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PROCESSO

PENAL
Prof. Letícia das Neves
Lei de Execução Penal – Lei n. 7210/84

1) CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Apenado / Internado = sujeito de direitos e deveres (artigo 3° da LEP).

2) FINALIDADE DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL


Artigo 1° - finalidade da LEP

• efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal;


• proporcionar condições para harmônica integração social do condenado/
internado

Importante lembrar que:


Artigo 3° - São ASSEGURADOS TODOS OS DIREITOS NÃO
ATINGIDOS pela sentença (sem qualquer distinção) – art. 39 e 41, LEP

Artigo 4° - DEVER DO ESTADO - buscar a COOPERAÇÃO da


sociedade nas atividades que envolvem a execução penal.

3) APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL


Artigo 2º, § único – aplicação:
- Aos condenados como aos presos provisórios.
- Aos condenados pela Justiça Eleitoral e pela Justiça Militar quando
recolhidos em estabelecimentos sujeitos à jurisdição ordinária.

OBS.: Vale destacar que o processo de execução criminal (PEC)


tramita junto à Vara de Execução Criminal da Comarca (VEC), cuja jurisdição
pertença o estabelecimento prisional em que o apenado cumpre pena. Nele
constará toda e qualquer informação que gere alguma modificação na pena ou
na sua forma de cumprimento 1.
OBS.: Súmula 192 do STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais
do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça

1 Registra-se a importância da Súmula 192 do STJ. Para fins de competência, importante


verificar a natureza do estabelecimento prisional.
Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à
administração estadual.

4) PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (ART. 5°, XLVI, CF) –


FASE EXECUTÓRIA
Artigo 5° - os condenados serão classificados segundo os seus
antecedentes e personalidade.
Artigo 6° - A classificação será feita por uma Comissão Técnica de
Classificação – CTC.
• A Comissão elaborará o programa individualizador da Pena Privativa
de Liberdade (PPL) AO CONDENADO OU PRESO PROVISÓRIO;
• A CTC será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 chefes
de serviço, 1 psiquiatra, 1 psicólogo e 1 assistente social (art. 7°).
• O condenado à PPL, em regime fechado, será submetido ao exame
criminológico para uma adequada classificação. Ainda, poderão
ser submetidos o condenado à pena privativa de liberdade, em regime
semiaberto (art. 8°).

Atenção!
Identificação Genética:
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência
de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no
art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos,
obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de
DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído
pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados
sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.
(Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz
competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados
de identificação de perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

Leitura complementar: Recurso Extraordinário 973837


(ver notícia sobre o reconhecimento da Repercussão Social no RExt:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=31
9797)
5) DETRAÇÃO PENAL
Artigo 42 do Código Penal - Computam-se, na pena
privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo
de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de
prisão administrativa e o de internação em qualquer dos
estabelecimentos referidos no artigo anterior.

A partir da alteração legislativa provocada pela Lei 12.736/12, tem-se


que a detração penal deverá ser observada, desde logo, na sentença
condenatória. Vejamos:
Embora estivesse prevista no artigo 42 do Código Penal, a Detração
era vista como um instituto da execução da pena, competindo ao Juiz da VEC
a sua declaração.
Antes da alteração legislativa do artigo 387 do CPP, somente o Juiz da
VEC se manifestava sobre o instituto.
Atualmente, a competência do Juiz da VEC é subsidiária, ou seja,
quando não for objeto na sentença, deverá ser observado pelo Juiz da Vara de
Execução. Tal entendimento decorre do artigo 111 da LEP e do artigo 66, III, c,
da LEP 2.
Atenção!! A consideração da detração não poderá caracterizar
uma conta corrente do indivíduo com o Estado. Por exemplo:
- X comete um crime e permanece preso durante 1 ano, após é
absolvido.
- X não poderá reaver este período, buscando resgatá-lo. Por exemplo:
X comete um delito de furto simples, na expectativa de não ficar preso, pois
teria direito à detração daquele 1 ano, dito acima, referente a outro delito. Caso
seja condenado, pela prática deste delito, não terá direito à detração anterior,
pois geraria uma conta corrente.
Nesse sentido, segue a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e
do Superior Tribunal de Justiça, vejamos:

HC 93979 / RS - RIO GRANDE DO SUL


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Julgamento: 22/04/2008 – Órgão Julgador: Primeira
Turma
HABEAS CORPUS. DETRAÇÃO PENAL. CÔMPUTO
DO PERÍODO DE PRISÃO ANTERIOR À PRÁTICA DE

2 Art. 111 - Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em
processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da
soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso a detração ou a remição.
NOVO CRIME: IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
HABEAS CORPUS INDEFERIDO. 1. Firme a
jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal no sentido
de que "não é possível creditar-se ao réu qualquer tempo
de encarceramento anterior à prática do crime que deu
origem a condenação atual" (RHC 61.195, Rel. Min.
Francisco Rezek, DJ 23.9.1983). 2. Não pode o Paciente
valer-se do período em que esteve custodiado - e
posteriormente absolvido - para fins de detração da pena
de crime cometido em período posterior. 3. Habeas
Corpus indeferido. (grifo nosso)

REsp 878574 / RS
RECURSO ESPECIAL
2006/0183426-8
Ministro GILSON DIPP
CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO
QUALIFICADO. DETRAÇÃO DE PERÍODO DE PRISÃO
PROVISÓRIA RELATIVA A CRIME COMETIDO EM
MOMENTO ANTERIOR ÀQUELE DA PENA IMPOSTA.
IMPOSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO. I –O período
em que esteve custodiado réu posteriormente absolvido
somente pode ser descontado da pena relativa a crime
cometido em período anterior.
II – Entendimento contrário significaria que o réu, antes
mesmo de delinqüir, já estaria beneficiado com a redução
da pena em razão de prisão que se afigurou injusta em
processo diverso. III – Precedentes do STJ e do STF. IV -
Recurso provido, nos termos do voto do relator. (grifo
nosso)

6) REGIMES PRISIONAIS
Em regra, o regime a ser cumprido vem estabelecido na sentença
penal condenatória ou quando for aplicada a pena em um acórdão pelo
Tribunal, inclui uma das fases da individualização da pena (artigo 59, III, CP e
artigo 110 da LEP). Será determinado conforme as regras contidas no Código
Penal (arts. 33, §2° e 59).

Caso sobrevenha nova condenação durante o cumprimento de uma


pena, a determinação do regime será feita através da soma do restante da
que está sendo cumprida com a nova condenação (art. 111, §2°).

Na aplicação da pena privativa de liberdade, o Juiz para fixar o


regime prisional deverá se orientar pela tabela contida no artigo 33, §2º,
do CP, o traz a seguinte orientação:
Art. 33, §2º, do CP - As penas privativas de liberdade deverão
ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do
condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as
hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar
a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4
(quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior
a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime
aberto.

Obs.: Lei n. 11.464/07 que alterou a Lei 8.072/90 prevê o regime


inicial fechado para os delitos hediondos.

Com relação ao regime prisional é importante verificar as


seguintes súmulas do Supremo Tribunal Federal:

Súmula 719 - A imposição do regime de cumprimento mais severo do


que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.

Súmula 718 - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do


crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo
do que o permitido segundo a pena aplicada.

Já o Superior Tribunal de Justiça traz a seguinte súmula:

Súmula 269 - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto


aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se
favoráveis as circunstâncias judiciais.

Súmula 440: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o


estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão
da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

O STF no julgamento do HC 111.840/ES declarou a inconstitucionalidade, em


caráter incidental, do artigo 2º§1º, da Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes Hediondos.
Assim, permitiu no caso em tela que um apenado condenado por tráfico
pudesse iniciar o cumprimento da sua reprimenda em regime inicial
semiaberto.
Assim sendo, a previsão legal de regime inicial fechado para delitos hediondos,
foi relativizada, devendo ser observado no caso concreto as mesmas regras
previstas no artigo 33, §2º, CP para fixação do regime.
7) REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO – ARTIGO 52 DA LEP
O Regime Disciplinar Diferenciado é uma sanção administrativa, está
arrolado no artigo 53 da LEP. É aplicável aos condenados ou presos
provisórios, nacionais ou estrangeiros.
Situações que podem ensejar a inclusão do preso no regime
disciplinar penitenciário:
1) prática de fato definido como crime doloso quando ocasionar subversão
da ordem ou disciplina internas (art. 52, caput, LEP);
2) quando o preso apresentar alto risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal ou da sociedade (art. 52, §1°, LEP);
3) quando recair suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer
título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando (art. 52, §2°,
LEP).
As características desse regime são:
a) duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por
nova falta grave de mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena
aplicada;
b) recolhimento em cela individual;
c) visitas semanais de duas pessoas, sem contar o número de crianças;
d) banho de sol de duas horas diárias.
Atenção!
A inclusão do preso no RDD, de acordo com o artigo 54 da LEP,
dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do
estabelecimento ou outra autoridade administrativa.
A decisão judicial que incluir o preso no RDD será precedida de
manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo
de 15 dias, devendo ser fundamentada.

8) SISTEMA PROGRESSIVO – PROGRESSÃO DE REGIME


A LEP adotou o sistema progressivo para o cumprimento da pena,
ou seja, a transferência do regime mais rigoroso para um menos rigoroso
mediante a observância de alguns requisitos. O artigo 112 da LEP dispõe que a
progressão:
- será determinada pelo juiz, com manifestação da defesa e do MP;
- verificado o cumprimento de ao menos um sexto da pena;
- verificado o bom comportamento, comprovado pelo diretor do
estabelecimento.
Importante frisar que é permitida a progressão de regime mesmo
antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, conforme
consta na súmula 716 do STF 3.

A progressão é por etapa, vejamos a Súmula 491do STJ: "É


inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional."

ATENÇÃO: Crimes Hediondos

Progressão de regime para condenados por crimes hediondos:


a progressão de regime para condenados por crimes hediondos é regulada
pela lei 11.464/07 que alterou a lei 8.072/90, a qual prevê a possibilidade de
progressão de regime para condenados por delitos hediondos desde que haja
o cumprimento de 2/5 da pena, se primário, ou de 3/5 da pena, se reincidente.

Quanto à aplicação da Lei 11.464/07: Somente é aplicada esta lei


para aqueles apenados que praticaram crimes a partir da sua vigência.
Aplicação da fração contida no artigo 112 da LEP. Vejamos o
posicionamento dos Superiores Tribunais:

HC 93669/SP- SÃO PAULO - HABEAS CORPUS.


Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento:
22/04/2008 Órgão Julgador: Primeira Turma - PENAL.
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.
PROGRESSÃO DE REGIME. LEI 11.464/07.
IRRETROATIVIDADE DE LEI PENAL MAIS GRAVOSA.
CONTAGEM DE PRAZO PARA O BENEFÍCIO. ART.
112 DA LEP. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. Em
matéria de progressão de regime em delito considerado
como hediondo, cometido anteriormente à entrada em
vigor da Lei 11.464/07, deve prevalecer o entendimento
da inconstitucionalidade do então vigente art. 2º, § 1º, da
Lei 8.072/90, conforme precedente desta Corte. II Para
evitar-se a retroatividade da lei mais gravosa, o prazo a
ser considerado é o do art. 112, original da LEP. III
Determinação ao Juízo da Vara das Execuções para que
aprecie a possibilidade de concessão da progressão
pleiteada, à vista dos requisitos objetivos e subjetivos. IV -
Ordem concedida de ofício. (STF)

AgRg no HC 96226 / SP - AGRAVO REGIMENTAL NO


HABEAS CORPUS 2007/0291659-3 Ministro NILSON

3 Súmula 716 do STJ - Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a


aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da
sentença condenatória.
NAVES (361) T6 - SEXTA TURMA -29/04/2008 - DJ
16.06.2008 p. 1 Pena privativa de liberdade (execução).
Regimes (progressão). Lei nº 11.464/07 (não-
aplicação). Art. 112 da Lei de Execução Penal
(observância). 1. A Lei nº 11.464/07 – que exige o
cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for
primário, e de 3/5, se reincidente – é inaplicável aos
casos anteriores à sua entrada em vigor, isso por ser
mais gravosa ao réu. 2. Agravo regimental improvido.
(STJ)
Em relação a este ponto, destaca-se a súmula vinculante n. 26 do
STF e a súmula 471 do STJ 4.
Importante! Posicionamento sobre progressão de regime e a
exigência de exame criminológico: STF5 e STJ 6:

4 Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei


n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal) para a progressão de regime prisional. Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, em
23/2/2011.

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RHC 92605 / PR – PARANÁ - RECURSO EM HABEAS CORPUS Relator(a): Min. EROS
GRAU Julgamento: 22/04/2008 - Órgão Julgador: Segunda Turma EMENTA: HABEAS
CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA.
FALTA GRAVE. PERDA DOS DIAS REMIDOS. EXAME CRIMINOLÓGICO. 1. O Pleno do
Supremo Tribunal Federal reafirmou recentemente, no julgamento do RE n. 452.994, que o
cometimento de falta grave resulta na perda dos dias remidos pelo trabalho, sem que isso
implique ofensa aos princípios da isonomia, da individualização da pena e da dignidade da
pessoa humana. 2. Em que pese o advento da Lei n. 10.792/03, que alterou o artigo 112 da
LEP, excluindo a referência ao exame criminológico, nada impede que o juiz da
execução o realize, desde que motivadamente. Ordem denegada.
6 STJ: HC 94577 / SP HABEAS CORPUS 2007/0269868-8 Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA PENAL. 1. PROGRESSÃO DE REGIME. DISPENSA DO EXAME
CRIMINOLÓGICO. AGRAVO EM EXECUÇÃO. DECISÃO REFORMADA. REGRESSÃO.
EXAME CRIMINOLÓGICO. FACULDADE DO JUIZ, MEDIANTE DECISÃO DEVIDAMENTE
MOTIVADA. IMPOSIÇÃO PELO TRIBUNAL. POSSIBILIDADE, DESDE QUE FUNDADA EM
ELEMENTOS CONCRETOS DA EXECUÇÃO PENAL A APONTAR PARA A NECESSIDADE
DE REALIZAÇÃO DO EXAME. HISTÓRICO DE FUGA E PARTICIPAÇÃO DE REBELIÕES.
RECAPTURA EFETIVADA APENAS APÓS O COMETIMENTO DE OUTRO DELITO, A
DEMONSTRAR A CONVENIÊNCIA DE SUBMISSÃO A UMA ANÁLISE TÉCNICA. 2. ORDEM
DENEGADA. 1. De acordo com as alterações trazidas pela Lei 10.792/03, o exame
criminológico deixa de ser requisito obrigatório para a progressão de regime, podendo,
todavia, ser determinado de maneira fundamentada pelo juiz da execução de acordo com as
peculiaridades do caso. Assim, mesmo que não tenho sido realizado em primeira instância, o
exame criminológico pode ser determinado pelo tribunal a quo, desde que este se funde em
elementos concretos (relativos sempre a fatos ocorridos no curso da execução penal) a apontar
para a sua necessidade. No caso sob exame, considerando o histórico de fugas e participação
em rebeliões apresentado pelo paciente, que apenas foi recapturado quando do cometimento
de outro delito, é de se reconhecer a conveniência da realização do exame. 2. Ordem
denegada.
Os Tribunais superiores têm entendido que, muito embora a nova
redação do artigo 112 da LEP tenha excluído a exigência de realização de
exame criminológico para obtenção de progressão de regime, não caracteriza
constrangimento ilegal a submissão do apenado à realização de exame, desde
que devidamente fundamentada a necessidade pelo Juiz da Vara de Execução
Criminal.
Neste sentido, temos as seguintes súmulas:
Súmula Vinculante n. 26, STF: Para efeito de
progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará
a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de
julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.
Súmula 439, STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do
caso, desde que em decisão motivada.

Falta grave e Progressão de Regime


Súmula 534, STJ - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo
para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a
partir do cometimento dessa infração.

9) REGRESSÃO DE REGIME (ART. 118)


A execução da pena está sujeita a forma regressiva quando:

* o apenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave


(artigo 50 e 51); Nesses caso, antes da regressão de regime deverá ser
ouvido, previamente, o apenado – art. 118, § 2° - audiência de justificativa.

Súmula 526, STJ - O reconhecimento de falta grave decorrente do


cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena
prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo
penal instaurado para apuração do fato.

* quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma


da pena restante com a nova condenação torne impossível a manutenção do
regime (art. 111).
Observações importantes – posicionamento jurisprudencial
retirado do site do Superior Tribunal de Justiça:
1. (STJ - jurisprudência) Para o reconhecimento da prática de falta
disciplinar, no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de
procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional,
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou
defensor público nomeado. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC).
Precedentes: REsp 1378557/RS, Rel. Ministro MARCO AURELIO BELLIZZE,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, (recurso repetitivo pendente de
publicação); HC 175251/RS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA
TURMA, julgado em 12/11/2013, DJe 13/12/2013.

Matéria sumulada em 2015: Súmula 533, STJ - Para o reconhecimento da


prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a
instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento
prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado
constituído ou defensor público nomeado.

2. (STJ - jurisprudência) Diante da inexistência de legislação


específica quanto ao prazo prescricional para apuração de falta grave, deve
ser adotado o menor lapso prescricional previsto no art. 109 do CP, ou seja, o
de 3 anos para fatos ocorridos após a alteração dada pela Lei n. 12.234, de 5
de maio de 2010, ou o de 2 anos se a falta tiver ocorrido até essa data.
Precedentes: AgRg nos EDcl no REsp 1248357/MS, Rel. Ministra REGINA
HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 25/11/2013;
AgRg no REsp 1414267/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
SEXTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 25/11/2013;

Nova hipótese de regressão de regime: artigo 146 – C, § único, LEP, violar


os deveres relacionados ao monitoramento eletrônico.

Atenção! É nula a decisão que regride o regime prisional sem a


prévia oitiva do apenado nos casos do inciso I do artigo 118 da LEP.
Vejamos:
RHC 18693 / RJ RECURSO ORDINARIO EM HABEAS
CORPUS 2005/0195304-1 - Ministro HÉLIO QUAGLIA
BARBOSA - RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS
CORPUS. REGIME PRISIONAL. REGRESSÃO. FALTA
GRAVE. PRÉVIA OITIVA DO CONDENADO. ARTIGO
118, §2º, DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL.
INOCORRÊNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
CONFIGURADO. 1. Em conseqüência da
jurisdicionalização da execução penal, por ofensa ao
princípio do contraditório, nula é a decisão que determina
a regressão do condenado sem a sua prévia audiência; 2.
A "oitiva" do ora recorrente se deu, tão-somente, perante
a Comissão Técnica de Classificação - CTC, e não na
presença do juiz da execução penal, destinatário final das
teses defensivas eventualmente sustentadas; 3. Recurso
ordinário provido, para declarar nula a decisão que
determinou a regressão do ora recorrente para o regime
fechado, devendo outra ser proferida somente após sua
oitiva pelo juiz da execução penal.

OBS.: A jurisprudência tem admitido a chamada regressão


cautelar 7, que dispensa a oitiva prévia do apenado, passando a exigir somente
nos casos de regressão definitiva.

10) PRISÃO DOMICILIAR (ARTIGO 117)


Para cumprir a pena em residência particular o preso deverá estar em
regime aberto e se enquadrar em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da
LEP, quais sejam:
• condenado maior de setenta anos;
• condenado acometido de doença grave;
• condenada com filho menor ou deficiente físico ou metal;
• condenada gestante.
Atentar para a Súmula Vinculante n. 56 do STF, vejamos: A falta de
estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar,
nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
Precedente representativo da Súmula:
"3. Os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos
destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação como
adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se
qualifiquem como 'colônia agrícola, industrial' (regime semiaberto) ou 'casa de
albergado ou estabelecimento adequado' (regime aberto) (art. 33, § 1º, alíneas
"b" e "c"). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos dos
regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado. 4. Havendo déficit
de vagas, deverão ser determinados: (i) a saída antecipada de sentenciado no
regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao
sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta

7 Ementa: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME.


COMETIMENTO DE FALTA GRAVE. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PARA O PLEITO DE NOVA
PROGRESSÃO. ILEGALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA.
(HC 113579, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 16/04/2013,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 29-04-2013 PUBLIC 30-04-2013)
de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao
sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as
medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao
sentenciado." (RE 641320, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno,
julgamento em 11.5.2016, DJe de 8.8.2016)

11) REMIÇÃO DE PENA – HIPÓTESES LEGAIS

LEI Nº 12.433, DE 29 DE JUNHO DE 2011.

Altera a Lei 7210, de 11 de julho de


1984 (Lei de Execução Penal), para
dispor sobre a remição de parte do
tempo de execução da pena por estudo
ou por trabalho.

A PRESIDENTADAREPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Os arts. 126, 127, 128 e 129 da Lei 7210, de 11 de julho de 1984
(Lei de Execução Penal), passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto


poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.

§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:

I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade


de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou
ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;

II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.

§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser


desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e
deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos
cursos frequentados.

§ 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho


e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem.

§ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos


estudos continuará a beneficiar-se com a remição.
§ 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um
terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante
o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do
sistema de educação.

§ 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que


usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino
regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou
do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.

§ 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.

§ 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério


Público e a defesa.” (NR)

“Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do
tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a
partir da data da infração disciplinar.” (NR)

“Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os
efeitos.” (NR)

“Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao juízo da


execução cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando
ou estudando, com informação dos dias de trabalho ou das horas de frequência
escolar ou de atividades de ensino de cada um deles.

§ 1o O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimento penal deverá


comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de
ensino, a frequência e o aproveitamento escolar.

§ 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias remidos.” (NR)

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 29 de junho de 2011; 190o da Independência e 123o da


República.

DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Fernando Haddad

Este texto não substitui o publicado no DOU de 30.6.2011


12) TRABALHO PRISIONAL: ESPÉCIES DE TRABALHO PRISIONAL:
SERVIÇO INTERNO E SERVIÇO EXTERNO
* Quanto à forma de serviço:
a) Serviço interno (art. 31) qualquer regime poderá trabalhar
internamente e a qualquer momento, desde que existam vagas.
b) Serviço externo (art. 36)
Obs.: A LEP atribui ao Diretor a autorização para o trabalho externo,
todavia tal questão deve ser observada com cautela. Por exemplo, para uma
prova objetiva poderá ser exigido, conforme a disciplina legal literal, já numa
prova dissertativa deve ser destacado que a LEP é de 1984, anterior a CF que
jurisdicionalizou a execução da pena, impondo o controle da legalidade da
execução das penas ao Juiz. Assim sendo, por óbvio que na prática
constantemente quem defere ou indefere pedidos de serviço externos é o Juiz
da Execução 8.

13) PERMISSÃO DE SAÍDA (art. 120) E SAÍDA TEMPORÁRIA (art. 122)


Podem obter permissão de saída, os apenados que cumprem pena em
regime fechado, semiaberto e provisórios, mediante escolta, em duas
hipóteses:
• falecimento ou doença grave CCADI (cônjuge, companheiro,
ascendente, descendente ou irmão);
• necessidade de tratamento médico.

Súmula 520, STJ - O benefício de saída temporária no âmbito da execução


penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa
do estabelecimento prisional.
Já a saída temporária, sem vigilância, poderá ser concedida a
apenados que cumprem pena em regime semiaberto.

8https://www.tjdft.jus.br/cidadaos/execucoes-penais/vep/informacoes/trabalho-do-preso.
Ver decisão do TJRS: AGRAVO EM EXECUÇÃO. INDEFERIMENTO DE TROCA DE
SERVIÇO EXTERNO AO APENADO EM EMPRESA DA PROPRIEDADE DE SUA ESPOSA.
IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. Não se pode impedir que o apenado exerça trabalho
externo apenas em razão de eventual impossibilidade de fiscalização, sabendo-se
da importância do trabalho para a ressocialização do preso. No entanto, em sendo a esposa do
apenado a sua empregadora, inexiste a figura de superior que possa atestar o efetivo
cumprimento do trabalho realizado pelo apenado, bem como as horas de trabalho por ele
exercidas, tornando inviável o trabalho externo pretendido. Agravo improvido. (Agravo Nº
70070175450, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Ricardo
Coutinho Silva, Julgado em 20/07/2017)
Vale destacar que foi introduzida em 2010 a possibilidade da utilização
de monitoramento eletrônico, no artigo 122, parágrafo único, da LEP (redação
dada pela Lei n. 12.258/10).
Em outras palavras, a ausência de vigilância direta não impede que o
juiz determine a monitoração eletrônica. Constitui uma faculdade do Juiz,
não uma obrigação legal.
Para obtenção da saída temporária, os apenados em regime aberto,
deverão preencher os seguintes requisitos:
• comportamento adequado;
• cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no
mínimo, ¼ para reincidentes;
• compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

Será concedida por período não superior a 7 dias, podendo ser


renovadas por mais 4 vezes, logo faz jus a 35 dias de saída. Com intervalo de
45 dias entre as saídas.
A Lei n. 12.258/10 também inovou ao estabelecer que o juiz imporá
condições ao apenado, para obtenção das saídas temporárias, permitindo
que além das previstas em lei outras poderão ser estabelecidas, vejamos
a nova redação do §1º do artigo 124 da LEP:

§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao


beneficiário as seguintes condições, entre outras que
entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a
situação pessoal do condenado:

I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser


visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do
benefício;

II - recolhimento à residência visitada, no período


noturno;

III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e


estabelecimentos congêneres.

§ 2o Quando se tratar de frequência a curso


profissionalizante, de instrução de ensino médio ou
superior, o tempo de saída será o necessário para o
cumprimento das atividades discentes.
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída
somente poderão ser concedidas com prazo mínimo
de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e
outra.” (NR)

Importante!!! Artigo 124, § 2º, da LEP (redação dada pela Lei n.


12.258/2010) - Quando se tratar de freqüência a curso profissionalizante, de
instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário
para o cumprimento das atividades discentes.

14) MONITORAÇÃO ELETRÔNCIA


O monitoramento eletrônico é uma faculdade judicial, pois, de acordo
com a lei, poderá ser definido pelo juiz nos casos definidos em lei, desde que
seja necessário. Vejamos o artigo 146, b, da LEP:

Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio


da monitoração eletrônica quando:
I - (VETADO);
II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;

III - (VETADO);
IV - determinar a prisão domiciliar;
V - (VETADO);
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos
cuidados que deverá adotar com o equipamento
eletrônico e dos seguintes deveres:
I - receber visitas do servidor responsável pela
monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e
cumprir suas orientações;
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de
danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
III - (VETADO);
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do
juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a
defesa:
I - a regressão do regime;
II - a revogação da autorização de saída temporária;
III - (VETADO);
IV - (VETADO);
V - (VETADO);
VI - a revogação da prisão domiciliar;
VII - advertência, por escrito, para todos os casos em
que o juiz da execução decida não aplicar alguma das
medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo.
Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser
revogada:
I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que
estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta
grave.”

15) LIVRAMENTO CONDICIONAL


Os requisitos para obtenção de livramento estão previstos no artigo 83
do CP em combinação com o artigo 112, §2º, da LEP.

+ 1/3 Não reincidente em crime doloso

+½ Reincidente em crime doloso

+ 2/3 Condenados por crimes hediondos, tráfico, tortura, terrorismo e


tráfico de pessoas se enquadram nesta hipótese. Ressaltando que
em caso de reincidência em delitos dessa natureza não será possível
a concessão de livramento condicional.

Atenção a nova redação do artigo 83, V, do Código Penal, que


somente incluiu o tráfico de pessoas.
Obs.: Súmula 441 do STJ
# Revogação obrigatória e facultativa – artigos 86 e 87 do CP.
# Efeitos da revogação – artigos: 88 do CP e artigos 141 e 142 da LEP.
Aspectos importantes no tocante ao livramento condicional no
tocante ao delito de associação ao tráfico:
1. O crime de associação ao tráfico não é considerado hediondo pelo
entendimento do STJ, portanto, todavia vejamos a manifestação no âmbito do
Superior Tribunal de Justiça:
EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. ASSOCIAÇÃO PARA
O TRÁFICO. NATUREZA HEDIONDA. NÃO
CARACTERIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NO
ROL TAXATIVO DO ARTIGO 2.º DA LEI N.º 8.072/1990.
PROGRESSÃO DE REGIME. ART. 112 DA LEP.
LIVRAMENTO CONDICIONAL. CONDIÇÃO OBJETIVA.
ART. 44, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI N.
11.343/2006. LAPSO NECESSÁRIO PARA A
CONCESSÃO (2/3 DA PENA). PRINCÍPIO DA
ESPECIALIDADE.
1. [...]
2. O crime de associação para o tráfico não é
equiparado a hediondo, uma vez que não está
expressamente elencado no rol do artigo 2.º da Lei n.º
8.072/1990.
3. Por conseguinte, para fins de progressão de regime
incide a regra prevista no art. 112 da LEP, ou seja, o
requisito objetivo a ser observado é o cumprimento de
1/6 (um sexto) da pena privativa de liberdade imposta.
4. Todavia, para a obtenção do livramento
condicional, a jurisprudência desta Superior Corte
de Justiça firmou-se no sentido de que,
independentemente de o crime de associação para o
tráfico não se enquadrar no rol de delitos hediondos,
a Lei n. 11.343/2006, em seu art. 44, parágrafo único,
previu expressamente a necessidade do
cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena, devendo
essa previsão legal prevalecer em relação ao art. 83
do Código Penal, em atenção ao princípio da
especialidade.
5. Habeas corpus não conhecido. Contudo, ordem
concedida de ofício para afastar o caráter hediondo do
crime de associação para o tráfico e determinar que o
requisito objetivo/temporal para progressão de regime
seja aquele estabelecido no art. 112 da Lei n.
7.210/1984. (HC 371.361/SP, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
17/11/2016, DJe 25/11/2016)

16) INCIDENTES DA EXECUÇÃO PENAL

• Conversão da PPL em PRD (art. 180) – PPL não superior a dois anos;
condenado em regime aberto; cumprido pelo menos ¼; antecedentes e
personalidade indiquem.
• Conversão da PRD em PPL (art. 181) – ocorrerá na forma do art. 45 do
CP.
• Desvio ou Excesso de Execução (artigo 185 da LEP)
17) ANISTIA, GRAÇA, INDULTO
São institutos que extinguem a punibilidade, conforme o artigo 107, II,
do CP.
A anistia “é a declaração pelo Poder Público de que determinados fatos
se tornam impuníveis por motivo de utilidade social. O instituto volta-se a fatos,
e não a pessoas. Pode ocorrer antes da condenação definitiva – anistia própria
– ou após o trânsito em julgado da condenação – anistia imprópria. Tem a força
de extinguir a ação e a condenação. Primordialmente, destina-se a crimes
políticos, embora nada impeça a sua concessão a crimes comuns.” 9 A anistia
somente é concedida através de lei editada pelo Congresso Nacional.
A graça, por sua vez, é “a clemência destinada a uma pessoa
determinada, não dizendo respeito a fatos criminosos. Trata-se de um perdão
concedido pelo Presidente da República, dentro de sua avaliação
discricionária, não sujeita a qualquer recurso, deve ser usada com parcimônia.
É uma medida de caráter excepcional, destinada a premiar atos meritórios
extraordinários praticados pelo sentenciado no cumprimento de sua reprimenda
ou ainda atender condições pessoais de natureza especial, bem como a corrigir
equívocos na aplicação da pena ou eventuais erros judiciários.”10 É concedida
mediante análise do caso individual.
De acordo com o artigo 5°, inc. XLIII, não é permitida nem a graça
nem a anistia para delitos considerados hediondos.
Por fim, o indulto também é uma causa extintiva da punibilidade, no
entanto é concedido de forma coletiva, ou seja, tornou-se comum ao final de
cada ano a publicação de um Decreto concedendo Indulto para todos aqueles
que preencherem determinadas condições.
No ano de 2007, foi publicado no dia 11 de dezembro o Decreto n.
6.294/07, o qual consta em anexo para conhecimento.
Assim sendo, qualquer preso que preencher as condições passará a
ter direito ao indulto, devendo ser apenas declarado pelo Juiz da Vara de
Execuções.
Destaca-se que no mesmo Decreto há previsão legal para a
concessão de Comutação de Pena, porém esta não se confunde com o
Indulto, pois não se trata de extinção da punibilidade, mas sim um abatimento
da pena, desde que haja o preenchimento dos requisitos (ver artigos 2° e 4° do
Decreto em anexo – somente para exemplificar, pois o Decreto não poderá ser
objeto de questionamento na prova).

9
Código Penal Comentado. Guilherme de Souza Nucci. Página 348 e 349.
10 Idem
18) DO RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO
Há previsão expressa no artigo 197 que das decisões proferidas pelo
juiz em processo de execução criminal o recurso cabível será o de agravo.
O prazo para interposição é regulado pela Súmula 700 do STF, sendo
de 5 dias.
O processamento do recurso se dá da mesma forma que o Recurso em
Sentido Estrito.

19) DO CABIMENTO DAS AÇÕES IMPUGNATIVAS DE HABEAS CORPUS E


MANDADO DE SEGURANÇA
A possibilidade de impetração de alguma ação impugnativa está
condicionada à existência de constrangimento ilegal ou violação de direito
líquido e certo. Do contrário, sendo cabível o recurso de agravo este deverá ser
utilizado, observando o prazo legal.

20) LIMITE DE CUMPRIMENTO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE


O limite de cumprimento de pena é o previsto no artigo 75 do CP, qual
seja, trinta anos.
No entanto, conforme diz a súmula 715 do STF, o limite de trinta anos
em uma pena unificada não é parâmetro ou base de cálculo para os demais
direitos em sede de execução penal.

21) DEFENSORIA PÚBLICA COMO ÓRGÃO DA EXECUÇÃO PENAL

Importante alteração ocorrida na Lei de Execução Penal, pela Lei n.


12.313/10, inseriu o artigo 81-A, que assegura à Defensoria Pública a condição
de órgão da Execução Penal.
Trata-se de inovações relevantes com intuito de reforçar o acesso à
justiça na Execução Penal, como pode ser verificado a partir da leitura do artigo
16 da LEP.
1) (OAB/2012)O sistema punitivo brasileiro é progressivo. Por meio dele o
condenado passa do regime inicial de cumprimento de pena mais severo
para regime mais brando, até alcançar o livramento condicional ou a
liberdade definitiva. A respeito da progressão de regime, assinale a
afirmativa correta.
a) O sistema progressivo brasileiro é compatível com a progressão “por saltos”,
consistente na possibilidade da passagem direta do regime fechado para o
aberto.
b) O cumprimento da pena privativa de liberdade nos crimes hediondos é uma
exceção ao sistema progressivo. O condenado nesta modalidade criminosa
deve iniciar e encerrar o cumprimento da pena no regime fechado, sem
possibilidade de passagem para regime mais brando.
c) A progressão está condicionada, nos crimes contra a Administração Pública ,
à reparação do dano causado ou à devolução do produto do ilícito praticado
com os acréscimos legais, além do cumprimento de 1/6 da pena no regime
anterior e do mérito do condenado.
d) O pedido de progressão deve ser endereçado ao juízo sentenciante, que
decidirá independente de manifestação do Ministério Público.

2) (FVG / 2013) Filipe foi condenado em janeiro de 2011 à pena de cinco


anos de reclusão pela prática do crime de tráfico de drogas, ocorrido em
2006. Considerando-se que a Lei n. 11.464, que modificou o período para
a progressão de regime nos crimes hediondos para 2/5 (dois quintos) em
caso de réu primário, foi publicada em março de 2007, é correto afirmar
que
a) se reputará cumprido o requisito objetivo para a progressão de regime
quando Felipe completar 1/6 (um sexto) do cumprimento da pena, uma vez que
o crime foi praticado antes da Lei n. 11.464.
b) se reputará cumprido o requisito objetivo para a progressão de regime
quando Felipe completar 2/5 (dois quintos) do cumprimento da pena, uma vez
que a Lei n. 11.464 tem caráter processual e, portanto, deve ser aplicada de
imediato.
c) se reputará cumprido o requisito subjetivo para a progressão de regime
quando Felipe completar 1/6 (um sexto) do cumprimento da pena, uma vez que
o crime foi praticado antes da Lei n. 11.464.
d) se reputará cumprido o requisito subjetivo para a progressão de regime
quando Felipe completar 2/5 (dois quintos) do cumprimento da pena, uma vez
que a Lei n. 11.464 tem caráter processual e, portanto, deve ser aplicada de
imediato.

3) (FVG/2012) José, após responder ao processo cautelarmente preso, foi


condenado à pena de oito anos e sete meses de prisão em regime
inicialmente fechado. Após alguns anos no sistema carcerário, seu
advogado realizou um pedido de livramento condicional, que foi deferido
pelo magistrado competente. O membro do parquet entendeu que tal
benefício era incabível no momento e deseja recorrer da decisão. Sobre o
caso apresentado, assinale a afirmativa que menciona o recurso correto.
a) Agravo em Execução, no prazo de 10 (dez dias);
b) Recurso em Sentido Estrito, no prazo de 05 (cinco dias);
c) Agravo em Execução, no prazo de 05 (cinco dias);
d) Recurso em Sentido Estrito, no prazo de 10 (dez dias).

4) (OAB FGV) Com relação ao Regime Disciplinar Diferenciado, instituído


pela Lei 10.792/2003, assinale a alternativa correta.
(A) O período de aplicação do Regime Disciplinar Diferenciado não poderá
ultrapassar 360 (trezentos e sessenta dias), sendo vedada a repetição da
sanção por nova falta grave.
(B) O Regime Disciplinar diferenciado não poderá ser aplicado a presos
provisórios, mesmo no caso de crimes hediondos.
(C) A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de
requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou
outra autoridade administrativa e despacho fundamentado da autoridade
judicial competente.
(D) O preso terá direito a sair de sua cela por um período de 2 (duas) horas
semanais para banho de sol, salvo nos casos de crimes inafiançáveis.

5. (OAB FVG) Numa perspectiva dos direitos humanos, acerca dos


direitos e deveres dos presos, é correto afirmar que
(A) o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade.
Assim, afigura-se ofensa à dignidade do preso, bem como desrespeito à lei,
impedir a visita da esposa ou companheira àquele que se encontra preso.
(B) a concessão de benefícios é vedada aos presos, pois eles possuem o
dever geral de obediência pessoal às normas de execução penal.
(C) o trabalho do preso possui natureza de dever social e é remunerado, sendo
certo que tal contraprestação não poderá ser inferior ao salário mínimo.
(D) a possibilidade de o preso manter relações com o mundo exterior, por meio
de correspondência e leitura, é recompensa que se confere pelo bom
comportamento daquele que se encontra cumprindo pena privativa de
liberdade.

6 – (MP/SP) Com relação à monitoração eletrônica do condenado, analise


os seguintes itens:
I. o Juiz poderá aplicá-la quando autorizar a saída temporária em regime
semiaberto ou quando determinar a prisão domiciliar;
II. definida a fiscalização por meio da monitoração eletrônica, é dever do
condenado receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica;
III. a violação comprovada dos deveres do condenado decorrentes da
monitoração eletrônica acarretará necessariamente a regressão do regime de
cumprimento de pena;
IV. a violação comprovada dos deveres do condenado decorrentes da
monitoração eletrônica acarretará necessariamente sua advertência;
V. se o acusado ou condenado cometer falta grave, a monitoração eletrônica
poderá ser revogada.
Está correto apenas o que se afirma em
(A) I, II e III.
(B) I, II e V.
(C) I, III e V.
(D) II, III e V.
(E) II, IV e V.

7) De acordo com a jurisprudência do STF e com a legislação específica,


a aplicação da lei mais benéfica após o trânsito em julgado, compete ao:
a) Juízo da Execução Penal.
b) Juiz da Vara Criminal.
c) Tribunal de Justiça.
d) Após o trânsito em julgado não há que se falar de aplicação da lei mais
benéfica.
e) nenhuma das alternativas.

8) (OAB) Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação


hipotética seguida de uma assertiva a respeito de penas. Assinale a
opção em que a assertiva está de acordo com o que dispõe o CP.
a) Paulo foi definitivamente condenado à pena privativa de liberdade em regime
fechado. Nessa situação, Paulo deverá, necessariamente, ser submetido ao
exame criminológico para a obtenção da progressão de regime.
b) Túlio, funcionário público, praticou crime de peculato doloso, vindo a ser
definitivamente condenado à pena privativa de liberdade. Nessa situação, a
progressão do regime de cumprimento de sua pena ficará condicionada à
reparação do dano que causou ou à devolução do produto do crime, com os
acréscimos legais.
c) Júlio foi definitivamente condenado à pena privativa de liberdade em regime
fechado e passou a trabalhar no presídio. Nessa situação, embora o trabalho
de Júlio seja remunerado, ele não terá direito aos benefícios da previdência
social.
d) Roberto, durante o trâmite de processo por crime de roubo, ficou preso
provisoriamente em razão de prisão preventiva decretada pelo juiz para a
garantia da ordem pública. Nessa situação, caso o juiz imponha a Roberto, na
sentença definitiva, medida de segurança, e não pena privativa de liberdade, o
tempo de prisão provisória não será computado na medida de segurança.
Procedimentos Processuais Penais

1) Considerações gerais: Processo e Procedimento

2) Espécies de Procedimentos: artigo 394 do CPP

a. Comum ou
b. Especial

a. Procedimento Comum (artigo 394, §1º, CPP)

Procedimento Comum Ordinário Crimes cuja pena máxima seja igual ou


superior a 4 anos
Procedimento Comum Sumário Crimes cuja pena máxima seja inferior a 4
anos
Procedimento Comum Infrações de menor potencial ofensivo –
Sumaríssimo artigo 61 da Lei n. 9.099/95
OBS.: artigo 94 do Estatuto do Idoso
Obs.: Desde que não haja procedimento especial previsto no CPP ou em
legislação extravagante.

b. Procedimentos Especiais
Procedimento dos crimes dolosos contra a vida – Tribunal do Júri
Procedimento da Lei de Drogas (Lei 11.343/06)
Crimes contra a honra (quando o JECRIM não suportar o processamento)
Lei n. 8.38/90 (Ações Penais Originárias dos Tribunais)
Procedimento para os crimes contra a propriedade imaterial (arts. 524 a
530, I, CPP)
Procedimento para apuração de crimes praticados por servidores contra
a Administração
Crimes contra honra
Observações:
- As regras do Procedimento Comum Ordinário aplicam-se
subsidiariamente aos demais – artigo 394, §4º, do CPP.
- Os processos envolvendo crimes hediondos terão prioridade de
tramitação em todas as instâncias.

3) Procedimento Comum Ordinário


3.1 Recebimento / Rejeição da Denúncia

a) Rejeição da denúncia ou queixa:

- Hipóteses: artigo 395 do CPP;


- Recurso Cabível
- Súmula 707 do STF.
- Súmula 709 do STF.

b) Recebimento da denúncia ou queixa:

- Decisão Irrecorrível.
- Possibilidade de impetração de habeas corpus.
- Interrupção da prescrição: artigo 117, I, do CPP.

3.2 Citação

Espécies de citação: real ou ficta 11.

3.3 Resposta à acusação

- Contagem do Prazo: Súmula 710 do CPP.


- Peça obrigatória – conteúdo facultativo.
- Indicação de testemunhas.

3.4 Absolvição Sumária

- Hipóteses
- Recursos Cabíveis
- Diferenças entre a Rejeição e Absolvição Sumária.

3.5 Audiência de Instrução e Julgamento

- Princípio da identidade física do Juiz 12.

11 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=322017

12 AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL.

INDICIAMENTO. NÃO OBRIGATORIEDADE. REAPRESENTAÇÃO DE TRANSAÇÃO.


DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA N. 284/STF. NEXO CAUSAL.
RESPONSABILIDADE PENAL. NECESSÁRIO REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA
N. 7/STJ. PRINCÍPIO IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. EXCEÇÃO. POSSIBILIDADE. PROVAS.
- Oitiva: 1) Ofendido, 2) testemunhas 13 (artigo 212 do CPP) e 3) demais provas,
peritos.

- 4) Interrogatório do acusado.

3.6 Debates Orais / Alegações Finais Orais (regra)

- Hipóteses de conversão dos debates em Memoriais.


- Prazo
- Sentença Penal

NECESSIDADE. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL A QUO. AGRAVO DESPROVIDO. 1. O


indiciamento apesar de ser um antecedente processual lógico, não é obrigatório para que
ocorra o oferecimento da peça acusatória. 2. A deficiência de fundamentação quanto à
necessidade de reapresentação da transação penal atrai o óbice da Súmula n. 284/STF. 3.
Para verificar a ausência de nexo causal à imputação de responsabilidade penal é necessário o
reexame fático-probatório da demanda. Óbice da Súmula n. 7/STJ. 4. A jurisprudência desta
Corte Especial é firme no sentido de que o princípio da identidade física do juiz no processo
penal não é absoluto, comportando exceções, como no caso concreto. 5. Compete ao Juízo a
quo exercer juízo acerca das provas produzidas, dentre elas a necessidade da prova
testemunhal, haja vista sua proximidade com as circunstâncias fáticas da causa. 6. Agravo
Regimental desprovido. (AgRg no REsp 1588188/RN, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,
QUINTA TURMA, julgado em 23/05/2017, DJe 07/06/2017)

13 DIREITO PROCESSUAL PENAL. INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS PELO MAGISTRADO


E AUSÊNCIA DO MP NA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. Não gera nulidade do processo o
fato de, em audiência de instrução, o magistrado, após o registro da
ausência do representante do MP (que, mesmo intimado, não compareceu),
complementar a inquirição das testemunhas realizada pela defesa, sem que o defensor
tenha se insurgido no momento oportuno nem demonstrado efetivo prejuízo. Destaca-se,
inicialmente, que a ausência do representante do Ministério Público ao ato, se prejuízo
acarretasse, seria ao próprio órgão acusatório, jamais à defesa, e, portanto, não poderia ser
por esta invocado [...] De mais a mais, as modificações introduzidas pela Lei n. 11.690/2008 ao
art. 212 do CPP não retiraram do juiz a possibilidade de formular perguntas às testemunhas, a
fim de complementar a inquirição, na medida em que a própria legislação adjetiva lhe
incumbe do dever de se aproximar o máximo possível da realidade dos fatos (princípio da
verdade real e do impulso oficial), o que afasta o argumento de violação ao sistema acusatório.
[...] (HC 186.397-SP, Quinta Turma, DJe 28/6/2011; e HC 268.858-RS, Quinta Turma, DJe
3/9/2013). Precedentes citados: AgRg no REsp 1.491.961-RS, Quinta Turma, DJe 14/9/2015; e
HC 312.668-RS, Quinta Turma, DJe 7/5/2015. REsp 1.348.978-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/12/2015, DJe 17/2/2016.
4. Procedimento Comum Sumário

5. Suspensão Condicional do Processo – artigo 89 da Lei n. 9.099/95

Artigo 89 da Lei n. 9099/95 – Nos crimes em que a pena mínima


cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei,
o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão
do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

- Hipóteses
- Requisitos
- Revogação Obrigatória e Facultativa
- Vedações
6. Procedimento Sumaríssimo – artigos 77 e seguintes da Lei n. 9.099/95

6.1 Peculiaridades do JECRIM

6.2 Fase Preliminar - Audiência Preliminar – proposta de composição civil


/ transação penal – não sendo firmadas nenhuma das possibilidades –
procedimento sumaríssimo.

7. Procedimentos Especiais

7.1 Procedimento dos Crimes Dolosos contra vida – Procedimento do


Tribunal do Júri

→ Procedimento Bifásico: (1) Fase da Acusação e (2) Fase da Causa

→ Princípios constitucionais afetos ao Tribunal do Júri – artigo 5º,


XXXVIII, CF
7.2 Procedimentos da Lei de Drogas (Lei 11.343/06)

Questões de Procedimentos Processuais Penais

1. (OAB 03-2010 - FVG) Em relação aos procedimentos previstos atualmente


no Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta.
A) No rito ordinário, oferecida a denúncia, se o juiz não a rejeitar liminarmente,
recebê-la-á e designará dia e hora para a realização do interrogatório, ocasião
em que o acusado deverá estar assistido por defensor.
B) No rito sumário, oferecida a denúncia, se o juiz não a rejeitar liminarmente,
recebê-la-á e designará dia e hora para a realização do interrogatório, ocasião
em que o acusado deverá estar assistido por defensor.
C) No rito ordinário, oferecida a denúncia, se o juiz não a rejeitar liminarmente,
recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por
escrito, no prazo de 15 (quinze) dias.
D) No rito sumário, oferecida a denúncia, se o juiz não a rejeitar liminarmente,
recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

2. (OAB - 2014) Fabrício, com dolo de matar, realiza vários disparos de arma
de fogo em direção a Cristiano. Dois projéteis de arma de fogo atingem o peito
da vítima, que vem a falecer. Fabrício foge para não ser preso em flagrante. Os
fatos ocorreram no final de uma tarde de domingo, diante de várias
testemunhas. O inquérito policial foi instaurado, e Fabrício foi indiciado pelo
homicídio de Cristiano. Os autos são remetidos ao Ministério Público, que
denuncia Fabrício. O processo tem seu curso regular e as testemunhas
confirmam que Fabrício foi o autor do disparo. Após a apresentação dos
memoriais, os autos são remetidos para conclusão, a fim de que seja exarada
a sentença, sendo certo que o juiz está convencido de que há indícios de
autoria em desfavor de Fabrício e prova da materialidade de crime doloso
contra a vida.
Diante do caso narrado, assinale a alternativa correta acerca da sentença a ser
proferida pelo juiz na primeira fase do procedimento do Júri.
A) O juiz deve impronunciar Fabrício pelo crime de homicídio, diante dos
indícios de autoria e prova da materialidade, que indicam a prática de crime
doloso contra a vida.
B) O juiz deve pronunciar Fabrício, remetendo os autos ao Juízo comum,
diante dos indícios de autoria e prova da materialidade, que indicam a prática
de contra a vida.
C) O juiz deve pronunciar Fabrício, submetendo do Júri, diante dos indícios de
autoria e prova da materialidade, que indicam a prática de crime doloso contra
a vida.
D) O juiz deve pronunciar Fabrício, submetendo do Júri mediante
desclassificação do crime comum para crime doloso contra a vida, diante dos
indícios de autoria e prova da materialidade, que indicam a prática de crime
doloso contra a vida.

3. (OAB/2015) Marcelo foi denunciado pela prática de um crime de furto.


Entendendo que não haveria justa causa, antes mesmo de citar o acusado, o
magistrado não recebeu a denúncia. Diante disso, o Ministério Público interpôs
o recurso adequado. Analisando a hipótese, é correto afirmar que
A) o recurso apresentado pelo Ministério Público foi de apelação.
B) apesar de ainda não ter sido citado, Marcelo deve ser intimado para
apresentar contrarrazões ao recurso, sob pena de nulidade.
C) mantida a decisão do magistrado pelo Tribunal, não poderá o Ministério
Público oferecer nova denúncia pelo mesmo fato, ainda que surjam provas
novas.
D) antes da rejeição da denúncia, deveria o magistrado ter citado o réu para
apresentar resposta à acusação.

4. (OAB – CESPE – 2009.2 - adaptada) Marque a alternativa correta:


A) O princípio da identidade física do juiz não é aplicado ao processo penal,
sendo de aplicação exclusiva do processo civil.
B) Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto contra a rejeição da denúncia, suprindo a
nomeação de defensor dativo.
C) O procedimento de acareação, objeto de severas críticas por violar o
princípio da dignidade da pessoa humana, foi extinto pela recente reforma do
CPP.
D) O oficial de justiça, ao verificar que o réu se oculta para não ser citado, deve
certificar a ocorrência e proceder à citação com hora certa, na forma
estabelecida no CPC.
5. Paulo está sendo processado por crime de homicídio consumado. Encerrada
a fase de instrução preliminar o Juiz resolve impronunciar o réu Paulo,
convencido que inexistem indícios suficientes de autoria. Inconformado, o
Representante do Ministério Público poderá interpor recurso
A) em sentido estrito no prazo de cinco dias.
B) em sentido estrito no prazo de oito dias.
C) de apelação, no prazo de cinco dias.
D) de apelação, no prazo de dez dias.
E) de apelação, no prazo de quinze dias.

6. (OAB / 2012 - FGV) Adão ofereceu uma queixa-crime contra Eva por crime
de dano qualificado (art. 163, parágrafo único, IV). A queixa preenche
todos os requisitos legais e foi oferecida antes do fim do prazo
decadencial. Apesar disso, há a rejeição da inicial pelo juízo competente,
que refere, equivocadamente, que a inicial é intempestiva, pois já teria
transcorrido o prazo decadencial. Nesse caso, assinale a afirmativa que
indica o recurso cabível.
A) Recurso em sentido estrito.
B) Apelação.
C) Embargos infrigentes.
D) Carta testemunhável.

7. (OAB-FGV) Matheus foi denunciado pela prática dos crimes de tráfico de


drogas (Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006) e associação para o tráfico (Art.
35, caput) concurso material. Quando da realização da audiência de instrução
e julgamento, o advogado de defesa pleiteou que o réu fosse interrogado após
a oitiva das testemunhas de acusação e de defesa, como determina o Código
de Processo Penal (Art. 400 do CPP, com redação dada pela lei 11.719/2008),
o que seria mais benéfico à defesa. O juiz singular indeferiu a inversão do
interrogatório, sob a alegação de que a norma aplicável à espécie seria a Lei nº
11.343/2006, a qual prevê, em seu Art. 57, que o réu deverá ser ouvido no
início da instrução.
Nesse caso,
a) o juiz não agiu corretamente, pois o interrogatório do acusado, de acordo
com o Código de Processo Penal, é o último ato a ser realizado.
b) o juiz agiu corretamente, eis que o interrogatório, em razão do princípio da
especialidade, deve ser o primeiro ato da instrução nas ações penais
instauradas para a persecução dos crimes previstos na Lei de Drogas.
c) o juiz não agiu corretamente, pois é cabível a inversão do interrogatório,
devendo ser automaticamente reconhecida a nulidade em razão da adoção de
procedimento incorreto.
d) o juiz agiu corretamente, já que, independentemente do procedimento
adotado, não há uma ordem a ser seguida em relação ao momento da
realização do interrogatório do acusado.
8. (FGV/OAB/2017) Durante audiência de instrução e julgamento em
processo em que é imputada a José a prática de um crime de roubo
majorado pelo concurso de agentes, Laís e Lívia, testemunhas de
acusação, divergem em suas declarações. Laís garante que presenciou o
crime e que dois eram os autores do delito; já Lívia também diz que
estava presente, mas afirma que José estava sozinho quando o crime foi
cometido. A vítima não foi localizada para prestar depoimento.
Diante dessa situação, poderá o advogado de José requerer:
a) a realização de contradita das testemunhas.
b) a realização de acareação das testemunhas.
c) a instauração de incidente de falsidade.
d) a suspensão do processo até a localização da vítima, para superar
divergência.

Gabarito
1–d
2–c
3–b
4–d
5–c
6–a
7–b
8–b

Jurisprudências importantes

DIREITO PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. LEI N.


8.038/1990. NÃO APLICAÇÃO DOS ARTS. 396-A E 397 DO CPP. Não é
cabível, em se tratando de ação penal originária submetida ao procedimento
especial da Lei n. 8.038/1990, que seja assegurado ao acusado citado para a
apresentação da defesa prévia prevista no art. 8º da Lei n. 8.038/1990 o direito
de se manifestar nos moldes preconizados no art. 396-A do CPP, com posterior
deliberação acerca de absolvição sumária prevista no art. 397 do CPP. As
regras dos arts. 395 a 397 do CPP já se encontram implícitas no procedimento
previsto na Lei n. 8.038/1990, considerando que, apóso oferecimento
da denúncia e a notificação do acusado para resposta preliminar (art. 4º), o
relator pedirá dia para que o Tribunal delibere sobre
o recebimento, a rejeição da denúncia ou da queixa, ou a improcedência da
acusação, se a decisão não depender de outras provas (art. 6º). Assim,
nenhum prejuízo sofre a defesa, já que o referido art. 6º impõe ao órgão
colegiado o enfrentamento de todas as teses defensivas que possam culminar
na improcedência da acusação (igual ao julgamento antecipado da lide; art.
397 do CPP) ou na rejeição da denúncia (art. 395 do CPP). Noutras palavras, o
acusado, em sua resposta preliminar (art. 4º), poderá alegar tudo o que
interesse à sua defesa, juntar documentos e apresentar justificações. Não é por
outra razão que o art. 5º da Lei n. 8.038/1990 estabelece que, se, com a
resposta, forem apresentados novos documentos, será intimada a parte
contrária para sobre eles se manifestar. Nessa linha de consideração, o
Plenário do STF, no julgamento do AgRg na AP 630-MG, DJe 22/3/2012,
registrou que "tanto a absolvição sumária do art. 397 do CPP, quanto o art. 4º
da Lei n. 8.038/1990, em termos teleológicos, ostentam finalidades
assemelhadas, ou seja, possibilitar ao acusado que se livre da persecução
penal". Dessa forma, não se justifica a superposição de procedimentos -
comum e especial - visando a finalidades idênticas. Precedente citado do STF:
AP 630 AgR-MG, DJe 21/3/2012. AgRg na APN 697-RJ, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, julgado em 3/10/2012.

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