Laudo Texto Porto Do Sol

ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES, PERÍCIAS JUDICIAIS,
EXTRA-JUDICIAIS E CONSULTORIA TÉCNICA

CARLOS EDUARDO DOMINGUES E SILVA ANTONIO DOS SANTOS FERREIRA NETO
Engenheiro Civil - CREA/PA: 4.503-D Engenheiro Civil - CREA/PA: 4.391-D
CPF: 036511502/91 CPF: 063371122/53
LAUDO PERICIAL
01. INTERESSADO:
CKOM ENGENHARIA LTDA.
02. PROPRIETÁRIOS:
CKOM ENGENHARIA LTDA.
03. OBJETIVO:
Investigar as causas do desmoronamento da
estrutura de cortina de concreto armado, encimada por muro de
alvenaria edificados no imóvel a seguir identificado.
04. OBJETO DA VISTORIA:

04.1. Obra em construção denominada “Residencial
Porto do Sol”, localizado à Travessa Timbó, nº 2.730, Município de
Belém, Estado do Pará.
Av. Senador Lemos, nº 1146 Tel. 3244-7690 / 3241-8231 Belém - Pa CEP : 66000-050
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CPF: 036511502/91 CPF: 063371122/53
05. VISTORIA:
05.1. Considerações preliminares:
Na noite do dia 02/01/06, após incidência de fortes

precipitações pluviais que se estenderam por diversas horas, veio a
ocorrer o tombamento da estrutura que guarnecia a linha de
travessão dos fundos do imóvel, caracterizado pelo edifício em
construção denominado “Residencial Porto do Sol”, erguido sob
responsabilidade técnica da Construtora “CKOM ENGENHARIA
LTDA”.
Em face do avançado horário do sinistro felizmente não
houve registro de vítimas, detendo-se os prejuízos, portanto,
unicamente aos danos de ordem material, cuja apuração das causas
é objeto do presente estudo investigativo.
05.2. Caracterização do Imóvel vistoriado:
05.2.1. Da área de terreno:

A área de terreno onde está implantado o imóvel em
foco está localizado à Tv. Timbó, nº 2.730, no perímetro
compreendido entre a Avenida Almirante Barroso e a Passagem São
José, com fundos projetados no sentido da Travessa Vileta, no bairro
do Marco, em Belém-PA.
Confina à direita com imóvel nº_2.744 pertencente a
quem de direito, à esquerda com imóvel nº 2.718, pertencente ao
SINASEPE - Sindicato Nacional dos Servidores Federais da
Educação Básica e Profissional e pelos fundos com imóvel nº 1.057,
coletado pela Av. Almirante Barroso, pertencente à empresa de
transportes urbanos Boa Esperança.
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Referida área, com superfície total de 2.452,50 m², é

composta por dois conjuntos de terrenos perpendiculares justapostos,
conforme a figura 1, abaixo demonstrada:
77,00 m
22,50 m
10,10 m 54,90 m
60,00 m
Figura 1
12,00 m
05.2.2. Das peças estruturais vistoriadas:

No lote de terreno supra descrito foi constatada a
existência da torre principal do prédio “Residencial Porto do Sol” em
construção composto de xxx pavimentos-tipo, um pavimento térreo e
um pavimento semi-enterrado destinado à garagens para veículos.
Na linha de travessão dos fundos do imóvel e a dois
metros e meio de distanciamento do corpo da torre principal, foi
edificada uma cortina de contenção com estrutura em concreto
armado numa extensão de 77,00 metros e altura livre de 2,80 metros,
com o propósito de guarnecer a área do pavimento semi-enterrado.
A estrutura de concreto da cortina possui seção
transversal com largura de 25 cm, sendo armada no sentido
longitudinal, em cada uma das faces, por 18 vergalhões de aço CA-
60 B, bitola 4.2 mm a cada 15 cm de espaçamento. No sentido
transversal, por sua vez a armadura é representada por estribos de
aço CA-50 B, bitola 10 mm, espaçados a cada 15 cm.
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De conformidade com o projeto estrutural examinado,

a cortina foi concebida para funcionar em obediência ao sistema
estrutural apresentado na figura 2. Na realidade, entretanto, durante
a vistoria “in loco” observou-se que o sistema estrutural efetivamente
executado apresenta as características apresentadas na figura 3:
0,25 m
0,60 m
0,25 m
0,10 m
Terreno vizinho Terreno vizinho
2,80 m
2,30 m
Terreno Terreno
1,20 m
1,20 m
CKOM CKOM
Figura 2 Figura 3
Encimando a referida cortina, foi edificado um muro

com altura de 3(três) metros, em estrutura de alvenaria de tijolos
cerâmicos à cutelo, com pilares de concreto armado a cada 3(três)
metros, ambos com revestimentos em reboco desempenado
convencional, aplicados interna e externamente.
Com a edificação do muro em alvenaria sobre a
cortina de concreto armado, esta passou a definir um conjunto
estrutural unificado com 7,00 metros de altura e 77,00 m de extensão
total, conjunto esse que sofreu tombamento e sobre o qual se
encontra focalizado o presente exame pericial.
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05.2.3. Dos aspectos construtivos do imóvel confinante pelos

fundos:
Confinando com a linha de travessão dos fundos do
imóvel vistoriado, constatou-se a existência de um imóvel coletado
sob o nº 1.057, pela Av. Almirante Barroso, composto de três galpões
interligados, sendo dois frontais lado a lado e um posterior, todos
com estrutura em concreto armado, paredes de fechamento em
alvenaria de tijolos cerâmicos e cobertura em estrutura metálica,
recobertas com telhas onduladas de fibrocimento e de alumínio.
Todos os três galpões, tanto os dois frontais quanto o
posterior são dotados de coberturas formando caimentos em duas
águas nos sentidos longitudinais dos galpões.
Os galpões frontais apresentam sistema de captação
e escoamento das águas pluviais, em calhas que vertem o volume
para caixas de passagem posicionadas nos seus interiores e daí para
canaletas de concreto de 40 cm de largura ao longo das respectivas
laterais, as quais despejam o volume captado no sistema de esgotos
pluviais da Avenida Almirante Barroso.
O galpão posterior, por seu turno, com dimensões de
24,0 m x 45,0 m, apresenta sistema de captação e escoamento
composto de calhas laterais que vertem o volume d’água, através de
13(treze) tubos de PVC com diâmetros de 150 mm, sendo 7(sete)
tubos pela lateral direita e 6(seis) tubos pela lateral direita. 12(doze)
dos 13(treze) Tubos verticais vertem a água captada para caixas de
passagens posicionadas internamente aos galpões, e estas
transportam o volume captado para a Travessa Vileta através de
canaletas e tubulação interna.
Ocorre que o último dos condutores verticais em PVC
de 150 mm do citado galpão posterior, cujas dimensões são
consideráveis, trabalhava despejando água para o lado oposto aos
demais, isto é, para uma caixa coletora de águas de seção retangular
40 x 50 cm e profundidade de 40 cm, posicionada na área livre junto
a cortina de contenção do “Residencial Porto do Sol”.
Citada caixa coletora mais conhecida simplesmente
como bueiro, juntamente com mais 11(onze) caixas de idênticas
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dimensões, interligadas por uma única tubulação em PVC de 150

mm, compõem o sistema de drenagem das áreas superficiais
externas pertencentes ao referido imóvel vizinho, visando despejar o
volume d’água colhido no sistema de esgotos pluviais da Avenida
Almirante Barroso, conforme demonstrado na figura 4.
Travessa Vileta
Galpão B Galpão D
Avenida Almirante Barroso
Tubo de 150 mm
caixa coletora
Galpão A Galpão C
40 x 50 x 40 cm³
despejo de águas da cobert. do galpão C
sentido do fluxo área livre
Terreno CKOM
cortina de concreto
Figura 4
Travessa Timbó
Além disso, cumpre revelar que a tubulação principal

desse sistema de drenagem interna, apresentava declividade
extremamente reduzida – Inferior a 1%, restringindo a velocidade do
fluxo, a qual comprometia a capacidade de vazão do bueiro e, por
conseguinte, a drenagem das águas de maneira rápida e eficiente.
Como conseqüência da ineficácia desse sistema, em
dias de chuvas intensas, que são comuns nesta época do ano,
passou a ocorrer um acúmulo d’água além da superfície do terreno,
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conforme se pode perceber pela imagem nº xx, que acusa o nível

atingido pelas águas, através das manchas impregnadas nas
paredes.
Também merece singular destaque o fato de que a
área livre ora focalizada encontra-se em pleno processo de
pavimentação, compondo-se tais serviços das etapas de aterro
compactado, seguida de pavimentação em blocos intertravados de
concreto assentados sobre colchão de areia.
Nesse sentido, observou-se que o fluxo construtivo
que vinha sendo adotado até o momento do acidente, delineava as
obras no sentido da frente para os fundos do imóvel, de molde que o
estágio de desenvolvimento da pavimentação, na sua etapa final,
ainda não havia atingido a região guarnecida pela cortina sinistrada.
As imagens permitem visualizar também que, na
região longitudinal mais centralizada da cortina, o volume de aterro
compactado no terreno vizinho, composto de material laterítico,
chegou a atingir aproximadamente 60 cm de altura,
06. EXAME E DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE:
06.1. CARACTERIZAÇÃO CONCLUSIVA DA SITUAÇÃO:
Os exames levados a efeito no local do acidente,

conduzem as interpretações no sentido de que as formações
patológicas que originaram o colapso da estrutura, encontram raízes
no vértice das seguintes causas:
- Aumento da pressão exercida pelo empuxo lateral

proveniente da colocação de aterro compactado, principalmente na
região próxima ao centro da estrutura da cortina.
- Ineficiência do sistema de drenagem da área livre,

constituído de caixas de recepção e passagem de reduzidas
dimensões, e declividade quase nula, incapazes de garantir o
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CPF: 036511502/91 CPF: 063371122/53
escoamento eficiente do grande volume de água incidente sobre a

área.
- Agravamento das conseqüências danosas advindas

da insuficiente drenagem, em face do acréscimo de volume d’água
proveniente de grande área do telhado do galpão, ao já considerável
volume de águas superficiais incidentes sobre a área livre.
Pressões Nível d'água em dias de chuvas intensas

0,30 m
de coluna
d'água
Pressões Nível final do terreno vizinho

0,60 m
de aterro
adicional e
água
xxxxxxxxxxxxxxxx
Nível primitivo do terreno vizinho
pressões do
2,20 m
empuxo de terra
do imóvel contíguo
Nível do terreno da CKOM

xxxxxxx
área de pressões
1,20 m
em equilíbrio
Figura 5
Ação das pressões sobre o sistema estrutural
- Além da pressão do empuxo d’água entranhado no

solo, essa situação provocou uma subida no nível d’água de
aproximadamente 30 cm acima da superfície do solo, aumentando
acentuadamente a ação das pressões exercidas sobre a cortina
lateral de concreto, conforme ilustra a figura 5,
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CPF: 036511502/91 CPF: 063371122/53
Em razão dessas cargas adicionais progressivamente

aplicadas, a cortina passou a funcionar não mais como simples
contenção de solo, mas sim como uma verdadeira barragem, o que
contribuiu decisivamente para o colapso da estrutura.
É claro que, em razão das regiões próximas das

extremidades da cortina encontrarem-se melhor ancoradas e até, em
parte, submetidas a menores desníveis de terreno, foram submetidas
a solicitações de esforços mais moderadas, vindo, por conseqüência,
a sofrer menor grau de deformação que a região central da estrutura
de contenção, onde além da rigidez do conjunto apresentar-se mais
desfavorável, recebia empuxos bem mais intensos, o que contribuiu
para apresentar um comportamento de deformação de maior
gravidade.
Belém, 15 de março de 2006.
ANTONIO DOS SANTOS FERREIRA NETO

Eng.º Civil - CP: 4.391 – D CREA PA
CARLOS EDUARDO DOMINGUES E SILVA

Eng.º Civil - CP: 4.5 – D CREA PA
9
CPF: 036511502/91 CPF: 063371122/53
ANEXOS
1.Relatório Fotográfico contendo (XXX) Imagens
digitalizadas para caracterização da estrutura objeto
do exame pericial, em seus diversos ângulos.
2.Croquis representativo do posicionamento do imóvel da

CKOM, em relação ao do confinante dos fundos,
dentro da planta urbana da Cidade.
10

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04. OBJETO DA VISTORIA:

05.1. Considerações preliminares:

Na noite do dia 02/01/06, após incidência de fortes

05.2. Caracterização do Imóvel vistoriado:

05.2.1. Da área de terreno:

Referida área, com superfície total de 2.452,50 m², é

05.2.2. Das peças estruturais vistoriadas:

De conformidade com o projeto estrutural examinado,

Terreno vizinho Terreno vizinho

Encimando a referida cortina, foi edificado um muro

05.2.3. Dos aspectos construtivos do imóvel confinante pelos

dimensões, interligadas por uma única tubulação em PVC de 150

sentido do fluxo área livre

Além disso, cumpre revelar que a tubulação principal

conforme se pode perceber pela imagem nº xx, que acusa o nível

06. EXAME E DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE:

06.1. CARACTERIZAÇÃO CONCLUSIVA DA SITUAÇÃO:

Os exames levados a efeito no local do acidente,

- Aumento da pressão exercida pelo empuxo lateral

- Ineficiência do sistema de drenagem da área livre,

escoamento eficiente do grande volume de água incidente sobre a

- Agravamento das conseqüências danosas advindas

Pressões Nível d'água em dias de chuvas intensas

Pressões Nível final do terreno vizinho

Nível do terreno da CKOM

- Além da pressão do empuxo d’água entranhado no

Em razão dessas cargas adicionais progressivamente

É claro que, em razão das regiões próximas das

Belém, 15 de março de 2006.

ANTONIO DOS SANTOS FERREIRA NETO

CARLOS EDUARDO DOMINGUES E SILVA

2.Croquis representativo do posicionamento do imóvel da

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