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UNIDADE IV

Traçados dos
Cabos
Me. Anderson Gobbi Drun
Aula 01

Recomendações para o Traçado do
Cabo

Introdução
Aluno(a), no decorrer do curso, vimos as principais propriedades, as perdas
e o dimensionamento acerca do concreto protendido, porém em nenhum
momento comentamos sobre o traçado percorrido por esses cabos no
interior do elemento estrutural em que está inserido. Dessa forma, fica a
dúvida: posso dispor desses cabos em qualquer lugar e obter garan as de
eficácia do sistema de protensão?

Obviamente, a resposta é não! Assim como a grande maioria dos processos
desenvolvidos na Engenharia, é necessário ter cuidado e atender a
requisitos de qualidade. O traçado dos cabos está diretamente relacionado
a percorrer trechos em que haja tensões de tração, já que a protensão
aplicará tensões de compressão, anulando (ou amenizando) as de tração.

Existem métodos que avaliam regiões do elemento estrutural,
recomendando a colocação da armadura de protensão, a fim de criar uma
“zona segura” para a acomodação dessa armadura.

Ao final desta aula, você será capaz de:

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conhecer o processo das curvas e fusos limites;

conhecer as disposições sobre a geometria do traçado dos cabos;

avaliar as recomendações da NBR 6118 (2014) sobre o traçado dos
cabos.

Hanai (2005) aborda a necessidade de verificar as tensões normais no concreto ao
longo do vão e não apenas na seção mais solicitada pelo carregamento externo,
visto que, ao introduzir a armadura a va no concreto, ocorre uma transmissão da
força de protensão, ocasionando esforços demasiadamente elevados em regiões do
concreto pouco solicitadas pelas ações consideradas.

Um processo mais imediato, inclusive u lizando recursos computacionais, bem
difundidos hoje em dia, para execução de projetos nessa área, seria a verificação das
seções ao longo do vão, simplesmente repe ndo os cálculos efetuados nas regiões
de maiores solicitações.

No entanto, serão mostrados e desenvolvidos no decorrer desta aula dois processos
gráficos de verificação de tensões ao longo do concreto, os quais apresentam
algumas vantagens interessantes, como a disposição da armadura a va no interior
do concreto ao longo do vão. Os processos descritos são:

processo das curvas limites;

processo do fuso limite.

Processo das Curvas Limites


O processo das curvas limites tem como obje vo fornecer, de maneira aproximada,
a posição limite do cabo de protensão equivalente, para que as tensões na seção
transversal da viga se situem em uma faixa de valores aceitáveis e desejáveis, ou
seja, é determinada uma região na viga onde se recomenda que esteja o cabo
equivalente.

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SAIBA MAIS
O cabo equivalente é a representação de todos os cabos por um único cabo
fic cio, ob do pela união do centro de gravidade de todos os demais. A sua
conceituação e outras informações estão no decorrer desta aula.

No processo das curvas limites, define‑se um limite superior para a posição do cabo
de protensão equivalente, para que a tensão na borda inferior da seção transversal
da viga seja nula: se o cabo de protensão es ver acima dessa zona limite, ocorrerão
tensões de tração na borda inferior, tornando‑se indesejável para esse caso.

Devemos também observar que a posição limite do cabo depende da combinação
de ações consideradas, assim, para combinações de ações dis ntas, há limites
diferentes.

Considerando todas as combinações de ações verificadas na seção mais solicitada
pelo carregamento externo, escolhem‑se as mais desfavoráveis, como:

a)   Estado em vazio: atuam apenas o peso próprio do elemento estrutural e a
protensão antes das perdas progressivas, ou seja, pouca carga e muita protensão.

b)   Estado em serviço: atuam todas as cargas permanentes, a protensão depois das
perdas progressivas, e todas as cargas variáveis, corrigidas pelos fatores ψ, ou seja,
há muita carga e pouca protensão.

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Para esses dois estados, são impostos limites às tensões normais causadas pela
protensão, visando respeitar os estados‑limites de serviço (descompressão,
formação de fissuras, fissuração inaceitável e compressão excessiva).

SAIBA MAIS
O processo das curvas limites é adequado, pois existe variação significa va da
força de protensão ao longo do vão por eliminação da aderência em
determinados trechos ou pelo encurvamento e ancoragem de alguns cabos
antes dos apoios.

Fonte: Bastos (2018, p. 59).

Considerando que a atuação do momento fletor tem valores diferentes para cada
região da seção, repe ndo o procedimento de cálculo apresentado, seccionando a
viga em diferentes segmentos, verifica‑se uma posição limite do cabo para cada
segmento. Se forem unidos os pontos correspondentes às posições limites do cabo
nos segmentos considerados, obtêm‑se as curvas limites, conforme mostra a Figura
1.

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Figura 1 ‑ Posição limite superior do cabo de protensão equivalente 
Fonte: Klein (2002, p. 33).

Conforme a seção transversal adotada e os cabos de protensão escolhidos, a
posição das curvas limites varia, consequentemente varia a região desejável da
localização dos cabos de protensão. Existem situações indesejadas, em que uma
escolha errada tanto da seção transversal quanto dos cabos de protensão pode
resultar em formas ou posições indesejadas conforme mostra o Infográfico a seguir.

INFOGRÁFICO INTERATIVO

Para consultar o Infográfico Intera vo,  
acesse a versão digital deste material

Portanto, as curvas limites determinam uma região na viga dentro da qual deverá
estar o cabo de protensão equivalente. Os cabos de protensão individuais deverão
ser lançados, a fim de que o cabo representante fique dentro da região determinada
pelas curvas limite.

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Processo do Fuso Limite
Outro processo gráfico de verificação das tensões no concreto ao longo do vão é o
processo do fuso limite, interessante em casos em que não há uma variação sensível
da força de protensão, ou seja, quando não ocorre interrupção dos cabos
tensionados no vão, sendo todos eles ancorados nas extremidades da peça
estrutural.

Caro(a) aluno(a), vimos que: no processo das curvas limites, estabelece‑se um limite
devido às tensões originadas a par r da protensão, ao passo que no caso do fuso
limite, estabelecem‑se limites para a excentricidade da força de protensão, valor
supostamente constante em todo o comprimento do vão.

O estudo mais aprofundado desse processo, incluindo seu equacionamento, permite
a observação do traçado dos cabos de protensão, a fim de que a excentricidade do
cabo resultante sempre permaneça dentro de uma faixa da peça, chamada fuso
limite, atendendo às limitações das tensões normais.

O princípio desse processo estar em recordar o equilíbrio de tensões normais na
seção transversal do concreto. Imagine uma seção solicitada por uma força de
protensão excêntrica e por um momento fletor, devido às ações externas. Obtém‑se
o diagrama de tensões, considerando a força normal deslocada da sua posição real,
como mostra a Figura 2.

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Figura 2 ‑ Determinação do centro de gravidade 
Fonte: Hanai (2005, p. 75).

Em que:

M = P. em     →    em = M /P

σc = P/A + P (ep − em )  /W

Essa situação considera uma viga simplesmente apoiada, sujeita a cargas
permanentes, à sobrecarga variável e à protensão.

Assim como visto no processo das curvas limites, para o processo dos fusos limites
também são considerados os dois casos de carregamentos extremos: o estado em
vazio e o estado em serviço. As considerações de cálculo, a fim de se obter a região
segura para o traçado dos cabos, seguem a premissa da equação mostrada
anteriormente, sendo adaptável a cada caso de carregamento.

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SAIBA MAIS
O processo dos fusos limites é adequado, visto que a força de protensão se
mantém aproximadamente constante ao longo do vão (cabos retos ou com
curvatura suave, forças de atrito pequenas), com todos os cabos ancorados
juntos aos apoios.

Fonte: Bastos (2018, p. 59).

Traçado Geométrico dos Cabos de


Protensão
Aluno(a), geralmente nas vigas com sistema de protensão na pós‑tração todos os
cabos são representados por um único cabo fic cio, ob do por meio da união do
centro de gravidade de todos os demais, chamado cabo representante.

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Portanto, o procedimento para se determinar o número de cabos necessários em
uma viga qualquer baseia‑se em considerar o valor da força de protensão
correspondente ao cabo representante. Outra informação importante é considerar a
trajetória do cabo representante, por meio da qual é possível avaliar as perdas de
protensão imediatas e progressivas para que se obtenha, finalmente,  o número de
cabos necessários, imaginando o caso em que todos os demais cabos tenham como
força de protensão média o valor encontrado para o cabo representante.

Portanto, a fim de se determinar o número de cabos necessários para operação de
protensão, é preciso conhecer o seu esquema estrutural, fornecendo as informações
necessárias para o desenvolvimento do cálculo, constando nessa etapa a indicação
da trajetória dos cabos. É interessante indicar pelo menos:

a posição dos apoios na viga;

os  pos de ancoragem (V‑ viva, M‑ morta);

valor do vão ou vãos;

altura da peça;

marcação das seções mais importantes com sua designação;

inclinações prováveis do cabo representante.

Como exemplo visual, podemos avaliar a envoltória de momentos fletores da viga,
mostrada na Figura 3 (a). Nesse caso, u liza‑se a envoltória de momentos fletores,
por se tratar de uma viga u lizada em pontes ou viadutos, ou seja, há a presença de
cargas móveis devido ao tráfego de veículos. Considerando essa viga como
biapoiada com dois balanços nas suas extremidades, a forma dos cabos de
protensão tem a forma aproximada como mostra a Figura 3 (b).

Desta maneira, verifica‑se a semelhança entre o diagrama do momento fletor e a
disposição dos cabos de protensão, os quais ficam mais próximos da fibra superior
na região em torno de S0 (momento fletor nega vo) e, ao contrário, mais próximos
da fibra inferior, na região em torno das seções S4 e S5 (momento fletor posi vo).

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Figura 3 ‑ a) Forma da envoltória dos momentos fletores b) Trajetória esquemá ca do
cabo representante 
Fonte: Carvalho (2012, p. 3 e 4).

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SAIBA MAIS
O traçado dos cabos é extremamente importante para a definição final dos
esforços nas peças protendidas e deve ser projetado em função dos
carregamentos atuantes da estrutura, de forma a contrabalançá‑los.

Fonte: Ferreira (2007, p. 29).

Aluno(a), sabemos que cada projeto tem suas peculiaridades e que deve ser sempre
avaliado caso a caso, porém existem preceitos gerais que conduzem ao melhor
detalhamento da trajetória dos cabos.

Tratando‑se da protensão com aderência posterior, de uma maneira geral, os cabos
(fios ou cordoalhas) têm trajetórias semelhantes aos do diagrama (ou envoltória) de
momentos fletores, u lizando sempre a recomendação: onde houver tração que se
leve a protensão.

A Figura 4 mostra outro exemplo  pico de traçado de cabo: nesse caso, apenas o
cabo representante, de uma viga con nua subme da a ação de uma carga
distribuída uniformemente em todo seu comprimento. Nota‑se que a trajetória do
cabo tem pra camente a mesma forma que o diagrama de momento fletor: apenas
na região próxima do apoio central existe uma concavidade ao contrário, para que
não haja concentração de tensão no concreto provocado pelo cabo.

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Figura 4 ‑ Exemplo de viga con nua subme da a ação ver cal uniforme, diagrama de
momento fletor respec vo, traçado do cabo representante. 
Fonte: Carvalho (2012, p. 5).

Ainda sobre a Figura 4, avaliando os trechos da trajetória do cabo representante,
verifica‑se que os trechos 1 e 3 têm mais a função de combater o cisalhamento do
que a flexão. Na seção extrema, como não há esforço de momento fletor devido às
cargas atuantes, o cabo deve ser posicionado ao centro de gravidade da seção para
não causar flexão. O trecho 2 da trajetória do cabo, situado próximo à borda inferior
da viga, combate os momentos fletores posi vos, ao passo que o trecho 4, situado
próxima a borda superior, combate o momento fletor nega vo.

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SAIBA MAIS
Aluno(a), compare o concreto armado e concreto protendido; nesse caso, para o
detalhamento da armadura, uma das diferenças básicas é que: no concreto
protendido trabalha‑se com um elemento con nuo, cabo ou fio, enquanto no
concreto armado as barras são interrompidas e ancoradas, por não serem
necessárias ao combate à flexão. No concreto protendido, o mesmo elemento
deve prover de compressão, tanto a face inferior quanto a superior.

Fonte: Carvalho (2012, p. 5).

É importante verificar nas regiões onde há presença de trechos curvos que
necessariamente ocorrem no cabo para que possa ir de uma fibra a outra, se
obedece a raios mínimos, a fim de evitar uma compressão excessiva no concreto ou,
ainda, a fissura da bainha durante o seu posicionamento, para que não se torne mais
estanque.

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Recomendações da NBR 6118 para
Traçado dos Cabos
É importante conhecermos o que a norma brasileira NBR 6118 (2014) informa a
respeito do traçado dos cabos: a armadura de protensão pode ser re línea,
curvilínea, poligonal ou de traçado misto. Geralmente, em trechos curvilíneos,
adota‑se a parábola do 2° grau por ser uma curva simples e ter um raio de curvatura
aproximadamente constante para pequenas inclinações do cabo, que resulta em
perdas por atrito pra camente proporcionais ao comprimento da curva.

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) As curvaturas das armaduras de protensão
devem respeitar os raios mínimos exigidos, em função do diâmetro do fio, da
cordoalha ou da barra ou do diâmetro externo da bainha metálica.

O estabelecimento dos raios mínimos de curvatura pode ser realizado
experimentalmente, desde que decorrente de inves gação adequadamente
realizada e documentada. Dispensa‑se a jus fica va do raio de curvatura
adotado, desde que ele seja superior a 4 m, 8 m e 12 m, respec vamente, nos
casos de fios, barras e cordoalhas. (ABNT, 2014, p. 152)

ENTENDA O CONCEITO
Para exemplificar a recomendação dada pela NBR 6118
em um caso compara vo, tomemos dois cabos de mesmo
comprimento e desvio angular, tendo o primeiro grandes
raios de curvaturas e o segundo raios mínimos conforme a
figura seguir.

Cabos com diferentes raios de curvatura.

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Fonte: Rudloff (2012, p. 4).

Aplicando‑se a protensão nos cabos pelos dois lados
simultaneamente (ancoragem viva), o primeiro dará maior
alongamento com igual esforço de protensão inicial (P0)
que o segundo, ou seja, terá menores atritos ao longo de
sua trajetória, gerando menores perdas de protensão.

Com relação a curvatura próxima das ancoragens da protensão no elemento
estrutural, recomenda‑se a redução da curvatura dos fios, cordoalhas ou feixes,
desde que se comprove experimentalmente a possibilidade de redução por meio de
ensaios. Nessas regiões, deve haver garan a da resistência do concreto em relação
ao fendilhamento e à manutenção da posição do cabo, quando ele provocar empuxo
no vazio.

Outra recomendação da NBR 6118 (2014) é referente à adoção de segmentos retos
nas extremidades dos cabos de protensão, a fim de permi r o alinhamento de seus
eixos com os dos respec vos disposi vos de ancoragem. O comprimento desses
segmentos não pode ser inferior a 100 cm; para o caso de monocordoalhas
engraxadas, esse valor pode ser tomado como 50 cm. A Figura 5 mostra esse
segmento quando se aproxima da extremidade do elemento estrutural, ou seja, do
seu ponto de ancoragem.

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Figura 5 ‑ Segmento reto da armadura de protensão próxima a ancoragem 
Fonte: Awa Comercial (2018, on‑line).

É permi da ainda, segundo a norma, a adoção de emendas das armaduras de
protensão quando necessário, desde que esse procedimento seja realizado com luva
e rosca, permi do no caso de fios, cordoalhas e cabos individuais por disposi vos
especiais de eficiência consagrada ou devidamente comprovada por ensaios
específicos.

Fechamento
Ao final desta aula aluno (a), é importante que você entenda que o processo das
curvas limites visa criar uma região segura para os traçados dos cabos de protensão
por meio das tensões desenvolvidas no concreto, sempre visando a segurança
estrutural do elemento como um todo.

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É importante também que tenha verificado as principais recomendações sobre a
geometria dos cabos e que, em termos prá cos, na maioria dos casos, o traçado dos
cabos acompanha o diagrama de momento fletor, tomando‑se cuidado em regiões
de apoio e de mudança na curvatura dos cabos. Contudo, cada projeto tem suas
peculiaridades, portanto é essencial buscar a melhor solução para cada caso.

Por fim, avaliaram‑se as principais recomendações da NBR 6118 (ABNT, 2014)
sobre o traçado dos cabos, lembrando que todo Engenheiro Civil deve seguir
rigorosamente as especificações da norma, visando a segurança do objeto que se
projeta.

Nesta aula, você teve a oportunidade de:

conhecer os processos das curvas limites e limitar uma região segura para a
trajetória dos cabos;

conhecer os principais traçados dos cabos em função do diagrama de
momento fletor;

conhecer as principais especificações da NBR 6118 acerca do tema.

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Aula 02

Cálculo do Traçado dos Cabos

Introdução
Caro(a) aluno(a), sabemos que o traçado dos cabos de protensão são
fundamentais para a eficiência do sistema como um todo e deve sempre
seguir uma região segura dentro do elemento estrutural, para que os cabos
sejam instalados neste local.

Quais os parâmetros envolvidos nessa análise? Quais variáveis são
consideradas? Nesta aula, analisaremos dois processos de cálculo dessas
regiões: o processo das curvas limites e do fuso limite.

Após a análise numérica, serão mostrados as principais etapas e os
cuidados que devem ser verificados na execução de estruturas protendidas,
a fim de que você observe o processo integralmente, atentando‑se para
possíveis problemas que possam ocorrer durante a protensão.

Ao final desta aula, você será capaz de:

calcular o traçado dos cabos de protensão;

conhecer o processo constru vo de estrutura de protensão.

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Processo das Curvas Limites
Estado em Vazio
Em uma seção qualquer da peça, onde σbv,lim e σtv,lim são limites das tensões
normais no concreto (correspondentes a um determinado estado‑limite estabelecido
para o estado em vazio), tem‑se a distribuição de tensões mostrada na Figura 1:

Figura 1 ‑ Tensões no estado vazio 
Fonte: Bastos (2018, p. 60).

Analisando as bordas, chegamos às seguintes equações:

Na borda inferior: σbP0 + σbg1 = σbv  onde σbv ≥ σbv,lim

Resultando em: σbP0 ≥ σbv,lim − σbg1  Equação 1

Na borda superior: σtP0 + σtg1 = σtv  onde σtv ≤ σtv,lim

20
Resultando em: σtP0 ≤ σtv,lim − σtg1  Equação 2

Logo, temos as limitações para as tensões provocadas pela protensão em uma
seção qualquer do elemento estrutural, em função de valores estabelecidos
por normas e por tensões provocadas pelo carregamento externo naquela
seção.

Estado em Serviço
Semelhantes ao caso anterior, em uma seção qualquer da peça, onde σ1s,lim e
σ2s,lim são limites das tensões normais no concreto (correspondentes a um
determinado estado‑limite estabelecido para o estado em serviço), tem‑se a
distribuição de tensões mostrada na Figura 2:

Figura 2 ‑ Tensões no estado em serviço 
Fonte: Bastos (2018, p. 61).

Analisando as bordas, chegamos às seguintes equações:

Na borda inferior: σbP∞ + σbg + σbq = σbs  onde σbs ≤ σbs,lim

Resultando em: σbP∞ ≤ σbs,lim − σbg − σbq  Equação 3

Na borda superior: σtP∞ + σtg + σtq = σts  onde σts ≥ σts,lim

21
Resultando em: σtP∞ ≥ σts,lim − σtg − σtq  Equação 4

Assim como mostrado para o estado vazio, as equações para o estado de serviço
apresentam limitações para as tensões provocadas pela protensão.

Curvas Limites para as Tensões Devidas à Protensão


As equações 1, 2, 3 e 4 apresentadas definem curvas ao longo da viga, limitantes
para as tensões devido à protensão. Dessa forma, já seria possível traçar gráficos e
verificar se, em alguma região, os diagramas correspondentes às tensões devido à
protensão não ultrapassam as respec vas curvas limites.

ATENÇÃO
É possível tornar mais prá ca a verificação gráfica, trabalhando‑se com tensões
rela vas em valores adimensionais e reunindo todas as verificações num só
diagrama.

Para determinar as tensões rela vas, toma‑se como referência uma viga biapoiada,
sendo a seção transversal mais solicitada a seção do meio do vão. Ao se dividirem
membros pelas respec vas tensões devido à protensão no meio do vão (σbp0,m e
σtp0,m)  para a borda inferior ou superior em vazio, e σbp∞,m e σtp∞,m  para a
borda inferior ou superior em serviço), as equações são:

22
Curva limite para a borda inferior em vazio

σbP0 /σbP0,m ≥ (σbv,lim − σbg1 ) /σbP0,m     ⇒    C bv       Equação 5

Curva limite para a borda superior em vazio

σtP0 /σtP0,m ≥ (σtv,lim − σtg1 ) /σtP0,m     ⇒    C tv       Equação 6

Curva limite para a borda inferior em serviço

σbP∞ /σbP∞,m ≤ (σbs,lim − σbg − σbq )/σbP∞,m     ⇒    C bs       Equação 7

Curva limite para a borda superior em serviço

σtP∞ /σtP∞,m ≤ (σts,lim − σtg − σtq )/σtP∞,m     ⇒    C ts       Equação 8

Aplicação do Processo das Curvas Limites


Imagine uma viga biapoiada, protendida em pista de protensão, com armadura a va
cons tuída por cabos retos (por exemplo, 6 cordoalhas com a mesma força em
casa); ao se admi r que as tensões normais na seção mais solicitada já foram
verificadas, aplicamos o processo das curvas limites, verificando a simetria entre a
geometria e carregamento na viga.

Em primeiro lugar, desenhamos um gráfico de referência, tendo como abcissa a
posição x ao longo do eixo da viga; e a ordenada, as tensões rela vas devido à
protensão. Observe que a ordenada máxima das tensões rela vas é igual 1, ou seja,
no meio do vão, as 6 cordoalhas produzem 100% dos efeitos.

Essa ordenada igual a 1 pode ser dividida em partes iguais ao número de cabos (para
esse caso, 6 cabos: cada 1/6 representa a contribuição de cada cabo nas tensões
provocadas pela força de protensão total). Com isso, desenham‑se as curvas para os
pontos de interesse, gerando‑as, como mostra a Figura 3.

23
Figura 3 ‑ Exemplo de curvas limites em viga com seis cordoalhas 
Fonte: Hanai (2005, p. 72).

24
ENTENDA O CONCEITO
Analisando o diagrama montado, verifica‑se que as tensões rela vas devido à
protensão não poderiam ser man das constantes até o apoio, pois estariam
interceptando as curvas limites para o estado vazio (Ctv e Cbv). Isso significa
que os valores limites para as tensões normais no concreto seriam
desrespeitadas nesse estado; portanto, as tensões devido à protensão devem
ser alteradas, de tal modo que sejam respeitadas as curvas limites.

Processo do Fuso Limite


Assim como no caso do processo das curvas limites, para o processo dos fusos
limites a avaliação das tensões ao longo do vão no concreto é realizada, por meio de
duas situações de ações extremas: estado em vazio e estado em serviço.

Estado em Vazio

25
Considerando o estado vazio, ou seja, aquele em que atua a protensão plena, sem as
subtrações em decorrência das perdas, e o peso próprio da peça estrutural, temos
uma situação mostrada na Figura 4.

Figura 4 ‑ Tensões no estado vazio, com o valor do momento fletor externo devido ao
carregamento permanente g1 
Fonte: Bastos (2018, p. 63).

Caro(a) aluno(a), dependendo da magnitude da força de protensão e da
excentricidade, o centro de gravidade (posição da força de protensão, deslocada
pela existência do esforço de momento fletor) poderá a ngir o valor limite da
tensão na borda inferior ou aquele correspondente à borda superior.

a)   Considerando a borda inferior como situação crí ca, temos as equações
apresentadas a seguir:

emg1 = Mg1 /P 0       Equação 9

σbv = P 0 /A + P 0 (ep − emg1 ) /Wb

Realizando algumas simplificações de cálculo, chega‑se à parcela ep − emg1 = abv ,


considerando que a excentricidade limite é alcançada quando σbv = σbv,lim ,
conforme apresentado a seguir:

26
P 0 /A + P 0 . av1 /Wb = σbv,lim       Equação 10

Resultando em (Po /A) + (P0 /A) . (A/Wb ) . a1v = σbv,lim

Agora, realizam‑se as modificações de cálculo indicadas a seguir

P 0 /A = σcg0       Equação 11

A/Wb =   − 1/ekb

Em que a parcela ekb  é a excentricidade limite na região central da seção, na qual
uma força normal aplicada produz tensão nula na borda inferior, resultando na
equação simplificada mostrada a seguir:

abv = ekb . (1 − σbv,lim /σcg0 )       Equação 12.

27
ATENÇÃO
Para que o valor limite na borda inferior não seja ultrapassado, o centro de
gravidade não pode estar a uma distância do centro de gravidade da seção
transversal maior que a1v , ou seja:

ep − emg1 ≤ abv      ⇒    ep ≤ abv + emg1

Fonte: Hanai (2005, p. 67).

A expressão apresentada busca estabelecer uma restrição ao valor da
excentricidade da armadura de protensão ou do cabo resultante, conforme mostra a
Figura 5.

28
Figura 5 ‑ Valor limite para o fuso no estado em vazio considerando a borda inferior
como crí ca 
Fonte: Bastos (2018, p. 64).

b)   Considerando a borda superior como situação crí ca, temos as equações
apresentadas a seguir:

emg1 = Mg1 /P 0       Equação 13

σtv = P 0 /A + P 0 (ep − emg1 ) /Wt

Realizando as mesmas modificações para a borda inferior, chega‑se à seguinte
equação simplificada:

atv = ekt . (1 − σtv,lim /σcg0 )       Equação 14

Encontrando os valores de abv  e atv , consideramos o mais desfavorável para


determinar o limite para a armadura de protensão (no caso, cabo resultante para
finalidade de cálculo).

Estado em Serviço
Considerando agora o estado em serviço, ou seja, aquele em que atua a força de
protensão, descontando‑se as suas perdas, a carga permanente total e a sobrecarga

29
variável adotada, temos a situação mostrada na Figura 6.

Figura 6 ‑ Tensões no estado em serviço, com o valor do momento fletor externo
devido à carga permanente total e a sobrecarga variável 
Fonte: Bastos (2018, p. 64).

a)   Considerando a borda inferior como situação crí ca, temos as seguintes
equações:

σbs = P ∞ /A + P ∞ (ep − emg+q ) /Wb       Equação 15

Considere as mesmas simplificações de cálculo para o estado em vazio, ou seja, a
parcela ep − emg+q = abs .  Observe também que a excentricidade limite é
alcançada quando ${{\sigma }_{bs}}={{\sigma }_{bs,lim}}$, resultando na equação a
seguir:

abs = ekb . (1 − σbs,lim /σcg∞ )       Equação 16

b)   Considerando a borda superior como situação crí ca, temos as seguintes
equações:

σts = P ∞ /A + P ∞ (ep − emg+q ) /Wt       Equação 17

30
Considerando as mesmas modificações realizadas nos casos anteriores, chegamos à
seguinte equação simplificada:

ats = ekb . (1 − σts,lim /σcg∞ )       Equação 18

Traçado do Fuso Limite


Caro(a) aluno(a), imagine uma viga com simetria geométrica e de carregamento,
considerando apenas a sua metade para realizar a análise do traçado do fuso limite.
Com os valores dos esforços em diferentes posições da seção transversal ao longo
do vão do concreto e aplicando as equações apresentadas anteriormente, podemos
desenhar o diagrama correspondente ao fuso limite, como na Figura 7.

Figura 7 ‑ Região do fuso limite 
Fonte: Bastos (2018, p. 66).

Analisando o diagrama anterior, observamos que, devido à excentricidade da
armadura de protensão não poder ser man da constante ao longo do vão até o seu
apoio, é necessário que se varie a excentricidade dos cabos, assim como mostra a
Figura 8, exemplificando os esquemas de distribuição para o caso de pós e pré‑
tração.

31
Figura 8 ‑ Exemplos de aplicação do fuso limite para cabos pós e pré‑tensionados,
respec vamente 
Fonte: Bastos (2018, p. 66).

32
REFLEXÃO
Concluímos que o processo do fuso limite é bastante prá co e atende bem a
casos em que a armadura de protensão é ancorada nos topos da peça e nos
quais a força de protensão é aproximadamente constante ao longo do vão.

Essa situação ocorre quando a inclinação do cabo equivalente é rela vamente
pequena e as perdas de protensão por atrito não inviabilizam a consideração de
um valor único ao longo do vão. Essa simplificação é aceitável, sendo u lizada
inclusive em projetos de estruturas hiperestá cas.

Fonte: Hanai (2005, p. 79)

33
VÍDEO
Assista o vídeo a seguir:

Orientações para Execução do


Concreto Protendido
Segundo Schmid (2005, p. 56).

O sucesso da tecnologia do concreto protendido e a obtenção de todas as
vantagens técnicas que ela possibilita estão diretamente relacionados com a
qualidade da execução do processo da protensão de uma estrutura, como um
todo. A grande responsabilidade que a protensão pode ter na estabilidade da
estrutura requer que ela seja executada com cuidados especiais e
acompanhamento por pessoal especializado e experiente.

Caro(a) aluno(a), após todos os conceitos observados sobre o concreto protendido, a
maioria referente ao seu dimensionamento e à verificação de segurança estrutural, é
importante conhecermos as orientações básicas para a execução de estruturas
protendidas, já que esse passo é determinante para a qualidade final da protensão.
A seguir, serão expostas algumas recomendações especiais para a sua realização, a
fim de verificarmos os itens mais importantes a serem considerados.

34
Estocagem dos Materiais e Equipamentos de
Protensão
Recomenda‑se que o material seja estocado em um local que facilite a sua
amostragem e a sua movimentação dentro do canteiro de obras, observando‑se os
seguintes cuidados mínimos:

Iden ficar o material, visando evitar possíveis trocas involuntárias.

Estocar o aço de protensão na embalagem original do fornecedor em local seco
e com uma distância de 30 cm acima do solo.

Proteger o aço de protensão contra as intempéries.

Evitar que as cordoalhas engraxadas fiquem expostas ao sol, para não danificar
a sua capa plás ca.

Impedir que se u lize óleo solúvel em água, para proteger o aço de protensão
contra corrosão.

Tomar cuidado no uso do maçarico nas proximidades do aço, caso haja
execução de solda, a fim de protegê‑lo do aumento da temperatura ou de
fagulhas.

Proteger os equipamentos u lizados para protensão, dando acesso somente
àqueles que saibam manuseá‑los, para evitar danos.

35
Figura 9 ‑ Bobinas de aço de protensão em um canteiro de obras 
Fonte: Schmid (2005, p. 57).

Confecção dos Cabos


Confecção dos cabos

Inspecionar todos os cabos de protensão antes do seu uso, pois deve estar
limpo, isento de óleo e resíduos.

Verificar a existência de oxidação no aço e a sua gravidade; caso seja
superficial, recomenda‑se re rá‑la, esfregando alguma esponja plás ca
abrasiva; se for mais severa, não se recomenda o seu uso.

Submeter a ensaios mecânicos, em casos de dúvidas de sua qualidade, por
exemplo devido a um tempo prolongado de armazenamento, a fim de
comprovar as suas propriedades.

Evitar que os cabos ou cordoalhas sejam arrastados no solo ou em super cies
abrasivas.

Atentar‑se no corte do aço, conforme especificações de projeto, especialmente
se a medida indicada considerar os comprimentos para fixação dos
equipamentos de protensão.

Impedir o uso de fios dobrados ou torcidos durante aplicação da protensão na
armadura.

Efetuar o corte das cordoalhas por meio de disco rota vo ou tesoura: nunca
por maçarico, pois pode alterar as propriedades  sicas do aço.

Atentar‑se para que as extremidades dos cabos, na região de ancoragem,
estejam limpas e isentas de possíveis respingos de nata de cimento, oxidação
ou concreto, visando o ajuste perfeito entre cabo e o macaco de protensão.

Realizar possíveis emendas entre as bainhas por meio de luvas externas, com o
mesmo material da bainha e com um diâmetro ligeiramente superior, visando
uma vedação perfeita.

Colocação dos Cabos

36
Na fase de colocação dos cabos de protensão nas formas, devem ser observados os
seguintes pontos:

Colocar as bainhas nas formas, de acordo com o projeto, obedecendo as
tolerâncias admi das em relação às linhas teóricas de projeto.

Inserir os cabos na bainha em ordem definida pela empresa que executa a
protensão.

Fixar as bainhas nas formas por meio de travessas, caranguejos, estribos ou
pas lhas.

U lizar espaçamentos das bainhas que suportem a concretagem da peça
estrutural, visando impedir o seu deslocamento.

Fixar as ancoragens para que não haja deslocamentos durante as próximas
etapas do procedimento.

Coincidir o eixo dos cabos de protensão rigorosamente com o eixo das suas
ancoragens e em posição normal às faces destas.

Manter re líneos os primeiros 50 cm do cabo de protensão a par r da


ancoragem.

Evitar a entrada de nata de cimento nos cabos vedações, nas ancoragens e nas
emendas de bainhas.

Evitar que pessoas caminhem sobre os cabos de protensão já instalados.

37
Figura 10 ‑ Pré‑montagem dos cabos aderentes e engraxados, respec vamente  
Fonte: Schmid (2005, p. 58‑59).

Veri cações Realizadas Antes da Concretagem


Antes da concretagem, devem ser conferidos os seguintes itens:

Inspecionar todas as bainhas para que se evite possíveis defeitos:
desalinhamentos, mossas, problemas de rigidez ou de vedação.

Verificar os ângulos de saída e as dimensões de projeto, para que as bainhas
estejam sempre ortogonais às placas funil.

Verificar a estanqueidade das junções entre purgadores, bainhas e cones de
ancoragem.

Verificar possíveis danos às bainhas, a fim de corrigi‑los.

Conferir se foram colocados todos os cabos nas bainhas e nas suas respec vas
localizações, conforme projeto.

Verificar se existe espaço suficiente para colocação e operação dos
equipamentos u lizados na aplicação da protensão.

38
Figura 11 ‑ Laje protendida com colocação dos cabos 
Fonte: Schmid (2005, p. 59).

Cuidados Durante e Após Concretagem


Verificar a trabalhabilidade do concreto, atentando‑se para que o diâmetro
máximo do agregado seja compa vel com o espaçamento das bainhas, com a
ancoragem e com a armadura passiva.

Possuir apoio para os tubos das bombas de concreto, evitando que encostem
nos cabos.

Instruir os trabalhadores das concretagens em relação às posições que devem
ser introduzidos os vibradores, para que não danifiquem as bainhas e os
purgadores.

Evitar, durante a concretagem, que equipamentos ou pessoas danifiquem
bainhas, ancoragens, purgadores ou que os desloquem das suas posições.

Não lançar concreto de grandes alturas: recomenda‑se uma altura não superior
a 2 m.

Figura 12 ‑ Detalhe do purgador e da armadura de fretagem na ancoragem 
Fonte: Schmid (2005, p. 60).

39
Veri cações Antes da Operação de Protensão
Preparar os disposi vos para colocação e operação dos equipamentos de
protensão.

Evitar a circulação de pessoas nos locais onde será realizada a protensão,
delimitando a área, a fim de proporcionar segurança.

Verificar se as extremidades dos cabos e as placas funil estão limpas, sem
qualquer irregularidade e com as suas respec vas inclinações.

Verificar se todos os blocos de ancoragem estão nas suas cunhas.

Reparar falhas de concretagem na estrutura.

Aferir os manômetros dos equipamentos de protensão.

Verificar as pressões a ngidas para a execução da força de protensão.

Numerar os cabos das ancoragens das armaduras a vas e passivas.

Verificar no projeto as seguintes informações: força de protensão,
alongamento de cada cabo, resistência do concreto na idade da realização da
protensão, sequência da protensão dos cabos.

Operação da Protensão
Iniciar a operação de protensão apenas quando o concreto a ngir resistência
suficiente àquela indicada em projeto, para que possa resis r às tensões nas
regiões de ancoragem.

Realizar a protensão obedecendo às fases e à sequência, definidas em projeto.

Posicionar inicialmente o macaco sem carga na cordoalha.

Verificar o perfeito ajuste entre macaco e super cie de ancoragem, antes de
ser aplicada qualquer carga.

Atentar para que o aumento de pressão seja realizado simultaneamente ao
desacunhamento, no caso de ancoragem viva‑viva, ou seja, quando as duas
extremidades es verem tensionadas.

40
Controlar a força de protensão nos cabos, para que não se aplique força além
da especificada em projeto.

Anotar a pressão manométrica e o alongamento dos cabos: quando
tensionados nas duas extremidades, o alongamento é calculado somando‑se o
valor dos dois lados.

Figura 13 ‑ Equipamento de aplicação da protensão 
Fonte: Schmid (2005, p. 61).

Veri cação dos Resultados da Protensão


Após a realização da protensão, deve‑se atentar para os seguintes itens:

Comparar o alongamento total ob do com o alongamento teórico esperado,
aceitando‑se valores com mais ou menos 10% de diferença com o inicialmente
es pulado. Situações que extrapolam esse limite devem ser comunicadas ao
responsável para a tomada de decisões antes da liberação do cabo.

Verificar, após a cravação, possíveis deslizamentos dos fios, para comunicar
imediatamente ao proje sta a fim de que tome as devidas medidas.

Cortar as pontas das cordoalhas junto ao bloco, após aprovada a operação de
protensão, deixando em média 3 cm para fora da cunha.

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Quebrar a super cie do concreto, limpar os blocos, colocar a forma juntamente
com os purgadores e vedar todas as aberturas das peças de ancoragem, após o
corte das cordoalhas.

Figura 14 ‑ Pintura das cordoalhas para medição dos alongamentos 
Fonte: Schmid (2005, p. 61).

Injeção de Calda de Cimento (nos casos de protensão


aderente)
Nos casos de protensão aderente, a injeção da calda de cimento é fundamental para
o perfeito funcionamento da protensão instalada. O obje vo é conferir aderência
entre armadura e concreto, e garan r a proteção contra a corrosão.

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ATENÇÃO
Obedecendo as normas técnicas sobre assunto, recomenda‑se que a operação
da injeção seja realizada em, no máximo, 15 dias após a protensão.

Fonte: Schmid (2005, p. 62).

Os principais cuidados recomendados nesse procedimento são verificar:

Temperatura ambiente.

Lavagem dos cabos de protensão.

Homogeneidade e fluidez da nata.

Fechamento e corte dos purgadores.

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Figura 15 ‑ Operação de injeção de nata de cimento 
Fonte: Schmid (2005, p. 62).

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SAIBA MAIS
Os procedimentos para execução de estruturas protendidas descritas no tópico
anterior foram extraídas do catálogo da Rudloff, empresa tradicional do ramo de
protensão. Recomenda‑se que você, aluno (a), procure recomendações de outras
empresas, a fim de verificar se existem diferenças significa vas no
procedimento e possíveis peculiaridades do sistema. O engenheiro civil deve
estar sempre em busca de informações confiáveis, que auxiliem as etapas
constru vas, visando sempre a ngir qualidade máxima do serviço.

Fechamento
Ao final desta aula, você deve entender a consideração das tensões no concreto ao
longo do vão e as suas implicações no processo da determinação das regiões
seguras para os traçados dos cabos de protensão.

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Hoje em dia, com o desenvolvimento computacional na análise de estruturas, essas
ações podem ser realizadas por meio do cálculo das tensões para diversas seções no
concreto. Porém, é importante conhecermos os métodos gráficos que auxiliam o
dia‑a‑dia do engenheiro com mecanismo simples de cálculo e com respostas
sa sfatórias.

Vimos também o processo constru vo das estruturas protendidas, elencando os
principais passos e os cuidados que devem ser tomados em cada etapa. De nada
vale um excelente projeto com uma má execução, e vice‑versa; portanto, o
acompanhamento da operação de protensão é primordial para a sua qualidade e
para que o bom desempenho da sua função ao longo da vida ú l da estrutura.

Ao final desta aula, você será capaz de:

compreender os processos de cálculo dos traçados dos cabos em elementos
protendidos;

conhecer as etapas constru vas de estruturas protendidas.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR
Caro(a) aluno(a), no decorrer desta unidade, vimos as
principais recomendações e o equacionamento de regiões
dentro dos elementos estruturais seguros para instalação
dos cabos de protensão. Essas verificações são realizadas,
a fim de se obter um aproveitamento máximo da
protensão aplicada, resultando em peças mais resistentes.

No entanto, imagina‑se que o traçado dos cabos (por
estar diretamente envolvido com o diagrama de momento
fletor) pode alterar apenas os esforços normais da peça,

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esquecendo‑se dos esforços cortantes, o que na prá ca
não se verifica.

A adoção de um  po de traçado influencia diretamente na
resistência ao cisalhamento da peça. Com o obje vo de
demonstrar em termos quan ta vos essa informação,
recomenda‑se a leitura do ar go a seguir, no qual os
autores realizaram experimentalmente essa análise,
avaliando os cabos de protensão em trecho reto e trecho
inclinado.

Link:
<h p://www.revistas.ibracon.org.br/index.php/riem/ar cle/view/677/795>.
Acesso em: 17 mai. 2019.

Com o fim da leitura:

Qual a diferença em termos de esforços da adoção
de um trecho reto ou trecho inclinado?

Em termos quan ta vos, qual dos traçados resulta
em melhores resultados para o esforço cortante em
vigas protendidas?

Teoria e Prática
Para demonstrar o processo constru vo na prá ca, assim como apresentado ao fim
da aula 2, acesse a animação a seguir, a qual mostra passo a passo as etapas de
execução de uma laje protendida.

Atente‑se que, nesse caso, se trata de uma laje com cordoalha engraxada, portanto
cuidados com a bainha, por exemplo, não são necessários. Porém, o processo

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demonstrado é bastante similar e é possível verificar a operação como um todo.

Link: <h ps://www.youtube.com/watch?v=lviEUV4v5TM> Acesso em: 17 mai.
2019.

ESTUDO DE CASO
Caro (a) aluno (a), é importante que você consiga, ao final
desta unidade, relacionar alguns pontos, em termos
prá cos, do conteúdo estudado.

Vimos que o traçado geométrico dos cabos de protensão
está ligado diretamente com a sua executabilidade;
contudo, o que isso significa? Significa que a adoção de
traçados com curvas mais suaves, respeitando as zonas
seguras determinadas por processos gráficos, ou
computacionais, mais à frente, resulta em facilidade de
execução no canteiro de obra, a fim de obter uma
estrutura com melhor qualidade e de desenvolver
plenamente a sua função.

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Mapa Conceitual

TRAÇADO DOS CABOS

PROCESSO DAS CURVAS


PROCESSO FUSO LIMITE
LIMITES

Análise de tensões Excentricidade limite

DIAGRAMA MOMENTO
FLETOR

CUIDADOS NA EXECUÇÃO

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