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A trajetória da Prática Farmacêutica

Sob o olhar do Conselho Regional de Farmácia


do Estado de São Paulo
REALIZAÇÃO - Gestão 2008-2009
SUMÁRIO
1. Introdução
1. 1. Mensagem da Diretoria.............................................................................3
2. Histórico
2.1. Breve histórico da Prática Farmacêutica no Brasil...................................4
2 2.2. Breve histórico do Ensino Farmacêutico no Brasil...................................6
2.3. Histórico do CRF-SP...................................................................................11
3. Aspectos Legais............................................................................................15
4. Aspectos Técnicos........................................................................................25
5. Considerações Finais...................................................................................33

Expediente • Publicação do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo - CRF-SP


Diretoria
Dra. Raquel Cristina Delfini Rizzi - Presidente Dr. Marcelo Polacow Bison - Vice-presidente
Dr. Pedro Eduardo Menegasso - Diretor-tesoureiro Dra Margarete Akemi Kishi - Secretária-geral

Projeto gráfico e diagramação Conselho Regional de Farmácia do Estado


Robinson Onias de São Paulo - CRF-SP

Impressão Rua Capote Valente, 487 - Jd. América


Gráfica Rettec São Paulo - SP CEP 05409-001
Tel/Fax: (11) 3067-1450
Revisão Portal: www.crfsp.org.br
Alan Araújo

2
1. Introdução

1.1. Mensagem da Diretoria

Humanização. Essa é a direção que


a sua bússola deverá apontar nessa
trajetória. Fazer do farmacêutico um nadas à profissão e preocupado em
profissional de saúde dedicado e pre- oferecer a adequada assistência far-
ocupado não só com a segurança e a macêutica ao usuário que a socieda-
dispensação dos medicamentos, mas de precisa.
também com a atenção e assistência Tomando por base essa premissa,
ao paciente é um compromisso assu- desenvolvemos e aprimoramos a cada
mido e zelado por nós do Conselho dia um trabalho voltado ao resgate da
Regional de Farmácia do Estado de valorização do farmacêutico, colocan- 3
São Paulo (CRF-SP). do a assistência farmacêutica em pri-
Com esse novo direcionamento meiro lugar.
da profissão, desponta um modelo Trabalhamos para o engran-
de farmácia diferente, ou seja, um decimento da nossa profissão,
estabelecimento que atua como para que sejamos respeitados
posto avançado do atendimento à e para que nossos escopos de
saúde pública, onde se potenciali- atuação profissional sejam reco-
za o trabalho do farmacêutico. nhecidos e preservados.
Mais uma vez o farmacêutico
aparece como um importante aliado
na prevenção e orientação de enfer- Raquel Rizzi Marcelo Polacow
midades incidentes no Brasil e no Presidente Bisson
mundo. Sendo o profissional mais Vice-Presidente
acessível à população, ele tem a
oportunidade de reforçar seu papel Pedro Eduardo Margarete Akemi
de agente de saúde. Menegasso Kishi
É esse farmacêutico engajado e Diretor-tesoureiro Secretária-geral
interessado pelas inovações relacio-
3
à vida política da cidade. Os boticários
desenvolviam com a comunidade uma
relação de confiança.
Independentemente da posição
social, toda a população utilizava
os serviços das farmácias e boticas.
Considerando que em muitas cida-
des só existia uma única farmácia
para toda a região, reforça-se a idéia
da importância, em termos de refe-
2. Histórico rência, daquele estabelecimento e
do seu boticário/farmacêutico, para
2.1. Breve histórico da Prática Far- os habitantes. Além disso, ele aca-
4 macêutica no Brasil bava por desenvolver uma relação
de intimidade com a comunidade,
As discussões sobre o perfil que auxiliava e amparava nos momentos
as farmácias assumiriam frente ao de dor física, ouvia os sintomas, os
crescimento da indústria já ocorriam problemas e as queixas dos que o
desde 1916. As farmácias se trans- procuravam, era pessoa que presta-
formariam em “simples pontos-de- va os primeiros socorros, que provi-
venda” ou seriam “estabelecimentos denciava os primeiros cuidados.
científicos” e o farmacêutico um “pro- A Farmácia no século XX (aproxi-
fissional da saúde”? madamente a partir da década de
No século XIX, o farmacêutico, tam- 1930) passa por significativas alte-
bém chamado de Boticário, era con- rações com o advento da indústria
siderado o Mestre na arte de desen- e o paulatino desaparecimento das
volver e manipular os medicamentos. farmácias de manipulação. O far-
Porém, as boticas ganhavam muitos macêutico desloca-se conseqüen-
outros significados que ultrapassavam temente, da farmácia para o labo-
a simples arte de manipular medica- ratório industrial, especialmente
mentos. Pelas boticas passavam as pelo fato da formação acadêmica
decisões mais importantes referentes se aliar às mudanças que estavam
4
ocorrendo no mercado. Não havia
mais espaço para a arte individual
do boticário; o profissional deveria
estar preparado para o laboratório
industrial. Destaca-se aqui a intera-
ção da farmácia com a pesquisa e a
indústria química. A farmácia estará
definitivamente associada à pesqui-
sa de novos medicamentos.
Neste sentido, não apenas amplos do que os do comércio
os estudos e pesquisas na tradicional, não se demorou a
área química e bioquímica, perceber o potencial deste espa-
mas na área da saúde de um ço, descaracterizando a farmá-
m o d o g e r a l fo r a m i n c o r p o r a - cia enquanto estabelecimento 5
d o s g r a d u a l m e n t e n a fo r m a - de saúde e criando a identidade
ção do farmacêutico. de um estabelecimento comer-
A farmácia como estabeleci- cial, muitas vezes não apenas
mento de venda de medicamentos, de medicamentos, mas também
nos séculos XX/XXI, está atrelada de outros produtos não relacio-
a esse movimento da indústria far- nados com a saúde (alheios ao
macêutica, como por exemplo, a in- ramo farmacêutico).
trodução de novos produtos, novas Em 1997, a Organização Mundial
descobertas nas áreas médica e da Saúde (OMS) publicou um docu-
farmacêutica, a rapidez e a facili- mento denominado “The role of the
dade no transporte e na distribui- pharmacist in the health care sys-
ção de mercadorias e a produção tem” (“O papel do farmacêutico no
em larga escala. sistema de atenção à saúde”), em
Todo esse processo leva tam- que se destacaram sete qualidades
bém ao aumento da presença de que o farmacêutico deve apresen-
clientes nas farmácias e, apro- tar. Foi então chamado de “farma-
veitando-se dos seus horários es- cêutico sete estrelas”. Este profis-
peciais de funcionamento, mais sional deve ser:
5
• Prestador de serviços farmacêuti-
cos em uma equipe de saúde;
• Capaz de tomar decisões;
• Comunicador;
• Líder;
• Gerente;
• Atualizado permanentemente;
• Educador.
Dom João VI e Dona Carlota Joaquina
Desde então, os órgãos envolvi-
dos (Conselho Federal de Farmácia,
Conselhos Regionais de Farmácia, No Brasil, segundo os dados publi-
Ministério da Saúde, Organização cados pelo Sistema Nacional de In-
6 Pan-Americana da Saúde, Federação formações Tóxico-Farmacológicas, os
Nacional dos Farmacêuticos e Minis- medicamentos ocupam a primeira po-
tério da Educação), realizam confe- sição entre os três principais agentes
rências, seminários e oficinas, com o causadores de intoxicações em seres
objetivo de discutir o contexto da prá- humanos.
tica farmacêutica no Brasil. Portanto, partindo de todos estes
Esse processo de discussão acontecimentos, novamente se faz
buscou identificar os principais necessária a discussão do papel do
aspectos que a caracterizam, in- Farmacêutico e das Farmácias, com
vestigando a realidade e os meca- “F” maiúsculo.
nismos de transformação. Um dos
itens identificados foi: 2.2. Breve histórico do Ensino Far-
macêutico no Brasil
• Prática profissional desconectada
das políticas de saúde e de medica- A permissão para instalação de Es-
mentos, com priorização das ativida- colas Superiores no Brasil foi possí-
des administrativas em detrimento da vel somente após a vinda da Família
educação em saúde e da orientação Real para o país, em 1806. A partir
sobre o uso de medicamentos. de então, houve inúmeras mudan-
6
alunos que freqüentam o dito hospi-
tal, e lhes ensinar os princípios ele-
mentares de matéria médica e far-
macêutica. (OLIVEIRA, 1978, p. 05).

Na época, o ensino farmacêutico


era entendido, segundo os Compên-
dios de Matéria Médica de 1814,
como a “arte médica de formular e
preparar o medicamento”. (O Ses-
ças de caráter político, econômico, quicentenário de Farmácia no Brasil,
social, cultural e, conseqüentemen- 1982, p.02).
te, educacional no Brasil colônia. O ensino farmacêutico foi institu-
No âmbito da saúde, Oliveira (1978) cionalizado oficialmente no Brasil 7
afirma que o estudo da farmácia já no período do Império, por con-
científica, ainda que de maneira ru- seqüência da Lei de 03 de outubro
dimentar, decorreu quando o Prínci- de 1832, que reformulava os currí-
pe Regente determinou a criação da culos, dando nova organização às
cadeira de matéria Médica e Farma- academias médicas cirúrgicas do
cêutica no Hospital Militar, anexo à Rio de Janeiro e da Bahia, substi-
Escola Anatômica, Científica e Médi- tuindo-as por Escolas e Faculdades
ca do Rio de Janeiro. Determinou o de Medicina.
Regente naquela data que: Somente em 1837 foram diploma-
dos pelo Curso de Farmácia da Facul-
Sendo de absoluta necessidade dade de Medicina do Rio de Janeiro
que no Hospital Militar e da Marinha os seis primeiros farmacêuticos do
desta Corte se formem cirurgiões país, sendo que dois destes diplo-
que tenham também princípios de mados, Manuel José Cabral e Calix-
Medicina (...) me proponho dar uma to José Arieira, fundaram, em 1839,
cadeira de medicina teórica, cuja a Escola de Farmácia de Ouro Preto,
lente terá obrigações de dar lições primeiro estabelecimento de Ensino
aos ajudantes de cirurgia, e outros Farmacêutico do Brasil e da América
7
Latina. Tal curso surgiu autônomo e
independente dos cursos médicos.
Após a Proclamação da República,
em 1889, houve o início e o incen-
tivo para a criação da indústria far-
macêutica nacional, e conseqüente-
mente a criação de novos cursos de
farmácia no país, para atender ao 05 de abril de 1911 foi promulgado o
novo mercado que se abria: o de me- Decreto 8.659, conhecido como Re-
dicamentos industrializados. forma Rivadário Corrêa, introduzindo
Em 1901, com o Decreto 3.092, no currículo de Farmácia o ensino de
denominado Decreto Epitácio Pes- Física, Química, Análises Toxicológi-
soa, o currículo de Farmácia passou cas, Química Industrial, Bromatolo-
8 pela sua primeira reforma no século gia e Higiene. O curso tinha, então, a
XX. Esse decreto reduziu o currícu- duração de três anos.
lo em duas séries, sendo realizado Outra mudança no currículo de
em dois anos. Na primeira série, as Farmácia no Brasil ocorreu com
disciplinas ministradas eram: Quími- a Reforma Rocha Vaz / Decreto
ca Médica, História Natural Médica, 16.782-A, de 13 de janeiro de 1925.
Matéria Médica e Farmacologia. Na Essa reforma foi provocada pela ne-
segunda série, as disciplinas a se- cessidade do mercado brasileiro por
rem ministradas eram: Matéria Mé- oferecer especialização aos farma-
dica e Farmacologia. Esse currículo cêuticos que atuavam em laborató-
delimitou as atribuições e o âmbito rios de produção de medicamentos e
do profissional, e direcionou o farma- em laboratórios de Análises Clínicas,
cêutico para a área de manipulação pois era fato que, após a Primeira
e produção de medicamentos. Guerra Mundial, havia ocorrido uma
Devido à ampliação do campo grande evolução tecnológica na pro-
profissional do farmacêutico, com a dução de medicamentos, diagnósti-
incorporação das análises clínicas, co e tratamento de doenças. O cur-
toxicológicas e bromatológicas em rículo das Ciências Farmacêuticas,
suas atribuições profissionais, em portanto, precisava dar conta do en-
8
sino dessas novas tecnologias aos CFE homologou a resolução núme-
profissionais. ro 4/68, que fixava o eixo mínimo
Desde a criação dos Cursos de de conteúdo e duração dos Cursos
Farmácia no Brasil, a educação de Farmácia no Brasil, criando as
farmacêutica cuidou da formação modalidades de farmacêutico, far-
do farmacêutico sem qualquer ad- macêutico industrial e farmacêuti-
jetivo, habilitando-o para o exercí- co bioquímico, e obrigava a realiza-
cio das Ciências Farmacêuticas em ção de estágios supervisionados.
sua plenitude. Em termos legais, a homologação
Por volta de 1930, iniciou-se a veio a afirmar:
reestruturação do ensino farmacêu-
tico com as adaptações curriculares O Conselho Federal de Educação,
ao desempenho das suas funções na forma de que dispõe o Artigo 26
na área industrial (medicamentos e da Lei 5.540, de 28 de novembro 9
alimentos) e na área de exames clí- de 1968, e tendo em vista o Parecer
nico-laboratoriais. 287/69, que a este se incorpora, ho-
A consolidação da especialização mologado, pelo Senhor Ministro da
técnica pelo farmacêutico na área Educação e Cultura, resolve: Artigo
de Indústria Farmacêutica e Análi- 1o - O Currículo mínimo do Curso de
ses Clínicas fez com que, em 1962, Farmácia compreenderá: a) ciclo pré-
o Conselho Federal de Educação profissional, único (comum às diver-
(CFE) criasse o primeiro currículo sas modalidades de Farmacêutico); b)
mínimo de Farmácia no Brasil. Esse ciclo profissional, ainda único, levando
currículo criou a habilitação para o a formação de “farmacêutico” e habi-
profissional nas modalidades Indús-
tria e Análises Clínicas, Toxicológicas
e Bromatológicas.
A partir da Reforma Universitária
de 1968 (Lei 5.540, de 28 de no-
vembro de 1968), que reformulou
a estrutura do ensino universitário
no Brasil, em 04 de abril de 1969 o
9
litando acesso ao ciclo seguinte; c)
segundo ciclo profissional diversifi-
cado, conduzindo pela seleção opor-
tuna de disciplinas próprias à forma-
ção do “Farmacêutico Industrial” e do
“Farmacêutico – Bioquímico”, a partir
do “Farmacêutico”. Filho, Presidente.
(CFE, Resolução nº 4, 1968). Sistema de Ensino Superior.
Essa nova Diretriz Curricular tem
Analisando o que foi exposto aci- como perfil do formando egresso/pro-
ma, verificou-se que nos primeiros fissional o farmacêutico, com forma-
170 anos de ensino farmacêutico ção generalista, humanista, crítica e
no Brasil (1832 – 2002), têm sido reflexiva, para atuar em todos os níveis
10 uma constante as tentativas de alte- de atenção à saúde, com base no ri-
ração e uniformização curriculares, gor científico e intelectual. Capacitado
culminando com os currículos míni- ao exercício de atividades referentes
mos de 1962, de efêmera duração, aos fármacos e aos medicamentos,
o de 1969, ao qual este ensino esta- às análises clínicas e toxicológicas, e
va submetido até poucos anos atrás ao controle, produção e análise de ali-
(Santos, 1999) e o atual currículo ge- mentos, pautado em princípios éticos
neralista, de 2002. e na compreensão da realidade social,
As Diretrizes Curriculares Nacio- cultural e econômica do seu meio, di-
nais para o Ensino de Graduação em rigindo sua atuação para a transfor-
Farmácia (Resolução CNE/ CES nº mação da realidade em benefício da
02, 19/02/2002), definem os prin- sociedade.
cípios, fundamentos, condições e Diante das considerações históri-
procedimentos da formação de far- cas e da aplicação das Novas Diretri-
macêuticos, para aplicação em âm- zes Curriculares, algumas reflexões
bito nacional na organização, desen- sobre o Ensino Farmacêutico no Bra-
volvimento e avaliação dos projetos sil ainda se fazem necessárias, tendo
pedagógicos dos Cursos de Gradua- como objetivos a salvaguarda da saú-
ção em Farmácia das Instituições do de pública e a promoção da saúde.
10
2.3. Histórico do Conselho Regional No Estado de São Paulo, na dé-
de Farmácia do Estado de São Paulo cada de 90, iniciou-se um grande
movimento para resgatar o papel do
As décadas de 1960 e 1970 re- farmacêutico enquanto profissional
gistraram o surgimento de dois gran- de saúde e, sobretudo, o direito do
des marcos da história do farmacêu- usuário de medicamentos de obter
tico. O primeiro deles foi a criação, a orientação sobre seu uso. A rea-
em 1960 (Lei Federal nº 3.820), do lidade não podia continuar daquela
Conselho Federal de Farmácia (CFF) forma, a sociedade dizendo que o
e dos Conselhos Regionais de Far- farmacêutico era o único profissio-
mácia (CRF’s). Dentre eles o Conse- nal que se formava já aposentado,
lho Regional de Farmácia do Estado porque “emprestava” seu nome para
de São Paulo, criado pela Resolução regularizar a situação de farmácias
nº 02 do CFF, no dia 05 de Julho de muitas vezes irregulares, e ele nem 11
1961, porém sua primeira Diretoria sequer sabia dos inúmeros proble-
tomou posse no dia 1º de Setembro mas que lá existiam porque em gran-
daquele mesmo ano. de parte não se dava ao trabalho de
A função de um conselho profis- ir ao estabelecimento para receber
sional é sinalizar caminhos éticos, o salário, o recebia através de de-
técnicos e legais a seus inscritos, pósitos em conta. Um salário muito
ao mesmo tempo em que garante à
sociedade que determinada profis-
são está sendo exercida por profis-
sionais capacitados, ou seja, atua
prioritariamente em defesa da po-
pulação.
O segundo marco veio na década
seguinte, em 1973, quando foi pro-
mulgada a Lei Federal nº 5.991, que
exige a presença do farmacêutico du-
rante todo o período de funcionamen-
to dos estabelecimentos do ramo.
11
pequeno, apenas um complemento
para a atividade que efetivamente
exercia na indústria, no laboratório,
no hospital ou em outro local, porém
bastante oneroso para quem o con-
tratava e para a sociedade que não a aquisição de uma frota de veí-
tinha a garantia da prestação dos culos para as ações de fiscaliza-
serviços farmacêuticos. ção, a atividade profissional pas-
Essa aberração não podia con- sou a ser cada vez mais verificada
tinuar, era preciso dar um basta. em todas as áreas de atuação do
Foi quando um grupo de farma- farmacêutico. Das farmácias “de
cêuticos que estava num proces- manipulação” e drogarias, a ação
so constante de discussão sobre ampliou-se para as farmácias hos-
12 o problema se reuniu e conseguiu pitalares, indústrias e distribuido-
assumir a direção do CRF-SP, atra- ras de medicamentos e correlatos,
vés de uma eleição direta por toda laboratórios de Análises Clínicas,
a categoria farmacêutica. laboratórios de equivalência far-
A Diretoria e o Plenário passaram macêutica, transportadoras de
então a ser coordenados por farma- medicamentos e todos os demais
cêuticos, voluntários e pessoas dis- locais onde existam medicamen-
postas a transformar o panorama da tos e/ou seja necessária a atua-
assistência farmacêutica no Estado ção de um farmacêutico.
de São Paulo, que era de aproxima- Esse importante e incansável tra-
damente cinco por cento de profissio- balho está sempre em constante
nais presentes, para os atuais oitenta aprimoramento. Além da presença
e seis por cento, considerando farmá- do profissional, verificam-se as con-
cias e drogarias que possuem farma- dições em que suas atividades são
cêutico responsável técnico. desenvolvidas e, para isso, a contri-
Com a modernização e amplia- buição dos farmacêuticos que atu-
ção da estrutura do Conselho, com am voluntariamente nas Comissões
os farmacêuticos fiscais contrata- Assessoras, Comissões de Ética, Di-
dos por processo seletivo e com retorias Regionais e Plenária do CRF-
12
SP, é de grande valia, pois auxiliam Em 2006 as ações de orienta-
com seu conhecimento e vivência ção foram ampliadas e descen-
nas diversas áreas, promovendo trei- tralizadas, com a participação da
namentos e sugerindo melhorias nos equipe de fiscais nesta atividade
procedimentos adotados. e a realização de palestras sobre a
O Estado de São Paulo possui o responsabilidade do farmacêutico
maior Conselho de Farmácia do país, frente às legislações vigentes. Es-
com aproximadamente 35 mil farma- sas ações resultaram, inclusive, em
cêuticos inscritos e cerca de 22 mil diminuição de 12% no número de
estabelecimentos, contando com processos éticos instaurados.
a colaboração de aproximadamen- Em continuidade ao aprimoramen-
te duzentos funcionários e mais de to de seu trabalho, o CRF-SP busca
500 voluntários nos vários departa- ainda estabelecer parcerias com ou-
mentos que o compõem. São trinta e tros órgãos, como as Vigilâncias Sa- 13
um farmacêuticos fiscais produzindo nitárias, Ministério Público e outros
em média 5 mil inspeções por mês, Conselhos e Entidades de Saúde, de
atingindo um patamar anual em tor- forma a cumprir seu papel em
no de 60 mil fiscalizações em todo defesa da saúde pública e
o Estado e um índice de assistência estar sempre ao lado do
farmacêutica de 85,4%. colega farmacêuti-
Em 2003, foram implantadas co no desempenho
ações de orientação aos profis- de suas atividades
sionais em todo o Estado, sobre profissionais, con-
irregularidades detectadas no es- tribuindo inclu-
tabelecimento sob sua responsa-
bilidade técnica, evitando desta
forma prejuízos à saúde do usuário
de medicamentos e a instauração
de Processos Éticos Disciplinares.
O departamento também tem como
atribuição esclarecer dúvidas sobre
questões técnicas e legais.
13
sive para sua reciclagem e aprimora- bui para o uso racional de medi-
mento por meio dos inúmeros cursos, camentos e com as políticas de
seminários e congressos promovidos. saúde, evitando inclusive sobre-
Nessa busca constante para carga no sistema público (hospi-
que o farmacêutico atue e volte tais e unidades básicas).
a ser reconhecido pela própria
população como um profissional • Relação de Produtos não relacio-
de saúde, e a Farmácia um esta- nados à Saúde (alheios)
belecimento de Saúde, o CRF-SP
desenvolveu algumas estratégias Para o CRF-SP, a venda de pro-
de atuação: dutos alheios à saúde, além de
ser uma infração sanitária, fere
• Programa Farmácias Notifi- os princípios éticos da profissão
14 cadoras e não contribui para a imagem
da farmácia como um estabeleci-
O CRF-SP estabeleceu uma mento de promoção e recupera-
parceria pioneira com o Centro ção da saúde.
de Vigilância Sanitária do Estado
de São Paulo (CVS-SP) e a Agên- • Fracionamento de Medicamentos
cia Nacional de Vigilância Sani-
tária (Anvisa) para implantação O CRF-SP criou um Grupo de Tra-
do Projeto de Farmacovigilância balho para discutir o Fracionamen-
denominado Farmácias Notifica- to e elaborar um projeto, com o
doras. Com esse projeto, o far- intuito de divulgar e conscientizar,
macêutico incorporou mais uma incentivar e esclarecer ao profissio-
impor tante função no seu dia-a- nal Farmacêutico a importância de
dia nas farmácias e drogarias: aderir ao fracionamento e o concei-
detectar eventuais efeitos adver- to da racionalidade do medicamen-
sos e outros problemas associa- to. E também estimular a efetiva
dos a medicamentos. implantação nos estabelecimentos
Dessa forma, torna-se cada vez farmacêuticos localizados no Esta-
mais um profissional que contri- do de São Paulo.
14
• C am pan has de Educação em • Núcleo de Educação Permanente
Saúd e (NEP)

Projeto que mobiliza os pro- Este departamento foi criado


fissionais e estabelecimentos pelo CRF-SP em agosto de 2006
na orientação dos usuários so- com o objetivo de promover a atua-
bre sintomas e fatores de risco e lização do Farmacêutico, buscando
prevenção de algumas doenças. sua valorização e integração com
Temas já abordados: Diabetes, as necessidades vigentes da práti-
DST/AIDS, Hiper tensão Ar terial, ca profissional.
Câncer de Pele, Asma, Obesida- Assim, o farmacêutico, como qual-
de e Dengue. quer outro profissional, para atingir a
excelência, deve deter ótimo conheci-
• Semana de Assistência Farma- mento técnico, estar em constante atu- 15
cêutica (SAF) alização e atuar em concordância com
os preceitos legais e éticos vigentes.
Desde 2001, de acordo com a
Lei 10.687/00, o CRF-SP realiza 3. Aspectos Legais
a Semana de Assistência Farma-
cêutica (SAF) nos estabelecimen- 3.1. Constituição Federal
tos oficiais de ensino fundamen-
tal e médio do Estado de São No Brasil, o Governo vem, ao longo
Paulo. Uma das finalidades da dos anos, reconhecendo a importân-
semana é mostrar aos estudantes cia do profissional farmacêutico na
e à população que a Assistência garantia da assistência farmacêutica
Farmacêutica é um direito funda- e da qualidade de produtos e serviços
mental, desper tando a sociedade prestados à população pelos estabele-
para a atuação do farmacêutico, cimentos farmacêuticos.
e contribuindo na formação dos A saúde é direito constitucional-
alunos com impor tantes informa- mente garantido à população, con-
ções de temas de relevância para forme disposto no artigo 6º e 196 da
a saúde pública. Constituição Federal:
15
Art. 6º - São direitos sociais a
educação, a saúde, o trabalho, a
moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assis-
tência aos desamparados, na for-
ma desta Constituição. (grifamos)

Art. 196 - A saúde é direito de to- 3.2. Código de defesa do Consumidor


dos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econô- O Código de defesa do Consumidor, que
micas que visem à redução do ris- estabelece os direitos e deveres do con-
co de doença e de outros agravos e sumidor e dos fornecedores de serviços e
16 ao acesso universal e igualitário às produtos, visando à proteção dos direitos
ações e serviços para sua promo- básicos do cidadão, estabelece que:
ção, proteção e recuperação.
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
Tanto a Constituição Federal
quanto a Lei 8.080/90, que regula- I - a proteção da vida, saúde e segurança
menta o artigo 196 da Constituição contra os riscos provocados por práticas no
Federal, garantem a todo cidadão fornecimento de produtos e serviços consi-
o direito ao medicamento e a um derados perigosos ou nocivos;
serviço que busque o uso racional III - a informação adequada e clara sobre os
dos mesmos. A correta dispensa- diferentes produtos e serviços, com especi-
ção de medicamento e assistência ficação correta de quantidade, característi-
farmacêutica são instrumentos de cas, composição, qualidade e preço, bem
saúde, tanto no aspecto curativo como sobre os riscos que apresentem;
quanto preventivo, principalmente
quando se trata de doenças crôni- Art. 12 - O fabricante, o produtor, o cons-
co-degenerativas (seu controle, mi- trutor, nacional ou estrangeiro, e o impor-
nimização de seqüelas e promoção tador respondem, independentemente
de reabilitação). da existência de culpa, pela reparação
16
individual ou coletiva, à higiene pessoal ou
de ambientes, ou a fins diagnósticos e ana-
líticos, os cosméticos e perfumes, e ainda,
os produtos dietéticos, óticos, de acústica
médica, odontológicos e veterinários.
Diga-se ainda que o artigo 15 da Lei
5.991/73 determina a obrigatoriedade do
dos danos causados aos consumidores funcionamento de farmácias e drogarias
por defeitos decorrentes de projeto, fabri- sob a responsabilidade técnica de um pro-
cação, construção, montagem, fórmulas, fissional farmacêutico, in verbis.
manipulação, apresentação ou acondi-
cionamento de seus produtos, bem como Art. 15 - A farmácia e a drogaria terão, obri-
por informações insuficientes ou inade- gatoriamente, assistência de técnico res-
quadas sobre sua utilização e riscos. ponsável, inscrito no Conselho Regional de 17
Farmácia, na forma da Lei.
3.3. Lei nº 5.991/73
§ 1º - A presença de técnico responsável
XI – Drogaria - estabelecimento de dis- será obrigatória durante todo o horário de
pensação e comércio de drogas, medica- funcionamento do estabelecimento.
mentos, insumos farmacêuticos e correla-
tos em suas embalagens originais; 3.4. Decreto nº 74.170/74
X – Farmácia - estabelecimento de manipu-
lação de fórmulas magistrais e oficinais, de Art 4º - É permitido às farmácias e drogarias
comércio de drogas, medicamentos, insumos exercerem o comércio de determinados cor-
farmacêuticos e correlatos, compreendendo relatos, como aparelhos e acessórios usados
o de dispensação e o de atendimento privati- para fins terapêuticos ou de correção estéti-
vo de unidade hospitalar ou de qualquer ou- ca, produtos utilizados para fins diagnósti-
tra equivalente de assistência médica; cos e analíticos, de higiene pessoal ou de
IV – Correlato - a substância, produto, apa- ambiente, o de cosméticos e perfumes, os
relho ou acessório não enquadrado nos dietéticos mencionados no parágrafo único
conceitos anteriores, cujo uso ou aplicação in fine do artigo anterior, os produtos óticos,
esteja ligado à defesa e proteção da saúde de acústica médica, odontológicos, veteri-
17
trais e farmacopéicas, quando a serviço
do público em geral ou mesmo de natu-
reza privada.

3.6. Lei nº 9.787/99 e Resolução


391/99

Ressalte-se ainda a Lei nº 9.787, de


10 de fevereiro de 1999, que estabele-
ceu as bases legais para a instituição
do medicamento genérico no país, atra-
vés da Resolução 391/99 da Agência
18 Nacional da Vigilância Sanitária, que
prevê que a intercambialidade dos me-
nários e outros, desde que observa- dicamentos de marca pelos genéricos
da a legislação específica federal e a só poderá ser desempenhada pelo pro-
supletiva, pertinente, dos Estados do fissional farmacêutico, posto que este é
Distrito Federal e dos Territórios. o único profissional habilitado, capacita-
do e eticamente comprometido para o
3.5. Decreto nº 85.878/81 desempenho de tal atividade.

A dispensação de medicamentos é ati- Resolução nº 391/99, item 6:


vidade privativa do profissional Farmacêu-
tico, conforme dispõe o art. 1º, inciso I, do a) Será permitida ao profissional farmacêu-
Decreto 85.878, de 07/04/1981: tico a substituição do medicamentos pres-
crito, exclusivamente, pelo medicamento
Art. 1º - São atribuições privativas do pro- genérico correspondente, salvo restrições
fissional farmacêutico: expressas pelo profissional prescritor.

I - desempenho de funções de dispensa- d) é dever do profissional farmacêutico


ção ou manipulação de fórmulas magis- explicar detalhadamente a dispensação
18
realizada ao paciente ou usuário, bem garias, estabelece no seu Regulamento
como fornecer toda a orientação neces- Técnico, que institui as boas práticas de
sária ao consumo racional do medica- dispensação para farmácias e drogarias,
mento genérico. que o farmacêutico é o profissional res-
ponsável pela dispensação, conforme se
3.7. Portaria nº 344/98 depreende das disposições que segue:

Observa-se ainda o disposto na 4. DEFINIÇÕES:


Portaria nº 344/98, de 12 de maio de 4.4.Responsável Técnico - profissional habili-
1998 do Ministério da Saúde, que ao tado inscrito no Conselho Regional de Farmá-
referir-se à guarda de medicamentos cia, na forma da lei.
controlados, descreve:
6.RESPONSABILIDADES E ATRIBUIÇÕES
Capítulo VII - DA GUARDA 19
6.1.O farmacêutico é o responsável
Art. 67 – As substâncias constantes das lis- pela supervisão da dispensação, deve
tas deste Regulamento Técnico e de suas possuir conhecimento científico e estar
atualizações, bem como os medicamentos capacitado para a atividade.
que as contenham, existentes nos estabele-
cimentos, deverão ser obrigatoriamente guar- 3.9. Resolução RDC nº 67/07
dados sob chave ou outro dispositivo que ofe-
reça segurança, em local exclusivo para este A RDC 67/2007 da Agência Nacional
fim, SOB A RESPONSABILIDADE DO FARMA- de Vigilância Sanitária, também esta-
CÊUTICO ou químico responsável, quando se belece atribuições do farmacêutico:
tratar de indústria farmoquímica.

3.8. Resolução nº 328/99

A Resolução nº 328, de 22 de julho de


1999, que dispõe sobre requisitos exigi-
dos para a dispensação de produtos de
interesse à saúde em farmácias e dro-
19
2.11.8. Dispensação mediante atenção vigilância e os destinados ao desen-
farmacêutica com acompanhamento do volvimento de novas preparações;
paciente, que consiste na avaliação e moni-
o) informar às autoridades sanitárias a ocor-
torização do uso correto do medicamento;rência de reações adversas e/ou interações
acompanhamento este realizado pelo farma-
medicamentosas não previstas;
cêutico e por outros profissionais de saúde.
s) guardar as substâncias sujeitas a controle
especial e medicamentos que as contenham,
3.1.1. Do Farmacêutico. de acordo com a legislação em vigor;
O farmacêutico, responsável pela su- t) prestar assistência e atenção farmacêutica
pervisão da manipulação e pela apli- necessárias aos pacientes, objetivando o uso
cação das normas de Boas Práticas, correto dos produtos;
deve possuir conhecimentos científi-
cos sobre as atividades desenvolvidas 5.18. Responsabilidade Técnica.
20 pelo estabelecimento, previstas nesta 5.18.1. O Responsável pela manipulação,
Resolução, sendo suas atribuições: inclusive pela avaliação das prescrições é o
e) avaliar a prescrição quanto à con- farmacêutico, com registro no seu respectivo
centração e compatibilidade físico-quí- Conselho Regional de Farmácia.
mica dos componentes, dose e via de 5.18.1.1. A avaliação farmacêutica das
administração, forma farmacêutica e o prescrições, quanto à concentração, viabi-
grau de risco; lidade e compatibilidade físico-química e
n) participar de estudos de farmaco- farmacológica dos componentes, dose e
via de administração, deve ser feita antes
do início da manipulação.

14. DISPENSAÇÃO.
14.1. O farmacêutico deve prestar orienta-
ção farmacêutica necessária aos pacientes,
objetivando o uso correto dos produtos.

14.2. Todas as receitas aviadas devem ser


carimbadas pela farmácia, com identificação
do estabelecimento, data da dispensação e
20
número de registro da manipulação, de for- as Boas Práticas de Dispensação em Far-
ma a comprovar o aviamento. mácias e Drogarias passa a vigorar com a
seguinte redação:
15.7. Atendimento a reclamações.
Toda reclamação referente a desvio de qua- 5.4. É vedado à farmácia e drogaria:
lidade dos produtos manipulados deve ser .........................................
registrada com o nome e dados pessoais do 5.4.2 Expor a venda produtos alheios aos
paciente, do prescritor, descrição do produto, conceitos de medicamento, cosmético,
número de registro da formulação no Livro de produto para saúde e acessórios, alimen-
Receituário, natureza da reclamação e res- to para fins especiais, alimento com alega-
ponsável pela reclamação, ficando o farma- ção de propriedade funcional e alimento
cêutico responsável pela investigação, toma- com alegação de propriedades de saúde;
da de medidas corretivas e esclarecimentos
ao reclamante, efetuando também os regis- 3.11. Resoluções RDC nº 308/97 21
tros das providências tomadas. e 357/03

3.10. Resolução RDC nº 173/03 O Conselho Federal de Farmácia,


por sua vez, a fim de regular a atri-
Art. 1º - O item 5 do Anexo da Resolução - buição do profissional farmacêutico
RDC n.º 328, de 22 de julho de 1999, que em zelar pela saúde pública, pro-
trata do Regulamento Técnico que Institui movendo a assistência farmacêuti-
ca, editou as Resoluções 308/97 e
357/03, que entre outros prevê:

RESOLUÇÃO 308 de 02/05/1997

Artigo 1º - Compreende-se por as-


sistência farmacêutica, para fins
desta resolução, o conjunto de
ações e serviços com vistas a as-
segurar a assistência terapêutica
integral, a promoção e recuperação
21
de saúde, nos estabelecimentos ANEXO I
públicos e privados que desem- BOAS PRÁTICAS EM FARMÁCIA
penham atividades de projeto,
pesquisa, manipulação, produ- Ar tigo 3º - É permitido ao far-
ção, conservação, dispensação, macêutico, quando no exercício
distribuição, garantia e controle da assistência e direção técni-
de qualidade, vigilância sanitária ca em drogaria:
e epidemiológica de medicamen- IV) promover ações de informação e
tos e produtos farmacêuticos. educação sanitária;
6.20) Assistência Farmacêutica - é
Artigo 5º - Cabe ao farmacêuti- o conjunto de ações e serviços que
co: visam assegurar a assistência in-
tegral, a promoção, a proteção e a
22 a) promover a educação dos pro- recuperação da saúde nos estabe-
fissionais de saúde e pacientes; lecimentos públicos ou privados, de-
b) “par ticipar ativamente em pro- sempenhados pelo farmacêutico ou
gramas educacionais de saúde sob sua supervisão.
pública, promovendo o uso racio-
nal de medicamentos...” (G.N.) 3.12. Resolução nº 467/07

RESOLUÇÃO N.º 357 de 20 de Art. 5º - No âmbito de seu mister,


abril de 2001 o Farmacêutico é responsável e
competente para definir, aplicar
Ar tigo 1º - Aprovar as BOAS e supervisionar os procedimen-
PRÁTICAS EM FARMÁCIA , nos tos operacionais e farmacotécni-
termos do Anexo “I”, “II” e “III” cos estabelecidos no processo de
desta Resolução, constantes de manipulação magistral, e ainda,
boas práticas de farmácia, ficha pelas funções que delegar a ter-
de consentimento informado e ceiros, cabendo-lhe na autono-
ficha de verificação das condi- mia de seu exercício profissional,
ções do exercício profissional, cumprir e fazer cumprir, as atri-
respectivamente. buições deste artigo:
22
Art. 7º - O farmacêutico é obrigado
a oferecer orientação técnica ao
consumidor ou usuário de medica-
mento, cabendo-lhe nesse mister,
cumprir e fazer cumprir as disposi-
ções deste artigo.
§ 1º - O farmacêutico é o profissio-
nal qualificado para o fornecimen-
to de todas as informações sobre
o medicamento.
§ 2º - No exercício dessa ativi-
dade, compete ao farmacêuti-
co fornecer as informações que
se fizerem necessárias ao uso, 23
adotando os seguintes procedi-
mentos:
§ 4º - Fornecer toda a informação
necessária ao usuário sobre o con-
sumo racional do medicamento.
§ 5º - Controlar as reclamações
com investigação das possíveis
causas .
i) Avaliar a prescrição quanto à concen- § 6º - Controlar o arquivo de recla-
tração, compatibilidade físico-química, mações / informações.
dose, via de administração e forma far- § 7º - Promover a melhoria contí-
macêutica e decidir sobre o aviamento; nua no atendimento aos clientes.
q) Participar de estudos de farmaco-
vigilância; Art. 8º - É dever do farmacêutico
r) Informar às autoridades sanitá- prestar assistência técnica neces-
rias a ocorrência de reações adver- sária para realização de todas as
sas e/ou interações medicamento- etapas do processo de manipula-
sas, não previstas; ção magistral.
23
Art. 10 - Quando do aviamento de re- clusivamente com objetivo comercial
ceita, cabe ao farmacêutico cumprir (...)
e fazer cumprir as determinações Art. 10 – O farmacêutico deve cum-
deste artigo: prir as disposições legais que disci-
a) Quando a dose ou posologia dos plinam a prática profissional no País,
medicamentos prescritos ultrapassar sob pena de advertência.
os limites farmacológicos ou a pres- Art. 11 - O farmacêutico, durante o
crição apresentar interações, o far- tempo em que permanecer inscrito
macêutico deve solicitar confirmação em um Conselho Regional de Farmá-
do profissional prescritor, registrar as cia, independentemente de estar ou
alterações realizadas e decidir sobre não no exercício efetivo da profissão,
o aviamento. Na ausência ou negati- deve:
va de confirmação, a prescrição não (...)
24 deve ser aviada. III. exercer a assistência farmacêu-
tica e fornecer informações ao usu-
Art. 11 - Cabe ao farmacêutico infor- ário dos serviços;
mar, aconselhar e orientar o usuário (...)
quanto ao uso racional de medica- IX. contribuir para a promoção da
mento, inclusive quanto a interação saúde individual e coletiva, principal-
com outros medicamentos e alimen- mente no campo da prevenção, so-
tos, o reconhecimento de reações ad- bretudo quando, nessa área, desem-
versas potenciais e as condições de penhar cargo ou função pública;
conservação, guarda e descarte dos
produtos.

3.13. Resolução nº 417/04 do CFF,


que aprova o Código de Ética da Pro-
fissão Farmacêutica, dispõe:

Art. 8° - A profissão farmacêutica, em


qualquer circunstância ou de qual-
quer forma, não pode ser exercida ex-
24
A farmácia, como estabeleci-
mento de saúde, deve permitir
que o farmacêutico pratique in-
tegralmente o disposto nestas
normas, sobretudo no Código de
Ética que, em suma, determina:

a) que o interesse na saúde do 4. Aspectos Técnicos


usuário não seja subjugado por
questões comerciais como “des- No Brasil, com o advento do Sis-
contos” e venda de produtos sem tema Único de Saúde (1988) e nos
relação com a saúde. últimos 10 anos, com as Políticas Na-
cionais de Medicamentos (1998) e
b) que a assistência farmacêutica de Assistência Farmacêutica (2004), 25
contemple as ações englobadas a criação da Agência Nacional de Vi-
na sua definição, como a promo- gilância Sanitária e definição do Sis-
ção da saúde, prevenção e uso ra- tema Nacional de Vigilância Sanitária
cional de medicamentos, além de (1999) teve o fortalecimento da regu-
ser acompanhada do fornecimen- lação e das instâncias governamen-
to de informação ao usuário. tais relacionadas à área farmacêutica
no país, de forma a modificar consi-
Apesar da publicação dessas deravelmente a qualidade e o acesso
normas é constatada grande aos medicamentos disponíveis. Nesse
discrepância no entendimento âmbito, tivemos também a publicação
e na aplicação pelos Estados e da proposta do Consenso Brasileiro
municípios quanto aos produtos de Atenção Farmacêutica (2002), das
e ser viços que podem ser ofere- Boas Práticas em Farmácia – em am-
cidos em farmácias e drogarias. bientes comunitários e hospitalares
Alguns Estados e municípios (2004) e do relatório final da 1ª Con-
editaram legislação própria, por ferência Nacional de Medicamentos e
vezes, conflitantes com as nor- Assistência Farmacêutica (2005).
mas citadas. No âmbito internacional podemos
25
citar as reuniões da Organização são da prática f armacêutica é
Mundial da Saúde (OMS) em Nova pr over m edicam entos e outr os
Delhi (Índia) em 1988 e em Tó- pr odutos e ser v iços de saúde
quio (Japão), em 1993. e auxiliar as pessoas e a so-
Ainda em 1993, o Congres- ciedade a utilizá-los da melhor
so da Federação Internacional f orma possível” .
de Farmacêuticos (FIP) adotou Neste contexto, propõe-se
o documento como Boas Práti- a reorientação dos estabele-
cas em Farmácia, em ambientes cimentos farmacêuticos como
comunitários e hospitalares. estabelecimentos de saúde,
Em 1996, a OMS publicou seu c o m o fo r t a l e c i m e n t o d a a s -
texto com mesmo título, consi- sistência farmacêutica, so-
derando aquele apresentado bretudo a dispensação e a uti-
26 pela FIP. Em 2006, a OMS pu- lização consciente e racional
blicou o “Handbook Developing do medicamento.
Pharmacy Practice: a focus on No entanto, na legislação
patient care” como referência sanitária vigente, a farmácia
para a reorientação da educa- e a drogaria privada ainda são
ção e da prática farmacêutica entendidas como um estabe-
e a incorporação da atenção lecimento comercial, a rea-
farmacêutica nas atividades do lização de acompanhamento
profissional farmacêutico. farmacoterapêutico e proce-
A d ef i n i ção de aten ção far- dimentos relacionados nesses
m acêutica mais conh ecida é estabelecimentos não estão
a de Hep l er e Stran d (19 90). regulamentados.
E m reun i ão d e esp ecialistas,
a O MS amp l i ou o escopo desta
p r át i ca, ten d o como benef ici-
á r io não somente o indivíduo,
m as a população como um todo.
C onforme estabelecido pela
O M S ( 1996) em T óqui o, “A mis -
26
4.1. Política Nacional de Medicamentos

A Política Nacional de Medicamen-


tos foi publicada por meio da Porta-
ria GM Nº 3.916, de 30 de outubro
de 1998. Abaixo se destacam trechos
No âmbito do Sistema Único de Saúde, pertinentes à proposta de resolução
historicamente, houve o entendimento de em epígrafe:
assistência farmacêutica como sinônimo de (...)
distribuição de medicamentos, com pouca Art. 2º - Determinar que os órgãos e
ênfase na estruturação e qualificação de ser- entidades do Ministério da Saúde,
viços. Esta situação vem se modificando com cujas ações se relacionem com o
a aprovação da Política Nacional de Assistên- tema objeto da Política agora aprova-
cia Farmacêutica e com o Pacto Pela Vida. da, promovam a elaboração ou a rea- 27
Já para a Vigilância Sanitária, a dispensação dequação de seus planos, programas,
e a atenção farmacêutica estão diretamente projetos e atividades na conformidade
relacionadas, principalmente, à regulação dos das diretrizes, prioridades e responsa-
medicamentos e serviços farmacêuticos e à bilidades nela estabelecidas.
farmacovigilância, com importantes interfaces (...)
normativas e de fortalecimento de práticas, que 3.3. Reorientação da Assistência
precisam ser mais aprofundadas e revistas. Farmacêutica
POLÍTICAS DE SAÚDE
O modelo de assistência farmacêutica
será reorientado de modo a que não se
POLÍTICA NACIONAL DE
POLÍTICAS NACIONAL restrinja à aquisição e à distribuição de
DE ASSISTÊNCIA
MEDICAMENTOS (1998)
FARMACÊUTICA (2004)
medicamentos. As ações incluídas nesse
campo da assistência terão por objetivo
PLANO NACIONAL DE SAÚDE (2004)
implementar, no âmbito das três esferas
CPI DE MEDICAMENTOS: RECOMENDAÇÕES (2000) do SUS, todas as atividades relacionadas
I CONFERÊNCIA NACIONAL DE VISA (2001) à promoção do acesso da população aos
CONSENSO BRASILEIRO DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA (2002) medicamentos essenciais.
A reorientação do modelo de as-
I CONFERÊNCIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA (2003)
sistência farmacêutica, coordenada e
27
disciplinada em âmbito nacional pe- pitalares e unidades de dispensação,
los três gestores do Sistema, deverá em todas as esferas de governo e na
estar fundamentada: iniciativa privada, bem como oferecer
na descentralização da gestão; condições ideais de trabalho.
na promoção do uso racional dos
medicamentos; • Atuar junto aos órgãos governamen-
(...) tais e ao Congresso Nacional no sen-
tido de garantir que a farmácia esteja
4.2. 1ª Conferência Nacional integrada ao sistema de atendimento
de Medicamentos e Assistência primário de saúde, de acordo com o
Farmacêutica preconizado pela OMS, Resolução no
357/01 do Conselho Federal de Far-
A 1ª Conferência Nacional de Medi- mácia, e na qual a Atenção Farmacêu-
28 camentos e Assistência Farmacêutica tica seja instrumento para melhorar a
foi realizada em setembro de 2003. qualidade de vida da comunidade.
Seu relatório final foi publicado em
2005, apresentando as propostas • Exigir que as farmácias e unidades bá-
aprovadas nessa Conferência. sicas tenham área exclusiva para medi-
Dentre as propostas relacionadas camentos e estruturas adequadas para
ao acesso à assistência farmacêutica, a execução da assistência e atenção far-
cabe destacar que essa Conferência macêutica e garantir o atendimento du-
aprovou as seguintes propostas que rante todo o período de funcionamento.
se relacionam ao tema aqui exposto:

• Exigir oficialmente do poder públi-


co e privado a efetivação dos progra-
mas de Atenção Farmacêutica em
todos os níveis de assistência farma-
cêutica no Brasil.
• Garantir a Atenção Farmacêutica
integral em todas as farmácias, dro-
garias, dispensários, farmácias hos-
28
• Transformar o conceito de esta-
belecimentos farmacêuticos priva-
dos em estabelecimentos de ser-
viço de saúde integrados ao SUS
de forma complementar, conforme
legislação vigente.

Dentre as propostas relacionadas à


qualidade na assistência farmacêuti- 4.3. Política Nacional de Assistência
ca, destacamos a seguinte: Farmacêutica

• Qualificar o atendimento em saú- A Política Nacional de Assistência


de, estimulando a realização de Farmacêutica foi aprovada pelo
programas, por meio de profissional Conselho Nacional de Saúde pela 29
habilitado, visando à promoção e à Resolução no 338, de 06 de maio
regulamentação da atenção farma- de 2004, considerando as delibe-
cêutica no SUS como mecanismo rações da 12ª Conferência Nacio-
de acompanhamento, avaliação e nal de Saúde e da 1ª Conferência
monitoramento da terapêutica, de Nacional de Medicamentos e As-
problemas relacionados a medica- sistência Farmacêutica, conforme
mentos, incluindo os tratamentos trechos a seguir:
com medicamentos de baixa mar-
gem de segurança, os pacientes ca- Art. 1 - Aprovar a Política Nacio-
dastrados nos programas de saúde, nal de Assistência Farmacêutica,
objetivando a adesão ao tratamen- estabelecida com base nos se-
to e o uso racional, visando à pro- guintes princípios:
moção à saúde, tanto aos pacien- (...)
tes hospitalizados, como em regime III - a As s is tência Far macêu-
de semi-internação e ambulatorial, tica tr ata de um conjunto de
bem como diminuir a automedicação ações voltadas à promoção,
e, por conseqüência, o uso indiscri- proteção e r ecuper ação da s aú -
minado de medicamentos. de, tanto indiv idual com o co-
29
l et i v a , t e n d o o m e d i c a m e n - saúde. É a interação direta do
to como insumo essencial farmacêutico com o usuário,
e visando ao acesso e seu v is ando a um a far m acoter apia
uso racional. r acional e a obtenção de r esul-
E s te c o n j u n to e nvo l ve a p e s - tados def inidos e mensuráveis,
q u i s a , o d e s e nvo l v i m e n to e a voltados para a melhori a da
p ro d u ç ã o d e m e d i c a m e n to s qualidade de v ida. Esta intera-
e insumos, bem como a sua ção também deve envolver as
s e l e ç ã o , p ro g r a m a ç ã o , a qu i - concepções dos seus sujeitos,
sição, distribuição, dispensa- r es peitadas as s uas especif i-
ç ã o , g a r a n t i a d a qu a l i d a d e d o s cidades bio-psico-sociais, sob
p ro d u to s e s e r v i ç o s , a c o m p a - a ótica da integr alidade das
n h a m e n to e ava l i a ç ã o d e s u a ações de saúde.
30 utilização, na perspectiva da (...)
o b te n ç ã o d e r e s u l t a d o s c o n - Ar t. 2 - A Política Nacional
c r e to s e d a m e l h o r i a d a qu a l i - d e A s s i s t ê n c i a Fa r m a c ê u t i c a
dade de vida da população; deve englobar os seguintes ei-
xos estratégicos:
IV - as ações de Assistência (...)
Fa r macêu ti ca envol vem aque- XIII - promoção do uso racional
la s referen tes à Aten ção Far ma- d e m e d i c a m e n t o s , p o r i n t e r-
c êut i ca, con si d erad a como um médio de ações que discipli-
m od el o d e p ráti ca farmacêuti- nem a prescrição, a dispensa-
c a , d esenvol vi d a n o contexto ção e o consumo.
d a Assistência Farmacêutica e
c omp reen den d o ati tudes , va- A proposta de alteração
l ores éticos, compor tamentos, da Resolução RDC n. 328/1999,
h a bilidades, comprom issos e em epígrafe, vai ao encontro
c o-resp on sab i l i dades na pr e - dos princípios e eixos estr até -
venção de doenças, promoção gicos estabelecidos na Res olu -
e recuperação da saúde, de ção n. 3 38/ 2004, do C ons elho
forma integrada à equipe de Nacional de S aúde.
30
4 . 4 . 1 ª C on ferên ci a N aci on al pos t as, dentre elas uma que
d e V ig ilâ nc i a San i t ári a diz respeito à necessidade de
um novo m odelo de farm ácia.
A 1 ª Con ferên ci a N aci o- S egue tr echo tr ans cr ito do r ela-
n a l d e V ig il ân ci a San i tári a, re - tór io f inal dess a C onfer ência.
a liz a d a em B rasí l i a, em n ovem-
b ro d e 2 0 01, foi marcad a p or 51 . Quanto à comercialização
d eb a tes s obre os avanços e de medicamentos, a Plenária
en t r aves no p rocesso de efeti - deliberou pela exigência de
va ç ã o d o S i stema N aci on al d e estabelecer um novo modelo
V i g i l â n c i a Sanitária. Envolveu de farmácia, que garanta ao
r ep r es e n t a ntes dos usuários do cidadão o direito à atenção
S is tem a d e Saúd e, trab al h ado- farmacêutica em estabeleci-
r es d e s a úde, gestores do SUS m e n t o c o m e r c i a l d i fe r e n c i a d o 31
e d o s eto r regulado público e como Unidade de Saúde, que
p r i va do , c on sti tui n d o-se n um atenda às diretrizes da Políti-
es p a ç o imp or t an te de reaf i rma- ca Nacional de Medicamentos,
ç ã o d os p r i ncípios e diretrizes devendo ser cumpridas as se-
d o S i s tem a Único de Saúde e guintes proposições:
d e p r á t i c a d emocrát i ca rep re-
s en t a da p el a amp l a mob i l i z a- a) Construir e implementar um
ç ã o d a s oc i edade brasileira em novo marco regulatório para os
tor n o d a s questões de saúde estabelecimentos farmacêuticos,
n o c omp o nen te vi g i l ân ci a san i - com definição de funções no âm-
t á r ia , d es de as etap as estad u- bito da recuperação, proteção e
a i s e m un i c ipais, apesar promoção da saúde, estabelecen-
d o b r eve esp aço de temp o en - do, junto às Secretarias de Fazen-
t r e a c onvocação e a realização da, mecanismos que caracterizem
d a C onfer ên ci a. a farmácia como unidade de saú-
A di s cussão sobre o tema de sujeita à observância de nor-
“ Pr o te çã o e Pr o mo ção d a Saú- mas sanitárias para a abertura da
de ” r e s ulto u e m dive r s as pr o - firma e critérios:
31
dial da Saúde divulgou documen-
to que trata das Boas Práticas
em Farmácia – em ambientes
comunitários e hospitalares.
Esse documento traz como
principais elementos:

1 . Atividades associadas à pro-


moção da saúde e prevenção de
enfermidades e alcance de obje-
tivos sanitários.
• de localização, segundo parâme-
tros recomendados pela Organiza- 2. Atividades associadas ao
32 ção Mundial da Saúde (OMS), em abastecimento e uso de medica-
conformidade com a necessidade mentos e itens para a adminis-
do município, deliberada pelo res- tração de medicamentos ou de
pectivo Conselho de Saúde; alguma forma relacionados com
o tratamento.
• de autorização de funciona-
mento de empresa, sob conces- 3. Atividades associadas ao
são da Vigilância Sanitária. auto-cuidado, incluindo orien-
tação sobre um medicamento
b) Proibir a comercialização de e, quando apropriado, dispen-
quaisquer medicamentos, inclu- sação de medicamento ou outro
sive fitoterápicos, em estabele- tratamento para os sintomas de
cimentos não farmacêuticos. enfermidades que podem ser
devidamente tratadas pelo pró-
4.5. Boas Práticas em Farmácia prio usuário.
– em ambientes comunitários e
hospitalares 4. Atividades associadas à influ-
ência na prescrição e no uso de
Em 1996, a Organização Mun- medicamentos.
32
5. Considerações Finais

Tendo em vista os esclareci-


mentos e fatos apresentados
pela história da prática e en-
sino farmacêutico, bem como
seus aspectos legais e técnicos,
a Diretoria deste Conselho, em
parceria com outras entidades
farmacêuticas, de saúde e da
sociedade civil, vem desenvol-
vendo uma intensa campanha do. Esta mudança, na medida em
para sensibilizar a população que significa uma transformação
brasileira sobre a impor tância radical e decisiva no per fil da far- 33
da farmácia como local de aten- mácia, demanda uma nova qua-
dimento e promoção da saúde, lificação dos serviços prestados
e não como simples estabeleci- pelos profissionais envolvidos.
mento comercial. Não apenas as farmácias, mas
A proposta é trabalhar na re- todos os estabelecimentos far-
orientação do estabelecimen- macêuticos devem primar pela
to farmacêutico direcionando-o promoção e proteção à saúde.
para Estabelecimento de Saú- Essa é a grande bandeira levan-
de, for talecendo a assistência tada pelo CRF-SP.
farmacêutica e o papel do far- Acreditamos em nossa missão
macêutico para uma dispensa- como Agentes de Saúde e con-
ção adequada e promoção do vidamos a população e toda a
uso racional dos medicamentos. categoria a exigir conosco que a
Para tanto se faz necessária farmácia cumpra o seu papel so-
uma reflexão dos conceitos, prin- cial de dispensadora acessível
cípios e fundamentos que regem não apenas de medicamentos,
os estabelecimentos hoje – tanto mas também de informações e
no setor público, como no priva- cuidados com a saúde.
33
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Fernanda Bettarello
Institui as Boas Práticas de Dis-
Linda Westphal
pensação em Farmácias e Dro-
Laise Ponce Leon Simões
garias. A Organização Jurídica
Maria Fernanda Carvalho
da Profissão Farmacêutica, 5ª
Marcelo Polacow Bisson
edição, Brasília, 2007.
Margarete Akemi Kishi
Marcos Machado Ferreira
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Marleide Lourenço da Silva
da Anvisa, de 08 de outubro de
Pedro Eduardo Menegasso
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Patrícia Simoni Barreto
cas de Manipulação de Prepa- Paola Almeida Frederico L. Calicchio
rações Magistrais e Oficinais Priscila Nogueira Camacho Dejuste
para uso humano em Farmácias. Rodinei Vieira Veloso
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39
Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo
Sede: Rua Capote Valente, 487 - Jardim América - São Paulo-SP - CEP 05409-001
Fone (11) 3067.1483 – www.crfsp.org.br

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