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Democratização da compreensão da Lei das Drogas e o papel da

Farmácia Viva na legalização da Maconha

4º Curso Livre Sobre Cannabis Medicinal

Melina Arruda de Souza

Estudante na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP

São Paulo 2020


SUMÁRIO:

1- INTRODUÇÃO:.................................................................................................................3

2- DESENVOLVIMENTO:

2.1- Lei das Drogas:...........................................................................................................4

2.2- A Farmácia Viva:........................................................................................................7

2.3- Cannabis uma droga vegetal:......................................................................................9

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS:............................................................................................12

3- ANEXOS:.........................................................................................................................13

4- BIBLIOGRAFIA:.............................................................................................................18

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1-INTRODUÇÃO:

Para organizar uma sociedade, são necessárias leis, que descrevem os deveres e direitos de

cada indivíduo e regem a organização em relação a todos os aspectos que a vivência na sociedade

diz respeito.

O uso de qualquer substância é controlado por lei no Brasil, seja na indicação correta e

transparente da composição de um alimento, controle de qualidade e dispensação de medicamentos,

fiscalização da venda e propaganda de drogas lícitas e criminalização de drogas ilícitas. Segundo a

Organização Mundial de Saúde (OMS), droga é qualquer substância que pela sua natureza química

tem a propriedade de afetar a estrutura e produz alterações no funcionamento do organismo. Ou

seja, café, açúcar, refrigerantes, medicamentos, álcool, tabaco, maconha, cocaína e crack são todas

drogas, a diferença é a tolerância do organismo à substância, o índice de dependência e os danos

causados apenas ao indivíduo ou à comunidade.

A Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, mais conhecida como a Lei das Drogas, diz

respeito à substâncias ou produtos capazes de causar dependência, especificados em lei e listas

atualizadas pelo Poder Executivo da União, e a cannabis está entre elas. Antes dessa lei, não havia

distinção entre usuário e o traficante, sendo assim, qualquer pessoa que fosse flagrada com posse de

drogas seria considerada criminosa e estaria sujeita à pena de prisão, o que permitia ainda mais um

preconceito escancarado, encarceramento em massa, não protegia o usuário e nem o informava a

população no sentido de redução de danos e reinserção na sociedade.

Porém, mesmo com essa mudança, esses problemas ainda estão em evidência, e o usuário de

maconha medicinal continua desprotegido e desfavorecido, pois atualmente, no Brasil, após a

regulamentação do dia 03 de dezembro de 2019 da ANVISA, só é permitido importar os insumos e

não os produzir em território nacional, tornando o processo burocrático, demorado e caro.

Uma estratégia para facilitar o acesso legal dos pacientes de cannabis medicinal, além das

associações, seriam as Farmácias Vivas, instituídas no Sistema Único de Saúde (SUS) pela Portaria

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nº 886, de 20 de abril de 2010, conferem o conhecimento farmacêutico para as boas práticas de

cultivo, coleta, processamento, armazenamento, manipulação e uso de plantas medicinais,

asseguradas pela RDC Nº18, de 03 de abril de 2013. Em outras palavras, seria responsabilidade do

profissional farmacêutico, capacitado em farmacognosia, a produção completa do medicamento,

desde o plantio, colheita, secagem, extração até a manipulação, tudo isso na rede pública de saúde.

O Brasil possui estruturas para introduzir a legalização da maconha, mas a falta de

conhecimento e excesso de preconceito, aliados com a falta de aplicação das leis tornam esse

processo mais demorado do que o necessário. Nesse sentido, esse trabalho pretende simplificar o

entendimento da política de drogas brasileira e disponibilizar posts para compartilhamento do

conhecimento em redes sociais.

2- DESENVOLVIMENTO:

2.1- Lei das Drogas:

A Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, mais conhecida como a Lei das Drogas, em seu

artigo primeiro, institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) e prescreve

medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de

drogas (substâncias ou os produtos capazes de causar dependência especificados em lei), além de

estabelecer normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e definir

crimes.

No Brasil, a maconha é proibida, ou seja, seu consumo, produção e venda são crimes e são

punidos com prisão, mas graças à lei das drogas houve a despenalização do usuário, em outros

termos, o consumo de drogas é proibido, mas o usuário não pode ser privado de liberdade. No artigo

28 é definido que quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para

consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar será submetido às seguintes penas: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação

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de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas

destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar

dependência física ou psíquica.

A lei começa a se distanciar da realidade vivida quando não se tem estabelecida a quantidade

de substância que define um usuário e um traficante, como definido no paragrafo dois do artigo 28

que define que para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à

natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a

ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente,

tornando a população negra, parda e periférica ainda mais vulnerável, já que se trata de um pais

racista onde a criminalização da droga se deu por questões preconceituosas e interesses comerciais

da elite branca.

No sentido da produção do medicamento em território nacional, o Brasil ainda está muito

atrasado em relação a outros países, uma vez que são proibidas as drogas, bem como o plantio, a

cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou

produzidas drogas, com ressalva de autorização legal ou regulamentar, e uso estritamente

ritualístico-religioso, como previsto no artigo segundo, de paragrafo único da lei. A União pode

autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais exclusivamente para fins medicinais ou

científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas

supramencionadas. O que se tem legalizado atualmente é a regulamentação do dia 03 de dezembro

de 2019 da ANVISA, na qual fica permitido importar os insumos e produzir produtos à base da

planta. A dispensação dos produtos se da como a dispensação de outros psicotrópicos, nas

formulações com concentração de THC inferior a 0,2%, o produto deverá ser prescrito por meio de

receituário tipo B com renovação de receita em até 60 dias e os produtos com concentração de THC

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superior a 0,2% são prescritos no receituário tipo A (semelhante a morfina) e apenas para pacientes

terminais ou sem outras opções de tratamento.

A restrição da escolha do tratamento que o paciente deseja fazer uso vai contra a liberdade

civil do indivíduo e contra a finalidade do Sisnad, o qual deve fortalecer a autonomia e a

responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas, previsto no artigo terceiro da

Lei nº 11.343. Este é um outro aspecto que evidencia ainda mais a discrepância do legislativo do

executivo, já que de acordo com o artigo quarto, são princípios do Sisnad o respeito aos direitos

fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade, o respeito

à diversidade e às especificidades populacionais existentes, a promoção dos valores éticos, culturais

e de cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de

drogas e outros comportamentos correlacionados e o reconhecimento da intersetorialidade dos

fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu

tráfico ilícito, entre outros, e o que observamos na pratica é o encarceramento em massa da

população negra e a falta de distinção entre o cultivador da planta para fins individuais e para venda

(não há reconhecimento da intersetorialidade na cadeia da planta e todos são considerados

traficantes).

O Brasil enquanto país pós Lei das Drogas promoveu apenas a despenalização, porém o

consumo de drogas ainda está na esfera criminal penal, e não na de saúde ou social, por exemplo, o

que torna a descriminalização uma realidade distante e a legalização (na qual toda a cadeia

produtiva da droga é legalizada em um território, inclusive a venda e o consumo, sendo

regulamentado e fiscalizado pelo estado) mais ainda.

Em relação à pena de prisão, de acordo com o artigo 33 da lei, primeiro paragrafo, quem

importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em

depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
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desacordo com determinação legal ou regulamentar, drogas, matéria-prima, insumo ou produto

químico destinado à preparação de drogas; assim como quem semeia, cultiva ou faz a colheita, sem

autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam

em matéria-prima para a preparação de drogas; também o indivíduo que utiliza local ou bem de

qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou

consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com

determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas – está sujeito à reclusão de 5

(cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

Em suma, o paciente de cannabis medicinal no Brasil pode muito bem ser confundido com

traficante, já que a burocracia para conseguir o medicamento pela ANVISA é exagerada e os preços

mais inalcançáveis ainda. Se trata de uma política que não protege seus cidadãos de forma alguma,

tanto os que desejam fazer uso da planta de maneira medicinal, tanto recreativa, e também os

envolvidos no tráfico. A legalização existe no sentido de proteger a população, garantindo

qualidade no plantio, secagem, extração e venda da planta. O programa do SUS Farmácia Viva

pode entrar com muito peso nessa discussão, uma vez que os profissionais farmacêuticos já são

capacitados na área de farmacognosia.

2.2- A Farmácia Viva

Atualmente, os pacientes que fazem uso da maconha medicinal podem recorrer aos

medicamentos importados (cada vez mais o número de brasileiros que consegue a concessão da

ANVISA cresce, mas ainda é muito limitado), aos poucos produtos à base de cannabis produzidos

no Brasil com matéria-prima importada, à Justiça com um pedido de habeas corpus para o

autocultivo, ou às associações de pacientes, e amigos e familiares de pacientes que possuem o

habeas corpus concedido pela Justiça. Porém, um outro caminho para a obtenção desse

medicamento seria através das Farmácias Vivas.


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As políticas públicas a respeito de fitoterápicos e plantas medicinais no Brasil começaram

em 2006, com o Decreto Federal n. 5.813/2006 que aprova a Política Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos, em seguida a Portaria MS/GM n. 971/2006 aprova a Política Nacional

de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS. Dois anos depois, a Portaria MS/GM

n. 2.960/2008 aprova o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e cria o Comitê

Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e foi aprovada a Resolução n. 477/2008 do CFF que

dispõe sobre as atribuições do farmacêutico no âmbito das plantas medicinais e fitoterápicos. A

Portaria nº 886, de 20 de abril de 2010 do Ministério da Saúde institui a Farmácia Viva no âmbito

do Sistema Único de Saúde.

As Farmácias Vivas realizam as etapas de cultivo, coleta, processamento, armazenamento

das plantas medicinais, preparação de produtos magistrais e oficinais de plantas medicinais e

fitoterápicos e a dispensação desses produtos. Elas estão situadas no âmbito do Sistema Único de

Saúde (SUS), onde farmacêutico responsável deve estar inscrito no CRF. Não podem comercializar

plantas medicinais e fitoterápicos e sujeitas a inspeções sanitárias. Para estabelecer as boas práticas

dentro de todas essas etapas foram instituídas as resoluções RDC n. 13/2013, RDC n. 14/2013 e

RDC n. 18/2013 da ANVISA as quais dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Produtos

Tradicionais Fitoterápicos, sobre as Boas Práticas de Fabricação de Insumos Farmacêuticos Ativos

de Origem Vegetal, e sobre as boas práticas de processamento e armazenamento de plantas

medicinais, preparação e dispensação de produtos magistrais e oficinais de plantas medicinais e

fitoterápicos em farmácias vivas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), respectivamente.

A RDC nº18, de 3 de abril de 2013, em seu primeiro artigo, determina os requisitos mínimos

exigidos para o exercício das atividades de preparação de plantas medicinais e fitoterápicos em

farmácias vivas, visando à garantia de sua qualidade, segurança, efetividade e promoção do seu uso

seguro e racional. Para assegurar esses requisitos, o conhecimento do profissional é de extrema


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importância, uma vez que ele detém os conhecimentos de assistência farmacêutica (conjunto de

ações e serviços relacionados com o medicamento, destinada a apoiar as ações de saúde

demandadas por uma comunidade), de atenção farmacêutica (prática farmacêutica que compreende

atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-rresponsabilidades na

prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde), de

contaminação cruzada (contaminação de determinada matéria-prima, produto intermediário ou

produto acabado com outra matéria-prima ou produto, durante o processo de manipulação), sobre

controle de qualidade e controle em processo, derivado vegetal (produto da extração da planta

medicinal in natura ou da droga vegetal, podendo ocorrer na forma de extrato, tintura, alcoolatura,

óleo fixo e volátil, cera, exsudato e outros) e droga vegetal (planta medicinal, ou suas partes, que

contenham as substâncias, ou classes de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após

processos de coleta, estabilização, quando aplicável, e secagem, podendo estar na forma íntegra,

rasurada, triturada ou pulverizada), como definido no terceiro artigo da Resolução.

A cannabis é uma droga vegetal, de acordo com a própria definição da resolução, sendo

assim a Farmácia Viva poderia entrar como um outro caminho de acesso à medicação dos pacientes

e uma importante ferramenta na legalização da planta, uma fez que já se trata de um

estabelecimento de saúde, com a fiscalização correta, profissionais capacitados e inclusa no Sistema

Único de Saúde.

2.3- Cannabis uma droga vegetal

Já estabelecido que uma droga vegetal é qualquer planta medicinal, ou partes, que

contenham as substâncias, ou classes de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após

processos de coleta, estabilização, quando aplicável, e secagem, podendo estar na forma íntegra,

rasurada, triturada ou pulverizada, a cannabis, ou melhor, suas flores, se enquadram facilmente

nessa categoria graças aos seus diversos efeitos terapêuticos já comprovados. Da planta podem ser
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produzidos medicamentos fitoterápicos, isso é, medicamentos obtidos com emprego exclusivo de

matérias-primas ativas vegetais, segurança e eficácia baseadas em evidências clínicas caracterizados

pela constância de sua qualidade, segundo a resolução RDC n. 26/2014 da ANVISA.

Os canabinóides são marcadores ativos da planta, ou seja, substância ou classe de

substâncias utilizada como referência no controle da qualidade da matéria-prima vegetal e do

fitoterápico, relacionado com a atividade terapêutica do fitocomplexo terapêutico. Sua ação

terapêutica se baseia na liberação de anandamida e tem efeito neuroprotetor. Existem 177

canabinoides que podem ter ação terapêutica na sua forma ácida ou descarboxilados e/ou

envelhecidos (curados) e quando usados em conjunto com todos os outros metabólitos fornecem um

efeito terapêutico muito melhor, efeito entourage, por isso a importância da planta completa no

preparo da medicação. Alguns exemplos desses marcadores e suas ações terapêuticas são os

seguintes: o THC apresenta ação bactericida, anti-inflamatória, analgésica, imunomoduladora,

neuroprotetora e psicoativa; CBD apresenta efeito sedativo, de relaxamento, neuroprotetor, anti-

inflamatório, analgésico, anticonvulsivante, anti-tumoral e antiemético; THCA apresenta ação anti-

inflamatória, antineoplásica, inibitória de espasmos, neuroprotetora, antiepilética, também no

tratamento de esclerose múltipla, Alzheimer e Parkinson; CDBA apresenta ação não psicoativa,

anti-inflamatória, antineoplásica, antiemética e no tratamento de artrite reumatóide, HIV e Crohn;

CBCA reprime o apetite (ajuda a perder peso), trata infecções por fungos e redes inflamações;

CGCA reduz inflamação; CBGA apresenta efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e bacteriostáticos;

THCV reprime o apetite, antiepilético, estimula o crescimento ósseo, analgésico, neuroprotetor e

utilizado no tratamento de Diabetes Mellitus; CBC apresenta atividade fungicida e bactericida

superior ao THC e ao CBD (mostrando ser uma grande aposta para o uso tópico ou interno),

analgésico, anti-inflamatório, antineoplásico e neuroprotetor; CBDV apresenta ação não psicoativa,

anti-inflamatória, antiemética, antiepilética e no tratamento de artrite reumatoide, HIV e Crohn;

CBG não psicoativo, age como amortecedor para as atividades psicoativa do THC, potente

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bactericida contra bactéria gram-positivas, micobactérias e fungos, benéfico para inflamações no

intestino. CBN aumenta o efeito do THC, aumenta a produção de testosterona e a concentração do

hormônio folículo estimulante, anticonvulsivante, anti-inflamatório, efeito no sistema imune.

Outros efeitos terapêuticos comprovados e descritos em literatura são na prevenção de riscos

cardiometabólicos, tratamento em doenças respiratórias, aumento da imunidade, tratamento de

dores crônicas em adultos, como antieméticos no tratamento de náuseas induzidos por

quimioterapia, modulação dos efeitos de esclerose múltipla e espasticidade, efeito anti-tumoral,

tratamento de transtornos do espectro autista, melhoria dos distúrbios do sono, bromialgia, e

síndrome da apneia obstrutiva do sono. Também existem evidências limitadas de efetividade no

aumento do apetite e diminuição da perda de peso em pacientes com HIV/Aids, melhora dos

sintomas da síndrome de Tourette, melhora dos sintomas de ansiedade, melhora de sintomas de

transtorno pós-traumático, e na associação de canabinoides para evitar morte e incapacidade em

pessoas com lesão cerebral ou AVCs.

Historicamente, há registros de indicações terapêuticas da cannabis na China e no Egito

antigo, que datam de 4.000 a.C., assim como na medicina Ayurvedica e Indo-Europeia entre 2.000 e

1.000 a.C. Ainda antes de Cristo, o uso medicinal da maconha foi amplamente difundido pela

cultura Greco-Romana para epilepsia, raiva, ansiedade, dores de dente e de cabeça, e bronquite. O

médico grego Claudius Galen observou que a planta era amplamente consumida em todo o Império

Romano, inclusive as mulheres da elite romana usavam para aliviar dores de parto, por exemplo.

Evidências da eficácia da erva não faltam. Proibições pautadas em preconceitos racistas

também não.

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3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Entendendo todos os benefícios e tratamentos possíveis a base de cannabis, é necessário

relacionar essa medicina com a população brasileira de forma universal, integral e equânime e o

sistema de saúde brasileiro garante esses pilares. A universalidade é o conceito que visa garantir o

direito à saúde de todos sem discriminação de acesso. A integralidade é a compreensão do

indivíduo/grupo como um todo, garantindo todas as demandas de uma condição pelo todo (não

apenas o medicamento, mas sim a atenção, tratamento, reabilitação e etc.). A equidade diz respeito

ao tratamento igual a todos, garantir que não haja diferenciação social, política e/ou econômica no

atendimento a saúde tratando todos por igual. Sendo assim, o SUS garante a saúde (estar bem física,

mental e espiritualmente) a todos de maneira completa e igual. A prescrição da cannabis medicinal

já é permitida por lei, porém ainda existe conflito de interesses econômico e contratual, o que é

extremamente prejudicial para saúde pública.

A Farmácia Viva é uma estratégia importantíssima na medicina cannabica, podendo

concentrar a produção nacional de maconha com as devidas práticas de plantio e extração,

fiscalizada de maneira correta e sendo de acesso universal, integral e equânime.

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4 -ANEXOS:

Material gerado como resultado do trabalho para compartilhamento em redes sociais:

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5 - BIBLIOGRAFIA:

BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei

11.343/2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve

medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de

drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas;

define crimes e dá outras providências.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria

Colegiada. RDC nº18 de 03 de abril de 2013. Dispõe sobre as boas práticas de processamento e

armazenamento de plantas medicinais, preparação e dispensação de produtos magistrais e oficinais

de plantas medicinais e fitoterápicos em farmácias vivas no âmbito do Sistema Único de Saúde

(SUS).

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 866 de 20 de abril de 2010.

Institui a Farmácia Viva no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria

Colegiada. RDC nº 325 de 03 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a atualização do Anexo I

(Listas de Substâncias Entorpecentes, Psicotrópicas, Precursoras e Outras sob Controle Especial) da

Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Decreto nº 5.813 de junho de 2006. Aprova a

Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 971 de 03 de maio de 2006.

Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único

de Saúde.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria Interministerial nº 2.960 de 09 de

novembro de 2008. Aprova o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e cria o

Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.

BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução no 477 de 28 de maio de 2008. Dispõe sobre

as atribuições do farmacêutico no âmbito das plantas medicinais e fitoterápicos e dá outras

providências.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria

Colegiada. RDC nº 26 de 13 de maio de 2014. Dispõe sobre o registro de medicamentos

fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos.

Descriminalização das Drogas. Juliana Bezerra, em:

<https://www.todamateria.com.br/descriminalizacao-das-

drogas/#:~:text=A%20descriminaliza%C3%A7%C3%A3o%20das%20drogas%20consiste,entorpec

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2020.

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BASEADO NO BRASIL (documentário). Bruno Garcez, Matheus Zampa, Vinicius Falavigna,

2014.

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