
A concepção liberal impunha a livre concorrência enquanto prerrogativa
básica das políticas econômicas. Para inserir as mais remotas economias no modo

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de produção capitalista, necessitava-se adaptar as forças produtivas. Nesse
sentido, a primeira metade da década de 70 do século XIX foi determinante para o
futuro do capitalismo no Paraguai, por conta das mudanças estruturais levadas a
cabo com o intuito de inseri-lo na divisão internacional do trabalho na condição de
nação subordinada ao capitalismo internacional (leia-se britânico).
Porém, fazer nas colônias o aprofundamento das relações de dependência
em relação aos países capitalistas da Europa era indispensável exportar o
excedente de produção e capital. O fluxo de capitais em direção à periferia
constitui um dos atributos basilares da onda expansionista que ocorreu entre 1820
e 1913. Os capitais britânicos e franceses desde 1850 e alemães desde 1870 foram
maciçamente arremetidos aos países de povoamento recente e em algumas zonas
da periferia (CARDOSO, 1984, p.232).
Não querendo com isso afirmar que a Grã-Bretanha era uma hegemonia
mundial, mas é inegável que a era do triunfo liberal tinha sido de fato do
monopólio industrial inglês, na qual os lucros eram assegurados sem muita
dificuldade pelas pequenas e médias empresas. O pós-1870 caracterizou-se por
uma competição internacional entre economias industriais nacionais rivais – a
inglesa, a alemã, a norte-americana; uma concorrência acirrada na tentativa de
fazer lucros adequados. De acordo com Hobsbawm “A competição levava,
portanto à concentração econômica, controle de mercado e manipulação.”
(HOBSBAWM, 2004, p.308).
A entrada de outras nações na corrida por mercados foi observado por
Arrighi (1996, p. 59) :
O Reino Unido exerceu funções de governo mundial até o fim do
século XIX. De 1870 em diante, porém, começou a perder o controle
do equilíbrio de poder europeu e, logo depois, do equilíbrio global.
Em ambos os casos, a ascensão da Alemanha à condição de potência
mundial foi um acontecimento decisivo.

Os anos em que o Paraguai esteve envolvido na Guerra depreciaram seus


meios de produção e debilitaram cruelmente suas forças produtivas, destruídas
quase em sua totalidade. Para que tenhamos uma idéia, a força de trabalho
disponível beirava à incapacidade fisiológica para o trabalho. Tal quadro, no
entanto, diferentemente do que possa parecer, favorecia os capitalistas britânicos,
que buscavam razões para exportar capitais e, consequentemente, criar laços de
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dependência financeira (que justificaria a importação de capitais para a
reconstrução econômica do país) e facilitaria os usos e abusos da mão de obra
feminina e infantil para exploração de caráter capitalista.
Aos dois primeiros governantes paraguaios do pós-1870 – respectivamente
Cirilo Antonio e Juan Bautista –, caberia assumir a missão de forjar as bases para
a reconstrução do Estado. Em linhas gerais, foram tomadas três atitudes que
adequavam a República del Paraguai aos moldes do capital internacional: 1 –
Promulgação da constituição de 1870 de caráter liberal; 2 – Contração de
empréstimos junto a instituições financeiras internacionais; 3 – Venda de
propriedades públicas.
Promulgada cerca de dois meses após a morte de Solano López, a
Constituição de 1870 garantia liberdade irrestrita ao capital comercial e financeiro
para transitar no território nacional, garantindo, assim, um dos princípios basilares
do liberalismo. A história dava razão a Marx que, ao versar sobre a moderna
colonização, entendia os métodos utilizados pelo imperialismo nas ex-colônias
nos parâmetros dados então. Neste sentido Marx indicou teoricamente a forma
como terras públicas passariam a propriedades privadas/ meios de produção, dizia
ele que:
Se se quisesse, de um golpe, transformar toda base fundiária de
propriedade do povo em propriedade privada, destruir-se-ia — é
verdade — o mal pela raiz, mas também — a colônia. A proeza
consiste em matar dois coelhos com uma só cajadada. Faça-se o
governo fixar para a terra virgem um preço artificial, independente da
lei da oferta e procura, que force o imigrante a trabalhar por tempo
mais longo como assalariado, até poder ganhar dinheiro suficiente
para adquirir sua base fundiária e transformar-se num camponês
independente. (MARX, 1984, p. 390, 2v).

Nesse mesmo sentido, a privatização das terras paraguaias, pelo menos as


que sobraram após a extorsão da Tríplice Aliança, foi levada a cabo, inicialmente,
pelo então Presidente Cirilo Antonio Rivarola, por volta de 1871. Mediante
concessão de lotes de terra, prevista na Constituição de 1870, no artigo quatro, se
desestatizou o principal meio de produção paraguaio e, ao mesmo tempo, deu um
incremento econômico ao Tesouro Nacional, cumprindo a prerrogativa da Carta
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Magna que estabelecia em seu citado artigo: “El Gobierno provee los gastos de la
Nación con los fondos del Tesoro Nacional, formado del producto de derechos de
exportación e importación, de la venta o locación de tierras
públicas[...].”(Constituição do Paraguai, 1870). Concomitantemente, autorizava-se
a tomada de empréstimos junto às instituições financeiras europeias, tal qual narra
Galeano:

Embora a Inglaterra não tenha participado diretamente na horrorosa


façanha, foram seus mercadores, seus banqueiros e seus industriais
que se beneficiaram com o crime do Paraguai. A invasão foi
financiada, do começo ao fim, pelo Banco de Londres, a casa Baring
Brothers e banco Rothschild, em empréstimos com juros leoninos que
hipotecaram o destino dos países vencedores. (2000, p.135)

Em relação ao universo político no Paraguai existiram significativas


mudanças. A principal foi a depreciação do poder executivo em comparação com
o crescimento de importância dos poderes legislativo e judiciário nos primeiros
anos de república constitucional. Tamanha pressão sob o poder executivo fez sua
primeira vítima política em dezembro de 1871 – a renúncia do presidente e a
subida do vice. A presidência de Salvador Jovelianos durou três anos e ficou
marcado por facilitar a vida do capital estrangeiro – contraindo um empréstimo de
dois milhões na praça de Londres e avançando nos acordos relativos aos despojos
de guerra com os países vencedores.
Estava montada, assim, a estrutura que deveria “matar dois coelhos numa
cajadada só”, já que estava garantida a fiança da concessão dos empréstimos
(capital e juros) ingleses pela hipoteca das posses estatais, materializada na terra.
Para corroborar com o processo, o presidente Juan Gill procedeu a venda das
terras. Registra Florentín que

En 1875 se creó la Oficina de Tierras Públicas con el objeto de


ordenar el mercado inmobiliario. Poco después, el gobierno de Juan
Bautista Gill subastó tierras públicas inaugurando la era de las ventas
masivas de tierras del estado. Aunque el experimento se limitó a
vender tierras públicas hasta recaudar seis millones de pesos (2010, p.
40).

A privatização em massa de terras públicas compôs o quadro de 8


expropriação do trabalhador, confirmando a máxima marxista que afirma ser

A chamada acumulação originária2 é, portanto, nada mais que o


processo histórico de separação entre produtor e meio de produção.
Ele aparece como “primitivo” porque constitui a pré-história do
capital e do modo de produção que lhe corresponde (MARX, 1984).

É dispensável dizer que a maciça introdução de capital estrangeiro nas


possessões paraguaias não significou uma imediata melhoria na condição de vida
dos trabalhadores. Dessa forma, quando os imigrantes chegavam ao Paraguai em
busca de possibilidades de investimentos, encontravam as relações de produção
nos padrões capitalistas já arraigadas, uma produção monocultora capaz de
sustentar a manutenção das forças produtivas baratas e disponíveis com finalidade
da exportação.

Com propriedade afirma Fischer que

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Acumulação originária: processo de criação das condições de desenvolvimento da produção
capitalista, marcada pela histórica separação entre produtor e meio de produção (MARX, 1984)
El remanente de la población paraguaya – en su mayoría mujeres,
niños y ancianos – no estuvo en condiciones para acceder a los
beneficios suscritos en aquella ley. Esta constituyó una atracción para
los extranjeros que aprovecharon la oferta de tierras a precios ínfimos.
Los grandes yerbales, la producción de petit grain y la de tanino
pasaron a manos de extranjeros quienes contrataron mano de obra
paraguaya para la producción; como la mayor ocupación laboral fue la
de la elaboración de la yerba mate, trabajo discontinuo y estacional
[...] (1997, p. 4).

Diante do exposto concluímos que a política agrária empreendida pelo


Paraguai nos anos antecedentes à guerra de 1864 e posteriormente ao fim da
guerra em 1870 não seguia somente as imposições do capitalismo europeu e das
nações vizinhas. Quando levamos em consideração a organização político-social
paraguaia entendemos que havia uma franca disputa interna pela propriedade das
terras. Compreendemos, finalmente, que a abolição das terras comunais e a venda
das terras públicas seguia uma dinâmica mundial de definição dos limites dos
territórios nacionais.
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Referencias

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Assunção. Constituição (1870). Constituição da República do Paraguai. Assunção. 1870.

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