Você está na página 1de 16

PARECER Nº120/2011/CETRAN/SC

INTERESSADO: Hélio Back – Presidente da JARI da 7ª CIRETRAN de Rio do Sul


RELATOR: José Vilmar Zimmermann
ASSUNTO: Ausência da informação, no instrumento de autuação, de que o condutor
autuado teria se negado a realizar o teste do etilômetro, mesmo havendo referência
expressa a essa recusa no termo de constatação de embriaguez vinculado ao auto de
infração de trânsito, como fator a comprometer a consistência da peça acusatória.

EMENTA: A ausência de informação expressa no auto de infração


dizendo que ao condutor foi conferida oportunidade de realizar o teste
em aparelho de ar alveolar, devidamente aferido e homologado, e que
ele teria se recusado, não invalida, por si só, a acusação pautada em
termo ou auto de constatação de embriaguez. Havendo dúvida quanto a
existência de aparelho hábil e em condições de uso há época da
autuação, o acusado ou, de ofício, o julgador, poderão requisitar que a
autoridade de trânsito apresente a respectiva documentação
comprobatória, ao que a não exibição da documentação pela autoridade
poderá, aí sim, comprometer a acusação. A mera recusa do condutor em
se submeter aos exames de alcoolemia, sem que haja suspeita pautada
em elementos plausíveis para desconstituir a presunção de inocência
que milita a seu favor, não é suficiente para sustentar a punição prevista
no art. 165 do CTB, mesmo com fulcro no §3º do art. 277 do mesmo
diploma legal.

I. Consulta:

1. Cuida-se de consulta formulada pelo presidente da Junta Administrativa


de Recursos e Infrações da 7ª Ciretran, localizada em Rio do Sul/SC, tendo por escopo
auferir pronunciamento deste egrégio Conselho acerca da obrigatoriedade, ou não, de
constar expressamente no campo de observações do auto de infração que foi ofertado o
bafômetro ao condutor, porém este se negou a realizar o teste de alcoolemia, na hipótese
de haver registro expresso de que foi preenchido auto de constatação de embriaguez,
com todas as informações exigidas pelo Parecer/CETRAN/SC nº 45/2006.

2. O presente processo foi distribuído a este Conselheiro para, além de


responder ao questionamento formulado pelo consulente, realizar estudo e atualizar os
Pareceres nº 06/04 e 45/06 deste colegiado, encargo do qual se desincumbe nos termos
adiante alinhados.

II. Fundamentação técnica:


3. Em linhas gerais, a dúvida suscitada na presente consulta é se a ausência
da informação, no instrumento de autuação, de que o condutor autuado teria se negado a
realizar o teste do etilômetro, mesmo havendo referência expressa a essa recusa no
termo de constatação de embriaguez vinculado ao auto de infração de trânsito,
comprometeria a consistência da peça acusatória.

4. Não há, no ordenamento jurídico vigente, ditame legal que condicione a


validade do auto de infração lavrado em face do cometimento da conduta descrita no
art. 165 do CTB à averbação, no próprio AIT, de que o condutor autuado teria tido a
oportunidade de realizar o teste em aparelho hábil, mas declinado, para justificar a
autuação pautada nos sinais ou sintomas de embriaguez assinalados em documento
próprio – termo ou auto de constatação de embriaguez.

5. Dispor do aparelho e oferecer oportunidade utilizá-lo ao suspeito de estar


dirigindo sob efeito de bebida alcoólica é um dever da autoridade de trânsito e seus
agentes. Mas relatar isso, de forma circunstanciada, no AIT, é algo que a lei não exige,
portanto a inexistência desse registro, pura e simplesmente, não deve servir de pretexto
para invalidar a autuação, posto que a mera ausência dessa informação não significa que
o procedimento não tenha sido realizado conforme manda a lei, até porque a presunção
existente é de que a Administração Pública age exatamente como mandam os preceitos
normativos.

6. Por outro lado, sabe-se que há quem professe a tese de que, mesmo que o
condutor se negue a realizar qualquer teste ou exame de alcoolemia, deve-se identificar,
no próprio auto de infração, o aparelho que teria sido oferecido e recusado pelo
suspeito. Tal cautela, segundo consta, serviria para demonstrar que efetivamente havia
um equipamento hábil e que o condutor suspeito de estar dirigindo sob influência de
bebida alcoólica teria tido oportunidade de demonstrar sua sobriedade.

7. Sem demérito aos que assim pensam, ouso divergir desse


posicionamento. O art. 280 do CTB, em seu inciso V, exige a identificação do
equipamento quando esta ferramenta servir de supedâneo para comprovar a ocorrência
da infração. A forma alternativa com que o referido preceito legal trata a identificação
do equipamento em relação à identificação do agente autuador, por intermédio do
emprego da conjunção “ou”, demonstra que a preocupação do legislador com essa
exigência é especificar o meio por intermédio do qual a transgressão restou
comprovada.

8. Por esta senda, se a prova do ilícito é a palavra do agente de trânsito,


retratada no termo de constatação de embriaguez, e não o resultado de algum teste ou
exame que deixou de ser realizado por retinência do fiscalizado, à luz da lei basta que
seja identificado o agente responsável pela autuação.

9. Se houver dúvida quanto à existência de aparelho hábil e em condições


de uso há época da autuação, compete ao interessado suscitá-la em grau de defesa ou
recurso. Mesmo que isso não seja requerido pelo autuado, caso a duvida em foco
atormente o órgão julgador, este poderá de ofício, requisitar que a autoridade de trânsito
apresente a documentação comprobatória da existência do dito aparelho. A não exibição
da documentação pela autoridade poderá, aí sim, comprometer a acusação na medida
em que alimentaria a suspeita de que inexistia equipamento adequado na ocasião para
confirmar a ebriedade do condutor, como manda a lei.

10. Diferente disso é a simples ausência da descrição do aparelho no auto de


infração quando ele deixou de ser usado em decorrência da oposição do acusado, desde
que se identifique o agente autuador cuja palavra, alinhada no AIT ou no termo de
constatação, servirá de prova do cometimento da infração.

11. Aproveitando o ensejo da consulta, atendendo à determinação do


Presidente deste Conselho, passo a discorrer sobre os temas já tratados nos pareceres nº
06/04 e 45/06 deste colegiado, tendo em vista os augúrios das inovações introduzidas
pelas mudanças legislativas que ocorreram nos últimos anos.

12. Com a promulgação da Lei nº 11.705/08, que acrescentou o §3 ao art.


277 do CTB, prevendo a aplicação das penalidades e medidas administrativas
estabelecidas no art. 165 do mesmo Código ao condutor que se recusar a se submeter a
qualquer dos procedimentos previstos na norma, passou-se a difundir a ideia de que a
simples recusa do condutor em se submeter aos testes de embriaguez justificaria a
lavratura de autuação pela infringência do art. 165 do CTB.
13. Com a devida vênia aos que comungam desse entendimento, uma leitura
sistemática e teleológica dos preceitos legais que regem a matéria conduz a um caminho
diametralmente oposto, ou seja, não é a oposição pura e simples do condutor a
realização dos procedimentos previstos no caput do art. 277 do CTB que o sujeita às
penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165, também do CTB, mas a
prevalência da suspeita de ebriedade diante dessa objeção [1].

14. Para compreender essa assertiva, primeiro deve-se identificar o objeto


jurídico tutelado pela norma. Entendendo-se que a punição decorre da recusa, pura e
simples, do condutor em realizar os exames propostos pelo agente público, tem-se que o
bem que se pretende garantir é a própria Administração Pública, especialmente o
cumprimento de suas determinações o que, com o devido respeito, não parece ser o
caso.

15. O §3º do art. 277 do CTB, ao estabelecer que o condutor que se recusar a
se submeter a qualquer dos procedimentos necessários para certificar seu estado de
sobriedade, será punido com as mesmas penalidades e medidas administrativas
cominadas no art. 165, CTB, põe em evidência que o que se pretende defender é a
incolumidade pública, ameaçada diante da nocividade da conduta que o referido art.
165/CTB descreve como infração gravíssima.

16. Deve-se ter presente que a punição cominada para a hipótese em voga é
uma das mais graves estabelecidas na lei de regência. Trata-se de multa prevista para a
infração de natureza gravíssima, agravada pelo fator multiplicador cinco (R$191,54 x 5
= R$957,70) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses [2].

17. Assim, bom atentar para o detalhe que um dos princípios básicos da
Administração é a proporcionalidade, implícito na Constituição Federal e explícito na
Lei nº 9.784/99. Esta lei, ao determinar que nos processos administrativos deve-se
observar o critério de “adequação entre os meios e fins”, cerne da razoabilidade,
vedando a “imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”, coroa, de forma
indubitável, a proporcionalidade como requisito de validade da atuação da
Administração (art. 2º, parágrafo único, VI, Lei nº 9.784/99).
18. Partindo desse pressuposto, não é razoável afirmar que o citado preceito
(§3º, art. 277, CTB) recrimina a simples recusa do condutor em se submeter a um teste
ou exame determinado pelo agente da autoridade de trânsito, lembrando que
desobedecer ordens da autoridade de trânsito ou de seus agentes foi considerado pelo
legislador como sendo uma infração grave (art. 195, CTB) sujeita, tão somente, a multa
de R$ 127,69 (art. 1º, II, Resolução/CONTRAN nº 136/02).

19. Contudo, ao atribuir à dita recalcitração gravidade semelhante àquela


estatuída para o ilícito capitulado no art. 165 do CTB, inclusive sujeitando o
transgressor às mesmas sanções e medidas administrativas, o §3º do art. 277/CTB
evidencia que o que sujeita o condutor às ditas penas não é sua obstinação em não
realizar testes ou exames de alcoolemia, mas essa recusa associada, no mínimo, à
suspeita de que se encontre dirigindo sob a influência de álcool.

20. Aliás, o próprio caput do art. 277/CTB somente autoriza a submissão de


condutores aos testes que especifica quando o agente da autoridade de trânsito se
deparar com essa suspeita [1], razão pela qual a recusa não pode dela se afastar,
conforme se abordará adiante.

21. Com isso tem-se que, para justificar a autuação em tela, o mínimo que se
poderia exigir do agente de trânsito seria a indicação, na peça acusatória ou, mais
apropriadamente, no termo de constatação de embriaguez, dos motivos que o levaram a
suspeitar que o condutor do veículo encontrava-se sob influência de álcool. Nesse rumo,
aliás, já acenou o Superior Tribunal de Justiça ao assentar que “caso o condutor do
veículo supostamente embriagado se recuse a ser submetido ao teste de alcoolemia, os
agentes de trânsito poderão obter outros tipos de provas em direito admitidas, tais como
a documentação dos seus sinais de embriaguez, excitação e torpor resultantes do
consumo de álcool” (STJ – Recurso Ordinário em Habeas Curpus nº 20190 – Quinta
Turma – Relator Ministro Gilson Dipp – DJ 04/06/2007). Isso é exatamente o que
prescreve o §2º do art. 277 do CTB [3].
22. Sabe-se que alguns órgãos de trânsito sustentam a obrigatoriedade do
cidadão submeter-se ao teste de alcoolemia, por considerar tal medida importante meio
para a proteção da vida e incolumidade das pessoas. Contudo, não se pode afastar a
necessidade de haver uma suspeita acerca da sobriedade do condutor para justificar o
uso do etilômetro.

23. Quanto a possibilidade de tomar como obrigação do condutor submeter-


se aos testes ou exames de alcoolemia quando instado à fazê-lo por agente da autoridade
de trânsito, bom lembrar que o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, ao julgar a
Apelação Cível nº 223518 (AC 200005000385751), atinente a Ação Civil Pública
proposta pelo Ministério Público Federal com o intuito de que fosse declarada a
inexistência de relação jurídica válida, que obrigasse os condutores de veículos a se
submeterem aos exames de sangue e ao uso do bafômetro, ao referir-se a
constitucionalidade do art. 277 do CTB, restringiu-lhe uma das interpretações possíveis,
afastando aquela que implicasse na sujeição compulsória do condutor de veículos
automotor aos mencionados testes e exames, condenando a União na obrigação de
tolerar a recusa dos condutores de veículos de se submeterem aos referidos testes,
ressalvada a prova do fato (embriaguez) pelos demais meios de prova juridicamente
admitidos. Transcreve-se, abaixo, a ementa do acórdão citado:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DECLARAÇÃO DE


INCONSTITUCIONALIDADE COM EFEITO "ERGA OMNES".
USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. VEDAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 102, I, A, DA
CF. PRECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE JURIDICA DO PEDIDO.
INADEQUAÇÃO DA VIA PROCESSUAL ELEITA. CARÊNCIA DE
AÇÃO. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM JULGAMENTO DE
MÉRITO. PROVIMENTO DO APELO. CONHECIMENTO
IMEDIATO DO MÉRITO PELO TRIBUNAL. OBRIGATORIEDADE
DE TESTE DE ALCOOLEMIA. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DE
RECUSA DA PROVA AUTO-INCRIMINATÓRIA. PROCEDÊNCIA
DO PEDIDO. - O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, NA SUA
COMPOSIÇÃO PLENA, JÁ ADMITIU A POSSIBILIDADE DE
UTILIZAÇÃO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA COMO INSTRUMENTO
ADEQUADO E IDÔNEO DE CONTROLE INCIDENTAL DE
CONSTITUCIONALIDADE, PELA VIA DIFUSA, DE QUAISQUER
LEIS OU ATOS DO PODER PÚBLICO, MESMO QUANDO
CONTESTADOS EM FACE DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA,
PROCLAMANDO NÃO SE REGISTRAR, EM TAL HIPÓTESE,
SITUAÇÃO CONFIGURADORA DE USURPAÇÃO DA SUA
COMPETÊNCIA, DESDE QUE A INCONSTITUCIONALIDADE
SEJA INVOCADA COMO FUNDAMENTO, COMO CAUSA DE
PEDIR, CONSTITUINDO QUESTÃO PREJUDICIAL AO
JULGAMENTO DO MÉRITO, NÃO COMO PEDIDO DE
APRECIAÇÃO DA VALIDADE CONSTITUCIONAL DE LEI EM
TESE (RCL 600-SP, REL. MIN. NÉRI DA SILVEIRA - RCL 602-SP,
REL. MIN. ILMAR GALVÃO; RDA 206/267, REL. MIN. CARLOS
VELLOSO - AG 189.601-GO [AGRG], REL. MIN. MOREIRA
ALVES). - NA ESPÉCIE, O PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 277 DO CÓDIGO DE
TRÂNSITO BRASILEIRO, POR VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DE
RECUSA DA PROVA AUTO-INCRIMINATÓRIA, NÃO SE
CONSTITUI NO PEDIDO PROPRIAMENTE DITO, MAS SIM NA
CAUSA DE PEDIR, VALE DIZER, SIMPLES QUESTÃO
PREJUDICIAL, INDISPENSÁVEL À RESOLUÇÃO DA LIDE
PRINCIPAL. PROVIMENTO DO APELO. - TENDO SIDO
EXTINTO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO (ART. 267, VI, CPC),
VERSANDO A QUESTÃO EXCLUSIVAMENTE DE DIREITO E
ESTANDO O PROCESSO EM CONDIÇÕES, É DE SER
IMEDIATAMENTE JULGADO. INTELIGÊNCIA DO ART. 515,
PARÁGRAFO 3º, CPC. - NINGUÉM, À LUZ DAS NORMAS E
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS, ESTÁ OBRIGADO A
PRODUZIR PROVAS CONTRA SI MESMO, POIS O DIREITO DE
PUNIR, JUDICIAL E ADMINISTRATIVAMENTE, NO DIREITO
BRASILEIRO, REGE-SE PELO PRINCÍPIO NEMO TENETUR SE
DETEGERE, QUE FACULTA AO INDICIADO/AUTUADO
ADOTAR OU NÃO A CONDUTA QUE PRODUZIRÁ A PROVA
QUE LHE SERÁ DESFAVORÁVEL. PRECEDENTES DO STF E
TRF´S (HC Nº 77.135/SP, REL. MIN. ILMAR GALVAO; HC Nº
79.812/SP, REL. MIN. CELSO DE MELLO; RHC Nº 34000071702, -
200234000071702/DF, REL. DES. FED. LUCIANO TOLENTINO
AMARAL, V.G.). - NÃO SE TRATANDO, NA ESPÉCIE, DE
DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL DO
ART. 277 DA LEI Nº 9.503/97 -CTB, É DE SE LHE RESTRINGIR
UMA DAS INTERPRETAÇÕES POSSÍVEIS PARA AFASTAR
AQUELA QUE IMPLIQUE NA SUJEIÇÃO COMPULSÓRIA DO
CONDUTOR DE VEÍCULOS AUTOMOTORES A TESTES DE
ALCOOLEMIA, EXAMES CLÍNICOS, PERÍCIA OU OUTRO
EXAME QUE PERMITA A CERTIFICAÇÃO DE SEU ESTADO, EM
SEU PREJUÍZO. - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO PARA
CONDENAR A UNIÃO NA OBRIGAÇÃO DE TOLERAR A
RECUSA DOS CONDUTORES DE VEÍCULOS DE SE
SUBMETEREM AOS MULTICITADOS TESTES, RESSALVADA A
PROVA DO FATO (EMBRIAGUEZ) PELOS DEMAIS MEIOS DE
PROVA JURIDICAMENTE ADMITIDOS. (TRF5 - Apelação Cível
nº 223518 - AC 200005000385751 – Primeira Turma – Rel. Des. Fed.
Alcides Saldanha – DJ 04/04/2003) (1)

24. É certo que a decisão suso referendada tem seus efeitos imediatos
restritos à circunscrição territorial do órgão prolator da decisão. Entretanto, enquanto
jurisprudência, fonte do Direito, espraia sua inteligência por todo o território nacional,
na medida em que serve de parâmetro para compreensão do dispositivo legal em voga, à
luz dos princípios teóricos aplicáveis à espécie.
25. Poder-se-ia, por outro vértice, esgrimir o argumento de que o referido
acórdão foi proferido anteriormente à promulgação da Lei nº 11.705/08, que
acrescentou o §3º ao art. 277 do CTB, com o intuito de desqualificar sua invocação para
o caso vertente. Contudo, basta atentar para os seus fundamentos para constatar que o
cenário jurídico nele delineado – notadamente os espectros constitucionais e
principiológicos que o sustentam – mantêm-se hodiernamente incólumes. Por se mostrar
relevante para a discussão proposta, pede-se vênia para reproduzir excertos do voto do
relator:
Numa interpretação conforme a constituição é de se reconhecer que a
norma supra [art. 277 do CTB] dirige-se à Administração Pública, não
ao Administrado. Isto porque a legislação não pode, em flagrante
conflito com a Constituição Federal – art. 5º, LXIII, violar a garantia
constitucional contra a auto-incriminação. A Administração está
obrigada a tentar submeter o Administrado suspeito de haver excedido
os limites legalmente previstos para o consumo de bebidas alcoólicas a
teste de alcoolemia, exames clínicos, perícia ou outro exame que por
meios técnicos ou científicos permita a comprovação da sua condição,
contudo o Administrado não está obrigado a se submeter a tal
exigência. A Administração deve propor, mas a realização da aferição
há de estar condicionada à sua concordância.
Ninguém, à luz das normas e princípios constitucionais, está obrigado a
produzir provas contra si mesmo pois o direito de punir, judicial e
administrativamente, no direito brasileiro, rege-se pelo princípio nemo
tenetur se detegere, que faculta ao indiciado/autuado adotar ou não a
conduta que produzirá a prova que lhe será desfavorável.

26. O acórdão em tela arrima-se, ainda, em precedentes do STF e de


Tribunais Regionais Federais da 4ª e 1ª Regiões (HC Nº 77.135/SP, Rel. Min. Ilmar
Galvão; HC Nº 79.812/SP, Rel. Min. Celso de Mello; RHC Nº 34000071702, -
200234000071702/DF, Rel. Des. Fed. Luciano Tolentino Amaral, V.G.), evidenciando
sua robustez e a temeridade de esposar entendimento diverso que implique na
compulsoriedade, por parte do condutor de veículo automotor, de se submeter aos testes
e exames de alcoolemia.

27. Não obstante, considerando que a matéria ingressa na seara do Direito


Constitucional, nada melhor do que conhecer o entendimento que o Pretório Excelso, a
quem compete a guarda da Constituição nos termos do art. 102, CRFB/88, expõe acerca
do assunto. Nessa senda, o Supremo Tribunal Federal, nos autos do Habeas Corpus nº
93.916-3/Pará, relatado pela Ministra Cármen Lúcia em 10/06/2008, asseverou que é
possível a indicação de outros elementos juridicamente válidos, no sentido de que o
acusado estaria embriagado, ressalvando, contudo, que “não se pode presumir que a
embriagues (sic) de quem não se submete a exame de dosagem alcoólica: a Constituição
da República impede que se extraia qualquer conclusão desfavorável àquele que,
suspeito ou acusado de praticar alguma infração penal, exerce o direito de não produzir
prova contra si mesmo” (Habeas Corpus 93.916-3, do Pará – Primeira Turma do STF –
Rel. Min. Cármen Lúcia – j. 10/06/2008).

28. Referido julgado, além de evidenciar a inconstitucionalidade de


considerar apenas a recusa do suspeito em submeter-se ao exame de alcoolemia como
bastante para imputar-lhe o cometimento do ilícito, evidencia a contemporaneidade das
disposições de Direito alinhadas pelo STJ no acórdão antes referido.

29. Também não se deve olvidar que o Conselho Nacional de Trânsito –


CONTRAN, órgão normativo máximo e coordenador do Sistema Nacional de Trânsito,
que detém competência para estabelecer as normas regulamentares ao CTB, mesmo
após a edição da Lei n 11.705/08, manteve vigente as disposições da sua Resolução nº
206/06 [4], cujo art. 2º, §1º, de forma extreme de dúvidas, determina que, no caso de
recusa do condutor à realização dos testes, dos exames e da perícia, o agente da
autoridade de trânsito deve descrever os notórios sinais resultantes do consumo de
álcool constatados no condutor suspeito, para a caracterização da infração prevista no
art. 165, CTB.

30. Aqui se vê mais um fator importante a ser levado em consideração. A lei


estabelece uma condição para que o agente público responsável pela fiscalização do
trânsito se proponha a submeter condutores aos testes e exames de alcoolemia, qual seja
a suspeita de que a pessoa, alvo da fiscalização, esteja dirigindo sob a influência de
álcool [1].

31. Com efeito, nenhum procedimento enumerado no caput do art. 277 do


CTB poderá ser iniciado sem que haja, ao menos, suspeita de que o condutor esteja
exercendo a condução veicular sob efeito de bebidas alcoólicas. Por mais que se queira
conferir ao requisito “suspeita” uma conotação subjetiva, o fato é que sem ele o agente
público não está autorizado a submeter quem quer que esteja sob sua fiscalização aos
procedimentos do referido artigo.

32. Para melhor intelecção da matéria, reproduz-se o mencionado dispositivo


legal e respectivos parágrafos:

Art. 277. Todo condutor de veículo automotor, envolvido em acidente


de trânsito ou que for alvo de fiscalização, sob suspeita de dirigir sob a
influência de álcool será submetido a testes de alcoolemia, exames
clínicos, perícia ou outro exame que, por meios técnicos ou científicos,
em aparelhos homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu
estado.
§1º Medida correspondente aplica-se no caso de suspeita de uso de
substância entorpecente, tóxica ou de efeitos análogos.
§2º A infração prevista no art. 165 deste Código poderá ser
caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras
provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez,
excitação ou torpor, apresentados pelo condutor.
§3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas
estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se recusar a se
submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo.

33. Para entender o real significado de um dispositivo legal, deve-se respeitar


o contexto jurídico no qual o mesmo se encontra inserido. Apesar da obviedade desta
observação, ela se faz necessária em face da tendência de conferir ao §3º acima
transcrito certa independência em relação aos ditames averbados no caput e demais
parágrafos do mesmo artigo.

34. As disposições normativas são redigidas observando uma ordem lógica.


Os parágrafos dos artigos expressam aspectos complementares à norma enunciada no
seu caput, consoante estatuído no inciso III do art. 11 da Lei Complementar nº 95/98. É
certo que também podem trazer exceções à regra nele estabelecida, mas notadamente
este não é o caso dos parágrafos do art. 277, CTB, que em momento algum fazem
ressalvas à sua ideia principal.

35. Assim, o §3º do art. 277 do CTB não se presta para punir a objeção à
realização dos procedimentos de apuração da sobriedade do condutor, servindo,
outrossim, para complementar o ideário esboçado nos parágrafos que o antecedem e no
caput do mesmo artigo. Como já foi dito antes, o que o regramento jurídico pretende
punir é a conduta de dirigir sob a influência de álcool e o mencionado parágrafo apenas
acentua que o fato do condutor se opor à confirmação da suspeita de que tenha praticado
tal conduta não o isentará da reprimenda.
36. Portanto, a suspeita de que o condutor esteja dirigindo sob a influência de
álcool é condição indispensável para que o agente de trânsito o submeta aos testes,
exames ou perícias destinadas a confirmar ou refutar tal desconfiança. Cumpre, então,
determinar o que pode motivar a formação dessa impressão desfavorável ao condutor.
Aqui ganha relevância o §2º do retro citado artigo ao estabelecer os elementos que
podem ser utilizados para caracterizar a infração do art. 165, CTB. São justamente esses
indicadores que servem para despertar suspeita quanto à sobriedade do condutor, ou
seja, os notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor, apresentados.

37. Muito embora os elementos que dão suporte à suspeita possam variar de
acordo com as peculiaridades de cada caso concreto, deve-se ter presente que ela deve
ser suficientemente robusta para desconstituir a presunção de inocência do condutor.

38. Presunção significa “conhecimento antecipado de verdade provável a


respeito de um fato desconhecido com fundamento em outro conhecido e conexo” (2).
Para Silvio Rodrigues, presunção é “ilação tirada de um fato conhecido para um
desconhecido” (3), destacando que as presunções “ou decorrem da lei e chamam-se
legais, ou advêm de circunstâncias da vida, daquilo que habitualmente acontece, e
então, chamam-se presunções hominis ou presunções comuns”. Citado autor classifica
as presunções como juris tantum e juris et de jure, distinguindo-as o fato destas, as juris
et de jure, não admitirem provas em contrário, ou seja, mesmo que não sejam
verdadeiras, a lei impõe a verdade sobre os fatos pressupostos; já aquelas, as presunções
juris tantum, admitem provas em contrário. A presunção de inocência se enquadra nesta
última categoria, ou seja, admite prova em contrário, e esta prova, na hipótese dos autos,
poderá ser obtida pelos métodos enumerados no caput do art. 277, CTB, ou da forma
estabelecida no §2º do mesmo artigo.

39. Discorrendo acerca da presunção de inocência, Porfírio leciona:

A presunção de inocência, apesar de não ser tecnicamente uma


presunção, empiricamente exprime no processo penal o direito do
acusado de ter preservado seu estado de inocência, com subseqüente
garantia do estado de liberdade, até provimento jurisdicional
condenatório transitado em julgado.
Como conceito normativo, a presunção de inocência tem como
fundamento criador o fato, trazido pela experiência histórica e jurídica,
de que existe, concretamente, a possibilidade de persecução penal
indevida e abusiva. Ela diz respeito à garantia jurisdicional, ao direito
ao processo (4)

40. Lembrando o fato de o Brasil ser signatário da Convenção Americana de


Direitos Humanos, a autora suso mencionada observa:

Embora o texto constitucional brasileiro não disponha expressamente


sobre a presunção de Inocência e a garantia do estado de liberdade no
processo penal, tal garantia pode ser inferida da sistemática
constitucional. Qualquer dúvida, ainda, sobre a existência de verdadeira
presunção de inocência no direito brasileiro foi resolvida com a
ratificação pelo Brasil da Convenção Americana de Direitos Humanos
de São José da Costa Rica. A Convenção, aprovada em 1969, foi
ratificada pelo Decreto nº. 678, de 6 de novembro de 1992. Leia-se a
disposição do art. 8º, 2: ”toda pessoa acusada tem direito a que se
presuma sua inocência enquanto não se prove legalmente sua
culpa”Porfírio, Geórgia Bajer Fernandes de Freitas. A tutela da
liberdade no processo penal (23; p. 100). (5)

41. Conclui a citada doutrinadora:

A presunção de inocência é postulado que, junto à verdade material,


orienta o processo penal em duas vertentes convergentes: na tutela da
liberdade diante da coação penal, impondo a verificação da hipótese de
incidência da lei penal, conforme Canuto Mendes de Almeida, e na
tutela da liberdade perante as medidas de coação processual, garantindo
restrição da liberdade na justa medida, conforme o devido processo
legal e respeito aos direitos fundamentais do acusado. Na verdade, a
presunção de inocência surge como direito fundamental desvinculado
dos diversos graus de intensidade da imputação (suspeito, indiciado,
acusado, pronunciado e condenado). É direito fundamental. Vale dentro
e fora do processo penal como anteparo a qualquer coação que se
pretenda penalmente justificada (23; p. 103/104). (6)

42. Erigido ao patamar de direito fundamental, pode-se afirmar, portanto,


que a presunção de inocência possui como características: a historicidade, a
inalienabilidade, a imprescritibilidade e a irrenunciabilidade. É histórica porque, como
qualquer direito, nasce, modifica-se e desaparece; inalienável, por ser intransferível,
inegociável e indisponível, uma vez que não possui conteúdo econômico-patrimonial,
além do ordenamento constitucional conferi-lo a todas as pessoas que deles não podem
se eximir; imprescritível, pois seu exercício nunca deixa de ser exigível; e irrenunciável
em razão de não ser possível abdicar desse direito. (7)

43. Sendo, a presunção de inocência, como visto, um direito fundamental, a


suspeita necessária para suplantá-la deve ser consistente. Não é à toa que o Parecer nº
45/06 deste Conselho recomendava, de há muito, a utilização do Termo de Constatação
de Embriaguez mesmo no caso de recusa do condutor, a fim de conferir maior
consistência à autuação.

44. Antes de concluir esta análise, convém lançar um olhar sobre o propalado
conflito entre os princípios que asseguram a todos o direito a não produzir prova contra
si - construção jurídica decorrente do cotejamento do art. 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal, que estabelece a presunção de inocência; com o inciso LXII do
mesmo artigo, que garante aos presos o direito de permanecerem calados e com o art.
8º, §2º, alínea “g”, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, da qual o Brasil
é signatário e que prevê o direito a toda pessoa acusada de delito não ser obrigada a
depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada – com a garantia da inviolabilidade
do direito à segurança, que traz em seu bojo a necessidade do Estado lançar mão de
mecanismos adequados para cumprir seu mister, entre os quais a realização dos exames,
testes e perícias para apuração da alcoolemia estariam inseridos.

45. Quando preceitos constitucionais se mostrem aparentemente em conflito,


não se pode simplesmente negar um em favor do outro, pois, “se algumas normas da
constituição não são levadas a sério, é difícil fundamentar por que outras normas
também, então, devem ser levadas a sério, se isso uma vez causa dificuldades ameaça a
dissolução da constituição” (8). Por essa razão, “todas as colisões podem somente então
ser solucionadas se ou de um lado ou de ambos, de alguma maneira, limitações são
efetuadas ou sacrifícios são feitos”, pelo que “os princípios constitucionais jamais
devem ser eliminados mutuamente, ainda quando em colisão, à diferença do que sucede
com as normas ou regras”(9).

46. Destarte, numa estatura de interpretação valorativa de princípios


constitucionais, em que direitos e garantias individuais, que não podem extrair de si os
elementos para neutralizar a inviolabilidade da segurança pública, vinculada à ideia
primordial de manutenção da ordem jurídica e social, o equacionamento do problema
exige conciliação ou ponderação de princípios. Mais especificamente, a conciliação da
proteção aos direitos e garantias individuais com o interesse geral ou público.
47. Por esta perspectiva, a fórmula que melhor se amolda ao regramento
vigente observa a seguinte dinâmica: 1) o agente da autoridade de trânsito aborda um
veículo e percebe que o condutor apresenta os notórios sinais de embriaguez, excitação
ou torpor, característicos de uma pessoa etilizada; 2) diante dessa suspeita, deve tentar
confirmar sua impressão submetendo o suspeito aos testes, exames ou perícias
regularmente previstos para esse fim; 3) recusando-se, o suspeito, a se submeter aos
procedimentos que lhe foram propostos, o agente lavrará a autuação com base nos
fatores que despertaram sua suspeita, descrevendo tais elementos de convicção em
documento apropriado (termo ou auto de constatação).

III. Considerações finais

48. Nessa concatenação de ideias, tem-se que:

a) a ausência de informação expressa no auto de infração dizendo que ao condutor foi


conferida oportunidade de realizar o teste em aparelho de ar alveolar, devidamente
aferido e homologado, e que ele teria se recusado, não invalida, por si só, a acusação
pautada em termo ou auto de constatação de embriaguez;
b) havendo dúvida quanto a existência de aparelho hábil e em condições de uso há
época da autuação, o acusado ou, de ofício, o julgador, poderão requisitar que a
autoridade de trânsito apresente a respectiva documentação comprobatória, ao que a não
exibição da documentação pela autoridade poderá, aí sim, comprometer a acusação;
c) a mera recusa do condutor em se submeter aos exames de alcoolemia, sem que haja
suspeita pautada em elementos plausíveis para desconstituir a presunção de inocência
que milita a seu favor, não é suficiente para sustentar a punição prevista no art. 165 do
CTB, mesmo com fulcro no §3º do art. 277 do mesmo diploma legal.

É o parecer que submeto aos demais membros deste Egrégio Conselho


para as considerações necessárias.
Florianópolis, 07 de junho de 2011.

José Vilmar Zimmermann


Conselheiro Relator

Aprovado por unanimidade na Sessão Ordinária n.º 023, realizada em 13


de junho de 2011.

Luiz Antonio de Souza


Presidente

Referências e bibliografia:
(1) O citado acórdão, por ter extrapolado o pedido alinhavado na petição inicial ao
referir-se a outros exames além do sanguíneo e aquele realizado por intermédio do
etilômetro, foi rescindido, por intermédio da Ação Rescisória nº 5136-CE (TRF5, AR
2005.05.00.004596-2, Rel. Des. Fed. Geraldo Apliano, DJ 24/04/2008), no ponto em
que condenou a União na obrigação de tolerar a recusa dos condutores de veículos
automotores de se submeterem a exames clínicos, perícia e outro, persistindo, contudo,
a declaração de inexistência de relação jurídica válida que obrigue os condutores de
veículos a se submeterem aos exames de sangue e ao uso do bafômetro, consoante
restou evidenciado nos Embargos de Declaração em Ação Rescisória nº 5136/01-CE
(TRF5, EDAR 2005.05.00.004596-2/01, Rel. Des. Fed. Élio Siqueira, DJ 23/07/2008);
(2) França, Limongi. Enciclopédia Saraiva do Direito, vol. 60, São Paulo: Saraiva, 1977,
p. 327;
(3) Rodrigues, Sílvio. Direito Civil. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 198, p. 134;
(4) Porfírio, Geórgia Bajer Fernandes de Freitas. A tutela da liberdade no processo
penal. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 76;
(5) Porfírio, Geórgia Bajer Fernandes de Freitas. A tutela da liberdade no processo
penal, p. 100;
(6) Porfírio, Geórgia Bajer Fernandes de Freitas. A tutela da liberdade no processo
penal, p. 103/104;
(7) Cambi, Eduardo. Processo administrativo (disciplinar) e o princípio da ampla defesa
na Constituição Federal de 1988. Juris Síntese nº. 42 – Jul./Ago. 2003;
(8) Alexy, Robert. Direitos Fundamentais no Estado Constitucional Democrático: para a
relação entre direitos do homem, direitos fundamentais, democracia e jurisdição
constitucional. In: Revista de Direito Administrativo, Trad. Dr. Luís Afonso Heck, vol.
I. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Renovar, jul.-set./1999, p. 74;
(9) Freitas, Juarez. Tendências Atuais e Perspectivas da Hermenêutica Constitucional.
In: Revista da Ajuris, doutrina e jurisprudência, Ano XXVI, nº. 76, Porto Alegre,
dez./1999, p. 398.

Notas de atualização:

[1] O caput do art. 277 do CTB foi alterado pela Lei nº 12.760/12. Há quem defenda
que com a nova redação, independentemente do comportamento do condutor despertar
suspeita contra sua sobriedade, estaria ele sujeito a ser submetido ao teste de alcoolemia
e, caso se recusasse, responder pelo ilícito do art. 165 do CTB. Embora o CETRAN/SC
ainda não tenha se manifestado sobre o assunto após essa inovação legislativa, o fato
que os demais pressupostos jurídicos alinhados nesse parecer permanecem válidos
revela que, mesmo depois da promulgação da Lei nº 12.760/12, há a tendência de
prevalece, no âmbito do referido Colegiado, o entendimento de que a suspeita de
ebriedade continua sendo um elemento indispensável para justificar a submissão do
condutor aos testes e exames de alcoolemia.
[2] A Lei nº 12.760/12 alterou o fator multiplicador da multa de 5 para 10, ou seja, a
multa cominada para a infração do art. 165 passou a ser de R$ 1.9015,40.
[3] O parágrafo segundo do art. 277 do CTb também foi modificado pela Lei nº
12.7600/12.
[4] A Resolução nº 206/06 do CONTRAN foi revogada pela similar de número 432/13.

Você também pode gostar