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ESCOLAS PENAIS..............................................................................................8
SISTEMAS PENAIS...........................................................................................13
FUNÇÕES DA PENA.........................................................................................16
SISTEMAS PENITENCIÁRIOS........................................................................18
NORMA PENAL................................................................................................19
CONCEITO DE CRIME.....................................................................................25
FATO TÍPICO.....................................................................................................28
A Conduta Punível...........................................................................................28
Omissão...........................................................................................................30
Relação de Causalidade...................................................................................30
Tipo e Tipicidade.............................................................................................31
ANTIJURIDICIDADE........................................................................................36
Causas de Justificação.....................................................................................36
CULPABILIDADE.............................................................................................39
Excludentes de culpabilidade..........................................................................40
Princípios Estruturantes
Princípios Especiais
Constitucionais
Regras Constitucionais
Regras Infraconstitucionais
Princípios Estruturantes:
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (CF, art. 1º, III): um princípio de
caráter semântico muito vasto, que constitui fundamento da República. Os principais
reflexos no âmbito penal apontados pela doutrina são
- proibição de incriminação de condutas socialmente inofensivas;
- vedação de tratamento degradante, desumano, ou cruel.
Jurisprudência específica:
a) prisão domiciliar concedida a paciente em grave estado de saúde (STF, HC
98.675, Rel. Min. Eros Grau, j. 09.06.2009);
b) aplicação do princípio da insignificância ao consumo de pequena quantidade
de substância entorpecente em jurisdição militar (STF, HC 94.685, Rel. Min. Ellen
Gracie, j. 11.11.2010);
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Princípio da Culpabilidade (CF, art. 5º, LVII): Não há pena sem culpa. A
culpabilidade é um fenômeno social, imputada a alguém como autor de uma ação para
fazê-lo responder por ela. Não há culpabilidade em si, individualmente concebida, mas
uma culpabilidade em relação aos demais membros da sociedade (fundamento social, e
não psicológico). A culpabilidade é a medida da pena. Ou seja, são reflexos do princípio
da culpabilidade:
a) proibição da responsabilidade penal objetiva, isto é, responsabilidade que
ignora dolo ou culpa;
b) proibição da imposição da pena sem os elementos da culpabilidade
(imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa);
c) outorga de relevância às modalidades de erro jurídico-penal como
excludentes;
d) graduação da pena segundo o nível de censurabilidade do fato praticado.
Período Humanitário:
Contexto Histórico: Iluminismo (principais atores são Voltaire, Montesquieu e
Rousseau), cujo apogeu foi a Revolução Francesa. Liberté, Egalité, Fraternité.
Ideias: A pena deve ser proporcional ao crime; deve-se levar em consideração as
circunstâncias do delinquente; deve servir de exemplo e ser menos danosa para o corpo
do delinquente.
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- Cesare de Beccaria:
“É melhor prevenir o crime do que castigar”
Marca o início do Direito Penal moderno; da Escola Clássica de Criminologia;
da Escola Clássica de Direito Penal.
Sua obra é uma associação do contratualismo com o utilitarismo. Não é uma
obra original, mas sistematizada. Beccaria tem uma concepção utilitarista da pena – ela
é um exemplo para que o próximo não delinque, e o delinquente não volte ao delito.
Defende a proporcionalidade da pena e sua humanização. O objetivo preventivo não é
obtido pelo terror, mas pela eficácia e certeza da punição.
- John Howard:
Foi sheriff de Bedford, onde se preocupou com a situação penitenciária.
Procurou a humanização do cárcere. Propõe uma classificação entre os detidos, a)
processados; b) condenados; c) condenados. Sugere a fiscalização da situação
penitenciária pelos magistrados (linhas iniciais do juiz das execuções criminais). Dá
origem ao penitenciarismo.
- Jeremy Bentham:
Pai do utilitarismo moderno. Defende o princípio preventivo da pena, que é o
preponderante, embora admita o fim correcional da pena. A pena é um mal que não
deve exceder o dano produzido pelo delito. Delineia as primeiras linhas do sentido
retributivo e a proporcionalidade.
Contribuição mais importante é a concepção do “Panótico”, estrutura idealista de
uma penitenciária.
IDADE ANTIGA Época Antiga Época Clássica Época do Baixo
(ROMA) Império
Caracterizada por um O direito era fixado Dominava o
direito arcaico, primitivo, predominantemente por absolutismo imperial,
mais próxima da pré- juristas, podendo se com intensa atividade
histórica do Direito identificar uma ciência legislativa ditada pelos
Penal, com escassos jurídica coerente e imperadores e marcada
registros escritos, racional. Surge nesse influência do
grande diversidade de contexto a divisão do Cristianismo.
regras, segundo as Direito em ramos
diferentes famílias e (Direito Público e
clãs, sendo as normas Privado).
preservadas por meio
dos costumes. Data
desse período a Lei das
Doze Tábuas ou
Código Decenviral.
IDADA MÉDIA Sua base é formada pelos Direitos Romano, Germânico e Canônico, vindo
deste último os primeiros passos dados em direção à humanização da pena,
vista como expiação. Dava-se extremo valor à confissão, etapa necessária para
demonstrar o arrependimento do réu.
O Direito Penal dessa época, caracterizado pela fusão entre Estado e Religião,
promoveu intensamente o arbítrio judicial, quase ilimitado, seja na definição dos
crimes como na inflição das penas, impregnando a Justiça com uma aura de
incerteza, insegurança e terror.
IDADE A Idade Moderna vivenciou uma transição fundamental em matéria de Direito
Penal, do absolutismo à humanização.
MODERNA / Em Portugal e, por extensão, no Brasil colônia, as Ordenações do Reino
ORDENAÇÕES (Afonsinas, Manuelinas e Filipinas) constituíam forte exemplo do Direito Penal
absolutista, caracterizado pela difusão do terror.
DE PORTUGAL Com o Iluminismo e sua racionalidade, os pensadores começaram a se dar
conta da iniquidade do modelo de Direito Penal vigente. Foi marco dessa nova
visão a obra de Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, intitulada Dos delitos
e das penas (1764). No Brasil, o primeiro reflexo das ideias humanitárias de
Beccaria se fez sentir na Constituição Imperial (1824) e, posteriormente, no
Código Criminal do Império (1830).
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ESCOLAS PENAIS
Definição: Conjunto harmônico sobre alguns dos mais importantes do Direito
Penal (como a definição de crime, a finalidade do crime e a razão de ser do direito de
punir do Estado) por meio de um método científico semelhante.
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Escola Clássica:
Século XVIII. Surgiu na Itália, de onde se espalhou para o resto do mundo,
especialmente Alemanha e França.
Os postulados consagrados pelo Iluminismo serviram de fundamento básico para
a doutrina da Escola Clássica, que representou a humanização das ciências penais. A
partir da segunda metade do século XVIII, os pensadores dedicam suas obras a censurar
abertamente a legislação penal vigente, defendendo os princípios da dignidade do
homem.
Desse movimento filosófico resultaram duas teorias, com fundamentos distintos:
- jusnaturalismo, de Grócio, com sua ideia de um Direito natural, superior e
resultante da própria natureza humana, imutável e eterno;
- contratualismo, de Rousseau (sistematizado por Fichte), e sua concepção de
que o Estado, e por extensão a ordem jurídica, resulta de um grande e livre acordo entre
homens, que cedem parte dos seus direitos no interesse da ordem e segurança comuns.
Concordavam em uma fundamental: existe um sistema de normas jurídicas
anterior e superior ao Estado, contestando a legitimidade da tirania estatal.
a) período teórico-filosófico: influência do Iluminismo; cunho nitidamente
utilitarista. Período marcado pelo pensamento de Beccaria, Filangieri, Romangnosi e
Carmignani;
b) período ético-jurídico: influência da metafísica jusnaturalista, acentuando a
exigência ética de retribuição (sanção penal). Período marcado pelo pensamento de
Carrara, Pessina e Rossi.
ALEMANHA
Feuerbach: A pena não é uma medida retributiva, mas preventiva (teoria da
coação psicológica). O fundamento da ameaça é a necessidade da ameaça, que a
reafirma e lhe dá seriedade, demonstrando a todos que não se trata de uma ameaça.
Ignora o livre-arbítrio para fundamentar o seu sistema.
Crítica de Hegel: Trata o homem como um cão, quando este é ameaçado com
um bastão.
Escola Positiva
Fim do século XIXI. Acelerado desenvolvimento das ciências. Ao abstrato
individualismo da Escola Clássica, a Escola Positiva postulou a necessidade maior de
defender o corpo social contra a ação do delinquente.
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Três fases
1) Fase antropológica (Cesare Lombroso);
2) Fase sociológica (Enrico Ferri);
3) Fase jurídica (Rafael Garofalo).
- conceito de periculosidade;
- desenvolvimento de institutos como medida de segurança, suspensão
condicional da pena e o livramento condicional;
- tratamento tutelar ou assistencial do menor.
Escola Técnico-Jurídica
Esclarecer a confusão metodológica criada pela Escola Positiva. Sustenta que a
ciência penal é autônoma, com objeto, método e fins próprios.
a) O delito é uma relação jurídica, de conteúdo individual e social;
b) A pena constitui uma reação e uma consequência do crime, com função
preventiva geral e especial;
c) Responsabilidade moral;
d) Método técnico-jurídico;
e) Recusa a aplicação da filosofia.
Escola Correcionalista
Fundamento: idealismo romântico da Krause.
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SISTEMAS PENAIS
Conjunto de elementos, cuja interação, segundo determinadas teorias e por meio
de um conjunto de normas jurídicas (princípios e regras), formam o conceito analítico
de crime. A construção de um pensamento sistemático da Ciência Penal permite a
facilitação dos exames de caso, a ordenação dos sistemas como pressuposto de uma
aplicação uniforme e diferenciada do Direito, o contexto sistemático como diretriz
para o desenvolvimento praeter legem do Direito, simplificação e melhor
manuseabilidade do Direito.
FUNÇÕES DA PENA
- Teorias Absolutas ou Retributivas da Pena: A pena é a necessidade de
restaurar a ordem jurídica interrompida. O indivíduo que descumpre a lei contraria o
contrato social; a pena tem como fim fazer a justiça. A culpa do autor deve ser
compensada pela imposição de um mal.
- Teoria de Kant: Fundamentação de ordem ética. Quem não cumpre as
disposições legais não é digno do direito de cidadania. A lei é um imperativo categórico,
mandamento que representa uma ação em si mesma, sem referência a nenhum outro
fim, como objetivamente necessária. A pena deve ser aplicada pela simples razão de ter
delinquido; utilizá-lo como exemplo o instrumentalizaria. Não há nenhuma preocupação
com a utilidade da pena para ele ou para os demais integrantes da sociedade. A medida
da pena é o ius talionis. Aderentes: Binding, Mezger.
- Teoria de Hegel: A pena é a negação da negação do Direito. O crime
representa a contradição entre a vontade geral (Direito) e a vontade particular (delito);
aniquila-o através do estabelecimento da pena. Inadmite o princípio preventivo, porque
este ameaça o homem como quando se mostra um pau a um cachorro – o homem não
deve ser tratado como cachorro. A medida da pena é o ius talionis. Aderentes: Carrara.
- Ética Cristã: A pena é a expiação do delito (pecado).
- Teorias Relativas ou Preventivas da Pena: A pena visa prevenir a prática do
fato delitivo. Sêneca afirma que “nenhuma pessoa responsável castiga pelo pecado
cometido, mas sim para que não volte a pecar”.
- Prevenção Geral (Bentham, Beccaria, Feuerbach, et alli): A pena é uma
ameaça da lei aos cidadãos para que se abstenham de cometer delitos; é, pois, uma
“coação psicológica” com a qual se pretende evitar o fenômeno delitivo. Já não se
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SISTEMAS PENITENCIÁRIOS
NORMA PENAL
Norma penal incriminadora: instrumento do Direito Penal de descrever as
condutas que considera ilícitas, atribuindo-lhes as sanções respectivas. Sua estrutura é a
seguinte,
de consumada sua vacância, uma lei penal não pode ser aplicada (nem mesmo em
benefício do réu) – doutrina majoritária, da qual Cezar Bitencourt diverge.
Conflito de Leis Penais no Tempo: Dá-se quando duas ou mais leis penais que
tratam do mesmo assunto sucedem-se.
- Princípio Reitor: A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
- Atividade: aplicação da lei a fatos ocorridos durante sua vigência.
- Extratividade: aplicação da lei a fatos ocorridos fora do seu período de
vigência. Divide-se em a) retroatividade (aplicação a fatos ocorridos antes de sua
entrada em vigor); b) ultratividade (aplicação a fatos ocorridos depois de sua
revogação).
Toda lei penal que, de alguma forma, amplie as garantias de liberdade do
indivíduo, reduza as proibições e, por extensão, as consequências negativas do crime,
seja ampliando o campo de licitude penal, seja abolindo tipos penais, seja refletindo nas
excludentes de criminalidade ou mesmo nas dirimentes de culpabilidade, é considerada
lei mais benigna.
Por outro lado, toda lei penal que, de alguma forma, represente um gravame aos
direitos de liberdade, que agrave as consequências penais diretas do crime, criminalize
condutas, restrinja a liberdade, provisoriamente ou não, caracteriza lei penal mais grave.
Quando restar dúvida, a doutrina sugere que se deve consultar o próprio agente
(solução adotada pelo Código Penal espanhol).
Combinação de Leis Penais: Dá-se quando uma lei penal nova beneficia o
agente em um aspecto e o desfavorece em outro. Há uma discussão na doutrina e na
jurisprudência da possibilidade de combinar os aspectos benignos de uma lei penal e
conjugá-los com os aspectos benignos de outra. A maior crítica que se faz é de que,
procedendo desta maneira, o juiz estaria criando uma terceira lei, violando a separação
de poderes. O STF e o STJ pacificaram o entendimento quanto à impossibilidade de
combinar leis penais.
Sucessão de Leis Penais / Lei Intermediária: Dá-se quando há uma sucessão de
leis penais, e a mais favorável não é nem a lei do tempo do fato nem a última, mas uma
intermediária. A lei intermediária é aplicada e ela é dotada de dupla extratividade.
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(Exemplo: o fato delitivo é cometido quando Lei A comina pena de vinte a trinta anos
de detenção; enquanto o processo corre, é promulgada a Lei B que comina pena de um a
três anos de detenção; à época da sentença, vige a Lei C que comina a pena de quinze a
vinte anos de detenção. Aplica-se a Lei B).
responsabilidade penal (v.g. se o agente for menor ao praticar a conduta e maior quando
do resultado, aplicar-se-á o ECA), e para outras circunstâncias do crime (v.g. agravante
genérica de crime contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos).
solução pode ser (a) se o rio pertencer inteiramente a um Estado, a partir da margem
oposta; (b) uma linha meridiana, determinada pela equidistância das margens (mais
comum); (c) acompanha a linha de maior profundidade (talvegue); (d) rio indiviso,
ambos os territórios exercem soberania;
- águas interiores;
- mar territorial, incluindo leito e subsolo respectivo – plataforma continental
(faixa de 12 milhas, Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993);
- espaço aéreo (três teorias: (a) liberdade absoluta do ar, onde nenhum Estado
detém soberania; (b) soberania limitada ao alcance das baterias antiaéreas; (c) soberania
sobre a coluna atmosférica – teoria adotada no Brasil, Código Brasileiro da Aeronáutica,
art. 11);
- as aeronaves e embarcações: a) públicos (de guerra, em serviço militar, em
serviço público, colocados a serviço de Chefes de Estado ou representantes
diplomáticos) onde quer que se encontrem; b) brasileiras privadas, em águas
internacionais; c) estrangeiros privados, quando em território brasileiro.
Lugar do Crime:
a) Teoria da ação ou da atividade: lugar do crime é aquele em que se realizou a
conduta típica (crítica: exclusão da tutela estatal que teve o bem jurídico lesado);
b) Teoria do resultado ou do evento: lugar do crime é aquele em que ocorreu o
resultado (crítica: exclusão da atuação do Estado em que a ação ocorreu, que tem
interesse em reprimi-la);
c) Teoria da intenção: lugar do crime é aquele em segundo a intenção do agente
o resultado deveria ocorrer (crítica: insuficiente nos casos de crimes culposos e
preterdolosos);
d) Teoria da ubiquidade: lugar do crime tanto pode ser o da ação, como o do
resultado, ou o lugar do bem jurídico atingido. Teoria adotada pelo Direito Brasileiro
(CP, art. 6º).
CONCEITO DE CRIME
Conceito Clássico de Delito
(Von Liszt-Beling)
Um movimento corporal (ação) que produz uma modificação no mundo exterior
(resultado). Conceito de ação naturalístico, que vinculava a conduta ao resultado através
do nexo de causalidade. No conceito clássico de delito, seus quatros elementos eram: a)
ação (influência do positivismo naturalista, definido como inervação muscular
produzida por energias de um impulso cerebral); b) tipicidade (aspectos objetivos do
fato descrito na lei); c) antijuridicidade (juízo valorativo puramente formal, isto é, de
que inexiste causa de justificação); d) culpabilidade (aspecto subjetivo do delito, onde
se localiza culpa e dolo).
Conceito Neoclássico de Delito
(Neokantismo)
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Conceito formal: Crime é toda a ação ou omissão proibida por lei, sob a ameaça
de pena;
Conceito material: Crime é a ação ou omissão que contraria os valores ou
interesses do corpo social, exigindo sua proibição com a ameaça de pena.
Conceito analítico: Crime é a ação típica, antijurídica e culpável.
FATO TÍPICO
A Conduta Punível
Teoria Causal-Naturalista da Ação
(conceito desenvolvido por Von Liszt-Beling e fundamentando por Radbruch)
Ação consiste numa modificação causal do mundo exterior, perceptível pelos
sentidos, e produzida por uma manifestação de vontade, isto é, por uma ação ou
omissão voluntária. É composta de três elementos, a manifestação de vontade, o
resultado e a relação de causalidade (abstraindo-se do conteúdo da vontade, que é
deslocado para a culpabilidade). Para saber que existe uma ação, basta ter a certeza de
que o sujeito atuou voluntariamente; o que quis é por ora irrevelante.
Fracionamento da ação: aspecto externo causal-objetivo, aspecto interno
anímico-subjetivo.
Críticas: descobrimento de que na tentativa o dolo é um elemento subjetivo do
injusto; inaplicabilidade do conceito causal à omissão; descobrimento o injusto dos
crimes culposos é o desvalor da ação.
Teoria Final da Ação
(Finalismo Welzeliano, com influência da teoria da ação de Puffendorf)
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Os sujeitos da ação
a) Sujeito ativo: o ser vivo que pratica o fato descrito como crime na norma
penal incriminadora.
A inadmissibilidade da responsabilidade penal das pessoas jurídicas remonta a
Feuerbach e Savigny. Os dois principais fundamentos para não se reconhecer a
capacidade penal são a falta de capacidade “natural” de ação e a carência de capacidade
culpabilidade. Discute-se se há uma responsabilidade penal da pessoa jurídica em fase
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do art. 225, § 3º, da CF, mas a doutrina entende que não é o caso; pune-se penalmente
os autores físicos por trás do crime, mas pune-se também a pessoa jurídica através das
sanções que lhe são específicas.
b) Sujeito passivo: titular do bem jurídico atingido pela conduta criminosa,
podendo ser um outro humano, o Estado, a coletividade ou uma pessoa jurídica. Sob o
aspecto formal, o Estado é sempre o sujeito passivo do crime, que poderíamos chamar
de sujeito passivo mediato.
Omissão
Teorias
- naturalística ou causal:
Crimes omissivos próprios
São crimes de mera conduta, basta que tenha se abstido indevidamente.
É indispensável que se analise o nexo causal entre a conduta omissiva e o
resultado determinante da majoração da pena. Se uma majorante decorre de um
resultado material, é imprescindível questionar: se o agente não tivesse se omitido, o
resultado seria evitado?
Crimes omissivos impróprios
O agente tem a obrigação de agir para evitar um resultado – são crimes
materiais, de resultado. São elementos: a abstenção da atividade que a norma impõe, a
superveniência do resultado típico em decorrência da omissão; a existência da situação
geradora do dever jurídico de agir (figura do garantidor).
Pressupostos:
a) poder agir: o sujeito tem de ter possibilidade física de agir;
b) evitabilidade do resultado: se o omitente tivesse agido, o resultado seria
evitado;
c) dever de impedir: dever jurídico de impedir o resultado, que se dá em três
hipóteses:
- obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância: dever legal, decorrente de
lei (v.g médico que recusa-se a atender determinado paciente em perigo de morte);
- de outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado: o sujeito
voluntariamente que se pôs na condição de garantidor, assumindo, por qualquer meio,
esse compromisso (v.g. vizinha que cuida do filho e deixa que ele caia da sacada);
- com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado: o
sujeito coloca em andamento um processo que chamaríamos de risco, ou, então, com
seu comportamento, agrava um processo já existente. Não importa se agiu voluntária ou
involuntariamente, dolosa ou culposamente, se criou um risco, surge a obrigação de
impedir que essa situação de perigo se torne uma situação de dano efetivo (v.g. pessoa
que deixa frasco de vidro à altura de alcance de uma criança pequena).
Relação de Causalidade
Entende-se como relação de causalidade o vínculo que une a causa, enquanto
fator propulsor, a seu efeito, como consequência derivada.
Teoria da equivalência das condições ou conditio sine qua non.
Não estabelece níveis de importância entre os antecedentes do resultado. Não há
nenhuma base científica para distinguir causa e condição. Todo fator que contribui, de
alguma forma, para a ocorrência do evento é causa desse evento. Causa é a soma de
todas as condições, consideradas no seu conjunto, produtoras de um resultado.
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Na hipótese de omissão, não existe causalidade; “do nada não pode vir nada”. O
que existe é um vínculo jurídico, diante da equiparação entre omissão e ação; há um
nexo de “não impedimento”. Na verdade o sujeito não o causou, mas como não o
impediu é equiparado ao verdadeiro causador do resultado.
Tipo e Tipicidade
Tipo (segundo Welzel) é a descrição concreta da conduta proibida (do conteúdo
da matéria da norma). É uma figura puramente conceitual.
Tipicidade, por outro lado, pode ser vista sob dois prismas: a) formal, como a
relação de subsunção entre um fato concreto e o tipo penal; b) material, como sendo o
dano ou perigo concreto ao bem penalmente tutelado.
A evolução do conceito de tipo pode ser analisada nas seguintes (Jiménez de
Asúa):
1) fase de independência (Beling – 1906): distingue tipicidade, antijuridicidade e
culpabilidade na estrutura do delito. A tipicidade possui função meramente descritiva, é
valorativamente neutro, de caráter objetivo.
2) fase do ratio cognosciendi da antijuridicidade (Mayer – 1915): tipicidade não
tem apenas função descritiva, mas constitui um indício da antijuridicidade. Um fato
típico presume-se antijurídico – mas admite-se prova em contrário, através das causa de
justificação. O tipo deixa de ser valorativamente neutro, admitindo elementos subjetivos
e normativos. Teoria dominante na doutrina.
3) fase do ratio essendi da antijuridicidade (Mezger – 1931): é função
constitutiva da ilicitude, de tal forma que, se o fato for lícito, será atípico. Para sua
doutrina, há ação típica, antijuridicidade típica e culpabilidade típica. Essa concepção
pressupõe a existência de uma antijuridicidade penal distinta da antijuridicidade geral.
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Modalidades de culpa
a) imprudência: prática de uma conduta arriscada ou perigosa e tem caráter
comissivo. É a imprevisão ativa.
b) negligência: é a displicência no agir, a falta de precaução, a indiferença do
agente que, podendo adotar as cautelas necessárias, não o faz. É a imprevisão passiva.
c) imperícia: é a falta de capacidade para o exercício de arte, profissão ou ofício.
A inabilidade para o desempenho de determinada atividade fora do campo profissional
ou técnico tem sido considerada pela jurisprudência imprudência ou negligência.
Espécies de culpa
a) culpa consciente ou com representação: quando o agente, deixando de
observar a diligência a que estava obrigado, prevê um resultado, previsível, mas confia
convictamente que ele não ocorra.
b) culpa inconsciente ou sem representação: ação sem previsão do resultado
previsível.
c) culpa imprópria ou culpa por assimilação: o agente quer o resultado em razão
de a sua vontade encontrar-se viciada por um erro que, com mais cuidado, poderia ter
sido evitado. O agente, no processo psicológico, valora mal uma situação ou os meios a
utilizar, incorrendo em erro, culposamente, pela falta de cautela; já na ação
propriamente dita, age dolosamente, finalisticamente, objetivando o resultado
produzido, embora calcado em erro culposo.
conduta criminosa, lesa um bem jurídico que por sua natureza não contém o bem
jurídico precedentemente lesado.
ANTIJURIDICIDADE
Caracteriza-se como antijuridicidade (ilicitude) a contrariedade de um fato com
o ordenamento jurídico (antijuridicidade formal), por meio de dano ou exposição a
perigo a um bem juridicamente tutelado pela norma penal incriminadora
(antijuridicidade material). Esta ofensa não deve ser entendida em sentido naturalístico,
como causadora de um dano sensorialmente perceptível, mas como ofensa ao valor
ideal que a norma jurídica deve proteger.
Consequências da antijuridicidade material (Jescheck): graduação do injusto
segundo sua gravidade e sua expressão na medição da pena; admissão da existência de
causas supralegais de justificação.
A corrente majoritária, todavia, considera essa distinção desnecessária, adotando
uma concepção unitária da antijuridicidade, uma vez que somente será formalmente
antijurídico aquilo que é materialmente antijurídico.
Antijuridicidade penal e antijuridicidade extrapenal: ilicitude única e
independência
Todo o ilícito penal será, necessariamente, um ilícito civil ou administrativo,
mas a recíproca não é verdadeira; nem sempre um ilícito civil ou administrativo será
obrigatoriamente um ilícito penal, pois este terá de ser sempre e necessariamente típico,
surgindo como traço distintivo a tipicidade, que é aquele plus exigido pelo princípio da
reserva legal. Todas as matérias de proibição, reguladas nos diversos setores da seara
jurídica, são antijurídicas para todo o ordenamento jurídico. É absolutamente
incompatível com a noção unitária da ilicitude a preconizada impotência das decisões
proferidas pelas jurisdições não penais em relação ao crime, mesmo para os casos em
que o pressuposto deste não se encontra estritamente fora do direito penal. Ignoram que,
quando falamos de ilicitude única, estamos no plano material, e, quando sustentam que
se trata de instâncias diferentes, estão no plano processual.
Causas de Justificação
A existência de causas justificantes supralegais é uma decorrência natural do
caráter fragmentário do Direito Penal, que jamais conseguiria catalogar todas as
hipóteses em que determinadas condutas poderiam justificar-se perante a ordem
jurídica, mesmo quando eventualmente venham a se adequar a algum tipo penal.
A doutrina majoritária entende que, assim como há elementos objetivos e
subjetivos no tipo, nas causas de justificação há igualmente componentes objetivos e
subjetivos. Não basta que estejam presentes os pressupostos objetivos de uma causa de
justificação, sendo necessário que o agente tenha consciência de agir acobertado por
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uma excludente, isto é, com vontade de evitar um dano pessoal ou alheio. Para que a
ação se torne socialmente valiosa, é necessário que o autor saiba e tenha a vontade de
atuar de forma autorizada, isto é, de forma juridicamente permitida.
Consentimento do ofendido
O consentimento justificante poderá existir quando decorrer de vontade
juridicamente válida do titular de um bem jurídico disponível. O consentimento do
titular de um bem jurídico disponível afasta a contrariedade à norma jurídica, ainda que
eventualmente a conduta consentida venha a se adequar a um modelo abstrato de
proibição.
Excesso
Em qualquer das causas de justificação, quando o agente, dolosa ou
culposamente, exceder-se nos limites da norma permissiva, responderá pelo excesso. O
excesso punível, seja a título de dolo, seja a título de culpa, decorre do exercício
imoderado ou excessivo de determinado direito ou dever, que acaba produzindo
resultado mais grave do que o razoavelmente suportável e, por isso mesmo, nas
circunstâncias, não permitido.
Estado de necessidade
Colisão de interesses juridicamente protegidos, devendo um deles ser sacrificado
em prol do interesse social. Impõe-se a necessidade do sacrifício de um bem em
situação de conflito ou colisão, diante da qual o ordenamento jurídico permite o
sacrifício do bem de menor valor, desde que imprescindível para a salvaguarda do bem
preservado.
Teoria diferenciadora
- estado de necessidade justificante: configura-se quando o bem ou interesse
sacrificado for de menor valor. Nessa hipótese, a ação será considerada lícita, afastando
sua criminalidade.
- estado de necessidade exculpante: quando o bem ou interesse sacrificado for de
valor igual ou superior ao que se salva. O direito não aprova a conduta, deixando de
excluir seu caráter ilícito; no entanto, ante a inexigibilidade de conduta diversa, exclui a
culpabilidade pela falta de um de seus elementos constitutivos.
Não é adotada pelo nosso Código Penal. É admitido doutrinariamente como
causa supralegal de exclusão de culpabilidade.
Requisitos do estado de necessidade
a) perigo atual e inevitável: o Código Penal, ainda que preveja unicamente
perigo atual, a iminência do dano é aceita igualmente, tendo em vista que neste caso, se
um dano é iminente, seu perigo é atual.
b) não-provocação voluntária do perigo: há a possibilidade de invocar-se o
estado de necessidade tanto nos crimes dolosos como nos crimes culposos, desde que a
situação de perigo não tenha sido provocada intencionalmente.
c) inevitabilidade do perigo por outro meio: a lesão necessária, na medida da sua
necessidade para salvar o bem ameaçado.
d) inexigibilidade de sacrifício do bem ameaçado: exigência de um juízo de
proporcionalidade.
e) direito próprio ou alheio: quando direito alheio, se tratando de bens
disponíveis, a intervenção deste dependerá do consentimento do titular do direito a
salvaguardar.
f) elemento subjetivo: finalidade de salvar o bem do perigo – sem a finalidade,
não há causa justificante.
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Legítima defesa
É a defesa requerida para repelir de si ou de outrem uma agressão atual e
ilegítima. Seu pensamento fundamental é que o Direito não tem por que ceder ante o
injusto.
Requisitos
a) agressão injusta, atual ou iminente: não necessariamente uma agressão penal,
mas tão-somente ilícita, partindo então para a análise de sua atualidade ou iminência. A
reação do agredido deve ser sempre preventiva, e imediata.
b) direito próprio ou alheio: a defesa por terceiro não pode fazer-se sem a
concordância do titular desses direitos.
c) meios necessários, usados moderadamente: imposição do juízo de
proporcionalidade ao agredido, podendo chegar a defesa até onde seja requerida para a
efetiva defesa imediata.
d) elemento subjetivo: animus defendendi – é necessário que se tenha
conhecimento da ação agressiva, além do propósito de defender-se (não se exige a
consciência da ilicitude).
não de natureza social, moral, ou religiosa. A norma da qual emana o dever tem de ser
jurídica, e de caráter geral. Se a norma tiver caráter particular, de cunho administrativo,
poderá configurar a obediência hierárquica.
Offendiculas
As chamadas defesas predispostas que, de regra, constituem-se de dispositivos
ou instrumentos objetivando impedir ou dificultar a ofensa ao bem jurídico protegido.
Seu instituto localiza-se mais adequadamente na legítima defesa, observando seus
requisitos, tendo em vista que oferece maiores recursos para a análise no caso concreto.
CULPABILIDADE
Como fundamento da pena, a culpabilidade refere-se ao fato de ser possível ou
não a aplicação de uma pena ao autor de um fato típico e antijurídico.
Como elemento da determinação ou medição da pena, como limite da pena,
impedindo que a pena seja imposta além da medida prevista pela própria ideia de
culpabilidade.
Como conceito contrário à responsabilidade objetiva, isto é, como identificador
e delimitador da responsabilidade individual e subjetiva.
Excludentes de culpabilidade
Inimputabilidade
Imputabilidade é a capacidade de culpabilidade, é a aptidão para ser culpável.
Quem carece desta capacidade, por não ter maturidade suficiente, ou por sofrer de
graves alterações psíquicas, não pode ser declarado culpado e não pode ser responsável
pelos seus atos, por mais que sejam típicos e antijurídicos.
Imputabilidade não se confunde com responsabilidade, que é o princípio
segundo o qual a pessoa dotada de capacidade de culpabilidade (imputável) deve
responder por suas ações.
Há três sistemas para aferir a inimputabilidade:
- sistema biológico (francês): fundamenta a imputabilidade unicamente na causa
geradora; não há de se indagar qualquer fator psicológico, como e.g. se o autor de fato
tinha capacidade de compreender o caráter ilícito da conduta e a capacidade de
autodeterminação, bastando preencher a causa (como, por exemplo, menoridade);
- sistema psicológico: concentra-se unicamente nos efeitos, independente da
causa; se o autor não tinha capacidade de compreender e autodeterminar-se, é
inimputável, independente da causa desta não-compreensão.
- sistema biopsicológico: baseado tanto no requisito da causa, quanto do efeito;
se no momento do ato, comprova-se que ele estava privado da
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Inconsciência da iliticitude:
Erro de proibição inevitável. Cf. capítulo imediatamente infra.
Emoção e a paixão
Define-se a emoção como aguda (Kant: uma torrente que rompe o dique da
continência) e a paixão como crônica (Kant: o charco que cava o próprio leito,
infiltrando-se, paulatinamente, no solo). Não eliminam a censurabilidade da conduta,
podendo apenas atenuá-la, desde que presentes a provocação injusta da vítima e o
domínio/influência desse estado emocional.
Caso fortuito e força maior: Caso fortuito é imprevisível que seria evitável;
força maior é previsível que é inevitável. O primeiro exclui a culpabilidade, enquanto o
segundo exclui a própria conduta.
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Tentativa
A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei.
Na tentativa há prática de ato de execução, mas o sujeito não chega à consumação por
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Estes dois institutos constituem causa de exclusão de adequação típica, uma vez
que lhes falta o elemento de “causas alheias à vontade do agente” que caracteriza a
tentativa.
Crime putativo
O agente pratica conduta que imagina típica, mas é perfeitamente lícita. Não é
punível.
Crime provocado
- flagrante preparado: o agente, por sua exclusiva iniciativa, concebe a ideia do
crime, realiza os atos preparatórios, começa a executá-los e só não consuma seu intento
porque a autoridade policial intervém para impedir a consumação do delito.
- flagrante provocado: o delinquente é impelido à prática do delito por um agente
provocador, onde o agente não tem qualquer hipótese de êxito na operação,
configurando-se crime impossível.
- flagrante forjado: a autoridade policial “cria” provas de um crime que não
existe. Inexiste o crime.
CONCURSO DE PESSOAS
A ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração
penal.
Teorias
a) pluralística: a cada participante corresponde uma conduta própria, um
elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. À pluralidade de
agentes corresponde a pluralidade de crimes. Existem tantos crimes quantos forem os
participantes do fato delituoso. Teoria subjetivista, apartada da realidade.
b) dualística: há dois crimes, um para os autores, aqueles que realizam a
atividade principal, e outro para os partícipes, aqueles que desenvolvem uma atividade
secundária, que não realizam a conduta nuclear descrita no tipo penal.
c) monística ou unitária: não há qualquer distinção entre autor e partícipe. Todo
aquele que concorre para o crime causa-o em sua totalidade e por ele responde
integralmente. O crime é resultado da conduta de cada um e de todos.
O Código Penal adotou a teoria monística, com reservas. Atenua seus rigores,
distinguindo a punibilidade de autoria e participação, disciplinando determinados graus
de participação.
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Requisitos
a) pluralidade de participantes e de condutas;
b) relevância causal de cada conduta: a conduta de cada participante deve
integrar-se à corrente causal determinante do resultado;
c) vínculo subjetivo entre os participantes: somente a adesão voluntária à
atividade criminosa de outrem, visando à realização do fim comum, cria o vínculo do
concurso de pessoas. A conivência não é punível;
d) identidade de infração penal: o resultado tem de ser um juridicamente
unitário.
Conceito de Autoria
a) conceito restritivo: autor é aquele que realiza a conduta típica descrita na lei,
isto é, que pratica o verbo núcleo do tipo. Nem todo aquele que interpõe uma causa
realiza o tipo penal. Autoria e participação são distinguidas por critérios objetivo:
- teoria objetivo-formal: autor é aquele cujo comportamento se amolda ao
círculo abrangido pela descrição típica; partícipe é aquele que produz qualquer outra
contribuição causal ao fato. Presente na nossa ordem jurídica;
- teoria objetivo-material: maior importância objetiva da contribuição do autor
em relação à contribuição do partícipe.
Crítica: não contempla a figura do autor mediato e tampouco os casos de
coautoria.
b) conceito expansivo: é autor todo aquele que contribui com alguma causa para
o resultado; não distingue autor e partícipe. O tratamento diferenciado ao cúmplice e
instigador constitui causas de restrição/limitação da punibilidade.
- teoria subjetiva da participação: autor é quem realiza uma contribuição causal
ao fato com “vontade de autor”; partícipe é quem realiza uma contribuição causal ao
fato com “vontade de partícipe”.
Crítica: executores do regime nazista queriam os fatos como alheios, tornando-
os partícipes.
c) teoria do domínio de fato: é autor quem tem o controle final do fato, é quem
tem o poder de decisão sobre a realização do fato. Não é só o que executa a ação típica,
como também aquele que se utiliza de outrem, como instrumento, para a execução da
infração penal.
Autoria mediata
É autor mediato quem realiza o tipo penal servindo-se, para execução da ação
típica, de outra pessoa como instrumento. A teoria do domínio do fato molda com
perfeição a possibilidade da figura do autor mediato. As hipóteses mais comunas
decorrem do erro, da coação irresistível e do uso de inimputáveis para a prática de
crimes. Todos os pressupostos de punibilidade devem encontrar-se na pessoa do
“homem de trás”, no autor mediato.
Quando o agente imediato realiza uma conduta conscientemente dolosa, o
“homem de trás” deixa de ter domínio do fato, reduzindo-se à coautor ou partícipe.
Coautoria
É a realização conjunta, por mais de uma pessoa, de uma mesma infração penal.
Basta a consciência de cooperar na ação comum. Não há relação de acessoriedade, mas
a imediata imputação recíproca, visto que cada um desempenha uma função
fundamental na consecução do objetivo comum.
Participação em sentido estrito
É a intervenção em um fato alheio, o que pressupõe a existência de um autor
principal. O partícipe não pratica a conduta descrita pelo preceito primário, mas realiza
uma atividade secundária que contribui, estimula, ou favorece da conduta proibida. A
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