Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
É inegável que a internet faz parte da vida do homem contemporâneo. Atualmente, as relações
de comunicação entre as pessoas está a cada dia mais fácil e rápida, isso faz com que o bom
uso do computador acelere a troca de conhecimentos entre os seres humanos, seja
conhecimento cultural, científico ou social.
Paralelamente ao desenvolvimento de atividades positivas temos visto que também se
desenvolvem atividades criminosas pela internet. Ora, a internet é um meio utilizado pelo
homem para viabilizar e facilitar a comunicação entre as pessoas, sendo um meio, a internet
pode ser utilizada de acordo com a intenção de que dela faz uso. Vemos que há duas formas
de se cometer crimes pela internet.
A primeira se dá quando o criminoso utiliza o computador e a internet para cometer delitos já
existentes, como por exemplo estelionato, violação de direitos autorais. Nesta primeira
modalidade já se encontra bem sedimentada uma legislação que venha a combater tais tipos
criminais, entretanto, num estágio mais avançado tenta-se desenvolver meios de prova mais
eficazes de se determinar a materialização criminal.
A segunda maneira de se cometer crimes na internet é utilizando-se o computador para
cometer delitos contra outros computadores. Não se está falando, com isso, numa
personalização das máquinas, mas quando se diz crime contra o computador, enfoca-se a
invasão, violação, alteração e deterioração dos dados contidos nos computadores. Esses
dados podem pertencer ao patrimônio de uma determinada pessoa, podem ser produções
artísticas, podem ser informações íntimas, enfim, a sua natureza pode assumir infinitas
possibilidades. Nesta modalidade de crime, a legislação brasileira ainda está um pouco
atrasada uma vez que não há tipificação para esses crimes, sendo utilizada ainda a analogia
com outros delitos para coibi-los. É exatamente aí que ocorre um grande problema, pois na lei
penal não se pode punir alguém sem que haja lei anterior que defina o crime e este artifício tem
feito com que a impunidade para crimes de informática seja exacerbada.
É nesse ponto que vejo a importância que assume o projeto de lei nº 84 de 1999, de autoria do
meu amigo deputado Luiz Piauhylino, pois se tratou a época de uma iniciativa para que a lei
defina os crimes cometidos contra os dados que estão disponíveis na internet, utilizando o
conceito de dado para materializar a relação de causalidade formadora do crime e inserindo de
uma maneira mais clara e determinante o direito brasileiro no pequeno grupo de países que
dispõem de meios para coibir este tipo de crime.
É claro que ainda estamos no início apenas, mas com a aprovação deste projeto haverá um
campo maior para o desenvolvimento de outros meios legais de combate ao "cybercrime".
Uma das criticas que se pode fazer ao projeto de lei nº 84 de 1999 é que, no artigo 3º fala-se
em informações privadas, disciplinando no resto do texto legislativos regras a respeitos destras
informações privadas. Acontece que, ao citar as informações privadas, implicitamente o texto
informa que existe uma outra classe de informações que não são privadas, por conseqüência,
são públicas. Também como não dispõe de nenhuma regra sobre essas informações públicas
presume-se que estas podem circular livremente pelas redes de computadores, inclusive com
uso comercial ou prejudicando pessoas. Ou seja, se determinada informação não se refere a
pessoa identificável, nos termos do artigo 3º, a lei não pode condenar alguém sobre crime
cometido a partir desta informação, uma vez que não há tipo penal que defina tal conduta como
crime prescrevendo a pena que lhe caiba.
Outra crítica que deve ser feita está presente no artigo 4º que diz que "ninguém será obrigado
a fornecer informações sobre sua pessoa", assim uma pessoa pode, utilizando um computador
de local público, como um cyber café, entrar numa rede de computadores como a internet, de
maneira anônima, cometer um crime e não haverá como esta pessoa ser individualizada e
menos ainda, não haverá como punir este delito. Que dispositivo legal, que tipo de prova será
usada para incriminar esta pessoa?
No artigo 7º restringe-se o acesso de terceiros a qualquer computador ou rede de
computadores.
Este dispositivo, quanto ao grande público que envolve a sociedade brasileira, está correta.
Entretanto, quanto à obrigação de se receber uma autorização judicial para que a polícia, por
exemplo, venha a investigar um determinado crime, sendo necessário o acesso a determinada
informação sem a autorização da pessoa interessada, que, neste caso é o criminoso, torna-se
praticamente impossível que o crime seja descoberto, uma vez que a lentidão da justiça
brasileira fará com que o criminoso apague todos os seus rastros até que a autoridade policial
tenha autorização para investigar a rede ou o computador.
Além disso, o projeto de lei não define o que é dado. Ora, para que os crimes contemplados
pelos artigos 8º, 10º, 11º e 13º tenham eficácia é necessário que as autoridades policiais e
judiciais saibam o que significa o termo dado e quais os efeitos que representa para o meio da
informática.
Seria fundamental que este conceito já estivesse contido no projeto, pois assim, os tribunais já
passariam a aplicar corretamente a futura lei a partir do início da sua vigência, o que só
ocorrerá depois de várias discussões jurisprudenciais e doutrinárias.
CONCLUSÃO
Após estudos e investigações acerca do projeto de lei nº 84 de 1999 percebi que este projeto é
a semente de uma futura lei que diminuirá a escassez de legislação sobre crimes de
informática no Brasil.
Trata-se de uma tentativa que o legislador estava iniciando para aproximar a lei brasileira a de
outros países, onde este tema já está bastante difundido, havendo, nessas nações, muitas leis
para resguardar os interesses e garantias individuais de milhões de pessoas inocentes que
utilizam as redes de computadores para interagir entre si, para trabalhar, investir, ou mesmo
comunicar-se como forma de evolução cultural e lazer.
Como em todo meio em que o ser humano está inserido, a informática está repleta de pessoas
voltadas para o que é crime e o que é errado, por isso, a necessidade de os Estados
preocuparem-se cada vez mais com a proteção aos seus cidadão que se utilizam do
computador na vida cotidiana.
É bem verdade que este projeto, que surge em boa hora, é ainda um começo no que se refere
ao combate a este tipo de crime. Várias críticas ainda são feitas e a segurança dentro das
redes também é muito pequena, mas é extremamente louvável uma iniciativa como esta.
É bom ressaltar que outras medidas devem ser tomadas no que concerne as leis e métodos
acerca da produção de provas neste tipo de crime, ao ordenamento sobre a validação dos
documentos digitais, a evolução dos meios de investigação disponíveis para as autoridades
judiciais, a publicação de campanhas para orientar os usuários dos riscos que correm ao
utilizar uma rede de computadores. Deve ainda, o legislador brasileiro, criar outros projetos de
lei para que a sociedade discuta e evolua cada vez mais sobre o tema do direito na informática.
Enfim, mesmo com a pequena quantidade de leis sobre a informática que existe no Brasil, este
projeto Nº 84 de 1999, de autoria do meu amigo Luiz Piauhylino, companheiro que em
campanhas passadas sempre se demonstrou fiel a evolução e é uma referencia para o
desenvolvimento do direito de informática e, mesmo, com suas deficiências se caracteriza por
ser, caso transforme-se em lei, uma ferramenta muito boa de combate ao crime na internet,
que é a principal rede de computadores do mundo.