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Aula 04

Passo Estratégico de Direito Processual


Penal p/ PC-RJ (Inspetor) - AOCP

Autores:
Sérgio Batalha Soares , Alexandre
Segreto dos Anjos
Aula 04
16 de Maio de 2020

13313211747 - Thainá Ribeiro


Sérgio Batalha Soares , Alexandre Segreto dos Anjos
Aula 04

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
Sumário

Análise Estatística ..........................................................................................................................................2

Roteiro de revisão e pontos do assunto que merecem destaque ........................................................3

Aposta estratégica ......................................................................................................................................21

Questões estratégicas ................................................................................................................................23

Questionário de revisão e aperfeiçoamento ..........................................................................................32


1280044
Perguntas ..................................................................................................................................................32

Perguntas com respostas .......................................................................................................................33

Lista de Questões Estratégicas .................................................................................................................37

Gabarito ....................................................................................................................................................40

Referências Bibliográficas ..........................................................................................................................41

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Túlio Lages
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Sérgio
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ANÁLISE ESTATÍSTICA
Convém destacar os percentuais de incidência dos assuntos previstos no nosso curso, Inspetor da Polícia
Civil do Estado do Rio de Janeiro. Levamos em consideração, na análise estatística, outros concursos
realizados pelo Instituto AOCP, beleza?

Grau de incidência em
Assunto concursos similares
AOCP
Princípios do Direito Processual Penal. Sistemas processuais. 1,72%

Inquérito Policial 22,22%

Ação penal. Espécies 8,19%

Da Jurisdição e Competência 9,87%

Provas 19,75%

Do Juiz, do Ministério Público, do acusado e seu defensor, dos 3,70%


assistentes e auxiliares da justiça.

Da Prisão e da liberdade provisória; prisão temporária 18,51%

Das citações e intimações. 3,02%

Das nulidades 3,15%

Do processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos 9,87%


funcionários públicos e Procedimento dos Juizados Especiais Criminais
(lei 9099/95)

Considerando os tópicos que compõem o nosso assunto, qual seja, " JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA",
possuímos a seguinte distribuição percentual:

% de cobrança
Tópico
AOCP
Aspectos gerais da competência 24,32%
Da competência pelo lugar da infração 24,32%
Da competência pelo domicílio ou residência do réu 10,81%
Da competência pela natureza da infração 5,40%
Da competência por distribuição 2,70%
Da competência por conexão ou continência 13,51%
Da competência por prevenção 2,70%

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Da competência pela prerrogativa de função 16,21%

ROTEIRO DE REVISÃO E PONTOS DO ASSUNTO QUE


MERECEM DESTAQUE

A ideia desta seção é apresentar um roteiro para que você realize uma revisão completa do assunto e, ao
mesmo tempo, destacar aspectos do conteúdo que merecem atenção.

Para revisar e ficar bem preparado no assunto, " JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA ", você precisa, basicamente,
seguir os passos a seguir:

1. Característica da banca: A Banca AOCP costuma cobrar muito a literalidade dos dispositivos
constitucionais e legais. Muitas vezes, ela apenas troca ou acrescenta palavras para confundir o candidato.
Dessa forma, sugerimos a leitura atenta dos artigos 69 a 91 do Código de Processo Penal, bem como o art.
109 da CF/88 e o art. 9º do Código Penal Militar.

Leia e releia tais dispositivos, atentando-se aos seguintes pontos, buscando memorizá-los aos poucos (a
memorização virá com o tempo, não se preocupe em decorar de uma só vez tudo). Traremos abaixo um
resumo dos tópicos importantes:

2. Introdução. Em sucintas palavras, jurisdição significa aplicar o direito ao caso concreto, sendo essa uma
função exercida precipuamente pelo Poder Judiciário. De acordo com Renato Brasileiro de Lima, no âmbito
específico da jurisdição penal, em que, de um lado, há a intenção punitiva do Estado, inerente ao ius
puniendi e, de outro, o direito de liberdade do cidadão, o conteúdo da causa penal deve se limitar à
verificação da materialidade de fato típico, ilícito e culpável, à determinação da respectiva autoria, e à
incidência ou não da norma penal incriminadora.

Embora todos os juízes possuam jurisdição, nem todos podem julgar qualquer causa que lhes seja
apresentada. Isso porque, no âmbito interno do Poder Judiciário, a jurisdição encontra limite na
competência, de modo que cada órgão jurisdicional somente pode aplicar o direito objetivo dentro dos
limites que lhe foram conferidos nessa distribuição por meio da competência.

Diretamente atrelado à competência encontra-se o princípio do juiz natural, que, apesar de não ter
previsão específica em sede constitucional, pode dela ser extraído diante das disposições do art. 5º, incisos
XXXVII e LIII da CF/88, que versam, respectivamente, sobre a impossibilidade de haver um juízo ou tribunal
de exceção e sobre a garantia de que ninguém será processado ou sentenciado senão pela autoridade
competente. O princípio do juiz natural, nesse ínterim, deve ser compreendido como o direito que cada
cidadão tem de saber, previamente, a autoridade que irá processar e julgá-lo caso venha a praticar uma
infração penal, ou seja, é aquele constituído antes do fato delituoso a ser julgado, mediante regras taxativas
de competência.

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Dito isso, você pode estar se perguntando, então, se a superveniência de uma norma processual
modificadora de competência teria o condão de colocar em xeque o princípio do juiz natural, na medida
em que possui aplicação imediata. Já adiantamos que não. É consolidado na jurisprudência o entendimento
de que uma norma que eventualmente modifique a competência de um juízo para processar e julgar
determinada matéria não faz nascer, diante da remessa dos autos a outro juízo, o que se denomina de juízo
ou tribunal de exceção, expressamente vedado pela Constituição Federal. Haverá, nesse caso, uma
redistribuição de processos diante de uma nova organização judiciária, objetivamente definida em lei, com
aplicação genérica e abstrata, e não uma remessa de autos determinada por critérios subjetivos, específicos
e direcionados a determinado processo.

3. Espécies de competência. A competência pode ser definida em razão da matéria, da pessoa ou do lugar,
bem como pode ser funcional. Tais competências, por sua vez, são qualificadas como absolutas ou relativas.

A competência absoluta, em termos práticos, é aquela que tem origem em norma constitucional e tutela
interesse público. Não admite modificações e é improrrogável. Um ato praticado por juiz absolutamente
incompetente estará dotado de nulidade absoluta, podendo, por isso, ser suscitada essa nulidade a
qualquer tempo, mesmo depois do trânsito em julgado, se for favorável ao réu. Atenção nesse ponto! Se a
nulidade absoluta prejudicar a situação do réu ou condenado, depois de transitada em julgado a decisão,
não poderá ser motivo para revisão criminal, já que não existe, em sede de processo penal, revisão criminal
pro societate. Assim, por exemplo, imagine que houve sentença absolutória proferida por juízo
absolutamente incompetente e essa decisão tenha transitado em julgado. Poderá, nesse caso, ser proposta
pelo órgão acusador uma revisão criminal sob a alegação de ter havido nulidade absoluta (feito processado
perante juiz absolutamente incompetente)? Não. Não há essa possibilidade e sequer também é possível
processar e julgar novamente essa pessoa pelos mesmos fatos diante do juiz verdadeiramente competente.

Ademais, o prejuízo, em se tratando de competência absoluta, é presumido.

São absolutas as seguintes competências: em razão da matéria, em razão da pessoa e a funcional.

A competência relativa, por sua vez, segundo Renato de Lima Brasileiro, tem fixação pelas regras
infraconstitucionais que atendem ao interesse preponderante das partes, seja para facilitar ao autor o
acesso ao Judiciário, seja para propiciar ao réu melhores oportunidades de defesa. Por esse motivo, essa
espécie de competência admite prorrogação e modificação e gera uma nulidade relativa, sendo necessária
a comprovação do prejuízo dela advindo (pas de nullité sans grief).

É relativa a competência territorial (e as derivações dela, como, por exemplo, a competência por prevenção,
a competência por distribuição e a competência por conexão ou continência).

No CPP, o tema afeto à competência encontra-se regulado pelos artigos 69 a 91 e, para darmos início ao
estudo pormenorizado de cada uma delas, a norma introdutória do assunto:

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Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:

I - o lugar da infração:

II - o domicílio ou residência do réu;

III - a natureza da infração;

IV - a distribuição;

V - a conexão ou continência;

VI - a prevenção;

VII - a prerrogativa de função.

OBSERVAÇÃO: existe diferença entre “foro competente” e “juízo competente”? Sim.

- FORO COMPETENTE: competência territorial.

- JUÍZO COMPETENTE: órgão jurisdicional.

Ex. houve um homicídio doloso dentro do Estádio Serra Dourada, em Goiânia/GO. O foro
competente, nesse caso, será a Comarca de Goiânia. O juízo competente, lado outro, será
o Tribunal do Júri da Comarca de Goiânia.

- MAIS DE UM FORO COMPETENTE: resolve-se o conflito pela prevenção.

- MAIS DE UM JUÍZO COMPETENTE: resolve-se o conflito pela distribuição.

3. Competência territorial.

3.1. Competência em razão do lugar da infração. Essa competência leva em consideração a teoria do
resultado, isto é, tem-se como lugar da infração o local onde ocorreu a consumação do delito ou, no caso
de tentativa, no lugar em que foi praticado o último ato de execução.

No entanto, é importante pontuar que em se tratando de crimes contra a vida (seja ele doloso ou culposo),
excepcionalmente, se os atos de execução ocorrerem em um lugar e a consumação se der em outro (ex.
suponha que uma pessoa desfira tiros em outra em um bar na cidade de Anápolis/GO e a vítima, levada ao
hospital de Goiânia/GO, venha aqui a falecer), a competência para julgar o fato será do local onde foi
praticada a conduta (Anápolis), adotando-se, nesse caso, a teoria da atividade. Isso porque, no local em

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que se deu a execução é onde haverá a maior possibilidade de reunião de elementos de prova e informação
sobre a dinâmica do delito (STF, Informativo nº 715).

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração,
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a


competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de
execução.

§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente
o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu
resultado.

§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições,
a competência firmar-se-á pela prevenção.

Os parágrafos primeiro e segundo trazem hipóteses de crimes à distância, em que a ação ou a consumação
ocorrerão fora do território nacional.

O parágrafo terceiro, por sua vez, versa sobre crime plurilocal, isto é, quando a ação e a consumação se
dão dentro do território nacional, porém em locais diversos.

OBSERVAÇÃO: Em relação aos crimes à distância (§§ 1º e 2º do art. 70, CPP), a


competência para processá-los e julgá-los será da Justiça Federal, quando estiverem, via
de regra, previstos em tratados ou convenções internacionais (art. 109, V, CF/88). No
entanto, por meio do Informativo de Jurisprudência nº 636 do Superior Tribunal de
Justiça, definiu-se que se o crime à distância não estiver previsto em tratado ou
convenção internacional, mas por meio destes o Brasil se obrigou a reprimir as condutas,
a competência continuará sendo da Justiça Federal. No caso, foi analisada a situação em
que um ex-namorado, nos Estados Unidos, fazia ameaças via Facebook à ex-namorada
que residia no Brasil.

Vejamos algumas situações práticas (e confusas, que podem levar o candidato a incorrer em erro), que
foram sumuladas pelos tribunais superiores e são muito cobradas em diversos certames:

➢ Súmula 521, STF. O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o
do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
➢ Súmula 244, STJ. Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de
estelionato mediante cheque sem provisão de fundos.
➢ Súmula 48, STJ. Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e
julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.

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ESTELIONATO
Competência do local em
Mediante CHEQUE SEM
que se deu a RECUSA do Súmulas 521 do STF e 244 do STJ
FUNDOS
pagamento
Competência do local em
que foi RECEBIDA A
Mediante FALSIFICAÇÃO VANTAGEM ILÍCITA (onde
Súmula 48 do STJ
de cheque conseguiu
“descontar”/sacar o
cheque)
Observação: Segundo entendimento dos tribunais superiores, além das hipóteses de estelionato praticado
mediante uso de cheque (regras de competência acima), referido crime, quando praticado por outros
meios, ocorrendo o prejuízo em um local diferente do da obtenção da vantagem, haverá a consumação
no local do efetivo prejuízo à vítima, sendo este o foro competente. Ex. Patrick, em Goiânia/GO, efetuou
uma ligação para Glória, no Rio de Janeiro/RJ, informando que para receber a restituição do imposto de
renda deveria ela depositar R$ 500,00 reais na sua conta. Passou-lhe os dados bancários e então Glória
compareceu à sua agência no Rio de Janeiro e efetuou o depósito em favor de Patrick. Local da obtenção
da vantagem = Goiânia/GO. Local do efetivo prejuízo = Rio de Janeiro/RJ. Foro competente para julgar e
processar o estelionato = Comarca do Rio de Janeiro/RJ. (STJ, CC 147.811/CE e AgRg no CC 146.524/SC)

3.2. Competência em razão da residência ou domicílio do réu. Regerá os casos quando não for possível
identificar o lugar da infração. Cuidado! Não se deve confundir que o foi dito agora com a hipótese do art.
70, §3º, em que a competência será firmada pela prevenção. No caso do art. 70, §3º, CPP, sabe-se onde foi
praticada a infração, mas não se sabe ao certo a que jurisdição pertence esse local (divisas ou limites entre
jurisdições). Já no caso de competência em razão da residência ou domicílio do réu, o local da infração
sequer é conhecido.

Ademais, será firmada a competência em razão da residência ou domicílio do réu nos casos de exclusiva
ação penal privada (e aqui não se fala em ação privada subsidiária da pública), ainda que conhecido o local
da infração. Trata-se de uma hipótese de foro de eleição, ou seja, da faculdade que o querelante tem de
eleger, escolher o foro para a propositura da ação.

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou
residência do réu.

§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.

§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz
que primeiro tomar conhecimento do fato.

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Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio
ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

3.3. Competência em razão da natureza da infração. De acordo com o art. 74 do CPP, a competência pela
natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do
Tribunal do Júri.

Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização
judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.

§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e
2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou
tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da


competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição
do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.

§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz


singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio
Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o).

As leis de organização judiciária, por exemplo, podem definir uma vara para julgar apenas crimes
patrimoniais em uma determinada localidade, ou pode haver vara especializada para julgar crimes de
violência doméstica, vara de entorpecentes, entre outras. Entretanto, o legislador infraconstitucional não
pode subtrair do Júri a competência para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida, já que a
competência do Júri é fixada constitucionalmente pelo art. 5º da Constituição Federal, sendo, inclusive,
uma cláusula pétrea.

Lado outro, o legislador infraconstitucional poderia aumentar a competência do Júri? Sim. Inclusive, isso já
foi feito pelo Código de Processo Penal no art. 78, I, quando dispôs que o Júri será competente para julgar
os crimes dolosos contra a vida e os que lhe forem conexos.

A competência do Tribunal do Júri já deu ensejo a duas importantes súmulas que são corriqueiramente
cobradas em provas:

➢ Súmula 603, STF. A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz


singular e não do tribunal do júri.

Latrocínio é o crime de roubo seguido de morte e, ainda que o resultado morte advenha de dolo do agente,
o latrocínio continua sendo um crime contra o patrimônio, e não crime contra a vida, razão pela qual não
atrai a competência do Tribunal do Júri.

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➢ Súmula vinculante 45, STF. A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece


sobre o foro por prerrogativa de função, estabelecido exclusivamente pela Constituição
Estadual.

Como dito, a competência do Tribunal do Júri é fixada pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º,
XXXVIII. No entanto, a própria Constituição fixa também competência por prerrogativa de função em
determinados casos, segundo a qual as pessoas ocupantes de determinados cargos ou funções somente
serão processadas e julgadas criminalmente (não engloba processos cíveis) em foros privativos colegiados
(como STF, STJ e Tribunais).

Quando a competência por prerrogativa for prevista pela Constituição Federal, ela prevalecerá à do Júri.
Todavia, as constituições estaduais podem reproduzir normas da Constituição Federal. Caso uma
constituição estadual reproduza uma norma de prerrogativa de função da Constituição Federal (como a
que prevê que os prefeitos serão julgados perante o Tribunal de Justiça), prevalecerá a competência do
Tribunal de Justiça mesmo que a autoridade (no caso o prefeito) pratique um crime doloso contra a vida.

Agora, a Constituição Federal autoriza que as Constituições Estaduais fixem a competência de seus
respectivos tribunais (art. 125, §1º), donde é possível que em tais constituições haja criação de uma nova
hipótese de foro por prerrogativa de função para além daquelas previstas na Carta Magna Federal e
reproduzidas no bojo da Carta Estadual. Por exemplo, a Constituição do Estado de Goiás prevê que os
Secretários de Estado terão foro por prerrogativa no Tribunal de Justiça de Goiás (art. 46, VIII, d, CE/GO).
Não há essa previsão da CF/88 (não é norma de mera reprodução), de modo que se trata de uma
competência firmada exclusivamente pela CE/GO. Assim, se o Secretário de Estado praticar um crime
doloso contra a vida, ele deverá ser processado e julgado perante o Tribunal do Júri e não perante o Tribunal
de Justiça de Goiás. Nesse caso, como o foro por prerrogativa foi fixado exclusivamente pela Constituição
Estadual, há a prevalência do Tribunal do Júri, conforme entendimento estampado na Súmula Vinculante
nº 45 do STF.

OBSERVAÇÃO: o crime de genocídio é de competência do juiz singular ou do Tribunal do


Júri? Segundo o STF, o genocídio, por si só, é de competência do juiz singular, pois é crime
contra raça/etnia e não crime doloso contra a vida. No entanto, uma das formas de se
praticar o genocídio é através da morte dos membros do grupo. Nesse caso, segundo o
STF, havendo concurso formal de crimes (genocídio e homicídio), a competência será do
Tribunal do Júri. Ex. Massacre de Haximu, em Boa Vista, Roraima (RE 351487).

3.4. Competência em razão da distribuição. É preciso ter em mente que a competência em razão da
distribuição não se confunde com a competência em razão da prevenção. Na distribuição, não existe dúvida
quanto à competência territorial, porém, na comarca, existe mais de um juiz competente.

Já na prevenção há a definição da própria competência territorial.

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Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição


judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.

Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação


de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da
ação penal.

É importante salientar também, quanto a essa espécie de competência, que os atos praticados em regime
de urgência – como nos plantões – não se prestam a defini-la, porque possibilitaria à parte “escolher” o
juízo que melhor lhe aprouvesse.

3.5. Competência em razão da prevenção. Prevento será o juiz que primeiro praticar algum ato do
processo, ainda que anterior à denúncia.

Art. 70, § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta
a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou


mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

3.6. Competência em razão da conexão ou continência. Na conexão, obrigatoriamente tem-se duas ou


mais infrações. Já na continência, haverá uma infração com pluralidade de agentes ou uma ação com uma
pluralidade de resultados. Tenha isso em mente:

- Conexão = duas ou mais ações.

- Continência = UMA ação com pluralidade de agentes ou de resultados.

3.6.1. Conexão. Como a conexão necessariamente engloba duas ou mais ações, certo é que entre elas há
um nexo lógico de ligação. Esse nexo, por sua vez, pode se dar pelo próprio fato ou pelas provas que dele
decorrerem.

Art. 76. A competência será determinada pela conexão:

I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por
várias pessoas, umas contra as outras;

II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou
para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;

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III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir
na prova de outra infração.

- Conexão intersubjetiva (substantiva): trata-se da hipótese do inciso I do art. 76 e subdivide-se em


conexão intersubjetiva por simultaneidade, conexão intersubjetiva por concurso e conexão intersubjetiva
por reciprocidade.

➢ Por simultaneidade: obrigatoriamente há uma pluralidade de pessoas e refere-se à


primeira parte do inciso I do art. 76: “ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido
praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas”. Não existe um ajuste prévio de
vontades, não há um liame subjetivo, não há concurso de agentes. Diante de uma situação
fática, várias pessoas, ao mesmo tempo, simultaneamente, praticam infrações penais. Ex.
saque, depredação.

➢ Por concurso: refere-se à segunda parte do inciso I do art. 76: “ocorrendo duas ou mais
infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, (...), por várias pessoas em
concurso, embora diverso o tempo e o lugar”. Aqui existe uma divisão de tarefas, existe
concurso de pessoas, ainda que as infrações não sejam praticadas ao mesmo tempo nem
no mesmo lugar. Ex. João subtrairá um banco à noite. Para tanto, Antônio oferece os
explosivos e Fernando o passaporte falso para que João saia imediatamente do país. Assim
que João pratica o crime, Gerson, que o aguardava no carro estacionado na rua paralela,
aguarda-o para levá-lo até o aeroporto. Note que as infrações não ocorrerão no mesmo
lugar e nem na mesma hora, porém todas estão interligadas por um nexo, que é o concurso
de agentes.

➢ Por reciprocidade: diz respeito à última parte do inciso I do art. 76: “ocorrendo duas ou
mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, (...), por várias pessoas, umas
contra as outras”. Ex. brigas entre torcidas.

OBSERVAÇÃO: Há posição que defende ser a rixa um caso de conexão por reciprocidade.
No entanto, o posicionamento majoritário refuta essa ideia porque considera a rixa um
crime único (não há a necessária pluralidade de infrações para se verificar a conexão –
Lembre-se! Conexão = duas ou mais infrações).

- Conexão objetiva (substantiva): trata-se da hipótese do inciso II do art. 76, trazendo consigo quatro
núcleos, subdivididos em duas linhas: consequencial e teleológica.

A conexão será objetiva teleológica quando se praticar uma infração com intuito de facilitar a prática de
outra. Ex. para estuprar a mulher, o agente desfere uma paulada na cabeça do namorado, que desmaia. No
caso, o agente cometeu o crime de lesão corporal para facilitar a prática do estupro.

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Lado outro, a conexão será objetiva consequencial quanto uma infração for cometida para ocultar,
conseguir impunidade ou conseguir vantagem em relação a outra (ou a qualquer delas).

- Conexão probatória ou instrumental (processual): refere-se ao inciso III do art. 76, ou seja, quando a
prova de uma infração ou qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.

Nas conexões intersubjetiva e objetiva são também conexões substantivas, na medida em que apresentam
um nexo entre os fatos. No entanto, na conexão probatória não necessariamente haverá esse nexo entre
os fatos, pois o nexo será primordialmente entre as provas. Por esse motivo a conexão probatória é
também chamada de processual.

- Continência: como dito, a continência não se confunde com a conexão, porque se falará em continência
quando houver uma única infração, porém com pluralidade de agentes ou pluralidade de resultados.

Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:

I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;

II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte,
e 54 do Código Penal.

- Continência por cumulação subjetiva: refere-se à previsão do inciso I do art. 77, isto é, uma única infração
com pluralidade de agentes (CUIDADO! Se houver duas infrações, será conexão).

- Continência por cumulação objetiva: diz respeito à previsão do inciso II do art. 77, quando uma única
ação apresenta uma pluralidade de resultados. Contudo, a redação do art. 77, II está com a redação
defasada, ainda não atualizada, pois faz remissão aos artigos do Código Penal antes da reforma de 1984.
Assim, aonde se lê arts. 51, § 1º, 53, segunda parte e 54 do CP, deve-se ler arts. 70 (concurso formal), 73
(erro na execução – aberratio ictus) e 74 (resultado diverso do pretendido) do CP.

O estudo da conexão e continência não se finda nesse ponto. Em ambos os casos devem ser observadas as
regras do art. 78, CPP, pois nem sempre as infrações cometidas serão da mesma categoria, ou da mesma
natureza. E até quando o forem, como nas hipóteses do inciso II, regras de prevalência de foro deverão ser
observadas caso os crimes sejam cometidos em localidades diversas.

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as


seguintes regras:

I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá


a competência do júri;

Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:

a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;

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b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as


respectivas penas forem de igual gravidade;

c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;

III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação;

IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta [a especial].

Via de regra, a conexão e a continência importam reunião de processo e julgamento, mas nem sempre será
assim, por expressa previsão legal.

Num primeiro momento, não obstante a conexão ou continência, se forem instaurados processos
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros
juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva (= sentença de mérito, não exigido o trânsito em
julgado). Neste caso, a unidade dos processos só se dará ulteriormente para o efeito de soma ou de
unificação de penas (art. 82 do CPP).

A quebra da unidade processual e de julgamento também ocorrerá nos seguintes casos:

SEPARAÇÃO FACULTATIVA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA


Quando as infrações tiverem sido praticadas em
Concurso entre a jurisdição comum e a militar (art.
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes (art.
79, I, CPP)
80, primeira parte, CPP)
Concurso entre a jurisdição comum e o juízo de
menores (art. 79, II, CPP).
Quando sobrevier doença mental em relação a um
corréu (art. 79, §1º c/c art. 152, CPP). Logo, em
relação ao réu a quem sobreveio doença mental, o
Quando, pelo excessivo número de acusados e para
processo ficará suspenso até que se restabeleça. Em
não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro
relação aos demais réus, segue normalmente o
motivo relevante, o juiz reputar conveniente a
processo e julgamento.
separação. (art. 80, segunda parte, CPP).
Quando houver corréu foragido que não possa ser
julgado à revelia (art. 79, §2º c/c art. 366, CPP).
Quando não houver número mínimo de jurados no
Tribunal do Júri (estouro de urna – art. 469, § 1º,
CPP).

3.7. Competência em razão da prerrogativa de função. A competência por prerrogativa de função é


estabelecida não em virtude da pessoa que exerce determinada função, mas sim como instrumento que
visa resguardar a função exercida pelo agente. Não se trata de privilégio por não se vincular à pessoa que
ocupa a função, mas sim à própria função, razão pela qual é predominante o entendimento de que não há
qualquer ofensa ao princípio da isonomia. Trata-se, ainda, de uma competência para processar e julgar

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apenas questões criminais (Cuidado! Questões cíveis, como as de improbidade administrativa, não atraem
competência por prerrogativa de função).

A prerrogativa de função vincula também a fase pré-processual, de modo que a autoridade policial não
pode proceder ao indiciamento sem prévia autorização do Tribunal competente, sendo que essa
autorização também é necessária para a própria instauração do inquérito policial.

Inicialmente, acerca da competência por prerrogativa de função, o Supremo Tribunal Federal adotava a
regra da contemporaneidade, segundo a qual a competência por prerrogativa de função deve ser
preservada caso a infração penal tenha sido cometida à época e em razão do exercício funcional. Inclusive,
tal entendimento foi sumulado pelo STF, conforme enunciado nº 394: cometido o crime durante o exercício
funcional, prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação
penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício.

Tempos depois, esse entendimento foi diametralmente modificado, por causa da compreensão de que a
Constituição Federal não conferia tamanha extensão ao foro por prerrogativa, a ponto de incidir mesmo
quando a autoridade deixava de ocupar o cargo ou a função, por qualquer motivo que seja. Isso, a bem da
verdade, assemelhava-se mais a um privilégio do que à prerrogativa de função propriamente dita, fazendo
então com que o Supremo Tribunal abandonasse a regra da contemporaneidade e passasse a adotar a regra
da atualidade.

Pela regra da atualidade, de acordo com Renato Brasileiro, caso o agente tivesse cometido um delito antes
do exercício da função (ou da diplomação), a competência seria automaticamente alterada a partir do
momento em que o acusado ingressasse no exercício da função (ou fosse diplomado), ainda que o crime
não estivesse relacionado às funções por ele desempenhadas. Por força dessa regra, o agente fazia jus ao
foro por prerrogativa de função enquanto estiver exercendo a função. Cessada a função, cessa o direito.

No entanto, embora tenha vigorado por anos a regra da atualidade, no julgamento da Ação Penal 937 o
Supremo Tribunal Federal tornou a entender que a aplicação da competência por foro por prerrogativa
deveria ser limitada (interpretação restritiva das normas constitucionais que elencam as hipóteses de foro
por prerrogativa), retornando com a adoção da regra da contemporaneidade, com algumas adaptações.
Dessa forma, atualmente entende-se que o foro por prerrogativa de função deve ser aplicado
exclusivamente aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas, havendo prorrogação da competência após o final da instrução processual, com a
publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais. Passado esse momento, a
competência para processar e julgar ações penais não mais deverá ser afetada em razão de o agente público
vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.

Estabelecida essa premissa, cumpre pontuar duas outras observações acerca do foro por prerrogativa:

a) Quanto ao local da infração. Esse pouco importa em se tratando de foro por prerrogativa. A
competência será do Tribunal designado mesmo que o local do crime não esteja dentro dos

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seus limites territoriais de ação. Em suma, a competência penal por prerrogativa de função
exclui a regra da competência pelo lugar da infração. Ex. suponha que um juiz do TJGO pratique
um crime em São Paulo: o Tribunal competente para julgá-lo será o TJGO. A competência pelo
lugar da infração é definida pelo CPP, ao passo que o foro por prerrogativa de função dos juízes
é norma constitucional, devendo esta prevalecer.

b) Continência por cumulação subjetiva – única infração com pluralidade de agentes, quando um
deles detém foro por prerrogativa de função. Haverá atração pelo foro por prerrogativa (por
ser mais graduado)? Essa questão é polêmica. O STF vem oscilando quanto a essa resposta, ora
admitindo a vis atractiva, ora determinando a separação dos processos. Quando admite a
atração, justifica-se pela observância da regra de conexão e continência determinada pelo art.
78, III do CPP. Lado outro, quando se determina a separação dos processos, a justificativa é
que a regra constitucional (do foro por prerrogativa) deve prevalecer à regra do art. 78, III, CPP,
na medida em que a conexão e a continência funcionam como critérios de alteração da
competência, só podendo incidir sobre hipóteses de competência relativa. A competência
absoluta (definida pela CF/88, como a competência funcional e em razão da matéria ou da
pessoa) não pode ser modificada, é inderrogável.

3.8. Competência da Justiça Militar. Antes de se adentrar efetivamente na questão da competência da


Justiça Militar, necessário delinear alguns conceitos:

Crime propriamente militar É aquele que só pode ser praticado por militar, pois consiste
na violação de deveres restritos, que lhe são próprios, sendo
identificado por dois elementos: a qualidade do agente
(militar) e a natureza da conduta (prática funcional). Ex.
Deserção (art. 187, CPM).
Crime impropriamente militar Crime acidentalmente militar ou crime militar misto, é a
infração penal prevista no CPM, não sendo específica e
funcional, ou seja, pode ser praticada também por civil. Com a
vigência da Lei 13.491/17, pode-se extrair quatro espécies de
crimes impropriamente militares:

- previstos exclusivamente no CPM;

- previstos no CPM de forma diversa da lei penal comum;

- previstos no CPM com igual definição na lei penal comum;

- previstos na legislação penal comum, quando praticados


numa das condições dos incisos II e III do art. 9ª do CPM.

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Crime militar de tipificação direta Não estão previstos na legislação comum, ou seja, dispostos
apenas pelo CPM. Podem ser praticados tanto por militar
quanto por civil, razão pela qual não podem ser qualificados
como sinônimo de crime propriamente militar.
Crime militar de tipificação indireta Estão previstos tanto no CPM quanto na legislação penal,
igualmente podendo ser praticado tanto por civil quanto por
militar.
Crimes militares extravagantes Inovação promovida pela Lei 13.491/17. Antes do advento da
lei, os crimes militares eram apenas aqueles previstos no CPM.
Após, são agora considerados crimes militares os previstos
tanto no CPM quanto na legislação penal comum, quando
praticados no contexto do art. 9º, II, CPM.

OBS.: Não há contravenção militar. Logo, se um militar pratica


uma contravenção penal, será processado e julgado pela
Justiça Comum Estadual.
Militares – competência da Justiça Militar Qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, que seja
da União incorporada às Forças Armadas (Marinha, Exército,
Aeronáutica), para nelas servir em posto, graduação, ou
sujeição à disciplina militar.
Militares – competência da Justiça Militar O policial militar, o policial rodoviário estadual e o bombeiro
dos Estados militar
OBSERVAÇÃO 1: Integrantes das Guardas Metropolitanas não são considerados policiais militares nem
bombeiros militares, razão pela qual estão sujeitos à Justiça Comum, ainda que venham a praticar crimes
no horário de serviço.
OBSERVAÇÃO 2: de acordo com Renato Brasileiro, “mutatis mutandis, da mesma forma que o integrante
das Forças Armadas é considerado civil perante a Justiça Militar Estadual, os militares dos Estados também
são considerados civis perante a Justiça Militar da União. Assim, tendo em conta que a Justiça Militar dos
Estados só pode julgar os militares dos Estados, compete à justiça Comum Estadual processar e julgar
soldado das Forças Armadas de folga que comete crume contra policial militar em serviço, ou contra as
instituições militares estaduais, na medida em que, perante a Justiça Militar Estadual, o militar federal se
coloca na mesma condição do civil (BRASILEIRO, 2019, p. 399)”.

A Justiça Militar brasileira encontra-se estruturada em Justiça Militar da União e Justiça Militar dos Estados.

No âmbito da União, a Justiça Militar é competente para processar e julgar apenas crimes militares. Dessa
forma, ela não possui competência para julgar questões cíveis, como os atos disciplinares militares (estes,
se praticados por militares incorporados às Forças Armadas, serão julgados pela Justiça Federal). Além do
mais, a Justiça Militar da União é competente para julgar tanto militares quanto civis. Cuidado com isso!
Por essa razão, diz-se que a competência da Justiça Militar da União é fixada tão somente em razão da
matéria (crimes militares), pouco importando a condição pessoal do acusado.

Por outro lado, a Justiça Militar dos Estados (apenas três Estados da Federação possuem Justiça Militar
estruturada – Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul) é competente para julgar os crimes militares e
os atos disciplinares militares. No entanto, não possui competência para julgar civis. O civil não pode ser
processado e julgado perante a Justiça Militar Estadual e, caso pratique delito contra as instituições

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militares estaduais, será processado na Justiça Comum se os fatos encontrarem definição na lei penal
comum (se não existir delito correspondente na legislação penal comum, não haverá responsabilidade
criminal para esse civil). Assim, como a competência da Justiça Militar dos Estados é fixada não somente
com base em razão da matéria – crimes militares –, mas também com base na condição pessoal do acusado,
diz-se que sua competência é também em razão da pessoa.

O órgão de primeira instância da Justiça Militar é o Conselho de Justiça. O Conselho de Justiça é composto
por um juiz togado (concursado em certame de provas e títulos) e por mais quatro juízes militares, os quais
são sorteados dentre oficiais de carreira. Esse Conselho subdivide-se em Conselho Especial de Justiça,
responsável por processar e julgar os crimes militares praticados por oficiais, mesmo que no processo
figurem também praças. Já o Conselho Permanente de Justiça promove o julgamento de militares que não
sejam oficiais.

Até a entrada em vigor da Lei 13.774/18, os crimes de competência da Justiça Militar da União eram
julgados pelo Conselho de Justiça, pouco importando se fora praticado por civil ou por militar (lembre-se
que apenas a Justiça Militar da União pode julgar civis). Com o advento desse diploma normativo, quando
o crime militar for praticado por um civil, ou por um militar em conjunto com o civil, a competência passa
a ser monocrática do Juiz Federal da Justiça Militar (juiz togado). A competência do Conselho, portanto,
fica restrita aos casos de crimes militares cometidos exclusivamente por militares.

Já em relação à Justiça Militar dos Estados, o Juiz de Direito do Juízo Militar ficará competente para julgar
monocraticamente os crimes militares praticados contra civil (e não crimes militares praticados POR civil,
porque a Justiça Estadual Militar não julga civis) e as ações judiciais contra atos disciplinares militares e os
Conselhos de Justiça, os demais crimes militares.

O órgão de segunda instância, por sua vez, será o Superior Tribunal de Justiça Militar, em se tratando de
Justiça Militar da União (não há um Tribunal Regional Militar) e, na esfera estadual, o Tribunal de Justiça
Militar – nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul – ou o Tribunal de Justiça do Estado
nos demais Estados da federação.

Não só a Lei 13.774/18 promoveu mudanças quanto à estrutura da Justiça Militar, como também a Lei
13.491/17 estabeleceu um importante acréscimo quanto à competência da Justiça Militar, na medida em
que passou a determinar ser de competência dessa Justiça não apenas o processamento dos crimes
militares previstos exclusivamente no Código Penal Militar ou previstos neste de forma diversa da lei penal
comum, mas também os crimes dispostos pela lei penal comum quando praticados nas circunstâncias do
art. 9º, II e III do CPM, senão vejamos:

CRIMES MILITARES EM TEMPOS DE PAZ


Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
I - os crimes de que trata este Código, quando
definidos de modo diverso na lei penal comum, ou
Inciso I
nela não previstos, qualquer que seja o agente,
salvo disposição especial;

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II – os crimes previstos neste Código e os previstos


na legislação penal, quando praticados: (Redação
dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
a) por militar em situação de atividade ou
assemelhado, contra militar na mesma situação ou
assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou
assemelhado, em lugar sujeito à administração
militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão
da função, em comissão de natureza militar, ou em
Inciso II formatura, ainda que fora do lugar sujeito à
administração militar contra militar da reserva, ou
reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº
9.299, de 8.8.1996)
d) por militar durante o período de manobras
ou exercício, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou
assemelhado, contra o patrimônio sob a
administração militar, ou a ordem administrativa
militar;
f) revogada.

III - os crimes praticados por militar da reserva, ou


reformado, ou por civil, contra as instituições
militares, considerando-se como tais não só os
compreendidos no inciso I, como os do inciso II,
nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração
militar, ou contra a ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar
contra militar em situação de atividade ou
assemelhado, ou contra funcionário de Ministério
Inciso III militar ou da Justiça Militar, no exercício de função
inerente ao seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o
período de prontidão, vigilância, observação,
exploração, exercício, acampamento,
acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à
administração militar, contra militar em função de
natureza militar, ou no desempenho de serviço de
vigilância, garantia e preservação da ordem
pública, administrativa ou judiciária, quando

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legalmente requisitado para aquele fim, ou em


obediência a determinação legal superior.

Por fim, em se tratando de crimes dolosos contra a vida praticados por militares contra civis, ficou assim
expresso no texto legal (art. 9º, §§ 1º e 2º do CPM):

- Justiça Militar da União: os crimes dolosos contra a vida cometidos por militares das
Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se
praticados no contexto delineado pelos incisos e alíneas do art. 9º, §2º do CPM.

- Justiça Militar dos Estados: os crimes dolosos contra a vida cometidos por militares
contra civis serão de competência do Tribunal do Júri.

3.9. Competência da Justiça Federal. A competência da Justiça Federal vem delineada pelo art. 109 da
Constituição Federal, sendo, portanto, taxativa, e aquilo que não for de sua competência, será, então, da
Justiça Estadual. Por isso é que se diz que a competência da Justiça Estadual é residual quando comparada
à competência da Justiça Federal, ambas pertencentes ao gênero Justiça Comum.

Art. 109, CF/88. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa


domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou


interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no


País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

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VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento


provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados
os casos de competência dos tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça


Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

A Justiça Federal, por expressa previsão constitucional, não é competente para julgar contravenções penais
(art. 109, IV), independentemente de elas terem sido praticadas por agentes federais ou em detrimento
das pessoas elencadas no art. 109, I da CF/88.

JUSTIÇA FEDERAL JUSTIÇA ESTADUAL


Súmula 147, STJ. Compete à Justiça Federal Súmula 42, STJ. Compete à Justiça Comum Estadual
processar e julgar os crimes praticados contra processar e julgar as causas cíveis em que é parte
funcionário público federal, quando relacionados sociedade de economia mista e os crimes praticados
com o exercício da função. em seu detrimento.
Súmula vinculante 36, STF. Compete à Justiça Súmula 107, STJ. Compete à Justiça Comum
Federal comum processar e julgar civil denunciado Estadual processar e julgar crime de estelionato
pelos crimes de falsificação e de uso de documento praticado mediante falsificação de guias de
falso quando se tratar de falsificação da Caderneta recolhimento das contribuições previdenciárias,
de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de quando não ocorrente lesão à autarquia federal.
Habilitação de Arrais-Amador (CHA), ainda que
expedidas pela Marinha do Brasil.
Súmula 208, STJ. Compete à Justiça Federal Súmula 209, STJ. Compete à Justiça Estadual
processar e julgar prefeito municipal por desvio de processar e julgar prefeito por desvio de verba
verba sujeita a prestação de contas perante órgão transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
federal.
Súmula 122, STJ. Compete à Justiça Federal o Súmula 38, STJ. Compete à Justiça Estadual Comum,
processo e o julgamento unificado dos crimes na vigência da Constituição de 1988, o processo por
conexos de competência federal e estadual, não se contravenção penal, ainda que praticada em
aplicando a regra do art. 78, II, ‘a’ do CPP. detrimento de bens, serviços ou interesse da União.
Súmula 528, STJ. Compete ao juiz federal do local Súmula 522, STF. Salvo ocorrência de tráfico com o
da apreensão da droga remetida do exterior pela via exterior, quando, então, a competência será da
postal processar e julgar o crime de tráfico Justiça Federal, compete a justiça dos estados o
internacional. processo e o julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes.

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APOSTA ESTRATÉGICA

A ideia desta seção é apresentar os pontos do conteúdo que mais possuem chances de serem cobrados em
prova, considerando o histórico de questões da banca em provas de nível semelhante à nossa, bem como
as inovações no conteúdo, na legislação e nos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais 1.

Assim, a aposta estratégica é muito importante na sua reta final de estudos. Vamos ao conteúdo da nossa
aposta?

Tenha bastante atenção! Sugerimos que você leia os pontos destacados antes da prova, beleza? E tente
memorizar o máximo de informações que conseguir das tabelas abaixo:

- Conexão = duas ou mais ações.

- Continência = UMA ação com pluralidade de agentes ou de resultados.

ESTELIONATO
Competência do local em
Mediante CHEQUE SEM
que se deu a RECUSA do Súmulas 521 do STF e 244 do STJ
FUNDOS
pagamento
Competência do local em
que foi RECEBIDA A
Mediante FALSIFICAÇÃO VANTAGEM ILÍCITA (onde
Súmula 48 do STJ
de cheque conseguiu
“descontar”/sacar o
cheque)
Observação: Segundo entendimento dos tribunais superiores, além das hipóteses de estelionato praticado
mediante uso de cheque (regras de competência acima), referido crime, quando praticado por outros
meios, ocorrendo o prejuízo em um local diferente do da obtenção da vantagem, haverá a consumação
no local do efetivo prejuízo à vítima, sendo este o foro competente. Ex. Patrick, em Goiânia/GO, efetuou
uma ligação para Glória, no Rio de Janeiro/RJ, informando que para receber a restituição do imposto de
renda deveria ela depositar R$ 500,00 reais na sua conta. Passou-lhe os dados bancários e então Glória

1
Vale deixar claro que nem sempre será possível realizar uma aposta estratégica para um determinado assunto, considerando
que às vezes não é viável identificar os pontos mais prováveis de serem cobrados a partir de critérios objetivos ou minimamente
razoáveis.

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compareceu à sua agência no Rio de Janeiro e efetuou o depósito em favor de Patrick. Local da obtenção
da vantagem = Goiânia/GO. Local do efetivo prejuízo = Rio de Janeiro/RJ. Foro competente para julgar e
processar o estelionato = Comarca do Rio de Janeiro/RJ. (STJ, CC 147.811/CE e AgRg no CC 146.524/SC)

SEPARAÇÃO FACULTATIVA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA


Quando as infrações tiverem sido praticadas em
Concurso entre a jurisdição comum e a militar (art.
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes (art.
79, I, CPP)
80, primeira parte, CPP)
Concurso entre a jurisdição comum e o juízo de
menores (art. 79, II, CPP).
Quando sobrevier doença mental em relação a um
corréu (art. 79, §1º c/c art. 152, CPP). Logo, em
relação ao réu a quem sobreveio doença mental, o
Quando, pelo excessivo número de acusados e para
processo ficará suspenso até que se restabeleça. Em
não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro
relação aos demais réus, segue normalmente o
motivo relevante, o juiz reputar conveniente a
processo e julgamento.
separação. (art. 80, segunda parte, CPP).
Quando houver corréu foragido que não possa ser
julgado à revelia (art. 79, §2º c/c art. 366, CPP).
Quando não houver número mínimo de jurados no
Tribunal do Júri (estouro de urna – art. 469, § 1º,
CPP).

JUSTIÇA FEDERAL JUSTIÇA ESTADUAL


Competência taxativa (delineada pelo art. 109,
Competência RESIDUAL
CF/88)
Súmula 147, STJ. Compete à Justiça Federal Súmula 42, STJ. Compete à Justiça Comum Estadual
processar e julgar os crimes praticados contra processar e julgar as causas cíveis em que é parte
funcionário público federal, quando relacionados sociedade de economia mista e os crimes praticados
com o exercício da função. em seu detrimento.
Súmula vinculante 36, STF. Compete à Justiça Súmula 107, STJ. Compete à Justiça Comum
Federal comum processar e julgar civil denunciado Estadual processar e julgar crime de estelionato
pelos crimes de falsificação e de uso de documento praticado mediante falsificação de guias de
falso quando se tratar de falsificação da Caderneta recolhimento das contribuições previdenciárias,
de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de quando não ocorrente lesão à autarquia federal.
Habilitação de Arrais-Amador (CHA), ainda que
expedidas pela Marinha do Brasil.
Súmula 208, STJ. Compete à Justiça Federal Súmula 209, STJ. Compete à Justiça Estadual
processar e julgar prefeito municipal por desvio de processar e julgar prefeito por desvio de verba
verba sujeita a prestação de contas perante órgão transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
federal.
Súmula 122, STJ. Compete à Justiça Federal o Súmula 38, STJ. Compete à Justiça Estadual Comum,
processo e o julgamento unificado dos crimes na vigência da Constituição de 1988, o processo por

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conexos de competência federal e estadual, não se contravenção penal, ainda que praticada em
aplicando a regra do art. 78, II, ‘a’ do CPP. detrimento de bens, serviços ou interesse da União.
Súmula 528, STJ. Compete ao juiz federal do local Súmula 522, STF. Salvo ocorrência de tráfico com o
da apreensão da droga remetida do exterior pela via exterior, quando, então, a competência será da
postal processar e julgar o crime de tráfico Justiça Federal, compete a justiça dos estados o
internacional. processo e o julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes.

QUESTÕES ESTRATÉGICAS

Nesta seção, apresentamos e comentamos uma amostra de questões objetivas selecionadas


estrategicamente: são questões com nível de dificuldade semelhante ao que você deve esperar para a sua
prova e que, em conjunto, abordam os principais pontos do assunto.

A ideia, aqui, não é que você fixe o conteúdo por meio de uma bateria extensa de questões, mas que você
faça uma boa revisão global do assunto a partir de, relativamente, poucas questões.

1. 2019. AOCP. PC-ES. Perito Oficial Criminal – Área 8. A respeito das competências por prevenção e
prerrogativa de função, assinale a alternativa correta.

A) Caso um juiz decida um habeas corpus impetrado contra delegado que estaria constrangendo
ilegalmente algum suspeito, torna-se ele prevento para decidir o processo futuramente instaurado.

B) Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na
prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento
da denúncia ou da queixa.

C) Competirá, originariamente, aos Tribunais Regionais Federais o julgamento dos advogados públicos
dos Estados ou Territórios.

D) Ao Supremo Tribunal Federal, competirá, privativamente, processar e julgar os governadores dos


Estados.

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E) A competência pela prerrogativa de função é tão somente dos tribunais superiores (STF, STJ, TST,
STM e TSE), relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de
responsabilidade.

Comentários

A - Incorreta. As decisões proferidas por magistrados de plantão, em dias não úteis ou relacionadas ao
julgamento de habeas corpus interposto contra ato praticado pelo delegado na fase de IP não firmam o juízo
prevento para o julgamento da ação principal.

B - Correta. Corresponde à literalidade da redação do art. 83 do CPP.

Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais
juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos
outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao
oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).

C - Incorreta. O STF entendeu que o foro por prerrogativa de função pode ser previsto nas constituições
estaduais, desde que seja respeitado o princípio da simetria com a Constituição Federal. Isso significa dizer
que a autoridade, em âmbito estadual, que receber o foro por prerrogativa na Constitução Estadual, deve
corresponder (ser equivalente) a uma autoridade federal que tenha foro por prerrogativa na Constituição
Federal. No caso em tela, não há previsão na Constituição Federal de foro por prerrogativa para Procuradores
Estaduais, Procuradores da Assembleia Legistlativa, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. Logo,
qualquer previsão de foro por prerrogativa na Constituição Estadual sem equivalência na Constituição
Deferal é inconstitucional (Informativo 940, STF).

D - Incorreta. A competência originária para julgar os Governadores de Estado é do Superior Tribunal de


Justiça.

Art. 105, CF/88. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante
tribunais;

E - Incorreta. Vide redação do art. 84 do CPP.

Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior
Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do
Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns
e de responsabilidade.

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2. 2019. AOCP. PC-ES. Perito Oficial Criminal – Área 8. Jurisdição é o poder atribuído, constitucionalmente,
ao Estado para aplicar a lei ao caso concreto, compondo litígios e resolvendo conflitos. Sobre a temática
da competência jurisdicional, assinale a alternativa correta.

A) Continência significa o liame existente entre infrações, cometidas em situações de tempo e lugar que
as tornem indissociáveis, bem como a união entre delitos, uns cometidos para, de alguma forma,
propiciar, fundamentar ou assegurar outros, além de poder ser o cometimento de atos criminosos
de vários agentes reciprocamente.

B) A conexão e a continência não são ordinariamente consideradas causas suficientes para a


modificação da competência.

C) Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e
para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente
a separação.

D) No concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a


competência deste.

E) A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento inclusive no concurso entre


a jurisdição comum e a do juízo de menores (vara da infância e juventude).

Comentários

A - Incorreta. Nos casos de continência há apenas uma infração com pluralidade de resultados ou uma
infração com pluralidade de pessoas. Lado outro, nos casos de conexão, necessariamente há duas ou mais
infrações. A alternativa fala em pluraridade de infrações e, portanto, em conexão (e não em continência).

Art. 76. A competência será determinada pela conexão:

I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por
várias pessoas, umas contra as outras;

II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;

III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na
prova de outra infração.

B - Incorreta. Conexão e continência são causas suficientemente aptas a promover a mudança de


competência, desde que respeitados os requisitos legais (como os casos de separação obrigatória de
processos previstos no art. 79, CPP.

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C - Correta. Corresponde à redação do art. 80, CPP.

Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas
em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de
acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz
reputar conveniente a separação.

D - Incorreta. A competência do júri prevalece em face da competência de outro órgão da jurisdição comum.

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as


seguintes regras:

I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá


a competência do júri; (...)

E - Incorreta. Havendo concurso entre a jurisdição comum e a de menores, não háverá reunião de processos.

Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: (...)

II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.

3. 2019. AOCP. PC-ES. Perito Oficial Criminal – Área 8. Sobre jurisdição e competência, assinale a
alternativa integralmente de acordo com o que prescreve o Código de Processo Penal.

A) A distribuição dos autos jamais será determinante para a fixação da competência jurisdicional.

B) A competência será, de regra, determinada pela natureza da infração, ou, no caso de tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de execução.

C) Compete ao Tribunal do Júri o julgamento de todos os crimes contra a vida previstos no Código Penal,
consumados ou tentados.

D) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela prerrogativa de função.

E) Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais


jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Comentários

A - Incorreta. A distribuição é um dos critérios de determinação da competência.

Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: (...)

IV - a distribuição;

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B - Incorreta. A competência será, de regra, determinada pelo lugar onde a infração se consumou e, em caso
de tentativa, pelo lugar em que cometido o último ato de execução (ATENÇÃO! É o lugar do ÚLTIMO ato de
execução).

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração,
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

C - Incorreta. Acerca da competência do Tribunal do Júri:

Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização
judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.

§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e
2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou
tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

D - Incorreta. Vide caput do art. 7, CPP.

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou
residência do réu.

E - Correta. Corresponde à previsão do art. 71 do CPP.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou


mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

4. 2019. AOCP. PC-ES. Escrivão de Polícia. À luz do Código de Processo Penal, assinale a alternativa que
NÃO determinará a competência jurisdicional.

A) A natureza da infração.

B) O lugar da infração.

C) A prevenção.

D) O domicílio ou residência do ofendido.

E) A prerrogativa de função.

Comentários

A - Incorreta. Corresponde à previsão do inciso III do art. 69, CPP.

Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:

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I - o lugar da infração:

II - o domicílio ou residência do réu;

III - a natureza da infração;

IV - a distribuição;

V - a conexão ou continência;

VI - a prevenção;

VII - a prerrogativa de função.

B - Incorreta. Corresponde à previsão do inciso I do art. 69 do CPP. Vide acima.

C - Incorreta. Corresponde à previsão do inciso VI do art. 69 do CPP. Vide acima.

D - Correta. A competência jurisdicional pode ser determinada pelo domicílio ou residência do RÉU (e não
do ofendido). Vide inciso II acima.

E - Incorreta. Corresponde à previsão do inciso VII do art. 69 do CPP. Vide acima.

5. 2018. AOCP. TRT – 1ª Região (RJ) – Técnico Judiciário – Segurança. Um magistrado, titular da Vara do
Trabalho de Macaé/RJ, foi denunciado por crime de corrupção passiva no exercício de sua função.
Entendendo não haver justa causa para o oferecimento da denúncia criminal e tencionando trancar o
processo, a Defesa do magistrado deve cogitar trancar o processo perante o

A) Superior Tribunal de Justiça.

B) Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (seção judiciária do Rio de Janeiro).

C) Supremo Tribunal Federal.

D) Tribunal Regional Federal da 2ª Região (seções judiciárias de Rio de Janeiro e Espírito Santo).

E) Tribunal Superior do Trabalho.

Comentários

A - Incorreta. A competência para processar e julgar juízes, nos crimes comuns e de responsabilidade, é dos
Tribunais. No caso em tela, do Tribunal Regional do Trabalho.

Art. 108, CF/88. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente:

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a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do


Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da
União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

B - Incorreta. Vide justificativa da alternativa A.

C - Incorreta. Vide justificativa da alternativa A.

D - Correta. Vide justificativa da alternativa A.

E - Incorreta. Vide justificativa da alternativa A.

6. 2019. VUNESP. TJ-AC. Juiz de Direito Substituto. Assinale a alternativa correta quanto à competência e
o seu regramento previsto no Código de Processo Penal.

A) Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.

B) Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por
ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência
firmar-se-á pelo princípio da extraterritorialidade.

C) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela prevenção.

D) Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência
do réu, salvo conhecido o lugar da infração.

Comentários

A - Correta. Corresponde à previsão do art. 70, § 1º, CPP.

Art. 70, § 1o - Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de
execução.

B - Incorreta. Nesse caso, a competência será determinada pela prevenção.

Art. 70, § 3o - Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta
a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições,
a competência firmar-se-á pela prevenção.

C - Incorreta. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência será definida pelo domicílio ou
residência do réu.

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Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou
residência do réu.

D - Incorreta. A escolha do foro nos casos de exclusiva ação penal privada independe se conhecido ou não o
lugar da infração. Trata-se de verdadeiro foro de eleição, de faculdade do ofendido.

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou
da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

7. 2018. VUNESP. MPE-SP. Analista Jurídico do Ministério Público. Sobre competência no processo penal,
assinale a alternativa correta.

A) Havendo crime militar conexo a crime comum, prevalece a competência da justiça castrense, a qual
deverá julgar ambos os crimes.

B) Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro do lugar da infração, ainda
quando conhecido o domicílio do réu.

C) A competência da Justiça Federal é residual em relação à competência da Justiça Estadual.

D) A Justiça Estadual e a Justiça Federal são espécies de jurisdição comum.

E) Compete ao foro do local da emissão do cheque processar e julgar o crime de estelionato mediante
cheque sem provisão de fundos.

Comentários

A - Incorreto. Há a prevalência da justiça castrense. No entanto, não haverá reunião dos processos, de modo
que incumbirá à justiça militar julgar o crime militar e, à justiça comum, o crime comum.

Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:

I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;

B - Incorreto. Houve a inversão das expressões. Veja o dispositivo legal:

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou
da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

C - Incorreto. A competência da Justiça Federal é taxativa, prevista no art. 109 da CF/88, ou seja, ela só atuará
nos casos ali delieados. Para todos os demais casos, a competência será da Justiça Estadual, sendo esta
considerada, portanto, residual.

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D - Correto. Jurisdição comum é gênero do qual são espécies a Justiça Federal (competência taxativa) e a
Justiça Estadual (competência residual).

E - Incorreto. A emissão dolosa de cheque sem fundos para a prática do crime de estelionato atrai a
competência do lugar em que se deu a RECUSA do pagamento (Súmulas 521, STF e 244, STJ).

8. 2014. VUNESP. TJ-PA. Oficial de Justiça Avaliador. Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pelo(a)

A) domicílio ou residência do réu.

B) prorrogação. ==13882c==

C) conexão.

D) continência.

E) prevenção.

Comentários

A - Incorreto. Nesse caso, a competência será determinada pela prevenção.

Art. 70, § 3o - Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta
a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições,
a competência firmar-se-á pela prevenção.

B - Incorreto. Vide justificativa da alternativa A.

C - Incorreto. Vide justificativa da alternativa A.

D - Incorreto. Vide justificativa da alternativa A.

E - Correto. Vide justificativa da alternativa A, isto é, corresponde à previsão do artigo 70, § 3º, CPP.

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QUESTIONÁRIO DE REVISÃO E APERFEIÇOAMENTO


A ideia do questionário é elevar o nível da sua compreensão no assunto e, ao mesmo tempo, proporcionar
uma outra forma de revisão de pontos importantes do conteúdo, a partir de perguntas que exigem respostas
subjetivas.

São questões um pouco mais desafiadoras, porque a redação de seu enunciado não ajuda na sua resolução,
como ocorre nas clássicas questões objetivas.

O objetivo é que você realize uma auto explicação mental de alguns pontos do conteúdo, para consolidar
melhor o que aprendeu ;)

Além disso, as questões objetivas, em regra, abordam pontos isolados de um dado assunto. Assim, ao resolver
várias questões objetivas, o candidato acaba memorizando pontos isolados do conteúdo, mas muitas vezes
acaba não entendendo como esses pontos se conectam.

Assim, no questionário, buscaremos trazer também situações que ajudem você a conectar melhor os diversos
pontos do conteúdo, na medida do possível.

É importante frisar que não estamos adentrando em um nível de profundidade maior que o exigido na sua
prova, mas apenas permitindo que você compreenda melhor o assunto de modo a facilitar a resolução de
questões objetivas típicas de concursos, ok?

Nosso compromisso é proporcionar a você uma revisão de alto nível!

Vamos ao nosso questionário:

Perguntas

1. Disserte sobre o princípio do juiz natural sob a luz da competência.

2. Diferencie competência relativa de competência absoluta e exemplifique.

3. Há diferença entre "foro competente" e "juízo competente"? Como se resolvem os conflitos entre eles?

4. A competência em razão do lugar possui algumas nuances, como a teoria que a embasa, sua hipótese
de flexibilização, bem como questões atinentes aos conceitos de crime à distância e crime plurilocal. Ciente
disso, disserte sobre cada um desses pontos mencionados quanto a essa espécie de competência.

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5. O crime de estelionato, previsto pelo Código Penal em seu artigo 171, apresenta variações de
competência a depender da forma como é praticado. Disserte sobre elas.

6. A competência do Tribunal do Júri é definida pela natureza da infração, conforme dispõe o art. 74 do
CPP. Nesse caso, qualquer crime que envolva a ceifação da vida será de sua competência? O Tribunal do
Júri tem competência para julgar outros crimes que não os dolosos contra a vida? Sua competência é
prevalente em relação às demais espécies?

7. Diferencie conexão e continência no âmbito do direito processual penal.

8. Disserte sobre as espécies de conexão e continência.

9. A conexão e continência sempre importarão em unidade de processo e de julgamento?

10. Atualmente, qual é a abrangência da competência por foro por prerrogativa de função segundo o STF?

Perguntas com respostas

1. Disserte sobre o princípio do juiz natural sob a luz da competência.

O princípio do juiz natural, não explicitamente previsto no texto da Constituição Federal de 1988, mas dela
extraído a partir da disposição do art. 5º, incisos XXXVII e LIII (proibição de juízo de exceção e garantia de
que ninguém será processado ou sentenciado senão pela autoridade competente), deve ser compreendido
como o direito que cada cidadão tem de saber, previamente, a autoridade que irá processar e julgá-lo caso
venha a praticar uma infração penal, ou seja, é aquele constituído antes do fato delituoso a ser julgado,
mediante regras taxativas de competência. Isso, contudo, não é afastado ou violado quando uma norma
legal eventualmente muda a competência do juízo e determina a remessa dos autos a juízo diverso. É
consolidado na jurisprudência o entendimento de que uma norma modificadora de competência em razão
da matéria não faz nascer, diante da remessa dos autos, o denominado juízo de exceção, expressamente
proibido constitucionalmente. Nesse caso, haverá uma redistribuição de processos diante de uma nova
organização judiciária, objetivamente definida em lei, com aplicação genérica e abstrata, e não uma remessa
de autos determinada por critérios subjetivos, específicos e direcionados a determinado processo.

2. Diferencie competência relativa de competência absoluta e exemplifique.

A competência absoluta é aquela que tem origem em norma constitucional e tutela o interesse público. Não
admite modificações e é improrrogável, sendo presumido seu prejuízo, ensejador de nulidade absoluta. São
absolutas as seguintes competências: em razão da matéria, em razão da pessoa e funcional. Já a competência
relativa tem fixação pelas regras infraconstitucionais que antendem ao interesse predominante das partes,
seja para facilitar o autor o acesso ao Judiciário, seja para propiciar ao réu melhores oportunidades de defesa.

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Por esse motivo, essa espécie de competência admite prorrogação e modificação e gera uma nulidade
relativa, sendo necessária a comprovação do prejuízo dela advindo (pas de nullité sans grief).

3. Há diferença entre "foro competente" e "juízo competente"? Como se resolvem os conflitos entre eles?

Sim, as expressões são diferentes. "Foro competente" diz respeito à competência territorial. Assim, havendo
mais de um foro competente para processar e julgar a demanda, como no caso do art. 70, §3º, CPP, o conflito
será resolvido pela prevenção. Já a expressão "juízo competente" refere-se ao órgão jurisdicional que será
responsável pelo processo e julgamento da infração penal praticada. Desssa forma, havendo mais de um
juízo competente na mesma comarca, o conflito será resolvido pela distribuição.

4. A competência em razão do lugar possui algumas nuances, como a teoria que a embasa, sua hipótese
de flexibilização, bem como questões atinentes aos conceitos de crime à distância e crime plurilocal. Ciente
disso, disserte sobre cada um desses pontos mencionados quanto a essa espécie de competência.

A competência em razão do lugar leva em consideração a teoria do resultado, ou seja, tem-se como lugar da
infração o local onde ocorreu a consumação do delito ou, no caso de tentativa, no lugar em que foi praticado
o último ato de execução. No entanto, essa teoria não é de aplicação irrefutável. É importante pontuar que,
em se tratando de crimes contra a vida (doloso ou culposo), excepcionalmente, se os atos de execução
ocorrerem em um lugar e a consumação se der em outro, a competência para julgar o fato será do local onde
foi praticada a conduta, adotando-se, nesse caso, a teoria da atividade. Isso porque no local mem que se deu
a execução é onde haverá a maior possibilidade de reunião de elementos de prova e informação sobre a
dinâmica do delito (STF, Informativo 715).

Não suficiente, a matéria da competência pelo lugar da infração é regulada pelo art. 70 do CPP. Em seus
parágrafos primeiro e segundo, há a previsão de fixação de competência nas hipóteses de crime à distância,
isto é, crimes em que a ação ou a consumação ocorrem fora do território nacional. Nesse caso, se, iniciada a
execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo
lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. Ou então, quando o último ato de
execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora
parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.

Em relação ao parágrafo terceiro, por sua vez, é tratada a hipótese de crime plurilocal, isto é, quando a ação
e a consumação se dão dentro do território nacional, porém em locais diversos (diferentes foros
competentes), sendo a questão da competência resolvida pela prevenção.

5. O crime de estelionato, previsto pelo Código Penal em seu artigo 171, apresenta variações de
competência a depender da forma como é praticado. Disserte sobre elas.

Se o estelionato é praticado por meio de emissão dolosa de cheque sem fundos, STF e STJ convergem o
entendimento de que a competência para processar e julgar o delito será o local em que se deu a recusa do
pagamento (Súmulas 521 do STF e 244 do STJ). Lado outro, caso o meio de prática do delito seja a falsificação

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de cheque, a competência passa a ser do local em que foi recebida a vantagem ilícita (local em que o cheque
foi sacado), de acordo com a Súmula 48 do STJ. Ademais, para além das hipóteses de estelionato praticado
pelo uso do cheque, referido crime, quando cometido por outros meios, ocorrendo prejuízo da vítima em
um local diferente do da obtenção da vantagem pelo agente, a competência será do local do efetivo prejuízo
da vítima (onde o crime se consumou).

6. A competência do Tribunal do Júri é definida pela natureza da infração, conforme dispõe o art. 74 do
CPP. Nesse caso, qualquer crime que envolva a ceifação da vida será de sua competência? O Tribunal do
Júri tem competência para julgar outros crimes que não os dolosos contra a vida? Sua competência é
prevalente em relação às demais espécies?

De acordo com o art. 74 do CPP, a competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri, porque a competência do Júri é
fixada constitucionalmente no art. 5º, XXXVIII, 'd' (competência para julgar crimes dolosos contra a vida). No
entanto, em que pese a competência para julgar crimes dolosos contra a vida (o homicídio culposo é de
competência do juiz singular, e não do Júri), nem sempre a prática de um delito que implique em morte
dolosa da vítima será necessariamente julgada pelo Júri. Exemplo clássico disso é o crime de latrocínio (art.
157, §3º, CP), em que há a morte da vítima. Nesse caso, a competência será do juiz singular e não do Júri,
porque o latrocínio é crime contra o patrimônio e não crime doloso contra a vida (súmula 603, STF). Não
suficiente, a competência do Júri não se restringe ao julgamento de crimes dolosos contra a vida caso haja
conexão desse delito com outro de natureza diversa. Havendo conexão, o caso não é de separação dos
processos, cabendo ao Júri julgar tanto o crime doloso contra a vida quanto o crime conexo a ele.

Por fim, a competência do Júri, por ter matriz constitucional, prevalece sobre a competência da jurisdição
comum (art. 78, I, do CPP) e sobre a competência por foro por prerrogativa de função previsto
exclusivamente em constituiçao estadual, consoante dispõe a súmula vinculante 45 do STF. No entanto, em
se tratando de competência por prerrogativa de função prevista na Constituição Federal, esta prevalecerá
mesmo quanto à competência do Júri, porque mais específica e de igual hierarquia.

7. Diferencie conexão e continência no âmbito do direito processual penal.

Na esfera do direito processual penal, haverá conexão quando se estiver diante de duas ou mais infrações
(na conexão é exigida a pluralidade de infrações), praticadas nas condições do art. 76 do CPP, ou seja,
infrações que apresentam entre si um nexo lógico de ligação, que pode estar tanto relacionado com o próprio
fato quanto relacionado com as provas que dele decorrem. Já na continência, haverá uma única infração,
porém com pluradade de pessoas ou de resultados, nos termos do art. 77 do CPP.

8. Disserte sobre as espécies de conexão e continência.

A conexão, que envolve pluraridade de infrações ligadas por um nexo lógico quanto ao fato ou à prova,
apresenta espécies. Será conexão intersubjetiva (substantiva) na hipótese do inciso I do art. 76, subdividindo-
se em: a) conexão intersubjetiva por simultaneidade, quando há uma pluraridade de pessoas, sem, contudo,

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um ajuste prévio de vontade entre elas (não é caso de concurso de pessoas, não há liame subjetivo), de
modo que, diante de uma situação fática, várias pessoas, ao mesmo tempo, simultaneamente, praticam
infrações penais, como ocorre nas depreciações, nos saques; b) conexão intersubjetiva por concurso, quando
há pluraridade de infrações praticadas por mais de uma pessoa, porém em concurso, com divisão de tarefas,
mesmo que não sejam praticadas ao mesmo tempo e nem no mesmo lugar; c) conexão intersubjetiva por
reciprocidade, quando duas ou mais infrações são praticadas ao mesmo tempo por várias pessoas, umas
contra as outras, tal como ocorre em brigas de torcida.

Além disso, haverá conexão objetiva (substantiva), que pode ser teleológica, quando se praticar uma infração
com intuito de facilitar a prática de outra; ou pode ser consequencial, quando uma infração por cometida
para ocultar, conseguir impunidade ou vantagem em relação a outra infração. Ainda, pode haver conexão
probatória ou instrumental (processual), quando a prova de uma infração ou qualquer de suas circunstâncias
elementares inluir na prova de outra infração.

Já acerca da continência, unidade de infração com pluraridade de pessoas ou de resultados, haverá


classificação como contiência por cumulação subjetiva no primeiro caso e como contiência por cumuação
objetiva, no segundo.

9. A conexão e continência sempre importarão em unidade de processo e de julgamento?

Via de regra, a conexão e a continência importam reunião de processo e julgamento, mas nem sempre será
assim, por expressa previsão legal. Num primeiro momento, não obstante a conexão e a continência, não
haverá a reunião processual se um dos processos já estiver com sentença de mérito proferida. Nesse caso, a
unidade de processos só se dará ulteriormente para o efeito da soma ou de unificação das penas. Ademais,
também poderá haver a quebra da unidade processual e de julgamento tanto por uma imposição legal
(separação obrigatória) quanto por uma faculdade do juiz em determinadas hipóteses.

A separação será facultativa quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de
lugar diferentes ou quando, pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão
provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação (art. 80, CPP). Por outro
lado, será obrigatória quando: a) houver concurso entre a jurisdição comum e a militar (art. 79, I, CPP); b)
quando houver concurso entre a jurisdição comum e o juízo de menores (art. 79, II, CPP); c) quando sobrevier
doença mental em relação a um corréu (art. 79, §1º c/c art. 152, CPP); d) quando houver corréu foragido que
não possa ser julgado à revelia (art. 79, §2º c/c art. 366, CPP) e, e) quando não houver número mínimo de
jurados no Tribunal do Júri (estouro de urna, art. 469, §1º, CPP).

10. Atualmente, qual é a abrangência da competência por foro por prerrogativa de função segundo o STF?

A competência por prerrogativa de função é estabelecida não em virtude da pessoa que exerce determinada
função, mas sim como instrumento que visa resguardar a própria função exercida pelo agente (não se trata
de privilégio). Fixada essa premissa, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Penal 937, restringiu
o alcance da competência por prerrogativa de função, entendendo que o melhor nesse caso é a adoção da

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regra da contemporaneidade em detrimento da regra da atualidade, na medida em que a interpretação


correta a ser dada a essa espécie de competência deve ser restrita. Dessa forma, atualmente entende-se que
o foro por prerrogativa de função deve ser aplicado exclusivamente aos crimes cometidos durante o exercício
do cargo e relacionados às funções desempenhadas, havendo prorrogação da competência apenas se já
finalizada a instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
alegações finais. Assim, passado esse momento, a competência para processar e julgar ações penais não
mais deverá ser afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava,
qualquer que seja o motivo.

LISTA DE QUESTÕES ESTRATÉGICAS

1. 2019. AOCP. PC-ES. Perito Oficial Criminal – Área 8. A respeito das competências por prevenção e
prerrogativa de função, assinale a alternativa correta.

A) Caso um juiz decida um habeas corpus impetrado contra delegado que estaria constrangendo
ilegalmente algum suspeito, torna-se ele prevento para decidir o processo futuramente instaurado.

B) Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na
prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento
da denúncia ou da queixa.

C) Competirá, originariamente, aos Tribunais Regionais Federais o julgamento dos advogados públicos
dos Estados ou Territórios.

D) Ao Supremo Tribunal Federal, competirá, privativamente, processar e julgar os governadores dos


Estados.

E) A competência pela prerrogativa de função é tão somente dos tribunais superiores (STF, STJ, TST,
STM e TSE), relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de
responsabilidade.

2. 2019. AOCP. PC-ES. Perito Oficial Criminal – Área 8. Jurisdição é o poder atribuído, constitucionalmente,
ao Estado para aplicar a lei ao caso concreto, compondo litígios e resolvendo conflitos. Sobre a temática
da competência jurisdicional, assinale a alternativa correta.

A) Continência significa o liame existente entre infrações, cometidas em situações de tempo e lugar que
as tornem indissociáveis, bem como a união entre delitos, uns cometidos para, de alguma forma,

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propiciar, fundamentar ou assegurar outros, além de poder ser o cometimento de atos criminosos
de vários agentes reciprocamente.

B) A conexão e a continência não são ordinariamente consideradas causas suficientes para a


modificação da competência.

C) Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e
para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente
a separação.

D) No concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a


competência deste.

E) A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento inclusive no concurso entre


a jurisdição comum e a do juízo de menores (vara da infância e juventude).

3. 2019. AOCP. PC-ES. Perito Oficial Criminal – Área 8. Sobre jurisdição e competência, assinale a
alternativa integralmente de acordo com o que prescreve o Código de Processo Penal.

A) A distribuição dos autos jamais será determinante para a fixação da competência jurisdicional.

B) A competência será, de regra, determinada pela natureza da infração, ou, no caso de tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de execução.

C) Compete ao Tribunal do Júri o julgamento de todos os crimes contra a vida previstos no Código Penal,
consumados ou tentados.

D) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela prerrogativa de função.

E) Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais


jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

4. 2019. AOCP. PC-ES. Escrivão de Polícia. À luz do Código de Processo Penal, assinale a alternativa que
NÃO determinará a competência jurisdicional.

A) A natureza da infração.

B) O lugar da infração.

C) A prevenção.

D) O domicílio ou residência do ofendido.

E) A prerrogativa de função.

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5. 2018. AOCP. TRT – 1ª Região (RJ) – Técnico Judiciário – Segurança. Um magistrado, titular da Vara do
Trabalho de Macaé/RJ, foi denunciado por crime de corrupção passiva no exercício de sua função.
Entendendo não haver justa causa para o oferecimento da denúncia criminal e tencionando trancar o
processo, a Defesa do magistrado deve cogitar trancar o processo perante o

A) Superior Tribunal de Justiça.

B) Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (seção judiciária do Rio de Janeiro).

C) Supremo Tribunal Federal.

D) Tribunal Regional Federal da 2ª Região (seções judiciárias de Rio de Janeiro e Espírito Santo).

E) Tribunal Superior do Trabalho.

6. 2019. VUNESP. TJ-AC. Juiz de Direito Substituto. Assinale a alternativa correta quanto à competência e
o seu regramento previsto no Código de Processo Penal.

A) Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.

B) Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por
ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência
firmar-se-á pelo princípio da extraterritorialidade.

C) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela prevenção.

D) Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência
do réu, salvo conhecido o lugar da infração.

7. 2018. VUNESP. MPE-SP. Analista Jurídico do Ministério Público. Sobre competência no processo penal,
assinale a alternativa correta.

A) Havendo crime militar conexo a crime comum, prevalece a competência da justiça castrense, a qual
deverá julgar ambos os crimes.

B) Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro do lugar da infração, ainda
quando conhecido o domicílio do réu.

C) A competência da Justiça Federal é residual em relação à competência da Justiça Estadual.

D) A Justiça Estadual e a Justiça Federal são espécies de jurisdição comum.

E) Compete ao foro do local da emissão do cheque processar e julgar o crime de estelionato mediante
cheque sem provisão de fundos.

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8. 2014. VUNESP. TJ-PA. Oficial de Justiça Avaliador. Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pelo(a)

A) domicílio ou residência do réu.

B) prorrogação.

C) conexão.

D) continência.

E) prevenção.

Gabarito

1. Letra B
2. Letra C
3. Letra E
4. Letra D
5. Letra D
6. Letra A
7. Letra D
8. Letra E

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 5. ed. rev., amp. e atual. Salvador:
Ed.JusPodivm, 2017.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e STJ anotadas e organizadas por assunto. 2. ed. rev.,
atual. e ampl. Salvador: JusPodivm, 2017.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de jurisprudência dizer o direito: 2018. Salvador: JusPodivm,
2018.

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