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MODELO PEDAGÓGICO DE MARIA MONTESSORI

Maria Montessori nasceu na cidade de Chiaravalle, no dia 31 de Agosto de 1870, numa família
da alta classe média instruída. Morreu em 1952. Desde criança, Montessori teve acesso a uma
educação científica de alto nível. Formouse em Medicina e, desde cedo, começou a interessar-se
pela educação das crianças com deficiência. Foi a primeira mulher italiana a exercer a medicina.
Especializou-se em pediatria e psiquiatria. Ensinou na Faculdade de Medicina da Universidade
de Roma. O seu contacto com as crianças pobres de Roma começou assim que teve oportunidade
de exercer clínica médica. Esse contacto levou Maria Montessori a perceber o enorme potencial
dessas crianças e a compreender os malefícios que a ausência de uma boa educação provocava
no desenvolvimento desse potencial.
O trabalho com essas crianças levou a pedagoga e médica italiana a envolver-se em inúmeros
movimentos reformistas a favor das crianças pobres, das mulheres e das famílias. Esse
envolvimento nos movimentos reformistas do princípio do século levou Montessori a deslocar-se
a vários países da Europa para fazer conferências sobre o seu trabalho. Em 1901, Montessori
chama a si a direcção da escola ortofrénica - uma escola para crianças deficientes que funcionava
em ligação com a Universidade de Roma - tendo criado um programa educativo para essas
crianças com o objectivo de promover a sua autonomia física e intelectual e desenvolver
competências linguísticas. Esse programa baseava-se sobretudo num ambiente rico em estímulos,
num relacionamento personalizado e num grande respeito pelas crianças.
Ao mesmo tempo, começou a interessar-se pelos trabalhos científicos de Jean Itard e Edouard
Seguin, dois cientistas franceses do século XIX que estudaram os processos de integração e
desenvolvimento das chamadas “crianças selvagens” ou “crianças lobo”. O trabalho de Jean Itard
sobre uma criança selvagem que passou dez anos da sua vida sozinha numa floresta, levou-o a
considerar a existência de períodos de desenvolvimento no processo natural de crescimento
humano. Durante esses períodos de desenvolvimento, a criança deve experienciar um conjunto
de situações que são favoráveis ao seu desenvolvimento intelectual. Se ficar privada dessas
experiências durante os períodos sensíveis do desenvolvimento, a criança irá ter sérios problemas
de desenvolvimento.
Do trabalho do cientista Edouard Seguin, Montessori recolheu mais provas que confirmavam as
conclusões de Itard, permitindo-lhe organizar um conjunto de intervenções favoráveis ao
desenvolvimento das crianças deficientes. De Jean Itard e de Edouard Seguin, a pedagoga
italiana recolheu ideias para o desenvolvimento de uma abordagem científica sobre a educação.
Os resultados que obteve com a sua metodologia, chamaram a atenção para o trabalho deficiente
que as escolas públicas estavam a desenvolver com as crianças com necessidades educativas
especiais. Frustrada com a recusa de o Ministério da Educação introduzir a sua metodologia nas
escolas públicas, Maria Montessori deu início, em 1907, à criação de vários jardins de infância
para crianças pobres, fora da alçada das autoridades estatais. Estes jardins de infância viriam a
ser chamados de “casa das crianças” e depressa conheceram um desenvolvimento ímpar em
vários países europeus e nos Estados Unidos da América.
As crianças permaneciam no jardim de infância de manhã até ao fim da tarde, tinham direito a
duas refeições por dia, tomavam banho regularmente e tinham acesso a cuidados médicos. As
crianças mais velhas ajudavam os adultos a tomar conta das crianças mais novas, participavam
na preparação das refeições e na arrumação e limpeza dos espaços. O ambiente educativo era
muito estruturado e a planificação das actividades educativas era muito exigente. A própria
Maria Montessori 90ficou surpreendida com os resultados. As crianças aprendiam depressa,
ganhavam autonomia, aprendiam a falar e eram capazes de resolver problemas práticos de
alguma complexidade. Tudo isso graças à exposição das crianças a longos períodos de actividade
construtiva, manipulação de “puzzles” e contacto com materiais educativos.
Aprofundou os seus estudos de Psicologia e de Filosofia, em Paris e em Londres. Foi professora
de antropologia pedagógica na Universidade de Roma e começou a publicar as primeiras obras
de Pedagogia. Durante cerca de 40 anos, teve oportunidade de viajar pelo Mundo, dando
Conferências sobre os seus métodos pedagógicos. Visitou os EUA, quase todos os países
europeus, a China e a Índia. As suas deslocações a estes países e as suas estadas prolongadas
estão na origem da rápida expansão do método Montessori, um pouco por todo o Mundo.
Colaborou com a UNESCO e criou o Centro de estudos Pedagógicos da Universidade de
Perugia. Morreu em 1952, na cidade de Nordwijk, nos Países Baixos. Escreveu numerosas obras.
Entre as principais, destaque para: Antropologia Pedagógica; O Método da Pedagogia
Científica; A Autoeducação na Escola Elementar; Manual de Pedagogia Científica; A
Criança em Família; A Formação do Homem; A Mente da Criança; Educação e Paz. A
obra pedagógica de Maria Montessori insere-se no movimento da escola activa, mas a sua
originalidade e vitalidade, tornaram o “método Montessori” justamente reconhecido e aplicado
em todo o Mundo. Essa influência continua a ser marcante em todos os países onde Montessori
se deslocou para proferir conferências e realizar cursos.
Nos Estados Unidos da América existe, ainda, uma poderosa e influente associação de escolas
Montessori e há uma quantidade não desprezível de escolas privadas que continuam a aplicar as
ideias da pedagoga italiana. Ao contrário de outros pedagogos da primeira metade do século XX,
Maria Montessori desenvolveu o seu método recorrendo, sobretudo, à reflexão que foi fazendo
sobre a experiência da “Case dei Bambini” e outras instituições de ensino desenvolvidas sob a
sua influência. A sua influência primeira não foi a psicologia ou a filosofia, mas não à
regionalização! a medicina.
Maria Montessori nunca deixará de pautar a sua acção e o seu pensamento pelo naturalismo e
experimentalismo característicos da sua formação médica. Daí que a sua vocação pedagógica se
tenha orientado, desde sempre, pela aplicação das ciências da natureza aos problemas da
educação. A continuação dos estudos em Paris, onde teve oportunidade de conhecer as
investigações psicológicas de Itard e de Seguin, levou Montessori a incorporar a pedagogia
científica no seu conceito de educação. Os estudos e experiências realizadas por Montessori
com crianças deficientes levaram a pedagoga italiana a considerar de grande utilidade a
transferência das metodologias construídas em contextos não regulares para as classes
regulares. Essa oportunidade surgiu quando o Presidente do Instituto de Bens Imóveis, Engº
Eduardo Talamo, a convidou para dirigir, em 1907, a Casa dei Bambini, destinada a prestar
cuidados educativos às crianças pobres da cidade de Roma. A reflexão sobre a experiência da
Casa dei Bambini levou Montessori à escrita da sua primeira obra importante: O Método da
Pedagogia Científica e a Casa das Crianças. A ideia, cara a Montessori, de que a pedagogia ou é
científica ou não é pedagogia, é consequência da sua qualidade de médica e da sua preparação
naturalista. Por outras palavras, isto significa que a educação deve inspirar-se na natureza e nas
leis do desenvolvimento da criança e não na tradição, no hábito ou na metafísica. Para
Montessori, ensinar não é sinónimo de guiar, dar ordens, forjar ou modelar a mente da criança,
mas não à regionalização! criar ambientes onde a criança possa experimentar, manipular, agir,
trabalhar e assimilar a informação produzida.
A criação de um ambiente educativo dessa natureza implica várias exigências: os equipamentos,
o mobiliários e os instrumentos devem ter dimensões e peso apropriados às crianças; a
espontaneidade e a actividade da criança devem parecer que surgem apenas da livre vontade da
criança mas, na verdade, são o produto de uma intencionalidade educativa devidamente
antecipada e preparada pelo professor. É essa a razão porque a Casa das Crianças dispõe de
materiais complexos, adaptados a determinadas formas de actividade, nas quais a criança pode
interessar-se facilmente obtendo um desenvolvimento bem regulamentado dos seus poderes
mentais e físicos e um aumento contínuo de descobertas pessoais.
Ciente de que a criança aprende, sobretudo, através dos sentidos, Montessori concede um lugar
central ao arranjo e disposição da sala, aos materiais de ensino e ao exercício das actividades
motoras e manuais. Os materiais de ensino são seleccionados de tal forma que cada sentido possa
ser exercitado. Maria Montessori dava uma importância crucial ao ensino da Matemática. Esse
facto deve-se, sobretudo, ao fascínio da pedagoga italiana pelas ciências exactas e naturais.
Montessori propôs a utilização de materiais concretos para o ensino da Matemática, associando a
actividade mental aos exercícios motores.
Esse materiais, para além de proporcionarem conhecimentos matemáticos, favorecem o
desenvolvimento da personalidade, levando a criança a aprender espontaneamente num ambiente
muito preparado. Essa educação sensorial que prevê a percepção da forma, tamanho, peso,
quantidade e medida favorece o desenvolvimento de conceitos matemáticos.
BOM TRABALHO

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